Revisada por: Pólux
Enviada em: 08/01/2025Centro Espacial John F. Kennedy
28° 31' 26.608" N 80° 39' 03.055" O
Após meses de espera, um dos seus maiores sonhos estava prestes a se tornar realidade. Com o batimento cardíaco elevado, as mãos suando levemente e suas pernas bambas, caminhou em direção a sala de reuniões, pois havia acabado de ser chamada. tinha seus cabelos cacheados soltos, com volume, do jeito que gostava.
Passou pelo corredor, onde viu as fotos de outras mulheres que tiveram o mesmo destino dela.
No espaço.
Aquele pensamento fez com que certo enjoo tomasse conta do seu estômago, mas a morena sabia que era perfeitamente normal. Deu dois toques ao chegar na porta da sala de reuniões e a abriu. De início, viu seu chefe próximo a mesa e imediatamente recebeu um sorriso e fechou a porta atrás de si, sorrindo ao se virar.
— ! — Seu tom de voz era empolgante fazendo com que o sorriso não saísse dos lábios da mulher.
— Senhor.
— Está pronta para o lançamento amanhã?
Mais do que pronta, ela sabia disso. Meneou a cabeça positivamente e mordeu seu próprio lábio inferior enquanto sorria, queria ser mais séria, mas ela simplesmente não conseguia esconder a animação que corria pelas suas veias.
— Ótimo. Tivemos um problema.
O sorriso aos poucos foi desaparecendo dos lábios da mulher e uma dor predominou em seu peito. Será que a missão iria fracassar sem nem ter começado? Sem ela ter saído da Terra? Engoliu seco e um fio de suor começou a escorrer pela sua nuca.
— Clinton sofreu um acidente.
havia perdido o chão. Seu ar sumiu. Não sabia como respirar. Piscou algumas vezes e olhou para o seu chefe.
— Ele está bem, foi um acidente de moto. Não poderá viajar mais. No entanto, temos um astronauta que pode substituí-lo. Ele é experiente. Eu quero que você o aprove. Ele não vai sem a sua autorização.
A morena concordou com a cabeça em silêncio. Em um segundo achou que a missão tinha acabado, no segundo seguinte tudo estava bem novamente. Pegou a prancheta que o seu chefe estendia e levantou uma folha, olhando com atenção a próxima:
Nome: Idade: 28 anos Data de Nascimento: 12/10/1990
Nacionalidade: Dinamarquês Estado Civil: Solteiro
Formação: Mestrado em Ciência da Computação
Novamente, sentiu a sua garganta doer. Olhou rapidamente para o homem à sua frente e notou como ele esperava ansiosamente uma resposta.
Funções: Copiloto, análise e concepção de dados.
Apoiou o dedo no papel e foi descendo, com seu coração na boca e a mão levemente tremula, no entanto tentou esconder.
.
— O que me diz? Ele é qualificado, não acha?
— Sim. Não precisamos de mais pessoas pra decidir isso? É muito sério.
jogou a prancheta em cima da mesa mais próxima sem pensar duas vezes e deu um suspiro, cruzou os braços e percebeu o olhar confuso do chefe para si.
— Com todo mundo que falei, eles disseram que a decisão está em suas mãos.
Como ela explicaria pra ele quem foi em sua vida?
Mordeu a parte interior da sua bochecha e o fitou por longos segundos.
— Acredito que ele seja qualificado e não temos tempo para treinar outra pessoa. — Tentou ao máximo disfarçar, mas aquelas palavras saíram entre os dentes.
— O que aconteceu? Há algo entre você e ?
Droga, pensou.
— Olha, eu posso ser realmente sincera com você? — indagou ela, baixinho.
— Sempre — o outro respondeu no mesmo tom.
se sentiu levemente nervosa por estar compartilhando algo do seu passado que nem deveria ser importante naquele momento.
— Nós... eu e , nós já... no passado. — Resumiu ao pigarrear.
O homem à sua frente franziu o cenho, mas logo soltou um ar dos seus pulmões e concordou com a cabeça.
— E tudo bem conviver com ele nas próximas semanas? Se isso tiver alguma ameaça a missão, você me diz agora, é muito importante, sabe disso.
— Não. Não vai ter nenhuma ameaça a missão! — ligeiramente a morena acrescentou. — Prometo. Você pode confiar em mim. Sabe o quanto isso é importante.
