Revisada por: Júpiter
Última Atualização: 24/11/2024Sua vida havia mudado significativamente desde o ano anterior: havia finalmente se formado em design de moda, conquistou o tão sonhado estágio na Calvin Klein e, com diploma em mãos, foi efetivada para o cargo de estilista junior, o primeiro passo para a carreira de sucesso que ela queria ter. O salário também não era dos piores, muito pelo contrário.
Viveu os meses desde sua formatura com muito conforto e muita tranquilidade, apesar dos desafios de um cargo com mais funções e mais responsabilidades que uma estagiária jamais sonharia em ter. Mas agora que não tinha mais as aulas da faculdade, ocupava o pouco tempo que tinha com atividades que mantinham sua mente em pleno funcionamento e livre do estresse que o trabalho muitas vezes lhe dava, como leitura, que sempre foi sua paixão, e o pilates, atividade que descobriu há alguns meses e estava lhe fazendo um bem danado.
Voltava exatamente dessa atividade quando uma das poucas coisas que lhe tirava a paz telefonou. Glória Morgan havia deixado de ser sua professora, no entanto, continuou como sua chefe como estilista senior. Glória não era das piores pessoas do mundo, gostava dela e era muito grata por todas as oportunidades que ela lhe deu. Contudo, precisava confessar que a mulher não era das mais fáceis de trabalhar.
Aquela, por exemplo, não era a primeira vez que ela ligava para a mais nova fora do horário de trabalho, o que irritava profundamente, pois na grandíssima maioria das vezes eram assuntos nada urgentes, por mais que a mais velha insistisse que eram sim.
— Bom dia, Glória — ela falou pelo fone de ouvido, sem parar de pedalar. Segurou muito para não soltar um suspiro para não parecer desaforada.
— Está atrasada, .
— Meu horário é às nove e meia, eu ainda tenho uma hora.
— Impossível, temos uma reunião em dez minutos.
— Reunião!? — questionou , ofegante.
— Não viu as mensagens que te mandei?
A verdade é que não havia mesmo visto as mensagens, já que não podia entrar com celular dentro do pilates (regra irritante do estúdio) e sua preocupação era apenas correr de lá para seu apartamento, para que pudesse tomar um banho antes de ir trabalhar. Uma reunião em dez minutos definitivamente não estava em seus planos.
Xingou mentalmente Glória por não ter ligado quando realmente era importante.
— Não, eu não vi, eu… estava no pilates — falou com sinceridade e vergonha, avançando o farol que acabara de abrir.
— Que rotina adorável — murmurou Glória com claro sarcasmo. — Mas a moda não espera, mocinha. Precisamos de você aqui agora, algo importante surgiu.
— Estou indo o mais rápido que posso — retrucou com o ar lhe faltando, já que de fato havia acelerado as pedaladas. — O que aconteceu?
— Os executivos da Calvin Klein querem lançar uma campanha no próximo mês com o maior embaixador da marca.
— Michael B. Jordan? — soltou sem pensar muito, seus neurônios todos focados em pedalar cada vez mais rápido.
— Não, garota! — Morgan respondeu com certa irritação. — Jungkook!
Os pedais da bicicleta escaparam dos pés de e suas mãos apertaram os freios na hora. Se não fosse por sua agilidade e equilíbrio, ela teria voado para frente. Nunca agradeceu tanto ao pilates.
Faziam muitos meses que ela não ouvia falar naquele nome tão diretamente. A última notícia que teve de Jeon Jungkook foi em uma conta de fofoca de celebridades anunciando que ele havia partido para o serviço militar na Coreia do Sul e só voltaria em dezoito meses.
Não que ele tenha se dado o trabalho de contar a ela. Sua forma de contar foi mágicamente parar de responder as mensagens que trocavam diariamente quando ele foi embora. Era um fato de que não tinham nada em comum, ainda mais com a longa distância entre eles que impossibilitava que qualquer coisa além daquela noite que tiveram acontecesse. Havia sido um milagre que, mesmo ela tendo deixado-o sozinho no hotel, ele ter ido atrás dela no Instagram.
Então não podia se dar o direito de ter ficado brava, afinal, a ideia era não ter surgido sentimento algum entre eles. Mas ela ficou brava… e o sentimento, por mais que odiasse admitir, estava ali. Ela engoliu o sentimento a seco antes que ele pudesse se tornar algo perigoso demais para seu coração.
— ? !
A voz metálica fez a estilista voltar a si. Ela ajeitou a bicicleta e respirou fundo.
— Desculpe, o sinal está ruim — mentiu para que a chefe não soubesse que ela não ouviu o que disse porque quase se espatifou no chão. — Você disse Jeon Jungkook? Mas ele não estava servindo o exército da Coreia ou algo do tipo?
— Voltou essa semana — respondeu Glória. — Os executivos não querem perder tempo, algo sobre os números não estarem agradando tanto.
se arrependeu na mesma hora de ter silenciado o nome do cantor em seu Twitter, assim como qualquer coisa relacionada ao BTS. Certamente a notícia de que ele havia encerrado seu serviço militar teria aparecido em seu feed assim como apareceu quando ele foi, e ela não teria levado o susto que levou.
Também poderia ter entrado em contato com ele, pensou por um milésimo de segundo. Da mesma forma que o pensamento veio, ela o expulsou na mesma hora. não era mulher de correr atrás de alguém que a deixou no limbo, sem explicação alguma. Mesmo se Jungkook viesse atrás dela, de joelhos e implorando perdão, ela teria que pensar bem se aceitaria.
— Eu serei boazinha com você e irei te dar trinta minutos para chegar aqui.
— Não pode ser uma hora? Eu preciso tomar um banho e trocar de roupa…
Glória suspirou do outro lado da linha.
— Quarenta e cinco minutos e nenhum segundo a mais. Você trabalha na Calvin Klein, tome um banho aqui. Você trabalha na Calvin Klein, ! Acredito que vai encontrar alguma roupa nesse lugar.
aceitou, é claro. Negociar com Glória Morgan significava aceitar a primeira proposta que a mais velha desse, pois não teria uma segunda. Suas pernas se esforçaram para, mesmo trêmulas, pedalarem o mais rápido possível até a empresa. Conseguiu bater o cartão faltando quinze minutos do prazo estipulado por sua chefe, o que não lhe deu um tempo muito confortável para tomar banho e se trocar. Ela de fato encontrou facilmente roupas íntimas, uma camiseta e uma calça jeans do seu número. Estava, literalmente, vestindo a camisa da empresa, além de todas as outras peças em seu corpo.
entrou na sala de reuniões alguns minutos atrasada, afobada e com diversos itens em seus braços, como notebook, bloco de notas e sua fiel garrafa de água. Todos olharam para ela quando passou pela porta de vidro.
— Desculpem o atraso — ela falou com a voz baixa, indo para o único lugar vago ao lado de Glória. Fingiu que não viu o olhar repreendedor de sua chefe ao se sentar.
— Bom, agora que a Srta. chegou, podemos ir aos tópicos que interessam — comunicou Lauren, a coordenadora comercial da Calvin Klein, uma das pessoas mais importantes sentadas naquela mesa. Mesmo depois de meses, sentar com tantos profissionais importantes em uma reunião ainda lhe deixava extremamente nervosa.
Além disso, o assunto em si estava fazendo seu cérebro rodar mais rápido do que de costume, e seu coração também estava meio descompassado. Aqui e ali ela ouvia o nome dele, misturado com algumas informações sobre a mais nova campanha e o curto prazo que tinham para elaborá-la. queria dizer que estava sendo uma boa profissional e estava prestando atenção em tudo, mas foi pega de surpresa quando ouviu seu nome e percebeu que todos da mesa olhavam para ela. A estilista não sabia se haviam lhe perguntado algo ou se perceberam como estava avoada e chamaram sua atenção.
Sua reação foi engolir em seco e apertar a lapiseira roxa em suas mãos.
— Você parece estar com a cabeça em outro lugar, Srta. — disse um dos executivos, erguendo uma de suas sobrancelhas.
— Desculpa, eu estava tendo algumas ideias — mentiu, forçando seu cérebro a trabalhar na velocidade da luz.
— Compartilhe conosco mais uma das suas ideias geniais, . — O incentivo veio de Stella, uma das estilistas da equipe de Morgan. O tom era em claro desafio, implícito na forma como girou a caneta nas mãos e relaxou em sua cadeira, aguardando o momento de, mais uma vez, tentar humilhar a mais nova.
nunca havia feito nada para a mulher, no entanto, já estava mais do que cansada das alfinetadas dela e sempre dava seu melhor para não dar brechas à loira. Ela a odiava desde que havia ganhado o estágio no ano anterior, talvez por saber que tinha grandes chances de crescer na empresa antes dela. Não era culpa dela estar batalhando para isso enquanto Stella se preocupava em bajular a todos.
— Estava pensando… — começou, organizando a ideia que surgiu como um milagre. — Podemos fazer uma coleção de clássicos.
— Clássicos? — Glória a questionou, curiosa. Sua feição entregava um pouco de preocupação, já que e qualquer ideia que ela tivesse eram de sua responsabilidade; essa preocupação repassou para a mais nova, que agora estava incerta.
— Mas a Calvin Klein já é um clássico há 56 anos — argumentou Stella, soltando uma risada sarcástica.
— E fará 57 esse ano, podemos comemorar com Jeon Jungkook vestindo uma coleção de clássicos reimaginados! — argumentou, empolgando-se com a constatação de que a ideia não era das piores. Também não era das melhores, mas duvidava que, no curto prazo que tinham, alguém daria uma ideia melhor.
— 57 não é exatamente um número especial. 50 ou 60 seriam, mas 57? — o executivo pontuou e os demais concordaram.
estava sem argumentos, mas não se deixou vencer ainda. Sentiu a cabeça começar a latejar de tanto que forçava seu cérebro a trabalhar.
