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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 06/03/2025.

“Meu reflexo estava na janela do trem,
Enquanto eu embarcava numa nova cidade.”

— All My Love Is For You / Girls Generation



— Ah… — Dei um suspiro cansado assim que desembarcamos no Aeroporto Internacional de Incheon. Era visível minha insatisfação naquele momento.
— Pandinha, pare com essa cara. — Minha mãe se aproximou de mim e segurou em minha mão, me dando o braço para me apoiar nela. — Pense que será o ano mais divertido em sua vida.
— A senhora sabe que meu currículo acadêmico não fica nada divertido com essas mudanças. — A olhei contrariada.
— Aish, que menina mais nerd. — Ela riu de leve. — Eu deveria ser grata por isso, mas você está se sobrecarregando antecipadamente por causa dos seus estudos.
— Mesmo assim…
— Além do mais… — ela me interrompeu. — Olhe pelo lado bom, agora você vai estudar em um país onde alunos passam até dezesseis horas por dia com a cara nos livros, até sete dias por semana. — Mamãe me lançou um olhar de: te peguei. — Não deveria estar animada e contente por isso?!
— Omma?! — Suspirei novamente. — Eu sou nerd, não masoquista.

Ela soltou uma gargalhada alta, fazendo as pessoas que passavam perto olharem para nós.

— Agora te peguei, panda nerd. — Ela riu mais um pouco. — Tenho certeza de que minha filha querida vai sobreviver a isso, você tem um ponto positivo.
— Qual? — Agora estava curiosa.
— Seus pais não irão te crucificar se você não entrar no top10 dos melhores alunos. — Ela riu mais um pouco, parecia estar zoando com a minha cara, era típico da minha mãe.

Porém amava esse seu lado descontraído, já que meu pai era um pouco mais sério e fechado, isso era mais visível do que suas diferenças culturais.

— Está tudo bem? — perguntou papai, ao se aproximar de nós, empurrando o carrinho de bagagens.
— Sim. — Assentiu mamãe ao sorrir para ele, voltando sua face para meu irmão. — Jinho, largue esse game portátil. Acabamos de chegar e só pensa em jogos.
— Omma, estava entediado — resmungou ele, mantendo seu olhar para o jogo. — Passamos mais de doze horas em um avião.
— Por isso mesmo. Este primeiro momento é crucial para respirar ar puro e ver paisagens novas — retrucou ela.
— O que sua mãe disse?! — Meu pai, em seu tom reconhecível de autoridade, o olhou sério. — Precisarei guardar eu mesmo?
— Aniyo — disse ele, desligando o aparelho e guardando na mochila. Claro que sua cara estava emburrada.

Omma segurou o riso e deu uma piscada disfarçada para papai, que sorriu de canto. Meu pai era muito rigoroso quanto ao respeito que deveríamos ter com nossa mãe, isso me fazia admirá-lo ainda mais, o carinho que ele demonstrava de forma discreta por ela era fofo e, em alguns momentos, engraçado, o que me fazia ficar curiosa se todos os outros homens coreanos eram assim.

— Então, vamos? — disse minha mãe, continuando de braços dado comigo.
— Sim, vamos. — Meu pai ajeitou a bolsa transversal que estava em seu ombro e seguiu na frente.
— Vamos de táxi? — perguntei a minha mãe, enquanto seguíamos ele.
— Não, seu pai reservou um carro para irmos mais confortáveis.
— Quando foi isso? — indaguei, meu pai era sempre precavido.
— Pouco antes de embarcarmos de Lisboa — respondeu ela. — Ele ligou para a companhia e reservou um.
— Faz sentido. — Desviei meu olhar para as pessoas que passavam por nós, todas pareciam apressadas com sua vida.

Assim era a rotina coreana, as pessoas sempre estavam com pressa para fazer algo.

