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Revisada por: Júpiter

Última Atualização: 18/07/2024

— Que casa feia! — ouviu Tonks, ex-colega de Hogwarts e parte de uma das primeiras classes de Aurores que havia formado, murmurando conforme as duas adentravam o número doze do Largo Grimmauld.
, grande apreciadora de objetos meio antigos, olhou ao redor e não pôde deixar de concordar com a amiga. Os móveis pareciam caros, ancestrais e eram realmente bonitos, porém a energia da casa era tão pesada que o conjunto ficava desagradável.
— Sabia que somos primos? — Tonks sussurrou para ela enquanto Kingsley abria caminho.
— Quem? — perguntou, distraída com os quadros e outras mobílias da casa. Considerava que o local seria muito mais apropriado para um museu do que um lar.
— O Sirius, boba — a Auror respondeu, batendo dois dedos de forma delicada na parte de trás da cabeça dela para chamar sua atenção. — Somos primos de segundo grau.
— Desculpem o atraso — Kingsley disse após abrir a porta de uma sala que estava de frente para o corredor que tinham passado. — Fizeram uma reunião de emergência no Ministério e, bem, ficaria meio estranho se não ficássemos.
— Sem contar que o namorado da quase obrigou a coitada a ficar lá — Tonks resmungou, recebendo um olhar de censura — no qual a ex-corvina era especialista — junto de algumas risadas do grupo.
Na sala encontravam-se Dumbledore, Arabella Figg, McGonagall, Hagrid, Molly e Arthur Weasley, Remus Lupin, algumas outras pessoas que ela conhecia de longe e o atual dono daquela casa, o homem que foi temido por anos por mais da metade do mundo bruxo: Sirius Black.
E não era a primeira vez que ela via seu rosto e, pelo sorriso astucioso dele, lembrava dela também. sentiu as bochechas quentes e não soube se era pela breve exposição da amiga ou por sentir os olhos do fugitivo nela.
— Não me diga que ainda está com o Bagman — McGonagall murmurou, um leve tom de decepção em sua voz a fez ruborizar ainda mais.
Ludo Bagman? — a voz marcante e meio rouca de Sirius disse. Ele ergueu uma das sobrancelhas sem tirar os olhos dela.
Não — Tonks torceu o rosto em uma careta. — O sobrinho dele.
— Gente, meio que tem um bruxo muito ruim à solta — falou pela primeira vez, coçando levemente a franja com dois dedos, algo que fazia sempre que estava nervosa — Podemos focar?
— Exatamente — Moody exclamou, batendo com seu cajado no chão da sala, dando uma piscada para ela. Ele tinha sido responsável por seu treinamento como Auror. — Minha pupila está certa.
— Não vamos constrangê-la mais, srta. — Dumbledore exclamou, um sorrisinho aparecia por trás da enorme barba. sorriu levemente em sua direção. — Precisamos estabelecer os planos de ação de cada um aqui.
— Levando em conta que, desta vez, não teremos a ajuda do Ministério da Magia — uma pessoa disse, mencionando a decisão burra tomada por Fudge de não aceitar a volta do Lord das Trevas.
— Acredito que uma divisão de tarefas é essencial para cobrirmos todos os pontos em que o Ministério da Magia nos faltará — Dumbledore concordou e ela percebeu uma leve acidez nas palavras dele. Fudge vivia pedindo conselhos para o diretor para, em um momento tão importante como aquele, virar a casaca e chamá-lo de velho senil; ela ficaria revoltada.
A partir dali, realmente tentou prestar atenção à discussão de funções estabelecida por Dumbledore, porém, enquanto seu nome não era dito, sua mente passeava pela conversa que aconteceu um pouco mais cedo com o namorado.

Não faz o menor sentido resmungou, sorrindo desdenhosamente para a lista de argumentos que a namorada tinha acabado de dar.
O que não faz sentido é sua relutância em aceitar o óbvio. segurou a vontade de gritar na cara dele, porém, continuou com o tom de voz morno, afinal, não poderia chamar muita atenção no saguão do Ministério da Magia, o local não era mais confiável. Por que eles mentiriam?
, você esteve em Hogwarts quando eu estive também ele explicou, segurando as mãos da namorada. O gesto a irritou profundamente, a estava tratando como uma criança que não compreendia porque não podia comer areia. Aquele velho é louco, já era meio pirado uns anos atrás, imagina agora?
E por que Harry Potter mentiria? ela prosseguiu, tirando as mãos dele de si e cruzando os braços, um sinal de que ele não deveria tentar chegar muito perto.
O menino é uma criança, praticamente, não deve saber o que viu…
Você era assim com, sei lá, quatorze, quinze anos?
Não… negou, revirando os olhos pela insistência dela. Mas é totalmente diferente.
Por quê? perguntou, irritando-se com a postura dele. Harry salvou o mundo bruxo com poucos anos de vida desse mesmo cara!
Foda-se, , não quer dizer que era mesmo o Voldemort ele sussurrou, apesar de sua linguagem corporal denunciar que queria gritar. Você tá acabando com a semana do meu aniversário, de verdade.
não conseguiu segurar a risada que saiu de sua garganta com o comentário egoísta do namorado. Ultimamente, ela ficava cada vez mais incomodada com o jeito dele.
Ah, , o mundo pode acabar e você está preocupado com isso? ela sibilou, sem acreditar na falta de tato dele.
Você está preocupada com algo que não vai acontecer! murmurou de volta, o rosto vermelho indicava sua irritação.
Ah, quer saber, cansei! disse, passando a mão pela testa, ela não precisava de mais estresse. Pense o que quiser, eu tenho trabalho a fazer.
Sem esperar por uma resposta, virou as costas e saiu, pegando o elevador para ir até o andar das salas de treinamento.
A intenção era ficar o dia inteiro sem falar com ele, mas é claro que ele se fez de coitado e pediu desculpas, o que raramente acontecia, junto com um “convite” para assistir ao pronunciamento de Fudge. E ela caiu. De novo.

