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Codificada por vênus. 🛰️
Concluída em: Nov/2024.

You start me up a million times
(POV: )


Dor.
Sofrimento.
Caos.
Não havia mais posição que desse certo para mim e nada parecia contribuir a meu favor. Até o som quase inaudível da geladeira na cozinha estava me irritando, atrapalhando a minha vivência através de toda a cobrança que estava sendo feita sobre os pecados que ainda não cometi. A visita mensal da natureza feminina já estava em tempo de me fazer querer ser homem, mas aí seria pagar por algo muito maior que qualquer pecado, algo muito além da capacidade humana.
Esse era o único momento em minha vida que eu sentia a confusão de uma carência. A vontade de ter alguém que me mandasse um belo doce suculento, com o bilhetinho mais fofo do mundo, ou que simplesmente existisse ali, para eu aporrinhar o tempo todo e descontar minha vontade de viver. Isso também era, de certo modo, raro.
Todas as vezes que eu fazia a pausa na pílula contínua vinha esse arrependimento mortífero.
Escutei duas batidas suaves na porta e tirei apenas a cabeça de dentro do casulo que fiz com meu cobertor.
— Entra. — disse com toda a força que meu útero surrado ainda tinha.
Aimé abriu a porta em seguida, colocando apenas um pouco da cabeça para dentro, deixando a claridade de fora entrar pela fresta. Cobri meus olhos.
— Unnie… — ela disse receosa. — É seguro ou você vai querer o meu sangue?
— Ainda estou passando pela transição vampiresca, seja rápida ou a sua jugular será meu banquete. — resmunguei e assim ela o fez.
Vi que entrou com dificuldade, segurando uma bandeja com um bowl, e andou devagar até minha cama. Nesse meio tempo eu me sentei e liguei a luz do abajur.
— Trouxe caldo de ervilha para você, bem quentinho. Do jeito que gosta. — parada à minha lateral, esticou levemente a bandeja, exibindo seu sorriso doce.
A única glicose do momento. Observei a bandeja quando peguei, vendo que não era só o bowl com caldo que tinha ali. Havia uma mini garrafinha de Coca-Cola, dois comprimidos e um envelope.
Bem dizendo, exatamente o que eu pedi, mas sendo entregue por alguém que de forma alguma serviria para deitar de conchinha ali comigo — e eu também não teria capacidade de descontar em Aimé qualquer que fosse a raiva que eu tinha.
— Come primeiro. — Aimé ordenou, mas não escondendo sua ansiedade.
— Até parece. Não me conhece, menina? — ri fraco, pegando direto no envelope. Assim que o abri, vi um papel impresso com as diretrizes sobre um evento. Uma sessão de autógrafos do autor J.W.
O meu autor favorito.
— O que é isso? — balbuciei. Aimé já estava sentada em minha cama, do lado esquerdo que sempre ficava vazio.
— A editora abriu uma sessão de autógrafos para o próximo sábado… Ainda não foi divulgado porque estão esperando sair a nota oficial sobre ser realmente o último livro dele e em qual unidade da Wang Bookstore vai ser. Eu consegui colocar seu nome em primeiro lugar.
— Espera. — pigarreei. — O J.W, aquele autor que tem quase dez anos que publica livros best sellers e que jamais mostrou a cara, vai, finalmente, se revelar? — perguntei, seguindo meu raciocínio bagunçado. Ela apenas assentiu. — Cacetada!
— É a sua chance, unnie!
— Sim! Não acredito que você conseguiu isso! — me emocionei. — Vou derreter pelos olhos. — funguei o nariz. — Você é muito esperta, pagando o aluguel dos últimos anos da melhor forma possível, hein!
— Eu faço o que posso, unnie.
Ri de Aimé e me estiquei com cuidado, protegendo a bandeja no colo, para dar um beijo na bochecha dela. O que eu tinha na minha mão era muito melhor que ganhar doce ou a simples companhia de pseudo namorado. E tinha propriedades de cura.

