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Codificada por Aurora Boreal 💫
Atualizada em: 26/04/2025

Ele dirige carros.
Ela dirige crises.
Juntos vão pilotar o maior romance falso que o paddock já viu.


Carlos Sainz vem se esgueirando no meio dos jornalistas, chamando o máximo de atenção possível e fazendo a lente de algumas câmeras virarem em sua direção. Desvio a atenção dessa cena para a imagem de Charles Leclerc e Lewis Hamilton concedendo uma entrevista para uma emissora qualquer.
É com eles que devo me preocupar, mesmo que eu sinta os olhos de Sainz em mim durante todo seu trajeto.
— Quanto você está pedindo para ser assessora particular? — diz o piloto da Williams, parando ao meu lado e sussurrando sem me olhar.
— Eu não quero ser assessora pessoal de ninguém. — digo sorrindo, enquanto desvio minha atenção para Carlos. — Muito menos sua, com todo respeito.
Ele me olhou ofendido, assim como parecia querer soltar uma estrondosa gargalhada. Era difícil ofender Sainz, ele sempre achava graça de tudo e reconhecia que era péssimo com sua imagem pessoal. Logo, a única coisa que eu gostava dele é que eu o xingava por meia hora e o clima nunca pesava.
, você me colocou nessa situação e agora precisa me ajudar com ela. — Ele ainda falava baixo, os olhos agora observando os pilotos da Ferrari a nossa frente.
— Que situação? — franzi o cenho.
— Você disse que eu precisava de um relacionamento.
— Eu disse que você precisava sossegar, e que a única chance disso acontecer é se assumisse alguém, Carlos. — Meu tom de voz era óbvio e calmo.
— Eu obedeci e agora eu estou com problemas.
— Se eu soubesse que iria assumir uma acompanhante de luxo, certamente eu iria o aconselhar a seguir tendo vídeos de orgias vazados na mídia. Mais uma vez, com todo respeito.
— Achei que pudesse me ajudar.
— Eu sou Relações Públicas da Ferrari, Sainz; eu ajudo os meus pilotos.
Ele abriu a boca para me responder, mas a entrevista de Leclerc e Hamilton terminou e o barulho de palmas e gritos tomou o ambiente. Alguns jornalistas vieram na direção de Carlos, que sorriu e acenou para Charles.
— Não consegue ficar longe de mim, né? — Leclerc abraçou Sainz, chamando atenção da mídia.
Dei dois passos para o lado, ficando o mais distante possível de qualquer câmera, de qualquer jornalista e de qualquer possível atenção direcionada a mim. Eu preferia ficar atrás dos holofotes, administrando a imagem dos pilotos e fazendo gerenciamento de crise quando eles faziam alguma merda – o que era recorrente.
— Na verdade eu vim ver a .
Ouvir meu nome sair da boca de Carlos Sainz em alto e bom som fez todo meu corpo tensionar de ódio e meu maxilar travar. Senti todos os olhares em minha direção e esbocei um sorriso tão falso quanto o que Carlos está carregando nos lábios.
— A ? — Charles e Lewis indagaram, fazendo todos rirem.
— Sim, eu precisava daquela massagem facial que ela fazia depois das corridas. — Carlos sentou em uma cadeira próxima a mim e me olhou. — E ela disse que faria em nós três agora.
— A nossa RP é maravilhosa, ela faz essa massagem... Espetacular. — Charles falou para um dos jornalistas que parecia interessado demais no que acontecia. — Mostre a eles como se faz, .
Senti o tapinha de Leclerc nas minhas costas. Carlos Sainz estava sentado, o rosto inclinado para cima e um sorriso irônico nos lábios. Eu queria massagear sua face na base de socos, essa era a verdade.
Afastei as pernas de Carlos e me aproximei, inclinei o suficiente para que só ele ouvisse o que eu estava prestes a sussurrar com toda a minha sinceridade.
— Eu te odeio. — Sorri após falar baixo.
— Me odeie massageando meu rosto, . — Sainz inclinou mais a face pra cima, sem tirar os olhos dos meus e sem abandonar o sorriso provocativo.
Comecei a deslizar meus dedos polegares do queixo para fora, tentando colocar mais força do que era necessária. Eu adorava fazer essa massagem nos pilotos, era verdade, mas não em frente às câmeras. E não em um piloto de outra equipe.
Carlos Sainz já havia sido piloto da Ferrari anteriormente, e me deu tanto trabalho quanto conseguiu, se metendo em escândalos com acompanhantes de luxo. Com sorte desempenho muito bem meu papel e consegui abafar grande parte de suas noitadas, mas em certo ponto decidi que ele precisava sossegar e aconselhei (talvez tenha sido uma ordem) que assumisse um relacionamento.
Bom, ele assumiu.
Com uma acompanhante de luxo.
Até hoje me pergunto se ele achou cômodo e fácil ou se fez isso para me irritar, como está fazendo agora, me olhando e sorrindo enquanto deslizo meus dedos pelo seu rosto, relaxando os músculos que eu queria estar esfolando na porrada.
— Pronto. — Dei um tapinha na bochecha de Carlos. — Charles, sua vez.
— Estou te devendo uma, . — Sainz levantou e pegou meu queixo de forma rápida.
— Imagina, não está não. — Sorri tão falsa quanto antes.
Enquanto eu massageava Leclerc, ele ficava fazendo piada e explicando ao jornalista porque era importante aquilo e o quanto ele achava que eu deveria ser vangloriada por proporcionar tamanho relaxamento pra ele. Depois foi a vez de Lewis, que também expressou sua gratidão pela massagem, dizendo que eu deveria ganhar um aumento.
Eu odiava chamar atenção, Carlos sabia disso porque já trabalhou comigo. Eu espero, do fundo do meu coração que ele e o problema dele se explodam em um escândalo tão grande que nem uma assessoria, dentro e fora desse paddock, consigam resolver.
Também esperava que o jornalista que gravou aquele momento ridículo meu com os pilotos olhasse para as imagens e pensasse "uma RP massageando o rosto de pilotos ou o vídeo de um piloto bêbado em uma festa? Definitivamente, um piloto bêbado em uma festa chama mil vezes mais a atenção".
Com esse pensamento, me certifiquei de que Charles Leclerc e Lewis Hamilton permanecessem sobre minha vigilância naquela noite. O seguro morreu de velho, como diz o ditado.