— Essa é a graça, um clássico é sempre especial, não importa a idade. Por que esperar comemorar os 60? A Calvin Klein é atemporal, um clássico que nunca sai de moda e está presente todos os anos, não apenas nos especiais — respirou fundo e sorriu. — O BTS tem 7 integrantes, o Jungkook tem uma relação com o número, os ARMYs irão amar.
— Os ARMYs? — perguntou Stella em tom de deboche. — O que raios é isso?
— O nome dos fãs do BTS — retruquei com uma sobrancelha erguida. — Se quer fazer parte dessa campanha, você deveria saber, já que o modelo e embaixador da marca tem tatuado na mão. É informação básica, Stella.
— Se eu quero fazer parte da campanha? Eu vou fazer, é óbvio.
— Veremos isso depois — Lauren falou, abanando a mão para indicar que Stella deixasse isso de lado. O rosto da estilista ficou vermelho de frustração. — Sua ideia é interessante, , o que não é nenhuma surpresa. Você consegue elaborar essa ideia e me entregar até o final do dia?
— Consigo — falou com firmeza, tentando não alargar seu sorriso tímido.
— Ótimo, então, se aprovarmos a ideia, se prepare para ir à Coréia com a Glória.
, que anotava algo em seu caderno, olhou, surpresa, para Lauren.
— Espera, a campanha não será feita aqui?
— Você realmente estava com a cabeça na lua, não é? — Glória suspirou, balançando a cabeça. — A Calvin Klein irá abrir uma filial na Coréia do Sul, já que estão investindo mais nos cantores e atores de lá e vendo ótimos resultados.
— Além do Jungkook, já temos Jennie do Black Pink, Mingyu do Seventeen e Cha Eun Woo, que é ator e cantor — completou Stella. — Você deveria saber.
O tom debochado fez o sangue de esquentar por um segundo.
— E eu sei — retrucou, o que não era mentira.
No entanto, não poderia dizer que se recordava de tantos nomes e de quais grupos eram, já que, depois do sumiço de Jeon, ela não quis se envolver nos projetos, usando como desculpa que precisava dedicar mais horas para os últimos trabalhos da faculdade antes de se formar.
— É uma campanha importante, — disse Lauren, seu olhar parecia um alerta a mais nova. — Preciso de todo o seu foco nela, pois ela irá definir de vez a ida da Calvin Klein para a Coreia, entendeu?
“Sem pressão”, pensou , mas tudo o que fez foi assentir novamente e assegurar que o projeto estaria na mesa da supervisora até o final do dia.
Já passava das oito horas da noite quando finalmente enviou o e-mail para os responsáveis pela campanha. Passou o dia desenhando, digitalizando, escrevendo e editando para que pudesse entregar a ideia perfeita. Seus olhos estavam exaustos, seu estômago clamava por comida e sua cabeça pesava de sono. Ela queria sua cama mais do que nunca, e só em pensar que teria que pedalar até sua casa, já queria chorar. Lhe daria o luxo de pedir um Uber naquela noite, assim como pediria yakisoba quando chegasse ao apartamento. Ela definitivamente sentia que merecia aquele carinho.
Pensou ser a única no escritório quando começou a organizar as coisas. Não viu quando Glória se aproximou de sua mesa, apenas avistou seu par de Christian Louboutin com estampa animal print. confessava que era um desejo de consumo próprio, porém, por melhor que estivesse seu salário, ainda estava longe de conseguir “investir” em um daqueles. Era sempre um prazer admirar de longe e ela não escondia sua paixão toda vez que a chefe usava.
— Ah, esses saltos… — murmurou, colocando a mão no peito, antes mesmo de a chefe dizer algo. Glória riu; a relação de ambas melhorou muito agora que não era mais uma estagiária, no nível em que a mais velha se permitia rir e relaxar um pouco na presença de sua ex-aluna.
Morgan encostou na mesa da garota e cruzou as pernas. Usava um vestido preto da Calvin Klein que tinha certeza ser da última coleção de primavera da marca, a mais recente coleção a qual havia aparecido nas passarelas, mas não nas vitrines ainda. As joias espalhadas por seu pescoço, braços e dedos eram uma mistura de Cartier e Tiffany. A elegância da mulher era invejável, e ela estar até tão tarde na empresa não era realmente uma surpresa.
— Você terá um desses um dia, — ela apontou os dedos magros que sempre usava para segurar o cigarro na direção de . — Se merecer, é claro.
— Eu sei — suspirou ao fechar o notebook. — Estou lutando para isso. Aliás, acabei de enviar o projeto por e-mail.
— Sabe que gosto dele impresso — a mais velha resmungou, balançando a cabeça. esticou o braço e pegou uma pasta bege, entregando em seguida para a chefe.
A mais velha ergueu as sobrancelhas. não esperava que sua ex-professora fosse abrir e folhear o arquivo na mesma hora. Na realidade, ela torcia para que ela não fizesse aquilo. No entanto, não pôde fazer nada além de aguardar a análise de Morgan, tentando decifrar a expressão neutra que ela sempre fazia quando avaliava algo. Era aquela expressão que ela viu tantas vezes enquanto a professora corrigia as notas em sala de aula, ou quando acompanhava a chefe em desfiles.
Os comentários ácidos do que não haviam agradado Glória sempre ficavam para o final. não tinha certeza se seu humor no momento era dos melhores para ouvir qualquer que fosse a crítica que estava sendo formada na cabeça da mulher. Foi uma grande surpresa quando ela ouviu:
— Nada mal, . Talvez tenha que fazer alguns ajustes práticos nos modelos, refinar algumas coisas, mas… está muito bom.
ficou estática. Com Glória Morgan funcionava da seguinte forma: se ela gostava, ela não dizia nada, apenas ia embora; se ela não gostava, bom… aí sim ela destilaria todo o veneno. Aquilo era novo para , ela não sabia muito bem como reagir. Talvez tivesse pegado no sono e estava sonhando, quem sabe?
Disfarçadamente, ela beliscou o próprio braço. Ela estava muito acordada, ou seja, Glória havia elogiado seu trabalho.
— Obrigada…? — ela falou, incerta. Glória enfiou o arquivo embaixo do braço.
— Isso foi uma pergunta? — ralhou, balançando a cabeça. — Apenas aceite o elogio, eles são raros.
— Eu sei — deixou escapar, disfarçando em seguida com um pigarrear. — Digo, claro, certo… é…
Glória sorriu. Nunca admitiria em voz alta, mas via muito de si mesma em . Nem sempre foi aquela mulher confiante que raramente descia de seus saltos importados. Ela já foi insegura como às vezes demonstrava ser, e exatamente por esse motivo Glória sentia a necessidade de proteger a garota e fazer com que ela, aos poucos, ganhasse mais confiança em seu trabalho que sempre era impecável. Ela via potencial em e estava apostando suas fichas nela.
— Escute, garota… Não deveria estar falando isso para você, então não conte para ninguém — começou Glória, recebendo toda a atenção da mais nova. — Mas é possível que, caso dê tudo certo, alguém já fique por lá.
— Por lá… — ficou confusa por um segundo antes de a ficha cair. — Lá sendo a Coreia?
— Não, , a Jamaica! — ironizou a chefe, bufando. — Claro que é a Coreia! Mais especificamente, Seoul. E eu adoraria ficar lá, mas tenho minha família, meu marido… Ele não vai conseguir migrar o trabalho dele, então… Bom, se quiser, posso te indicar para a equipe.
recostou na cadeira, seu olhar se perdendo no nada enquando assimilava a proposta de Glória. Morar na Coreia do Sul definitivamente não estava em seus planos, mas seria assim tão ruim? Queria fazer uma pós-graduação, mas poderia fazer em outro país, se fizesse as pesquisas certas. Tinha seus pais e sua irmã, no entanto, não achava que eles se importariam em vê-la partir para conquistar um novo passo em sua carreira — dependendo do salário que fosse receber, poderia visitá-los sempre que quisesse. Não tinha marido ou filhos que a prendessem nos Estados Unidos.
Ela percebeu, com certo pavor, que não tinha argumentos que a fizessem ficar em seu país a não ser…
— Não sei falar coreano — comentou, o olhar ainda perdido.
Glória massageou as têmporas, tentando ser mais paciente com a jovem.
— Você sabe falar inglês, isso basta. Depois aprende o coreano, terá tempo e chance o suficiente para treinar lá.
A mulher já falava como se a decisão tivesse sido tomada, mas definitivamente não era o caso. Também falava como se a ideia de tivesse sido aprovada, o que lhe deu um certo conforto e confiança de que estava bom o suficiente.
— Eu agradeço muito por me considerar — falou, mordendo a parte interna da bochecha. — Mas preciso pensar.
A chefe assentiu. Sensatez era um dos pontos fortes de , ela jamais faria qualquer coisa sem pensar muito antes.
E de fato pensou muito, até sua cabeça doer. Durante todo o trajeto de Uber até sua casa e depois de finalmente se deitar na cama, prestes a dormir, seu cérebro ficou repassando as informações e listando os prós e contras diversas vezes. Com seus olhos já pesando, sua mente colocou um “pró” que estava evitando desde o momento que Glória iniciou a conversa:
Iria morar na mesma cidade de Jeon Jungkook. Ela se odiou por pensar isso, se odiou por não conseguir colocar isso na lista dos “contras”. Se odiou pelo frio na barriga que sentia toda vez que pensava no fato de que o veria de novo, ou melhor, toda vez que pensava nele.
