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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: Julho/2024.

— A cama é grande o suficiente para nós dois, Cap. Vamos fazer funcionar.
Rogers engoliu em seco, mesmo forçando-se a concordar com a Agente Edwards.
Foi um susto quando ela abriu a porta da cobertura para ele, sua aparência irreconhecível a ponto de fazê-lo dar para trás ao imaginar ter tocado a campainha errada. O Vingador havia terminado uma missão com Bucky Barnes e a Agente Romanoff, mas foi escalado para aguardar contato e resgate em Paris. Os pombinhos decidiram tirar alguns dias da licença no Vale Mossele, na Alemanha, e depois embarcariam de Luxemburgo. Foi Maria Hill quem instruiu o soldado a encontrar a mulher no Four Seasons de Paris, para que juntos pudessem retornar para Nova Iorque sem gastar o combustível de dois Quinjets separados.
Todos os deslocamentos e decisões foram tomadas de maneira desordenada e no último minuto, portanto, tarde demais para que um quarto fosse reservado para Rogers na temporada mais desejada do ano, todos os detalhes culminando para que dividissem o quarto durante a noite antes de partirem na manhã da Véspera de Natal. Mas o problema começava e terminava na kingsize unitária do quarto. O Capitão Rogers imediatamente se ofereceu para dormir no sofá próximo à sacada, mas a Agente Edwards se recusou no mesmo instante.
— Não é justo que se encolha em um sofázinho quando tem uma cama enorme, Steve. — apontou com o queixo, enquanto removia os próprios pertences da mesa de cabeceira que o ofereceu, ficando com a do outro lado. — Fora que eu tenho certeza de que deve estar ferido. E estaria ainda mais se Nat não estivesse com vocês. Então não quero que fique mais.
Dando as costas para ela, Steve removeu a jaqueta e a camisa, ainda que os olhos curiosos dela não houvessem se desviado dele e agora trilhassem seus ombros e descessem para a curva de sua cintura, absorvendo o poder de cada músculo à mostra. Edwards estava deliciando-se com a vista, até flagrar o hematoma nas costelas esquerdas do super-soldado. Estava cianótico ao ponto de até mesmo ser violeta contra a pele alheia.
— Steve, o que aconteceu com você? — bufou, atravessando o quarto de hotel descalça para tocar levemente a pele macia e tensa ao redor do ferimento. O Capitão estremeceu com o toque, mas não se moveu quando ela desceu a palma, descansando contra o quadril do soldado e com o dedão acariciando a sombra do machucado, enquanto internamente xingava o bastardo que havia o ferido daquela maneira. Não que precisasse, claro; Rogers já devia ter quebrado o idiota no meio.
Edwards e Steve Rogers se tornaram a dupla favorita da SHIELD e da Iniciativa Vingadores nas últimas décadas. A Agente Edwards era considerada um fantasma na Organização, assim como Natasha Romanoff também era antes de ingressar nos Vingadores de cabeça e abandonar qualquer ligação que possuísse com a espionagem. Mas era , em especial, que mantinha a SHIELD alicerçada em todo o mundo até o ano de 2012, quando encontraram Steve Rogers em um bloco de gelo no Ártico. A este ponto, a jovem oficial havia sido indicada por Nick Fury para manter o herói vivo e o auxiliá-lo a adaptar-se à vida no Século XXI.
— Haviam mais soldados do que eu esperava — a montanha de homem contou a ela, mãos entrelaçadas na frente do próprio corpo para que Edwards pudesse analisar seu machucado sem interrupções que a deixariam irritada. Steve correu a língua pelos lábios ao tentar lembrar-se do que havia acontecido após chegarem às instalações da HYDRA. — Bucky estava preso no quadrante sete e a Romanoff na sala de máquinas. Então escapei pela janela. — Rogers riu dolorido quando a costela quebrada se moveu. — Aterrissei errado.
— Não imaginei que pularia pela janela, Steve... — O Vingador sentiu uma dor física quando ouviu a resposta de , o som miúdo quando sabia que ela gostaria de soar irônica para lhe provocar. Era sua maior diversão comentar que essa era a única coisa que Steve conseguia fazer direito: pular de janelas. Isso se não adicionasse que também era o melhor em lançar frisbees. — Estou tão surpresa...
