Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 31/10/2024.Stanford, alguns anos atrás.
O outono na universidade de Stanford costumava envolver boa parte do campus.
Entre os corredores de pedra e as árvores que soltavam suas folhas secas, e adoravam passar o tempo juntos em um lugar isolado de todos os olhares do local, compartilhando entre eles cada momento inesquecível do relacionamento, junto de risadinhas gostosas e olhares cúmplices.
tinha o corpo apoiado na beira da cama, com um livro aberto nas mãos, mas sua atenção estava inteiramente voltada para , sua namorada. A garota estava deitada com os cabelos escuros espalhados sobre o travesseiro, olhando para o rapaz com um sorriso relaxado.
Ela amava fazer aquilo.
— Você sempre se distrai com livros quando deveria estar me dando atenção — brincou. Os olhos brilhavam com a provocação.
Ele fechou o livro, o colocando de lado, e tinha um sorriso desenhado no canto dos lábios. Se inclinou para frente, tocando o rosto da namorada com a ponta dos dedos.
— Para ser sincero, você é muito mais interessante que qualquer livro — respondeu, beijando suavemente os lábios de , que soltou uma risadinha.
— Gosto de ouvir isso — soprou contra os lábios do rapaz. — Mas, então, já pensou sobre aquele assunto?
— Hm, qual assunto? — desconversou, ainda olhando o rosto delicado da garota à sua frente.
inclinou a cabeça, respirando fundo. estava desconversando outra vez. Sabia que ele estava escondendo algo, e essa era uma das raras vezes em que sentia que o namorado estava realmente distante, mesmo estando tão perto.
— Você sabe… O futuro. Sobre nós dois. Sobre o que vai acontecer com a gente — comentou, seus olhos procurando os dele com um misto de preocupação e carinho. — Parece que estamos vivendo o presente e deixando o que é importante pra depois.
ficou em silêncio por um momento, seu olhar se desviando para a janela, onde a luz dourada do entardecer pintava parte da cama dos dois. O rapaz lutava internamente, tentando encontrar uma maneira de explicar algo que ele mesmo não entendia.
— , eu… Sinto que tem coisas na minha vida que estão fora do meu controle. Coisas que não posso explicar para você agora.
se endireitou, o olhar ainda fixo no rapaz. Queria entender, mais do que tudo, o que se passava dentro de sua mente e por que o destino com parecia tão incerto em alguns momentos.
Respirou fundo.
— Ei. Tudo bem — Alisou o rosto do namorado. Ele sorriu rapidamente. — Não estou pedindo para você me contar tudo, mas pelo menos me deixe saber o que está acontecendo, quando for a hora. Quero estar ao seu lado, mas não posso se você continuar se afastando.
deixou os olhos caírem no rosto da namorada, o peito em uma mistura de dor e ternura. Certamente estava colocando em uma posição difícil, e a última coisa que queria era magoá-la com seu silêncio e mistérios. E, principalmente, com toda a confusão que sua família trazia.
Segurou seu rosto com as duas mãos, seus olhos encontrando os dela com uma sinceridade inexplicável.
— Acredite em mim — disse, com a voz firme. — Se sua preocupação é nosso futuro, prometo que não vou a lugar nenhum. Não importa o que esteja acontecendo, quero que saiba que meu coração está aqui com você. Só... Confie que estamos destinados a ficar juntos.
sentiu um alívio momentâneo ao ouvir aquelas palavras e pôde sentir os olhos arderem. Ela tocou o rosto dele, os dedos se movendo suavemente pela pele, como se tentasse gravar aquele momento na memória.
— Eu confio em você, — sussurrou. — Só quero ter certeza de que não está se afastando de mim.
Ele sorriu. O sorriso que costumava deixar derretida de todas as formas possíveis. se aproximou, puxando o corpo da namorada até que pudesse sentir o calor dele mais próximo do seu.
— Nunca faria isso.
Então inclinou o rosto, buscando os lábios de com tamanha urgência. E ela não pensou duas vezes antes de responder.
As mãos do rapaz caminhavam pela pele macia da namorada, explorando cada centímetro que pudesse. A apertava e sentia como era bom ter alguém que pudesse estar ao seu lado a cada momento de sua vida.
a amava, não tinha dúvidas.
segurava os cabelos escuros do rapaz, os bagunçando com a ponta de seus dedos, enquanto o puxava para mais perto. Sentir o calor do corpo dele, a força e a ternura de seus toques a fazia entender, mais do que nunca, o quanto significava para ela.
Ali, no apartamento que ambos compartilhavam, nada mais importava se não fosse o toque um do outro.
Em todo lugar.
caminhava pelo campus à noite, os passos ecoando ao amassar o gramado.
Tinha em seus braços uma pilha de livros, sabendo que o peso dos volumes sendo um lembrete das tarefas e responsabilidades que ainda tinha pela frente. Havia muito o que ser feito naquele fim de semana.
Sorriu para alguns conhecidos assim que atravessou a extensão da faculdade, ansiosa para chegar ao seu apartamento. Precisava confessar que estava animada em voltar e ter consigo no fim da noite.
A rotina de estudos e o tempo separados só intensificavam o quanto apreciava os momentos que passava com o namorado.
Quando finalmente abriu a porta da sala, algo estranho a faz franzir o cenho. A sensação de familiaridade e conforto parecia estar ausente. Não notou que a porta já estava entreaberta e a luz da sala apagada. adentrou um pouco mais, caminhando pelo cômodo e esperando ver relaxando no sofá ou talvez à mesa, trabalhando em algo como costumava fazer com seus projetos da graduação.
Mas, ao atravessar o hall, a mesma sensação de vazio começou a se instalar. acendeu a luz, fazendo a claridade deixar o quarto mais nítido e o que viu a fez parar no meio do caminho. O apartamento estava inteiramente desordenado, deixando evidente a ausência dos pertences de . A mesa estava limpa, sem o relógio que ele costumava depositar ali e os livros espalhados junto das anotações. O armário estava aberto, as gavetas vazias, e as prateleiras, antes cheias, estavam agora desocupadas.
largou os livros no chão, seu coração começando a bater mais rápido.
— ? — chamou, sua voz ecoou no apartamento. — ? Isso não é hora pra suas brincadeirinhas bobas.
Caminhou pelo cômodo, ainda observando a cama desfeita junto das gavetas abertas.
Não havia sinal de .
Desesperada, percorreu cada canto do apartamento, abrindo armários, olhando embaixo da cama e verificando o banheiro. A sensação de solidão crescia a cada minuto e sua mente começava uma tempestade inconsolável.
Quando parou novamente na sala de estar, o chão pareceu abrir em seus pés com a ficha caindo vagarosamente. Sentiu seus olhos arderem, a garganta fechando. Como se sua alma estivesse saindo do corpo aos pouquinhos.
havia a deixado. Mesmo prometendo que nunca faria aquilo.