Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 12/03/2025.O motivo era simples, longe da rua dos Alfeneiros, em um povoado de Little Hangleton, Franco Bryce estava prestes a descobrir que meter o nariz onde não era chamado tinha grandes consequências.
Na antiga residência dos Riddle, Voldemort se encontrava acomodado em uma poltrona velha. Dois convidados o acompanhavam e, junto a eles, um par de olhos curiosos observavam os intrusos silenciosamente.
— Me leve para mais perto do fogo, Rabicho. — Franco escutou uma voz tímida e temerosa e logo em seguida viu de relance um homenzinho. De costas para a porta, ele empurrava a poltrona a passos cuidados, conforme lhe pediram. — Para onde foi Nagini? — a voz sibilou de maneira fria e Franco Bryce pôde sentir cada pelo de seu corpo arrepiar. Algo naquela voz o deixava amedrontado e ele não entendia o porquê.
— Perdoe-me, milorde, mas n-não sei onde ela está — o homenzinho balbuciou, nervosamente. — Talvez tenha saído para explorar a casa, acho…
— Você está cada vez mais inútil e irá ordenhá-la antes de nos recolhermos, Rabicho — disse a voz que tanto temia. Nesse momento, uma terceira voz se fez presente e, junto a ela, Franco notou um caminhar sutil até a lareira.
— Se me permite, Milorde... — A voz era feminina e um sotaque que Franco não conseguiu definir. Contudo, o jardineiro percebeu que aquela voz não demonstrava nem um terço de medo como o homenzinho que havia empurrado a poltrona antes. — Rabicho não se dá bem com a cobra. Deixaria metade do veneno de Nagini inutilizável.
— Ah, minha criança — sussurrou. — Venha cá. — A garota se aproximou da poltrona, se sentando ao chão. — Você está certa. Confiarei essa tarefa a você. Vou precisar me alimentar durante a noite. A viagem me deu uma enorme canseira.
Ordenhar uma cobra? Aquilo parecia um absurdo. Franco conhecia as histórias estranhas que cercavam aquela residência, mas isso já parecia loucura. De testa franzida, ele inclinou o ouvido mais perto da porta entreaberta para assim escutar melhor. Houve uma pausa e, em seguida, o homem chamado Rabicho tornou a falar.
— Milorde, posso perguntar quanto tempo ficaremos aqui?
— Uma semana — sibilou a voz fria. — Talvez mais. Ainda não podemos dar seguimento ao plano. Seria tolice agir antes da Copa Mundial de quadribol. Contudo... — frisou. — Creio que já está na hora de nossa garota sair de Durmstrang.
— Milorde! Não entendo a necessidade de utilizar a garota. — Rabicho tremeu ao ser observado subitamente por ela.
— Estranho, Rabicho — a voz na poltrona sussurrou. — Se eu não lhe conhecesse, acharia que está tentando deixar que ela fique no seu lugar. Essa seria uma tentativa de me abandonar? Ou apenas lhe é atrativo cismar com as minhas decisões?
— Não! Minha devoção à milorde…
— Sua devoção não passa de covardia — a garota, que até então havia ficado em silêncio, voltou a falar de forma ríspida e tão sombria quanto a voz do homem na poltrona. — O Lorde das trevas não está pedindo que você aja sozinho, homenzinho desprezível — persistiu. — Apenas faça sua parte, que até lá o servo mais fiel de milorde terá se reunido a nós.
— Garota insolente! EU sou um servo fiel! — grunhiu Rabicho, se levantando e brandindo a varinha em mãos.
— O que você disse, verme? — bradou a voz feminina. A raiva crescia cada vez mais e a voz da garota já não escondia a repulsa que sentia pelo bruxo em sua frente. E, com a mesma raiva em sua voz, se levantou e ficou frente a frente do homenzinho e sua varinha. — Se atreva se tiver coragem! — provocou.
