Revisada por: Júpiter
Última Atualização: 13/12/2024No entanto, segundos depois de ter acordado, percebeu que o toque não era de seu calmo despertador e sim de seu não tão calmo toque para ligação. Mantendo os olhos fechados, ela rolou na cama e tateou o móvel de cabeceira até encontrar seu celular. Era domingo, logo se lembrou, um dos poucos dias daquela agitada semana em que não precisaria trabalhar, ou seja, não havia nenhuma necessidade de acordar cedo.
Porém, a pessoa que ligava era importante de muitas formas, mas principalmente, era seu chefe e seu melhor amigo. Não podia deixar de atender a um telefonema de Kim Taehyung, por mais que o xingasse mentalmente de todos os palavrões possíveis naquela manhã.
— É domingo — foi a primeira coisa que disse com a voz carregada de sono.
— Bom dia para você também,.
— Tae — ela suspirou, sentando-se na cama. O quarto girou, o que a fez colocar a mão na cabeça, seu rosto se retorceu em uma careta. — Eu estou de ressaca.
Foi possível ouvir a risada de Taehyung do outro lado da linha. quis socá-lo.
— Eu imaginei.
— Você parece bem. Tem certeza de que fomos a mesma festa ontem?
— Fomos, ou eu não teria te deixado em casa, teria?
gostaria de dizer que se lembrava de algo, mas a verdade é que a noite anterior era um borrão em sua mente. Não ficou surpresa ao saber que ele a havia trazido de volta ao seu apartamento, afinal, Tae sempre cuidava da e vice-versa. Na noite anterior, eles haviam saído com toda a equipe para comemorar o lançamento do EP Layover, o primeiro projeto solo do incrível V, do BTS. Foi uma noite em tanto, uma noite em que se deixou extravasar depois de tantos meses trabalhando naquele projeto. Aliás, tantos anos, já que o garoto estava trabalhando no álbum com tamanho perfeccionismo que levou anos para que finalmente ficasse satisfeito.
Ou seja, foi uma festa para comemorar a liberdade. Não que trabalhar como assistente de seu melhor amigo de infância fosse ruim, longe disso, amava seu trabalho. Mas era bom poder finalmente compartilhar a obra prima de Kim Taehyung com o mundo. Porém, se Tae havia dirigido…
— Você não bebeu na sua própria festa?
— Troquei o soju pela água quando te vi virar a primeira tequila.
gemeu, envergonhada, enfiando o rosto na mão e apertando os olhos com força para tentar espantar a dor de cabeça que se formava ali.
— Desculpa…
— Relaxa — Tae respondeu com mais um riso fraco. — Você merecia se divertir, trabalhou duro.
— Bom, agora estou precisando de uma aspirina — reclamou a jovem.
— Tem uma cartela embaixo da pia do seu banheiro — Tae disse, fazendo uma breve pausa. — Aliás, aproveita para ver se ainda tem descolorante de cabelo aí?
fez uma pausa antes de perguntar.
— Para que você quer isso?
Tae a imitou, demorando alguns segundos antes de responder com certo receio na voz, pois conseguia imaginar qual seria a reação da amiga.
— Para descolorir meu cabelo...
finalmente abriu os olhos, ignorando a pontada que sentiu.
— Você só pode estar enlouquecendo! Estamos no meio da sua campanha de divulgação do EP, Kim Taehyung! Você viaja semana que vem para gravar os music videos!
— Céus, usou meu sobrenome — o cantor disse ao rir novamente. — , não vou colocar nenhuma cor chamativa, apenas descolorir. Vai combinar com a estética que estou pensando para os vídeos. E não vai ficar ruim, porque você vai me ajudar.
A certeza com que o jovem havia falado aquilo, como se já tivesse concordado com aquela loucura, seria cômico, se não fosse por todo o contexto do momento. Porém aquela certeza não era à toa: Taehyung realmente conhecia a garota como a palma de sua própria mão e sabia que ele poderia inventar a ideia mais idiota de todas, seria difícil não concordar em ajudá-lo.
— Espere um pouco — falou com a voz sonolenta após dar um suspiro audível, tirando as cobertas pesadas de cima de suas pernas e finalmente levantando da cama.
O quarto inteiro girou, o que a impediu de conseguir dar um passo. Ela engoliu a ânsia e foi para o banheiro, agachando-se para alcançar o pequeno armário embaixo de sua pia. Como Taehyung havia dito, a aspirina estava lá.
— Achou? — Ela ouviu a voz metálica do outro lado da linha. Ao empurrar alguns produtos de limpeza e rolos de papel higiênico, a caixinha de descolorante foi encontrada.
— Tae, você tem certeza disso?
— Tenho — respondeu com firmeza. — Vai ficar legal.
— Certo, ok… — suspirou de novo ao passar a mão no rosto, tirando do armário o produto de cabelo e a cartela de remédio. — Me dê o tempo de tomar um banho e tentar tirar um pouco dessa ressaca do meu corpo e eu vou até seu apartamento, está bem?