Jeon Jungkook estava de volta. Precisava admitir que sentiu falta do caos que era sua vida como um dos maiores idols da atualidade: agenda cheia desde o dia de sua dispensa, reuniões para acertar os próximos passos de sua carreira solo e com o BTS, sessões de foto…
O cantor rolava fotos em um feed do Instagram no caminho para a nova sede da Calvin Klein, marca a qual era embaixador há alguns anos. Estava completamente alheio ao trânsito que fazia o carro andar devagar, alheio ao que o motorista conversava com seu assistente; seu foco estava totalmente voltado para a garota de vestido prateado comemorando o Ano Novo, levantando uma taça de champagne e gritando ao que parecia ser o momento exato da virada do ano. Era injusto não poder curtir aquela foto tão linda e espontânea, assim como era injusto não poder seguir o perfil de e deixá-la saber que ele havia pensado nela a cada segundo que esteve no exército, que havia sentido sua falta por todo aquele tempo. Sabia que, se assim fizesse, as pessoas iriam perceber em segundos e a internet iria virar um pandemônio, afinal, havia excluído sua conta e criado uma para Bam, seu cachorro, onde seguia menos de 15 pessoas e era seguido por mais de 6 milhões.
Curtir uma mísera foto já lhe daria uma dor de cabeça tremenda. Sua escolha foi sumir sem dizer nada, o que sabia ter sido um erro feio. Poderia ter mandado mensagem, respondido um story, porém optou por mantê-la longe daquele caos enquanto ele não voltasse. Só não pensou antes que, muito provavelmente, ela iria odiá-lo por isso e com razão. provavelmente estaria lhe odiando no momento, além do fato de que ele deveria ter entregado a ela um certo contrato de sigilo quando passaram a noite juntos, o que o levou a não contar para ninguém (além de seus amigos e companheiros de grupo) sobre a mulher mais incrível que ele já havia conhecido em sua vida. Então, mesmo depois de ter voltado, ele não entrou em contato.
Jungkook suspirou, fechando o aplicativo de fotos. Tudo o que lhe restava eram fotos em uma tela fria e a lembrança de que um dia teve aquela pele quente em contato com a sua, literalmente na palma de sua mão. Ter a Calvin Klein na Coréia do Sul deveria significar um grande feito, novamente havia aberto caminhos para outros idols. Mas para Jungkook significava que não precisaria ir tão cedo para Nova Iorque. Não veria tão cedo.
— Chegamos — seu assistente falou ao abrir a porta do carro. O maknae nem ao menos percebeu que haviam estacionado, tão perdido que estava em seus pensamentos.
Ao pisar fora do carro, ele ouviu as vozes dos fãs que o aguardavam na entrada do prédio espelhado. Uma de suas principais fontes de energia eram eles, seus fãs. Poder ter contato com eles de novo era incrível, o sorriso que se instalou em seu rosto era genuíno quando os cumprimentou antes de passar pela porta giratória. Sentia-se renovado, mais animado, e seguiu pelo prédio com o pensamento de que estava realmente de volta.
JK ajeitou o boné da marca a qual era embaixador e cumprimentou algumas pessoas pelo caminho, conversou com outras, foi guiado por uma tour pelo prédio novo em folha e, finalmente, o levaram para o estúdio onde fariam as novas fotos. As últimas reuniões para definir de vez como seria a nova campanha foram todas online, o que por um lado foi ótimo, já que conseguiu fazer diretamente de sua casa. Por outro lado, foi mais uma chance perdida de ir para Nova Iorque encontrar . Também não encontrou o nome da mulher em canto algum nas chamadas de vídeo, mesmo ela tendo sido citada como principal responsável pela ideia dos clássicos.
A genialidade não surpreendeu Jungkook, o pouco que conheceu dela já mostrou o quão esperta era quando se tratava de moda. Sentiu um certo orgulho em saber que ela ainda estava na Calvin Klein em um bom cargo ao qual ela tinha tamanha responsabilidade e autonomia.
Jungkook daria tudo para vê-la. Na verdade, queria tanto encontrar que, após alguns segundos dentro do estúdio, pensou ter visto sua silhueta antes de sumir atrás de uma arara de roupas. Ele continuou conversando com pessoas da equipe, foi apresentado ao fotógrafo, mas seus olhos e sua atenção estava naquela maldita arara.
Foi então que ela apareceu novamente e o cantor teve que piscar algumas vezes para ter certeza de que não era uma miragem. Conseguiu visualizar o rosto da estilista por breves segundos antes de ela se virar de costas, anotando algo em um caderno. Jungkook não queria acreditar que era ela, mesmo fazendo total sentido. O universo seria legal demais com ele se de fato fosse . Pediu licença aos colegas e foi em direção a ela, rezando a cada passo para que ela não se movesse, nem que fosse outra pessoa e que sua mente estivesse lhe pregando uma peça.
O perfume o atingiu quando se aproximou, sendo mais uma confirmação, se sua memória ainda estivesse funcionando. O coração do sul-coreano batia forte em seu peito, mas ele disfarçou com um sorriso ladino.
— Eu me pergunto de quem foi a ideia genial de revisitar clássicos da Calvin Klein?
pulou de susto antes de se virar. Sua feição era de alguém que havia acabado de ver um fantasma e a prancheta tremia em suas mãos. Ela apertou o objeto contra o peito ao observar cada detalhe do homem em sua frente, sem conseguir disfarçar muito. Jungkook estava ainda mais forte do que antes, mais bronzeado e definitivamente com menos cabelo — o corte estava escondido embaixo do boné, mas ainda era evidente a diferença de mais de um ano atrás. Ele estava sem seus piercings, o que, na opinião de , era uma pena.
Era irritante que todos esses detalhes só o deixassem ainda mais bonito do que antes. O cabelo curto realçava seus traços, os braços cruzados eram convidativos demais, e o sorriso… queria socá-lo.
— É, a pessoa deve ser um gênio — ela respondeu, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
Jungkook também a observou com muita atenção e sem nem tentar disfarçar. Os cabelos de estavam mais curtos também, acima dos ombros e sedosos como antes, com um brilho, uma leveza e um aroma que o faziam querer tocar cada fio. A regata que usava realçava seu busto o qual ele demorou o olhar por tempo suficiente para deixar vermelha e quente. Ela nunca falhava na missão de escolher roupas que faziam Jeon Jungkook querer arrancá-las. Toda a atração entre ambos estava presente como se nunca tivessem saído do lado um do outro, e a tensão (sexual e por tudo o que ocorreu entre eles) poderia ser agarrada em suas mãos de tão palpável.
— Ela merecia uma promoção — ele pontou, movendo o peso de um pé para o outro.
O sotaque de Jungkook era de alguém que não treinava seu inglês há um longo tempo, travando nas palavras e tendo que pensar um segundo antes para formar a frase ideal, diferente da naturalidade com que ele falava quando esteve em Nova Iorque. Porém a menção a uma promoção, vindo dele, fez os pelos no corpo de se arrepiarem. Ela chegou em Seoul no dia anterior, e até aquele momento, não havia decidido se iria ou não aceitar a proposta de Glória. Isso, é claro, se iriam promovê-la realmente. Uma coisa era terem gostado de sua ideia e estarem usando-a, além dos modelos que ela havia desenhado. Outra era promovê-la e mudá-la para outro país.
— Não é pra tanto — respondeu, virando-se de costas novamente. Jungkook teve a decência de, daquela vez, disfarçar quando conferiu o corpo que tanto sentiu falta.
— Claro que é — ele falou, indo para o lado dela e apoiando-se na penteadeira onde em breve ele iria ser maquiado. — É uma ótima ideia, a Calvin Klein é atemporal, mostrar que podemos usar os modelos antigos hoje em dia… Isso vai ser ótimo para a marca.
deu um sorriso involuntário que logo conteve. Ouvi-lo falar sobre sua ideia com tanta empolgação e carinho aquecia seu coração, e uma anotação mental se criou em seu cérebro sobre como ele era atencioso e envolvido em tudo o que fazia. Ela dispensou o pensamento no mesmo instante, lembrando a si mesma que ela estava ali para fazer seu trabalho e que Jungkook não estava merecendo nem um segundo de sua atenção.
— Na mesma hora, eu soube que foi ideia sua — ele falou com a voz mais baixa, inclinando-se na direção da mulher. — Você é incrível.
— Obrigada — ela respondeu no tom mais monótono possível, sem olhá-lo. — Você precisa se maquiar, irei buscar suas roupas.
Jungkook juntou as sobrancelhas quando começou a se afastar. Ele caminhou em seu encalço, perguntando a si mesmo se era impressão sua ou se seu medo de ela estar odiando-o havia se tornado realidade. , por sua vez, sentiu sua ansiedade aumentar ao perceber que ele a seguia.
— Eu só espero que os botões estejam bem costurados dessa vez — brincou o cantor, sorrindo largo.
— Fiz questão de conferir pessoalmente cada botão dessa coleção, estão todos firmes. — se virou para ele quando alcançaram a arara que estava mais afastada, quase fazendo seus corpos se chocarem. Ela deu um passo para trás, respirando fundo e odiando que seu coração se descompassou quando sentiu o perfume dele, o mesmo no qual pensou durante todos aqueles meses. — Agora, se não se importa, eu preciso trabalhar e você precisa ir se arrumar.
apontou com a caneta para a direção da penteadeira em que estavam minutos antes e onde agora se encontrava a maquiadora, organizando seus itens, como se o mandasse voltar. Jungkook acompanhou com o olhar o lugar que a caneta apontava antes de voltar a encarar com certa chateação.
— Você está brava comigo — constatou.
— Você parece surpreso com isso — ela retrucou, balançando a cabeça em negação antes de se virar para a arara, pronta para checar se todas as peças listadas em seu caderno estavam ali.
Jeon suspirou, ajeitando o boné novamente.
— Eu sei que não foi legal o que fiz, , mas…
— Não foi legal!? — voltou a encará-lo, sua expressão de indignação assustou o cantor. — Você sabia que iria para o exército e não falou nada!
— Eu sei, foi mal…
— E eu havia falado que essa… essa coisa à distância não ia funcionar, mas você insistiu em falar comigo e eu acreditei que talvez, quem sabe, não poderia dar certo?