— Omma, estou com fome — reclamou Jinho, com uma voz desanimada.
— Você comeu no avião — disse minha mãe de forma despreocupada.
— Mas ainda estou com fome — reclamou ele novamente.
— Assim que entrarmos no carro, te dou algo. — Ela deu um suspiro fraco. — Esse menino só come e joga.
— Agradeça por ele ter o metabolismo acelerado — brinquei, rindo.
— Yah, isso é coisa que se brinca?! — Ela me olhou como se tivesse matado minha indireta. — Este ano, Jinho não me escapa. Colocarei ele em uma aula de natação, não o deixarei nessa vida sedentária. — Seu tom estava confiante.
— Está falando como uma mãe coreana. — Eu ri de leve.
— Sua boba. — Ela riu também. — Morreu aí, Jinho?
— Não, omma. — Ele se aproximou mais de nós. — Mas se não comer…
— Yah, deixe de ser manhoso, little Jini — disse, o chamando pelo apelido que minha mãe sempre lhe dava, assim como o meu era pandinha.
— Ahhh… Só a omma pode me chamar de little Jini — reclamou ele, assim que eu esfreguei minha mão em sua cabeça, bagunçando seu cabelo.
— Sou sua irmã mais velha, por isso vou te chamar assim, sim — retruquei.
— Jini e Pandinha… — Minha mãe nos olhou, como se dissesse que se aquela brincadeira rendesse, sairia briga.
— Omma, não nos olhe assim, não está vendo o amor exalando de nossos corações — brinquei, fazendo ela rir.
— Chegamos — disse papai, parando pouco mais à frente, diante de um carro que parecia ser da empresa. — Todos entrando, temos mais duas horas até Daejon.

Duas horas a mais…
Pelo menos teríamos paisagens pelo caminho.

Appa é um coreano que passou parte da sua juventude estudando nos Estados Unidos, já minha mãe, uma brasileira que, após lutar muito para conquistar seu sonho, conseguiu se graduar em gastronomia, tendo a chance de fazer MBA na França, o país onde se conheceram. E 18 anos após o casamento mais rápido do mundo, eles ainda são muito apaixonados um pelo outro, mesmo depois de tantos anos, muitas dificuldades e preconceitos de diversas pessoas. Algumas dessas pessoas eram meus avós, que não aceitaram muito essa mistura cultural, porém, mesmo assim, eles se casaram e, graças a isso, estou completando 16 anos nesta data.

Eu sou a mistura dos dois que nasceu quando eles tiveram que morar em Sydney, na Austrália, e meu irmão Jinho, de 10 anos, é a mistura que nasceu em Tóquio, no Japão. Deveria ser uma data alegre, já que era meu aniversário, mas, depois de 3 meses tentando me adaptar à nova rotina que tínhamos em Lisboa, mudar novamente fez meu dia ser esquecido por todos. Nossa nova localização seria Daejon, há 150km da capital Seoul.

— Estão muito calados, dormiram aí atrás? — perguntou minha mãe, rindo.
— Estou comendo — respondeu Jinho, após terminar de engolir. — Não posso jogar.
— Não mesmo. Aproveite a paisagem, tenho certeza de que sua imaginação te ajudará a não se entediar — sugeriu meu pai, que mantinha sua atenção na estrada.
— Appa deu uma boa sugestão. — Desviei meu olhar novamente para a janela do carro, ajeitando o fone direito que estava no ouvido. — Mas eu prefiro fazer isso com um fundo musical.
— O que está ouvindo? — perguntou minha mãe. — Música clássica?!
— Não. — Eu ri. — Estou ouvindo a ost de Boys Over Flowers.
— O primeiro dorama a gente nunca esquece — comentou ela, num tom saudoso. — Sempre me pego ouvindo a ost de Hana Kimi.
— Clássicos da vida. — Eu ri.

Tinha mesmo que distrair a minha mente, pois a cada vez que me lembrava da minha nova vida escolar, nesta altura do ano letivo europeu, eu teria que sobreviver o dobro e não me deixar ser prejudicada. Toda essa mudança veio através da multi-concessionária onde papai trabalhava. Sendo um membro da diretoria muito competente, o fazia ter que mudar com frequência. Sempre que surgia um problema em alguma filial era ele quem resolvia.

Enquanto meu irmão estudaria na Song Elementary School, que ficava perto de onde moraríamos, eu iria estudar na Daejon Cho High School, um colégio particular, onde o dono era amigo de infância do papai. Nem quero imaginar como será meu primeiro dia de aula. Quando appa estacionou o carro e nós descemos, não resisti em soltar um suspiro desmotivado. Depois de tantas casas lindas e espaçosas, moraríamos em um apartamento. Entramos no edifício, um rapaz que ficava na recepção nos cumprimentou e ajudou a carregar as bagagens, como sempre nos mudávamos, então não acumulávamos muita coisa além das roupas do corpo.

Sétimo andar, apartamento 702. Mantive meu olhar desinteressado no celular ao sair do elevador, aquela distração me fez derrubar minha pasta de desenhos, que estava carregando comigo.

