Revisada por: Júpiter
Última Atualização: 11/01/2025nossa vida é marcada por sentimentos que te destroem e lhe alimentam
a criança que criou a minha pele
não conseguiu desviar a lâmina que perfurou a nossa asa a nossa parte delicada
hoje as cicatrizes se formaram em borboletas, para fazer do casulo os nossos sonhos, e as asas a nossa realidade
é impossível deixar de sonhar
Eu vivia sozinha. Meu irmão mais velho estava ocupado com a faculdade em Los Angeles e meu irmão do meio morava no internato. Era só eu, minha mãe e meu pai.
Era a Rosa, a Bela, e o Monstro.
Disse sozinha porque eu fui criada calada. Enquanto a Bela sofria com as garras do Monstro, enquanto ele destruía cada parte dela, o coração, a alma, o espírito e o corpo; eu assistia e guardava em meu receptáculo.
Cansada de tanta tortura e sofrimento, minha mãe decidiu trabalhar até tarde em seu escritório. De repente, era eu e o Monstro.
Eu chegava da escola e o Monstro olhava com orgulho para mim, até perder uma peça essencial para a sua vaidade e sangrar minha pele.
A Bela não estava lá para ser machucada, mas o Monstro precisava atacar e se alimentar. Pobre Rosa, suas pétalas foram cortadas, manchadas com teu sangue e marcadas pela lâmina cortante.
Meus irmãos o odiavam; minha mãe o temia; e eu o evitava o máximo que eu pudesse.
Minha mãe trabalhava dia após noite e noite após dia. Tudo para evitar meu pai. Meus irmãos haviam fugido da forma deles, mas prometeram voltar depois que conseguissem, o que consideravam suficiente para dar um fim no pesadelo.
Em momentos que meu pai se fazia ausente — não eram poucos — eu ficava na casa de minha vó.
Minha guia. Minha princesa. Minha borboleta.
Borboleta essa que ensinava à Rosa o amor de um Cravo, o amor de amar, porque, afinal...
O que é amar?
Através do amor de sua vida; da sua história de amor, minha avó me mostrou que eu só aprenderei a amar quando meu futuro amor chegar para ensinar. Não há aula específica, não é como abc ou 2+2.
É uma equação que vai além das palavras.
Pense em uma história de amor tão calorosa. Tão emocionante que constroi sonhos. Meu desejo era virar uma estilista dona de uma marca luxuosa, mas depois de escutar as histórias da vovó Borboleta, eu vou partir em busca do meu amor.
Porque saber que existe alguém por aí que vai te proteger o tempo todo, que não vai largar sua mão e saber exatamente o que você sente, mesmo sem trocar uma palavra, se transformou em um sonho grande.
Pena que o príncipe da vovó se foi tão cedo, ela passou por outros rapazes, mas na vez que perguntei quem era o seu verdadeiro amor, ela disse que ele nunca a tinha marcado tanto quanto os outros.
Eu também queria viver isso. Se ela diz que eu vou encontrar alguém que seja a luz quando estiver tudo escuro em minha vida, eu acredito. Vou acreditar, esperar e procurar.
2010
Meu pai comprou empresas falidas; Hyunlee era um neurocirurgião e diretor de pesquisas; Chanlee era advogado de acusação criminalista; e minha mãe cuidava de mentes.
De todas as profissões mencionadas, a mais delicada era a de minha mãe. Tudo bem que meus irmãos salvaram vidas e meu pai era um comprador que bajulava o governo, mas pensar que alguém com a mente tão machucada cuidava de pessoas que também estavam com o psicológico ferido era admirável.
Minha mãe, mesmo doente, cuidava de pessoas doentes como ela e fazia isso brilhantemente.
Eu percebi que ela descobriu que meu pai não estava presente em casa e quando estava me agredia. Ela passou a me levar ao trabalho dela para se certificar de que eu estava bem.
Eu pedi para que me deixasse na casa de vovó, mas a sua preocupação de mãe era maior. Eu só entenderia se fosse um dia, e, quando eu encontrar meu amor, eu serei.