— Basta os dois! — sibilou, e tanto Rabicho, quanto a garota, se calaram. Odiavam um ao outro, mas sabiam que desobedecer às ordens do Lorde das Trevas era um erro. — Acho que ouvi Nagini e parece que ela trouxe notícias interessantes.
Nesse momento, Franco sentiu seu sangue congelar. Tanto o homenzinho, quanto a garota, agora estavam virados para a porta, e o terceiro emitia ruídos que o jardineiro jamais ouviu na vida. E aquilo o apavorou.
Talvez tenha sido o pavor ou apenas a desatenção, mas mal pôde perceber o movimento vindo pelas costas e, quando o fez, era tarde demais. Virou-se e viu uma coisa deslizando em sua direção. Uma coisa grande e assustadora. Se encheu de terror ao ver que se tratava de uma cobra. Uma cobra gigantesca. E então, para sua surpresa, a cobra passou reto por ele.
— Segundo ela, tem um velho trouxa parado do lado de fora do quarto, escutando cada palavra que dizemos.
Voldemort conhecia aquele trouxa. Era o velho jardineiro que cuidava dos jardins da família Riddle, o sobrenome que tanto odiava. Proferindo mais algumas palavras com a língua das cobras, deu a ordem que queria, e Franco não teve a menor chance de se esconder, muito menos fugir.
Ouviu passos e em seguida a porta do quarto se escancarou, relevando grandes olhos negros de uma mocinha.
— Convide-o para entrar, criança — a voz da poltrona tornou a falar. A garota deu um passo para trás e fez sinal para Franco entrar. Apesar do medo, Franco seguiu em frente.
— Você ouviu tudo, trouxa? — perguntou a voz fria.
— Do que foi que o senhor me chamou? — Franco perguntou, o desafiando e morrendo de medo no processo.
— Trouxa. Significa que não é bruxo — murmurou a garota escorada sobre a porta. Vendo-a melhor agora, Franco podia jurar que ela não tinha mais que 14 anos, mas ainda assim o amedrontava muito mais que o outro homenzinho.
— Eu continuo sem saber o que significa. — Olhou para a garota. — O que sei é que já ouvi o suficiente para despertar o interesse da polícia.
— Oh, vamos lá, ele realmente acha que os trouxas têm alguma autoridade por aqui — Voldemort disse em tom de deboche, e Rabicho segurou o riso.
— O que vamos fazer com ele, senhor? O que vamos fazer? — Rabicho tornava a falar, dando pulinhos. A garota arqueou a sobrancelha, não era possível que tivesse que aguentar mais qualquer segundo ao lado daquele bruxo.
— Tenho algumas ideias em mente, Rabicho — sibilou. — Mas primeiro venha virar minha poltrona. Seria rude não encarar o convidado.
Rabicho não demorou muito para chegar até a poltrona frente a lareira e, com cuidado, virou pouco a pouco, fazendo com que Franco Bryce visse pela primeira vez a pessoa, ou melhor dizendo, a criatura que estava sentada. Não demorou muito para perder totalmente a coragem quando viu o que havia na poltrona.
Foi então que Voldemort sorriu largo.
— Satisfeito, trouxa? — gargalhou, enquanto Franco tremia, e a bruxa sentiu um calafrio percorrer seu corpo por saber o que vinha a seguir. — Agora, que tal se divertir um pouco, Nagini?
Era o que ela temia.
A imagem que Franco teve foi a mais amedrontadora possível. A cobra que havia visto antes vinha em disparada em sua frente. Mas antes que pudesse reagir, um relâmpago de luz verde se aproximou, e Franco Bryce desabou, aprendendo de uma vez por todas que quem muito procura, acha.
E assim, a quilômetros de distância, Harry Potter acordou, sentindo uma dor alucinante em sua antiga cicatriz.
Esses feitos, contudo, se dariam por causa de uma educação rigorosa.
