Codificada por vênus. 🛰️ até o capítulo 1 | Aurora Boreal 💫 do capítulo 1 em diante.
Atualizada em: 19/05/2025
I don't wanna hear you've got a boyfriend
Sometimes you're better off alone
But if you change your mind, you know where I am
But if you change your mind, you know where to find me
Sometimes you're better off alone
But if you change your mind, you know where I am
But if you change your mind, you know where to find me
— Vai dizer que você, Chevalier, nunca fez isso? — Victoria Evans, a aniversariante e dona da festa, me perguntou num tom irritante e acusatório, balançando o braço cheio de pulseiras de miçanga. — Eu estou fazendo 12 anos hoje e já beijei um garoto. Na boca!
Marie Bee, minha melhor amiga, fez uma careta meio nojo e meio pavor para a confissão da anfitriã e saiu da rodinha para buscar mais refrigerante, batendo com força o solado dos tênis para fazer as luzinhas nele acenderem. Eu deveria simplesmente ter desconversando e ido com ela, mas me sentia encurralada pela abordagem da Victoria e seu grupinho de mocinhas que queriam ser mais velhas do que realmente eram. Eu já era tida como uma espécie de aberração por não ter pai nem mãe, não queria ficar ainda mais fora da curva por ainda não ter dado o meu primeiro beijo.
— Claro que eu já fiz isso. — menti. — Eu já beijei um garoto sim.
— Quem? — Marie retornou com o copo cheio de coca-cola e a cara de pavor ainda mais agravada. — Eu pensei que você gostasse do coreano novato! Eu vi o nome dele no seu diário, você escreveu com glitter e vários coraçõezinhos, está lá bem grande assim: LEE SEOKMIN…— ela desenhou o nome no ar e as luzes no tênis acenderam novamente, dessa vez por causa do pisão que eu dei no pé dela.
Os murmúrios das risadinhas abafadas preencheram o quarto. Vic tinha nos convidado para vê-lo depois da reforma e para provar que não haviam mais bonecas na sua prateleira, já que aquilo era “coisa de criança” e ela não era mais uma. A cama dela também não tinha mais o ursinho de pelúcia em cima ou a roupa da Barbie, agora era coberta por um tecido roxo e várias almofadas coloridas, onde eu pensei seriamente em enfiar a cara, porque minha melhor amiga linguaruda tinha acabado de soletrar o meu maior segredo: eu estava apaixonada por .
E ele estava lá embaixo na festa.
— Nós te desafiamos a subir na minha casa da árvore e dar um beijo nele! — Victoria anunciou depois de cochichar com as outras Bratz, como Marie costumava chamar.
— Eu aceito. — inflei o peito, procurando por confiança. — Como eu disse, não é novidade, eu já fiz isso antes.
Mentira. Mais uma das várias que eu costumava contar para me sentir aceita onde quer que fosse, até mesmo num grupo de aspirantes a Meninas Malvadas na sexta série. Marie apertava minha mão e me perguntava se era isso mesmo que eu queria fazer, se não tinha medo de ficar grávida assim. Eu não tinha tanta certeza quanto aparentava, até porque era bonitinho demais para eu saber qualquer coisa, e só a lembrança do rosto dele deixou minhas pernas feito geleia quando subi para a casinha da árvore no quintal dos Evans. Passei o brilho labial de morango trêmula, quase arrependida de estar ali. Meu estômago fazia borboletinhas e, sem nem precisar olhar no espelho, sabia que estava corada. A madeira da escada rangeu e a pequena porta da casa abriu, revelando a figura do novato que estava causando o maior alvoroço na escola e no meu coração pré-adolescente. Lá estava ele, com o cabelo úmido de gel e um sorriso largo e fácil.
— Você sabe como é? — ele me perguntou, sem jeito.
— Sei. Assim, ó.
Foi o que eu respondi, mas como eu não sabia, só apertei muito os olhos e fiz um bico. encostou na minha boca com força e parecia que tinha um exército de formiguinhas dançando pelo meu corpo inteiro quando ele fez isso.
— Ai! — reclamei quando ele bateu o nariz no meu.
— Eca! Esse negócio escorrega! — limpou o brilho da boca e ficou me olhando com uma tremenda cara assustada. — Você é minha namorada agora?
— Não sei. — as borboletas todas bateram as asas de uma vez só. — O que uma namorada faz?
— A namorada do meu irmão senta perto dele quando vai almoçar na nossa casa. — ele espalmou as mãos para cima. — Acho que é só você sentar perto de mim na escola.
— Tá bom.
Mas eu estaria mentindo se dissesse que ele não me causava mais as borboletinhas do nosso primeiro beijo. Especialmente porque ele tinha ficado muito mais bonito desde então.
E muito mais alto.
Muito mais encorpado.
Mas muito mais irritante.
