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Revisada por vênus. 🛰️
Concluída em: 24.11.2024

?
Ele demorou para acordar dos seus próprios pensamentos e perceber que a amiga o chamava. Precisou piscar algumas vezes para seu cérebro finalmente processar a informação e ele se virar em sua direção:
— O que foi, ? — perguntou com um sorriso.
Ela sorriu timidamente, aconchegando-se sob o braço do rapaz. Aproveitou o conforto para apoiar a cabeça em seu ombro, brincando com seus próprios dedos ao pensar sobre as palavras que sairiam em seguida.
Encarou-o brevemente antes de sentir o sono quase atropelando.
— Você é a pessoa mais importante na minha vida — bocejou, logo se ajeitando e fechando os olhos devagar, caindo no sono rapidamente.
suspirou, sentindo um nervoso percorrer sua espinha. Há pouco mais de um ano, qualquer abraço de parecia diferente demais; qualquer toque parecia íntimo demais; qualquer elogio soava carinhoso demais.
Tudo era demais quando se envolvia .
E isso era um tanto perturbador para a mente de .
— Você também é a pessoa mais importante para mim, .
Tuc tuc. Tuc tuc. Tuc tuc.


ᯓᡣ𐭩


A consciência de despertava aos poucos. Sentiu um desconforto nas costas inicialmente, mas não criava coragem de abrir os olhos.
— Ele dormiu — escutou uma voz ao longe, seguida de uma batida leve de porta, como se alguém houvesse acabado de entrar em... Casa?
— São seis da noite, temos que ir para uma festa, — uma outra voz feminina surgiu e fez uma careta, como se pudesse reconhecê-la.
Em uma fração de minuto, o rapaz sentiu um peso sendo jogado em seu colo, fazendo-o abrir os olhos, espantado.
— Bom dia — Johnny disse animado ao notar que tinha assustado o amigo.
— O que você quer? — resmungou, empurrando-o para o chão. Ele percebeu que estava largado no sofá. Por isso suas costas doíam tanto?
— A fraternidade Alpha Phi Psi ‘tá dando uma festa, vamos logo. — Hyesoo disse rapidamente, jogando a bolsa sobre a mesa da sala. — Se arruma logo, . Ainda precisamos voltar na irmandade da .
jogou a cabeça contra o sofá outra vez, desacreditado que havia acordado do sono com todo aquele caos. Torceu mentalmente para que aquela reunião em sua sala de estar fosse apenas um sonho ruim, e que em breve ele estaria de volta ao Chase Center assistindo o Stephen Curry fazer a cesta da vitória.
A conversa continuava subindo em seus ouvidos, impedindo que o rapaz voltasse a dormir. resmungou algumas vezes antes de abrir apenas um dos olhos, encontrando suas duas amigas e seu colega de apartamento discutindo sobre alguma coisa. Johnny permanecia deitado no tapete, mexendo no celular e parando apenas para responder algumas perguntas que Hyesoo fazia às vezes. Hyesoo era quem tagarelava sem parar, revezando seu olhar entre , Johnny e um sonolento jogado no sofá.
, no entanto, parecia avoada. Seus olhos encaravam algum ponto aleatório da sala, como se ela não estivesse tão presente na conversa. Quando abriu os dois olhos, percebeu que Hyesoo estava quase fuzilando-o com o olhar.
Sem escolhas, apenas bufou e levantou-se, caminhando na direção de seu quarto sem interagir com ninguém.
Com toda a lentidão do mundo, pegou sua toalha e uma cueca boxer da gaveta e andou vagarosamente até o banheiro da suíte, abrindo o registro e enfiando-se sob a água morna do chuveiro.
Ainda estava um pouco sonolento, se permitindo fechar os olhos por um breve momento assim que sentiu as gotas batendo forte contra seus ombros e nuca. Repentinamente, pegou-se refletindo sobre sua vida. Estava com 23 anos, no sétimo semestre de arquitetura na Universidade Nacional da Coreia e de quebra ainda era jogador titular do time de basquete do campus.