— Posso ser honesta com você?
Dei um pulo no puff de couro vermelho assim que ouvi a voz de Silvia Hoffer. Até então, eu pensava que estava sozinha no motorhome. É irônico, mas acordo três horas mais cedo que todos e venho para cá para descansar.
Se eu ficar no hotel, irei encontrar meus colegas de trabalho, então chego primeiro que todos no paddock, entro no motorhome, coloco o celular no modo avião e leio um bom e idiota livro clichê no kindle, tal qual faria uma adolescente.
— Nossa, perdi a hora. — Assumo quando vejo o celular e percebo que já deveria estar perambulando por ali e fazendo meu serviço.
Fecho a capa do kindle e o atiro dentro da mochila de couro com p emblema da Ferrari. Me levanto, tiro o celular do modo avião e percebo que Silvia ainda me olha, parecendo um pouco sem paciência.
— O que estava falando? — sorrio enquanto ajeito a mochila no ombro e sinto meu celular vibrar, recebendo notificação.
— Pedi se podia ser sincera com você. — Seu tom de voz é sério.
Não entendo muito bem a pergunta, muito menos o tom em que ela é feita. Silvia é chefe de Comunicação na Ferrari, é como se fosse minha superior.
— Claro. — Balanço a cabeça e enrugo a testa, ainda confusa.
— Quando sugeriu que Carlos Sainz deveria namorar, quando ainda pilotava pela Ferrari, estava esperando que ele assumisse você, ?
— O que?!
O quase grito escapou dos meus lábios antes mesmo que meu cérebro conseguisse processar o porquê de Silvia estar fazendo uma pergunta daquelas.
Além de não fazer sentido pelo fato de eu não me envolver com pilotos, fazia menos sentido ainda por se tratar do Sainz, e de Silvia saber o quanto eu e ele vivíamos em pé de guerra antigamente.
— De onde você tirou isso? — Minha voz carregava um tom de incredulidade, como se eu quisesse dizer que Silvia estava ficando louca.
De fato, ela só podia estar ficando louca.
— Para uma RP você está bem desinformada.
Abri a boca para lhe responder, mas a moça que faz o café do motorhome passou com algumas xícaras, nos viu e se aproximou, sorridente.
— Espero sua posição para o gerenciamento de crise até o início da tarde, até lá, pelo amor de Deus, não crie mais alvoroço.
Silvia pegou um café e saiu. Eu olhei pra moça com as xícaras, que desfez seu sorriso, esperou eu me servir e saiu em disparada, me deixando sozinha na sala dos fundos.
Sentei em uma cadeira confortável junto a mesa de vidro, beberiquei o café e retirei meu celular do bolso. Checando as mensagens que entraram quando tirei o aparelho do modo avião.
Respondi alguns agendamentos de entrevistas e então comecei a abrir as notificações de marcação em redes sociais. Volta e meia interajo com alguns fãs, é bom para a marca e existem conteúdos realmente engraçados na Internet, para ser honesta.
Foi assim que eu descobri de que porra Silvia Hoffer estava falando.
A porra do jornalista achou uma boa ideia soltar o meu vídeo fazendo massagem em Carlos Sainz. Em Charles Leclerc e Lewis Hamilton também, mas a Internet não deu muita atenção a essa parte.
Os internautas focaram na notícia da separação de Carlos e Rebecca, que admitia ter sido traída pelo piloto. Logo, a Internet viu meu vídeo fazendo a merda de uma massagem nele e deduziu que ele estava tendo um caso. Comigo!
Assisti o vídeo um bom par de vezes, focando na forma doce que Carlos me olhava. Cada vez sentindo mais ódio. Ele fez isso de caso pensado! O problema dele era a separação de Rebecca devido a sua infidelidade. Sainz sabe que eu odeio chamar atenção, aproveitou isso e a minha negativa em ajuda-lo.
Agora eu sou quase obrigada a gerenciar sua crise de relacionamento porque, veja só, eu pareço ser o motivo!
— E ai, ! — Charles entrou sorridente. — Você e o Sainz...
— Não começa, Leclerc.
— Bem que eu desconfiava daquela birra toda entre vocês dois.
Olhei para ele com tanto ódio que Charles desfez o riso que trazia nos labios. Apertei meu celular com tanta força na mão que era capaz de quebra-lo.
Eu ia estourar a cara de Carlos Sainz.
Eu ia roubar seu próprio carro e o atropelar.