Foi a vez de Jungkook fazer uma careta descontente.
— Não fale “essa coisa” como se tivesse sido algo qualquer.
— Se não tivesse sido, você não teria simplesmente desaparecido sem falar nada! — retrucou , se esforçando para não elevar a voz.
— Eu fiz isso para te proteger!
— Não preciso de proteção — ela afirmou, seu sangue esquentando.
— , você não faz ideia de como funciona minha vida…
— Como faria, se, no momento que pensei que você estava se abrindo comigo, você sumiu?
Jungkook abriu a boca para retrucar, mas a verdade é que não tinha argumentos contra aquilo. Ela estava certa, ele havia insistido para continuarem conversando, havia corrido atrás dela e, sem mais nem menos, desapareceu. Não que não tivesse doído nele, pois doeu e muito, no entanto, ele havia acreditado de verdade que estava fazendo a coisa certa.
Quando refletiu e percebeu que não estava não, já era tarde demais.
O silêncio perdurou por longos segundos, com ambos se encarando e tentando procurar as palavras certas para acabar logo com o assunto ou se resolverem. O contato visual só foi quebrado quando ouviu Glória chamar seu nome, indicando que ela fosse de encontro até onde estava com Stella. suspirou e olhou uma última vez para Jungkook, odiando a pontada que sentiu ao vê-lo genuinamente chateado.
— Aqui não é o melhor lugar e momento para conversar sobre isso.
— Tem razão… — ele concordou, enfiando as mãos no bolso na jeans. — Mais tarde, quando acabar o ensaio, você quer…
Prevendo que o cantor iria fazer um convite que não sabia se estava preparada para aceitar, ela pigarreou.
— Esse ensaio é muito importante pra mim, Jeon. Nada pode dar errado, está bem? Vamos focar nele.
A seriedade na fala e o súbito afastamento, seguindo o caminho até sua chefe, deixaram claro que ela não esperava e não queria uma resposta, sua palavra era a final e só restava a Jungkook respeitá-la. Ainda assim, quando o encaminharam, seu primeiro pensamento foi “preciso fazer abaixar esse maldito muro”.
Assim como no ensaio anterior, Jungkook não teve nenhuma dificuldade em entregar tudo o que eles precisavam. Como previsto, as roupas ficaram incríveis nele, cada conjunto parecia ter sido feito para ele. Não seria impossível, já que a maioria das peças tinham o dedo de e, sabendo que ele seria o modelo da campanha, era um tanto difícil não pensar nele enquanto elaborava os modelos.
A estilista observava toda a produção com atenção reforçada. Nada podia dar errado daquela vez, todo e qualquer imprevisto já era previamente calculado por ela, o que a fazia solucionar os problemas com grande agilidade. Jeon Jungkook, mesmo ocupado, não deixava de observar de longe, vendo-a fazer seu trabalho de forma impecável. Era quase hipnotizante, para ambos, o quão focados estavam em não deixar nada dar errado naquele ensaio. E, assim, quase trabalhando em conjunto, eles chegaram à última parte do ensaio. O look escolhido era uma calça jeans boca de sino, com uma regata branca simples e uma jaqueta jeans não tão larga, mas nada justa. Ela ficaria aberta, exibindo todas as três peças.
respirou, um tanto aliviada ao perceber que estavam chegando ao fim, sem acidentes.
— ! — Ela ouviu Glória a chamar.
O respiro aliviado se transformou em um suspiro cansado. Não importava se estivessem longe ou perto uma da outra, a mulher sempre gritava por seu nome. Também não importava se Stella estivesse lá com elas (depois de muita insistência), era a única que vinha à mente de Glória quando precisava de algo.
A mais nova se aproximou.
— Jungkook está no trocador e parece estar tendo problemas com o botão da calça. — Um deja vu terrível passou pela mente de ; não era possível que aquilo estivesse acontecendo novamente. — Pegue a caixa de costura e faça a mesma mágica que fez da outra vez, só, por favor, não o deixe pelado de novo, está bem?
— M-mas eu? — questionou, tentando formular alguma desculpa para não precisar ficar a centímetros de distância do sul-coreano.
— Eu posso ir, já que não parece disposta — ofereceu Stella, sorrindo falsamente para a superior. quis socá-la, como sempre queria ao ouvir qualquer coisa sair da boca da loira.
— Acredito que eu tenha sido bem clara. — Glória pegou uma versão compacta da caixa de costura e entregou para que, engolindo em seco, a aceitou. — Vá logo.
A cada passo que dava, seu coração batia mais rápido. Ao chegar à porta e bater, quase não ouviu a resposta do cantor, já que o pulsar do órgão alcançava seus ouvidos, deixando-a praticamente surda.
Ela abriu a porta com cautela, esperando encontrar qualquer coisa absurda como Jungkook apenas de cueca, ou sem nada, ou pior: com as roupas rasgadas.
O cubículo não era nada parecido ao banheiro do Grand Central Terminal. Ele era composto por uma penteadeira mais profissional que a que estava do lado de fora, assim como um espelho horizontal maior e um vertical que possibilitava ver todo o corpo. Jungkook estava parado em frente a ele quando entrou, ajeitando a regata para dentro da calça que, para a surpresa da garota, não parecia ter problema nenhum. Ela engoliu novamente, dessa vez não foi em seco: a visão do braço totalmente tatuado de Jeon, braço esse que era bastante provido de músculos e veias em relevo, ajustando a peça de roupa dentro da outra, encheu sua boca de água.
O modelo a encarou, dando um sorriso tão lindo que sentiu cada célula de seu corpo derreter. Os olhos dele estavam enormes, como sempre, e havia um brilho de satisfação neles, como se ele estivesse realmente feliz por estar trabalhando de novo — ou feliz por vê-la, o que nem passou pela cabeça dela. Os cabelos continuavam cobertos pelo boné (única exigência que fez para as fotos, o que acabou funcionando bem), atiçando ainda mais a vontade de de tocar os fios pretos como fez a mais de um ano atrás. Era impossível não encará-lo de volta, por mais que suas bochechas queimassem de vergonha.
— Glória disse que teve problemas com o botão… de novo.
— Achei que você tivesse conferido cada botão da coleção pessoalmente.
— E conferi — ela concordou com seriedade, cruzando os braços. — É por isso que eu duvido que tenha algum defeito, já que parece perfeitamente abotoado.
Jungkook se virou de frente para a garota com um sorriso amarelo e culpado. A calça estava, de fato, sem defeito algum. bufou, odiando-se por ter sido tão inocente. Deveria ter deixado Stella ir em seu lugar para ensinar uma lição ao cantor; por outro lado, o pensamento de a colega de trabalho chegando perto de Jungkook a deixou nauseada.
— Talvez eu só quisesse uma desculpa para falar com você — ele confessou, passando a mão na nuca.
respirou fundo, tentando engolir a irritação.
— Jungkook, eu estou trabalhando! Não tenho tempo para ficar perdendo com seus joguinhos!
— Joguinhos? — ele a questionou, seus ombros caindo. — Eu não… Ok, , você está brava comigo?
A morena abriu a boca, incrédula.
— Achei que já tinha deixado isso claro! Meu Deus, em que mundo você vive!?
— Em um mundo em que fiquei dezoito meses no exército!
— É, ‘tô sabendo! Sem contato nenhum com o mundo? Não teve folgas, acesso ao celular…?
Jungkook apertou os lábios. Não estava sendo muito fácil defender a si mesmo.
— Bom, na verdade tive, mas…
— Exato — retrucou no mesmo instante, o interrompendo. — Olha, Jeon, se não tem nada para consertar, se arrume logo e vamos voltar ao trabalho…
— Espera! — ele exclamou, apressando-se para a porta antes que a abrisse.
Ela já havia lhe dado as costas quando ele apoiou a mão na porta, impedindo-a de sair. prendeu a respiração ao senti-lo tão próximo de si, levemente atordoada com a movimentação repentina.
— Por favor, me escute. Um minuto.
A estilista se virou. Jungkook estava próximo demais, perigosamente próximo demais, como já estiveram em circunstâncias muito mais íntimas. Os olhos dele, que remetiam a enormes blueberrys escuras e brilhantes, escaneavam o rosto dela, matando a saudade de cada pinta, cada manchinha, cada linha de expressão, cada tom rosado em suas bochechas e em seus lábios. Jeon Jungkook poderia dizer que se tornou um tanto obcecado naquela mulher, já que passara os últimos meses pensando nela diariamente. Vê-la pessoalmente, não só por uma tela quando ela atualizava sua conta do Instagram, era como ter ido ao paraíso de novo.
limpou a garganta e se esgueirou para sair da armadilha em que ele a prendeu, deixando a caixa de costura na penteadeira. Não que quisesse de fato se afastar, mas sentia que não conseguia raciocinar direito com ele a olhando daquela forma.
— Um minuto.
Jungkook sabia que isso talvez a deixaria ainda mais brava, porém, disfarçadamente, ele trancou a porta.
— Eu sei que fiz merda e peço desculpas. Eu deveria ter falado com você, deveria ter sido sincero. Um lado babaca meu meio que pensava que o mundo inteiro sabia sobre nosso alistamento.
— Nem todos precisam saber tudo o que acontece com o BTS, sabia?
— Sabia — ele retrucou com rapidez. — Aliás, sei. Esse não foi o real motivo, eu… — o cantor suspirou, passando a mão no rosto. — Acho que não sou muito bom em despedidas. Eu já não estava tão feliz em ter que ir, já tive que me despedir de tanta gente… Não tive coragem de me despedir de alguém tão incrível como você.
A fala teve o efeito que Jungkook queria, o de derreter um pouco o coração de . Porém, determinada a não se entregar tão fácil, ela se forçou a não esboçar nenhum sorriso.
— Você acha isso justo?