Estávamos no período de exames admissionais para a faculdade e o pânico era geral, mas eu me sentia ainda mais perdida que o resto dos alunos por não ter certeza de qual curso escolher. Sabia para que universidade eu queria ir, a Saint Peter, sonho que eu dividia com a Marie Bee desde que conhecemos o campus numa excursão escolar anos atrás, mas ainda tinha dúvidas sobre o que queria estudar lá. Meu avô, Alfred, nutria esperanças de que eu enveredasse pela Administração para cuidar do conglomerado industrial da nossa família, um verdadeiro império de máquinas e fumaça que nunca me despertou muito interesse. Minha melhor amiga, metódica e maníaca por controle, tinha os próximos dez anos da vida dela milimetricamente planejados em post-its com metas espalhadas pelo quarto. E até mesmo , astro do esporte, já tinha sua vaga quase garantida para explorar uma paixão que destoava da figura famosinha e descolada que ele era: Química, especificamente as misturas para fármacos. Todo mundo sabia o que fazer: Marie Bee seria doutora em Psicologia, faria carreira na Pharm Labs e eu… Eu provavelmente morreria asfixiada num escritório cinza da Chevalier Industries.
Era como se eu não coubesse em lugar nenhum.
Por isso eu, com meus 17 anos, tentava estar em todos. Festas, jogos, viagens, qualquer que fosse a social, eu estava lá. Gostava de me cercar de gente e de barulho para me distrair do oco dolorido que pungia no meu peito e não me deixava sequer tomar uma decisão sobre o meu futuro — talvez por eu quase não ter tido um. Talvez por, lá no fundo, eu querer ter interrompido tragicamente a minha existência junto com a dos meus pais.
Henri Chevalier, meu pai, era um cara de gostos simples. Até conhecer minha mãe, o furacão Cassie. Ela era enérgica, solar, uma fagulha que rapidamente se espalhava por onde quer que passasse. Tudo era dela, e ela ocupou brilhantemente todos os espaços, todos os dias e todo o amor da vida do meu pai. “Maré intensa quebrando numa praia calma”, era assim que meu avô sempre me falava dos dois. O pouco que eu me lembrava dos cinco anos que me deixaram viver perto deles era que papai andava sempre com um livro e mamãe tinha uma fivela linda de madrepérola. Linda feito ela. E que eles eram doces e me abraçavam quente.
— Ei! — fui despertada do meu devaneio com uma voz suave. — O sinal já tocou duas vezes. Mais uma e estaremos com problemas. Vamos? — me estendeu o braço exposto.
— Não vou sentar perto de você hoje, . — recusei a gentileza e juntei as folhas no meu fichário, incluindo a redação que a senhora Henderson havia pedido para a aula de Literatura. — Suas gracinhas me desconcentram e eu preciso prestar atenção nessa aula.
— E eu preciso disso aqui. — puxou meu livro de inglês. — Eu esqueci de trazer o meu e se eu levar mais uma advertência, eu tô fora do próximo jogo.
— Inferno, ! — praguejei no meio do corredor quase vazio. — Me devolve!
— Vem pegar. — ele piscou, galante. Lá vinha o exército de formiguinhas outra vez. Maldito zoológico de .
— Sabe que eu posso te dedurar pra professora e você vai acabar fora do jogo do mesmo jeito, não é? — dei de ombros e articulei um blefe.
— Me ajuda aqui, . — um biquinho irresistível. — Eu passo na sua casa mais tarde e te devolvo.
era uma presença constante na minha casa, para desespero do meu avô e, especialmente, da nossa governanta, Dorota. Muitas vezes, viramos as noites assistindo filmes e muitas vezes mais fomos pegos não assistindo. A língua de sempre ia parar dentro da minha boca entre uma cena e outra e Dorota ameaçava nos acertar com um balde de água gelada quando os amassos no sofá ficavam arriscados demais. A vigilância dobrou desde que a notícia sobre a minha primeira vez ter rolado com um belo rapaz italiano nas minhas férias anuais em Florença espalhou-se, mas e eu nunca saímos dos beijos. E se só os beijos já eram gostosos daquele jeito, então…
— Meu avô já avisou que da próxima vez vai te receber com a carabina de caça dele. — tentei alcançar o livro outra vez.
— Não é comigo que ele tem que se preocupar, eu não sou o tal italiano com quem você se enrolou na sua última viagem. — levantou o braço mais alto.
O modo como ele juntou o cenho naquela vez (e em todas as vezes em que o assunto “o carinha de Florença” vinha à tona) me fez amolecer um tanto, porque quando eu me colocava no lugar dele e invertia a situação, eu entendia o sentimento. Eu também não ficava muito feliz de saber que o capitão DK já havia iniciado sua vida sexual com as líderes de torcida, mas não pude me ater ao meu desgosto porque o Inspetor Jones começou a caminhar em nossa direção, deixando bem óbvio com suas passadas raivosas que aquele drama juvenil de quem transou primeiro não o agradaria. Troquei um olhar cúmplice com e nós dois arrancamos para a sala de aula antes que o encurvado senhor nos alcançasse.