Quando a garota tinha idade suficiente para frequentar a escola de magia, seu tio, Lúcio Malfoy, tivera uma conversa com um antigo amigo, Igor Karkaroff, o diretor da Durmstrang. Lúcio fez com que Karkaroff aceitasse de bom grado sua sobrinha. O diretor, é claro, jamais diria não para uma oportunidade tão digna de ser recompensada, embora certamente não esperasse que a garota fosse tão brilhante e destemida quanto era. Ela se destacou em inúmeras disciplinas, como, por exemplo, aula de Alquimia e Artes das trevas. É claro que a pequena Malfoy tinha de quem herdar tais talentos, afinal, era filha de dois grandes bruxos, Severus Snape e a falecida caçula dos Malfoy.
encontrava-se arrumando suas vestes em frente à mansão na qual passou grande parte de sua infância. Localizada em Wiltshire, ao sudeste da Inglaterra, a mansão era uma casa antiga e nobre, na qual viveram gerações e mais gerações de Malfoys. Aproximou-se da porta e, ao abri-la, estranhou o fato do elfo doméstico não estar de prontidão para pegar suas malas. No lugar dele, estava sua tia, Narcisa.
— Bem-vinda, querida — a mulher falou, abraçando a sobrinha, que retribuiu sem muito agrado. Havia passado tempo demais com o lorde das trevas e aprendeu que muito afeto era um estorvo.
— Onde está Dobby? — perguntou, deixando as malas ao encalço da porta. O sotaque búlgaro da garota não passou despercebido por Narcisa, que arqueou a sobrancelha. Três anos foram o suficiente para que o ganhasse, e a Malfoy mais velha ponderou um pouco antes de falar o que havia acontecido com o elfo doméstico da família.
balançou a cabeça em negação. Ela gostava do elfo mais que qualquer um naquela casa e iria sentir sua falta.
— Me admira que meu tio tenha caído em um truque ridículo — proferiu, antes de começar a caminhar em direção às escadas que levavam ao primeiro andar. Narcisa a acompanhava.
— Sim, querida. Mas com todas as coisas que passavam pela cabeça de Lúcio naquele momento, recheado de frustrações, como bem sabe...— Narcisa tornou a dizer. — Jamais imaginaria que o filho dos Potter teria tamanha audácia.
Potter, novamente o garoto que mal conhecia era mencionado por sua família.
— É, estou a par de toda situação. — Não deu mais espaço para conversa. Tudo o que a garota menos queria era começar a debater com sua tia sobre os fracassos anteriores de trazer Voldemort de volta à vida. No último degrau, avistou o corredor que dava direto para os aposentos dos moradores daquela casa. — Creio que meu quarto continua intacto?
— Exatamente como deixou, — a mais velha respondeu, se lembrando de quando a pequena Malfoy havia deixado a Mansão. Poderia parecer uma pergunta tola, mas, desde que foi para Durmstrang, não teve chance de ver seu quarto novamente, e o motivo era simples: estava fora dos planos de Voldemort que ela voltasse para a casa em suas férias.
É claro que o primeiro ano em que soube disso não foi nada fácil. Mas já que Krum e seus outros amigos também permaneciam no Instituto, todos limitando-se a visitar a família poucas vezes ao ano, se sentiu acolhida. Foi com esse pensamento que a garota se direcionou para a última porta. Mas, antes de chegar ao seu quarto antigo, vacilou em frente à outra.
O quarto de Draco.
A garota parou por uns segundos e, antes que tivesse a audácia de abrir a porta, uma voz no andar de baixo chamou-lhe atenção.
— Chegamos, mamãe. — A voz do primo era inconfundível, e ela não precisava vê-lo para saber que era ele ali. E então, tirando-as dos seus pensamentos, os passos vinham largos e rápidos pelas escadas.
escorou-se na parede escura, preparada com seu sorriso mais malicioso. Os passos estavam cada vez mais próximos e quando os pés finalmente chegaram ao topo, Draco vacilou.
Merda, pensou o garoto.
— O que você está fazendo aqui? — O loiro piscou algumas vezes antes de perceber quem estava no corredor. Já fazia um tempo que não via a prima. Desde sua partida, havia permanecido em Durmstrang até mesmo durante suas férias, e Draco tinha que confessar, ela estava um tanto diferente.