Passou o sabonete pelo corpo, pensando no quanto era feliz com a vida que tinha e como não queria que nada nunca mudasse. Lógico, ele tinha ciência que, em alguns meses, estaria finalizando o curso e se formando na faculdade, mas aquilo era um problema para o do futuro. O de agora só se importava com estar com os amigos e viver um dia de cada vez, como se o futuro estivesse longe demais. Ele tinha uma família ótima que o apoiava, e os melhores amigos do mundo com quem se encontrava toda semana – e dependendo da época do semestre, eram todos os dias.
— Vai demorar muito? — escutou a voz de Johnny por detrás da porta, fazendo com que o rapaz acordasse para a realidade e desligasse logo o chuveiro, secando-se rapidamente com a toalha e vestindo a cueca.
— Cara, posso me trocar sozinho pelo menos? — disse ao notar o amigo deitado em sua cama.
Johnny revirou os olhos, logo caminhando para fora do quarto, mas não sem antes se virar e apontar para o corpo desnudo de .
foi com a Hyesoo até a irmandade para se arrumar, a gente sai quando elas mandarem mensagem, viu?
— ‘Tá, ‘tá... — resmungou em concordância apenas para que pudesse ficar sozinho logo.
Abriu a porta do armário, deparando-se com diversas camisetas que ele não sentia vontade de usar. O que realmente lhe chamou a atenção fora a calça moletom e a blusa de pijama dobradas no canto do guarda-roupas, como se elas o chamassem para aproveitar a noite. Aproveitar deitado em sua cama, vendo Netflix ou dormindo sob os cobertores depois de uma xícara de chá quente.
Ele realmente precisava ir naquela maldita festa dos Alpha alguma coisa?
sacudiu a cabeça ao imaginar o quanto Hyesoo encheria seu saco caso ele furasse mais um rolê. Droga, como cargas d’água ele, um rapaz caseiro, virou melhor amigo de uma maluca festeira que vive bebendo?
Tirou uma camiseta branca qualquer do cabide e vestiu-a, junto de uma calça jeans escura e um par de tênis brancos. Deu uma breve olhada no espelho, conferindo a própria imagem. Simples demais, pensou consigo mesmo, voltando para o armário e procurando por alguma terceira peça. Olhava para as roupas no armário, e voltava a encarar o espelho por detrás da porta do armário, esticando o pescoço. Nada parecia bom.
Fechou as portas, decidido a procurar algo de útil no armário de Johnny. Saiu do próprio quarto, caminhando até o cômodo à frente, indo direto no armário. Sua testa se enrugou brevemente ao notar a zona que estava dentro daquele guarda-roupa, mas apenas negou com a cabeça enquanto olhava para os cabides.
Automaticamente, seus olhos fixaram em uma jaqueta de couro amarronzada. Pegou-a sem pestanejar, vestindo a peça e encarando a própria imagem no espelho. Ainda tem alguma coisa estranha…
Se aproximou do espelho, mexendo em cada peça da roupa. Não, suas vestimentas estavam legais. Mexeu no cabelo. Bingo!
Cogitou pegar a chapinha e ajeitar a franja para trás, mas a preguiça falou muito mais alto. Olhou em volta, ainda no quarto de Johnny, e apenas aproveitou o secador que já estava plugado na tomada e secou o cabelo de qualquer jeito.
Voltou para o seu quarto, abrindo o guarda-roupa novamente e puxando uma touca preta que tinha guardado no fundo de uma das gavetas. Pronto. Era mais que o suficiente. Decidiu sair dali antes que pensasse em mudar todo o outfit, então borrifou o perfume e foi para a sala se segurando para não encarar o espelho uma última vez.
— Para quem não queria ir, você está muito bem arrumado — Johnny ao ver o amigo adentrando a sala, fazendo-o revirar os olhos. — Eu conheço essa jaqueta.
— Eu ainda não quero ir — jogou-se no sofá ao lado do amigo. — Te devolvo a jaqueta depois.
Johnny apenas consentiu com a cabeça. Ele entendia o sentimento do amigo, e por isso o encarou antes de dizer:
— Mas nós conhecemos a Hyesoo — riu quando apenas fechou os olhos, mexendo a cabeça de forma exagerada para concordar.
