Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 31/10/2024.Era essa.
Números.
E era péssimo em matemática.
Dentro do bolso da sua jaqueta, tirou o papel que havia encontrado há instantes, sabendo que era a sua última tarefa. Um risco de sangue escorria pelo lado esquerdo do seu rosto, e sua perna doía por ter caído e batido num prego em uma armadilha.
Ouviu o ranger da cômoda. Como a parede se encontrava em movimento, os móveis postos naquele corredor igualmente moviam-se. Os quadros presos tremiam e as luzes começavam a piscar.
“Os dez primeiros números primos. Do maior para o menor”.
A adrenalina percorria as suas veias. Passou a língua pelo lábio superior, mas sua boca se encontrava seca. Focou, no entanto, seu coração batia descompassadamente.
— Droga! Tá, o que é um número primo? É um número divisível por 1 e por ele mesmo — falou nervosamente. — Hã. Tá, vamos lá. Você aprendeu isso.
Bateu um dedo na testa e se concentrou. A cômoda bateu em seu quadril e teve que pular, pois a outra parede se movia e começava a quebrá-la. Seus pés fraquejaram, mas manteve-se atento à fechadura. Digitou o 9. Sua mão tremeu.
A cômoda quebrou totalmente, um dos seus pés vacilou pra dentro e torceu pro lado. Uma dor lancinante o atingiu. Gemeu e fechou os olhos. Um risco de suor desceu pela sua testa. Ao abrir os olhos, esticou a mão, engoliu seco e tentou digitar o próximo número, todavia seu outro pé cedeu assim que as duas paredes se aproximaram mais.
Olhou para os lados, com os olhos arregalados, e começou a sentir a pressão tomar conta do seu corpo. Fechou os olhos fortemente e gritou, não havia mais o que poderia ser feito. Ele tinha perdido o jogo.