A relação com realmente a fazia duvidar se era realmente tão esperta como o Chapéu Seletor achava que era ao colocá-la na Corvinal. O namorado parecia ficar cada dia mais insuportável, só conseguia falar dele mesmo. Toda vez que um leve desentendimento ocorria entre os dois, se tornava facilmente a vítima e a fazia pedir desculpas mesmo quando não estava errada (o que era o caso na maioria das vezes).
, que estava de cabeça baixa, levantou os olhos e encarou o bruxo à frente quando, novamente, sentiu que ele a analisava por completo, inclusive de cima a baixo. Não era um vislumbre desrespeitoso, as pupilas escuras dele a apreciavam com um certo fascínio nada sutil. Aproveitando-se da oportunidade, correu os próprios olhos por ele, a roupa social cobria um corpo que ela já tinha visto de forma muito diferente antes, mas que sabia que possuía algumas tatuagens aqui e ali. Seu cabelo estava na altura dos ombros e a barba aparada de forma que deixasse seu rosto mais harmônico e menos maníaco, seus olhos brilhavam ao encarar os lábios desenhados dela e, agora, o rosto levemente rosado com um sorriso divertido nos lábios que, infelizmente, eram muito… engasgou levemente, que tipo de pessoa ela era?
Notando que a maioria se distraía com a discussão, a bruxa saiu pela porta que havia acabado de entrar, precisava observar outra coisa que não fosse Sirius Black e achou que uma pequena volta pelo hall da casa para tomar um ar faria bem para a sua mente claramente confusa.
Porém, assim que chegou ao hall, uma voz feminina muito esganiçada gritou:
Sangue-ruim!
Imediatamente, ela entrou em modo alerta e puxou a varinha na cintura, escondida pelo longo casaco preto. Nenhuma das pessoas ali na sala a chamaria daquele jeito, por isso acreditou que a casa dos Black estava sendo invadida.
Porém, conforme procurava a fonte da ofensa, ouviu outra pessoa dizer:
— Cala a boca, mãe!
encarou Sirius com confusão nos olhos até perceber que ele falava com o quadro de uma mulher na parede.
— Meu Deus? — ela disse, encarando a imagem dela na parede. — Já tinha ouvido falar desse feitiço, mas nunca tinha visto, que horror.
— Horror é uma sangue-ruim pisando na nobre casa dos Black — a mulher gritou, encarando com uma expressão odiosa no rosto.
— Querida, por que você não me acompanha até a cozinha e deixa essa velha falando sozinha? — Sirius se dirigiu a ela, puxando a mão que segurava a varinha com delicadeza para que o seguisse pela porta que ele tinha entrado no lado oposto do hall. — Desculpa, não conseguimos tirá-la dali.
— Tudo bem, meio que acostumei — ela o tranquilizou. Sempre tinha um babaca para chamá-la pelo nome proibido.
— Aceita um copo d’água? — ele perguntou, voltando a sorrir com divertimento para ela. — Parece que engasgou lá na sala, fiquei preocupado.
— Ah, eu aceito — ela disse. Não estava com tanta sede, mas o homem a deixava nervosa, então aceitaria qualquer distração que lhe oferecessem.
Sirius foi até a geladeira, pegou uma jarra, dois copos no armário e a serviu.
— Você está diferente da última vez que te vi — ele disse, arrastando o copo em sua direção na mesa que separava os dois.
— Você acha? — ela disse, sorrindo como agradecimento ao pegar a bebida. — Só faz dois anos, não mudei tanto assim.
— Acho que o lugar em que nos vimos não ajudava muito — Sirius exclamou, rindo ao servir um pouco de água para si. — Eu, por exemplo, estou bem melhor.
— Ah, com certeza — ela concordou, sentindo-se levemente constrangida com a rapidez e veemência com que tinha apoiado o comentário dele. — Desculpa, é que ninguém fica bem em Azkaban, né?
— Relaxa, linda, eu concordo com você — ele a tranquilizou, notando como ela pareceu engasgar de novo com o jeito que havia a chamado e gostando de como ficava com qualquer mínima reação dele. Era instigante. — Até hoje me pergunto o que você estava fazendo lá…
— O Fudge gosta mesmo de mim — a bruxa explicou, entregando o copo vazio a Sirius. — Então, ele achou que seria uma boa ideia levar uma Auror recém-formada para visitar Azkaban e checar os perigos do mundo bruxo, incluindo uns dois que eu havia mandado para lá em treinamento.
— E olha que ele gosta de você, hein? — o bruxo zombou, colocando os copos na pia.
— Ele não bate muito bem da cabeça — concordou, jogando a cabeça levemente para trás ao rir. Sirius achou aquilo adorável. — E eu também não, né? Eu aceitei o convite.
— E por que você aceitou? — ele perguntou, aproximando-se da mesa para encará-la melhor.
— Eu gosto bastante de arquitetura. Acho que teria seguido essa profissão, se não fosse bruxa… — respondeu e o bruxo percebeu que ela divagava algumas vezes ao falar, quase como se projetasse as cenas antes de responder. — Enfim, eu gosto de conhecer lugares exclusivos.
— Você chamaria Azkaban de exclusivo? — Sirius achou graça da descrição dela. Morando por doze anos lá, era realmente algo que ele nunca pensaria.
— Ah, eu teria apenas um jeito de ir para lá sem um convite — exclamou, dando de ombros. — Só sendo presa, mas isso jamais aconteceria.
— Não?
— Não, não tenho intenções de cometer um crime.
— Eu não cometi e fiquei doze anos naquela exclusividade — Sirius declarou, divertindo-se internamente ao ver o rubor no rosto dela.
— Nossa, desculpa — ela disse, colocando uma das mãos nos lábios. — Foi bem sem noção o que eu disse, desculpa, Sirius.
— Relaxa, linda, tô brincando com você — ele a tranquilizou novamente, gargalhando com o embaraço visível dela. — É engraçado te ver constrangida.
estava prestes a perguntar o motivo disso quando uma das portas da cozinha abriu e Molly Weasley colocou a cabeça para dentro do cômodo.
— Ah, vocês estão aqui — a ruiva disse, sorrindo levemente. — Dumbledore os estava procurando.
, como a responsável que era, quase correu em direção à porta que dava diretamente para a sala que estavam antes, sendo acompanhada a passos muito lentos por Sirius.
— Sim? — ela se dirigiu a Dumbledore, que a esperava com um sorriso acolhedor.
— Querida, pela sua influência nas chegadas de aurores no departamento e proximidade com Fudge, gostaríamos que sondasse possíveis novos membros para a Ordem e também conseguisse quaisquer novas informações que o Ministro possa não compartilhar com o mundo — o diretor designou, recebendo um aceno dela. Poderia fazer isso tranquilamente. — E, ocasionalmente, convocaremos você para missões, sua facilidade em combates será valiosa.
— Obrigada — ela agradeceu. Sentia-se feliz por fazer parte de algo tão importante como a Ordem.
— E eu? — Sirius perguntou, o corpo estava encostado no batente da porta que levava para cozinha.
— Você fica aqui — Dumbledore exclamou, suspirando ao ver a expressão no rosto do bruxo.
— Por quê? — o homem exclamou, cruzando os braços com irritação. — Eu quero ajudar em alguma coisa!
— E você ajuda continuando aqui — o diretor respondeu com um tom impassível.
— Sirius, você ainda está sendo procurado — Lupin tentou acalmar o amigo. — Se te pegam, as chances de você ser morto são enormes.
percebeu a expressão irritada de Black suavizar levemente, porém sentiu que ele não tinha acatado a decisão por completo.
Ele ainda iria brigar muito por aquilo




