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Revisada por: Sagitário♐

Última Atualização: 12/5/25
Ele achava que não conseguiria sem ele.

Pobre homem.

Certamente, eu não estava no meu normal quando me apaixonei por Nikolai, misturando o profissional com o pessoal no tempo em que ele gerenciava a minha carreira musical. Aos poucos fui relaxando, não participava mais das reuniões executivas sobre a produção dos meus álbuns, permanecia alheia ao fechamento dos cachês. Talvez por minha necessidade de focar mais nas composições das músicas, nos últimos três anos eu vivi uma imensa chuva de inspirações, que rendeu bastante material inédito para lançar.

E foi isso que me deixou cega. Os carinhos e afetos de Nikolai, misturados à falsa segurança que ele me passava, me fizeram ficar totalmente dependente dele para o controle da minha carreira. Logo eu, que sempre fui independente em todas as partes da minha vida... Logo eu, que me emancipei aos 16 anos para viver de música e construí uma carreira consolidada no México… Logo eu, que nunca precisei de ninguém para me dizer o que fazer.

Mas esta fase passou.

Voltei a ser quem era. Voltei a ser eu mesma. Voltei ao controle do jogo.

? — Juan deu dois toques na porta do meu camarim. — Tudo pronto?

— Preciso de mais cinco minutos, como foi a checagem do som? — perguntei ao girar a cadeira para sua direção e olhar meu staff favorito.
— Tudo pronto, o público já está aguardando e gritando seu nome. — O tom empolgado soou em sua voz, me dando ainda mais ansiedade.

— Já estou indo — garanti a ele.

— Te esperando. — Ele se retirou fechando a porta.

Voltei para a direção do espelho e me levantei da cadeira onde estava sentada desde que terminei o processo de maquiagem. Peguei o celular e tirei uma foto empoderada e postei no Instagram e no Twitter.“Você quer a receita, mas não aguenta meu som! #comeback”, escrevi nas legendas.

É claro que aquilo era uma indireta mais do que direta a Nikolai. Há seis meses, ele havia roubado alguns rascunhos de composições minhas para vender clandestinamente, além, de claro, ter feito um caixa dois com o meu dinheiro na administração de minha carreira. Ele pensava que eu me afundaria com isso, que acabaria mal sem ele. Só porque quis terminar nosso relacionamento pessoal e manter apenas o profissional, tudo de ruim que ele estava fazendo pelas minhas costas veio à tona.

Era de se esperar que eu precisasse de um tempo para me recompor e reerguer das cinzas. E foi o que eu fiz, bastaram duas semanas com potes de sorvete, barras de chocolate e maratonas de FRIENDS na companhia do meu cachorro Bob. Depois disso, me tranquei no estúdio de música da minha cobertura em Acapulco e liberei toda a raiva que tinha em letras, notas musicais e partituras. Nunca fui tão criativa em toda a minha vida quanto nesses últimos seis meses.

Mantive meu olhar no espelho e lancei um sorriso presunçoso. Retoquei o batom, peguei meu microfone personalizado e saí do camarim. Aquele era o primeiro show da Future Nostalgia Tour, minha turnê que passaria pelas principais cidades da América Latina, começando por Cancún.

Passei por todos no corredor que levava ao ponto do palco onde apareceria. Me posicionei e ao respirar fundo, agradecendo a Deus por meu retorno como uma fênix das cinzas, dei o sinal para que subissem a plataforma.

Eu estava pronta para voltar a ser a female alpha que a indústria da música tanto admirava.


Não importa o que você faça,
eu vou conseguir sem você (ei, ei)
(Nostalgia do futuro)
Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa.
- Future Nostalgia / Dua Lipa




Fim


Nota da autora:Vida: Não é o que temos que nos define, mas como nos levantamos após uma queda.” - Pâms
Welcome to Pâms' Fictionverse!!!

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