— Eu te ajudo — disse um homem, ao se aproximar. Ele pegou a pasta e me entregou. — Aqui.
— Oh, obrigada. — Eu me curvei em agradecimento, meio sem graça, ainda não tinha me acostumado com o lado mais formal dos coreanos, pois sempre era tão informal com meus pais.
— Espero que se acomodem bem. — Ele deu um sorriso de boas-vindas que me fez ficar encantada.
— Obrigada — disse minha mãe, ao se posicionar ao meu lado. — O senhor mora aqui também?!
— Sim, sou o professor Han. — Ele abanou a cabeça. — Se precisarem de ajuda.
— Agradecemos, mas está tudo sob controle. — Minha mãe se curvou de leve. — Vamos, querida.

Nos despedimos dele e fomos até nossa porta.

Demorou em pouco para appa configurar o sistema de segurança e escolher a senha da fechadura. Quando entramos, me deparei com um apartamento todo decorado e mobiliado num estilo simples, porém a sofisticação básica da minha mãe exalava em cada um dos móveis. Me perguntava como aquele lugar tinha sido decorado e se ela realmente tinha parte nisso. Por mais que sua profissão fosse da gastronomia, mamãe amava assuntos referentes a decoração, era uma fã de Irmãos a Obra e jogava mais The Sims que eu se duvidar. Me pergunto o motivo dela não ter feito faculdade de arquitetura ou design de interiores.

Uma notícia boa?!
Três quartos, ou seja, eu teria minha privacidade.

Isso me deixou mais animada. Quando entrei no meu quarto, reconheci rapidamente a colcha de patchwork que a vovó Margarida tinha me dado de presente de aniversário. Senti que podia fazer daquele pequeno espaço o meu novo refúgio do mundo. Abri as malas e comecei a organizar minhas roupas no armário, ao final, olhei para meu amigo de infância, meu gato de pelúcia que eu chamava de Heebum, retirei da mala e o coloquei em cima da cama.

Abri as cortinas e deixei o vento entrar, ainda era dia, acho que estava quase na hora do almoço. Terminei minha arrumação e fui para cozinha. Omma estava preparando um lanche rápido para o nosso almoço.

— Veio me ajudar, pandinha? — perguntou ela, quando entrei.
— Sim, por onde começo? — Eu sorri.
— Pegue os pratos e os copos naquele armário. — Ela apontou para a minha esquerda. — Coloque na mesa de jantar para mim.
— Tudo bem! — Caminhei até o armário e abri a porta. — A senhora parece muito familiarizada com esse apartamento, além da decoração ser do seu gosto.
— Está se perguntando como fui capaz de fazer isso antes de nos mudarmos para Daejon? — Ela riu de leve.
— Basicamente. — Retirei primeiro os pratos para colocar na mesa.
— Estava fazendo isso desde as férias do Natal passado — explicou.
— Hum, por isso ficamos na casa da vovó Margarida.
— Exatamente — confirmou.
— O que estão fazendo? — perguntou Jinho, ao entrar na cozinha.
— O que mais gosta? — respondeu omma, com outra pergunta.
— Vocês não sabem fazer jogos — brincou ele, rindo. — Omma, o que vamos comer?

Não demorou muito e finalmente fizemos nossa primeira refeição na nova casa, e como não tínhamos muita coisa para fazer nesse primeiro dia, minha mãe nos fez ir às compras com ela no mercadinho que havia perto de casa. Logo à noite, me confinei em meu quarto para trocar algumas mensagens com minha única amiga real, Lira. Nos conhecemos de uma temporada que morei em Belo Horizonte, no Brasil, e continuamos a ser amigas, sempre mantendo contato através do whatsapp.

Quando o sol saiu, senti que meu corpo não queria se desfazer do conforto da nova cama, ainda estava com sono, tinha ido dormir tarde, após passar horas conversando com a Lira. Me levantei assim que o despertador tocou pela terceira vez. Me alonguei, espreguicei e até pensei em me deitar novamente, mas um toque na porta me alertava que era minha mãe garantindo que eu havia acordado.

— Estou me arrumando — eu disse.

Me arrumando?!

Nem consegui me arrumar direito, pois a troca de olhares que eu tinha com minha cama era tão intensa. Quando cheguei à cozinha, segurando a mochila, minha mãe me convenceu a acordar, me dando uma xícara de chocolate quente.

— Aqui, querida. — Ela esticou o copo e sorriu.
— Komaweyo, omma. — Eu peguei, estava meio quente.
— Hum, se quiser, posso levar você e seu irmão de carro — se ofereceu.
— Não! — Eu a olhei, tomei todo o chocolate e coloquei o copo em cima da mesa. — Prefiro ir sozinha.
— Como assim sozinha? É seu primeiro dia. — Ela me olhou espantada. — E se você se perder?
— Omma, passei a noite pesquisando no google maps. Eu ficarei bem — respondi, confiante em meu senso de direção.
— Então, vá em segurança. — Ela sorriu de leve. — E fighting!
— Fighting!