📚


— Eu ainda não sei o que comer, estou com medo de qualquer coisa que possa me dar dor de barriga.
— Beba água. Pronto. — Gahyeon respondeu em um tom que eu poderia dizer, com toda certeza do mundo, que acompanhou uma revirada clássica de olhos. — Só, por favor, escolha logo e não deixe para escolher quando chegar lá.
Resmunguei qualquer sílaba e continuei a olhar a tela do meu celular, iluminando o cardápio do restaurante a qual havíamos escolhido para entrar na fila. Estávamos no shopping, algumas horas antes do meu grande momento na sessão de autógrafos de J.W, e Gahyeon tinha se disposto a me acompanhar, com o pretexto de ter uma desculpa para chegar mais tarde em casa depois do trabalho e seu excelente marido estar com o jantar pronto.
Assim que me decidi, virei para ela ainda empolgada.
— Céus! Você parece uma criança prestes a ver uma ídola infantil. — ela riu de mim, devorando seu sorvete.
— Aigoo… — cruzei os braços. — Você entenderia se estivesse no meu lugar.
— Dúvido. — Gahyeon riu outra vez.
— É sério! Eu acho que nunca li outro autor de romance que tenha feito histórias tão tangíveis quanto ao J.W. — suspirei. — As personagens dele são tão comuns, me identifico com todas.
Arqueando as sobrancelhas, Gahyeon me indicou que deveria virar para frente, fazendo eu notar ser a minha vez no caixa. Durante esse pequeno tempo entre eu fazer meu pedido e ir para o balcão ao lado retirá-lo, nos separamos, não era uma lanchonete grande o suficiente para ter uma distância tão longa, mas estava em um horário pós expediente no início da noite de uma sexta-feira, então a multidão nos separava mais.
Me coloquei na fila da retirada e voltei a fuçar meu celular, me sentindo cada vez mais ansiosa com meus pensamentos empolgados. Talvez nem se eu fosse ficar frente a frente com Taylor Swift meu coração estivesse tão acelerado assim — tudo bem que ela escreve sobre ela, mas com palavras que tornam suas próprias histórias as dos outros e eu me sinta muito presente na grande maioria de suas músicas, mas J.W. tem uma coisa diferente com sua escrita, com suas personagens tão variadas, ao mesmo tempo que familiares para mim.
Não notei quanto tempo foi passando enquanto eu olhava o celular, logo estava diante da retirada do meu pedido. Peguei a bandeja do meu bibimbap simples e segui em busca de uma mesa que eu e Gahyeon pudéssemos aproveitar juntas. Encontrar não foi fácil, mas eu consegui, entretanto, logo que cheguei, uma pessoa também tentou.
Para minha surpresa, alguém que eu não via há anos.
-ya?
Engoli a seco, vendo meu próprio reflexo pelas lentes bem limpas de Wonwoo ao erguer meu rosto. Cinco anos foram suficientes para fazê-lo se tornar vários centímetros mais alto ou era apenas o meu estado surpreso me fazendo sentir tão pequena?
— Sim. — respondi automaticamente. — É o meu nome.
— Que surpresa te encontrar. — polido como sempre, Wonwoo sorriu, mas sem mostrar os dentes (para o meu alívio). — Você está sozinha? — olhou em volta.
— Ah, não. Estou esperando uma pessoa. — por um momento, desejei que Gahyeon demorasse um pouco mais, não queria dar satisfações a ela.
— Ah sim… — ele recolheu a bandeja, usando uma mão para ajustar o óculos no rosto. — Melhor eu ir então.
— Ah, não! Por favor, fique com a mesa!
— Estou sozinho, é mais fácil para mim. — desta vez ele aumentou o sorriso, me fazendo pedir internamente que não mostrasse os dentes. — Foi bom te ver. Você parece estar… Ótima.
— Obrigada. — sorri minimamente, sendo formal no meu agradecimento com uma rápida reverência.
Que patético, me curvar formalmente para um ex-quase-namorado a qual já me viu curvada por outras coisas. Sem mencionar o fato de eu mal ter conseguido falar qualquer palavra decentemente.
Aish!
— Foi muito bom te ver de longe derretendo pelo gatinho míope. — Gahyeon chegou à mesa aos risos. — Credo, você está pálida demais, ! Nunca viu um homem antes?
— Já. E já vi esse muito antes. — suspirei, vendo-o bem ao fundo, por cima dos ombros de Gahyeon, encontrar um lugar sozinho e sentar para comer. — É um ex. Não sei bem se chega a ser ex, não chegamos a namorar, acho que eu estraguei tudo antes de ele chegar a esse finalmente. — ri de mim mesma.
— E como eu não sei sobre essa história?
— Não tem muito o que saber. — dei de ombros, misturando o molho no meu bibimbap. — Eu tinha acabado de entrar na universidade e ele também, só que como professor.
— Sua safada! — Gahyeon berrou, atraindo atenção, e eu a olhei feio. — Desculpa! Desenvolve melhor isso aí. — levou uma boa porção de seu lámen para a boca, mastigando enquanto falava.
— É isso. Não tem muito o que desenvolver. Estávamos em uma fase um pouco diferente, sabe?
— Besteira. Isso não existe. — ela fez uma careta.
— Mas é! Naquela época eu era pouco para o tanto que ele poderia ter. — dei de ombros novamente.
Nenhuma resposta de Gahyeon, sequer um comentário ácido. Ergui meu rosto e a encontrei me fulminando com o olhar e o macarrão parado no meio do caminho entre o bowl e sua garganta. Olhando em meus olhos, ela sugou tudo e mastigou sem piscar.
— De todas as merdas que eu já te ouvi falar nesses últimos três anos sendo sua única amiga naquela empresa, essa foi realmente a primeira da qual eu perderia meu tempo pra te socar a cara, Yoon ! — finalmente disse, com uma feição muito séria.