— Vai sumir em alguns dias, — ele garantiu para a mais baixa, ciente da preocupação entrelaçada na voz dela igual a todas as vezes em que se machucava. Desde que Bucky foi resgatado e os atacou pela primeira vez em Washington, ao ponto de Steve ficar em um coma induzido por médicos, ela estava temerosa. Rogers devia ser um tanque de guerra, e o ver ferido era assustador. — Estará curado até o ano novo. Juro. — Rogers pousou a mão maior sobre a destra de , acima do osso de seu quadril, entrelaçando os dedos nos dela para silenciosamente agradecer-lhe pela preocupação e a confortar em troco.
O super-soldado sentia que devia mais explicações do que deveria para a Agente Edwards. Foi ela quem lhe contou sobre a vida no novo mundo e o ajudou a dar cada passo nos anos seguintes. o tinha ensinado sobre a televisão, onde filmes eram transmitidos da mesma forma que nos cinemas dos anos quarenta; jornais digitais nas pontas dos dedos dele em um aparelho minúsculo e o microondas. Quem contasse ao avô de Edwards que o herói de suas histórias de guerra teria tanto medo de um microondas, ah, levaria um soco.
E Steve sabia que era apenas um plano de Nick Fury para mantê-lo na linha e poder saber o que ele aprontava, mas ele não conseguiu evitar tornar-se amigo da mulher e passar a admirá-la também. havia cumprido uma missão perigosa antes de conhecê-lo e se mudou para o apartamento ao lado do dele no Brooklyn, junto a alguns outros agentes, que permaneceriam por perto do Capitão por certo tempo, toda uma operação secreta sendo organizada nos arredores do herói.
E, para a surpresa dos dois, foi bom.
O casal de amigos permaneceu em silêncio por severos momentos, mãos entrelaçadas com o corpo de quase pressionado nas costas de Steven. Não era algo novo, afinal, desde Thanos, sempre acabavam em momentos íntimos assim quando menos esperavam, mas nunca planejaram dar um fim à coincidência.
lembrava-se de tudo antes de virar pó em Wakanda. Da guerra contra Tony Stark na Alemanha para salvar Bucky Barnes de um destino desafortunado. Lembrava-se de passar dois anos fugindo com Rogers, Nat, Sam e Wanda. De motéis mofados e clareiras em florestas. A glória da SHIELD destruída e sua história servindo de inspiração para os agentes restantes evitarem unir-se ao Capitão América. Porém, a Agente Edwards não podia evitar: estava presa com Rogers e não o deixaria seguir sozinho.
— Edwards? — a voz de Maria Hill soou pelo cômodo, atraindo a atenção dos dois. — Agente Edwards?
largou a mão do amigo como se estivesse em chamas e, lutando contra o frio, zarpou para a sacada com o celular no ouvido.
Edwards havia gostado dele no primeiro momento que o conheceu após deixar a base da SHIELD. Rogers não era falador como Clint Barton, ou exaustivo como Tony Stark. Sim, foi necessário muito para que ele confiasse nela, mas no fim dos quatro primeiros meses, o relacionamento tornou-se mais fácil. Ela comprava comida chinesa no restaurante abaixo do apartamento e o convidava para jantar, negando qualquer ajuda dele para pagar e a oferta de comerem separados, pois era tarde para uma dama encontrar-se com um homem com quem não tinha um relacionamento.
Depois de um ano, Rogers entendeu que os tempos haviam mudado e era normal jantarem juntos sem a companhia de um irmão mais velho ou os pais de . Havia, ainda mais, aprendido que não deveria perguntar sobre a família dela.
Fury a havia dado uma única missão: ganhar a confiança de Rogers e garantir que ele a visse como aliada e confiasse na SHIELD. Steve sabia, era óbvio. Se Fury estava sempre dois passos na frente dos outros, o Capitão América estava a um e meio.
— O Quinjet chegará às 08:00 amanhã para a nossa extração, Steve. — Quando retornou para o quarto de hotel, Steve já havia vestido uma camisa e calças limpas. — Pelo visto, vamos poder celebrar a ceia com os Barton na fazenda.
— Então vamos ter tempo de dormir e ainda cortar uma lenha para a Laura. — Rogers lhe deu um meio sorriso com os dentes perfeitos, possivelmente nem percebendo o quão belo ficava ao fazer tal. — Você não me contou sobre a sua missão.