— Perfeito! — Taehyung respondeu com empolgação. — Vou sair para correr, acho que vai dar o tempo perfeito.
— Se você correr bem devagar, talvez dê sim — brincou , com um fundo de verdade porque, por mais que morassem na mesma rua, a garota sentia que seu corpo não estava em condições de ser ágil.
Taehyung riu com vontade antes de se despedir da amiga e desligar a ligação.
Sentada no chão frio do banheiro, ficou olhando a tela do celular, rolando as fotos da noite anterior. Dentre tantas fotos borradas e caóticas, parou em uma em que seus rostos estavam apertados um contra o outro, as bochechas esmagadas de tal forma que poderiam se fundir em um só rosto. Tae mantinha um sorriso tímido e fazia seu clássico V com os dedos enquanto dava um sorriso largo com os olhos fechados, era visível o efeito do álcool em seu organismo a deixando mais espontânea. Aquela foto definia tanto a amizade dos dois que ela não pôde evitar desejar que o mundo visse. Dessa forma, entrou em seu Instagram e postou a foto em seu feed, colocando na legenda “noite incrível para comemorar o seu talento”, marcando-o em seguida. Não demorou muito para que suas notificações explodissem, e esse era o momento em que ela fechava o aplicativo e deixava o celular de lado.
O fandom do grupo BTS poderia ser um tanto intenso às vezes. Ela tinha o privilégio de ser bem quista pela grande maioria, já que trabalhava com Tae desde o começo do grupo, antes apenas com uma ajuda aqui e ali, depois de forma mais profissional, sendo contratada pela Hybe e tudo o que tinha direito.
No entanto, ela não escapava dos comentários maldosos falando que ela queria apenas atenção e fama, que não merecia estar perto dos meninos, que não era amiga de verdade do precioso V, entre outras coisas ainda mais pesadas que não valiam um segundo de seus pensamentos.
Durante os muitos anos que se passaram, aprendeu a ignorar. Haviam dias mais difíceis que outros, em que uma voz irritante em sua cabeça a coagia a abrir os comentários e ler os piores, fazendo-a questionar tudo. Mas bastava uma mensagem de Taehyung ou um abraço dele para lembrar que a vida real era bem diferente e que não existia Tae sem , muito menos sem Tae.
A garota esteve com Taehyung e com o resto do grupo desde a formação. Ela viu de perto as dificuldades que tinham ao gravarem a primeira demo em uma garagem velha com poucos equipamentos, ao dormirem em lugares precários com insetos e infiltrações demais para um humano viver de forma saudável. Lembrava-se bem das frustrações compartilhadas quando os números dos álbuns e dos singles não agradavam, quando apresentações em programas de televisão eram cancelados por não serem tão relevantes, a onda de hate que recebiam de forma gratuita, a xenofobia a rodo ao tentarem tantas vezes apenas serem aceitos fora da Coreia do Sul.
Lembrava-se, com um arrepio na espinha, de Kim Taehyung se afundando em um burnout anos atrás, no qual ela, por um breve momento de impotência, pensou que não conseguiria salvá-lo. Era bom ver uma foto atual deles, ambos estando bem, sorrindo, e perceber o quanto cresceram. Momentos como aquele faziam perceber o quão rápido o tempo passou. Até outro dia, eram dois adolescentes no ensino médio, trocando provocações nas aulas até perceberem que haviam se tornado inseparáveis, agora Kim Taehyung era um astro do kpop, conhecido e adorado mundialmente. Para ela, ele continuava sendo apenas o seu Tae.
Não demorou muito para que se arrumasse e fosse para a casa do amigo. Havia recebido uma mensagem dele avisando que ele já tinha voltado da corrida matinal, mas ela não se importou em bater à porta; carregava em sua memória a senha da fechadura da porta de Taehyung, assim como ele tinha a do apartamento dela. Estavam mais do que acostumados a apenas irem abrindo a porta e entrando, pois a casa de cada um era a segunda casa deles. Por um breve momento, no começo da carreira do grupo, poderia se dizer que e Taehyung dormiram juntos. A garota deixava-o entrar escondido em sua casa para que pudesse dormir no colchão confortável que mantinha debaixo de sua cama, com o privilégio de ter um ar condicionado nos dias quentes demais. Os dois pensavam que os pais da menina não sabiam, mas a verdade é que eles gostavam tanto do garoto que não se importam em tê-lo ali (contanto que a filha não aparecesse grávida, eles estavam satisfeitos). Depois que conquistaram a independência, dormirem no mesmo espaço se tornou uma rotina, principalmente depois de alguma festa. A única regra era não trazer outra pessoa que tivessem algum interesse amoroso, essas teriam que levar em outro lugar. A regra foi criada por depois de ter que passar uma noite inteira ouvindo os gritos e gemidos altos demais de uma “amiga” de Taehyung. O cantor não se importou, afinal, sentia náusea ao imaginar qualquer sinal que fosse de que um homem estava com .
Um homem que não fosse ele.