Em uma das consultas, eu conheci uma garota muito legal e admirável. O nome dela era Kim Naeyin.
Ela foi acompanhar a mãe, que estava sofrendo de depressão porque havia perdido o marido. Fiquei feliz que, o que era para ser apenas sessões de terapia, se transformou em uma amizade eterna. Aquela amizade escrita pelas estrelas e guardada no coração do infinito.
Nossas mães viraram grandes amigas. Eu e ela também, mas o amor da nossa amizade era diferente. Ela me ensinava várias coisas: brincadeiras, livros, filmes, tudo.
E eu queria ser como ela. Eu queria ser igual a ela. Cada passo que ela dava, eu queria seguir. Foi minha primeira ídola depois da vovó. Idola mais forte que Rihanna e Britney Spears.
Era minha melhor amiga.
Quando mamãe descobriu que Naeyin e sua mãe estavam se mudando para Seul, ela insistiu para que eu fosse também.
— Mas mamãe, eu gosto de Busan. Gosto daqui. Gosto de estar com você, com a vovó e gosto de esperar por meus irmãos.
— Mas seu pai lhe machuca sempre que estou fora, filha. Sua vó está fraca, eu trabalho demais e seus irmãos estão muito distantes para te proteger. Eu ficarei mais tranquila se souber que você está fora do alcance daquele monstro com quem me casei.
Dava para ver em seus olhos que ele a havia machucado de novo, que havia deitado acima dela sem seu consentimento.
Eu não queria, mas, se era o que deixava minha mãe mais tranquila, eu fui. Me despedi da vovó e liguei para meus irmãos, e, sem meu pai saber, eu estava partindo para Seul.
Quando cheguei em Seul, fiquei assustada com o tamanho daquela cidade. Era gigantesca e Naeyin garantiu não sair do meu lado.
Por lá, encontramos um antigo amigo dela, seu vizinho, Jungkook. Era um garotinho tímido, 3 anos mais velho que eu. Gostava de chamá-lo de coelhinho, porque sempre que sorria seus dentinhos e olhos grandes me lembravam um pequeno coelho branco. E eu sentia algo diferente quando estava perto dele.
Tanto ele como Naeyin estavam naquela cidade a fim de virarem cantores. Não sabia o porquê e nem como tomaram aquela decisão, mas eu iria acompanhá-los como a boa amiga que eu era.
No dia que Naeyin foi fazer a audição, eu fiquei impressionada, porque, pelo tempo que eu a conhecia, não sabia que ela fazia rap — e tão veloz. Aquela garota era incrível.
Quando a equipe que estava avaliando olhou para mim, parecia que eu tinha pegado algo escondido de minha mãe e ela havia me pegado no flagra, mas eles apenas perguntaram:
— E você? Não vai cantar?
Mais vermelha que o batom da Jessica Rabbit, eu respondi que estava ali apenas para acompanhar minha amiga, mas eles insistiram, me perguntando o porquê de pelo menos não tentar. Só pela sugestão, eu pedi que me entregassem um violão, instrumento além de bateria, baixo, guitarra e piano — esse último eu provavelmente esqueci completamente como funcionava — que aprendi a tocar com meus irmãos.
Tínhamos uma banda: Os Lee.
Me sentei, toquei e cantei minha música favorita do momento: Complicated, da diva do pop rock Avril Lavigne. Eu não me identificava com a letra e nem com a vibe da música, mas usei-a para treinar o inglês que estava aprendendo com meu irmão através do telefone e algumas visitas à Busan.
Quando terminei, o diretor simplesmente disse que eu e Naeyin estávamos aprovadas. Eu não sei o que aconteceu, eu não sabia cantar, fazer rap e muito menos dançar. Não sei se foi o fato de eu saber tocar violão, falar inglês ou a minha aparência que já era cobiçada desde que entrei na escola.
Liguei para minha mãe e meus irmãos. Eles ficaram evidentemente orgulhosos e aproveitei para pedir o mesmo conselho aos três: se eu deveria aceitar.