— Estou guardando o assunto para a viagem de volta. — também sorriu, colocando o celular na cabeceira.
De onde estava, podia ver o rubor rosado no rosto de Steve.
Enquanto se retirava para terminar de se aprontar para dormir, Rogers encontrou-se pensando de maneira profunda sobre Edwards. Ela havia lutado ao seu lado em mais batalhas que sequer podia contar. Era sempre quem designavam para acompanhá-lo em missões, pois era a única que podia prever, em detalhes, as ações do herói; tal dinâmica tendo os mantido vivos e seguros em situações traiçoeiras, como o despertar do Soldado Invernal. E se Bucky era digno de fazê-lo virar as costas para a Pátria Americana, a Agente Edwards era digna do mesmo.
Steve sentiu vontade de partir ao meio os policiais que a prenderam na Alemanha após sua fuga com James Barnes. No caminho até a base da HYDRA, ele viu pelo sistema do Quinjet quando ela foi presa junto a Wanda Maximoff. Observou com atenção o rosto da amiga enquanto era algemada e não resistia, ciente que fazia o certo pelo bem de Bucky. Um mês depois, quando Steve invadiu a cadeia no meio do Pacífico onde ela estava reclusa em uma solitária, não a reconheceu.
Todo o brilho no rosto de havia sumido. Estava apagada e fraca pela desnutrição, nada semelhante à mulher que o ajudou a salvar meio milhão de pessoas em Sokovia. Mas, ainda assim, ele reconheceu quando Edwards disse seu nome antes de desfalecer a caminho de Wakanda, onde foi tratada e ele soube que seu compasso moral não seguia mais a SHIELD, e, sim, ela.
Já ultrapassava a meia noite quando Steve Rogers tinha chegado ao hotel e já vestia seu pijama, apenas lhe restando trancar a porta para a sacada e fechar as cortinas pesadas antes de cair na cama macia. Mesmo com os olhos fechados e corpo tremendo pelo frio, ela sentiu o movimentar das molas da cama quando o soldado se deitou ao seu lado. E ainda que pudesse jurar estar na borda da cama, o ombro dele descansava sobre seu travesseiro e o braço tocava suas costas, pois Rogers dormia com a barriga para cima.
Erguendo-se da cama, o olhou no breu até perceber que não era a única na ponta da cama, só assim deixando escapar uma gargalhada enquanto deitava-se outra vez.
— O quê? — o homem, bem maior que ela, lhe questionou, com falsa curiosidade, mesmo ciente que ocupava 3/4 da cama sem dificuldade e com todos os membros grudados em si. Virando a face para a mulher, Steve franziu as sobrancelhas em confusão para provocá-la.
— Nada, Capitão. A cama só é menor que eu esperava; ou você é duas vezes maior.
— Então... — Rogers iniciou, sentindo um ardor pinicar suas orelhas apesar de também estar rindo. — Então eu posso ir deitar no chão.
O movimento do soldado foi rápido, pronto para levantar-se devido ao embaraço. Este era o detalhe com Steven, sua falta de costume em ser massivo. Em sua mente, ainda tinha lapsos de sua estatura e forma anterior — miúdo e doente — quando poderia quebrar no meio como um lápis. Contudo, antes de sequer erguer-se da cama, a palma de encontrou a gola de sua camisa e o afundou no colchão, como um cinto de segurança que o impedia de se levantar. Ela tinha virado o rosto para ele, curvada na sua direção e com o nariz pressionado no bíceps de Steve, agora com o outro braço sobre o peito do homem. Edwards jurava que era pelo ferimento que não podia encostar na costela do amigo, mas ambos sabiam que era pelo tamanho considerável do herói.
— Não inventa, Rogers... — a mulher murmurou, voz ainda grogue pela sonolência. Puxando o braço que mais se assemelhava a uma almofada rolo bem recheada, ela o abraçou, indiferente ao relógio de pulso alheio contra seu estômago. — Está frio e você está quentinho.
— Se-senti a sua falta na ofensiva — Steve sussurrou, quando a tensão de seu corpo se dissipou, os músculos relaxando e a mão direita curvando-se no antebraço ao seu redor, prendendo a si. O dedão não hesitou em acariciar a pele macia da agente. Aquilo não era algo que o homem dizia para qualquer um, já tendo inúmeras saudades acumuladas na longa vida, então a admissão no quarto escuro e quieto encorajou a sorrir contra ele.
