Revisada por: Calisto
Última Atualização: 31/10/2024— Vamos, Weasley, me ajude... Ele vai chegar a qualquer momento, e eu vou perder pontos para a Lufa-Lufa!
Bill negou com a cabeça, rindo, e jogou-se na mesa do canto. Seu rosto estava quase todo coberto pelos longos cabelos ruivos.
— Isso parece um problema da Lufa-Lufa. Felizmente, eu sou da Grifinória — brincou ele.
— Eu só estava tentando ser legal com a sua namorada.
As bochechas do garoto ficaram instantaneamente vermelhas, e foi a vez de Max rir. Ella apenas fingiu não ouvir o comentário.
— Ela não é minha namorada, e você é uma idiota, Maxine.
Max estava pronta para responder algo bem pior do que apenas "idiota" quando o professor entrou na sala. Seu olhar se dividiu entre a sapatilha de ponta e a corvina deslocada ao lado dela.
— Não me lembro de você nesta aula, Srta. Brown.
— Desculpe, professor. Já estou indo — respondeu Ella na mesma hora, mal se despedindo dos amigos ao correr para fora da sala.
— Nem de bailarinas, Srta. Jones.
Max se sentou, envergonhada.
— Sinto muito, professor.
O professor não respondeu, apenas puxou o livro de Estudos dos Trouxas de sua maleta. Enquanto escrevia no quadro, Bill Weasley puxou a varinha do bolso.
— Aprenda a hora e o lugar, Maxine. Não vou estar ao seu lado o tempo todo — sussurrou para a amiga, antes de desfazer os nós das sapatilhas com um feitiço simples. Max sorriu, tirando-as de uma vez e enfiando os pés no velho par de tênis.
— Não sei você, William, mas eu definitivamente vou estar ao seu lado para sempre.
— O que Fred fez desta vez?
virou-se depressa ao som da voz cristalina do fantasma que já era mais do que familiar.
— Max, você está aqui!
Max flutuou até o lado de . Era alta e tinha longos cabelos de uma cor que, infelizmente, não era mais possível identificar. Quem a conhecia, sabia que Maxine Jones era fácil de encontrar; apenas se esquecera disso, pois estava quase cega de raiva. Às vezes, quando a Delacour chegava tarde o suficiente, encontrava Max dançando balé sob o luar, uma das cenas mais bonitas que já tinha visto. tinha certeza de que Maxine havia sido muito bonita quando viva, pois ainda o era, mesmo como um espectro.
— Então? O que ele fez? — perguntou Max.
suspirou.
— Você não vai acreditar.
— Tente — incentivou Max, sobrevoando calmamente o espaço ao seu redor.
— Sério, você não vai acreditar, porque nem eu estou acreditando direito, mas... — respirou fundo, como se estivesse prestes a anunciar uma tragédia. — está namorando George Weasley!
Max piscou, sem esboçar nenhuma reação. sentiu-se ultrajada.
— E?
— A minha está namorando o George dele! Você não está ouvindo?
— Estou, mas isso não é exatamente uma surpresa — respondeu Max. — Acho que até vi os dois abraçados algumas semanas atrás.
— E você não me contou?!
— Não sou fofoqueira, .
— Pelo amor de Deus, Max! é como uma irmã para mim. Já não bastava ser melhor amiga deles e me obrigar a andar com Fred desde sempre? Ela precisava namorar um dos gêmeos? Não tenho nada contra o George, claro, ele é legal e gentil, mas eles vêm em pacote! Você entende?
Max soltou uma risadinha suave.
— Bom, se bem me lembro, você mesma disse que precisava de um namorado... Que queria que ela fosse feliz e se distraísse um pouco por causa do estresse dos NIEMs.
revirou os olhos e cruzou os braços.
— Os fantasmas têm uma memória seletiva ou o quê?