E, sábia como a mãe dela, minha mãe me respondeu:
— Filha, quem sabe esse seja o ponto de partida para a realização de seus sonhos? Você não quer ser modelo antes de ser estilista? É uma empresa que está te convidando. Uma empresa que pode lhe proporcionar isso. Muitas cantoras atualmente seguem carreira de modelo também e muito sucesso. Talvez você não cante, mas nada que algumas aulas não ajudem. Eu sei que você aprende rápido e é determinada. Aceite! Mas independentemente de sua escolha, eu lhe apoio e confio em você.
É, eu concordava. E se esse fosse o primeiro passo para minha profissão de estilista? Eu aceitei. Eu simplesmente estava prestes a me tornar uma estrela do kpop e a arruinar minha vida aos 11 anos de idade.
Talvez eu estivesse exagerando, mas não era mentira que as coisas não estavam sendo fáceis. Eu sei que ninguém me avisou que seria fácil e mesmo se avisasse eu não deveria duvidar. Era como tentar segurar areia. Por mais que eu tentasse mantê-la em minhas mãos, ela sempre escapava.
Na aula de canto, meu problema eram high notes. Tive aulas de rapping com o melhor rapper do BTS — grupo do coelhinho que debutaria brevemente, ele aproveitava meu gosto por livros e fazia eu ler alguns parágrafos o mais rápido possível e com clareza enquanto segurava um cronômetro.
Ele era rígido e a situação em um todo era desafiante, mas o dono da empresa exigiu que o novo grupo feminino ocupasse todas as posições igualmente.
E adivinha? Eu era ruim em todas igualmente.
Menos em visual. Sempre que andava pela empresa, alguns funcionários e trainees me paravam para dizer o quanto eu era bela, confesso que ficava tímida com esses comentários, mas não me deixavam feliz. Na escola, algumas meninas me olhavam feio apenas porque os garotos não tiravam os olhos de mim.
Resumindo: Eu estava excluída por ser bonita. Absurdo, não?
Eu não achava minha beleza exuberante. Meus olhos lembravam os de um felino, meus lábios eram levemente carnudos e meu nariz era naturalmente fino. Sinceramente, eu achava que existiam outras garotas e mulheres mais bonitas que eu e não havia motivo para ódio ou excesso de elogios.
A Wyuji, por exemplo, era a mais velha do quarto que dividia com Naeyin e Jiyang. Ela tinha o rosto delicado como pêssego e aparência de princesa, além de ter uma personalidade maravilhosa de irmã mais velha quando todas estavam no quarto. Gostávamos das mesmas coisas e tínhamos um humor bem quebrado. Eu gostava dela.
Já a Jiyang, ela chegou depois. Tínhamos a mesma idade, mas não éramos tão próximas, só um pouco na escola. Eu a achava uma pessoa bem legal e talentosa pelo seu carisma e notas altas nos testes semanais da empresa. Ela era filha de um guitarrista, então já sabia mais ou menos como funcionava o ramo da música. Na maioria das vezes, era ela quem ajudava eu e as unnies a estudarmos para os testes.
A Naeyin... vocês já sabem o que pensava sobre ela.
Nós quatro nos dávamos super bem, e era engraçado porque era como se tivesse uma irmã mais nova para cada unnie. Mesmo assim, quando nos juntávamos, era super divertido. Eu gostaria que o novo grupo fosse formado por nós quatro.
Ok, perdão pelo exagero novamente, eu não era tão ruim como vocalista e estava sempre avançado em rapping.
Porém, o terror era a dança. O terror... era a dança...
A situação era tão crítica que, ao lado do coelhinho, passei o período de agosto em Los Angeles aprendendo várias técnicas de dança.
É que tínhamos atividades em dupla, e como eu e Jungkook éramos os menos experientes, ficamos juntos. Fiquei feliz por treinar ao lado de alguém que conhecia.
Além das aulas, nos fins de semana, eu e Jungkookie saíamos para a praia e comíamos comida coreana, ficamos surpresos ao descobrir que vendia por lá. Tiramos muitas fotos também, estávamos impressionados, já que era a primeira vez que viajávamos para fora da Coreia.