>— O que será que eles querem dessa vez? — Tonks sussurrou quando as duas se aproximaram do local onde, mais uma vez, Fudge tinha marcado uma reunião.
— Acha que descobriram alguma movimentação nossa? — sussurrou de volta, abrindo espaço entre os vários Aurores para tentar se aproximar do centro em que Fudge e alguns de seus funcionários, como Percy Weasley, aguardavam a chegada do restante da equipe para o anúncio.
— Difícil, só tem idiotas aqui — Tonks murmurou, encarando o Ministro com um desgosto palpável.
concordou silenciosamente, observando se aproximar com alguns amigos que realizaram o treinamento com os dois ao saírem de Hogwarts. O namorado sorriu e acenou para ela do outro lado da roda, e deu um leve sorriso, voltando a se concentrar em Fudge quando ele pigarreou para chamar a atenção do grupo.
— Bom, vejo que a maioria está aqui — ele exclamou, acenando para todos com a cabeça envolta no chapéu-coco que sempre usava. — Gostaria de começar agradecendo nossos Aurores pelo enorme esforço que realizam sempre para com nosso povo, em tempos de mentiras deslavadas, vocês combatem perigos reais!
Diversas pessoas aplaudiram, incluindo Percy Weasley e não conseguiu deixar de pensar na enorme decepção que seus pais deveriam sentir.
— Como bem sabem, conseguimos voltar a estabelecer a ordem em Hogwarts — o Ministro prosseguiu, mencionando a destituição de Dumbledore do cargo após a descoberta de uma organização com alunos. — E, portanto, focaremos em estabelecer a ordem aqui! Novos bruxos desejando conquistarem a honra de se tornarem Aurores chegam todos os dias, muitos aqui treinam ou aconselham esses bruxos e sou extremamente grato por isso, porém, chegou o momento de um de vocês adquirir maior responsabilidade nesse meio.
sentiu a cotovelada de Tonks em sua costela, ela encarou brevemente a amiga, a bruxa tinha um sorriso engraçado no rosto.
— Um de vocês chegou aqui muito jovem e mostrou comportamento excepcional desde o treinamento até o momento de confirmação do título — Fudge prosseguiu, sem encarar ninguém em específico. notou o brilho de esperança nos olhos de que absorvia cada palavra do Ministro como se elas fossem vitais. — Por isso, é apenas justo que assuma um cargo extra de Segundo Chefe dos Aurores que estamos acrescentando para treinar e avaliar novos possíveis integrantes.
estudou as palavras de Fudge com atenção, observando como, nas entrelinhas, o Ministro estava escolhendo uma nova marionete. A intenção era que, seja quem fosse escolhido, fizesse exatamente o que Dumbledore havia pedido para ela, porém, para o lado contrário.
— Dito isso, nomeio como Segunda Chefe dos Aurores a partir de hoje! — Fudge exclamou com um semblante alegre estampado no rosto direcionado a ela. — Venha aqui, querida!
foi levemente empurrada por alguns colegas atrás dela após encarar Tonks com um olhar assombrado conforme diversas pessoas batiam palmas e assobiavam. O corpo dela foi projetado para a frente do Ministro, que tinha um pequeno broche dourado em mãos.
— É um prazer ter uma funcionária exemplar como você conosco — Fudge disse, utilizando a varinha para prender o broche no casaco dela antes de abraçá-la como se fosse sua filha.
— O-obrigada — ela disse, forçando um sorriso quando Percy e outros funcionários apertaram sua mão que iria começar a suar de nervoso em breve. Passou as mãos pela franja para tentar se acalmar, mas não funcionou bem.
— Semana que vem teremos uma reunião para alinhar a nova função com a equipe — o Ministro explicou, sem tirar o sorriso do rosto. — Por hoje, tire a semana de folga para comemorar, você merece!
agradeceu mais uma vez, aliviada por se afastar deles e voltar para o lado de Tonks, recebendo cumprimentos, acenos e assobios de colegas antes de eles voltarem para suas funções diárias.
— Se isso fosse a alguns anos atrás, eu te diria parabéns — Tonks falou, agarrando braço da amiga como se fossem casar somente para tirá-la dali o mais rápido possível. — Porém, agora só posso dizer que você tá meio fodida.
Meio? — resmungou, sentindo que surtaria a qualquer momento. — Eu tô completamente fodida, isso sim.
— O que vai fazer agora? — Tonks perguntou, percebendo que estava a poucos passos de um ataque de nervos.
— Usar meu primeiro dia de folga para fingir minha morte e fugir para o Brasil? — ela respondeu, apontando para Tonks como se tivesse tido uma grande ideia.