— Não, só estamos mortos, . Ainda pensamos — disse Max, com um sorriso travesso. — E olha, é só um namoro. Eles podem terminar, sabia?
— Você não entende. Minha prima também namorava um dos irmãos mais velhos deles, e eu pensei a mesma coisa. E sabe o que eles anunciaram mês passado? Um noivado! Minha prima vai se casar com o irmão dele! E agora, minha melhor amiga também... Não vou me livrar de Fred nunca! Mas o mais importante é que mentiu para mim, e isso é o pior…
De repente, Max ficou séria e parou de flutuar.
— Com qual irmão sua prima vai se casar?
— Com o irmão mais velho dele, Max, já falei que…
— Eles têm mais de um irmão mais velho — Max a interrompeu. a encarou por um momento, confusa. Max estava com um olhar diferente, mais intenso, mais curioso.
— Eu quis dizer o mais velho de todos: Bill. Minha prima Fleur vai se casar com Bill Weasley.
— Bill vai se casar? — Maxine parecia incrédula. — Sua prima é... é uma boa pessoa?
piscou, sem entender a pergunta. Max continuava a encará-la, esperando uma resposta.
— Ah... sim. Ela é uma garota legal. Algumas pessoas a acham meio fútil, mas na verdade, ela é incrível. Só precisa conhecê-la. Não somos tão próximas quanto eu gostaria... Ela cresceu na França, e eu só a visitava nas férias. Mas, este ano, ela se mudou para Londres, para fazer estágio em Gringotes. Foi assim que conheceu o Bill.
não tinha nenhum problema com Fleur. Ela era uma prima maravilhosa, sempre a levava para sair quando estava em Paris e trazia presentes nas visitas. Por isso, não foi nenhum incômodo para a família Delacour inglesa recebê-la enquanto ela fazia o estágio em Gringotes. O que não esperava era que Fleur começasse a namorar um Weasley pouco tempo depois. Bill era um cara legal; tinha trazido flores e chocolate para e sua mãe, e vinho para seu pai, quando Fleur o convidou para jantar. não tinha nada contra ele — mal o conhecia, na verdade —, mas foi obrigada a aturar meses de piadas de Fred sobre como Fleur ganharia um sobrenome muito melhor. Ela ignorou as brincadeiras até que o noivado se tornou real.
— Ah, sim, entendo. Que bom. Fico feliz por eles — disse Max, um tanto distraída.
franziu o cenho, desconfiada. Por que Max ficaria feliz com isso? Porém, antes que pudesse perguntar, Max fez um gesto displicente com a mão e desapareceu.
Max nunca se despedia. conversava com o fantasma há meses, e ela nunca havia dito uma palavra de despedida. Talvez soasse estranho dizer que era amiga de um fantasma, mas Max era divertida e inteligente. mal percebia que estava falando com um espectro quando se encontravam. Ela a via em vários lugares do castelo, mas a Torre de Astronomia e a biblioteca eram seus locais preferidos. Max adorava pedir que pegasse livros sobre balé para ela ler, e embora não gostasse muito de ficar virando as páginas para outra pessoa, jamais conseguia dizer não à amiga fantasma.
No entanto, o comentário de Max deixou uma grande pulga atrás da orelha de . Como ela conhecia Bill Weasley?
Foi essa dúvida que fez se esgueirar até a mesa da Lufa-Lufa no café da manhã do dia seguinte. Não havia ninguém melhor do que Beaumont para fofocar com ela. era ótima nisso, mas não queria falar com ela no momento. Ainda não havia superado várias coisas sobre a novidade envolvendo sua amiga. Inicialmente, estava irritada por saber que agora havia mais uma coisa a ligando a Fred Weasley, mas logo se deu conta de que e George provavelmente já estavam namorando há tempos... e ela não sabia! Talvez fosse a única que não sabia. Tudo começou a fazer sentido: todas as vezes que insistiu para que ela fosse com ele a algum lugar, apenas para deixar e George sozinhos, ou quando os via rindo perto demais um do outro e, ao perguntar o que estava acontecendo, nenhum dos dois sabia responder.