— Sei. — Ele deu um sorriso sincero.
🚀🧑🏾🚀
chegou ao Centro Espacial cinco minutos antes do horário combinado com o chefe da missão. Mesmo que estivesse em treinamento constante, trabalhando nisso mentalmente e fisicamente, o bolo de nervosismo se encontrava presente em seu estômago. Passou pela entrada, cumprimentando algumas pessoas conhecidas e mascou seu chiclete mais fortemente.
A sua mandíbula doeu, e foi nesse momento em que ele pensou em jogar o doce fora. Conforme ia andando cada vez mais pelos corredores regrados de portas e paredes brancas, pensava em como não tivera tempo de se despedir de Hanna e isso fazia com que seu coração doesse um pouco.
Chegou a um local cheio de cadeiras, com quadros da NASA e instruções de comportamento, aquilo era típico deles. Pegou o chiclete ao se aproximar da lixeira mais próxima e ao tentar jogá-lo, o doce grudou em seus dedos.
— ? — ouviu uma voz feminina e engoliu seco.
Sem mover o corpo, movimentou a cabeça na direção dela e viu . Imediatamente seu coração palpitou de uma forma que teve certeza estar escrito na sua testa. Movimentou a mão a fim de se soltar do chiclete.
— Espera um minuto! — pediu baixinho ao fazer o 1 com a mão livre e com ambas as mãos se soltou do doce. — Oi, sou .
Ligeiramente se colocou próximo a ela e a olhou de cima até embaixo, tentou ser discreto, no entanto não sabia se havia sido bem-sucedido. Ela ficava bem de uniforme. A fitou nos olhos e pigarreou.
— Minha mão não está suja, juro. Só foi...
olhou a mão dele e manteve os braços pra trás do corpo.
Ele fingira que não a conhecia? Ótimo.
— Me acompanhe por aqui, senhor .
No mesmo instante em que ela se moveu pra começar a andar, ele fez o mesmo, caminhando ao lado da mulher. O perfume dela era irreconhecível e as suas feições também. Nada havia mudado nos últimos anos.
abriu a porta, deixando que ele passasse e tentando ao máximo manter a feição e não se abalar em como ele estava bonito. Muito mais bonito. Seu corpo mais másculo chamava a atenção debaixo daquela jaqueta de couro preta e quis morder o próprio lábio inferior com pensamentos que brotaram em sua mente.
— Collins não vem?
Sentiu um arrepio percorrer seu corpo assim que colocou os olhos em si. Negou com a cabeça, se aproximando da mesa e se apoiando ao olhá-lo.
— Vai ser apenas eu e você, .
— Ótimo!
A forma como ele respondeu rapidamente, disparou uma vontade de rir em , mas ela se segurou e manteve a expressão desde que haviam se encontrado no corredor há segundos.
— Você tem algum questionamento a respeito da missão e sabe o que vamos fazer lá? — Arqueou a sobrancelha ao olhá-lo.
— Não sei. Será que é a respeito das ondas gravitacionais? — Ele a olhou e sorriu fechado. — Quando objetos celestiais massivos, como buracos negros, colidem, emitem ondulações chamadas ondas gravitacionais...
— ... Eu sei o que são ondas gravitacionais! — falou ligeiramente.
— E essas ondas se espalham por toda galáxia e podem revelar informações a respeito da história do universo. Podemos descobrir muitas coisas lá em cima, pois estaremos in loco.
A morena suspirou pesadamente e olhou para os próprios pés em questão de segundos, todavia logo voltou a encará-lo.
— Iremos procurar por evidências de buracos negros pela galáxia, além de estudar a formação de milhares de pares de estrelas que são chamadas de sistemas binários. — A voz dela era empolgante e ela tinha um sorriso nos lábios.
— Vai ser muito interessante! — correspondeu ao sorriso dela.
— Com certeza vai. — riu.
Um barulho fez com que o silêncio que surgia entre os dois desaparecesse. Olhou para o homem na sua frente e o viu pegar o celular de dentro do bolso da jaqueta.
— Oi, Hanna. Não, eu não estou ocupado. — falou baixo e notou o olhar da mulher pra cima de si e pigarreou — Quer dizer, um pouco, eu não...