— Ganhou o dia de folga? — Tonks comentou, apertando o braço dela carinhosamente. — Que inveja!
— Para comemorar, segundo o Fudge, a semana inteira — resmungou, passando a mão livre pela franja, ainda inconformada com a decisão do Ministro. — É só você sair hoje e dizer que foi comemorar comigo, ninguém vai reclamar.
— Boa ideia, hein? — a Auror estalou os dedos na direção dela. Sua vida tinha ficado mais fácil com os pensamentos ágeis da ex-corvina.
— Enfim, vou pegar minhas coisas no armário e sair para tentar encontrar algum dos nossos — lamentou, suspirando com o trabalho enorme que cairia nas suas costas a partir da semana seguinte. — Talvez consigam me aconselhar melhor.
— Beleza. Qualquer coisa, manda um patrono, gatinha — Tonks deu uma piscadela e um beijo na sua bochecha antes de soltar seu braço e seguir na direção contrária.
caminhou com passos derrotados até a sala dos armários onde os treinadores guardavam seus objetos pessoais para ficarem mais livres durante as aulas. Sua cabeça já começa a doer e ela destrancou o armário com a varinha e a sensação horrível de que não conseguiria lidar com a pressão de interpretar um papel duplo.
É claro que ela meio que já estava interpretando, porém, ao colocá-la naquela função, Fudge automaticamente a assumiu como uma aliada direta na sua luta contra tudo que acreditava, era totalmente diferente de fazer aquilo às escondidas.
— Tá feliz agora, ? — disse antes de bater a porta da sala com força, deixando claro que queria ter uma conversa a sós. Com a perturbação, tinha esquecido completamente dele.
— Por quê? — ela perguntou, tirando sua pequena bolsa enfeitiçada do armário e batendo a porta de metal, indicando que não estava muito boa para conversar. — Você não está?
— Claro que não! — ele sibilou, cruzando os braços em uma tentativa de parecer maior, o que só fez revirar os olhos. — Esse cargo era para ser meu.
— Eu queria saber em que momento você fez alguma coisa relevante para pensar que esse cargo poderia ser seu — rebateu, impressionada com o comportamento dele. — Se não fosse eu, seria alguma dessas pessoas que dividem essa sala comigo, , não você!
— A minha relevância foi a lealdade, ! — ele sibilou novamente, o rosto ficando cada vez mais vermelho. — Algo que você nunca demonstrou com essas conversas absurdas. Sabe o que aconteceu com grande parte das pessoas de cargos altos que saíram falando isso, não sabe?
— Isso foi uma ameaça? Porque não funcionou! — desdenhou, sem conseguir segurar a risada ácida que saiu de seus lábios. — Você é fraco, , não enxerga um palmo na sua frente além de você mesmo.
— Ah, eu não enxergo? — devolveu, torcendo a cabeça para o lado. — Você nunca me valorizou, ! Parece que eu fico implorando pela sua atenção nesses últimos meses.
— O que isso tem a ver com a nossa discussão?
— A relação é que você se aproveitou de mim, exclamou, uma das veias no pescoço dele saltou e a Auror teve certeza que ele não só estava irritado, mas estava com ódio. — E agora que está no topo não consegue enxergar que não fez tudo sozinha.
— O que você quer dizer com isso? — vociferou, cruzando os braços. — Você fez as provas dos N.I.E.M.S para mim? Você fez o treinamento e os testes no meu lugar? Foi você que foi chamado para treinar assim que virou Auror?
— Não, mas você não teria chegado aqui sem um Bagman ao seu lado — acusou, sem perceber a expressão de compreensão se formando no rosto irado de . — Onde já se viu uma…
— Onde já se viu uma sangue-ruim chegar tão fácil em um cargo alto, não é, ? — gritou, sem se importar se alguém conseguiria ouvir do outro lado da porta. — Termina a frase, não era isso o que você queria dizer?
— Eu não ia falar isso, você sabe que eu jamais usaria essa palavra — engoliu em seco, temendo ao finalmente encarar a namorada de novo.
— A palavra é outra, mas a intenção é a mesma — resmungou, aproximando-se da saída, estava perdendo tempo com ele. — Se namorar você fosse sinônimo de sucesso, ninguém se perguntaria tanto porque ainda te dei uma chance.
abriu a porta e saiu, os passos derrotados agora firmes até os elevadores que a tirariam do lugar que não mais trazia conforto como antes. Tinha outras preocupações e teria que deixar para outro dia.
Afinal, ele não era nem de perto a coisa mais importante na sua vida no momento.




