Codificada por: Ayleen Baümler
Última Atualização: 05/06/2025O alarme disparou com um apito irritante às cinco e meia da manhã. tateou o celular no escuro, resmungando um “saco…” antes de silenciá-lo. O pequeno quarto alugado mal cabia a cama, a pilha de roupas emboladas na cadeira e o espelho de moldura lascada encostado na parede.
Ela se sentou na beira da cama, encarando seu reflexo. O cabelo cacheado estava um caos de nós e espirais desalinhadas. O rosto, ainda marcado de sono, trazia nos olhos escuros a teimosia de quem não desiste fácil.
Do outro lado da porta, sons familiares: passos apressados, uma chaleira apitando, gatos miando em coro.
— Dona Maria, que confusão é essa logo cedo? — perguntou ao sair do quarto, tropeçando em um dos gatos gorduchos.
— É a correria da vida, mi hija! — respondeu a mulher do outro lado da minúscula cozinha. Maria, mexicana, sessenta e poucos anos, cabelo preso em um coque desarrumado e um avental com estampa de abacates, mexia distraída em uma panela. — Você não sabe? A minha sobrinha, Dolores, vai fazer teste pra ser dublê. Imagina só!
pegou uma caneca rachada do armário e serviu café preto forte.
— Que bom pra ela. — Maria virou-se, apontando uma colher de pau para .
— E você? Quando vai ser a estrela, hein? Fico vendo você sair todo dia pra ser figurante… você merece mais. — sorriu com amargura.
— Hoje é só mais um dia de andar no fundo da cena, Dona Maria. Igual sempre.
Ela se recostou na pia por um instante, encarando pela janela o céu ainda cinzento de Los Angeles. A cidade parecia feita de cartazes gigantes e promessas inalcançáveis.
“Figurante. Apenas mais uma figurante.”
Era o pensamento recorrente. Não era a primeira vez que trabalhava em figuração. Tinha rodado cafés, praças, festas de casamento falsas, até funeral em filme de suspense. Já tinha visto de perto atores que antes só existiam em revistas.
Teve bons encontros. Zoe Saldaña, super simpática, a única que a abraçou no final da cena. John Cho, que lhe desejou sorte ao esbarrar nela nos bastidores. Teve também decepções. Um galã famosíssimo, que ignorou completamente a presença de e a tratou como se fosse invisível. Ela nem gostava mais de ouvir o nome dele.
pegou a caneca cheia de café e a levou para o quarto para terminar de se arrumar. Prendeu o cabelo num puff volumoso e fofo, ajeitou os cachos com cuidado e soltou um suspiro pesado.
O único momento que fazia tudo valer a pena era quando seu pai, Carlos, ligava do Brasil. Sempre que aparecia meio pixelada e desfocada em alguma cena aleatória, ele gritava:
— Olha lá minha menina! Primeira atriz brasileira a brilhar em Hollywood!
Ela riu baixo, negando com a cabeça frente a lembrança.
— Só mais uma figurante brasileira, pai… — murmurava sozinha, com um sorriso triste.
Deu uma última olhada no relógio e engoliu o café ainda quente. Deixou a caneca no quarto mesmo, não dava tempo de lavar.
— Tô atrasada. — Dona Maria ergueu a voz da cozinha.
— Boa sorte, ! E cuidado com esses gringos doidos! — já saía pela porta, apressada.
Lá fora, Los Angeles despertava com a habitual indiferença. O céu cinza contrastava com os luminosos dourados dos letreiros de cinema. Carros de luxo passavam por ela sem olhar. Outdoors gigantes anunciavam estreias de filmes e astros sorrindo para um público que nunca conheceu de verdade.
Ela caminhava pelas ruas da cidade, abraçada ao casaco fino para se proteger da brisa fria da manhã. A escala de figurante naquele dia era cedo, com gravação prevista das oito às duas da tarde. Depois, como sempre, ela teria poucas horas para respirar antes de encarar o segundo turno da vida real: Luna’s Coffee & Bakery, uma cafeteria, das três até o fechamento.
