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Revisada por: Hydra

Finalizada Em: 19/07/2024
Voltar a Hogwarts foi uma das partes mais difíceis e por mais que tenha me esforçado como nunca para me manter sã, falhei no momento em que entrei no salão comunal. A vontade de chorar me consumiu e um nó na garganta surgiu quando pensei no que teria de enfrentar naquele ano. Pensei em sentar e chorar ali mesmo, sozinha no sofá e sem perspectiva de que nada de bom fosse acontecer, nem mesmo os tons de amarelo soavam alegres e nenhuma planta saltitante conseguiu prender minha atenção por mais de dois segundos ou me tirar um sorriso bobo.
Respirei fundo por conta de todos os sentimentos que estava suprimindo desde o jantar e em quando me chamaram até a mesa dos professores. Eles tinham que me tratar diferente em algum momento — Cedrico e eu sempre estávamos juntos. Éramos inseparáveis. Depois de alguns minutos travada na entrada, com mais vontade de ir do que de ficar, decidi entrar finalmente e ir para o meu dormitório, mas quando estava prestes a seguir o caminho de sempre, me deparei com algo que não estava por ali antes. Havia um enorme e elegante retrato de Cedrico na divisão de caminhos que estava destinado aos dormitórios. A sua fotografia se mexia e sorria da forma mais genuína que eu já tinha visto, como quando ele ganhou a primeira prova no torneio tribruxo e quando me convidou para o baile de inverno.
Corri em disparada na direção da moldura, ao passo que as lágrimas que eu segurava desde o início começaram a surgir e a me sufocar, porque vinham cada vez mais e mais delas e molhavam todo o meu rosto. Dei um grito mudo e bati a mão na parede em pleno sinal de esgotamento. Todo o meu processo de paz interior tinha simplesmente sumido da minha mente e eu só conseguia chorar enquanto olhava para o rosto de Cedrico na fotografia. Deixei meu corpo cair e me sentei no chão aproveitando para apoiar minha cabeça nos joelhos e chorar até cansar, mas isso só durou alguns minutos, porque senti uma respiração fraca perto do meu pescoço, o que me assustou e acabou me fazendo despertar.
Olhei ao redor, mas não encontrei ninguém, então voltei para a posição em que estava antes — deitada nos meus joelhos. Eu simplesmente não me importava mais com que iriam pensar, eu só estava reagindo como uma pessoa que estava reaprendendo a fazer isso, como uma pessoa que tinha tido o coração despedaçado. Senti a mesma sensação de antes, mas dessa vez na minha orelha esquerda, até olhei na direção que pensei ter sentido o ar quente, mas outra vez não tinha nada.
— Pensei que não pararia de chorar. — uma voz masculina disse e eu gelei. — Mesmo que fique ainda mais bonita chorando, ainda odeio vê-la assim. — olhei na direção em que a voz vinha e encontrei Cedrico em pé, um pouco próximo às doninhas bailarinas que ficavam num cercadinho suspenso no teto. Ele estava vestido com a mesma roupa que eu o tinha visto pela última vez e seu semblante era calmo. — Não vai dizer nada? Nem o motivo pelo qual estava chorando? — ele perguntou, em um tom sério.
— Como você fez isso? — tentei formar palavras coerentes, mas era tão difícil, pois desejava atropelar as palavras e gritar. — Como saiu da moldura?
— Qual moldura? — ele perguntou sem saber sobre o que eu estava falando, me fazendo questionar por um momento se eu estava louca, o que naquela altura, estava quase cem por cento comprovado.
Eu estava falando com alguém que não estava mais no mesmo plano que eu, até que olhei para onde estava a moldura e comprovei que faltava alguma coisa nela realmente. Cedrico.
— Aquela. — apontei para o lado oposto ao que ele estava. Cedrico compreendeu e então voltou a ficar relaxado e sorriu.
— Eu só quis saber o porquê de você estar chorando. — ele disse doce e suavemente.
— Então você sai do retrato quando quer e vira um fantasma?
— Eu não sou um fantasma. — ele disse revirando os olhos, mas ainda mantinha o sorriso bonito no rosto.
— Claro que você é! — eu bufei e me levantei do chão me aproximando o suficiente para que minha mão tocasse seu braço e ela não o atravessou. Senti meu estômago revirar e meu coração bater ainda mais acelerado, como se fosse sair pela boca. Eu não conseguia acreditar que ele estava ali e eu podia tocá-lo e finalmente abraçá-lo pela última vez.
! — Cedrico me cutucou. — Você está bem?