— De jeito nenhum! — respondeu, se aproximando da moça. — Você não sabe como me arrependo disso porque eu senti falta das suas mensagens todos os dias que estive lá.
desviou o olhar conforme ele chegou a centímetros de distância; de novo, próximo demais.
— Então por que simplesmente não mandou mensagem? — ela perguntou baixinho, dando de ombros. Os de Jungkook murcharam novamente.
— Porque eu imaginei que você provavelmente estava brava e não iria querer falar comigo, então o tempo foi passando… Fiquei com vergonha.
O fato de alguém como Jeon Jungkook sentir-se envergonhado era cômico para que não resistiu e deu um sorriso, seguido de um riso leve. O homem não entendeu nada, mas era ótimo vê-la mais relaxada e sorrindo.
— Me diz o que preciso fazer para você me perdoar — ele disse, segurando as duas mãos da moça e piscando aqueles olhos redondos. queria se jogar em seus braços e beijá-lo ali mesmo. — Se quiser, posso ficar de joelhos…
Ele já ia se abaixando antes de , aos risos, o segurar. Aquilo foi a deixa para Jungkook segurar seu rosto, juntando suas testas e roçando seu nariz no dela. fechou os olhos, irresistivelmente entregue.
— Me desculpa — ele sussurrou, também de olhos fechados.
Como resposta, passou as mãos para a nuca do rapaz, acariciando o pouco cabelo que escapava pelo boné. Ainda aguardando uma resposta, de qualquer forma que fosse, Jungkook encostou os lábios no delinear da mandíbula da estilista, traçando um caminho de beijos até próximo da orelha dela.
— Eu senti tanto a sua falta.
— Eu também — ela finalmente confessou em um sussurro sofrido, seu corpo já reagindo inteiro aos toques do coreano.
Os beijos foram voltando pelo caminho até parar no canto da boca de , demorando-se ali. Os lábios de Jungkook, ainda sem seu piercing, pairaram a milimetros de distância dos de , como se esperasse que ela permitisse finalmente que se selassem. Impaciente, assim ela fez, acabando com a distância que há tempos fazia ambos sofrerem.
Eles quase gemeram e se derreteram um no outro pelo simples fato de seus lábios e suas línguas terem se encontrado. A energia que trocavam com o simples ato fez seus pelos todos se arrepiarem. O cantor passou suas mãos, que acariciavam o rosto da garota, para a cintura dela, a apertando como se quisesse ter certeza de que aquele momento era real, que ela estava finalmente em suas mãos.
Com pouca destreza, ele a guiou para a penteadeira, puxando-a para cima. entendeu o recado e, segurando-se nos ombros dele, sentou no móvel e continuou beijando aquela boca que tanto imaginou em reencontrar. Ela o puxava para si, como se todo o contato do mundo não fosse suficiente para matar a saudade e a vontade que sentia. Suas pernas também se envolveram na cintura dele, puxando-o contra si. Já as mãos de Jungkook brincavam com as passadeiras da calça jeans de , contendo a força, mas ainda demonstrando o quanto queria arrancar a roupa dela o quanto antes.
Eles tinham tanta urgência nos toques e no beijo que esqueceram onde estavam e o que tinham que fazer. As mãos de passeavam por onde podiam até esbarrar na aba do boné, que vez ou outra roçava em seu rosto. , na inocência de querer que ficassem mais confortáveis, ameaçou tirar o boné do cantor. Isso repentinamente o fez parar o beijo e os toques, segurando as mãos dela com delicadeza, olhando-a com certa melancolia. não pensou que ele fosse ter aquela reação, então o silêncio que se instalou foi um tanto constrangedor enquanto Jungkook arrumava o boné de volta no lugar. A reação dele foi tão rápida que o único vislumbre que teve era que ainda havia cabelo ali, curto e baixo, mas estava ali.
O homem apoiou as mãos ao lado do corpo da amada, seu rosto mais sério.
— Por que está escondendo? — questionou, olhando-o nos olhos. Foi a vez de Jungkook desviar o olhar.
— Meu cabelo ainda não voltou ao que era.
— E daí? — ela questionou de forma retórica. — Jungkook, fiz minha pesquisa… Você não fica feio de jeito nenhum, não importa a cor e o corte.
O cantor deu um sorriso ladino, gostando do que ouviu. Sabia, no fundo, que era verdade, mas ter raspado o cabelo havia sido algo que não fizera antes e mudou totalmente a forma como seus fios cresceram. Definitivamente abalou um pouco sua auto estima e ele estava no caminho para recuperá-la.
, com cuidado, tirou novamente o boné. Com carinho no toque e nos olhos, ela passou a mão pelos fios baixos. Jungkook fechou os olhos, se deliciando com a sensação.
— Você poderia mostrar nas fotos.
Ele abriu os olhos quando a ouviu falar.
— Não mesmo, não me sinto pronto.
abriu a boca para argumentar, no entanto, foi interrompida pelo mover da fechadura. Alguém tentou abrir a porta que, para sua sorte, havia sido trancada (pelo homem na sua frente, ela imaginou).
— ! Quantas horas irá levar para arrumar um botão? — A voz de Glória soou do lado de fora, seguida por uma batida na porta.
Jungkook segurou pela cintura e a ajudou a descer, ambos ajeitando a bagunça que fizeram um no outro. abriu a porta, tentando não parecer esbaforida, enquanto Jungkook recolocava o boné. A chefe a olhava como se esperasse uma explicação, sem pedir.
— Precisava fazer uns ajustes no tamanho — disse a mais nova ao sair do trocador, sua voz saindo um pouco falha ao mentir. Jungkook passou pelas duas e, antes de se afastar, comentou:
— Sua funcionária é ótima.
suspirou, querendo matá-lo pelo comentário, ao mesmo tempo que o achou adorável. Já a mais velha concordou com o cantor, sorrindo simpática para ele antes de se inclinar para a estilista.
— Parece que você tem algo que faz todos se encantarem por você, . Chega a ser irritante.
— Só sou educada — rebateu, dando de ombros e começando a caminhar com a chefe de volta para onde faziam as fotos.
— Tome cuidado para não ser educada demais — finalizou Glória antes de se afastar e começar a dar ordens para outras pessoas. engoliu em seco com o tom quase acusatório de sua chefe, como se ela soubesse de algo que não deveria.
A sessão continuou tranquilamente, com todos muito satisfeitos com os resultados das fotos. Em determinado momento, por mais que evitassem, os olhares de Jungkook e se cruzaram. O cantor desfez brevemente o sorriso, parecendo pensativo, então ele retirou o boné com um sorriso tímido, passando as mãos pelos cabelos. Com a surpresa de todos, se fez um breve segundo de silêncio. olhou em volta e não parecia uma surpresa negativa, sendo assim, ela soltou um grito de comemoração, incentivando os demais a imitarem. Todos bateram palmas e o elogiaram aos gritos, incentivando-o a continuar sem o boné.
sorria, orgulhosa, ao vê-lo mais confiante. A pessoa responsável pelo visual do cantor arrumou os fios com um pouco de gel, deixando-o ainda mais bonito. Era visível que ele estava mais confortável, talvez rendendo as melhores fotos do ensaio inteiro. Todos estavam satisfeitos e exaustos no final, já que estavam ali há algumas horas. E, durante todas aquelas horas, a única coisa que se passava na cabeça de Jeon e era poderem ter mais um momento juntos.
Ao avistar uma movimentação da equipe do cantor para irem embora, tentou pensar rápido. Cruzando o olhar com o dele, ela indicou o trocador com a cabeça, em seguida, falou à Glória que havia esquecido a caixa de costura dentro do trocador (o que não era mentira).
A jovem pegou a caixa e enrolou na porta até Jungkook se aproximar com um sorriso largo e sincero, como o de uma criança feliz.
— Gostou do que fiz? — ele apontou para a própria cabeça, sorrindo orgulhoso.
— Amei — respondeu com sinceridade, olhando com carinho para os cabelos ainda com gel. — Foi incrível, sério. Você é ótimo como modelo… realmente não tem nada que não consiga fazer, não é?
— Não sou muito bom em falar com mulheres bonitas — ele brincou, dando uma piscadela ao passar a mão na nuca. tentou não sorrir como uma adolescente boba, apesar de sentir as borboletas se animarem em seu estômago. — Mas eu queria te convidar para a open house que farei hoje à noite na minha casa.
— Open house? Você se mudou?
— É, eu comprei uma… casa, e estava reformando enquanto estive fora.
deu um sorriso amarelo. Não era bem a ideia que desejava ter de uma noite com o cantor, para ser bem sincera. Contudo, não conseguia se ver recusando o convite.
— Não sou muito boa no coreano — ela alegou, dando de ombros. Jungkook estalou a língua.
— Meus amigos sabem falar inglês, fica tranquila. — Ele se inclinou, aproximando-se do ouvido de . — Ou posso ser seu tradutor particular.
A fala, tão próxima de si, a arrepiou inteira.
A equipe de ambos os chamaram, interrompendo mais uma vez um momento deles. Eles suspiraram. Jungkook mordeu a parte interna da bochecha, um tanto inseguro.
— Oito horas na minha casa? — ele perguntou, esfregando as mãos.
mordeu o lábio por breves segundos antes de balançar a cabeça positivamente, fazendo um novo sorriso surgir nos lábios do moreno.
— Legal — ele falou, tentando conter a empolgação. — Te mando o endereço por mensagem.
Ele não esperou para saber se o número de celular era o mesmo, se tinha como ir até lá, apenas andou quase saltitando até sua equipe. balançou a cabeça e decidiu deixar nas mãos do destino. Confirmou, ao receber a mensagem com o endereço, que o destino estava sim a seu favor.
Foi uma grande surpresa quando Jungkook mandou mais uma mensagem indicando que um carro aguardava por em frente ao hotel, segundo antes de ela confirmar o Uber que estava pedindo. Ela ainda estava descrente ao sair do hotel, sem acreditar que de fato havia um motorista aguardando por ela do lado de fora.