Sentiu seu estômago embrulhar, como se malditas borboletas estivessem dentro dele. Talvez fosse a forma como a garota se encontrava agora, mais alta, com os cabelos maiores, mas com aquele olhar sempre característico. Ou talvez fosse apenas pela ausência dela todos esses anos. De qualquer maneira, ele não estava pronto. Assim como não estava pronto antes para deixá-la, também não estava para revê-la.
— É assim que você me dá as boas-vindas? — provocou, se aproximando do primo, e Draco permaneceu estático. Mas, antes que pudesse falar ou fazer qualquer coisa, notou que outra pessoa subia a escada. — Tio Lúcio. — A garota se desvencilhou do primo e foi de encontro ao tio. nutria um carinho enorme pelo homem, que só não era maior que aquele que sentia por seu pai.
— Vejo que aceitou meu convite para a Copa Mundial — Lúcio falou, ao abraçar a sobrinha. Já havia passado da hora da garota voltar para a casa e, é claro, dar início àquilo que todos os Comensais da Morte mais aguardavam. Mal notou, contudo, a cara de espanto que seu filho fez ao ouvir tais palavras.
— E teria como recusar? — Piscou, ao se afastar do abraço do tio. — O senhor sabe que Quadribol é meu único grande amor — brincou, e viu seu tio sorrir. De fato, seu tio sabia o quanto a jovem se destacava como artilheira em sua escola, além de ter consciência de que o garoto Krum e ela eram próximos. — Agora, se me permite, vou para meu quarto. Creio que ainda tenho algumas horas antes de irmos, certo? E já faz um bom tempo desde a última vez em que dormi em uma cama de verdade. — Lúcio assentiu.
Ela não se referia a Durmstrang e sim aos locais nos quais esteve junto ao Lorde das Trevas nos últimos meses.
— Corretíssima — Lúcio falou, mas a garota já lhe havia dado as costas e voltava a andar pelo corredor.
— A propósito, tio. — Virou-se para trás, e Draco não pôde deixar de reparar na prima mais ainda. E, de fato, seu olhar estava cada vez mais marcante, se é que isso era possível. Lúcio, por sua vez, jurava ter visto o fantasma de sua irmã naquele momento. — Foi absolutamente estúpido de sua parte perder Dobby daquela maneira. Parece que o garoto Potter é mais inteligente do que você me falou e subestimá-lo novamente pode custar caro — disse, de forma dura. Nem em um milhão de anos imaginou-se falando com o mais velho assim, mas já havia passado por provações o suficiente para se importar com isso agora. Virou-se de volta e percebeu Draco ruborizar.
Como a garota ousava falar assim com seu pai? O primo, contudo, não sabia o peso que a garota carregava, e ela não se intimidava fácil, tampouco se importava em falar severamente com qualquer pessoa. E, claro, não admitiria que gostava do elfo.
— Lugares de primeira! — exclamava a bruxa do Ministério. Em mãos estavam as entradas do Sr. Weasley. — Camarote de honra, Arthur, suba direto e o mais alto possível.
O grupo do Sr. Weasley era animado e definitivamente agitado. Muito em parte porque, para alguns, era a primeira vez que veria um jogo tão grande de perto. Arthur, Harry, Hermione, Gina, Rony e os gêmeos Weasley subiam as arquibancadas do estádio pé por pé, ficando cada vez mais alto, até chegarem ao topo da escada.
Ali, havia um pequeno camarote armado no ponto mais alto do estádio, situado exatamente entre duas balizas de ouro. Um lugar privilegiado, de fato.
— Olhem só isso! — Harry dizia a Rony e Hermione, apontando para a quantidade de pessoas ali presentes, extasiado por tudo o que via. Nunca esteve em uma Copa Mundial antes, tampouco presenciou um jogo de quadribol em um estádio tão grande quanto aquele e, naquele momento, não era de se espantar que o quadribol em Hogwarts havia até perdido a graça para o garoto.