Um silêncio confortável se instalou enquanto ambos assistiam a série que outrora estava assistindo com , antes de pegar no sono.
— Como você está, amigo? — o mais velho perguntou, virando-se minimamente, ainda com os olhos presos na televisão.
— Para ser bem sincero, estou cansado ‘pra caramba. Não queria sair de casa hoje.
— Não era bem sobre isso que eu estava falando — Johnny deu uma risada baixa. — ‘Tô perguntando porque você ‘tá sumido. Não aparece mais nos ensaios, não está mais presente nas nossas sextas de pizza do Beezza… — reclamou com um tom divertido na voz, tentando não soar como se estivesse cobrando alguma coisa de . — Parece até que está fugindo da gente.
soltou uma risada pelo nariz, sem saber o que responder. Não é que ele estivesse fugindo, só estava cansado demais para qualquer outra coisa senão descansar em seu – escasso – tempo livre. A reta final na faculdade o consumia demais.
E, mesmo que ele não assumisse aquilo para absolutamente ninguém, esses últimos meses não estavam sendo sentimentalmente fáceis.
— Hyesoo acabou de mandar mensagem pedindo para irmos buscá-las na casa da — Johnny disse de repente, cortando o antigo assunto como se não fosse nada. Levantou-se da poltrona e pegou a chave do carro sobre a bancada. — Você volta dirigindo?
— Por quê?
— Queria beber.
revirou os olhos com vontade de rir. Naquele meio tempo, Johnny já tinha virado as costas e saído pelo portão da casa, esperando pelo amigo na porta do carro. saiu com calma, trancando tudo e deixando a chave extra dentro da caixa de correio – caso o pior acontecesse novamente e algum deles voltasse esculhambado para casa e sem chave.
— Não acredito que estou indo obrigado nessa festa e não vou nem mesmo poder beber.
Johnny soltou uma risada alta e abriu a porta do motorista, não demorando nem mesmo cinco minutos para dar partida e chegar em frente à irmandade de . As garotas sorriram e acenaram antes de se aproximarem do carro.
— Achei que fossem demorar mais — Johnny provocou ao destrancar as portas para que elas entrassem no banco atrás.
— Blá, blá, blá. Eu não sou o , não — disse rindo, afivelando o cinto e voltando a mexer no celular em seguida, com um sorriso bobo no rosto que não passou despercebido por .
Será que ela está de papo com alguém?, pensou.
Hyesoo ligou o rádio que estava conectado no bluetooth de , e logo a melodia de Apocalypse invadiu o ambiente, fazendo com que o rapaz tentasse, inutilmente, abafar os pensamentos sobre o que diabos fazia tão felizinha no celular.

Wrapped in your arms
You’ve been hiding them in
Hollowed out pianos left in the dark

Embrulhado em seus braços
Você tem os escondido em
Pianos vazios deixados no escuro

— Podíamos tocar essa música qualquer dia desses, não? — Hyesoo perguntou, enfiando a cabeça entre os bancos dianteiros.
Silêncio.
— Se o concordar, eu ‘tô dentro — se pronunciou, desligando o celular e descansando-o no próprio colo. — Tudo do Cigarettes after Sex me lembra você, não quero tocar essa música se você não participar.
virou o rosto para trás assim que percebeu que Hyesoo tinha se afastado, dando de cara com o olhar profundo de sobre si. Engoliu em seco. Certo, ele poderia abdicar de algumas horas de sono para tocar com os amigos, não? Pelos velhos tempos!
Bem, nem tão velhos assim, visto que deixara de participar dos ensaios há pouco mais de três meses.
— Precisamos do nosso guitarrista, vaaaaai — arrastou a voz, aproximando o rosto ainda mais do de , tomando agora o lugar entre os bancos da frente.