📚


— Sua vez, senhorita.
Guardei o celular na bolsa e bebi o último gole do meu café, erguendo o rosto.
O que fez meu coração acelerar e eu quase engasguei com o Iced Americano.
— Moça? Vem logo, por favor. — o rapaz ali na porta da sala surgiu outra vez em minha frente, tampando a figura alta dentro daquele ambiente reservado.
Atrás de mim não havia mais ninguém, eu era a última da fila que passou tempo demais ali atrás de um autógrafo do famoso autor misterioso. Meu estômago estava se revirando em uma mistura de arroz com folhas e um ovo, meu jantar naquele shopping, e a ansiedade me consumia com muitos questionamentos. Sequer havia qualquer coisa que eu quisesse perguntar decentemente a ele, afinal eu só pensava em agradecê-lo por criar pessoas tão possíveis de imaginar como as quais ele havia colocado nos inúmeros livros que escreveu e publicou.
Engoli a seco quando fui empurrada pela mulher atrás de mim, uma funcionária qualquer da livraria, e respirei fundo, logo notando que algumas coisas poderiam fazer sentido até demais a partir do momento em que meus olhos caíram sobre a figura esguia dentro daquela saletinha.
Em um rápido movimento analítico do meu cerebro algo se encaixou.
As iniciais J.W eram de Jeon Wonwoo.
Como se não bastasse as discórdias do universo, J.W era o meu ex Jeon Wonwoo.
— Ora, ora... — disse com seu sorriso intrínseco, cruzando os braços.
Apenas me curvei rapidamente, como o costume formal — e a segunda vez dentro de algumas horas.
— Eu deveria saber que a essência ácida presente na identidade das histórias tinha mesmo algo de familiar. — respondi seca, perdendo todo o meu brilho de fã ao entregar o livro para a assinatura dele.
Wonwoo riu nasalado e curto, abrindo a contracapa e assinando, enquanto eu observava em volta os diversos seguranças dispostos pela livraria e a única mulher ali presente, com uma feição avassaladoramente séria.
— Achei que nunca mais fosse ver você, senhorita Yoon.
A voz dele carregava um tom tão superior nada parecido com o rapaz polido que não quis entrar em briga comigo por uma mesa, como se ao me ver ali, esperando em uma fila por algumas horas, fosse o suficiente para devolver a ele todo o tempo que gastou comigo antes de eu terminar com ele cerca cinco anos atrás. Imediatamente me senti uma idiota, mesmo sabendo que não tinha como eu saber antes — embora agora soasse meio óbvio pelas iniciais; imaginei muitas vezes o nome e o rosto de J.W, não teria alguém capaz de me convencer que era o meu ex, o homem que garantiu que eu nunca mais me apaixonasse por alguém, o autor de livros tão profundos, com palavras tão viciantes.
— Eu também acho infeliz essa novidade. — suspirei derrotada, aceitei o livro de volta. — Me sinto Penelope indo de encontro ao inimigo. — citei uma de suas personagens.
— Penelope é uma personagem muito antiga, me acompanha há muito tempo, … — ele se ajeitou na cadeira, apoiando os cotovelos na mesa e cruzandos os dedos, que prenderam a caneta entre eles mesmos. O sorriso em seu rosto não mudava e eu estava com medo demais de ficar analisando-o. Eram detalhes que demoraram a sair da minha mente após minha decisão.
— Agora vejo que foi uma perda de tempo. — bufei irritada (e afetada) e ele soprou um riso nasalado. — O que tem graça?
— Você. — foi simples. — Você nunca perderá o orgulho, não é?
— Obviamente. Da mesma forma que você jamais perderá esse ar de superioridade. Cada um se vira com o que tem, Wonwoo. — e eu dei de ombros.
— Acabou o tempo.
Olhei para a mulher de feição séria, parada na porta de saída e voltei a encará-lo.
— Não vai fazer nenhuma pergunta ou comentário? — Wonwoo me perguntou, voltando a encostar-se no encosto e cruzar os braços. — Não era por isso que estava nesta fila?