Não queria passar por algum constrangimento por causa da minha mãe.

Alunos coreanos não tinham boa fama.

Eu saí primeiro após mais algumas observações dela sobre a estação que deveria parar e como eu deveria me comportar no meu primeiro dia. Uma curiosidade: o sistema educacional coreano é um pouco diferente, as aulas começam em março e finalizam em fevereiro, tendo recesso em meados de julho e agosto por causa das férias de verão, e finais de dezembro para as férias de inverno, por causa do Natal e ano novo. Eu finalmente iria conhecer a linda rotina dos alunos asiáticos, que estudavam as vezes até quase 18 horas por dia. Minha aula seria das 7:30 da manhã até às 17hrs da tarde, seria um desafio passar mais de 9 horas estudando. Como não fazia amigos nos lugares que morava, meu passatempo era livros e estudo. No geral, não seria tão ruim assim!

Legal começar a estudar em plena segunda-feira.

Foi neste mesmo dia que minha vida entrou em um ritmo de adrenalina. Quando cheguei à escola, fui diretamente para secretaria, precisava assinar alguns documentos e pegar minha folha de horários. Foi um leve momento de distração, procurando meus documentos na mochila, que me fez trombar em uma pessoa, derrubando minhas coisas no chão.

— Yah! — disse o garoto, num tom alto e rude.
— Ah, me desculpa. — Eu olhei, me curvando, e logo abaixei para pegar tudo que tinha caído.
— Olha por onde anda, novata. — Ele se abaixou e pegou justo meu passaporte, já abrindo para ler meu nome. — .

Uma risada discreta e ele esticou a mão, me entregando com um sorriso prepotente.

— Obrigada. — Me curvei de novo e quando fui pegar, ele deixou cair de propósito.
— Ops. — Seu olhar continuou sério. — Acho que deixei cair.
… Yah, vamos — gritou um menino que estava perto da escadaria.
— Vou me lembrar disso, novata estrangeira. — Ele saiu tranquilamente. Reparei na sua mão direita, estava enfaixada e balançava uma corrente de prata.
— Belo primeiro dia — sussurrei para mim, enquanto pegava meu passaporte.

Após preencher o resto dos papéis que faltava, uma senhora muito simpática meu deu minha folha de horários e me disse onde era minha sala, a prestigiada 2-2. Ao chegar à porta, outra surpresa, mas esta era boa, o professor responsável era o senhor super legal que havia oferecido ajuda na noite anterior, professor Han.

— Miayeonghaseyo! — Eu sorri e entreguei o papel da minha transferência.

Ao ler o que estava escrito, ele caminhou até a frente da classe e anunciou a minha presenta. Segundo constrangimento:

Me apresentar para todos.

— Miayeonghaseyo, imnida. — Sorri de leve. — Cuidem bem de mim.
— Seja bem-vinda. — O professor Han sorriu com gentileza. — Novamente.
— Obrigada. — Me curvei em respeito novamente e caminhei até uma carteira ao lado da janela que estava vazia.

Aquela providencial janela dava vista para o pátio central e a quadra de esportes. Bem debaixo de uma árvore, deitado em um banco, estava o pesadelo de nome , com mais quatro garotos, incluindo o da escadaria.

— Aqueles são o Prince Line, se acham os donos da escola — disse o menino que estava sentado na minha frente.

Percebi seu tom amargo.

— Imagino. — Respirei fundo, desviando meu olhar para ele.
— Prazer, sou ! — Ele sorriu gentilmente. Seu olhar era sereno e ao mesmo tempo profundo.
— Prazer, pode me chamar de se quiser. — Sorri de volta.

Ele se virou para frente, o professor Han iria começar a falar sobre a importância da Literatura nos dias atuais, além de nos passar o primeiro trabalho do semestre. Mesmo tendo um professor tão lindo e gentil, eu não conseguia me concentrar, acho que meu cérebro estava meio travado por causa da recepção na secretaria. Sorte que percebeu e se ofereceu para me passar suas anotações.

No intervalo, eu e nos sentamos em uma mesinha perto do refeitório. Ele era realmente gentil e super educado, me contou um pouco como era a rotina de estudos no país e me deu algumas dicas para que eu pudesse me adaptar com facilidade. Nossa conversa estava interessante, até o grupinho se aproximar. Comecei a me controlar internamente, vendo aquele presunçoso vir em nossa direção.