Seu coração começou a bater mais rápido e forte, como se a voz de fosse um gatilho eficaz. Obrigou-se a quebrar o contato visual com urgência, enrijecendo o tronco e colando a cabeça no apoio do banco. Precisava respirar fundo e acalmar seus batimentos cardíacos descontrolados, senão todos dentro do carro poderiam escutar aquele terremoto acontecendo dentro de seu peito. Fechou os olhos um bocado, tentando imaginar as cenas mais bizarras que sua mente fértil pudesse produzir, apenas para que sua adrenalina abaixasse e sua respiração voltasse ao normal.
Virou-se minimamente para trás quando percebeu que deixou no vácuo. Ela ainda o encarava esperançosa, ansiando pela resposta do amigo.
Porém, como se fosse um balde de água fria, apenas deu um meio sorriso, sem dar nenhuma resposta concreta, e virou para frente outra vez, ignorando totalmente a presença das meninas nos bancos traseiros até chegar em seu destino.

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Ainda na esquina já era possível escutar a música alta Alpha Phi Psi, e isso provocou um sorriso automático em Hyesoo, que estava ansiosa por aquela festa. Desde que Joshua, um dos rapazes da fraternidade, comentou sobre a social que fariam de boas-vindas aos novos atletas de todas as modalidades da universidade, ela decretou mentalmente que precisaria marcar sua presença de qualquer jeito.
Hye apenas não entendia como podia não estar nem um pouco animado para conhecer seus novos companheiros de time.
— Como alguém pode ser tão festeira? — resmungou ao observar a amiga sair correndo assim que estacionaram o carro, sem ao menos esperá-los.
— Ela terminou o caso dela essa semana, dá um desconto, vai — surgiu ao seu lado, ajeitando a blusa. A garota estava de cropped preto brilhoso, calça branca e salto, além de um par de brincos prateados longos e um colar da mesma cor, com um pingente que balançava na altura do busto. Atentar-se àqueles detalhes fez com que suspirasse pesado, olhando para o chão em seguida.
— Sei... — disse baixo, ainda tentando tirar aqueles detalhes de sua mente.
É a , cara. Sua melhor amiga desde o fundamental, para de pensar nessas coisas, sentiu-se em uma discussão com seu próprio subconsciente. Era como se os dois lados do seu cérebro estivesse entrando em guerra por causa da garota. Mas, ela era sua amiga. Não tinha nada de estranho nele reparar naqueles pequenos detalhes.
Não tinha porque parecer estranho ele observar os passos delicados que ela dava, cuidando para não prender o salto fino em alguma fresta no chão. Tampouco havia algo de incomum em notar o suave balançar de seu longo cabelo, indo de um lado para o outro como se dançasse junto de seus passos alinhados. E também, era perfeitamente normal ele prestar atenção no movimento dos lábios dela, mesmo que ele não estivesse assimilando nem as primeiras três sílabas do que ela dizia naquele momento.
Não era estranho, certo?
se obrigou a engrenar seus pensamentos à sanidade quando escutou Johnny o chamando, fazendo-o virar-se para trás e levantar as sobrancelhas. Sem dizer mais nenhuma palavra, o mais velho esticou o braço e entregou as chaves do carro nas mãos de antes de entrar na mansão dos Alpha Phi Psi.
já tinha se afastado dos amigos quando percebeu a sua ausência, chegando perto de um grupo de garotas que estavam reunidas no canto da sala. O lugar, como era esperado, estava lotado. podia sentir o cheiro do suor, das pessoas já bêbadas e... Isso é cheiro de maconha?
— Obrigado por ficar responsável pelo carro hoje, amigo — Johnny disse alto já com um copo vermelho na mão. Quando foi que ele pegou isso?
Com sua cabeça começando a palpitar com tantas perguntas, e com a paciência já estourando, caminhou até a cozinha em busca de qualquer coisa que não tivesse álcool. Droga, ele já tinha ido àquela festa totalmente a contragosto, e ainda ficou responsável por levar os quatro para casa.
Nada de álcool para desestressar por hoje.