mal conseguia respirar ao se lembrar dos olhares de Fred e como ele revirava os olhos, como se ela fosse burra e patética por não perceber. Mas nada disso era pior do que saber que não confiava nela. Sua melhor amiga não confiava nela! E tudo por culpa de Fred Weasley!
e os gêmeos Beaumont eram vizinhos desde os 4 anos de idade. Ela não conseguia se lembrar de um momento em sua vida em que eles não estivessem por perto. Nem mesmo o fato de terem sido selecionados para casas diferentes em Hogwarts os separou; na verdade, os uniu ainda mais. Portanto, era completamente absurdo pensar que não havia confiado nela, já que não a via apenas como amiga — os gêmeos Beaumont eram como os irmãos que nunca teve. Irmãos que moravam em outra casa, eram incrivelmente mais ricos do que qualquer outra pessoa que ela conhecia, embora não parecessem. estava irritada, magoada e se sentindo uma completa tola.
Então, embora também fosse seu melhor amigo e tivesse mentido para ela, era mais fácil encará-lo do que encarar . , como sempre, estava conversando animadamente com seus colegas de casa quando se sentou à sua frente com uma expressão de poucos amigos, o que logo fez com que ele se voltasse unicamente para ela.
— Tenho uma pergunta — anunciou .
— Bom dia, . Eu estou bem, e você? Já tomou café da manhã? — respondeu com um tom irônico, o que fez revirar os olhos.
— Tenho uma pergunta — repetiu, mais firme.
suspirou.
— Vá em frente.
— Você conhece a Max? É um fantasma da Lufa-Lufa. Ela costuma dançar balé de madrugada na Torre de Astronomia.
— É claro que conheço a Max. Como você disse, ela é uma fantasma da Lufa-Lufa — respondeu ele casualmente. — Por que a pergunta?
— Ela disse uma coisa engraçada ontem — comentou , franzindo o cenho.
arqueou uma sobrancelha.
— Você conversa com ela?
— Claro que converso. Nós somos tipo... — hesitou por um momento, escolhendo bem as palavras, antes de dar de ombros e continuar. — Somos amigas.
— Está falando sério? — parecia incrédulo, o que incomodou . Por que ela mentiria sobre isso? E para ele, de todas as pessoas?
— Claro que estou. Por que eu... — Ela interrompeu a frase ao avistar se aproximando da mesa. A amiga parecia caminhar diretamente em sua direção, e não estava pronta para conversar com ela naquele momento. Sem pensar muito, se levantou rapidamente e pegou um pão do prato de .
— Essa conversa não acabou! — disse, já se afastando.
— Você sabe onde me encontrar, Boo! — gritou, rindo, enquanto saía correndo do Salão Principal.
A garota saiu tão rápido que nem sequer percebeu a figura alta e ruiva que caminhava tranquilamente pelo corredor — embora estivesse consideravelmente atrasado para o café da manhã. Só notou o que estava acontecendo quando deu de cara no peito de Fred Weasley, derrubando o pão que havia roubado de no chão.
— Que saco, Weasley! Olha por onde anda! — esbravejou.
— Eu? — Fred soltou uma risada rouca e despreocupada. não precisava de muito mais para saber que ele havia acabado de acordar. — Você acha que o corredor virou uma pista de corrida, e eu que preciso olhar por onde ando?
Sua gravata vermelha estava mal colocada, e ele nem sequer se dera ao trabalho de enfiar a camisa dentro da calça. Com um sorriso zombeteiro, Fred deu um passo à frente, encostando o dedo na testa de e afastando-a levemente.
— Se enxerga, baixinha.
— Tanto faz, garoto. — se afastou, pronta para seguir adiante, mas, no instante em que tentou passar por ele, Fred deu outro passo para o lado, bloqueando sua passagem.