Fred e George pulavam e agitavam a arquibancada empolgados. Eles, juntamente a Hermione e Gina, torciam para a Irlanda.
Já Harry e Rony esperavam ansiosos a chegada de Viktor Krum, o apanhador da Bulgária.
O camarote foi se enchendo gradualmente. Sr Weasley não parava de apertar as mãos de outros bruxos, que obviamente eram muito importantes, e então Cornélio Fudge apareceu.
Fudge era o Ministro da Magia da comunidade britânica e também companheiro de trabalho de Arthur Weasley. Após cumprimentar o Weasley mais velho, foi que então se dirigiu a Potter. Cumprimentava Harry como se fossem velhos amigos, perguntou como ele estava e o apresentou aos bruxos de um lado e de outro. Feito isso, o Ministro da Magia voltou para um bruxo búlgaro e engataram uma conversa empolgada.
Falavam, claro, sobre Harry.
— Não sou muito bom com línguas — disse Fudge a Harry, ao insinuar sobre a conversa com o búlgaro. — Normalmente, preciso de Bartô Crouch nesses momentos. — Dava tapinhas no ombro de Harry. — Ah, vejo que o elfo doméstico está guardando o lugar dele e… ah, aí vem Lúcio!
Harry, Rony e Hermione se viraram depressa. Avançando vagarosamente pela segunda fila, em direção a quatro lugares ainda vazios, bem atrás dos Weasley, vinham nada mais, nada menos, que Lúcio Malfoy e seu filho Draco, que estava com uma expressão que Harry nunca havia visto antes. Não que Draco já tivesse tido uma cara de bons amigos de qualquer forma.
Atrás deles, contudo, vinha uma mulher que Harry supôs ser sua mãe e, logo após ela, uma garota com cabelos tão loiros quanto os de Draco e Lúcio.
Ao olhar mais atento para a menina, Harry sentiu sua cicatriz arder. Hermione e Rony notaram a reação de Potter no mesmo instante e, quando viraram para ver o que Harry observava, ficaram completamente confusos. Draco tinha uma irmã? A garota, contudo, não aparentava ter o mesmo olhar que os outros Malfoy.
Não! Seus olhos não eram claros como os demais. Os olhos da garota eram tão escuros quanto breu e, quando ela os voltou para Harry, ele pôde jurar que já havia presenciado aquilo antes.
— Ah, Fudge — disse o Sr. Malfoy, estendendo a mão em cumprimento ao chegar mais próximo. — Como vai? Acho que você não conhece minha mulher, Narcisa, e nem nosso filho, Draco. — Apontou para seus acompanhantes.
— Como estão, como estão? — disse Fudge, se curvando à Sra. Malfoy. — E essa deve ser… — Aproximou-se da garota.
— Eileen Malfoy. — Foi a vez do bruxo búlgaro falar. — É um prazer revê-la. — Fez reverência à garota, e, ao julgar pela expressão de surpresa que Fudge mostrou, certamente ela era importante. — Desculpem minha intromissão, é claro. Sou Obalonsk, Ministro da Magia da Bulgária — cumprimentou Lúcio, que apertou sua mão. — Reconheceria esse rosto em qualquer lugar. Fico feliz que a nossa seleção tenha uma bruxa como você na torcida. — A garota tornou a sorrir.
— Obrigada, senhor — disse cordialmente e apertou a mão do ministro. Foi a primeira vez que Harry a ouvia falar, ainda assim, a voz dela era estranhamente familiar. Ele apenas não sabia, ou não lembrava o porquê.
— Mas é claro que o senhor conhece minha sobrinha. — Agora foi a vez de Lúcio falar diretamente para Fudge. — Filha da minha falecida irmã, Katrina. — O Sr. Weasley foi o próximo a arregalar os olhos.
— Mas é claro! — O Ministro apertou a mão da garota, que deu um sorriso de lado. — E vejamos quem mais. Você conhece Arthur Weasley, imagino?