Sai do motorhome da Ferrari com passos firmes. Podia sentir alguns olhares na minha direção, mesmo que quisesse fingir que não. O aparelho telefônico na minha mão vibrou, olhei o visor e fechei os olhos de ódio logo em seguida.
— Bom dia. — Parei no meio do caminho para atender a ligação.
— Bom dia, . — Ouvi o riso feminino do outro lado da linha.
— Emma, eu juro que...
— Estamos no viva voz, Craig e Dominique estão comigo. — ela alertou divertida.
Ótimo.
Toda a porra da equipe de comunicação da Williams Racing em uma ligação comigo. Emma Carden é assessora de imprensa da equipe, auxiliada por Dominique Heyer-Wright e Craig Woodhouse, que é o superior delas.
— Nós estamos na sala de briefing da FIA, consegue vir aqui?
— Chego em breve.
Desliguei o telefone e caminhei apressada. A cada passo o ódio por Carlos Sainz aumentando. Eu tinha tanta coisa para fazer naquela manhã, gerenciar uma crise pessoal não estava na lista. Nunca deveria estar, inclusive.
Assim que me aproximei do prédio principal da FIA visualizei a sala de briefing, que ficava ao lado, um espaço mais compacto do que em outros circuitos. A figura de Craig e Dominique saindo, vindo ao meu encontro.
— Bom dia. — cumprimentei tentando ser simpática, mas só consegui ser estranha.
— Bom dia, . Vamos precisar ir para uma reunião, mas Emma está lhe esperando, tudo bem? — Craig falou tranquilo e sorridente.
— Sem problemas.
Ele e Dominique se distanciaram e pude me sentir um pouco mais calma. Emma e eu nos dávamos bem, as vezes saiamos para beber e falar mal do nosso trabalho. Adentrei a sala, ela estava sentada confortavelmente em uma cadeira e riu assim que me viu.
! — levantou-se.
— Oi, Emma. — me aproximei. — Eu juro que eu vou esganar Carlos Sainz!
— Incrível como você sabe exatamente do que eu gosto, .
A voz provocativa do piloto chegou até meus ouvidos e eu me virei instintivamente. A figura de Carlos Sainz estava logo atrás de mim, sorridente.
— O que ele está fazendo aqui?
— Vocês têm uma crise pra gerenciar. — Emma levantou, pegou sua agenda e me olhou.
— Nós, — apontei para mim e para ela. — temos uma crise pra resolver.
, você é muito melhor que eu nisso, muito mais experiente. Além do mais, vocês precisam decidir se vão mentir ou assumir esse lance. — ela sorriu. — Confio em você, . Eu tenho uma reunião muito importante agora.
Emma não me deu tempo para resposta e saiu. Carlos sorriu e sentou em uma das cadeiras da sala, apoiou o cotovelo na mesa e continuou me olhando. Eu ponderava se valeria a pena descer a porrada nele agora.
— Está contente, Sainz? — vociferei enquanto me acomodava na cadeira a sua frente. — Era isso que você queria?
— Na realidade eu só queria sua ajuda antes que a Rebecca fosse pra mídia. — ele deu de ombros. — Não achei que isso aconteceria junto com a publicação daquele vídeo. — riu. — Mas consegui sua ajuda, afinal.
— Ok, é o seguinte... — me ajeitei e o fitei, séria. — É impossível você não dar entrevistas, então tente não falar sobre toda essa baboseira.
— Você sabe que o impossível é ninguém me perguntar sobre isso, né? — ele não tirava o sorriso divertido dos lábios.
— Diga que você e Rebecca estão se entendendo.
— Ela vai desmentir, ela está realmente brava.
— Você a traiu mesmo? — perguntei sem um pingo de paciência.
— Talvez. — ele passou a mão pelos cabelos e se recostou melhor na cadeira.
— Alguém pode ter visto?
— Impossível.
— Quando eu era RP você parecia fazer questão de aparecer, Sainz, ai agora faz as coisas no sigilo? — suspirei.
— Ia vazar um vídeo meu sendo infiel? — ele riu surpreso.
— Não seria nada novo para a mídia e eu provaria que não fui pivô da sua separação.
Carlos gargalhou, pegou o celular e começou a mexer no aparelho. Eu fiquei o olhando esperando alguma outra reação, esperando que ele levasse aquilo a sério. O correto a se fazer agora era evitarmos aparecer juntos, sequer próximos. Sainz estaria proibido de falar meu nome ou o nome da Ferrari, para não ser mal interpretado e eu não ousaria nem me pronunciar, seguiria fazendo meu trabalho como sempre, nos bastidores, sem ser notada.