Ela piscou, confusa.
— Qual é o seu problema?
Tentou mais uma vez, e novamente ele entrou em seu caminho, como se estivesse se divertindo com a situação.
— Weasley, eu juro por Merlin…
— Você devia parar de ser tão mimada, Delacour — Fred disse de repente, e o tom de provocação desapareceu, sendo substituído por algo mais sério.
parou no lugar, encarando-o.
— O que foi que eu perdi? Você acabou de chegar, idiota, então por que já está me atacando?
Fred cruzou os braços, passando uma das mãos pelos cabelos ruivos bagunçados.
— Eles estão chateados de verdade, sabia? — ele disse, sua voz agora mais baixa, exasperada.
demorou alguns segundos para entender do que ele estava falando, e quando finalmente compreendeu, desviou o olhar, sentindo o incômodo se intensificar.
— Isso não é da sua conta, Fred.
Ele soltou uma risada, como se a resposta dela fosse ridícula.
— É completamente da minha conta. Especialmente quando você age desse jeito só porque me odeia.
bufou, cruzando os braços.
— O mundo não gira em torno de você. A mentiu pra mim, e você sabe.
Fred respirou fundo, como se estivesse prestes a dizer algo, mas o interrompeu, sua frustração explodindo.
— Todos vocês mentiram pra mim! Eles estavam namorando há séculos e ninguém me contou!
Fred revirou os olhos, claramente irritado.
— O mundo também não gira em torno de você, , mas você com certeza faz parecer que sim às vezes.
Ela sentiu o rosto esquentar de raiva, mas se manteve firme.
— Da última vez que chequei, meu sobrenome não era Weasley — retrucou, mantendo o tom afiado.
Fred não se abalou.
— Se você não fosse fazer um escândalo de tudo, talvez sua melhor amiga tivesse te contado assim que aconteceu. Mas é claro que você ia fazer isso ser sobre você, em vez de deixar a e o George admitirem que se gostam depois de sete anos, não é?
franziu o cenho, sentindo seus olhos arderem de raiva e mágoa. Ela queria gritar na cara dele, dizer que ele estava errado, que não era sobre isso... Mas sabia que não adiantaria. Fred jamais a entenderia, e ela não lhe daria o prazer de vê-la chorar.
Engolindo o nó na garganta, ela respirou fundo.
— Você é um babaca, Fred. — Foi tudo que conseguiu dizer antes de esbarrar propositalmente no ombro dele e sair andando.
Ela ouviu a voz de Fred chamando seu nome novamente, mas ignorou. As lágrimas ameaçavam cair, e tudo o que queria era chegar à sua primeira aula, onde, com sorte, não veria nenhum de seus amigos e nem Fred Weasley.
fez um ótimo trabalho em fugir de e George o dia inteiro, mas então cometeu um erro grave. Gravíssimo, até. Superestimou a paciência de Beaumont. O jantar havia terminado há alguns minutos, mas continuou na mesa conversando com seus colegas de casa. Foi só quando o salão começou a se esvaziar de verdade que ela decidiu ir para a sala comunal. Estava quase na entrada das masmorras quando dois braços a puxaram com força. quis gritar, mas um par de mãos tampou sua boca. Quando a luz finalmente os atingiu, ela se deu conta de que estava cercada por seus amigos (e Fred).
— Será que podemos conversar agora? — pediu, embora não soasse exatamente como um pedido.
rosnou e ameaçou morder a mão de , que logo a soltou também.
— Vocês são loucos?
— Você não me deu outra alternativa, ! Fugiu de mim o dia todo! — respondeu , com as sobrancelhas franzidas.
— Me puxar para um corredor escuro! Nas masmorras! — quase gritou, dramatizando a situação ainda mais. revirou os olhos.
— O que será que o Sr. Winston Beaumont vai pensar disso? — continuou , sarcástica. — Essa com certeza não é a educação que o Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia deu para seus dois herdeiros de ouro!