Era dia de uma das minhas atividades preferidas na aula de Literatura: a senhora Henderson nos separava em duplas e tínhamos que trocar nossas redações, sugerindo melhorias no texto do colega, algo que ela chamava de revisão em pares. Enquanto a maioria dos alunos aproveitava a ocasião para conversar sobre assuntos que não conjugações verbais e gramática, eu vasculhava a redação da minha dupla, estudando-a, entendendo-a, reescrevendo-a para ficar irretocável. A professora já havia notado minha empolgação e mencionado que eu fazia intervenções muito pertinentes, mas, mesmo compenetrada na minha tarefa, eu tirei um tempo para observar perplexo no fundo da sala, revirando o livro de inglês que ele me tomou com um olhar vazio e o queixo apoiado no punho cerrado.
— O que você fez com ele? — Marie Bee apontou por cima do ombro e encostou a carteira dela na minha quando terminou a atividade.
— Eu? Nada. Só disse que meu avô quer a cabeça dele. — confessei.
— Coitado, . — Marie me repreendeu. — Ele já está todo tristonga com ciúmes do seu Florença lá. Como é mesmo o nome dele?
— Pietro. — respondi depressa. — Pietro Bianchi.
— Pietro… — Marie repetiu, estranhando. — Engraçado, eu podia jurar que você tinha me dito outro nom-
— Eu tenho que ir. — dei um beijo na bochecha de Marie quando o sinal disparou, interrompendo-a. — Te ligo mais tarde, ok?
As demais aulas passaram rapidamente e a última do dia aconteceu em um dos laboratórios, sem a presença de DK e seu time, dispensados para um treino extraordinário por causa do final da temporada. Era a época em que os olheiros da faculdade começavam a passear pelas escolas para ver de perto os jogadores que se destacaram e estava na mira de um deles. Ao final do sexto tempo, passei pelo campo e vi que a prática dos West Warriors já tinha acabado, então peguei o túnel entre as arquibancadas e fui decidida até o vestiário.
— Cheiro de macho. — resmunguei ao entrar, vendando os olhos e ouvindo a algazarra causada por uma presença feminina ali. — Eu sei, eu sei, vocês nunca viram uma mulher antes. Agora me levem até o seu líder.
— ? — reconheci a voz de .
— Ah, você está aí. — tirei as mãos dos olhos e me vi cercada por um time inteiro, peito, perna e hormônio pra tudo quanto era lado. Alguns se escondiam atrás das roupas, outros, só de cueca, me mediam de cima a baixo, mas nenhum sequer chegava perto porque ameaçava todos com um olhar estreito.
— Circulando, moças! — o capitão DK ordenou aos companheiros e bateu palmas.
Os rapazes foram ficando decentes e saindo um a um, trocando gracinhas e soltando piadas idiotas para as quais eu apenas rolava os olhos. Eu sabia que minha reputação havia mudado depois que Victoria Evans — sempre ela — ventilou a história sobre Pietro pelos corredores, mas eu tinha questões mais importantes do que a fofoca envolvendo meu nome e minha virgindade perdida.
— Você percebeu que esse vestiário é só para meninos, não é? — ele girou os dedos, abrangendo o ambiente, e eu me dei conta de que ele estava pingando do banho e com uma toalha enrolada na cintura. E a toalha descia perigosamente cada vez que ele se mexia.
— Você está com o meu livro. Eu preciso dele. — avisei. Precisava ser rápida ou as entradas dele aparecendo bagunçariam todas as palavras na minha cabeça.
— E com qual pretexto eu vou aparecer no seu quarto mais tarde? — ele pôs as mãos nos quadris, evidenciando a cintura fina.
— Não quero que você apareça.
— Mentindo pra mim a essa altura da nossa amizade colorida, Chevalier? Seu nariz vai crescer. — ele apertou a pontinha da cartilagem e se aproximou.
— O que você está fazendo? — perguntei quando ele passou o braço forte e definido ao lado da minha cabeça, apoiando-o no armário.
— Estou tentando pegar o seu livro. — o corpo amornado do banho chegou mais perto do meu e eu senti um cheiro gostoso de xampu e sabonete. — Ou não foi por causa dele que você invadiu o vestiário masculino?
— Que outro motivo eu teria? Não gosto de você tanto assim. — tentei fingir indiferença ao peitoral e abdômen musculoso a centímetros de mim.
— Sempre cheia de mentirinhas para mim. — ele sussurrou, ainda me mantendo contra o metal. — Desde o beijo na casa na árvore. — ele abriu um meio sorriso e eu bati outra vez no armário, sem saída.
— Que beijo? — quis me mover, mas já era tarde. — Aquele beijo nunca aconteceu.
— E esse aqui?
puxou minha cintura e eu senti o gelado da corrente de prata contra o meu colo me enfraquecer as pernas. Nossos lábios se encostaram minimamente e ele me provocou, raspando pela minha boca enquanto sorria. Ele sorria o tempo todo e aquilo me deixava maluca. Tão maluca quanto a língua dele que, sem pedir licença, se enrolou na minha.
— Eu fiquei bem melhor nisso, não foi? — ele murmurou dengoso, partindo o beijo.
— Foi. E eu te odeio. — bufei.
— Você tem que parar de mentir para mim, . — ele me selou. — Um sorriso só e eu quebro você.
O pior de tudo era que ele não estava errado.