Ao ouvir o som da senha sendo teclada e da porta destrancando, Taehyung sorriu para o espelho. Havia acabado de sair do banho e usava apenas uma calça de moletom, já que iria descolorir os cabelos e não queria estragar nenhuma camiseta. Ele a ouviu falar com Yeontan com a voz adorável que sempre usava com seu spitz alemão e que o cãozinho amava desde o dia em que foram buscá-lo no canil. Taehyung também era grande admirador daquela voz e da forma como ela tratava o pet que era como seu filho.
— Tae? — ouviu o chamar de outro cômodo, tirando-o do transe que o carinho que sentia por ambos lhe colocou.
— No banheiro! — ele gritou de volta, secando a nuca com a toalha. Não demorou nem um minuto para que a garota aparecesse na porta do banheiro da suíte com Yeontan em seu colo, lhe lançando em seguida um olhar decepcionado. Tae sorriu com seu sorriso quadrado, sem ter certeza do que havia feito de errado daquela vez. — Oi.
— Você lavou o cabelo — afirmou com um suspiro, sentindo o cheiro do clássico shampoo caro que Taehyung usava há anos.
— Lavei — Tae deu de ombros, lançando um olhar para o reflexo no espelho embaçado.
— Não se lava o cabelo antes de pintar!
— Não vou pintar, , só descolorir!
— Dá no mesmo! Vai ficar todo manchado! Fora que não adianta você descolorir, vai ficar laranja, você tem que passar tinta por cima.
— Não tenho tinta — Tae respondeu, olhando-a com um olhar alarmado.
— Imaginei que não, então passei na farmácia e comprei um tom que talvez fique bom em você — respondeu , acariciando distraidamente o cão que dormia tranquilo em seus braços.
— Obrigada, você é incrível…
— Não me agradeça ainda — ela falou com firmeza, balançando a cabeça. — Pode ficar horrível.
— Eu confio em você — disse Tae para encerrar o assunto, dando mais um sorriso.
não resistia muito aos sorrisos do garoto, eles tinham um efeito horrível nela: o efeito de nunca conseguir dizer não enquanto ele sorrisse daquela forma, de fazê-la se derreter um pouco até aceitar qualquer maluquice que ele estivesse propondo ou perdoá-lo por qualquer coisa que ele tivesse feito. Ela soltou mais um suspiro, passando a mão no rosto e murmurando um “está bem, não diga que não avisei”.
Taehyung pegou um banco de sua cozinha e o colocou na frente da pia do banheiro, permitindo que , após colocar Yeontan confortavelmente na cama, jogasse uma toalha cinza por seus ombros nus ao se posicionar atrás dele. Enquanto ela penteava os cabelos morenos rebeldes do amigo e preparava o descolorante, eles começaram a conversar. Tae relembrou alguns acontecimentos da noite anterior, como Chae cantando Wannabe das Spice Girls no karaokê, e do momento em que ela virou três shots seguidos de tequila para provar que era mais forte que um cara aleatório que estava tentando paquerar ela.
— Ele não estava tentando me paquerar.
— Estava — afirmou Taehyung, batucando os dedos na pia. — Você tinha que ter visto a cara dele quando você virou o terceiro, ele nem tentou pegar o copo dele.
— Céus… — ela resmungou envergonhada enquanto Taehyung apenas riu. — Você não pode me deixar beber tanto assim, já te disse.
Tae estalou a língua.
— Deixa disso, você merece se divertir às vezes.
— Temos vinte e oito anos, Tae. Não somos mais jovens irresponsáveis.
— Diga por você, eu sou muito jovem — retrucou o sul-coreano, sorrindo largo. não aguentou segurar a risada, balançando a cabeça. — Enquanto estivermos vivos, minha querida, sempre seremos jovens.
— A ressaca ficando cada vez pior me diz o contrário — ela respondeu, finalizando o trabalho nos cabelos do amigo. — Pronto, agora é esperar trinta minutos.
Os dois sentaram-se na cama e continuaram conversando enquanto esperavam o descolorante agir, depois repetiram o processo com a tinta. O tom da conversa foi leve, com risos e brincadeiras, combinando com o domingo preguiçoso que eles teriam pela frente. Ambos poderiam estar fazendo qualquer outra coisa — definitivamente estaria dormindo mais um pouco se pudesse —, contudo, não importava o que aparecesse em suas agendas, eles sempre escolhiam a companhia um do outro.
Taehyung voltou ao banheiro e, com a ajuda da amiga, enxaguou todo o produto. Ao se olhar no espelho, deu um sorriso satisfeito, esfregando a toalha nos fios úmidos, bagunçando-os com vontade. Ele voltou a se sentar no banco para que secasse seus fios com o secador, passando a mão delicada entre as madeixas em um carinho tão satisfatório para Tae que lhe causou arrepios, que passou despercebido por .
Ao finalizar, ambos olharam o resultado no espelho. Não ficou nada manchado, Tae percebeu ao passar as mãos nos fios macios. O tom ficou levemente dourado, o que surpreendentemente o agradou.