A cozinha já estava lotada quando o rapaz chegou, deixando-o ainda mais atordoado. Procurou com os olhos por algum cooler aberto, em busca de qualquer coisa que não tivesse álcool. Seus olhos passeavam por rostos conhecidos que andavam de lá para cá com copos vermelhos na mão. Do lado de fora, notou uma nuvem de fumaça sobre um círculo de pessoas e automaticamente seu estômago embrulhou. Apenas pensar no cheio de narguilé já o deixava com ânsia de vômito.
Esticou o braço direito para frente, em um pedido silencioso por espaço entre tantas pessoas para que pudesse se aproximar da geladeira. Só de ficar um pouco mais próximo daquele monte de gente, pôde sentir o cheiro de suor misturado com álcool e drogas. Balançou a cabeça, tentando focar no possível energético que encontraria na geladeira. Ele precisava colocar alguma coisa na boca, qualquer coisa com o cheiro um pouco mais forte do que o que ele estava sentindo naquele momento.
Quando finalmente alcançou um cooler sobre a bancada ao lado da geladeira, procurou pelo almejado energético.
Graças a Deus, pensou assim que encontrou uma última latinha largada no fundo do cooler quase todo descongelado. Limpou o lacre com a barra da camiseta antes de abrir e tomar alguns bons goles, bebendo mais da metade do líquido amarelado borbulhante.
Respirou fundo, finalmente sendo entorpecido pelo cheiro adocicado do energético. Era disso que ele precisava: um cheiro doce.
Tão doce quanto a menina de cabelos longos e presos em um rabo de cavalo que ele avistou caminhando do canto da sala até a pista de dança junto de outras meninas.
Chegava a ser inacreditável ele conseguir vê-la daquela distância.
Bebeu todo o restante do líquido em um gole, sentindo um leve desconforto na garganta por ter bebido energético demais de uma só vez.
Automaticamente, seus olhos voltaram para a pista de dança. Parecia que todos haviam aberto caminho para que ele pudesse observá-la de longe, prestando atenção em cada detalhe; em cada pequeno gesto que ela fazia.
Reparou nela se movendo de um lado para o outro, levemente fora da sincronia da música. Reparou o momento em que ela passou a mão pelo cabelo, deslizando desde a raiz até o final do rabo de cavalo, certificando-se de que estava tudo bem alinhado. Reparou, também, quando alguma das meninas sussurrou algo em seu ouvido e ela, com um sorriso lindo, olhou por sobre o ombro, procurando por alguém.
sentiu seu coração estremecer. Todo seu corpo parecia formigar apenas de ver a sua garota procurando por outro alguém naquela festa.
Espera.
Sua garota?
Ele sacudiu a cabeça forte, estava alucinando. não era sua garota. Era sua amiga, mas apenas isso. Amigos sem segundas intenções desde o ensino fundamental. Amigos que cresceram juntos e dormiam no mesmo colchão depois de uma tarde toda brincando na piscina. Melhores amigos. Só isso.
Olhou para a latinha novamente, avaliando o conteúdo, e tentou beber a última gota que restava, frustrando-se ao perceber que já estava completamente vazia.
dançava de forma leve e descontraída enquanto prendia o cabelo em um coque frouxo e mal feito. Ela não fazia nenhum movimento sexy, mas apenas o fato de alguns de seus fios estarem grudados em sua nuca por conta do suor fazia com que sentisse um arrepio por todo seu corpo.
Algo incontrolável palpitou em seu coração, fazendo com que ele quase fosse em direção à amiga, mas paralisou suas pernas antes que o fizesse. Lembrou-se então de todas as vezes nos últimos meses em que Hyesoo o chamava para as festas das fraternidades, pois ele “só sabia estudar e não sabia mais o que era beijar na boca” e aquilo acendeu algo em sua mente.
Bingo! Era isso! Todo esse sentimento estranho entalado em seu peito – e cabeça – era puro tesão acumulado. Era a seca, culpa da época de vacas magras que ele estava vivendo. Óbvio que era isso, tinha que ser. Só podia ser.
virou-se para o balcão e se deparou com um copo vermelho. Refletiu por uma fração de segundo, logo sentindo, novamente, aquele incômodo no peito.
— Dane-se.