remexeu as azeitonas do primeiro drinque que havia pedido com o palito de metal que o barista havia colocado na taça de forma desanimada. Tinha passado o dia tentando conversar com Kingsley e Moody, mas ninguém da Ordem sabia em qual missão estavam no momento. A Auror havia buscado até o próprio Dumbledore, mesmo sabendo que seria praticamente impossível encontrá-lo, agora que tinha se tornado o bruxo mais procurado pelo Ministério da Magia.
Após longas horas de busca, decidiu esfriar a cabeça em um dos seus lugares favoritos na cidade. Acreditou que precisava lidar somente com a outra parte de si para organizar os pensamentos e saber o que fazer. Poderia ter ido à casa dos pais, mas não achou que eles ficariam muito felizes com sua visita.
O bar trouxa tocava jazz ao vivo todos os dias, tinha diversas mesinhas e um bom espaço para que amigos e casais pudessem dançar, servia pratos deliciosos e possuía um cardápio de bebidas completo. escolheu uma cadeira alta na bancada ao redor da ilha do bar e apoiava o queixo no próprio rosto enquanto encarava as garrafas de bebidas na sua frente sem olhar para nada específico, escutando o ritmo agradável do jazz que os músicos do local tocavam e cantavam, os passos dos que haviam escolhido a pista de dança, as risadas, os barulhos de taças e copos de vidro batendo nas mesas, o vai e vém dos garçons com pratos na cozinha e a porta abrindo e fechando conforme novos clientes entravam e saíam.
Em uma dessas vezes, Sirius Black entrou. Usava um pesado casaco de couro, uma camisa social branca meio aberta, revelando algumas das tatuagens no peito, calça social preta e botas. Ajustou as roupas como se tivesse acabado de vesti-las conforme sorria para algumas mulheres que o observavam se aproximar do bar.
estava de costas e não o viu, mas ele reconheceu os cabelos bem ajustados, a jaqueta vermelha e uma bolsa pequena apoiada na cadeira, além das pernas cruzadas envoltas por uma meia calça fina e uma saia xadrez que demarcava seu corpo com delicadeza. Ela observava as garrafas de bebida enquanto mexia o Martini despretensiosamente.
Sirius se adiantou devagar ao notar que não havia ninguém sentado ao lado dela, pensando que os homens ali eram realmente muito imbecis se não tivessem tentado se aproximar dela ao menos uma vez.
Havia visto a mulher quatro vezes em sua vida. A primeira vez em Azkaban, a segunda em sua casa e a terceira quando Harry fora escoltado da casa dos tios até o Largo Grimmauld e todos jantaram juntos. A última havia sido quando o levaram até o trem que o deixaria em Hogwarts há alguns meses. tinha agido como uma escolta distante, observando o perímetro e se mantendo afastada dos olhos públicos porque definitivamente era uma figura de renome no Ministério.
Sirius não sabia exatamente o motivo, mas o deixava intrigado e querendo saber o que ela escondia por trás dos devaneios constantes. Bem, ele sempre se atraiu pelo oposto, a Auror não poderia ser mais diferente, podia?
— Nunca fui muito fã de Martinis também. — Abaixou-se levemente para murmurar a frase perto da orelha dela, divertindo-se com o leve sobressalto de antes de acompanhar sua figura enquanto se sentava na cadeira à esquerda dela.
— O que você tá fazendo aqui? — ela murmurou, largando o palito na taça e assumindo uma postura defensiva que ele achou sexy. — Você pirou, Sirius?
— Decidi dar uma volta — ele respondeu naturalmente, observando o cardápio que o barista tinha colocado na parte do balcão em sua frente. passou os dedos pela franja. — Eu não aguentava mais ficar naquela casa.
— Você não pode sair de lá! — ela exclamou, virando o corpo para ficar de frente para ele. — Sabe o que a Ordem vai fazer quando souber que você deixou a casa?
— Você não vai contar, vai? — Sirius perguntou, disfarçadamente transformando a expressão relaxada em sua melhor cara de cachorro abandonado. — Estou preso lá há dias, eu mereço um drinque também.
— O problema é que você está sendo procurado! — ela sussurrou, temendo que alguma outra pessoa pescasse uma parte da conversa.
— Por isso escolhi esse bar — ele respondeu, apontando para os arredores onde sequer uma pessoa prestava atenção neles. — Nenhum sinal de bruxo.
— Eu estou aqui!
— Mas você tem conexões anteriores com esse lugar, não tem? — Sirius sugeriu, chamando o barista com um gesto. — Um uísque escocês com gelo e outro Martini para a mocinha aqui, o dela já deve ter azedado.
observou o barista acenar para o bruxo e tirar o drinque pela metade da sua frente, dividida entre levar Sirius embora naquele minuto ou deixá-lo aproveitar um pouco da liberdade que tinha perdido nos últimos anos.
— Pensa comigo, linda — Sirius cortou seus pensamentos, quase como se conseguisse ouvi-los. — Você faz parte da Ordem e é uma das Aurores mais fodas que o Ministério tem hoje em dia, não acha que estou bem protegido? Porque eu acho.
estreitou os olhos na direção dele, percebendo como ele usava os elogios para tentar convencê-la a deixá-lo ficar. A bruxa sabia que era arriscado permitir que Sirius permanecesse no bar, porém o argumento usado não era ruim e ela tinha ficado com pena dele. O bruxo realmente parecia querer ajudar como provavelmente fez na primeira formação da Ordem.
E odiaria ficar presa naquela casa com sua mãe gritando xingamentos o tempo todo.
— Um drinque, Sirius — ela exclamou, erguendo o indicador para ele e segurando um sorrisinho com a comemoração que ele fez. — Um drinque e eu te levo para casa.
Nesse momento, o barista voltou com as bebidas dele e, sem pensar duas vezes, segurou a taça e levou o Martini à boca. Tinha certeza que Sirius iria enrolar até o gelo no copo dele derreter, então, quanto mais cedo os efeitos do drinque deixassem seu corpo, melhor.
— Então, o que está fazendo aqui? — Sirius perguntou antes de dar um gole no uísque. — Você não tem cara de quem vai ao bar durante a semana.
— Fudge me deu folga até a semana que vem — ela respondeu, apoiando a taça no porta copos.
— Três dias? — Sirius assobiou, impressionado com a boa vontade dele com . — O que você fez para merecer esse presente?
— Fui promovida a Segunda Chefe dos Aurores — resmungou, observando a confusão no rosto de Sirius.
— Por que eu sinto que você não quer receber parabéns?
— Porque o Ministério tá uma merda e o Fudge basicamente quer que eu seja aliada nessa briga que ele começou com o Dumbledore.
— Porra, não tinha pensado nisso — Sirius xingou, bebendo mais um gole. — Então você vai ter que ser uma agente dupla de alto escalão agora, não é?
— Exatamente! — exclamou, tirando alguns fios de cabelo do rosto, movimento que foi acompanhado com cuidado pelo bruxo. — Só que não sei se vou conseguir.
— Não vou dizer que vai ser fácil — ele começou a aconselhar, gostando da forma como ela se concentrou nas palavras dele. Sirius adorava ter a atenção dela totalmente nele, algo que não conseguiu nos últimos dois encontros porque alguém sempre estava falando com ela. — Mas se eu que sou eu consegui fugir da prisão e continuar escondido até agora, por que você não iria?