— Meilee, tira uma foto para mim?
Ele estava fofuramente tão empolgado quanto eu. Era ele o mais velho, mas o pedido foi tão doce que parecia uma criança de quatro aninhos.
Mas aquele garoto... o que ele tinha que parecia tirar meu coração pela boca?
Provavelmente não era nada. Ele só tinha uma energia boa, uma áurea, uma luz.
Talvez eu estivesse enlouquecendo com as aulas, entretanto, evoluí bastante, não estava tão desajeitada quanto antes.
Jungkook me ajudava no necessário também, nós dois nos ajudávamos e foi graças a isso que nos tornamos bons amigos. Uma simples e doce amizade.
quatro garotas que formam quatro letras e uma palavra. 6 em coreano, 5 em francês, 2 em chinês e 4 em inglês. a palavra universal que une o número 4 em diversas letras e línguas é a ponte para sua concretização; 4 letras, 3 amores, 2 decepções, 1 destino e milhões de corações.
A todos que duvidaram de mim e do meu potencial como cantora, rapper e dançarina, eu lhes apresento May: a garota que vai conquistar o coração de todos.
Escolhi esse nome porque meus amigos me chamavam de "Mei" e eu só queria deixar mais legal trocando o "ei" pelo "ay". Além de que maio — may em inglês — é o mês em que minha vovózinha nasceu.
Também não é assim; eu ainda tinha muito que aprender, mas, depois de a empresa ter adiado um ano graças ao MV de Danger do BTS — a culpa não é deles, a empresa que estava falida e queria mais projetos que envolviam mais dinheiro —, finalmente havia chegado o dia de nosso debut, 16 de fevereiro.
Felizmente, o grupo era formado por mim, pela Nay unnie, Wyuji unnie e Jiyang, que agora possui o nome artístico de Crystal. Nosso grupo tinha o conceito de amor, íamos contar histórias de amor e mostrar ao mundo o porquê de ser o sentimento mais lindo do universo.
Assim como prometido, todas nós ocupamos as mesmas posições, mas nos destacamos em diferentes: Nay e eu em rapping, Wyuji e Jiyang em vocal e, por incrível que pareça, eu e Jiyang ocupamos a posição de dançarinas principais. Ela era bem melhor que eu, mas o professor de dança resolveu me dar esse desafio, que, segundo ele, era um presente por todo o meu esforço.
Quando o álbum começou a vender, minha mãe, minha vó e meus irmãos foram os primeiros a receberem as primeiras cópias. O chefe disse que poderíamos presentear nossos familiares com o nosso trabalho.
Enfim, estava empolgada. Era um novo ciclo na vida da rosa que nem sonhava em ser cantora, mas não levava desaforo para casa e mostrava para todos que era capaz de superar os "você não consegue" e "você deveria desistir".
Falar que eu deveria desistir só me dava mais força de vontade para continuar.
Estávamos trabalhando bastante. Ainda não tínhamos ganhado nada, mas éramos bem treinadas e o BTS nos ajudava muito com composições e técnicas.
Era assustador e tranquilo ao mesmo tempo.
Mas me recusei a deixar de estudar, então eu e Jiyang íamos à escola e depois para a empresa ensaiar.
Não éramos famosas, mas já haviam pessoas que ficavam na nossa cola querendo saber como era a vida de idol e eu sempre respondia dizendo que ainda há muito por vir.
Só que nem tudo mudou, eu e Jiyang passávamos o intervalo juntas e às vezes com duas garotas que fizemos amizade, já que as outras não queriam nossa presença.
— Não podemos andar com gente mais bonita que a gente. Isso pode ofuscar o nosso brilho e os garotos não olharão para nós — disse uma delas.
Tudo bem, eu já estava acostumada e a amizade da Jiyang e das duas meninas próximas a gente era suficiente. Elas eram legais e estudiosas.
Até o garoto mais lindo da sala chamar minha atenção.
Eu não costumava gostar de gente popular, mas ele era bonito, muito bonito. E, para piorar minha situação, era o crush da valentona que afirmou que eu ofuscaria o brilho dela.
