Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 31/10/2024.Era um vazio completo.
Forçou as órbitas mais algumas vezes e as abriu, logo sendo invadida pela claridade do local, que fez com que piscasse algumas vezes em busca do foco de sua visão. E quando o encontrou, dois rostos desconhecidos apareceram em seu campo, fazendo com que a menina desse um pulo no lugar em que se encontrava deitada. Não conhecia nenhuma das garotas que estavam diante dela e, muito menos, o lugar em que se encontrava.
Sentiu-se sufocada ao constatar o tamanho do cômodo. As paredes com a tintura descascada davam a aparência de um local abandonado e um embrulho no estômago se fez presente quando detectou o odor forte de urina que havia ali, misturado ao de umidade.
Voltou seu olhar mais uma vez para as meninas, recebendo olhares assustados em sua direção e percebendo o lábio de uma delas um tanto inchado, o que fez com que seus sentidos entrassem em estado de alerta. Abriu a boca, tentando encontrar sua própria voz para questionar o que estava acontecendo ali, mas sentiu que sua garganta doía e um nó havia se formado. Respirou fundo, repetindo para si mesma que precisava manter a calma, por mais crítica que fosse sua situação, e quando se sentiu segura o suficiente para tentar mais uma vez, ouviu-se em um tom rouco, muito diferente do habitual.
— Que lugar é esse? — esperou por uma resposta, mas tudo o que recebeu foi apenas um aceno de cabeça em sinal de negação, o que indicava que nenhuma das duas fazia ideia.
Mordeu o lábio, tentando ignorar o quanto sua cabeça latejava, bem como a sensação de que desmaiaria a qualquer momento.
Observou as duas garotas por alguns segundos. Não eram muito diferentes dela. Todas tinham longos cabelos castanhos e lisos, o corpo pequeno e olhos escuros.
— Quem é você? — se assustou ao ouvir a voz de uma delas, que soou tímida e tão amedrontada quanto ela.
Porém a resposta nunca veio.
De maneira brusca, a porta, que ela mal havia notado, se abriu, revelando alguém que lhe pareceu levemente familiar, embora a garota tivesse certeza de que nunca havia lhe visto antes.
Percebeu que uma de suas companheiras levou as mãos à boca, sufocando um grito de pavor e aquilo fez com que seu corpo inteiro se arrepiasse e ela se encolhesse, numa maneira tosca de se proteger.
— Não, não! Por favor, não! — a outra começou a gritar e sem que pudesse fazer nada para ajudá-la, assistiu a moça ser arrastada para fora do cômodo.
Seus olhos se encheram de lágrimas, o medo soprava em seus ouvidos todas as coisas terríveis que poderiam acontecer a qualquer momento e ela abraçou as próprias pernas.
Enquanto se balançava, chorando e temendo por sua própria vida, a garota ainda conseguia ouvir os gritos.