Em um pulo, não havia nem ao menos uma gota naquele copo. queria beber, precisava tirar essa tal “seca” da cabeça. Precisava beijar alguém. As pessoas iam em festas para encher a cara e se esquecerem dos problemas, certo? Pois ele faria o mesmo e ninguém, ninguém mesmo, poderia julgá-lo – apenas ele quando acordasse com uma ressaca terrível, mas aquele era um problema para o do futuro.
Aproveitou que ainda não tinha se afastado tanto da geladeira para pegar uma garrafa de cerveja, virando-a com tudo e sentindo o líquido queimar sua garganta. Ainda que restasse um pouco do álcool ali, puxou mais uma antes de fechar a porta e sair para procurar outro copo vermelho – um limpo, se possível.
, você precisa sair um pouco. Só fica enfurnado no seu apartamento, não para de estudar nem por um segundo. Daqui a pouco vai virar virgem de novo, a voz de Hyesoo soou em sua mente.
Esquece a cerveja. Ele precisava de algo mais forte. Será que não tem soju na despensa?
Notou a garrafa de vodka com apenas um terço do conteúdo restante e a pegou, enchendo outro copo qualquer que ele encontrou largado ali perto. Bebeu rapidamente, mas mal conseguiu dar dois gole antes de sentir a garganta arder, forçando-o a parar e tossir. A música parecia mais baixa agora, e nem mesmo as luzes piscando o incomodavam mais.
bebeu todo o copo e pegou novamente a garrafa de cerveja que ele tinha largado há menos de cinco minutos, caminhando sem pressa até a sala, indo na direção dos bancos que outrora e suas amigas estavam.
— Droga. — resmungou baixo assim que percebeu que outro grupo de amigos ocupava o lugar, e olhou para a garrafa em sua mão. O copo vermelho foi largado na bancada da cozinha e a cerveja parecia já estar pela metade.
Levantou o rosto e observou algumas pessoas saindo e outras entrando da pista de dança. Algumas pareciam não querer sair dali ainda. Sua mente, naquele momento, não conseguia processar mais nada. A música o entorpecia, e, por uma fração de segundo, ele se perguntou se aquela vodka largada na cozinha era realmente vodka.
Mas o do futuro que lidasse com as consequências. O de agora já começa a ficar alucinado. Seu corpo acompanhava o ritmo da música, indo de um lado para o outro, com o coração batendo junto com o grave. Sem perceber, seus pés começaram a ir em direção ao amontoado de gente na pista.
Sua consciência parecia gritar para que ele permanecesse ali no canto, parado, apenas observando. ainda não aceitava que poderia estar começando a ficar bêbado, o que já era um sinal de perigo iminente. Mas a voz de sua consciência já estava abafada demais pela música alta.
Quando deu por si, acompanhava a multidão indo de um lado para o outro, sem qualquer senso de sincronia. Estava duro, duro como uma pedra. Sem molejo algum.
A vergonha era certa.
Porém, seus olhos grudaram numa certa moça de cropped preto brilhante, calça branca e saltos.
Com um último gole, secou os lábios com as costas das mãos e descansou a garrafa, agora vazia, em cima da primeira caixa de som que encontrou no canto da pista. Passou por entre as pessoas e esticou a mão para frente, quase chamando com um toque no ombro. Entretanto, seu último resquício de coragem foi embora.
O que ele faria quando ela virasse? Diria “Oh, ! Minha nossa nem te vi por aqui.”? Ou talvez , preciso falar contigo. Acho que talvez exista a remota possibilidade de eu estar gostando de você.”?
Ok, zero chances de ele dizer a segunda opção, mas a primeira também era ridícula! Portanto, deu meia volta e tentou sair da pista, mas ela parecia ainda mais apertada.
Preciso me afastar nem que seja apenas um pouco, ouviu pela última vez o pedido de socorro de seu subconsciente, fazendo com que ele esticasse o pescoço e procurasse o canto menos movimentado naquela pista. No fundo, ele queria aproveitar que já estava pagando mico o suficiente e dançar um pouco.