Estava mais para luz agonizante, e estava tudo bem até ele chegar até mim.
— Meilee, certo? Soube que você vai participar do clube de leitura.
— É... sim, eu gosto de ler, mas não posso participar de nenhum clube, já que eu não tenho tempo para isso.
— Que pena, mas espero que tenha para este aqui.
Ele me entregou A Volta ao Mundo em 80 Dias e saiu. Eu nunca tinha lido, mas sabia que não era um romance e sim uma ficção de aventura. Não sabia se era o livro ideal para dar a alguém que você estava interessado, mas mesmo assim agradeci.
E com certeza aquele livro era da biblioteca.
Jiyang ficou sem entender, mas começou a me zoar, dizendo que ele gostava de mim. Eu preferiria acreditar que não.
— Ei, garota! — a valentona e suas amigas de estimação me chamaram atenção. — Se afaste dele o mais rápido possível ou sofrerá consequências.
— Mas foi ele quem me deu o livro!
— E aceitou por que, princesinha? Se afaste do Sunghan imediatamente! Não quer se envolver em polêmicas no início da sua carreira, não é? Ele é meu! Somente meu!
Só que em torno de 2 meses já estávamos namorando.
Depois que ele me deu aquele livro, começamos a nos encontrar com frequência e conversar sobre vários gêneros literários de nosso interesse, então as conversas foram avançando e, quanto mais estávamos juntos, mais o sentimento de amizade mudava.
Sunghan me pediu em namoro em uma sala de aula vazia, com flores e O Pequeno Príncipe, meu livro preferido que perdi durante a mudança.
Ele queria revelar para a escola toda, mas eu debutara há 2 meses, então ainda não tinha permissão para namorar publicamente.
Mas ele me respeitou, e muito. Muitas gostavam dele, mas só tinha olhos para mim. Sempre que possível, passava na minha sala para me dar flores ou levar eu e a Jiyang ao dormitório. Quando eu tinha os fins de semana livres, íamos ao cinema e comer topokki na volta.
Eu o amava feito uma idiota. Escrevia cartas sobre o quanto ele me fazia feliz e como meus dias eram diferentes e leves ao seu lado. Eu perfumava as cartas com minha fragrância preferida e anexava com seu doce preferido. Ele me respondia essas cartas com encontros e momentos românticos, os quais me inspiraram para escrever mais cartas. Era como compor música.
Porque ele me prometeu a lua, as galáxias e o universo.
Eu cheguei a escrever minha primeira música, nomeada de Roller Coaster para o LUV inspirada no nosso romance, mas ela ainda estava sendo avaliada.
Enfim, eu realmente o amei como uma idiota. Uma grande idiota.
Depois de um ano e oito meses de relacionamento, ele começou a ficar estranho, a me tratar mal. Ele não respondia mais minhas cartas e nem saía mais comigo. Eu andava muito ocupada por conta do comeback, então deduzi que fosse aquilo.
Até que a boba aqui decidiu fazer uma surpresa.
Primeiro, fui até a casa dele e a mãe dele disse que ele estava na biblioteca, quando cheguei lá, ele simplesmente não estava. Quando pensei em desistir, fui até a sorveteria que sempre íamos depois da aula. E lá estava ele aos beijos com uma mulher, uma mulher que não era eu.
Ele a beijava de uma forma que nunca tinha me beijado antes: com desejo, toques percorrendo suas curvas e amassando seus cabelos naturalmente loiros. Ela parecia estrangeira.
Mas foda-se! Foda-se que ela fosse estrangeira! E as nossas promessas? As cartas? O cinema? As galáxias? O beijo? Dava para acreditar que meu primeiro beijo fora com aquele garoto?!
Estática, eu olhava para os dois e deixava minhas lágrimas escorrerem, porque a pessoa que jurava ser meu primeiro e grande amor estava aos amassos com uma mulher de 20 anos que tinha tudo o que eu queria ser para ele.
Ele me gritou e disse que poderia se explicar, mas eu saí correndo e chorando feito uma criança e liguei para Naeyin me buscar.