riu ao ver que o barista tinha captado um pouco da conversa entre eles e olhava torto para Sirius.
— Ele está brincando, moço — ela disse, chutando levemente a perna de Sirius com a ponta de seus sapatos vermelhos e aproximando-se dele para sussurrar. — Algumas coisas continuam sendo estranhas para os trouxas também, cuidado.
Ai — exclamou, sorrindo para o barista de forma amigável, não queria ser expulso no único momento livre que tivera em anos. — Total brincadeira, cara, sou escritor, sabe?
— Da última vez, ouvi dizer que você era membro de uma boyband… — zombou, mencionando a notícia que havia saído no jornal O Pasquim recentemente.
— Quando o Lupin foi me visitar, a gente ficou uma hora discutindo se eu seria de uma boyband ou de uma banda de rock — Sirius exclamou, virando o corpo na direção dela como se iniciasse uma discussão seríssima. — O que você acha?
gargalhou com a súbita seriedade do bruxo com um assunto tão banal como aquele, jogando a cabeça levemente para trás e permitindo que Sirius visualizasse mais o pescoço que era charmoso demais para ficar intocado.
— Seu visual do ano passado era bem mais banda de rock — ela respondeu, bebendo um pouco do Martini. — Agora que você cortou o cabelo, você tá mais para boyband mesmo.
— E de qual você gosta mais? — Sirius perguntou, tentando transmitir o duplo significado da sua pergunta sutilmente. — Banda de rock ou boyband?
o encarou pela borda da taça ao terminar o drinque. Os olhos escuros do bruxo percorriam seu rosto, seguindo a gota da bebida que escorreu ao terminar. Ela passou o dedo do canto da boca até o meio dos lábios antes de responder:
— Pelo meu histórico, acho que sou bem mais boyband.
— E qual é o seu histórico? — Sirius voltou a perguntar, umedecendo os lábios levemente ao vê-la cruzar as pernas de novo. Estava começando a achar que tinha algum problema, não era possível que qualquer mínimo gesto dela fosse tão… atraente.
— Basicamente, alguns garotos trouxas e o meu namorado.
— Um Bagman… — ele disse com um leve tom de desprezo na voz que seria quase imperceptível, se não fosse tão observadora. — Por que ele não está aqui?
acha que não mereço a posição — ela respondeu com uma risada ácida que foi acompanhada por Sirius. — Aparentemente, não sou leal o suficiente e só consegui tudo porque namoro um Bagman.
— Tá brincando? — Sirius exclamou. O sobrenome para ele já era sinônimo de idiota, porém, ele não conseguia imaginar como alguém poderia namorar e não ser, no mínimo, um pouco obcecado por ela. Ele só a tinha visto poucas vezes na vida e achava que estava bem perto disso.
— Gostaria de poder dizer que sim…
— É mal de família isso, né? — Sirius resmungou, tomando mais um gole do uísque para aquecer. — Um pior que o outro.
— Isso é porque você nunca teve que jantar na casa deles — acrescentou, chegando perto como se fosse sussurrar um segredo. — Prefiro ir presa em Azkaban, com todo o respeito.
Sirius gargalhou com a última frase dela. Sabia que ela usava o “com todo o respeito” com medo de ofendê-lo, porém estava acostumado com piadas muito mais pesadas por parte de seus melhores amigos (ou ex, se pensasse no rato do Rabicho) e comentários muito mais ofensivos por parte de sua família.
— Eu fugi de lá por sua causa, você sabe, né? — Sirius revelou, abrindo um sorriso malicioso com a surpresa dela.
— Oi?
— Eu te pedi o jornal e você foi toda boazinha me entregar escondido do Fudge — Sirius relembrou, observando os olhos atentos esperando uma explicação. — Eu vi o cara que realmente traiu os Potter na forma animago lá, decidi que ia sair e buscar justiça.
— Eu não sabia disso — exclamou, apoiando um dos braços na bancada para segurar o próprio queixo. Sirius achou que ela ficou ainda mais adorável assim. — E olha eu caçando você uns meses depois.
— Ah, colocaram você para ir atrás de mim? — Sirius perguntou, imitando o gesto dela para que seus rostos ficassem mais próximos.
— Não só eu, mas você era sim uma das minhas missões — afirmou, rindo levemente da ironia. — Não acreditei quando o Moody me contou que você era inocente.
— Me caçando por um tempo e me protegendo agora, quem diria, hm? — Sirius murmurou maliciosamente sem tirar os olhos dela.
— Sabe, acho que você se subestima um pouco, Sirius — confessou, chegando um pouquinho mais perto dele sem perceber.
— Por que acha isso, linda?
— Quando você foi me aconselhar, usou “eu que sou eu”, mas você é muito impressionante — ela começou a explicar e, vendo Sirius assentir para que prosseguisse, continuou. — Você se tornou animago com que idade?
— 15 anos.
— 15 anos! — ela exclamou, a animação dela o contagiou e Sirius se viu sorrindo. — Vocês descobriram o processo e se tornaram animagos com essa idade, isso demanda muito talento e força de vontade! E não é qualquer um que consegue fugir de Azkaban sem ajuda, hein?
— Jamais esperaria receber tantos elogios da Auror mais jovem a dar treinamentos — Sirius elogiou, inicialmente de forma pomposa e, vendo as bochechas dela ficarem avermelhadas, decidiu ser mais honesto. — Todo mundo fala com muito orgulho de você, linda, isso sim é impressionante.
— Ninguém falaria de você dessa forma?
— Meus pais, não — ele murmurou, meio azedo, ao lembrar como era viver naquela casa terrível. — Na verdade, metade da minha família, não.
— Bom, a minha também, acho que isso não diz muita coisa, Sirius — ela revelou, pegando o copo dele e dando um gole na bebida tão amarga quanto o tema da conversa. — Tenho certeza que Lupin e Harry falariam de você com muito orgulho… E os gêmeos me contaram de um tal mapa do maroto no jantar, genial, aqueles dois te veneram!
— Olhando por esse lado, acho que eu tenho alguns feitos interessantes mesmo — Sirius sorriu marotamente. — Nada nobre como os seus, mas vale, né?
— Nobre é um conceito ambíguo, Sirius — ela respondeu, encarando o rosto desenhado pela barba que caía muito bem nele. — Algumas pessoas não achariam minha participação na Ordem nobre…
Sirius concordou, admirado com a forma como ela o via. parecia ter um certo respeito até pelas coisas erradas que ele havia feito. Depois daquela briga com Molly Weasley, ele se sentia aquecido pelo jeito dela.
esperou o bruxo dizer algo, porém ele passou bons segundos só observando seu rosto sem dizer nada e aquele olhar pesado (não de um jeito ruim como a casa dele) a deixava desconcertada.
— Sabe uma coisa que senti falta nesses anos preso? — ele disse, interrompendo o silêncio e apontando para alguns casais na pista quando uma das garçonetes subiu no palco e assumiu o lugar do cantor. — Dançar.
observou os casais se aproximando conforme os primeiros acordes de It Had To Be You começaram.
— E já que estamos trocando elogios, senti falta de dançar com uma mulher bonita — ele completou, estendendo a mão para ela. — Dança comigo, ?
provavelmente estava um pouco afetada pela taça de Martini, porque não demorou a colocar a mão levemente aquecida na mão um pouco gelada de Sirius e acompanhá-lo à pista de dança.