— Srta. ? — ele perguntou, sua postura impecável se desfazendo apenas no momento de uma breve reverência, como era comum no país. Ao confirmar que era ela mesma, o homem abriu a porta traseira. — Fique à vontade.
não entendia muito de carros, mas era óbvio que aquele não era um popular. O estofado era mais confortável do que o sofá de seu apartamento, arriscava dizer que mais que sua cama, talvez. Costumava andar em carros luxuosos como aquele com Glória, a caminho de eventos e desfiles. Mas sozinha, exclusivamente para ela, era a primeira vez.
Quando chegaram ao endereço, não conseguiu evitar deixar que seu queixo caísse. Já havia suspeitado que não seria uma casa qualquer quando o carro subiu a rua estreita de casas luxuosas, em um bairro mais afastado de Seoul. No entanto, ela não esperava que fosse uma mansão daquele tamanho, com o luxo gritando já na fachada preta de muros altos. Ela ainda estava boquiaberta quando o portão de ferro se abriu e o veículo entrou no estacionamento de iluminação baixa.
A porta se abriu, sem a necessidade que ou o motorista o fizessem. Jungkook a recebeu com um sorriso lindo no rosto, estendendo a mão para ajudá-la a sair. aceitou de bom grado, segurando a mão dele ao sair do carro. O cantor não pôde deixar de reparar na fenda perigosamente longa do vestido preto que a estilista usava, indo até o final de sua coxa, atiçando a curiosidade de ver o que o tecido escondia abaixo daquela cintura. O perfume da mulher, sempre delicioso, foi sentido assim que a porta se abriu. Como na noite em que passaram em Nova Iorque, estava deslumbrante.
E Jeon Jungkook estava à sua altura, como logo percebeu . Além do aroma de banho recém tomado misturado com o perfume cítrico que adorava, ele usava roupas pretas como ela, com uma calça de alfaiataria feita sob medida, assim como a camisa e sapatos sociais simples, mas que se tornava algo encantador no corpo dele. Os cabelos estavam perfeitamente arrumados para trás, e os olhos brilhavam.
Ele agradeceu o motorista e o portão se abriu novamente, um sinal de que ele estava liberado. não questionou em voz alta como ele imaginava que ela voltaria para casa no final da noite, não queria pensar naquilo ainda. Além do mais, se distraiu completamente quando o homem sussurrou em seu ouvido, ao guiá-la para a porta de entrada, o quão linda ela estava naquela noite.
Então eles entraram, e a primeira coisa que percebeu era que a beleza da parte exterior da casa se estendia para o interior, com detalhes pretos e dourados misturados com madeiras, artes e móveis tão bonitos que dava certa dó de usar.
A segunda coisa que percebeu é que, a não ser que tivesse algum salão de festas escondendo todos os convidados, eles eram os únicos ali.
— Sua casa é linda — ela comentou, olhando em volta. — E vazia… cheguei muito cedo?
Dobrando as mangas de sua camisa e tirando seus sapatos, assim como , Jungkook riu com certa culpa.
— Todos os convidados já chegaram.
Como se quisesse garantir que não estava maluca, olhou em volta. Até mesmo o jardim dos fundos, onde estava a piscina da mansão, estava vazio.
— Onde estão? — perguntou, desistindo de entender.
— Acho que esqueci de te falar que era uma open house só para você — o homem deu de ombros, aproximando-se de e a abraçando pela cintura, puxando-a para mais perto. segurou em seus ombros, encarando-o a centímetros de distância. — Você é a única convidada, .
— Você me enganou — ela o acusou, não parecendo nada brava. Era um certo alívio saber que eram apenas os dois.
— Se eu falasse que era apenas nós dois, você viria?
não quis confessar em voz alta que provavelmente iria sim, mas entendeu o ponto dele. Ela enlaçou os braços em volta do pescoço dele, ficando na ponta dos pés.
— Bom, então me mostre sua casa — ela falou com os lábios à centímetros dos dele.
Jungkook não queria mostrar casa nenhuma, ele queria arrancar aquele vestido ridículo e foder com ali mesmo, entre sua nova sala de estar e a cozinha; queria provocá-la o mesmo tanto que ela o provocava, fazê-la sentir do próprio veneno até implorar por mais. Temia, como da outra vez, ter apenas uma noite com a mulher da sua vida, então não queria perder nenhum segundo. Entretanto, não queria assustá-la com tamanho desespero de tê-la logo em seu quarto.
— Não quer jantar antes? — perguntou, tirando uma mecha de suas madeixas escuras de seu rosto e delineando seu rosto, novamente observando cada detalhe como se quisesse garantir que sua memória gravaria aquele rosto para sempre. — Fiz gimbab e kimchi.
sentiu o estômago responder à pergunta antes que ela tivesse a chance e desejou que o coreano não tivesse percebido.
— Além de tudo, você cozinha? — ela perguntou retoricamente, erguendo as sobrancelhas, sinceramente impressionada. — Realmente não tem nada que você não saiba fazer.
Jungkook riu com vontade, jogando a cabeça para trás.
— Acho que não — confessou, dando um sorriso convencido. — Mas sendo justo, quem fez o kimchi foi a minha mãe.
— Vou comer o kimchi feito pela sua mãe? As coisas estão mesmo sérias — brincou com um sorriso divertido nos lábios.
— Essa é a ideia — o outro retrucou, dando um breve beijo em seus lábios antes de soltá-la e seguir para a cozinha, deixando-a atordoada com a fala prévia.
precisava se esforçar para manter os pés no chão. Não tinha certeza se receberia o convite para trabalhar na Calvin Klein da Coreia do Sul, muito menos podia confiar na fala de um homem — já fora iludida vezes o suficiente para saber que dizer aquilo não necessariamente significava ser a verdade. Além disso, Jungkook querer ou não algo sério não deveria ser o motivo de mudar para um outro país, deveria?
Mesmo assim, enquanto Jungkook levava os potes e hashis para a mesa da sala de estar (onde se sentariam no chão mesmo, à luz das velas espalhadas pela sala), não conseguia evitar se imaginar vivendo aquilo todos os dias, não achando uma má ideia. Naquele breve momento, ela realmente desejou conseguir a vaga, e desejou que Jungkook estivesse sendo sincero e não partisse seu coração, para que pudessem compartilhar refeições e palavras todos os dias.
A comida estava divina, mas a conversa estava melhor ainda. Se pudessem passar a vida inteira conversando, poderiam morrer de fome que não ligariam. Era tão fácil conversar entre si, os assuntos surgiam e fluíam com a naturalidade de duas pessoas que se conheciam a vida inteira, parecendo irreal aquela ser a segunda vez que se viam na vida. Jungkook contava momentos da sua vida com tanta simplicidade que era difícil, muitas vezes, dizer que ele era um idol de kpop desde os quinze anos de idade.
Já era uma ótima ouvinte, absorvendo todas as informações com o maior interesse do mundo, assim como era uma ótima contadora de histórias, arrancando gargalhadas de Jeon durante todo o jantar. Ambos, em segredo, queriam que o tempo congelasse naquela noite, para nunca precisarem se despedir.
— Então… o que tem achado de Seoul?
engoliu o recém tomado vinho branco antes de deixar a taça na mesa. Ela suspirou com pesar.
— Não tive tempo de conhecer nada além do meu hotel, o prédio da Calvin Klein e agora a sua casa.
— Que merda — o outro retrucou, virando um gole de sua garrafa de soju de grapefruit. — A cidade é linda, tem bastante coisa para fazer, você vai adorar… É grandiosa como Nova Iorque, mas certamente menos caótica.
— A combinação perfeita — respondeu a estilista, pensativa. — Você gosta de morar aqui?
Jungkook ponderou por um segundo antes de dar de ombros e assentir.
— Acho que sim. Com o tempo você se acostuma com tudo, mas um dia você está andando e percebe que passou por um templo ou um palácio, no meio da cidade, ou acorda e vai caminhar à beira do Rio Han. É meio incrível, se você não deixar a rotina te fazer passar reto por esses detalhes.
— Tentador — ela comentou, dando um sorriso leve. — A rotina de uma estilista não é das mais tranquilas.
— Nem a de um idol — retrucou Jeon, dando de ombros. — Mas sempre tento dar um jeito de apreciar o entorno. Tem muita coisa bonita para não aproveitarmos.
sorriu. Pela forma como ele falou, olhando-a por completo antes de tomar novamente seu soju, ela presumiu que ele não se referia apenas à vista da cidade em que estavam. Ela escondeu sua timidez com a taça de vinho, bebendo um gole maior do que devia.
— Quanto tempo ficará aqui?
— Não sei, não compramos as passagens ainda. Tudo vai depender de como ficaram as fotos — ela respondeu com sinceridade. De fato, a sua passagem de volta não estava comprada, ela só não queria contar o real motivo.
Do outro lado da mesa, Jungkook suspirou teatralmente, dando um sorriso ladino de quem queria aprontar algo.
— Sendo assim, espero que tenham ficado horríveis.
riu com vontade.
— Você sabe muito bem que isso é impossível. Ficaram ótimas.
— Bom, se eu, como embaixador da marca, não aprovar as fotos… Vocês terão que ficar mais alguns dias aqui.
— Não querendo te menosprezar, mas não acho que você tenha todo esse poder — comentou a garota, rindo da cara de falsa ofensa que ele fez em resposta.
— Parece até que não quer ficar — ele falou, arrastando-se para o lado da estilista, sendo observado com atenção por ela. — Está querendo fugir de mim de novo, ?
— E se eu estiver? — provocou, erguendo uma sobrancelha. Jungkook estreitou os olhos, quase fechando-os.
— Eu vou te buscar em Nova Iorque — retrucou, aproximando-se mais da mulher e acariciando o pescoço dela, brincando com as pontas de seu cabelo recém-cortado. — Te buscaria até no Inferno, se precisasse.