Ele me fez voar na fé, porque, independentemente do que eu fizesse, ele nunca iria voltar, já que estava encantado com a garota loira.
2017
Depois de dois anos desde o debut, o LUV finalmente tinha ganhado seu primeiro prêmio com Playing with Fire, música escrita por minha melhor amiga que estava há 2 anos namorando com Kim Taehyung e eu não sabia.
Ela sempre foi desconfiada com os homens depois do episódio mais doloroso de sua vida e de repente me apareceu com um relacionamento seríssimo de 2 anos, 2 anos!
Como eu não percebi? Estava sofrendo o suficiente o meu chifre para deixar passar? Lembrava que em 2015 eu não estava namorando.
Enfim, ficava feliz pelos dois, eles eram incríveis. E, depois de tudo que Naeyin passou, ela merecia muito.
Eu e Tae nos aproximamos só por causa dela, na verdade. Eu andava para cima e para baixo com a Naeyin e ele havia se encantado por ela. Segundo ele, foi amor à primeira vista — eu não acredito nisso, mas acredito no amor e que Nay é encantadora mesmo.
Então, ele tomou coragem para me perguntar coisas que ela gostava e que poderiam conquistá-la. Fiquei feliz em ver alguém se dedicando pela Nay, esperava que ele não fosse um idiota como meu ex.
Fiquei chateada por não saber, mas eles compensaram convidando-me e o Jungkook para sairmos. Havíamos nos afastado por conta da correria de comeback e sessões de fotos, mas estávamos todos os dias nos falando.
Falando em sessão de fotos, pela primeira vez eu e as meninas saímos na capa de uma revista. Fiquei muito empolgada ao saber que o diretor da revista já trabalhou na Vogue Korea e chegando na Vogue eu tinha metade dos meus sonhos realizados.
Foram sessões tranquilas. Depois, eu e Naeyin fomos tomar um café com os meninos, quer dizer, só a Naeyin e o Jungkook, porque o Tae não gostava de café e eu pedi um chá gelado. Quando percebi que o casal queria ficar sozinho, chamei meu amigo para passear.
— Você está bem?
— Tô, claro.
Quando pedi para a Naeyin me buscar, ela estava muito ocupada em reunião com os produtores e não podia sair dali, então pediu para que Jungkook fosse em seu lugar, já que eu também era próxima dele.
Ele me deu um abraço tão caloroso, dizendo que estava tudo bem, que eu não errei em nada e que ele era um simples idiota. Nem aquele babaca tinha me dado um abraço tão acolhedor como aquele.
— Eu fiquei com muita raiva dele.
— Sério? Não precisa sentir minhas dores, está tudo bem.
— Mas eu realmente fiquei chateado porque ele te machucou. Ele vai se arrepender de ter perdido um cristal tão precioso como você.
— Nossa... obrigada, Jeon.
Eu me recusava a gostar dele, então toda vez que eu sentia minhas bochechas queimando, o chamava de Jeon para cortar o encanto. Achava que tudo aquilo era medo de a experiência se repetir.
— Mei... eu acho que-
Tae o interrompeu, dizendo que tinham que gravar as músicas novas. Lhe perguntei o que era no caminho até a empresa e ele disse deixa pra lá. Por um lado, fiquei curiosa, por outro, pensei que não fosse importante.
Apesar de ficar decepcionada toda vez que via meu ex com a loira — que mais tarde eu descobri que era ex dele antes de mim —, eu não me abalava por homem e nem desistia de meus objetivos por causa deles.
Felizmente, não sei como a empresa e nem a escola ficou sabendo do relacionamento, só as pessoas mais próximas sabiam. Talvez ele não se importasse mesmo comigo porque realmente não expôs nada.
Há algumas semanas, o professor de física passou uma atividade em grupo e no meu tinha um garoto da minha idade que eu nunca havia notado. Eu estava cega pelo meu ex, então não reparava em ninguém além dele.
Era fofo, tímido e muito inteligente. Eu era melhor nas disciplinas que envolviam escrita e leitura. Nunca fui muito boa em raciocínio, então era péssima em qualquer tipo de cálculo, mas eu sempre dava o meu melhor.