— Valeu — ele murmurou sorridente, levantando-se do banco para abraçá-la apertado.
tentou escapar do aperto apenas para provocá-lo, mas não conseguiu fugir antes que ele lhe desse um beijo estalado na bochecha. Ela limpou o rosto, mesmo que não tivesse se importado nenhum pouco.
— Você realmente não fica ruim com nenhum tipo de cabelo, não é? — ela retrucou enquanto organizava as coisas na bancada da pia. — É irritante. Como resposta, Kim apenas riu, sabendo que, se ele concordasse, ela o chamaria de convencido.
— Mas foi arriscado, poderia ter ficado péssimo.
— Eu já pintei o cabelo tantas vezes antes.
— Com profissionais — ela retrucou.
—Você é profissional, trabalhou anos com sua mãe no salão dela.
— Eu era adolescente, Tae! — riu, balançando a cabeça em negação. — Faz no mínimo dez anos que não pinto o cabelo de alguém que não seja eu.
— E não perdeu o dom — ele respondeu, lançando uma piscadela. — Mesmo assim, se tivesse ficado ruim, eu vou ter que raspar de qualquer forma…
guardou o secador no armário e ergueu o corpo com rapidez para encarar Taehyung. Sua feição não era mais tão amigável, havia adquirido um tom sombrio, sério, que Tae não gostava muito de ver no rosto dela. , aos olhos de Kim Taehyung, era a mulher mais linda de toda a Coreia do Sul, e diria do mundo, mas não queria ser chamado de exagerado. No entanto, era a mais pura verdade em seu coração. Então, mesmo com aquela expressão que estava longe de ser sua favorita, a intensidade fez seu coração errar uma batida.
A outra verdade em seu coração é que ele era apaixonado por desde os tempos do colégio, e por um breve período, ela soube. E, quando soube, disse ser loucura e que eles não podiam namorar, pois arruinaria tudo. Tae engoliu seco o sentimento e o escondeu em uma caixinha em seu coração durante todo aquele tempo, garantindo a com falsa certeza que ele havia superado, não sentia por ela nada além da amizade.
Pura mentira, já que o sentimento permanecia intacto, podendo dizer até mais forte. Porém se acostumou a viver com aquilo. Não sabia como era sua vida sem aquele amor escondido, o carregava para cima e para baixo como um bom companheiro. Como
— Não fale besteira — ela murmurou, balançando a cabeça com firmeza. — Você não vai raspar cabelo nenhum porque você e os meninos não vão para o serviço militar.
Tae fechou os olhos e suspirou quando a amiga saiu do banheiro, seguindo-a até o quarto.
— …
— Sei o que vai dizer — ela o interrompeu rápido, sentando-se com certa raiva na cama. O movimento brusco fez Yeontan acordar; ele aproveitou para se aconchegar novamente na amiga de seu pai. — Que eu tenho que aceitar e me acostumar com a ideia, mas vocês precisam aceitar que o governo não seria maluco de mandar os maiores contribuintes da economia do país em um serviço militar de mais de um ano de duração. Não de Seoul, nem de qualquer cidade, mas do país inteiro!
Tae sentou-se do outro lado da cama kingsize, abaixou a cabeça para o travesseiro que pegou nos braços e apenas a escutou, como sempre fazia. era também a pessoa mais teimosa que Taehyung já conheceu na vida, o que às vezes era muito bom, já que ela não desistia tão facilmente de coisas importantes como seus sonhos, seus objetivos, ou coisas bobas como encontrar o kimbap perfeito em outro país. Por outro lado, em questões como aquela, a teimosia da mulher a levava para muito alto e a queda era sempre grande demais, machucando-a com a baque ao cair na realidade dura. Infelizmente, aquele seria o caso, e ver se machucar era a ruína de Taehyung.
— Vocês botaram a Coréia de volta no mapa, vocês pavimentaram o caminho! — Ela balançou novamente a cabeça, ajeitando-se na cama com um travesseiro nos braços, imitando o melhor amigo. — Além do mais, se vocês fossem convocados, eles já teriam dado a resposta…
Taehyung engoliu em seco. A verdade é que o governo sul-coreano havia dado uma resposta para a Hybe há alguns dias, o BTS não seria uma exceção, assim como outros não foram antes deles. Ele implorou para que ninguém contasse a , pois queria ser o responsável por aquela conversa, sabendo o quão confiante ela estava em relação a escaparem do serviço militar. Ele queria ser a pessoa a contar para já ser a pessoa a amparar a queda.
O problema era o fato de ele ter tido muitas oportunidades para contar, como naquele momento. Contudo, lhe faltava o mais importante: a coragem.
— Você tem razão — ele respondeu, assentindo com a cabeça. — Mas eles não podem abrir exceção para nós e depois mandar os outros grupos, não seria justo.
— Eles não precisam mandar os outros grupos — ela comentou, dando de ombros.
— … — Tae riu, balançando a cabeça. — São muitos grupos. Somos sete, mas tem grupos com mais de dez caras, você tem noção? Não tem como eles simplesmente deixarem tudo isso de homens isentos de uma obrigação.