— Novata estrangeira — disse , ao se aproximar, se sentando ao meu lado, ficando de costas para a mesa e se encostando à ela.
— O meu nome é… — Eu olhei, tentando manter minha educação.
. — Ele me interrompeu. — Eu sei.

Os amigos dele se encostaram na parede que tinha perto e ficaram nos olhando.

— Desculpe, mas está nos atrapalhando — disse , com uma voz séria.
— Ha...ha...ha… — deu uma gargalhada e se virou para ele. — Quem é você? Namorado dela?
— O quê? — Eu me levantei. — Ele é meu amigo e você está realmente nos atrapalhando.
— Não vou demorar. — Ele se levantou e me encarou. — Graças a você, me atrasei para aula e isso me custou uma punição.
— Eu já pedi desculpas. — Olhei, não demonstrando fraqueza.
— Suas desculpas não são suficientes. — Ele pegou a maçã que estava na minha bandeja. — Nos vemos na saída.

Ele deu uma leve piscada para mim antes de se afastar, me deixando paralisada por um momento.

— O que você fez? — perguntou .
— Eu trombei nele quando fui à secretaria, mas pedi desculpas. — Eu o olhei meio sem entender.
— Bem, ele não é muito de aceitar desculpas. — Ele suspirou fraco. — Como eu disse, Prince Line se acham os reis da escola.

Bufei de leve, tentando não ficar revoltada. Não podia criar problemas, não no primeiro dia, o que meus pais pensariam? Eu era o orgulho acadêmico deles. Voltamos para sala para mais uma jornada e exercícios. pediu dispensa mais cedo, ele tinha que ir ao médico pegar uns exames para sua mãe. Passei o resto da aula tentando me concentrar nas tarefas de geometria e como iria preencher os relatórios de literatura, porém a gentileza do professor Han me fazia perder um pouco a noção do tempo e espaço. Assim como todo o restante das meninas da sala!

Quando me dei conta, já era 17:15. Todos da sala já haviam ido, quando o professor veio me chamar para a realidade.

— Ah! — disse, ao acordar do transe.
— Estava me ouvindo? — perguntou ele.
— Oh, desculpa, o que disse?
— Está na hora de ir. — Ele deu um sorriso.
— Ah, sim. — Eu curvei a cabeça. — Obrigada!
— Até amanhã. — Ele se afastou, pegou sua pasta e saiu.

Eu me espreguicei e comecei a guardar minhas coisas, quando meu estojo de lápis caiu. Senti que alguém havia pegado e esticado para mim. Eu peguei, agradecendo de forma despreocupada, e o guardei.

Quando olhei de volta...

— Você?
— Eu disse que voltaria. — estava sentado na mesa da frente, me olhando.
— Veio sozinho? — Eu olhei para porta e um dos seus amigos estava lá. — Ah, claro que não. O que você quer?
— Cobrar sua dívida. — Seu olhar era sereno.
— Dívida? — Eu o olhei indignada. — Te conheci hoje de manhã e já tenho uma dívida?
— Como eu disse, levei punição por sua causa. Você tem uma dívida comigo. — Seu tom sereno me deixava perplexa.
— Foi um acidente. — Eu me levantei e o olhei sério. — Não pode me culpar.
— Posso, a culpa foi sua. — Ele se levantou, se mantendo parado em minha frente, seu olhar tranquilo já estava me irritando.
— Não mesmo. — Eu peguei minha mochila e coloquei nas costas. — Se continuar me perseguindo, eu delato ao diretor.
— Eu sou o melhor aluno desta escola, meu pai é o dono e o diretor é meu tio, em quem acha que vão acreditar? E pior, poderão te expulsar por tentar espalhar conflito e difamar um aluno que só foi prejudicado desde o primeiro momento que você chegou aqui.
— Não acredito. — Eu respirei fundo, queria poder jogar ele pela janela.
— Te vejo amanhã então. — Ele caminhou até a porta. — Ah, diga ao seu namorado para não interferir.
— Ele não é meu namorado — disse num tom mais alterado.
— Que seja. — Ele piscou de leve novamente e saiu rindo.

Eu engoli seco aquelas palavras, não iria me curvar a ele, jamais.

“Você está em perigo
Você mexeu com a pessoa errada, saia daqui
Porque eu, porque eu sou perigoso.”

— Badman / B.A.P



Continua...


Nota da autora: Primeira história colegial. Pode ser lida com qualquer coreano.

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