— Nonno, me deixa ir pra Florença? — beijei a cabeça grisalha. Meu avô estava com seus quase sessenta muito bem vividos e continuava parecendo um galã europeu.
— Você sempre vai, picolina. — ele arrumou o guardanapo no colo e me chamou de “pequena” em italiano. Como eu sempre seria aos olhos dele.
— Para ficar 15 dias. — dei a volta e sentei de frente para ele na mesa. — Eu quero ficar mais tempo.
— Quanto tempo? — ele deu a primeira garfada no macarrão ao sugo.
— Um ano.
— … um ano? Nem pensar.
— Vovô, por favor. — afastei meu prato. — Eu quero estudar italiano.
— Estude aqui. Eu não posso ficar tanto tempo longe de você. — ele negou com a cabeça.
— Então vá me visitar. — arqueei uma sobrancelha. — Aposto que a nonna Antoniella está com saudades.
Meu avô meneou a cabeça outra vez. Ele e minha avó casaram-se com pouca idade e vieram para Nova York fazer a vida. E fizeram. Construíram seu negócio, tiveram um filho. Perderam o filho. E se perderam um do outro com isso. A dor rachou o relacionamento dos dois e minha avó não suportou, precisou voltar para a Itália, para junto da família e das raízes. Nonno quis ficar e eu, como não podia querer coisa alguma por ser pequena, fiquei com ele quando ambos optaram pelo divórcio e decidiram que não seria uma boa ideia me levar para um país de língua, costumes e pessoas desconhecidas para mim. Mas eu sentia, de uns tempos para cá, uma estranha vontade de abraçar minha origem italiana.
— E a faculdade, hã? — meu avô procurou por água entre a mesa posta por Dorota.
— Eu vou saber o que fazer quando voltar. — garanti, resoluta. — A resposta está lá, eu sei.
Convencer meu avô foi a parte mais fácil. Nonna Antoniella ficou radiante de felicidade quando os dois conversaram por telefone para acertar todos os detalhes e ficou decidido que eu partiria em dois meses, logo após a formatura. A parte difícil viria em breve, quando eu contasse para a minha melhor amiga que o primeiro ano dela na Saint Peter seria sem mim. Me joguei na minha cama, pensando em uma maneira de dar a notícia para Marie Bee sem fazê-la ter um siricutico e achei que deveria escrever uma carta.
É. Era isso. Eu sempre me expressei melhor escrevendo.
Procurei um dos papéis com cheiro que eu guardava na escrivaninha e usei tinta rosa para explicar para a minha destinatária o motivo da minha decisão, optando por encher a folha seguinte com um “me desculpa” gigante e corações com todas as cores que havia no meu estojo, quando um volume que não pertencia à minha coleção de canetas apareceu jogado na minha mochila. Apanhei o envelope estranhando a espessura mais grossa e constatando que o conteúdo eram dois convites para o baile de formatura, as entradas timbradas da West High com o tema Noite Inesquecível e, entre eles, um bilhete manuscrito:
Já faziam algumas horas que eu tinha chegado da escola, por isso, inicialmente, não dei muito crédito à mensagem. Meu primeiro pensamento foi ligar para e perguntar que espécie de convite para o baile era aquele. E depois dizer não, é claro. Ele teria que fazer muito mais que esconder as entradas nas minhas coisas se quisesse que eu aceitasse. De qualquer forma, caminhei até a janela e afastei as cortinas, sem acreditar na visão que eu tive.
— Finalmente, hein, princesa da torre? — agitou os braços. Estava vestido completamente de branco, até os sapatos. — Eu achei que ia ficar aqui fora pra sempre!
— O que raios você está fazendo aí, seu artilheiro maluco? — gritei da janela. — Aliás, que acampamento é esse na porta da minha casa? — reparei que ele estava acompanhado de outros dois garotos do time, também trajados de branco, mas um deles estava de regata e um chapéu.
Figurinos totalmente questionáveis.
— Eu tô te chamando para o baile em grande estilo! Fique quietinha e aprecie, ok? — largou o sorriso, fácil, como sempre, e fez um sinal para um dos bocós abrir a mala do carro dele, que tinha caixas de som enormes no bagageiro.
Reconheci a música assim que ela começou. Aquele primeiro dedilhar do violão era inconfundível e o que veio a seguir era mais ainda:
— Yeah-ah… You are my fire, the one desire… — a voz de ecoou pelo jardim na frente da minha janela.
Sorri involuntariamente. Não podia dizer que eu não esperava um convite fofo de , mas eu definitivamente não esperava uma serenata na porta da minha casa com direito a I Want It That Way do Backstreet Boys. Coisa que eu teria achado incrivelmente romântica, não fosse o fato de que ele e os três patetas tinham — ou pensavam que tinham — uma coreografia.
— Tell me why ain’t nothing but a heartache, tell me why- Porra, Bruce! Não foi assim que a gente ensaiou! — estava prestes a socar o amigo quando a ponte recomeçou e ele voltou a “dançar”. — I never wanna hear you say I want it that way…
Eu estava no meio de uma gargalhada quando Dorota entrou no meu quarto e, sem forças, apenas apontei a direção do espetáculo. Apoiei as duas mãos no ombro dela, que julgava silenciosamente a performance, a todo instante interrompida por um passo errado e resmungando com seus companheiros de banda. A coisa toda estava uma verdadeira pataquada, mas ainda assim a voz de era linda e conseguia acordar as minhas borboletinhas do estômago.