— Eu estava na fila para descobrir o rosto do dono de livros viciantes. Mas infelizmente vou sair daqui preferindo quando eu não sabia quem ele era. — coloquei o livro dentro da minha ecobag. — Passar bem, senhor J.W. — e lhe dei as costas, marchando para fora da sala.
No corredor de saída haviam inúmeras fãs histéricas e curiosas. Ali estavam as que não tinham conseguido uma senha para a sessão e eu fui abordada, quase não conseguindo sair. Custou para que eu pudesse me esquivar e finalmente encontrar meu caminho até a saída da livraria. Totalmente zonza, claro, mas consegui. E quando me sentei num dos lugares vagos no corredor, peguei o livro na bolsa, abrindo-o para ver a dedicatória.
— Filho da puta! — berrei, atraindo a atenção até da poeira. — Mas que porra de assinatura é essa?
“Nem sempre você. Mas todas as vezes você.” — Wonwoo.
Li e reli várias e várias vezes, sem entender uma letra que fosse. Era impossível que durante anos da minha vida eu estivesse me entregando em histórias e me redescobrindo dentro delas escritas por alguém que havia me conhecido mais do que a contracapa, mais do que eu havia sequer deixado outras pessoas. Dentre todos os homens no mundo, justamente Wonwoo saiu de meu ex para meu autor favorito.
E não havia qualquer motivo para que eu pudesse criar um ódio a mais por ele.
Dizer que ele era perfeito demais não seria plausível (primeiro porque ele é homem, segundo que isso é impossível — mais ainda pelo primeiro item).
Sempre me senti uma bocó por ter inventado essa desculpa de fases diferentes porque eu mesma não sabia lidar com o fato de Wonwoo ser tão bem sucedido, saber muito mais sobre a vida e estar alguns anos à frente de mim, por ser insegura. Claro que me apegar na desculpa de que ele poderia ter vindo atrás foi muito mais fácil, afinal seria muito menos culposo para mim colocá-lo como principal responsável nessa confusão toda que eu criei.
— É seguro me sentar aqui?
Me virei, fechando o livro no instante que ouvi sua voz, e o encarei.
— Você deve estar muito confusa, me desculpe. — Wonwoo mantinha as mãos nos bolsos e estava com uma máscara no rosto, além do boné preto. — Se te serve como um certo consolo, este foi o meu último livro.
— O que? — minha voz sairia esganiçada, se não fosse pela falta de volume.
— Acho que, de alguma forma, minha fonte se secou. — ele riu fraco.
— Não, espera. Essa não é uma informação a qual seja tão importante agora. — guardei o livro e mantive a bolsa no meu colo. — Você tem ideia do que está acontecendo na minha cabeça?
… Se eu não tive ideia há cinco anos, acho meio difícil agora…
Nos encaramos por um momento.
Ele está certo, de fato. E isso fez minhas bochechas arderem.
— Não é que você não tenha capacidade para isso. Pra construir algo tão coeso e… Personagens tão… tangíveis. — comecei a me aprofundar nos meus pensamentos. — Aigo! Jeon Wonwoo! Eu fui uma idiota. — levei as mãos ao rosto. — Eu vi no seu computador! Eu li o título de Poisoned no seu computador! Como nunca pensei sobre isso?
— Foi uma retórica, sim?
O encarei cética e antes que seu sorriso evoluísse para os dentes sendo exibidos, me virei para frente, recompondo meu estado de negação. Não era a melhor forma de encontrar ele após alguns anos.
— Não vai adiantar eu ficar aturdida assim. — murchei os ombros. — Me conta, por que acha que não consegue mais escrever? Que história é essa de que sua fonte secou?
— Bem… — ele ajeitou a postura. — Não acho seguro dizer… Não quero outra reação extra sua.
— Fala logo. Eu mereço saber. Fiquei horas esperando por isso aqui! — apontei o livro dentro da ecobag, querendo mencionar seu autógrafo.
— Tem certeza?
— Absoluta. — fui mais assertiva.
— Todas as histórias que leu não lhe foram familiares em algo? — Wonwoo tirou os óculos, sendo cauteloso ao dizer e massagear as têmporas.
— Ahn… — estreitei os olhos, encarando-o para tentar me conectar com sua linha de raciocínio.