Era cansativo, repetitivo, e muitas vezes solitário. Mas era também a única maneira de manter vivo o sonho que a fizera atravessar um oceano com nada além de uma mala, um sotaque carregado e uma fé absurda de que, de alguma forma, um dia tudo valeria a pena.
Naquela manhã, porém, decidiu que precisava de um reforço extra para encarar o dia. O café ralo não seria suficiente para o que estava por vir. A passos rápidos, dobrou a esquina em direção ao seu lugar habitual: Luna’s Coffee & Bakery, onde também encontraria sua melhor amiga para a dose diária de incentivo.
O aroma de café fresco e pão doce preenchia o ar do pequeno refúgio. Ao empurrar a porta de vidro, foi recebida pelo tilintar familiar da campainha e pela figura inconfundível de Mrs. Jenkins, a proprietária. Uma mulher americana de sessenta e poucos anos, cabelos grisalhos presos em um coque bagunçado, óculos pendurados na ponta do nariz, e um sorriso que escondia um gênio pragmático.
— ! — exclamou Mrs. Jenkins, colocando uma fornada de cookies em cima do balcão. — Espero que tenha vindo só pelo café. Se esqueceu que tem turno hoje à tarde?
riu ao se aproximar.
— Como eu poderia esquecer? A melhor chefe de Los Angeles me lembrou ontem três vezes. — Mrs. Jenkins bufou teatralmente.
— Melhor chefe? Vá enganar outro, garota. Só não gosto de perder boas funcionárias. — piscou para ela.
— Eu volto às três, prometo. Hoje sou só cliente. — Mrs. Jenkins apontou para com a espátula de cookies.
— E trate de não perder a hora.
levantou as mãos em rendição e seguiu para a janela, onde Jae já a esperava, tomando café em uma caneca enorme.
Jae, ou Park Jae-min, tinha o cabelo tingido de azul vibrante, cortado em um chanel moderno que combinava com a blusa oversized e a saia plissada. Quando viu , ergueu a mão animada.
— ! Senta logo, garota. Consegui um croissant extra pra você. — largou a mochila na cadeira e aceitou o presente com um sorriso agradecido.
— Salvadora oficial da minha fome e da minha dignidade — murmurou, mordendo o pão amanteigado.
As duas se conheceram por acaso, mais de um ano antes, em um parque. , desesperada, tentava domar uma faixa de cabelo rebelde que insistia em escorregar, quando Jae apareceu oferecendo ajuda. Descobriram ali, no meio das risadas, uma amizade improvável, mas imediata.
Jae era filha de imigrantes coreanos tradicionais, donos de uma lavanderia. Os pais dela, inicialmente desconfiados, acabaram se encantando pela doçura e respeito de . Agora, sempre que visitava a casa dos Park, era recebida com tteokbokki, chá quente e um bombardeio carinhoso de perguntas sobre “como andava o trabalho no cinema”.
terminou mais uma mordida do croissant e suspirou.
— Hoje vai ser mais uma daquelas diárias infinitas pra figurante.
Jae deu de ombros, apoiando o queixo nas mãos.
— Mas vai que, do nada, o galã do filme se apaixona perdidamente por você? — soltou uma risada curta.
— Sonhadora.
— Realista demais, — Jae rebateu com um sorrisinho. — Um dia você vai me agradecer por prever seu futuro casamento com algum astro milionário. Aposto que vai ser alto, moreno, lindo…
— Chega — interrompeu, rindo. — Deixa eu sobreviver ao turno de figurante primeiro.
— Só não esquece que quando a cerimônia acontecer, serei madrinha, tá? — levantou da cadeira e ajeitou o lenço no pulso.
— Pode deixar. — Do lado de fora, o relógio da praça marcava quase sete horas.
— Preciso ir. O ônibus pro estúdio passa às sete e dez. — Jae levantou-se também e puxou para um abraço apertado.