— No matter the distance, I want you to know… — o vocalista principal cerrou os olhos por causa do sol, focando a vista para onde estávamos. — Dorinha! Você veio ver meu grande final!
A música estava prestes a atingir seu ápice no coro para o último refrão quando ajoelhou-se no chão e soltou a nota alta limpa e perfeitamente. Não tive tempo para me impressionar com o agudo emocionante porque ele rasgou a camisa na sequência e começou a rebolar bem na minha grama.
Informação demais.
Dorota apavorou-se e afundou o rosto nas mãos pequenas, repetindo para si: “esse menino não respeita ninguém!”. Abracei-a e decidi acabar com o circo antes que ligasse os sprinklers do jardim e fizesse uma dança sensual na chuva.
— Ei! Kevin falsificado! — bradei ainda com Dorota nos meus braços. — O Backstreet Boys tem cinco integrantes, sabia?
— Eu sei, mas eu só consegui dois idiotas. — nu da cintura para cima, apontou os amigos. — Três comigo! Eu sou apenas um idiota querendo levar a garota mais incrível do West High para o baile, Chevalier!
— Eu aceito ir ao baile com você, Idiota . — concordei, completamente derretida pelo sorriso que não se apagava.
— Mas já? — ele rebateu, indignado. — Nós preparamos um show de 1h45min!
— Dispensa esses projetos de AJ e Nick Carter e sobe logo aqui! — convidei.
— Manda ele se vestir primeiro! — Dorota implorou, apertando minha cintura.
— Gostou do que viu, Dorotinha? — piscou e continuou rebolando. Ele gostava de flertar com Dorota para infernizá-la e dizia que eu era apenas um pretexto para estar perto dela, o seu verdadeiro amor. — Há quanto tempo você não lava roupa num desses, hein?
livrou-se da camisa partida ao meio e começou a cantarolar o nome de Dorota, exibindo seu tanquinho. Eu e ela, em contrapartida, entramos em desespero tentando avisar ao engraçadinho que meu avô estava saindo para trabalhar e o encarava mortalmente, segurando sua pasta de trabalho na frente do corpo. Num rápido e ágil movimento, no entanto, a pasta pesada foi parar na cabeça de .
— Cai fora da minha grama, seu tarado! — meu avô gritou, expulsando os garotos. — Na próxima, eu solto os cachorros, ouviram?
Naquela tarde, fui até a casa dos Bee contar para Marie sobre o convite espalhafatoso de e, claro, entregar a tal carta. Ela lia, relia, concordava com o papel, discordava logo em seguida, mas não falava nada. Um tempo depois, ela resolveu se manifestar, explodindo em protestos:
— Não! — Marie apertou a carta contra o colchão e começou a andar nervosamente pelo próprio quarto. — Não! Não! Não! — ela repetia batendo o pé.
Sentei na cama e agarrei uma das almofadas, esperando que ela gastasse parte da energia ansiosa naquele sapateado todo. Ela passava as mãos pelos cabelos loiros e ameaçava roer as unhas, ensaiando vários movimentos e não completando nenhum. Por fim, ela caminhou até a mesa de estudos e arrancou um dos post-its do seu memory board.
— Não foi isso o que eu planejei! — ela balançava a nota adesiva na minha cara. — Está aqui, “ir para a Saint Peter com a ”. De caneta! Permanente! Isso não está sujeito a mudanças, !
— Você pode trocar por “fazer novos amigos enquanto a estiver fora”. — sugeri, assistindo o rosto dela mudar de cor. Marie Bee era tão pequena que parecia que só cabia um sentimento de cada vez nela.
— Claro. Porque os nerds geralmente são ótimos em fazer amigos. Onde eu conheceria alguém? Na biblioteca? — ela zombou.
— Amiga… — segurei os ombros dela. — Você vai ficar bem. Você planejou tudo. Eu não tenho nada, Marie Bee. Nenhuma ideia. Se imagine sem os seus post-its e você vai entender por que eu preciso ir.
Marie encarou seus planos na parede e fez uma cara de quem estava recalculando rota. Ela não reagia muito bem quando as coisas não saíam como ela tinha pensado e eu tentava tirá-la um pouco da sua zona de segurança, o que era, no mínimo, irônico, uma vez que o pai dela era dono de uma empresa de segurança privada. Meu avô pedia por um guarda-costas para mim sempre que encontrava o senhor Bee e eu morria de medo que ele cumprisse a promessa que ele repetia quando eu chegava tarde de alguma festa. Minha melhor amiga, por outro lado, morria de medo de se desviar do seu cronograma.
— Você vai estar aqui para o baile? — ela suspirou, vencida. — Eu não quero ir, mas já que você vai ficar tanto tempo fora, nós poderíamos… como é que você diz? — ela limpou a garganta para me imitar e repetir o conselho que eu dava a ela. — Nos divertir.