— Ótimo! Vou te deixar sozinho já que não está ocupado. — disse entre os dentes e no mesmo instante deu as costas pra ele, caminhando em direção a porta.
Com os pés pisando firme no chão, caminhou pelo longo corredor com pensamentos corroendo a sua mente. Quem ele pensava que era pra dizer que não estava ocupado? Discutiam a missão que fariam juntos.
E quem era Hanna?
Algo a incomodava, no entanto tentou deixar pra lá, afinal, dentro de algumas horas seria o lançamento da sua missão e ela iria passar as próximas semanas em um cubículo com .
Doze horas depois, fechou os olhos no lançamento. Era com certeza a parte mais difícil e o momento em que ela achava que poderia morrer, não gostava nos treinamentos, imagina de verdade. Levou as mãos com luvas, e o corpo dentro de um traje próprio, para o capacete e segurou ali enquanto sentia o seu corpo tremer.
Ao seu lado, se encontrava do mesmo jeito, com os olhos fechados. Seus pensamentos iam em Hanna e queria que ela estivesse bem, e que principalmente se lembrasse dele quando ele voltasse pra casa. Os momentos com ela passaram diante dos seus olhos fazendo com que o lançamento fosse menos horrível do que realmente era.
— Quanto tempo pra isso acabar? — Ele falou mais alto.
— Alguns minutos, provavelmente.
— Provavelmente?
— Você tem mestrado em Matemática. Não existe a palavra provavelmente pra quem é de exatas. — Resmungou .
revirou os olhos e focou que aquilo acabaria em breve. E foi o que aconteceu. Ao chegarem onde a gravidade era zero, puderam tirar os cintos e a roupa mais pesada que usavam.
— Pronto, bebê.
A nave não era tão grande, mas seria perfeita para os dois durante a missão. Caminhou, com certa dificuldade, afinal se acostumava com tudo e era bem diferente dos treinamentos. Respirou fundo, se aproximando da frente da nave e se sentou em um dos bancos, vendo-o se aproximar e fazer o mesmo ao seu lado. Colocou os fones, apertou alguns botões na sua frente e no topo e pode observar o vazio tomar conta dos seus olhos. Virou-se um pouco, olhando e fitou a bandeira da Dinamarca na manga da sua blusa.
— Como estão as coisas em Copenhagen? — indagou, baixo.
— Passei o Natal lá, o último Natal. Com os meus pais. Está tudo bem. — do lado esquerdo do painel, retirou um teclado dobrável. O montou, conectando-o no painel por uma porta USB.
— O que eles acharam quando você contou sobre a missão?
— Minha mãe ficou empolgada, como de costume. Meu pai sempre achou uma bobagem, como de costume.
soltou um riso fraco e manteve seus olhos fixos no painel. Ouviu um bipe, apertou um botão e a voz de alguém da NASA começou a falar.
— Nostromo, está na escuta?
— Sim, na escuta. Aqui quem fala é a capitã .
Recebeu alguns direcionamentos de pessoas lá embaixo e de canto de olho, observou fazer todo o necessário com os dados. Olhava para a tela do computador de bordo dele, vendo códigos e suspirou com isso. No entanto, ela fez todo o necessário e deixou que a nave rumasse, pelo menos por enquanto, em piloto automático.
— Quer que eu faça a manobra?
Um riso fraco saiu entre os lábios de .
— Definitivamente não. — respondeu ela, séria.
O tempo passava de forma diferente para eles, cerca de dias depois, alcançaram uma das estações espaciais em órbita, a Estação Espacial Internacional. A estrutura era visível diante dos olhos de ambos e a morena sentiu certa ansiedade tomar conta do seu corpo. Segurou firmemente na direção da nave, como se fosse um automóvel e mordeu a parte interior do seu lábio.
— Você é boa nisso, relaxa. — a olhou ligeiramente.
— Eu estou relaxada.
— Definitivamente não está. — Usou a mesma palavra que ela, anteriormente.
Ele a conhecia tão bem. Uma veia pequena aparecia na testa de sempre que ela estava nervosa, e junto disso, suas bochechas ficavam coradas. Essa parte achava bem fofo.
Ouviu a nave a direcionar, ditando quantos metros faltavam para que conseguissem acoplar. E ao sentir o tranco, levou uma das mãos até o colar que usava, com uma foto de Hanna e segurou firmemente.