— Deixa de ser implicante, — disse , impaciente.
— Só estou surpresa com o tratamento da família real! — rebateu, forçando um sorriso cínico.
inclinou a cabeça, analisando a amiga com uma expressão divertida.
— Você sabe o que seu pai faz, né? — disse ele. Trocando um olhar com Fred, acrescentou: — Será que ela bateu a cabeça?
— Deve ter batido — concordou Fred, rindo. Ele só parou quando levou uma cotovelada de George.
suspirou, a piada de a fazendo interromper sua brincadeira. Não esperava encontrá-los ali e não estava preparada para falar com , então só usou as piadas que sempre fazia quando queria implicar com os irmãos Beaumont. Todos sabiam quem eram os gêmeos Beaumont e o quão importante e rico o pai deles sempre foi, mas isso nunca havia afetado a personalidade dos dois, e os que os conheciam de verdade, sabiam disso. também sabia que não podia ir longe demais, considerando que seu próprio pai era um enviado especial da Embaixada Francesa no Reino Unido. Não era a mesma coisa, claro, mas a impedia de exagerar nas piadas.
— Eu disse que era má ideia, — George interveio, quebrando o silêncio.
deu um passo à frente, seu olhar preocupado.
— Somos amigas — murmurou. — Não aguento ficar longe de você assim, .
tentou ignorar, mas seus olhos involuntariamente pararam em Fred. Mesmo tendo fugido de todos eles o dia inteiro, ela não conseguia tirar as palavras de Fred da cabeça. Como ele ousava chamá-la de mimada e egocêntrica daquela forma? Ela não era absolutamente nada do que ele havia dito, e só de pensar nisso, seus nervos pegavam fogo novamente.
— Podemos conversar em particular? — sugeriu. E, mais uma vez, não soou como um pedido. apenas assentiu, relutante.
a puxou pela mão para um corredor vazio, longe dos três amigos. George fez menção de seguir, mas balançou a cabeça, indicando que deveria ficar. Quando já estavam distantes o suficiente, as duas pararam. O silêncio entre elas era quase palpável, pesado. Como sempre, foi a primeira a falar.
— Não vai se desculpar?
arqueou a sobrancelha e cruzou os braços. Seu corpo entrou automaticamente em modo de defesa, como sempre acontecia. Era mais forte do que ela: nunca conseguia ceder sem lutar, mesmo quando sabia que estava errada. Estava prestes a começar a retrucar, mas o olhar frio e firme de a fez parar.
— Você parou de falar comigo e me ignorou, . Isso foi completamente exagerado da sua parte. Nós não fazemos isso nessa amizade.
Imediatamente, os braços de caíram ao lado do corpo, desarmada.
— Eu sei — murmurou, sentindo-se pequena.
— Somos família. Nós conversamos — continuou, sua voz suave, mas cheia de firmeza.
— Eu sei... — repetiu , cada vez mais envergonhada.
— Então, por quê?
hesitou por um momento, os olhos brilhando de emoção contida.
— Todos sabiam, menos eu, . Me senti humilhada e patética!
suspirou, os ombros relaxando um pouco.
— Desculpa por fazer você se sentir assim, . Nós só... sabíamos como você e Fred brigam. E como tudo ficou pior depois do noivado de Fleur e Bill... Não queríamos jogar mais lenha na fogueira.
— Não importa — interrompeu a amiga. — Você poderia ter me contado. Você sempre pode me contar. Eu nunca brigaria com você por uma coisa dessas! Não me importa quem é o irmão de George, eu gosto dele, e gosto ainda mais de você. Tudo que importa é que ele te faz feliz. Você não precisa me pedir desculpas. Eu…
parou, se lembrando das palavras de Fred novamente. Elas vieram como um soco inesperado no estômago, a fazendo repassar cada frase em sua cabeça. Ela encarou a amiga, sentindo o coração pesar de vergonha, um calor desconfortável subindo por seu rosto. Talvez nem tudo o que Fred disse tenha sido sem fundamento. Talvez ela de fato agisse com mais impulsividade do que deveria, colocando seus sentimentos em primeiro lugar e se esquecendo de que as outras pessoas também tinham suas próprias inseguranças. Ser lembrada disso por Fred Weasley, dentre todas as pessoas, a incomodava profundamente, mas não conseguia evitar.