Com sorte a poeira baixaria, a mídia perceberia que todo aquele alarde sobre termos um envolvimento amoroso era totalmente infundado, fruto de ideias malucas e percepções erradas na internet.
— Você sabe o quanto isso tudo bombou nas redes, ? — ele riu. — O ex piloto da Ferrari que mantinha um caso proibido com a RP.
— Nossa, Sainz, quando eu acho que já ouvi merda suficiente da sua boca, você vem e se supera. — revirei os olhos.
— Não sou nem eu que estou falando.
Ele me alcançou o telefone, aberto em um vídeo curto de rede social. O conteúdo se resumia em um corte do vídeo da massagem facial do dia anterior e inúmeras fotos minhas e Carlos Sainz, quando ele ainda era piloto da Ferrari e andávamos para cima e para baixo tentando resolver seus escândalos, ou quando eu o acompanhava em entrevistas.
— Tem mais... — ele riu e fez sinal para eu deslizar a tela do celular.
Assim fiz, me arrependendo no segundo seguinte, vendo um vídeo tendencioso sobre mim e ele termos um caso há anos. O outro era de uma garota dizendo o quando o meio do automobilismo proibia os pilotos de terem relacionamentos com pessoas da mesma equipe e que esse podia ser um dos fatores que levou Sainz a sair da Ferrari, pois só assim eu e ele poderíamos nos assumir.
— Eu vou te matar, Carlos. — devolvi o celular a ele. — Você fez isso de caso pensado, você está adorando essa situação.
, — ele deu de ombros. — eu estou acostumado com toda a fofoca. Quem está em cólicas é você.
— Sim? — minha voz saiu mais alta do que o esperado. — Eu estava muito bem por trás das câmeras e agora, além de ter que aturar os olhares de julgamento pelo paddock, preciso encarar essas merdas na internet, Sainz. Eu tenho que gerenciar uma crise da minha própria imagem por algo que eu sequer fiz.
— Ok, o que vamos fazer? — ele se ajeitou.
— Não fale o meu nome. Nem o da Ferrari. — ele abriu a boca. — Se perguntarem...
— Vão perguntar, .
— Fale a verdade, então.
— Que traí a Rebeca?
— Isso aí eu não vou gerenciar, eu estou trabalhando na minha imagem nessa história, Carlos.
— Ok, que você não foi pivô da separação.
— Isso. Não é difícil. — falei em tom óbvio e ele riu com desdém. — O que?
— Eles não vão acreditar. Ninguém vai acreditar. , você precisa admitir, a história de romance proibido é muito boa. Porra, nem se eu quisesse eu teria criado algo tão bom.
Fiquei observando Carlos. Ele tinha razão, pensando bem. Talvez se ele nunca tivesse sido piloto da Ferrari a história não se tornasse tão interessante, mas ele foi, e eu fui sua RP.
Lembrei de Charles Leclerc falando que sabia que a minha implicância com Carlos Sainz escondia algo. Bom, não escondia nada além do ódio que eu sentia pela capacidade que ele tinha de se meter em situações idiotas, mas essa era mais uma camada de um belo romance escondido e proibido.
É como Jordanna Clamer e o alemão Nico Hulkenberg, eles se odeiam de uma forma tão palpável no paddock, mas todo mundo sabe que os dois estão tendo um envolvimento bem intimo fora das pistas. A gente finge que não, mas a gente sabe.
— Percebeu que eu tenho razão, . — ele riu. — Você fica muito bonita quando dá o braço a torcer, sabia?
— Você fica muito bonito longe de mim, Sainz, é onde deveria ter ficado. — suspirei.
— E você sabe que fico bonito longe de você como? Fica olhando minhas entrevistas?
— Não, graças a Deus as merdas que você fala já não são problemas meus. — sorri irônica e chequei o relógio. — Leclerc e Hamilton tem uma entrevista em vinte minutos, por falar nisso. Vamos alinhar nosso posicionamento logo, Sainz.
— Agora são, caso eu fale seu nome.
— Não vai falar. Nem o da Ferrari. Eu não vou mencionar o seu nome, caso eu tenha que me comunicar com algum ser humano. — me ajeitei. — Acredito que seja melhor soltarmos uma nota oficial.
— Tá de sacanagem. — ele riu.
— Estou falando sério, Sainz.
Eu tinha alguns modelos de comunicados oficiais salvos em uma pasta no celular, pois nunca se sabe quando precisarei usa-los. Abri um dos arquivos e comecei a fazer algo que pensei que jamais seria necessário: redigir um comunicado oficial para postar nas minhas redes sociais.