— Óbvio. Eu não posso perder a chance de te obrigar a usar maquiagem e um vestidão. — respondi e Marie me encarou quando terminou de rolar os olhos.
— … Você vai voltar, não vai?
Entendi o motivo da pergunta e tentei minha expressão mais serena para tranquilizá-la. Assim como eu, Marie tinha crescido longe da mãe, não por uma fatalidade do destino, mas por uma decisão da própria de ir embora e deixar a família. Uma mãe que foi tirada e outra que escolheu, deliberadamente, partir. Era uma espécie de trauma em comum que nos aproximou a ponto de sermos como irmãs. Marie era “o meu lado bom” da tragédia.
— Claro que eu vou. — assenti, querendo encerrar o assunto. Sabia que ela não ficava muito confortável demonstrando seus sentimentos. — Sabe por quê? You and me got a whole lot of history!
— Doida. — ela me cortou, mas estava rindo. — Anda, vamos pirulitar vendo vídeos de boy groups.
— Dorota! — chamei, agarrando impaciente o comprimento da saia para tentar descer as escadas. — Para de chorar e me ajuda aqui. É só um baile de formatura, não o dia do meu casamento!
— Nem fala nisso, ! Nem fala que só de pensar eu… — Dory começou a soluçar e eu ri da minha “mãevernanta” e sua crise de choro enquanto descia os degraus.
— Leve-a direto para o baile e do baile direto para cá. — ouvi meu avô fazer suas recomendações ao de smoking que me esperava lá embaixo. — Nada de beijo, nada de toque. Sem pensar em beijo, sem pensar em toque. Quando estiver com caraminholas na cabeça, lembre-se de que eu sou um excelente atirador por causa da caça esportiva. Estamos entendidos?
não respondeu porque parecia ter esquecido como se falava inglês. Os seus olhos apertados estavam vidrados em mim e eu percebi sua respiração desacertada, talvez por estar todo amarrado no traje de gala e não nas suas confortáveis e reveladoras regatas cavadas. Ou talvez porque eu estivesse mesmo bonita demais, o que, convenhamos, eu estava.
— Pronto para ir ou o velho te assustou? — apoiei o indicador no queixo dele, fazendo-o fechar a boca.
— Eu não prestei atenção em nada do que ele disse. — confessou e meu avô arfou, sisudo. — Você está linda demais, .
— Eu sei. Agora vamos buscar a Marie Bee antes que ela desista. — tomei a mão dele e nos forcei a sair da sala, me despedindo de nonno e Dorota.
— Até mais, senhor Chevalier… — cumprimentou, resignando-se. Quando meu avô deu as costas, ele abraçou Dorota por trás e lançou a provocação de costume. — Se você quiser, é só me ligar que eu largo ela e venho correndo, Dorinha.
foi estapeado em resposta e ainda estava gargalhando quando entramos no carro. Aquela foi, possivelmente, a noite mais divertida da minha vida. Quando chegamos ao ginásio lindo e decorado do West High, o DJ atendeu a todos os nossos pedidos e foram necessárias duas ou três rodadas de One Direction e Backstreet Boys para obrigar Marie Bee e eu a nos sentarmos num canto do chão da quadra, esbaforidas. A pista de dança foi ficando menos frenética aos poucos e observamos os grupos de amigos serem substituídos pelos casais dançando suas músicas lentas enquanto nos refrescamos com uma bebida, e eu precisei virar quase de uma vez só um ponche que estava gostoso e doce.
— Senhorita Chevalier… — uma mão se estendeu na minha direção.
Por falar em gostoso e doce…
— Pois não, senhor ?
— Me concede essa dança? — ele forçou um grave na voz.
— Credo. — Marie ralhou. — Parem de cafonice e vão logo. — ela me incentivou a aceitar o convite.
Me encaixei no abraço de , a altura perfeita dos nossos corpos me permitia deitar a cabeça no seu peito e aspirar o cheiro fresco, especiado e quente dele. Não sabia se um aroma podia ser quente, mas tudo sobre o era. Respirei fundo, tentando acalmar o calor que se formava abaixo da minha barriga, e me concentrei no som da música, interrompido apenas pelos cochichos dos olhos curiosos e invejosos em nós. O capitão do time de futebol tinha, enfim, tirado alguém para dançar e, entre as muitas que desejavam aquele posto, era eu que estava aninhada no pescoço dele.
— … — a voz derramou feito mel nos meus ouvidos. — O que nós somos?
— Amigos que se beijam? — respondi tão natural quanto aquela nossa relação.
— É o que nós vamos continuar sendo quando você voltar das suas férias?
Meu estômago, que estava queimando há pouco, esfriou em antecipação. não sabia que eu planejava ficar muito mais tempo em Florença dessa vez. Não éramos namorados, não pretendíamos ser, mas isso não impedia que ele fosse uma parte importante da minha vida. Uma parte que, mesmo que fosse só por um ano, era difícil deixar para trás.
— O olheiro da Saint Peter ligou. — ele continuou sussurrando no meu ouvido, sem parar de nos balançar. — Você está dançando com o mais novo calouro da Química.