Ser chamada de mimada e egocêntrica havia ferido seu orgulho, mas agora, diante de , se questionava: será que era verdade? A sensação de vergonha crescia, como se as palavras de Fred estivessem ecoando nas paredes de sua mente, trazendo à tona algo que ela não estava pronta para admitir, mas sabia que precisava enfrentar pelo bem de sua amizade.
— Me desculpe por ter sido egoísta e te fazer pensar que não podia me contar algo bom que aconteceu com você.
balançou a cabeça, negando com veemência.
— Não foi por isso! — apressou-se em dizer. — Eu sei o quanto está sendo estressante para você trabalhar com o Professor Snape, depois que ele aceitou enviar sua carta para o curso de Poções no Castelobruxo. Só não queria... — parou, procurando as palavras. — Me desculpa, . Não foi nada disso.
As duas se entreolharam por alguns segundos antes de caírem nos braços uma da outra.
— Não vou mais esconder nada, prometo — disse , apertando a amiga em um abraço apertado.
— E eu prometo que vou conversar com você como uma pessoa normal se estiver chateada — respondeu , fazendo rir.
Depois de alguns minutos, as duas voltaram para o corredor onde os amigos as esperavam. disfarçou um sorriso quando George imediatamente puxou a mão de e entrelaçou os dedos nos dela.
— Tudo resolvido? — perguntou, curioso.
— Sim, tudo resolvido — confirmou .
— Graças a Merlin.
— Sim, tudo em paz. Agora que eu sei desse namorinho, posso ameaçar o George direito se ele fizer alguma besteira.
— Não precisa — George se apressou em responder. — Acho que já te conheço o suficiente para evitar isso.
Todos riram, enquanto Fred lembrava que já era hora de voltar. assegurou a que poderia voltar sozinha para a sala comunal, mas, quando os quatro se viraram para sair em direção às suas respectivas casas, soltou um grito repentino, fazendo com que todos parassem, quase assustados.
— Vou precisar de vocês amanhã! Tenho algo muito importante para discutir com vocês.
— Vou estar ocupado na estufa amanhã — avisou .
— Podemos conversar lá — respondeu prontamente.
— Na estufa? — Fred questionou. — De todos os lugares possíveis…
— Sua presença não é obrigatória, não se preocupe — retrucou , com um sorriso falso de canto.
— Parem — pediu, fazendo os dois se calarem. — Estaremos lá. Até depois, !
mal tinha reparado na hora quando saiu correndo da sala comunal da Sonserina em direção às cozinhas. Agora, estava parada na entrada da Lufa-Lufa, esperando por . A cada vez que a porta se abria, seu coração disparava, acreditando que era ele, mas nunca era. Estava prestes a pedir a um dos alunos que saíam para chamá-lo lá dentro quando finalmente ele apareceu.
— Você está atrasado — disse, cruzando os braços, tentando parecer firme.
— Eu nunca me atraso — respondeu de forma casual, embora claramente surpreso ao encontrar a amiga parada ali, como uma estátua.
— Ok, você está quase atrasado.
— O que você quer tão cedo? — perguntou enquanto ambos começavam a caminhar em direção à primeira aula do dia. havia esperado tanto do lado de fora que sequer conseguiu tomar café da manhã.
— Não terminamos nossa conversa sobre Max ontem.
— Por que você está tão interessada? — perguntou, levantando uma sobrancelha.