— Ou seja, vocês não vão fazer falta no exército — ela concluiu com um sorriso largo, apontando para ele e repousando a cabeça nos travesseiros que sobraram atrás de si.
Quando Taehyung montou seu apartamento, gargalhou ao ver o tanto de travesseiros que ele havia colocado em sua cama. No entanto, ela amava encaixar-se entre eles, o que a fez encher sua própria cama com diversos travesseiros e almofadas. Parecia estar deitada em nuvens, já que agora seu melhor amigo era rico o suficiente para comprar itens caros e de muita qualidade para sua casa.
— Teimosa — ele murmurou antes de jogar o travesseiro nela e ir para seu closet, ainda dentro do quarto. — Sabe, eu queria ter essa sua confiança, essa sua fé. Tenho sorte de te ter como minha melhor amiga, acho que falta um pouco disso em mim, mas posso sempre contar com sua…
Taehyung voltou para o quarto enquanto vestia uma camiseta cinza da marca Celine. Ao passar a cabeça pela gola, viu que sua amiga não prestava mais atenção no que ele falava, já havia embarcado em um sono profundo, agarrada em um travesseiro e totalmente relaxada com Yeontan aconchegado perto dela. Ele sorriu, derretendo-se com a imagem pacífica. Ao se aproximar da cama, pegou a manta que deixava aos pés do móvel e colocou em cima da mulher, tirou os cabelos caídos em seu rosto e depositou um beijo em sua têmpora antes de apagar as luzes e se dirigir para a cozinha para preparar café da manhã para ela.
A tela do celular acendeu com uma mensagem de Taehyung e o horário mostrando que seu cochilo durou um pouco mais de uma hora. O recado dizia apenas “panquecas!”, o que já justificava o cheiro delicioso de açúcar e canela. A barriga da mulher roncou com o mero pensamento de comida, o que a fez saltar da cama. Antes de sair, passou rapidamente pelo banheiro, encarando o rosto inchado no espelho. Não pôde fazer muito por sua aparência, apenas limpou o rímel levemente borrado e ajeitou os cabelos. Se agradeceu por isso quando atravessou o corredor dos quartos com Yeontan em seus pés e deu de cara com Jung Hoseok, sentado no chão da sala com as costas apoiadas no sofá e as pernas compridas esticadas embaixo da mesa de centro. Na sua frente estava um prato com panquecas cobertas por calda de chocolate. Ao ver a garota meio atordoada no final do corredor, J-hope levantou os braços e exclamou:
— !
— J-Hope! — ela o imitou com um pouco menos de energia, seu cérebro ainda tentando acordar. Taehyung, que estava focado em preparar mais panquecas, virou-se para trás com um sorriso leve, lançando uma piscadela para ela. — Comendo minhas panquecas?
— Claro que não — Hobi respondeu, levantando-se para envolver a amiga em um abraço, depositando um beijo carinhoso no topo de sua cabeça. — Essas são minhas. Se quiser algumas, peça para o chef Kim.
— Já estão aqui — Tae logo se intrometeu ao virar-se para a ilha da cozinha para colocar uma última panqueca em um prato já preenchido por elas.
agradeceu ao pegar suas panquecas, levando para onde J-hope voltou a se sentar. Sentou-se ao lado dele e esperou que Taehyung se juntasse à dupla para jogar calda em sua comida e saboreá-la. Assim como Jeon Jungkook, não conseguia não demonstrar uma reação quando gostava muito da comida. Tae viu com grande prazer quando a melhor amiga cortou com as mãos o primeiro pedaço, levou o pedaço até a boca e, em seguida, soltou uma exclamação ao jogar a cabeça para trás, no estofado fofo do sofá.
— Incrível — ela murmurou, indo para mais um pedaço. Tae sorriu com timidez. — Às vezes você sabe cozinhar.
— Às vezes — reforçou Hoseok, recebendo um chute de Taehyung, sentado de frente para ele, por debaixo da mesa. O cantor tinha uma mesa de jantar, mas era quase uma tradição comerem o café da manhã na mesa de centro.
Como se lembrasse da presença de J-Hope, se virou para ele.
— O que faz aqui tão cedo?
O homem sorriu, mastigando as panquecas. Ele achou graça ela questionar, já que deveria estar mais do que acostumada com os meninos entrando e saindo das casas um do outro. Ele mesmo não havia questionado a presença da amiga, afinal, era mais do que normalizado encontrá-la onde Taehyung estivesse. J-Hope lembrava-se de ter em sua vida o mesmo tanto que tinha lembranças de Taehyung, pelo mesmo tempo, já que conhecera ambos no mesmo dia. Eram inseparáveis e Hoseok ficava feliz com isso, afinal, adorava a mulher tanto quanto adorava o companheiro de grupo. Já havia feito a besteira de dar em cima dela na frente do amigo, o que lhe fez receber duas semanas com Tae de cara fechada para ele, mantendo-se distante até que o hyung conversasse com ele e pedisse desculpas.