— Ninguém vai te tratar como calouro, DK. — estreitei o abraço. — Você já vai chegar sendo cobiçado por alguma fraternidade. E por todas as garotas.
— E você, ? — ele procurou meus olhos. — Você já sabe o que fazer?
E então eu me dei conta de que, pela primeira vez em muito tempo, eu sabia sim o que eu queria fazer. Não sobre aquele futuro incerto e assustador diante de mim, não. Eu sabia o que eu queria fazer naquele momento. Mais do que isso, eu sabia com quem eu queria fazer naquele momento.
— A gente pode falar sobre isso em… outro lugar? — pedi, apertando a nuca dele.
— Você quer ir lá fora? — ele pausou a dança. — Está garoando um pouco, mas se eu te der meu paletó…
— Sua casa, . — disparei. — Me leve até a sua casa.
Podia jurar que vi um relance de inocência naqueles olhos sempre tão perigosos para mim. hesitou por um instante, parecendo inseguro, uma reação no mínimo controversa para um cara popular de 17 anos que morava praticamente sozinho. A matriz da Pharm Labs ficava na Coreia e os pais de viajavam por longos períodos para fazer a vistoria. Por mais que tivéssemos aquele nosso lance, seria ingenuidade minha acreditar que ele nunca tinha convidado alguma (ou algumas) líder de torcida para conhecer a casa de pais ausentes dele.
— Seu avô me proibiu de te levar em qualquer lugar, lembra? — ele fez um carinho no meu rosto.
— E você ouviu?
— Não. — ele sorriu maliciosamente e os olhos voltaram a arder. — Mas vamos terminar a música, ok? Devolvemos a Marie Bee e vamos. — me rodopiou no meu eixo e me beijou a boca quando completei a volta.
— Valeu pela carona, Troy Bolton. — Marie bagunçou o cabelo de antes de descer do banco de trás dele. — E você… — ela se despediu de mim com um beijo na bochecha e uma gracinha que só eu ouvi. — Não engravide, ok?
Repreendi a ideia com força, lembrando de todas as orientações que Dorota me deu quando eu fiz 14 anos e tivemos “a conversa”. Eu não tinha proteção, mas estava certa de que teria, porque ele andava vaidosamente se gabando de guardar várias na carteira.
A casa dos era imensa, muito moderna e bonita. Era um ótimo lugar para as festas de vitória do time e, quando chegamos, eu não perdi tempo e o arrastei sem resistência direto para o quarto. Já sabia o caminho porque sempre “me guardava” lá quando as coisas saíam do controle e os garotos ficavam mais idiotas que o normal, exagerando na bebida e atirando uns aos outros na piscina. Em todas as manhãs em que eu acordei na cama de eu estava perfeitamente segura e com todas as roupas. Embora eu pretendesse manter a segurança (afinal, eu estava com um amigo), eu queria muito eliminar a parte das roupas daquela vez.
— Será que você pode me ajudar? — pedi depois de sentar na poltrona de leitura dele, estendendo o meu pé.
ajoelhou-se, já descalço, e apoiou meus pés no colo. Mesmo morando nos EUA desde pequeno, ele tinha o costume de nunca entrar de sapatos em casa — coisa que eu sempre esquecia — e mantinha a cama baixa, quase rente ao chão, com lençóis cor de chumbo, escuros como a parede de cabeceira. Era um quarto de asiático, sem dúvida, a organização era rigorosa e a decoração minimalista incluía taças de campeonatos, medalhas de futebol e, por mais incrível que fosse, certificados de Olimpíadas de Química.
— E então, … — ele colocou meus tênis na porta do quarto depois de tirá-los de mim e encostou-se no painel à minha frente, ainda de pé. — O que você tem pra me dizer que só pode ser dito aqui?
O ar ficou denso nos meus pulmões e minhas costelas reclamaram, não sei se pelo ar rarefeito ou pelo corset apertado. Tudo ardia, parecia febre.
— … — levantei, caminhando até ele lentamente. — Eu vou demorar um pouco mais lá em Florença.
— Um mês? — ele arriscou, arrumando o pingente do meu colar. Qualquer toque dele fazia meu corpo se arrepiar.
— Um ano. — engoli em seco.
— Um ano, ? — deu um passo para trás. — Você vai ficar fora por um ano?
— Eu preciso desse tempo para…
— Ei, eu não estou questionando os seus motivos, quaisquer que sejam! — ele começou a arrancar o paletó de si, jogando-o num canto do quarto. — Mas um ano é muito tempo e com certeza você não decidiu isso do dia para a noite. Por que escolheu me contar só agora?
— Porque…
Eu queria dar alguma explicação, mas meu cérebro não conseguia se concentrar em nada a não ser nos dedos finos de desabotoando o punho da camisa e dobrando as mangas. Tinha uma certa raiva nos movimentos e, quando ele terminou de folgar os braços e passou para o colarinho, as veias saltadas no pescoço longo foram o alvo da minha atenção. Aquela curva tinha um cheiro envolvente e o tecido delicado marcava o peitoral todo depois que ele abriu três botões. Era difícil pensar em qualquer coisa que não me enroscar naquele corpo maravilhoso, mas eu precisava, ao menos uma vez, dizer a verdade para .