Quando ele me viu perdida na realização do trabalho, ignorou todos que estavam pedindo sua ajuda e veio até mim.
— Acho que, se você tentar começar pela multiplicação, tudo ficará mais claro.
Com o sorriso mais lindo que já vi, achava que eu finalmente superara meu ex.
Jungkook havia me convidado para assistir à uma sessão de fotos. Fazia algumas semanas que ele tinha voltado dos Estados Unidos, então queria me ver.
Acho que eu nunca tinha reparado o quão atraente ele era, quando posava para as fotos, suas expressões eram neutras e singelas. Havia galáxia no seu olhar, uma cor doce em seus lábios, um brilho dourado na ponta de seu nariz e sua pele era fresca feito pêssego.
E ele por completo tinha uma luz fascinante...
Quando as sessões acabaram, tive a oportunidade de conversar um pouco com ele.
— Como foi nos EUA?
— Foi legal, a comida lá é boa e eu não entendia nada do que falavam.
Eu ri porque ele realmente tinha experiência zero em inglês, mas eu o ajudava quando tínhamos tempo livre.
— Senti falta da minha tradutora.
— I missed you too, little bunny.
Rimos porque ele não sabia nem o básico. As coisas entre mim e Jungkook mudaram desde que terminei meu relacionamento, nos olhávamos diferente.
— Vamos à praia? — sugeri
— Agora? Claro!
Do estúdio de fotos, fomos caminhar na praia, estava quase vazia. Enquanto caminhávamos, íamos conversando sobre a viagem dele, o que fiz por aqui na Coreia e algumas coisas de nosso interesse.
— A propósito, o que queria dizer naquele dia que estávamos com a Nay e o Tae? Não posso mentir dizendo que não fiquei curiosa.
— Tem certeza de que quer saber? Não quero que isso estrague nossa amizade.
— Tenho certeza que não vai.
Ele respirou fundo, olhou fixamente nos meus olhos e disse:
— Eu acho que gosto de você, Mei — ele disse, pegando minha mão e olhando para ela enquanto balançava o pé timidamente.
Meu coração disparou, disparou muito. Olhei em seus olhos e vi verdade, vi paixão, vi o brilho que tinha enquanto olhava para mim. Eu não sabia se saía pulando por Jungkook gostar de mim ou se me escondia em um buraco por Jungkook gostar de mim.
É que eu não sabia ao certo o que eu, Yoon Meilee, sentia por ele. Eu não queria machucá-lo, mas queria ser honesta comigo mesma. Então eu fiz um teste.
— Posso tentar uma coisa?
Sem hesitar ou me perguntar, não importava o que fosse, ele simplesmente aceitou, então eu o beijei.
Um selinho rápido, nada suficiente para saber o que eu sentia, mas necessário para fazer meu coração bater ainda mais forte.
— Posso tentar outra coisa?
Balancei a cabeça e ele me puxou para um beijo com língua, esse sim me trouxe sentimento e a sensação maior de que meu coração voou da minha boca, se juntaria ao coração dele e nunca mais se separariam. Ele tinha as mãos em meu pescoço e um de seus dedos em minha bochecha. Eu o abraçava para evitar nos afastarmos.
Ele me beijava com muito carinho e eu, sem perceber, retribuía de maneira apaixonante. Quando estávamos prestes a perder o ar, nos olhamos fixamente por alguns segundos.
— Podemos tentar...
— Mais uma vez?
Falamos juntos e concordamos em repetir o que tinha acontecido. E era bom. Muito bom. Eu nunca tinha beijado daquela maneira antes, por mais que eu não soubesse o que era um beijo bom ou ruim, já que ele era a segunda pessoa que eu estava beijando na vida.
Se tivesse mil pessoas em nossa volta, elas não existiam.
Se houvesse um tsunami, ele seria ilusão.
Se houvesse um terremoto, a areia nos manteria ali.
Se houvesse um único som em todo o mundo naquele momento... seriam nossos corações.
E depois de três semanas não nos vimos mais.