It had to be you.

Sirius não disse mais nada, apenas aproximou seus corpos o máximo que conseguiu, colocando uma das mãos nos quadris dela para puxá-la para si. jogou um dos braços ao redor do pescoço dele, segurou sua mão e os dois começaram a se mover lentamente no ritmo do jazz gostoso que a banda tocava.

For nobody else gave me a thrill
With all your faults, I love you still.

Sirius, alguns centímetros mais alto, deixou um beijo tão leve próximo à testa dela que quase achou que tivesse imaginado, eles se moviam de um lado para o outro. Sirius chegou a girá-la por um breve momento, arrancando uma risada dos dois quando quase caiu por conta do passo inesperado.

I wandered around
Finally, I found that somebody
who could make me be true.

Sirius usou uma das mãos para tirar parte do cabelo dela do rosto, passando os dedos pelo pescoço dela ao jogar os fios para trás e arrepiando sua pele inteirinha. encarou os olhos escuros dele que tinham um brilho diferente agora, quase via pequenas estrelas neles, mesmo sabendo que era impossível.
— Você é bonita demais, — ele sussurrou, aproximando os lábios da orelha dela brevemente.
— Mesmo assim tão de perto? — ela brincou. Conseguia ver cada pinta no rosto dele, cada marca e cada cicatriz que tinha ganhado com o tempo.
— Especialmente de pertinho — ele sussurrou, acariciando o maxilar dela com a parte de trás dos dedos. se inclinou involuntariamente na direção do toque dele.

Some others others I’ve seen
Might never be mean
Might never be cross, or try to be boss.


Ela não saberia dizer quem reduziu a distância por completo primeiro, porém, quando percebeu, Sirius roçava os lábios entreabertos dos dois com tamanho cuidado que ela se perguntou se ele iria realmente beijá-la. Mas, quando Sirius juntou as bocas dos dois, ela precisou segurar um grunhido de prazer com tamanha vontade com que ele iniciou o beijo. apertou os dois braços ao redor do pescoço dele, acariciando os fios ali perto. Sirius colocou a mão por trás do cabelo dela e segurou sua nuca com uma força que revelava todo o seu desejo antes de morder levemente o lábio inferior e aprofundar o beijo, pedindo mais espaço para a língua dele se desencontrar com a dela.