Foi um momento tenso. Sr. Weasley e Sr. Malfoy se entreolharam, e Harry se lembrou da última vez que os vira juntos. Fudge, que não estava prestando atenção nos olhares de ambos, comentou:
— Lúcio acabou de fazer uma generosa contribuição para o Hospital St. Mungus. Está aqui como meu convidado.
— Que bom — Sr. Weasley disse, com um sorriso muito forçado.
Os olhos de Lúcio se voltaram para Hermione, que corou de leve, mas retribuiu o olhar. Harry sabia exatamente o que Lúcio pensava. Ele acenou com desdém para o Sr. Weasley e continuou a avançar em direção aos lugares vazios. Então, o que Harry menos esperava aconteceu.
— Por Merlim, Weasley — disse Draco baixinho quando veio em sua direção. — Que foi que seu pai teve que vender para comprar lugares no camarote? — disse com desdém, e Rony estava prestes a avançar no garoto, até que mãos femininas tocaram os ombros de Draco.
— Que tipo de educação você anda tendo, priminho? — falou tão arrogante quanto o primo, e os outros puderam, pela primeira vez, perceber que a garota tinha um leve sotaque. Búlgaro. Apostaram.
Draco, entretanto, ficou tão vermelho quanto os cabelos de Rony quando a garota falou.
— Sou Malfoy. É um prazer conhecê-los. — Olhava fixo a Harry. — Acredito que os senhores devem ser Potter, Weasley e, é claro, Granger. Meu primo falou muito sobre vocês — pontuou, enquanto olhava de um para outro. — Espero que curtam o jogo. — E saiu levando seu primo consigo.
— Babacas nojentos — murmurou Rony, quando ele, Harry e Hermione tornaram a virar para o campo. Naquela altura, os três tiveram certeza de que o jogo seria maravilhoso e, no outro instante, Ludo Bagman adentrou o camarote de honra.
Bagman direcionou a palavra para o ministro, que lhe deu carta branca. Em instantes, Ludo puxou a varinha, apontou para a garganta e disse “Sonorus!”. E então, um “boas-vindas” em uma voz alta e clara ecoou em cada canto das arquibancadas, apresentando os mascotes de cada time e finalmente os jogadores de cada, começando pelos os da Irlanda. Potter, Granger e os Weasley pularam de alegria, ficando ainda mais atentos e animados quando começou a ser anunciado o time nacional de quadribol da Bulgária.
— Por ordem de entrada: Dimitrov! Ivanova! Zograf! Levski! Vulchanov! Volkov! E… — Colocou suspense na voz. — Krum!
Um vulto vermelho montado em uma vassoura apareceu. Ele voava tão veloz que se um deles piscasse, o jogador viraria um borrão. Krum disparou pelo campo e um aplauso frenético dos torcedores da Bulgária foi ouvido. Todos gritavam.
“Krum... Krum… Krum...”
— É ele, é ele — berrou Rony a Harry, e ambos acompanharam Krum com o onióculo que ganharam. E, de repente, Krum se aproximou tão rápido da arquibancada onde os dois estavam que Harry e Rony piscaram algumas vezes até entender o que estava acontecendo.
Quando perceberam, os cabelos loiros quase brancos da garota Malfoy estavam no meio dos dois. O que aconteceu a seguir foi o mais estranho ainda. Rony estava tão estático por Krum estar parado tão próximo que se um deles esticasse a mão, o alcançaria. E então a garota Malfoy se apoiou na proteção da arquibancada e saltou para Krum, que a pegou com agilidade em sua vassoura.
A torcida urrava em alegria. Ambos sobrevoam o campo acenando. Harry olhou para trás e identificou os Malfoy sorrindo para a garota. Draco, entretanto, permanecia fechado. Odiava a atenção toda que estavam dando à garota.