— Porque eu não sei me despedir de você, . — falei, simplesmente. — Porque pensar em ficar longe de você me faz não querer ir!
O rapaz consternado piscou várias vezes, respirando alto. A boca carnuda e perfeitamente delineada contraía-se nervosamente enquanto ele tentava assimilar a informação que eu joguei nele sem preparo algum e eu só tinha vontade de beijá-lo. Beijá-lo sem parar, os quinze dias que me restavam antes de partir. Por fim, ele colocou o cabelo para trás, tirando a franja da testa e murmurou alguma coisa em coreano.
— Fale numa língua que eu entenda, . — franzi o cenho num pedido por tradução.
— Essa é a única língua que você precisa entender.
Passou-se uma fração de segundo. me puxou impetuosamente para si e me sugou um beijo desesperado, afoito, e delicioso. Meu penteado soltou pelo atrito gostoso da mão dele nos fios e a outra desceu perigosamente pela curva da minha lombar. Mordi o lábio inferior dele, acariciando as costas largas e sentindo uma marola morna no meu ventre baixo, que virou uma onda violenta quando apertou a minha bunda.
Entrei em curto-circuito. Estávamos sozinhos, as coisas estavam esquentando, tinha uma cama bem ali…
— … — o nome dele fugiu da minha boca, arrastado.
— Desculpa. — ele sussurrou, assustado, e recolheu a mão. — Eu não quis ofender você.
Não tinha ofendido. Aquele era o problema.
— Não é isso. É que eu… — gelei apesar do calor do corpo dele sobre o meu. Eu tinha mais uma confissão a fazer e era melhor que fosse logo, porque em breve ele descobriria de uma forma ou de outra. — Eu nunca fiz isso antes, . Eu não sei como é. Todo mundo pensa que eu já, mas eu nunca…
sorriu um tanto aliviado, enterrando o rosto no meu cabelo e pescoço. Me deu um beijo demorado na testa e brincou pela minha tez com o nariz afilado.
— Não se preocupe com isso, . Eu já sabia.
— Sabia como?
— Eu também nunca fiz. — ele balançou a cabeça negativamente e o rosto lindo ganhou um rubor, o sorriso labial enrugando os olhos dele.
Era difícil acreditar, mas, por outro lado, não havia razão para que ele mentisse sobre o assunto. Não era como se ele estivesse tentando me enganar para me levar para a cama, eu já estava sujeita a essa ideia há muito tempo. Ele não precisava me impressionar ou me convencer. Estava na hora. Eu queria.
— Você parece surpresa. — ele me selou.
— É porque eu estou. Você é o DK! O capitão do time! O sonho de metade das garotas do West High! — cutuquei o sinalzinho que o sorriso tímido evidenciou. — Se você nunca fez, por que deixa todo mundo pensar que sim?
— Pelo mesmo motivo que você. Pra ninguém me encher o saco me cobrando uma primeira vez. — ele deu de ombros. — A escola toda acha que eu sou um garanhão e que esse quarto é minha armadilha de veludo, mas a verdade é que as pessoas não sabem nada sobre mim, . — ele pôs a minha mão no peito dele, me deixando sentir o coração acelerado. — Esse compasso todo errado parece o de um cara que já fez isso um monte de vezes? Esse cara aqui, o … Esse cara só você tem.
Encarei aquele rosto bonito, contornando todos os traços perfeitos, dignos de um príncipe. A revelação de me deixou mais relaxada e ainda mais certa da minha decisão de me entregar a ele. Urgentemente. Meu útero estava dando piruetas e minhas entranhas já estavam se torcendo, ansiosas por sentir algo que eu ainda não sabia o que era, mas que só ele poderia me dar.
— Eu quero muito você agora, . — anunciei baixinho. — De um jeito que eu nunca quis ninguém antes.
— Eu também. Eu não posso esperar um ano inteiro até você voltar, . — colou nossos corpos e desenhou as linhas dos meus lábios. — Não sei ao certo como vamos fazer isso, mas acho que o meu corpo sabe. — ele ajeitou nosso encaixe e eu senti uma coisa dura contra a minha coxa. — E o seu também. Ou não haveria esse calor gostoso emanando de você.
— E então? — perguntei, nervosa. — Nós vamos descobrir juntos?
deslizou pela minha cintura e só o toque macio dele por cima do tecido já me fez ter sensações que eram totalmente novas para mim. Não eram mais só as borboletas ou o exército de formiguinhas, era uma necessidade intensa que corria nas minhas veias e pulsava em partes do meu corpo que nunca tinham pulsado até então. Eu estava enfraquecida a ponto de o vestido pesar, mas felizmente achou o zíper lateral no meio de mais um beijo e começou a descê-lo lentamente, me livrando da peça e revelando a minha pele virgem.
— Nós vamos descobrir juntos. — ele prometeu na minha boca.
Continua...
Nota da autora: Essa história se passa bem antes dos eventos de Shadow, my Shadow e eu espero que ela também conquiste você!
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