Jung Hoseok não ousou mais, pois, naquele momento, percebeu que os sentimentos de Kim Taehyung eram bem mais que amizade, mesmo que o mais novo não tivesse tentado nada com a amiga, pois não queria “estragar a amizade”. Era fácil ver que um era feito para o outro, bastava passar alguns minutos com os dois, como naquele momento, para perceber tal coisa. Mas J-Hope não ousava se meter, sabia que as coisas não eram fáceis para os membros do BTS em muitas questões, mas principal e delicadamente em relação a relacionamentos. Entre a agenda apertada e um fandom não tão favorável a eles namorarem, não era a coisa mais fácil do mundo se relacionar com alguém. Taehyung jamais submeteria sua melhor amiga a isso, correndo risco de acabar com uma amizade tão preciosa. Jung Hoseok o entendia perfeitamente.
— Vi que o Tae estava fazendo uma live e vim parabenizá-lo pelo lançamento do EP — disse J-Hope, dando de ombros. — E o que você faz aqui?
A pergunta era só uma provocação, já que não era surpresa nenhuma vê-la no apartamento do melhor amigo.
— Vim fazer aquela merda ali — ela respondeu, gesticulando com a cabeça em direção a Taehyung que, percebendo que ela falava dele, fez cara de tédio. J-Hope gargalhou.
— Não ficou uma merda — Taehyung se defendeu. — Ficou ótimo.
— Graças à — Hoseok afirmou como se já soubesse de toda a história, e para confirmar, Tae apenas assentiu. — Mas ficou bom mesmo, melhor que os muitos cabelos coloridos que você já teve.
— Valeu mesmo, hyung — Tae murmurou, fingindo um leve tom de ofensa.
— Eu digo merda porque ele está no meio da divulgação do álbum! Tudo bem que os fãs estão mais do que acostumados com vocês mudando de cabelo a cada semana — os dois homens soltaram exclamações, chamando-a de exagerada —, mas é diferente. Tem toda uma estética…
— Que combina com o EP — J-Hope defendeu o amigo, piscando para ele. — Relaxa, gatinha, logo volta ao normal, ele vai ter que raspar mesmo…
Taehyung gelou e arregalou os olhos, buscando a atenção do amigo para alertá-lo a não entrar no assunto. , por sua vez, suspirou alto.
— Já disse ao Tae, vocês não vão precisar raspar o cabelo! Estou confiante que vocês não vão ser chamados para o serviço militar.
Hoseok abriu a boca para questioná-la, já que eles sabiam até mesmo as datas em que partiriam para o serviço, mas segurou as palavras quando lançou um breve olhar para Taehyung e o viu mover minimamente a cabeça em negação, implorando com os olhos para que não falasse nada, então entendeu que o colega de grupo ainda não havia contado a novidade para a melhor amiga. J-Hope fechou a boca em uma linha fina e apertada, lançando um olhar de repreensão a Taehyung que fingiu não perceber. Para , J-Hope deu seu melhor sorriso e apertou o ombro da amiga.
— Adoro sua confiança, . Espero mesmo que esteja certa.
Ele conduziu a conversa para outro caminho, para o alívio de Taehyung, e o papo se prolongou mesmo depois de os pratos terem se esvaziado e as barrigas se enchido. O dono do apartamento ficara mais quieto, deixando que a outra dupla preenchesse a conversa quase sozinha. Levantou-se para colocar os pratos no lava-louças e ouviu Hoseok anunciar que precisava ir. também declarou que aproveitaria a carona até o final da rua, dando um último abraço apertado em Taehyung e dizendo que estava muito orgulhosa dele. O homem derreteu em seus braços, sentindo o peso em seu coração aumentar drasticamente.
Ao abrir a porta, permitiu que os amigos passassem. J-Hope se conteve, deixando que fosse chamar o elevador sozinha a uma distância que ela não ouviria o que tinha a dizer a Taehyung. Como um dos membros mais velhos, ele se sentia especialmente responsável pelos mais novos, principalmente com Taehyung, que sempre dava um jeito de esconder como estava se sentindo de verdade, não querendo preocupar os mais velhos com os sentimentos que ele considerava não serem de tanta importância, mesmo sendo. J-Hope se sentia muito culpado por não ter percebido antes o quão sobrecarregado e cansado Tae estava antes de ele ficar mal o bastante para não conseguir disfarçar os sinais de que, mentalmente e fisicamente, ele não estava bem.
— Precisa contar a ela, Tae. Ela vai acabar descobrindo.
— Eu sei — respondeu o mais novo, desviando o olhar para o chão. J-Hope suspirou.
— Falo isso para o seu bem. O peso aqui dentro — ele apertou o indicador no peito do amigo — vai acabar te derrubando.
— Não vai, eu estou bem…
— Taehyung — Hoseok falou com firmeza, usando a voz autoritária que raramente usava. O novo loiro o encarou. — Ela não merece isso. Conta logo.