— Ela me disse algo estranho ontem — respondeu , sem esconder o misto de curiosidade e preocupação na voz.
Ao mencionar isso, ela notou uma mudança na postura do amigo. Nada captava mais a atenção de do que uma boa fofoca.
— Como eu disse ontem, acho que somos amigas. Pelo menos o máximo que uma pessoa pode ser amiga de um fantasma. Então eu desabafei com ela. Contei algumas coisas, e acabei mencionando o noivado da Fleur com o irmão do Fred. E ela... — fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas. — Ela mudou. Não descansou até saber quem era o irmão e, depois, perguntou se a minha prima era uma boa pessoa. Achei tudo tão estranho. Você acha que ela conhecia os Weasley? Que conhecia Bill?
estava tão imersa em sua história que sequer notou a expressão no rosto de . Se tivesse notado, talvez não tivesse dito tanto.
— , você é meio burrinha, sabia? — comentou, com um sorriso sarcástico no rosto. — Você realmente não sabe nada do que aconteceu em Hogwarts antes de você chegar?
Ele balançou a cabeça, fingindo uma expressão desapontada enquanto ajustava a gravata amarela de sua casa até que ela ficasse perfeitamente alinhada.
— Não que o egocentrismo francês me surpreenda tanto assim, mas…
apenas revirou os olhos. Se fosse outra pessoa, talvez tivesse levado a sério o comentário e iniciado uma discussão, mas ela já tinha aprendido a distinguir o sarcasmo e as dramatizações de .
— Fala logo, !
— Max morreu em 1987, .
piscou, completamente desconcertada. Isso havia sido apenas dois anos antes de seu primeiro ano em Hogwarts.
— Bill Weasley era amigo dela. Eles eram muito próximos.
— Não é possível... Eu não fazia ideia!
— Eu sei — deu uma risadinha fraca. — Mas é verdade.
parou no meio do caminho, congelada. Nunca em um milhão de anos pensaria nisso. O talento de para atuar era tão bom assim? Ele não parecia estar mentindo, mas como aquilo poderia ser verdade, e ela nunca ter ouvido falar sobre? Nunca havia imaginado que Max fosse um fantasma de séculos atrás, mas 1987? Isso não fazia nem dez anos!
— Tem certeza? — perguntou, ainda em choque.
— Se lembra do meu primo James? — questionou, e assentiu imediatamente. James Beaumont, primo dos gêmeos. Ele era lindo, mas mais velho que ela, e sempre a tratava como uma criança quando se encontravam. — Ele estudava aqui naquela época. James contou que foi horrível. Todo mundo ficou devastado, especialmente os alunos da Lufa-Lufa, mas ninguém ficou tão mal quanto Bill Weasley. Eles eram melhores amigos.
— Como... como ela morreu?
— Ela se matou — respondeu com um tom sério, baixando a voz como se a própria palavra fosse pesada demais para ser dita. — Ah, você lembra daquele garoto que veio de Ilvermorny no início do ano? Alexander Jones?
assentiu. Alexander era um garoto alto, de cabelos escuros, que havia se transferido para Hogwarts em setembro para terminar o sétimo ano. Ele foi para a Grifinória, mas parecia ser bastante reservado. Não trocou mais do que algumas palavras com qualquer pessoa, e então, em outubro, ele desapareceu. supôs que ele havia desistido de tentar se adaptar e voltara para sua escola anterior, onde estudou quase sete anos.
— Alexander é irmão de Max.
— Você só pode estar brincando comigo.
não respondeu, mas parou de andar, já que haviam chegado à sala de Transfiguração, onde teria sua primeira aula do dia. nem tinha percebido o quanto haviam caminhado. Eles trocaram mais um olhar, e foi o suficiente para ela entender que ele não estava exagerando ou inventando nada.