Para ela, haviam sido sete anos até tornar-se nível 7 da SHIELD, desde seus breves dezenove. Anos cansativos e recompensadores que foram lançados ao vento no instante que Steve Rogers precisou de seu apoio. A sua presença na fuga dele foi essencial, afinal, Tony Stark jamais imaginou que Edwards trairia a SHIELD ao ponto de precisar retirá-la do sistema de segurança do Quinjet. Ela tinha preparado e programado a aeronave para facilitar a fuga de Steve e James Barnes, ficando para trás e sem condições de fugir com Natasha devido aos ferimentos acumulados em batalha.
Por um mínimo instante, já se recuperando em Wakanda, pensou que conseguiria afogar a necessidade de seguir Steve até o fim, isso até o encontrar dormindo em uma cadeira de hospital ao seu lado. E, durante seu período de recuperação, tomou completa e total consciência da afeição mais que amigável sentida por Rogers. Então, rasgando a insígnia da organização de seu uniforme, se despediu de seu passado no lado “correto” da lei.
Havia algo em Steve que ela não conseguia identificar, algo que a atraía mais que qualquer coisa que outro homem, ou mulher (não que Natasha Romanoff fosse saber da queda da colega), pudesse fazer. Claro, a aparência era essencial a ser ressaltada. Um homem grande, bonito e forte. É óbvio que contribuía para o pacote. Mas havia mais em Steve que isso, em especial sua generosidade, respeito, educação e todo o ar de "fazer o que é certo, mesmo que não pareça".
Por dois anos, ele foi o maior rebelde conhecido pelo governo americano e ainda continuou sendo uma das pessoas mais corretas e honradas que já tinha conhecido. Imaginou que tinha sido enganada a vida inteira para pensar que pessoas corretas e honradas eram as que seguiam as regras. Tony Stark e Steve Rogers provaram o contrário, quando o que realmente importou foi seguir o compasso moral no que é melhor para os outros e não as regras.
Ela estava caindo no sono, quando Steve respirou fundo.
— Quando eu digo que senti sua falta, não foi só por esses dias que passaram. — Havia muito mais em sua voz do que Edwards poderia identificar em seu estado de sonolência. O capitão expressou um anseio doloroso ao explicar-se depois de tanto tempo. — E sim...
— Eu sei — retrucou, ao tomar consciência.
Os cinco anos em que ficou morta junto à metade da população mundial foram amargos para Steve. Cruéis e impiedosos com o seu subconsciente ao lembrá-lo de tudo o que podia ter feito para impedir que ela se fosse sem saber dos sentimentos dele por ela, pois a aleatoriedade do Snap era impossível de ser controlada. Ele a viu partindo em Wakanda, a ouviu gritar por Sam — que se foi segundos antes dela — antes de desfazer-se em poeira cósmica, o vento quente levando consigo qualquer rastro da vida de , a apagando da existência como se sua origem fosse um breve sonho febril, uma alucinação que lhe deu adeus sem saber a verdade.
Não suportava que ela estivesse morta e sem saber o quanto significava para ele. Como a companhia dela o impedia de ceder à irracionalidade durante seus anos de fuga, como era bondosa, altruísta e como havia muito mais segurança no destino insólito e inseguro que seguiam que em toda a existência do tal “Capitão América”. Steve estava certo de que não o deixaria, que não renunciaria a ele e também que jamais faria o mesmo com ela. Infelizmente, o destino não foi gentil com o futuro que idealizava, os desviando vez ou outra para erros e falhas de coragem que o impediam de contar a ela a verdade sobre seus sentimentos.
E contar a ela que quase morreu quando ela se foi.
— Acha que um dia vamos ter o mesmo que eles? — A suavidade na voz de Steve não foi intencional, então logo a mulher pôde notar que a pergunta o rondava há muito tempo, o comendo vivo até que a questionasse. Erguendo o queixo e o apoiando no braço do Capitão, buscou os olhos dele, mas eles estavam fechados, os belos e longos cílios louros descansando sobre as maçãs do rosto.
— Eles quem? — questionou confusa.