Taehyung não soube dizer porque, mas sentiu que seu hyung não estava falando apenas sobre o serviço militar. Aquilo já era um pouco demais. Ele admitia que deveria contar sobre o serviço, é claro, sem dúvidas alguma. Agora sobre seus sentimentos? Aquilo sim seria injusto, jogar uma bomba no colo da mulher que amava antes de partir por mais de um ano, tendo poucas oportunidades de vê-la (isso se, depois de saber a verdade, ela ainda fosse querer vê-lo). Contudo, Tae assentiu e prometeu ao mais velho que falaria em breve antes que ele se juntasse à no elevador. Um segundo depois, correu até eles e colocou a mão na porta, impedindo-a de fechar.
— Próximo sábado vão estar todos livres, pensei em chamar os meninos para virem tomar algo no terraço.
— Eu trago as cervejas — respondeu, lançando uma piscadela e um sorriso.
— Eu trago minha boca para beber a cerveja — J-Hope completou, levantando o polegar para o amigo antes de as portas se fecharem.
O equilíbrio era encontrado em seus raros momentos sozinho. E em , sendo sua companhia presencial ou com mensagens enviadas durante o dia perguntando se ele estava bem, mandando vídeos que o fariam rir, contando alguma fofoca ou, na maioria dos casos, falando sobre trabalho. Ainda que fosse uma conversa profissional, era sempre um conforto.
O celular vibrou em seu bolso. Taehyung diminuiu o ritmo da corrida para atender, sorrindo, aliviado, ao ver que era sua melhor amiga.
— Não vou atrasar — foi a primeira coisa que disse ao atender, imaginando que essa seria a bronca, já que no dia anterior ela o havia feito repetir todos os horários do dia para não perder a última prova de roupas antes da viagem para Madri no dia seguinte. — Já estou voltando para casa.
— Ok, mas não é isso. Precisamos conversar.
Kim Taehyung parou a corrida bruscamente, quase tropeçando e caindo no asfalto. Ele tentou controlar a respiração ofegante por conta do exercício, no entanto, seu coração disparado não se acalmaria tão fácil. A pior coisa em guardar um segredo era a tensão em a pessoa descobrir a qualquer momento, principalmente alguém que trabalhava com você e tinha o mesmo ciclo de amizades. Desde que soube que iria para o exército, toda vez que Chamin dizia que precisava conversar com ele no mesmo tom sério e voz grave em que demonstrava não ter humor algum, seu primeiro pensamento era que alguém havia contado a ela antes que ele tivesse a chance.
Ele teve muitas chances, claro, não era como se tivessem desrespeitado seu pedido assim que foi feito. Mesmo assim, estava adiando aquela conversa o máximo que podia. Pelo visto, o limite havia chegado.
— Pode vir direto para minha casa?
O pedido apenas fez com que a ansiedade piorasse. Taehyung massageou o peito, praticando o exercício de respiração que aprendeu com sua terapeuta.
— Eu estou suado, , preciso tomar um banho…
— É urgente. E vai ser breve — ela falou com firmeza.
Taehyung teve certeza que ela sabia e seu estômago despencou. iria odiá-lo para sempre, ele tinha certeza disso.
— , eu…
Um suspiro alto ressoou do outro lado.
— Kim Taehyung, só vem logo!
E a ligação foi encerrada. Taehyung apertou o aparelho celular na mão e engoliu em seco. Tudo o que lhe restou foi correr na direção que já seguia antes, sendo sua parada um quarteirão antes de seu prédio. Assim como , ele tinha liberdade de entrar em seu prédio e em seu apartamento sem cerimônias, e foi isso o que fez. Abriu a porta para encarar o caos incomum para o apartamento de sua melhor amiga. Normalmente arrumado de forma impecável, a sala estava uma grande bagunça composta por roupas, acessórios, malas e caixas. Tae fechou a porta atrás de si com cautela, mas, mesmo que a tivesse batido com toda a sua força, estava distraída demais para prestar atenção. Ela andava de um lado para o outro, passando por cima de roupas enquanto dobrava outras. O celular estava preso entre sua orelha e o ombro enquanto ela murmurava algo em um espanhol perfeito, quase sem sotaque algum. Para que Taehyung tivesse alguma paz, instalava o caos antes de eventos e viagens. A causa daquela bagunça eram os preparativos para a viagem para Madri para gravar os music videos do EP. Ela deixava sua organização por último para garantir que a organização do astro do k-pop estivesse impecável. Tae era extremamente grato por aquilo, mas sentiu certa pena da amiga, anotando mentalmente que, se ela não estivesse odiando-o e não a expulsasse de casa assim que tivessem a conversa, ele a ajudaria a organizar seu apartamento.
O cantor ficou paralisado na entrada do apartamento, guardando seus fones de ouvido com toda a calma do mundo. finalmente percebeu a presença de seu amigo e indicou que ele se aproximasse. Desviando de sapatos e afastando roupas, Tae sentou-se no sofá, permitindo que seu corpo relaxasse o máximo que a tensão pelo momento permitia.