— Você não é um fantasma! — eu gritei e coloquei as mão na boca logo em seguida.
Estava incrédula demais para pensar em qualquer coisa que não fosse aquele momento.
— Viu?! Eu lhe disse. — Cedrico disse empolgado, segurando meus ombros.
— Eu ainda não entendo. — me afastei um pouco dele e o olhei de cima para baixo. Ele era exatamente como me lembrava; cabelos levemente dourados e olhos acinzentados.
— O que você ainda não entende? — Ced perguntou depois de algum tempo em que estávamos em silêncio.
— Você está aqui! — eu disse simplesmente.
— Por causa de você. — Cedrico prontamente respondeu.
— Por quê? — perguntei, um pouco surpresa.
— Podemos conversar enquanto eu te sirvo um chá?
— Mas não tem chaleira alguma por aqui…
— Claro que tem, sente-se. — ele apontou para o grande e aconchegante sofá amarelo e preto.
Eu sentei-me como me foi sugerido e Cedrico veio em minha direção logo após com uma xícara de chá. Eu apanhei de sua mão e aproximei do meu rosto como sempre fazia. Senti um aroma familiar e olhei na direção dele.
— Hortelã e mel. — ele pronunciou, sentando-se ao meu lado.
Enquanto eu tomava cada gole como se fosse o último, Cedrico ficou me observando. Seu sorriso estava ali outra vez, mas agora seus olhos eram tristes, então eu me lembrei da pergunta que tinha feito.
— Por que eu?
— Porque você precisa se despedir, precisa seguir em frente.
— Ced, eu… — afastei a xícara do meu rosto e o olhei no fundo dos olhos. Eles eram extremamente determinados, ao contrário dos meus que se derramariam em lágrimas a qualquer momento outra vez.
, você precisa deixar o amor florescer outra vez, precisa derrubar esse muro de indiferença que tem construído.
— Eu não consigo, Ced. — disse entre soluços. Era tarde demais. A primeira lágrima tinha caído.
— Por que está chorando? — ele perguntou.
— Por causa de você.
— Estou aqui agora.
— Mas quando eu acordar não vai estar mais estar, e nem amanhã e nem depois e nem… — ele me interrompeu.
— Não termine o que iria dizer, eu lhe imploro.
— Mas você não estará! — eu praticamente sussurrei com o fio de voz que me restou somado ao choro que subia à garganta.
— Eu sempre estarei com você. — ele disse, enquanto me encarava de forma séria. — Bem aqui. — apontou para o meu coração.
— Ced… — eu funguei.
— Então quando quiser me sentir por perto, é só levar a mão até o seu coração. — ele continuou. Ficamos em silêncio nos encarando e eu senti meu coração ficar um pouco leve.
— Ced?
— Sim?
— Você pode me abraçar uma última vez?
— Esses braços foram feitos para abraçar você. — ele disse e então me envolveu nos seus braços.
Aconcheguei-me dentro deles como se fosse a coisa mais preciosa de todas — o que realmente era e me permiti eternizar o que já estava eternizado desde o momento em que nos conhecemos. Aos poucos os braços de Cedrico foram sendo substituídos por uma sensação de vazio e eu voltei a sentir meu coração pesar. Estava deitada embaixo da moldura com a foto de Cedrico. Ele continuava se mexendo e sorrindo, como eu tinha acabado de ver e de sentir. Tentei não choramingar com as lembranças do sonho, mas acabei fungando. Levantei rapidamente e me arrumei olhando para os lados, a fim de me certificar que não tinha tido nenhuma testemunha.
— Não se preocupe com isso querida. — escutei a voz da professora Sprout atrás de mim. — Seus colegas de casa não a julgariam. — Professora! Eu só estava…
— Estava sentindo muito. Um pouco até do que todos nós. Diggory era um grande rapaz. — ela disse e enxugou uma lágrima solitária do mesmo modo. Eu tinha tantas coisas para dizer, mas naquele momento eu não quis dizer nada. Me aproximei da professora e a abracei de lado. Ela ficou um pouco surpresa, mas não recuou, retribuindo o meu abraço.
— Nós nunca o esqueceremos, Ced! — eu disse olhando para a sua fotografia pendurada na parede do salão comunal. A professora concordou com um aceno de cabeça e apertou os meus ombros. E daquele modo, eu soube que a Lufa-Lufa era uma só e que todos realmente sentiam muito.


Fim!


Nota da autora: Escrevi essa fanfic depois de uma das minhas autoras favoritas de fanfics de HP matar um certo personagem, que não vou dizer qual e nem a autora, porque pode ser um spoiler na historia dela, enfim, eu senti que precisava escrever sobre e então saiu essa belezinha que eu adorei, mas que me faz chorar. Obrigada por ter lido. ♡♡♡♡

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