— Vai lá, brilha. E se topar com algum galã, manda mensagem.
saiu às pressas, ainda rindo, o coração um pouco mais leve graças àquela amizade improvável que sempre conseguia fazer tudo parecer possível.
O ônibus já estava quase cheio quando ela subiu os degraus, validou o bilhete e procurou um assento na janela. A cidade passava rápido do lado de fora: murais coloridos, carros de luxo dividindo espaço com gente apressada, palmeiras altas balançando contra o céu azul de Los Angeles.
Enquanto apertava a mochila contra o colo, tentava se concentrar. Respirava fundo, repetindo mentalmente: “É só mais um dia. É só mais uma figuração. Você sabe fazer isso.” Mas, mesmo com a experiência, aquela pontinha de ansiedade sempre vinha. A incerteza do dia, a possibilidade de algo dar errado... ou de, quem sabe, dar muito certo.
A entrada dos estúdios era sempre uma visão surreal. Portões imensos, seguranças uniformizados e carros de luxo desfilando com naturalidade pela rua privada que levava aos trailers e sets.
ajustou a alça da mochila e respirou fundo. Mesmo não sendo sua primeira vez, aquele lugar ainda tinha o poder de fazê-la se sentir pequena. Invisível.
A diferença era que agora, com algumas figurinhas carimbadas de experiências passadas, ela sabia que bastava fazer seu trabalho, manter-se na dela, e ir embora sem chamar atenção.
Seguiu pelo estacionamento até a área de figurantes. Carros de catering, assistentes com pranchetas, figurinistas correndo de um lado para o outro.
parou ao lado de um trailer e observou os outros figurantes. A maioria, como sempre, vestia roupas propositalmente descoladas ou montadas demais, tentando ser notados por algum olheiro ou assistente de produção. Roupas estilosas, maquiagem impecável, até acessórios chamativos.
Ela, de jeans simples, camiseta branca e tênis velhos, sentiu o velho incômodo voltar. Não fazia questão de impressionar ninguém. Aliás, detestava lidar com aquele tipo de figuração, onde as pessoas pareciam competir silenciosamente para ver quem se destacava mais no fundo da tela.
— Isa?
Ela se virou ao ouvir a voz familiar. Nick Jordan caminhava em sua direção, sorriso fácil, cabelo loiro bagunçado, jaqueta de couro pendurada despreocupadamente nos ombros.
Nick era co-estrela do filme e eles tinham se conhecido em um projeto anterior, quando fizera figuração em uma comédia romântica de médio orçamento. Ele havia sido, de longe, a pessoa mais legal do elenco.
— Nick! — sorriu genuinamente. — Achei que você não fosse lembrar de mim. — Ele fingiu ofensa.
— Como esquecer da garota que me salvou do maior mico da carreira? — riu, balançando a cabeça.
— Você que tropeçou no próprio cachorro-cenográfico, eu só estava lá. — Nick deu uma risada.
— Detalhes. Mas que bom te ver de novo. Vem, vou te mostrar onde está o resto da galera.
o acompanhou até o ponto de encontro. No caminho, vários figurantes olharam para ela de cima a baixo. Julgamentos silenciosos. Ela já estava acostumada: roupa “simples demais”, cabelo natural demais, postura “nada desesperada” para chamar atenção.
Ela apenas endireitou os ombros.
Foi quando uma silhueta conhecida passou por eles: Sienna Blake.
Alto, corpo esguio, rosto maquiado impecavelmente, longos cabelos ondulados brilhando sob o sol da manhã. Sienna era uma estrela jovem, dona de uma base de fãs obcecada. a seguia no Instagram há anos. Sempre achou as legendas dela doces, os posts carinhosos com fãs…
Mas a decepção veio rápido. Sienna passou, lançou um olhar breve e indiferente para — um olhar que dizia: “quem é você mesmo?” — e simplesmente continuou andando, sem sequer acenar ou sorrir.
congelou por um segundo. Nick notou e murmurou:
— Sienna não é exatamente o que ela mostra nas redes…
engoliu a decepção, sem dizer nada. Pensou imediatamente em desbloquear o celular mais tarde e apertar “deixar de seguir”. No fundo, ela já sabia. Estava acostumada com os contrastes brutais daquele mundo.