Por mais genial e estrategista que fosse, questões do coração passavam facilmente despercebidas pela mulher. Agindo da mesma forma lenta e compassada para não a assustar (ou a si mesmo pelo minuto inesperado de coragem), Steve ponderou as próximas palavras com cuidado.
— Nat e Bucky — explicou-se melhor, o dedo incansável no braço da amiga vacilando, toda a sua energia concentrada em montar um raciocínio coerente. — Eles são tão apaixonados que eu passei a semana inteira desviando o rifle da cabeça do Buck por não aguentar mais. — Steve riu pelo nariz, enquanto a face de se torcia em confusão, o seu coração acelerado contra as costelas. — Eles encontraram uma perspectiva nova de vida um com o outro, encontraram seus parceiros para toda vida, e eu pensei ter encontrado a minha, mas talvez nunca vá acontecer. — Ele tentou se manter calmo, mas conforme as palavras se derramavam de seus lábios, não podia mais impedi-las.
Estava sem fôlego pela dor em suas costelas e o peso da admissão, mas já estava investido demais na confissão para dar fim a ela.
Não haveria mais volta.
— Só consigo pensar no quanto queria que fôssemos nós dois. Gostaria de parar no meio do dia e aparecer no seu escritório, não para tomar café, mas para te beijar. Ou tomar a droga do café com você de manhã... Estar com você de alguma forma, qualquer forma, sem me importar que vai haver algo capaz de interromper os pequenos momentos que eu tenho sorte de dividir contigo. Ainda assim, isso nunca vai acontecer, vai? — Rogers gaguejou como jamais tinha o visto fazer, tímido e envergonhado pelos seus desejos.
O instante que lhe custou para tomar uma lufada de ar, sentiu os olhos marejarem com a inocência dos sentimentos alheios. O reconhecimento tardio que não só ela, mas os dois haviam lutado com todas as forças disponíveis para manter os sentimentos distantes do coração no medo de arriscar a amizade que nutriam, antes de perceber que a dor em manter a distância era muito pior de lidar.
respirou por alguns segundos antes de se aproximar, se movendo na cama com cuidado e pressionando o joelho entre as pernas entreabertas do Capitão. Tomando o máximo de cuidado possível, a agente se moveu mais próximo a ele até estar pressionada contra o peito do herói. Levando a mão para o rosto dele, Edwards pensou que seria mais um de seus sonhos com finais incoerentes, isso até encostar o dedão nas maçãs do rosto do maior, o curvando até encontrar os lábios que lhe chamavam atenção sempre que ele falava algo. Analisando com cuidado a expressão de Steve, um impulso fez as borboletas no estômago de se revirarem.
— Steve?
O chamado foi baixo, mais suave que ele podia esperar e mais doce que pretendia soar. Ela gostaria de ser mais incisiva, de cobrar-lhe uma explicação pelo que havia dito. Queria ter certeza de que não era uma brincadeira e que não iria ter o seu coração partido, mas confiava nele com os olhos fechados e sabia que Steven jamais diria algo desta natureza da boca para fora. Então, Rogers abriu os olhos cansados para ela. Olhos azuis cristalinos de Steven buscaram os dela na luz da lua que se infiltrava no quarto, que atravessava as cortinas e iluminava o rosto de como o sol da meia noite.
E nem em sua juventude podia ter imaginado alguém tão bela como ela o olhando desta forma, ou sequer próxima o suficiente para que ele sentisse o ar que ela respirava abanar seus próprios lábios. Edwards era jovem, mas não tão jovem, evidenciando os sete anos de diferença entre os dois quando descontadas as décadas que ele passou no gelo. E o rosto dela era gentil e amoroso, mesmo com uma trilha brilhante que ele não reconheceu de primeira, não até que o caminho se estendesse para o queixo e pingasse em sua camisa. Lágrimas. chorava por ele. Com os lábios trêmulos, ela fez um último pedido.
— Você pode tentar agora? — pediu ela. — Por mim?
O oceano profundo dos olhos de Steven estava preenchido de medo, a espuma pálida de amor também se fazia presente, enquanto buscava conforto no olhar da amada, como sempre fazia e encontrava em seus piores momentos. E então aguardou pelo inevitável. A interrupção; Maria Hill em mais uma ligação, o hotel explodindo abaixo deles, ou um monstro surgindo do banheiro. Esperando que algo maligno a arrancasse dos braços dele, ou que terminasse por acordar do sonho que já havia tido milhares de vezes, mas nunca visto o fim.