Os outros jogadores da Bulgária se aproximaram de Krum e da garota e agradeceram juntos o entusiasmo dos torcedores. Ron não parava de dizer o quanto a garota tinha sorte, e Hermione perguntou para o Sr. Weasley se aquilo era normal de acontecer.
— Não exatamente, querida — Sr. Weasley falava gritando para que Hermione entendesse. — Mas se essa garota for quem eu penso que é, ela é tão boa apanhadora quanto Viktor Krum. — Ron virou-se para o seu pai.
— Impossível — sussurrou.
— Não, não é. — Fudge intrometeu-se. — estaria jogando na seleção da Bulgária agora se não fosse o fato de a garota morar aqui — continuou. — A pequena Malfoy é uma das únicas meninas a estudar em Durmstrang — pontuou. — Os búlgaros estão extasiados dessa forma, pois sabem quem ela é e o que ela faz. Agora vamos, vamos! O jogo já vai começar.
E assim, após Krum trazer a garota, a voz de Bagman ecoou pela arquibancada novamente em um belíssimo “Começou”.
Ao final do jogo, os Weasley, Harry e Hermione voltaram para o acampamento. Fred e George comemoravam animados a vitória dos Irlandeses.
Ron continuava a afirmar que a vitória foi injusta e a cada três frases ditas por ele, uma era sobre Viktor Krum e seu talento. Gina e Hermione pareciam indiferentes com os meninos. E quando Harry ria com a reação de Ron e dos gêmeos, que pegavam em seu pé, um tumulto estranho, acompanhado de vários gritos, se formou do lado de fora da barraca. Sr. Weasley ficou atento.
— Os irlandeses estão empolgados com a vitória — Jorge comentou.
— Shiu. — Sr. Weasley pediu silêncio aos garotos. — Não são os irlandeses.
A sequência de fatos a seguir foi amedrontadora. Sr. Weasley deu instruções claras aos filhos e amigos. Ambos deveriam voltar para a chave de portal. Os gêmeos se encarregaram de cuidar de Gina e corriam mais à frente dos outros três. Era um tamanho tumulto, pessoas correndo de um lado e de outro, barracas pegando fogo e estranhos bruxos com máscara e encapuzados vinham murmurando palavras que o grupo não conseguiu identificar. Alguém esbarrou em Harry e o fez cair no chão, perdendo a consciência e o restante do grupo. Quando Harry acordou, o acampamento estava vazio. Apavorado, Harry tentou se esconder dos encapuzados, atitude essa que foi certeira, pois, logo em seguida que o garoto se escondeu, um dos bruxos conjurou um feitiço que fez uma cobra gigantesca em forma de fumaça verde aparecer no céu. Saía da boca de uma grande caveira. A cicatriz de Harry doía freneticamente e, tendo mais sorte do que nunca, os encapuzados se foram. Quando Harry estava sentindo que não havia mais chances, uma voz conhecida gritava seu nome.
— Harry! Harry. — Hermione vinha em sua direção, juntamente de Rony. Os três amigos se abraçaram forte. — Estávamos tão preocupados.
— Estou bem — Harry falava abafado pelos braços. — Quem eram aquelas pessoas?
— Harry, aqueles eram… — Ron estava prestes a falar, até que quase foram atingidos por raios vermelhos e membros do ministério avançaram para eles, gritando:
— Estupefaça!
Por sorte, Sr. Weasley chegou para intervir.
— PAREM! SÃO MEUS FILHOS — gritou o ruivo, desesperado, se enfiando frente aos colegas de trabalho. — SÃO APENAS CRIANÇAS!
— Quem conjurou aquela marca? — Bartolomeu Crouch apontava a varinha para os três bruxos. Depois daí, muitas coisas tiveram que ser explicadas.
verificava pela última vez se havia pego todas as coisas da lista da escola nova. Vestiu suas vestes, pegou seu malão e assobiou para Penny, sua coruja. A coruja então pousou agilmente em seu ombro assim que um barulho na porta do quarto foi percebido.
Malfoy virou-se.
— Entre — falou, e a porta se abriu, revelando duas pessoas.