It had to be you, wonderful you
It had to be you.

soube que era a hora de parar quando ele apertou sua cintura e ela não conseguiu refrear um gemido leve, sentiu as próprias bochechas ficarem vermelhas e agradeceu internamente pelos músicos ainda estarem nos acordes finais.
Sirius — ela disse, separando as bocas dos dois, o que só o levou a descer os beijos para o pescoço que tinha admirado a noite toda. — A gente está em público.
— Eu achei que você ia falar de outra coisa — ele murmurou, deixando uma leve mordida final antes de voltar a encarar o rosto dela, mais bonito do que nunca, agora que ele sabia como ficava depois de uns beijos.
— Eu nem lembrei dele, sendo sincera — respondeu, respirando fundo por alguns segundos para ver se a culpa surgia, mas não sentiu nada. — Eu preciso ir embora, o que significa que preciso te levar em casa primeiro.
— Era eu quem deveria dizer isso, linda — ele brincou, acompanhando-a até onde sua bolsa e casaco estavam com um dos braços ao redor da cintura dela.
— Quem sabe quando você não estiver na lista de mais procurados? — ela sussurrou, esfregando brevemente o nariz dela no dele.
pegou a bolsa para pagar pelas suas bebidas, porém Sirius separou seus corpos e fez um gesto indicando que não se incomodasse e, enquanto ela vestia a jaqueta vermelha, ele tirava algumas notas do bolso interno da jaqueta e deixava em cima da mesa.
— Pode ficar com o troco, cara — disse ao barista, cumprimentando-o brevemente antes de sorrir para e indicar que poderiam ir.
Sirius a conduziu até a porta com uma das mãos nas suas costas, permanecendo juntinho dela até chegarem a uma rua totalmente vazia.
— Você não vai até sua casa assim — exclamou, encarando-o firmemente.
— Não tem ninguém na rua, — ele disse, um pedido implícito na voz. — Sabe o que eu senti muita falta?
— Não foi andar de mãos dadas comigo, porque você nem me conhecia — o cortou, percebendo que ele usaria a mesma estratégia de novo. — Vamos… como é que o Lupin te chama mesmo?
Almofadinhas — ele resmungou, fazendo uma careta ao vê-la gargalhar.
— Isso mesmo, quero o Almofadinhas aqui até estarmos na porta da sua casa — ela exigiu com uma voz menos firme pela lembrança do nome de maroto do bruxo. — E sem discutir.
Sirius revirou os olhos com um sorrisinho no rosto e, após olhar de um lado para o outro e ver o local ainda vazio, transformou-se rapidamente em um grande cachorro de pelo preto.
— Bom garoto — ele ouviu murmurar antes de fazer um carinho nos pelos entre suas orelhas. Sirius quis voltar a sua forma humana e agarrá-la ali mesmo. — Agora vamos, sua casa não está tão longe daqui.


Cerca de sete minutos depois, os dois paravam à porta do Largo Grimmauld, 12. O cachorro observou mais uma vez os arredores antes de voltar a ser o homem alto de cabelos negros.
— Obrigada pela noite — disse enquanto ele destrancava a porta. — E, por favor, não inventa de fazer isso de novo!
— Jamais faria isso sem a minha guarda-costas por perto — ele brincou, observando o sorriso se abrir no rosto dela e, de repente, não quis entrar em casa. — Acho que eu me sentiria mais protegido com você aqui.
— Sirius…
— Não quer entrar? — ele pediu, uma nota de súplica aparecendo por trás das três simples palavras. — Por favor, .
Realmente, o Martini estava forte demais. Ou ela era fraca demais quando o assunto era um bruxo alguns anos mais velho que ela que tinha sido preso e pouquíssimo respeito pelas regras.
— Abre a porta logo antes que eu desista — ela se ouviu dizer antes de ver o sorriso pilantra no rosto dele.
Sirius a puxou pelo braço com pouca delicadeza e muito desejo, batendo a porta atrás dos dois conforme corria pelo longo corredor com ela em seus braços, beijando qualquer parte que conseguisse atingir enquanto ela apertava as mãos ao redor da nuca dele.
— Sabe do que mais eu senti falta? — ele sussurrou descaradamente no ouvido dela.
— Não quero saber, não foi comigo — ela sussurrou de volta, fazendo-o rir quando seus movimentos apressados levaram os dois a baterem as cinturas na pedra que adornava o corrimão da escadaria e a acordarem o quadro da mãe de Sirius.
— Mas que baixaria é essa na minha casa? — ela gritou, as mãos dele já subiam por suas coxas e alcançavam a barra da saia xadrez. — Que pouca vergonha!
— Boa noite, mamãe — Sirius zombou, puxando-a escada acima sem deixar de acariciá-la com todo carinho (e safadeza) que tinha para dar.
— Boa noite, senhora Black — zombou, mandando um beijinho para o quadro conforme a imagem da mulher sumia e o segundo andar da casa ficava mais visível.
tirou o casaco pesado de Sirius quando os dois passaram a andar em direção ao que ela imaginou ser a porta do antigo quarto dele, passando as mãos por dentro dos botões abertos da camisa branca, Sirius suspirou alto ao abrir a porta do quarto, prensando-a contra a cama sem lembrar de fechar a porta.
— Quero saber se aquele jornal valeu mesmo a pena — murmurou, tocando o nariz de Sirius com o seu ao fazer um carinho com os lábios dos dois antes de deixar que ele a beijasse enquanto jogava o próprio casaco no chão.
Sirius riu levemente, subindo as mãos por dentro da blusa de lã preta e sentindo a pele macia por debaixo, encaixando os quadris nos dela até que estivesse posicionado perfeitamente no meio das pernas de .
— Vai valer demais, linda — ele sussurrou, beijando e mordendo a pele da orelha até o pescoço dela. Os suspiros satisfeitos de eram tão música para os ouvidos dele quanto o jazz que tocava no bar. — Prometo que você não vai se arrepender…
E, definitivamente, não se arrependeu.


FIM.


Nota da autora: Achei que nosso cachorrinho merecia uma noite de felicidade antes de ir de James Potter rsrs!
Espero que tenham gostado e obrigada por ler!

Nota da beth: Depois de tanto sofrimento na vida desse homem, o que a gente mais quer é ver um momento de felicidade, ainda mais com um romance no meio! Terminei de ler já desejando uma continuação 💜

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