Começou a balançar devagar, dando passos pequenos enquanto se afastava do lugar onde viu . A pista não parecia grandessíssima, mas ocupava toda a sala da mansão dos Alpha Phi Psi. Quando se viu completamente cercado, decidiu ceder à vontade de fechar os olhos e pender a cabeça para trás, finalmente imergindo na música.
permitiu que sua mente apagasse, pelo menos momentaneamente, todos os seus problemas. As matérias que ele poderia estar estudando naquele instante, os calafrios esquisitos que tinha quando se aproximava, o fato de que ele tinha tomado a responsabilidade de dirigir na volta e acabou virando um pouco mais de duas garrafas de cerveja… Tudo. queria se esquecer de tudo pelo máximo de tempo que pudesse.
E se a solução fosse aquele copo estranho de vodka que ele havia tomado, então que ele sofresse todos os efeitos colaterais possíveis. Ele com certeza se arrependeria amargamente de suas escolhas irresponsáveis no dia seguinte, mas ele precisava se desligar um pouco.
Em algum momento em que o rapaz não sabia mais o que estava acontecendo, alguém o cutucou. deu de ombros, permanecendo com os olhos fechados e sentindo o coração palpitar junto da música alta.
Outro cutucão.
Ele respirou fundo antes de abrir os olhos, mas não conseguiu enxergar nada. Uma sensação estranha correu por sua espinha, ele definitivamente estava tonto. Já estava completamente entregue ao álcool em suas veias e à falta de oxigenação adequada no cérebro.
Por alguma razão, ele não saiu da pista. Ficou ali, balançando de lá para cá, devagar e totalmente fora do compasso. Mas não que ele se importasse com isso de qualquer forma.
via tudo rodando. Talvez fosse o efeito da bebida com o fato de ele não ter comido nada. Certo, as luzes piscantes começaram a incomodar um pouco.
Ele viu alguém se aproximando e tentando falar com ele, mas não pôde escutar. O DJ, ou sei lá quem diabos estava controlando a música, pareceu ter aumentado o volume e não conseguiu entender nenhuma palavra sequer que a garota lhe dizia.
O som pareceu abafar, do nada, e tentou focar seu olhar na moça que falava contigo. Piscou algumas vezes antes de, simplesmente, ir para frente e segurar o rosto dela com as mãos.
A menina parou, sem reação, e aproximou-se ainda mais, concentrado demais no formato dos lábios dela.
O beijo começou de uma forma... Estranha. A garota parecia totalmente imóvel ao que estava acontecendo ali, entre os dois. Demoraram alguns segundos para que ela engajasse no beijo. As línguas de ambos começavam a explorar cada parte da boca do outro, como se estivessem descobrindo algo completamente novo e instigante.
Os divertidamentes de pareciam ter jogado fogo na mesa de controle e corrido para longe durante todo o beijo. De um lado, ele estava aliviado pois, realmente, fazia muito tempo que não beijava ninguém e aquilo deveria ajudá-lo a esquecer de .
Por outro, ele apenas se perguntava quem diabos estava beijando, pois ele realmente iria querer um replay.
A resposta não demorou muito para vir, visto que eles não se beijaram por tanto tempo assim. O surto mesmo veio quando abriu os olhos e deparou-se com uma garota de cropped preto brilhante e calça branca. Ninguém mais, ninguém menos que , sua melhor amiga – e razão da maior parte dos seus problemas.

Ferrou.




fim!


Nota da autora: Sacana da minha parte terminar assim? Talvez. Mas… Rs
Quem sabe algum dia não vem a continuação?
Espero que você tenha amado essa história tanto quanto eu. Para saber mais do meu mundinho de fics, me siga no insta!
.xo

❯ beth's note: nem deveria me dar ao trabalho de deixar uma nota no final dessa PALHAÇADA, mas vou impulsionar aqui uma NOTA DE REPÚDIO: que final é esse???? e fazer um final desse justo EM UMA FIC COM JAEHYUN??!? tem gente que tem CORAGEM! (mas, entretanto, todavia, infelizmente a fic é ótima, um cenário bem Dear M., e tudo que nos resta é aceitar :(


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