Codificada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 12/06/2025Corson, também conhecido como o rei de Kork High, escorou o ombro no armário em frente ao meu, exibindo aquele sorriso de lado característico dele que sempre fazia as garotas suspirarem. O capitão do time de basquete e de natação da escola tinha um charme inegável, assim como um talento inigualável para conseguir me provocar.
— Você sabe que eu vou. — revirei os olhos, guardando o livro de matemática dentro e recolhendo o de ciências. — Tenho que cobrir todos os jogos...
— Por causa do jornal da escola. — completou, afinando a voz para me imitar.
Como participante do clube de jornalismo da escola, estar presente em cada evento não era obrigatório, mas esperado. Claro, se eu fosse apenas mais uma repórter, eu poderia entrar na escala e ter uma rotina menos caótica. Entretanto, estava almejando o lugar de Nancy Collins, que se formaria próximo ano e deixaria a vaga para editora-chefe aberta.
Sabia que horas extras e mais reportagens no jornal escolar seriam um prato cheio para que eu conseguisse ser a próxima a ocupar o cargo. Eu não ligava muito para esportes, salvo a natação, mas não odiava eles também.
Menos vôlei, que era um saco. Até mesmo o handball conseguia ser mais divertido. Por sorte, a única equipe que se destacava o suficiente para competir nas regionais era a de basquete.
Em contramão, eu tinha que conviver bem mais do que o esperado com Corson. Para a sorte dele, eu não ficava para trás quando tinha que lidar com seus caprichos.
E, infelizmente, ele parecia se divertir com isso.
— Se você sabe, por que pergunta?
— Você não estava lá da última vez. — deu de ombros, como se fosse óbvio.
Arqueei a sobrancelha, surpresa por ele ter notado aquilo. Porém, eu não deveria estar em choque: afinal, sempre cutucava ele por um depoimento pós-partida.
Ossos do ofício.
— Eu estava doente. — expliquei, me sentindo um pouco tímida com seu olhar em mim. Pigarreei, limpando a garganta. — E como você sabe que eu não estava lá?
— Outra pessoa tentou pegar minha exclusiva. — falou despreocupado, os braços cruzados enquanto ele desviava o olhar por um momento antes de voltar para o meu rosto. quase pareceu envergonhado por um segundo, mas logo o sorriso cafajeste estava de volta ao seu rosto. — Uma caloura. Ana, eu acho? Bonitinha. Parecia bem nervosa.
— Deixe as novatas em paz, . — Soltei o ar, incrédula. Ele era tão babaca assim? Tinham muitas outras coisas para se preocupar além do alvo da semana. Além disso, Ana era um doce, e certamente merecia mais que Não-Fico-Com-Ninguém-Por-Mais-De-Um-Mês Corson. — Você devia estar mais preocupado com a sua incapacidade de marcar pontos no jogo.
Ele bufou. — Isso foi por causa do idiota do Billy, ele é fominha demais.
— Claro que foi. — dei um sorriso irônico, inclinando a cabeça para o lado em uma falsa expressão exageradamente doce.
— É sério. — Eu ri, me deliciando com a maneira que ele parecia tão ofendido. Homens. — Quer saber? Eu vou marcar uma cesta especial para você.
Dessa vez, eu gargalhei. O ego daquele idiota era mais frágil do que eu achava.
— Se bem me lembro.. — remexi nas folhas soltas que estavam em cima do caderno, fingindo chegar minhas anotações. Da última vez que cometi o deslize de deixar Corson saber que eu tinha as suas jogadas decoradas, ele me provocou por uma semana me chamando de sua fã número 1. Voltei a encará-lo, o desafio claro em minha voz: — Você não fez *nenhuma* cesta no último jogo.
— Eu vou fazer uma cesta de três pontos para você. — disse, seu tom não deixava espaço para dúvidas. Aquilo parecia um fato mais do que uma promessa sob a qual ele não tinha poder nenhum. — Quer apostar?
Eu devia dizer não. Pelo profissionalismo, repórteres não apostam no cavalo favorito do público quando estão cobrindo uma corrida.
Mas instigá-lo era divertido demais. Eu não queria deixar ele sair por cima.
— O que eu ganho?
— Se você vencer, eu falo sobre o último jogo.
Eu tinha certeza, pela maneira que ele chacoalhou a cabeça, que meus olhos estavam brilhando com aquela possibilidade.
Corson, o capitão do time, não tinha dito uma palavra sobre o jogo de quinta, o pior da temporada. E o único no qual ele não tinha feito um ponto sequer.
— Sobre o seu desempenho abaixo da média?
— Nada em mim é abaixo da média. — ele sorriu malicioso, me olhando de cima a baixo. Apertei o livro em minhas mãos, tentando ignorar a sensação que aquele interesse mal escondido causava sob a minha pele.
— Há controvérsias. — respondi, retribuindo com um sorriso irônico. — E se você ganhar?
— Você vai na festa de vitória.
— O time está tão confiante assim? — uni as sobrancelhas. Mesmo depois do desastre da semana passada, os jogadores de basquete estavam animados?
Kork High ressurge das cinzas no último jogo da temporada. Isso sim era uma manchete digna de primeira página.
Corson deu de ombros, seus lábios curvados em uma mistura de egocentrismo e divertimento.
— O capitão está.
Ele piscou, se afastando e seguindo o caminho para alguma aula que, com certeza, mal prestaria atenção.
Suspirei, trancando o meu armário e me preparando para ir até a aula da senhora Mist. Acima do barulho usual dos corredores escolares, ouvi gritar de longe:
— Depois do jogo, na casa do lago, repórter!