Mas a interrupção nunca veio.
— Steve, por favor... — O coração quase partido dela estava evidente no pedido.
sabia um milhão de pequenas coisas sobre Steve Rogers.
Cores que o acalmavam, comidas que remetiam à infância dele e outros detalhes minúsculos sobre o homem, mas quando ele a beijou, mal lembrava-se do próprio nome. Ainda assim, a consciência de pertencimento era pertinente; ela sabia que estava no lugar certo. Steve segurou a face dela entre ambas as mãos, e foi como se as luzes douradas de Paris fossem licor escorrendo de seus lábios e a embriagando. nunca havia se perdido em um beijo daquela maneira, com o mundo ao seu redor explodindo de tal forma ao ponto de seu coração perder o passo e a distância entre os dois, mesmo que mínima, ainda ser dolorida. Ela imediatamente retribuiu o selar, ignorando o curto-circuito de sua mente e empunhando a camisa dele, tão perto que suas costelas se pressionavam ao respirarem um no outro.
Um saborear breve e temeroso dos lábios de fez Steve perceber o quão faminto estava por ela, pela doçura de sua boca e o calor que fluía em suas veias. Ele já havia amado antes, mas estas memórias estavam embaçadas em sua mente, substituídas por . Em sua boca, em sua garganta, peito e em cada parte de seu corpo e mente. Ela infinitas vezes recobrindo os painéis de amores passados como um lençol em móveis velhos. não era seu primeiro amor, mas aquele único que fez todos os passados romances de Steve insignificantes se comparados. O sentimento não parecia ter um prazo de validade, mas souberam — mesmo já cientes há anos — que aguardavam um pelo outro.
Quando o beijo finalmente se encerrou e o ar pareceu rejeitável por eles, as mãos grandes de Steven estavam no cabelo dela e suas testas pressionadas os mantinham afastados pelo bem de seus pulmões.
— Eu mudei de ideia. — Steve respirou contra a bochecha de , a segurando contra si mesmo com todo o cuidado que podia, agraciando a pele delicada dela com selar mais suave que conseguiu.
Sentindo a força que a morena colocou para se afastar, o herói não hesitou em escorregar as mãos para a curva sutil da coluna dela, evitando estremecer de dor quando a palma de Edwards empurrou seu peito ao se esquecer do hematoma dele.
— Perdão? — perguntou agilmente. Ainda assim, Rogers sorriu ao perceber a feição chocada dela. Um beijo rápido no queixo amaciou a voz da mulher, seu coração incrédulo com a situação em que se encontravam. — Steve Grant Rogers, o que exatamente você quer dizer? — perguntou outra vez, uma risada nervosa soprada entre as palavras, começando a se questionar se a falta de sono e as longas missões estavam o fazendo perder a cabeça.
— Eu não quero o que Bucky e Nat tem. — A mão dele descansou contra a mandíbula da mulher, as pontas dos dedos perdidas no emaranhado de fios dela, lábios tão perto que ela podia respirar o ar que ele expirava. Os cantos da boca de Steve se curvaram em um sorriso amoroso, que derreteu o coração de quando sussurrou: — Quero o que nós dois temos.


FIM


Nota da autora: Oiê, Elis aqui! Espero que tenham gostado da fic!
Anteriormente, ela se chamava Four Seasons e era uma longfic, mas como não costumo me dar bem com longs e conseguir escrever atualizações regulares, achei cabível manter ela como uma oneshot (como eu criei o plot para ser). Maaaas, posso acabar enviando mais capítulos em forma de uma shortfic no futuro, iykyk.
Podem acompanhar mais fics minhas no meu Instagram (@autoraelis). Não se esqueçam de deixar comentários para alegrar a autora aqui! <3

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Nota da Beth Saturno: Fala sério, o tanto que eu amo tudo que você escreveeeee! Nossa, essa short é apaixonante. Betei antes, betei de novo e beto tudo o que você produzir. Tua escrita é fantástica e cativa do início ao fim. Eu serei eternamente apaixonada!

Se você encontrou algum erro de revisão ou codificação, entre em contato por aqui.
Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.