— Obrigada por esclarecer as coisas para mim, — murmurou, ainda absorvendo todas as informações.
assentiu, e se despediu, seguindo em direção ao quarto andar, onde teria sua primeira aula. Seus passos eram automáticos; conhecia o caminho tão bem quanto sabia ler, mas sua mente vagava longe, girando como os movimentos de balé clássico que já vira a dona de seus pensamentos executar com perfeição.
Uma sensação desconfortável se apoderava de , um peso que ela não conseguia explicar. Talvez fosse a descoberta sobre Max, o suicídio, ou o fato de que havia tanto sobre a ex-aluna que ela desconhecia. O mistério em torno do fantasma enchia sua cabeça de perguntas. Por que Max se matou? O que poderia levá-la a isso? E por que Alexander, seu irmão, escolheria voltar para o lugar onde tudo aconteceu, apenas para desaparecer logo depois?
Sua mente borbulhava com essas questões, quando algo chamou sua atenção ao fim do corredor. Maxine Jones, como que surgida do ar, apareceu na curva que conectava o quarto andar ao quinto.
— Ei! — gritou , sem pensar.
Max parou imediatamente, o leve movimento de sua saia cessando enquanto ela se virava lentamente para encarar . Um sorriso pequeno e misterioso pairava em seus lábios, como se soubesse exatamente o que se passava na cabeça da garota. levantou a mão em um pedido silencioso para que ela esperasse, dando um passo em sua direção.
Mas antes que pudesse se aproximar, uma voz interrompeu sua concentração.
— Srta. Delacour, chegou cedo para a aula! — A voz cortante do professor Quentin Hawthorne ecoou no corredor. respirou fundo antes de se virar, forçando um sorriso educado. Tentava ao máximo manter a compostura e ser educada com todos os professores, mas ele precisava mesmo esbarrar nela agora? — Não é à toa que você é uma das monitoras, não é?
Ela sorriu, ainda com a mente parcialmente distraída.
— Ah, olá, professor Hawthorne.
— Veio ajudar a preparar a sala para o teste, eu imagino. É muita gentileza sua.
— Eu... Na verdade... — hesitou, olhando para o homem alto à sua frente. Sua barba, já mesclada com fios brancos, lhe dava uma aparência severa. Instintivamente, ela desviou o olhar para onde Max estava, mas o corredor estava vazio. Max havia desaparecido. se xingou mentalmente por ter perdido a oportunidade.
— Na verdade? — A voz aguda de Hawthorne trouxe-a de volta à realidade.
Ela piscou, forçando outro sorriso educado.
— Na verdade, professor, sou a monitora-chefe da Sonserina — respondeu, educada. — E eu adoraria ajudar, é claro.
O professor soltou uma risada leve, abrindo a porta da sala de aula.
— Sim, claro, Srta. Delacour, me perdoe.
Lançando um último olhar para o fim do corredor, onde Max estivera segundos antes, entrou na sala. Talvez fosse uma bênção ter sido interrompida. Afinal, o que poderia dizer a Max? “Oi, fiquei sabendo que você era melhor amiga do noivo da minha prima antes de tirar a própria vida. Por que não me contou?". O pensamento fez um arrepio percorrer seu corpo inteiro.
A verdade era que não havia como abordar Max sobre isso. As palavras simplesmente não existiam.
suspirou, aproximando-se da mesa do professor para pegar os pergaminhos que ele havia separado para ela distribuir nas mesas. Enquanto posicionava os papéis, balançava a cabeça devagar, tentando afastar os pensamentos insistentes. Precisava parar de pensar naquilo... mas como?
A vida de Maxine Jones não era um livro que pudesse ser lido, com notas de rodapé explicativas. Não era um caso que Nancy Drew resolveria com uma pista final reveladora. Era um mistério, mas um que talvez, pensou , pudesse ser desvendado por alguém que a conheceu. Talvez o amigo dela…
O ar da sala parecia ficar cada vez mais pesado conforme a mente de trabalhava, como se o mistério estivesse envolvendo-a silenciosamente.