"Diante dos recentes rumores que envolvem minha vida pessoal e profissional, gostaria de esclarecer que as especulações sobre minha suposta influência na vida pessoal de um piloto de outra equipe são completamente infundadas.

Meu compromisso com a Scuderia Ferrari e com o trabalho que desenvolvo como profissional de Relações Públicas permanece inabalável. A equipe segue focada em sua performance dentro e fora das pistas, e não comentará especulações sem fundamento.

Agradeço o respeito à minha privacidade e reforço meu compromisso com a ética e a integridade no ambiente profissional.



Relações Públicas – Scuderia Ferrari"


— Vou te enviar a sua retratação, Sainz.

"No último dia, surgiram rumores infundados sobre minha vida pessoal, incluindo especulações a respeito de um vídeo que está circulando na internet em uma breve interação minha com . Gostaria de esclarecer que nossa interação foi estritamente profissional, que nossa relação segue amistosa devido a termos feito parte da mesma equipe no passado, qualquer insinuação além disso é completamente falsa.

Entendo o interesse do público, mas reforço que minha prioridade segue sendo minha carreira na Fórmula 1 e minha dedicação à Williams Racing. Não comentarei assuntos pessoais e agradeço o respeito à privacidade de todos os envolvidos.

CARLOS SAINZ

Piloto – Williams Racing"


— Tá tão na cara que foi você que escreveu. — ele disse após ler.
— Não estou nem ai, só publique isso logo.
— Nem citou meu nome na sua nota, , quanta frieza.
— Sainz, vai a merda. — me levantei. — Estou atrasada. Carlos, foi um desprazer ter que trabalhar com você novamente. Dito isso, espero que nunca mais precisemos respirar o mesmo ar.
— Retiro o que disse antes... Você fica mais bonita quando está irritada. — ele se levantou também. — Deve ser por isso que eu estava te olhando daquele jeito durante a massagem, você estava muito brava.
— Insuportável. — revirei os olhos.
— Alias, podia aproveitar que estamos a sós e me fazer a massagem facial. — eu apenas o fuzilei com os olhos enquanto ia até a porta da sala. — Ou se quiser pular pra parte que me esgana, eu gosto de mulheres bravas e violentas.
— Carlos, some.
Abri a porta e deixei que ele saísse rindo. Sai logo em seguida e fomos cada um para um lado.




Continua...


Nota da autora: Sem nota.

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