— Nova Iorque já é o Inferno — ela respondeu, tentando não amolecer com os beijos que o cantor começou a dar em seu pescoço, descendo até os ombros e voltando pelo mesmo caminho. A mão que não segurava seus cabelos começava a explorar a pele exposta pela fenda do vestido.
— Então se muda para cá — ele comentou simplesmente, com a voz abafada indicando que era apenas um comentário qualquer que poderia ser um sonho, não algo que achava ser possível se tornar real.
ficou tensa por um segundo, mas logo tratou de ignorar o comentário e relaxar, permitindo que os toques do homem limpassem sua mente.
— Tem quartos suficientes nessa casa — ele comentou entre a distribuição de beijos em sua mandíbula e seu ouvido. — Mas te deixo dormir no meu. Comigo.
— Achei que isso era uma open house, então acho que está na hora de me mostrar esse quarto — ela retrucou, dessa vez tomando a iniciativa de passar a perna por cima do jovem e se sentar em seu colo, pegando-o de surpresa.
Jungkook apoiou as costas no sofá atrás de si, seu sorriso indicava que ele havia adorado a ideia. Suas mãos a seguravam com firmeza pela cintura, pressionando-a contra o volume que já se formava em sua calça. Sempre provocativa, se moveu, fazendo-o morder o lábio para não xingá-la. Sua mão encaixou na nuca da jovem, puxando-a para si.
— Vamos aproveitar a sala mais um pouco — ele falou antes de finalmente a beijar da forma intensa como sempre eram seus beijos.
acatou a ideia, sentindo que seria mesmo impossível se segurar até chegarem ao segundo andar. Seu corpo todo clamava por ele, deixando totalmente de lado suas preocupações. Tanto que, mesmo percebendo pela visão periférica a notificação de Gloria em seu celular, ela apenas ignorou; com os lábios de Jeon Jungkook se dedicando ao seu colo, querendo se divertir em seu decote, como ela poderia se importar com qualquer coisa que sua chefe tinha para dizer àquela hora da noite? Aquilo seria um problema para a do futuro, pois a do presente estava preocupada em desabotoar a maldita camisa do cantor.
— Não é da Calvin Klein — ele brincou, referindo-se ao primeiro ensaio que fizeram. Sua risada ecoou contra o pescoço dela. — A Prada sabe costurar botões.
— Você é ridículo — ela retrucou, fazendo-o rir ainda mais. A informação apenas deixou o processo mais lento, já que passou a tomar mais cuidado com a camisa que deveria custar alguns meses de seu humilde salário.
Finalmente se livrou da peça e ficou feliz em ver que abaixo dela tinha apenas a pele bronzeada. Suas mãos dedilhavam cada músculo perfeitamente treinado, ainda mais evidente depois dos meses de serviço militar. Ao menos algo bom obteve daquele experiência, fazendo-a quase agradecer aos militares da Coreia do Sul.
Jungkook sentiu ser sua vez de despi-la, e estava em vantagem, já que apenas uma peça bastava para poder contemplar o corpo que tanto sentia falta. Enquanto a beijava, sentindo saudades demais daqueles lábios ao passar longos minutos longe, suas mãos se ocuparam em abaixar o zíper lateral do vestido tomara que caia. Com ele mais solto, não teve dificuldades em subir o tecido escuro pelas pernas da jovem, segurando-o acima de sua bunda apenas para que pudesse apertá-la com vontade, empurrando o quadril dela contra o seu novamente. gemeu com o movimento involuntário que fez ao roçar em Jungkook, querendo xingá-lo pelo que fez, por mais que tivesse adorado. Amava preliminares, mas era uma tortura os momentos antes de finalmente poder tê-lo por completo.
Ela permitiu que ele passasse o vestido por cima de sua cabeça, auxiliando ao levantar os braços. A peça de roupa voou pelo cômodo como se não tivesse economizado por meses para comprá-lo, mas essa era a última preocupação que passava por sua mente naquele instante. Ela estava novamente exposta e entregue para ele, e o brilho de luxúria no olhar do idol fazia tudo valer a pena. A surpresa do homem ao ver que não havia mais nada além do vestido ficou evidente em seu rosto e no sorriso largo que lançou a ela.
— Você é incrível — falou, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, aproveitando para acariciar seu rosto. Amava observar o corpo de , mas era completamente louco pela forma como ela o olhava.
Ele não sabia o que tocar primeiro, mas optou por se dedicar ao que estava bem na sua frente. A mão que tocava o rosto dela continuou ali, acariciando seu pescoço e fazendo-a inclinar a cabeça para trás para que pudesse beijar aqueles seios fartos com liberdade. segurou-se nos ombros e na nuca do homem, incentivando-o a não sair dali tão cedo. Enquanto sua língua se ocupava em circular o mamilo de , a outra mão apertava o outro seio, beliscando-o com vontade ao vê-la reagir a ambos os toques. Jungkook sentiu o corpo dela todo inclinar em sua direção, oferecendo-se. Ele a olhou, sem parar o que fazia, observando a mulher perder o controle. Não aguentaria provocá-la por muito tempo sem que ele mesmo perdesse o controle, por tanto, ele a segurou com firmeza pela cintura e ergueu seu corpo, levantando-a junto a si. soltou um gritinho, pega de surpresa, e caiu na risada junto à Jungkook; ela imediatamente entrelaçou as pernas nuas em volta do homem, segurando-se firme em seus ombros. Para provocá-lo enquanto era carregada até o quarto principal da casa, ela beijava e mordiscava o pescoço dele, além de passar as unhas compridas em suas costas. Como reação, ele grunhiu, apertando suas coxas de forma que ficariam com marcas arroxeadas mais tarde.
A porta enorme do quarto se abriu com a habilidade impressionante de Jungkook de segurá-la com um dos braços e empurrar a porta com a outra. Os passos foram apressados até a cama, onde o cantor deitou com cuidado, sem perder tempo em se encaixar entre suas pernas. Seus lábios pressionaram o pescoço dela, mordiscando e acariciando a pele sensível. , com o cérebro totalmente inebriado de prazer, tentou absorver alguma coisa da decoração do quarto. No entanto, a mão de Jungkook estava fazendo o caminho que atiçou a ansiedade em seu íntimo, fazendo-o formigar antes de o dedo hábil do homem tocá-la no ponto mais receptível de seu corpo.
Como sempre, estava pronta para ele, tão molhada que seu dedo passeava agilmente por toda a extensão de sua vulva, pressionando nos pontos certos e cada vez mais rápido. Os gemidos, que antes eram contidos, agora saíam sem controle dos lábios de . Ela clamava por mais enquanto seu quadril involuntariamente ia em encontro com a mão do cantor, quase implorando para que ele a invadisse com o que quer que fosse.
O homem acatou o pedido, introduzindo um de seus dedos e movendo-o em um entra e sai lento que fizeram os olhos da estilista revirarem. Ainda pressionando o clitóris com o polegar, ele introduziu mais um dedo, observando-a gritar seu nome. Era bom demais vê-la perder o controle, mas era ainda melhor poder sentir o sabor dela; sendo assim, ele desceu seus beijos, sendo guiado para baixo pelas mãos ansiosas da mulher que já embrenhava os dedos nos cabelos curtos de Jeon, dando todo o apoio para que ele fizesse o que pretendia fazer.
A boca de Jungkook foi sem cerimônias substituir o polegar, agora sua língua fazia a função de pressioná-la e lambê-la com habilidade. Os olhos dele não desviavam nenhum segundo da expressão de prazer que ela fazia, causando um certo desconforto dentro da calça que ainda vestia.
Se desafiou a fazê-la gozar antes de tirar suas últimas peças de roupas. Ele segurou suas coxas flexionadas e intensificou o oral, deixando as mãos de lado e se dedicando somente com a língua. O olhar que lançava como resposta era de puro prazer e desespero, deixando uma mensagem clara de que ele não deveria parar nem se a vida dele dependesse daquilo.
O corpo dela se tensionou, o quadril ergueu-se de forma involuntária, querendo se juntar ainda mais ao cantor, reagindo aos estímulos de sua língua. queria muito resistir, não queria se entregar tão rápido. Mas ele era tão bom, estava fazendo tão gostoso, que foi impossível resistir. Se derramou na boca de Jungkook, seu corpo explodiu nas melhores sensações que o orgasmo poderia proporcionar. O garoto, satisfeito, a lambeu inteira, não deixando um resquício sequer. Voltou os beijos por sua barriga, seios e pescoço antes de fazê-la sentir de seu próprio gosto.
estava fraca, seu corpo tendo os últimos espasmos, porém ainda não estava satisfeita.
— Tire essa maldita calça e deita — ela murmurou, erguendo o corpo para encarar o sul-coreano de forma desafiadora. — É a minha vez.
Jungkook sorriu, surpreso com a atitude da mulher. Ele adorava a forma como ela se transformava na cama, ansiava para conhecer as demais facetas que ela poderia lhe mostrar.
O cantor a obedeceu. Deitou-se na cama e se apressou em abaixar as calças. estava sentada, apenas observando-o, e, antes que ele pudesse abaixar a cueca, ela ficou de quatro, indo lentamente na direção dele e o segurou por cima do tecido. Jeon a olhou, boquiaberto, vendo suas delicadas mãos abaixarem a box preta com lentidão. Chegava a ser vergonhoso como estava duro, ansioso por ela. Seu membro saltou assim que a peça íntima desceu por suas pernas, se juntando à calça em algum canto do quarto. segurou sua base e, encarando-o com a melhor cara de safada que conseguiu fazer, ela passou a língua por sua extensão. O jovem tombou a cabeça para trás, totalmente entregue, antes de voltar a encará-la. Ele se apoiou em seu cotovelo para poder apreciar melhor, a outra mão envolveu seus cabelos curtos para guiá-la da forma como queria. o colocou inteiro em sua boca, sem interromper o contato visual; subia e descia com destreza, na velocidade controlada pelo outro. Os dedos firmes nas madeixas da mulher afrouxaram um pouco, permitindo que ela ficasse novamente no controle ao avisar que ele estava perto de gozar. No entanto, Jungkook percebeu ser um erro ao notar que ela estava apenas intensificando o ato, olhando-o em desafio. Ele teve que fazê-la parar ou não aguentaria, e precisava aguentar mais tempo para proporcionar ainda mais prazer a ela.