— Nada que me surpreenda — respondeu seca.
se afastou de Nick, ainda com o gosto amargo da decepção. Enquanto caminhava distraída, de cabeça baixa, sentiu o impacto suave de um corpo firme ao seu lado.
— Desculpa! — disse rapidamente, levantando o olhar.
O homem que a encarava era a própria definição de autocontrole elegante. Terno sob medida, cabelo escuro impecavelmente penteado, expressão sóbria e olhos afiados que analisavam tudo em volta sem perder um detalhe. Oliver Grant, mesmo sem saber ainda o nome, exalava poder contido.
Ele arqueou uma sobrancelha ao observar desajeitada.
— Vejo que a pontualidade não inclui a atenção ao caminhar — disse, com ironia calculada.
Isa, sem pensar, soltou:
— E vejo que o ego chegou antes do dono.
Por um instante, Oliver pareceu surpreso. Depois, esboçou um sorriso breve, quase imperceptível, antes de virar-se para continuar o seu caminho. continuou andando, sem saber que acabava de cruzar caminho com o homem que logo teria mais influência na sua vida do que ela poderia imaginar.
De repente, a voz imponente de uma mulher ecoou pela área:
— Atenção, todos! Vocês sabem que detesto desperdício de tempo!
Todos congelaram. Apenas uma pessoa era capaz de fazer aquela multidão obedecer com um único comando: Regina Holmes, diretora lendária, conhecida tanto pelo talento visionário quanto pela língua afiada.
De cabelos grisalhos curtos e óculos de aro grosso, Regina segurava uma prancheta e caminhava com passos decididos.
— Figurantes na marca. Elenco principal pronto em quinze minutos. Equipe de maquiagem, por favor, tentem não transformar nossos atores em bonecos de cera desta vez — disparou, arrancando risadinhas nervosas da equipe.
Isa, já posicionada com os outros figurantes, ajeitou o lenço colorido no braço, pronta para mais um dia de caminhada anônima em segundo plano. Mas antes que pudesse se mover, uma assistente ofegante surgiu ao lado de Regina, cochichando algo em seu ouvido.
Regina soltou um suspiro exasperado e olhou em volta.
— A substituta da cena 32, onde está? A figurante escalada para a interação sumiu. — Ela percorreu os olhos rapidamente até parar em Isa.
— Você aí. Cabelo incrível. Vem. — arregalou os olhos e apontou para si mesma, confusa.
— Eu?
— Sim, você. Vai substituir. Vai ter uma fala. Pouca coisa, só um “desculpe, senhor”, mas precisamos da interação. Está pronta?
sentiu o coração disparar. Uma fala. Por menor que fosse, era mais do que tinha tido em dois anos de figuração.
Engoliu seco, ergueu o queixo e respondeu:
— Pronta.
nem percebeu direito como foi parar ali. Uma assistente de produção a puxou pelo braço e a empurrou suavemente para a posição marcada no chão com uma fita azul discreta.
O cenário era uma rua cenográfica montada para simular Manhattan: postes antigos, vitrines falsas, carros de época estacionados em posições estratégicas.
respirou fundo, ajeitando o puff de cachos com uma mão trêmula. Era só uma fala. Ela tinha feito isso tantas vezes antes. Mas por alguma razão, sentia que aquele dia era diferente.
O burburinho de vozes e passos foi silenciado pela chegada dele.
Blackwell.
Aos 27 anos, era o galã absoluto das comédias românticas modernas. Alto, de terno cinza impecavelmente ajustado, cabelos castanhos levemente desalinhados — uma marca registrada — e olhos castanhos-dourados que contrastavam absurdamente com a pele clara.
Havia algo hipnotizante na maneira como caminhava, como se pertencesse a outro mundo, e todos ao redor estivessem ali apenas para completar o cenário de sua vida.