— Penelope encontrando Kyungho no aeroporto, quando ela volta de Paris. Genevieve sendo a melhor da turma em literatura britânica. Felicia e Woobin se conhecendo na-
— Biblioteca. — completei com ele, falando quase em um sussurro. — Você… Você-
— Talvez seja esse motivo de você se sentir tão familiarizada com todas elas. — ele pareceu um pouco hesitante.
— Nem sempre você. Mas todas as vezes você. — repeti a frase de dedicatória em um tom sussurrado e ergui o rosto para ele.
— Me desculpe por ter te usado tanto assim, . Me desculpe por nunca ter ido atrás de você. Me desculpe por todo esse segredo.
— Quieto! — ergui um dedo, colocando-o por cima de seus lábios (com o tecido da máscara separando, claro). — Você me usou todo esse tempo e nunca pensou em me perguntar? Me ligar ou sei lá… Dividir os lucros comigo? — esbravejei, mas não de fato brava o suficiente.
O que ele estava confessando para mim, no corredor de um shopping quase vazio, sentado num banco, só nós dois, era um tanto poético demais para que eu simplesmente me sentisse ofendida (com exceção da parte do lucro, isso sim me afetou).
Antes que Wonwoo desmaiasse de nervoso, eu mudei o rumo, tocando em sua perna.
— Não se preocupe. Está tudo bem. Eu só… continuo confusa. — tentei sorrir minimamente para soar honesta.
— Você deve estar mesmo confusa. E eu vou entender qualquer chateação sua. — devolveu o óculos ao rosto, sem sombra de qualquer sorriso.
— Eu... Eu estou confusa mesmo. — ri nasalado. — Mas não estou chateada... Não sei definir... — comecei a cair em mim com a realidade dos fatos. — Chateada por você ter me usado e não dividir comigo os lucros talvez. — o olhei de soslaio e em um tom divertido. — Mas se... Se... Você se inspirou em mim para criar personagens tão ricas assim... Significa que eu nunca fui menos do que achei que você merecia. — mordi o lábio, envergonhada com a minha constatação. — Se eu sou polida como a Joane... Linda como a Myungho… Tão sagaz quanto a Penelope-
— Você sempre foi uma poesia completa para mim, . — como se estivesse batendo o martelo em um final de audiência, no papel de juiz, Wonwoo disse em tom firme e voz linear.
Virei meu rosto lentamente para ele, encontrando o sorriso cheio de dentes que eu estive evitando, desde o esbarrão na mesa. Ele estendeu o braço para tirar o meu cabelo do meu rosto.
— Isso foi demais para mim. — ri sozinha, fechando os olhos por um tempo. — Mas eu acho que depois de uma noite longa de sono, minha cabeça vai saber pensar melhor sobre tudo isso.
— Certo.
— Porém… — enchi o pulmão de ar e me levantei. — Jamais serei capaz de viver com a culpa de ser a sua falta de inspiração. — estendi a mão para ele. — Meu telefone não mudou, senhor Jeon, então, se você ainda quiser conteúdos, sei lá…
— Está se oferecendo para ser minha musa inspiradora? — ele pegou em minha mão, mas se manteve sentado.
— E eu não fui durante todos esses anos do seu sucesso? — disse como se fosse óbvio. E era, não era?
— Se for pensar assim…
— Então. Vamos trazer à vida todas as suas inspirações. O que acha? — apertei sua mão.
Wonwoo me encarou por um tempo antes de se levantar, ainda segurando minha mão, e tão próximo.
— Tem uma coisa que você precisa me contar, aliás. — sorri perversa, inclinando o rosto para encontrar os olhos dele. — Qual era o final alternativo de Penelope e Kyungho se ela tivesse aceitado a carona dele naquela chuva?
Ele riu, inclinando-se para frente e levando seus lábios até minha orelha e, depois de puxar um pouco da máscara para baixo, disse:
— Eu posso te mostrar se quiser.
Senti meu corpo todo vacilar e estávamos nos encarando novamente, muito próximos. E, ao contrário de Penelope, eu sorri gentil.
— Aceito a sua carona.




FIM.


Nota da autora: Olá, espero que tenha gostado. Eu simplesmente amei escrever esse universo!


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