— Pegou tudo? — Snape encontrava-se parado na porta junto de Tom, o dono do Caldeirão Furado.
— Sim, senhor. — aproximou-se de seu pai, trazendo as malas consigo. — Obrigada pela hospedagem — agradeceu a Tom.
— Deixe me ajudá-la, senhorita. — Tom apressou-se para segurar a mala da garota, escapando por pouco de uma bicada da coruja, e seguiu pelo corretor. fechou a porta atrás de si e tornou a andar junto de seu pai.
— Seu tio nos espera lá embaixo. — Pousou a mão sobre o ombro da garota, aquele que a coruja não ocupava. — Creio que você não vai querer utilizar o expresso Hogwarts, correto?
— Corretíssimo. Prefiro o jeito que estou acostumada. — Sorriu para o pai
Quando a dupla foi ao andar de baixo, a figura do segundo Malfoy foi vista. Lúcio se aproximou da sobrinha, que soltou Penny, segurou firme o malão que Tom trouxera, e tanto Severus, quanto Lucio, seguravam firme os ombros da menina.
— Pronta? — Snape perguntou à garota
— Como nunca — disse, sorrindo. E então os três aparataram.
Hogwarts era maior que Durmstrang em todos os aspectos, tinha que admitir.
O castelo estava centralizado em cima de montes de terras e rochedos. Tinha terrenos vastos, um lago, e pôde jurar que uma das mais densas florestas que ela já vira.
Todos os outros alunos da escola já haviam chego, e, pelas instruções de seu pai, se encontravam no Salão Principal. Um homem magricela, de cabelos cinzas e uma pele um tanto quanto pálida, junto de uma gata horrenda, se encontrava frente a uma grande porta de carvalho. Porta essa que descobriu ser, mais tarde, do Salão Principal. Snape se direcionou até o homem e falou algo em seu ouvido. O homem então se apressou para entrar no Salão e, em segundos, seu pai já havia voltado a se posicionar ao seu lado, junto de seu tio.
Dentro do Salão, Potter e seus amigos escutavam atentos às palavras do diretor:
— Atenção todos, por favor... Antes de darmos início ao banquete, gostaria de dizer algumas palavras. — A voz do diretor se fez presente e rápida, todos ficaram em silêncio. — Não é muito comum as escolas de magia fazerem transferência. Contudo, devido a alguns fatos envolvidos, tenho o prazer de receber uma nova aluna. Filha de nosso querido professor de poções, Severus Snape, por favor, recebam a senhorita Eileen Malfoy.
Todos os alunos ficaram surpresos. Ouvia-se vários comentários engraçados: “Quem teve coragem de ter um filho com Snape?”; “A garota deve ser tão chata quanto o pai”; “Imagina como ela deve se aparecer”; “Malfoy, por que Malfoy?”.
Contudo, o trio da Grifinória permanecia estático em seus lugares, mais confusos do que nunca. Sabiam que a garota era prima de Malfoy, mas filha do professor Snape? Aquilo era no mínimo estranho!
Mas não tiveram muito tempo para agir, pois logo as grandes portas de carvalho foram abertas e Lúcio Malfoy, Severus Snape e vinham pelo corredor do Salão Principal.
A primeira coisa que Harry notou foi o olhar que a garota pousou sobre ele. Era confuso, Harry então se tocou de onde conhecera o olhar da garota antes…
Ele era igual ao do pai.
Draco, por sua vez, se irritou com as piadinhas de seus amigos a respeito da prima, mas não deixou de se perguntar que diabos a garota fazia ali. Afinal, achou que a visita da prima se limitava apenas à Copa Mundial de Quadribol.
prestava atenção em todos e em tudo. E apesar de não admitir, ela havia se admirado com as milhares de velas que iluminavam o lugar. Os demais alunos permaneciam sentados na mesa de cada casa e, bem ao centro, embaixo da mesa que notou ser dos professores, se encontrava um chapéu velho, roxo e surrado.
O chapéu seletor.