Protagonista de sucessos como "Love, Actually… Not", "Unexpectedly Yours", "The Plus One Dilemma" e "Holiday Crush", era o tipo de ator que virava meme só por existir.
Seu rosto estampava cartazes, revistas e outdoors. Era o "homem dos sonhos" de meio mundo. Mas também o "mistério" de Hollywood: avesso a entrevistas longas, quase sem vida social pública, com zero escândalos — um feito praticamente impossível para alguém da sua fama.
o reconheceu de imediato e ficou paralisada: "O galã das comédias românticas."
Na tela, ele parecia inalcançável. Pessoalmente… era ainda pior.
não olhou para ela. Nem um segundo. Ajustou a lapela do paletó, agradeceu secamente ao assistente de som e posicionou-se na marca. Para ele, era só mais uma figurante. Um elemento do fundo, como a placa da rua ou o poste cenográfico.
engoliu em seco e desviou o olhar. Claro. Ela sabia exatamente como funcionava aquele mundo. E sabia o seu lugar nele.
Regina Holmes se aproximou, concentrada.
— Câmera! Som! Cena 32… ação!
A fita azul marcava onde ela deveria parar, olhar para o chão, cruzar o caminho de Ethan, balbuciar um rápido "desculpe, senhor" e sair da cena. Simples.
Foi quando ouviu a voz apressada do assistente:
— Se move agora! Agora!
O inglês atropelado, misturado ao barulho do set, soou confuso. Mas não hesitou. O assistente tinha dado a coordenada errada. Ela confiou na ordem e avançou dois passos... direto na trajetória de Ethan.
E foi ali que tudo saiu do roteiro.
Quando deu os primeiros passos, virou-se apressada demais, diretamente para a trajetória dele. O impacto foi inevitável. bateu contra o peito dele e teria caído para trás se não fossem as mãos firmes que, num reflexo rápido, seguraram sua cintura. Ela prendeu a respiração. Ele também.
Por um segundo, o mundo inteiro pareceu parar.
Olhos nos olhos. Respirações descompassadas. E, como se alguma força invisível os conduzisse, os rostos se aproximaram. Primeiro uma hesitação… e então, de forma inesperada, os lábios se tocaram.
Um beijo. Suave, breve, porém intenso. Natural. Quase ensaiado. Como se o universo inteiro tivesse conspirado para que acontecesse naquele exato instante.
Silêncio absoluto no set.
Regina Holmes arregalou os olhos atrás da câmera. Oliver Grant congelou a alguns metros, boquiaberto. A equipe inteira segurou a respiração, incapaz de decidir se devia intervir ou continuar gravando.
afastou-se primeiro, ainda segurando pelos braços como se tentasse entender o que acabara de acontecer. ficou imóvel, o coração batendo tão alto que tinha certeza de que o som ecoava pelo set inteiro.
Regina se inclinou levemente para o assistente de direção e sussurrou:
— Corta… mas mantém essa tomada.
puxou o ar bruscamente e se afastou das mãos de Ethan, sem coragem de encará-lo. O rosto fervendo, as pernas tremendo, ela virou-se e saiu quase tropeçando para fora da rua cenográfica.
ficou parado, observando-a sumir entre os figurantes, a testa levemente franzida e os lábios ainda formigando, como se tentasse descobrir se aquilo realmente tinha acontecido… ou se fora mais um truque perfeito de direção.
O set, por longos segundos, permaneceu em absoluto silêncio.
atravessou as portas do estúdio sem olhar para trás, o coração descompassado martelando dentro do peito. Do lado de fora, o sol da manhã parecia indiferente ao caos silencioso que acabara de acontecer. Ela respirou fundo, tentando se convencer de que nada havia mudado, que tudo não passara de um acidente. Mas no fundo, algo dentro dela sussurrava o contrário. Nada naquele set, naquela cidade, ou naquela vida, jamais voltaria a ser como antes.