JK a puxou para si, deixando-a por cima. , novamente lubrificada para ele, moveu o quadril em cima da parte sensível do cantor, fazendo-o gemer ávido de desejo. Ela rebolou algumas vezes, sentindo a extensão dele por fora tocando a si mesma para provocá-lo ainda mais enquanto ele tentava alcançar o pacote de camisinha na gaveta ao lado da cama. Como resposta a provocação, Jungkook protegeu e ajeitou seu membro para que ela finalmente sentasse nele, acabando com a ansiedade de ambos. subia e descia, cavalgando em perfeita sincronia com os sons sôfregos e pedidos desconexos que saíam de ambas as bocas, pedidos para que não parasse, para que acelerasse. As mãos de Jeon passeavam por cada curva do corpo de , apertando com vontade, dando tapas em sua bunda para incentivá-la a continuar pulando em seu pau com ainda mais vontade.
ainda tocava a si mesma, apertava seus seios junto a Jungkook, pressionava seu clitóris ao mesmo tempo que ele a invadia, e estava muito próxima de chegar novamente ao ápice.
A mão tatuada e forte do cantor alcançou o pescoço da estilista, puxando-a com delicadeza para perto de si.
— Fica de quatro, — ele mandou, ofegante. prontamente obedeceu, sem questionar.
Posicionou-se confortavelmente entre os travesseiros, agarrando-se em um. Suas pernas ficaram impecavelmente abertas e sua bunda empinada na altura perfeita. Jungkook poderia ter um orgasmo apenas com a visão que teve, mas sabia que o paraíso ainda estava por vir. Ele segurou a bunda que tanto amava, encaixando-se nela novamente. Era sempre um alívio preenchê-la por completo, sentir suas paredes quentes lhe apertarem da melhor forma possível. Ele estocava sem muita piedade, seus quadris se chocando a cada encontro. não se mantinha quieta, ela jogava sua bunda para trás, quase desesperada por mais contato. Seus curtos cabelos eram puxados por Jungkook enquanto ele acariciava suas costas, apertava sua cintura para puxá-la contra si mesmo, desferia tapas em suas nádegas e a xingava de todos os nomes possíveis, assim como a elogiava com todos os elogios que conseguia pensar no calor do momento.
Ele estava mais próximo do que nunca, mas queria chegar ao ápice com ela, olhando-a nos olhos. Sendo assim, ordenou novamente que se virasse, agora fodendo-a de frente e com mais intensidade e velocidade. Sua mão se fechou com cuidado em volta do pescoço dela como um belo colar, atiçando ainda mais os sentidos da jovem. Ela o prendeu com as pernas, puxando-o para si. Jungkook estocava com cada vez mais força e velocidade, arrancando gemidos e xingamentos totalmente perdidos um no outro.
— Porra — ele gemeu próximo de seu ouvido, fechando os olhos ao dar uma estocada lenta, mas profunda. — Você é gostosa demais, .
— Só me fode, Jungkook — ela pediu aos gemidos, suas unhas cravadas nos antebraços do cantor. — Me faz gozar de novo.
Um pedido de , para Jungkook, era uma ordem. Seus movimentos se intensificaram e ficaram mais rápidos, obedecendo cada pedido para que não parasse. Seu rosto se afundou no pescoço perfumado de quando a sentiu se apertar em volta de seu membro, seu corpo inteiro explodindo em espasmos novamente. O coreano não segurou mais, despejando-se ainda dentro dela, suas forças indo embora completamente.
Os dois, ofegantes, permaneceram abraçados. não ligou para o peso de Jungkook em cima de si, ela queria mesmo que ele a esmagasse o suficiente para que se tornassem um só. Àquela altura do campeonato, ela tinha certeza de que seus corpos foram feitos um para o outro.
O cantor finalmente se jogou para o lado, mas a puxou para seus braços no mesmo instante. Puxou também o lençol para cobrir os dois, afagando em seguida as costas da amada. Era ainda difícil acreditar que a tinha em seus braços novamente, não importava o quanto a tocasse.
— Eu pensei no nosso reencontro todos os dias no exército.
, com a cabeça apoiada no peito do homem, olhou para cima para encará-lo enquanto sorria.
— Foi como imaginou?
— Claro que não — ele brincou, rindo da feição indignada de . — É óbvio que foi bem melhor, . Foi melhor porque foi real. — Ele depositou um beijo demorado em sua testa, desejando poder beijá-la por inteiro novamente. — Eu senti sua falta.
— Também senti a sua — ela confessou, voltando a deitar a cabeça em seu corpo.
— Isso significa que você me perdoa por eu ter sumido sem avisar?
— Hum, talvez ainda precise de mais algumas noites como essa para te perdoar…
— Por mim, tudo bem — retrucou Jungkook, empurrando-a novamente para a cama e voltando a enchê-la de beijos enquanto ela gargalhava. — Posso te fuder por várias noites, vários dias, várias tardes, até madrugadas.
— Não exagera! — ela falou aos risos, sentido as mão de Jungkook lhe causarem cócegas em seu hipocôndrio. — Para seu azar, estou exausta demais para um segundo round.
Jungkook revirou os olhos, duvidando da veracidade da fala.
— Uma pena, eu ia te chamar para um banho.
— Pode ir, eu vou depois — ela respondeu, dando um tapinha em seu braço. JK ergueu as sobrancelhas sugestivamente, um último convite antes que se levantasse. — Vai logo!
Derrotado, Jungkook lhe deu um último beijo e se levantou, indo, cantarolando, para o banheiro de sua suíte.
aproveitou que ele se afastou até o banheiro para poder finalmente dar uma olhada em seu celular. Ela puxou o lençol para si e o enrolou no corpo, descendo os degraus na ponta dos pés. Pegou o celular em sua bolsa e refez o caminho, desbloqueando o aparelho ainda na escada para visualizar melhor as notificações. Haviam três mensagens de Glória as quais havia esquecido completamente, mas encarando as notificações, já no conforto da cama king size, seu coração sentiu toda a ansiedade que deixou de lado mais cedo. Antes que pudesse ler as mensagens, Jungkook colocou a cabeça para fora do banheiro e a chamou com um sorriso travesso no rosto, e o som do chuveiro pôde ser ouvido de fundo. Optando por manter um pouco mais a sua paz, aceitou a oferta silenciosa para se juntar a ele no banho, fazendo com que demorassem muito mais que o necessário.
O cantor emprestou uma camiseta que já ficava naturalmente larga nele, então parecia um vestido no corpo da estilista, sem necessidade de usar mais nada.
Os dois se aconchegaram novamente na cama e ficaram conversando pelo que pareceram horas, mesmo que tenha sido apenas longos minutos, até suas pálpebras começarem a pesar. Jungkook perdeu a luta contra o cansaço antes de , que ficou observando-o com um sorriso tranquilo. Ela se pegou pensando novamente que poderia viver aquilo todos os dias: poder dormir com aquela visão pacífica depois do que fizeram. Não seria uma vida ruim, mesmo sabendo que não seria nada fácil. Tinha alguma noção de como era um tanto perigoso para ela namorar um idol, já que os fãs não aceitavam tão bem, e era igualmente arriscado para a carreira dele.
Mas olhando aquele rosto, ouvindo a voz dele pessoalmente, o sotaque que fazia cócegas em seus ouvidos e em seu coração, as tatuagens que cobriam um de seus braços e dedos, o toque dele… Todo o conjunto da obra a fazia pensar que talvez valesse demais a pena.
suspirou, sentindo-se louca em pensar aquilo. Como podia gostar tanto e sentir tanto carinho por alguém que viu duas vezes na vida? Como podia sentir dentro de si que queria passar o resto da vida com aquele cara deitado ao seu lado?
Com as dúvidas girando em sua cabeça, a estilista pegou novamente seu celular e finalmente leu as mensagens de Glória.
“Bom trabalho hoje, garota. Os executivos ficaram felizes e me confidenciaram que te querem na equipe de Seoul.
Agora é com você, . Sei que vai tomar a melhor decisão.
Aproveite sua noite. Não faça nada que eu não faria.”
ficou encarando a tela do celular por tanto tempo que sua visão começou a embaralhar as palavras. Eles a queriam lá. Eles a queriam em Seoul. A jovem colocou o celular de lado e se deitou novamente, encarando o teto escuro do quarto. Deixando o tópico Jeon Jungkook de lado, se perguntou se estava preparada para a experiência e os desafios de se mudar para o outro lado do mundo. Seu salário certamente triplicaria, suas responsabilidades também. Ela poderia tranquilamente ir visitar sua família, além de ter a chance de viajar pelo mundo, assim como Glória fazia. não conseguia acrescentar muitas coisas na lista de contras, porém faltaria espaço em um papel quilométrico para os prós.
Ao seu lado, Jungkook se remexeu e se aproximou, jogando os braços em volta de e deitando a cabeça em seu peito. o abraçou de volta, aconchegando-o em seus braços como se quisesse protegê-lo de todo mal do mundo.
— — ele murmurou sonolento, apertando-a em seu abraço. A garota murmurou de volta, incentivando-o a continuar. — Por favor, não vai embora dessa vez. Fica aqui comigo.
o olhou, acariciando seus cabelos. Ele mantinha os olhos fechados e a bochecha pressionada contra a barriga da garota, provavelmente já embarcando em seu sono novamente. A decisão já estava tomada.
— Eu fico.