— Ah, sí! Muchas, muchas gracias! — exclamou com certa animação antes de desligar o celular com um suspiro de alívio e andar até ficar de frente para Taehyung, terminando de digitar algo no celular antes de encará-lo. — Finalmente!
— Foi mal, eu estava longe — mentiu, já que sua corrida foi consideravelmente transformada em uma caminhada quase lenta para que pudesse se acalmar antes de encontrá-la.
— Tudo bem, foi até bom, já que consegui solucionar parte do problema, mas ainda preciso falar com você — a mulher respondeu antes de se sentar na poltrona ao lado do sofá, onde roupas estavam penduradas.
O sul-coreano conseguia sentir seu suor frio voltar. Apoiando os braços em seus joelhos, ele se inclinou em direção à melhor amiga, repassando o discurso de pedido de desculpas que criou no caminho até ali.
— Olha, …
— Tae, eu sei que você me falou diversas vezes sobre isso e eu juro que te escutei todas as vezes, mas eu pensei que teríamos mais tempo — o interrompeu, sua feição era séria e preocupada. Taehyung estava com a boca entreaberta, a continuação de sua fala ainda ali, esperando para ser dita, quando ele percebeu que a reação da melhor amiga não era bem o que ele esperava. — Só que aconteceu um imprevisto.
— Um… o quê? — Taehyung franziu a testa, começando a ficar confuso.
— A creche em que o Tannie ia ficar disse que não pode aceitá-lo agora por não ter vaga e a culpa foi toda minha porque não entrei em contato antes…
deu um sorriso amarelo carregado de culpa, enquanto Taehyung respirou aliviado, jogando-se para trás no sofá e passando a mão no rosto suado. O assunto não tinha nada a ver com o que imaginava, na verdade, era um assunto tão simples de resolver que poderiam ter se falado por telefone. Era um mistério o motivo de a moça querer vê-lo pessoalmente, mas ele não ligava. Qualquer tempo com ela não era um tempo desperdiçado.
— Era só isso? — falou com um riso descontraído, voltando a se endireitar no sofá.
— Só!? Não temos com quem deixá-lo!
Taehyung deu de ombros.
— Damos um jeito, podemos levá-lo junto…
— Bom, eu pensei na possibilidade de levá-lo junto, estava agora no telefone com o hotel para saber se aceitam animais e eles disseram que sim. Mas não pensei que você fosse querer.
— Poder ficar com o Yeontan nunca é um problema.
— Por causa do coração dele, Tae. Me preocupo em ficar com ele para cima e para baixo, ou largá-lo no quarto de hotel enquanto passamos horas gravando — argumentou a amiga, ainda com uma expressão preocupada no rosto.
— , ele aguenta — Tae respondeu, esticando-se para tocar seu joelho na intenção de transmitir um pouco de confiança. — Até diria para deixá-lo com meus pais, mas é capaz de ele se estressar mais do que com a viagem.
— Realmente — comentou, assentindo.
— Você podia ter resolvido isso por telefone. Sabe disso, não sabe? — pontuou o cantor, indo até a cozinha para finalmente se servir de um pouco de água, já que sua boca estava seca pelo nervosismo e pela corrida.
olhou para o amigo, mordendo o lábio.
— É que eu estava pensando em ficar aqui, assim eu cuidaria do Yeontan, então já me despediria de você — ela começou, insegura. Ela caminhou até a ilha que separava sua cozinha da sala e sentou-se na banqueta enquanto o amigo ia para seu segundo copo de água.
Taehyung parou o copo antes que alcançasse sua boca e a olhou com incredulidade.
— Ficou maluca!? Eu não posso ir sem você! Eu não funciono sem você do meu lado, .
revirou os olhos.
— Você se vira bem sem mim.
— Não — Tae falou de forma enfática, balançando a cabeça e deixando o copo de lado. — Esquece isso, você vai sim e o Tannie vai junto. Vai ser incrível.
Sorrindo mais tranquila, a garota se permitiu relaxar, deitando o braço e a cabeça na bancada.
— Será que vamos poder relaxar um pouco na praia? Meu corpo implora por uma praia europeia.
Taehyung voltou a beber a água, a lembrança da imagem de em um conjunto de biquíni fez sua sede voltar com força total.
— Talvez — ele murmurou. — Mas vamos poder relaxar um pouco hoje à noite. Você vai, certo? Os meninos já confirmaram.
— Você já viu o estado do meu apartamento? Não vai dar.
— Eu estou aqui, não estou? Vou te ajudar.
— Tae… — ela falou, manhosa, fazendo bico. Taehyung nunca resistia à manha da amiga, no entanto, ele queria muito que ela estivesse com seus colegas de grupo, afinal, não sabia quando seria a próxima vez que teriam aquela oportunidade.
— Você vai — ele falou, apontando para ela. — Me dê dez minutos para tomar um banho e voltar aqui e te ajudarei, ok?
suspirou, derrotada. Ela de fato queria ir, e já que o melhor amigo estava oferecendo ajuda para organizar as coisas para a viagem, por que negar? Sendo assim, ela o deixou ir, ansiando no mesmo segundo o seu retorno.