— Quantos dias vamos passar aqui? — a olhou.
— Só hoje até eles averiguarem a nave e ver se está tudo certo para que a gente possa seguir viagem — a morena sorriu fechado.
Educadamente permitiu que ela saísse primeiro, e passaram por um túnel, entrando na estação. olhou os detalhes, era tudo tão bem calculado, pensou. Estavam no espaço, no espaço. Aquilo era surreal. Andou por alguns metros ao lado de ainda sentindo o perfume característico dela.
— Oi. Vocês chegaram! — um homem se aproximou sorridente, vestindo um uniforme azul. Ele tinha cabelos grisalhos. — Meu nome é Evan Mitchel e sou chefe do setor da engenharia. Deixe-me apresentar o local a vocês.
Assim que os dois se apresentaram, começaram a andar ao lado de Mitchel pela estação. percebia que, o rapaz, se direcionava a com um sorrisinho muito simpático, e não sabia ao certo por que, mas aquilo o incomodava.
— Então, Mitchel. Onde vamos dormir? — perguntou com um sorriso nos lábios. De canto de olho, percebeu arregalar os olhos e quis rir.
— Há dormitórios separados para vocês, não se preocupem. Enquanto os engenheiros olham a nave de vocês, vamos comer alguma coisa.
Evan saiu na frente e por alguns segundos destinou seu olhar fulminante a por longos segundos fazendo com que ele gargalhasse em silêncio logo depois que ela começou a andar na sua frente.
E que bela visão ele tinha do corpo daquela mulher.
Seu relógio marcava um horário, mas não fazia ideia se era o correto, quando o alarme soou e acordou forçadamente. Abriu o zíper do local onde dormia, era um saco de dormir, para que não se debatesse e caísse da cama.
— O que está acontecendo? — Ouviu a voz rouca de na cama de cima.
Ligeiramente o rapaz colocou as pernas pra fora da cama, vestiu a bota, depois de colocar o macacão que usava sempre. Viu a mulher dar um pulo ao seu lado, o alarme soava e, por baixo da porta, notou que a luz piscava em vermelho.
— Isso não é bom. — Resmungou ele, saindo do quarto.
fechava o zíper do seu macacão enquanto andava ao lado de pelo corredor, o barulho era ensurdecedor fazendo com que uma careta se formasse no rosto da mulher. Ao darem de conta com outro corredor, viram algumas pessoas passando correndo.
— Ei você. Vai nos explicar o que está acontecendo? Que merda é essa? — o moreno se aproximou de um dos rapazes e o pegou pelo braço.
— Um deles escapou. — respondeu ele, ofegante.
O rapaz saiu correndo, franziu o cenho e se virou para .
— Há prisioneiros aqui? — perguntou a ela, que deu de ombros. — Vamos procurar o Mitchel!
— Esse lugar é enorme.
— Vamos!
Os dois começaram a andar lado a lado, passando por salas e vendo o desespero das pessoas. Não faziam ideia do que estava acontecendo, mas precisavam ouvir da boca de Evan Mitchel o que acontecia naquela estação.
— Pode ser um problema na estrutura?
— Não parece que nada tenha sido corrompido — a olhou.
Depois de cerca de alguns minutos andando pelos corredores da estação espacial, não encontraram Mitchel e nem sabiam se seria possível achá-lo no meio de tanta bagunça. Eles pararam na bifurcação de vários corredores e olharam para os lados.
— Algo sério está acontecendo, . — murmurou.
— Eu sei. — Concordou ele.
A mulher sentia o seu coração bater forte, se aproximou um pouco mais dele, como se fosse se sentir minimamente segura no meio daquele caos. Ao olhar para um dos lados, avistou Mitchel e não pensou duas vezes antes de correr até ele.
— O que está acontecendo?
— . . — Falou ofegante e lambeu os lábios. — Vocês precisam ir. Pra nave de vocês. Imediatamente.
— Por que, o que está acontecendo? — novamente ela fez a mesma pergunta ao franzir o cenho.
— Quem escapou? — indagou de um jeito sério.
Mitchel o olhou e o dinamarquês notou a forma como o olhar do homem à sua frente se tornou tenso, frio, com medo.
— Vocês não vão querer saber.
— Nós precisamos — deu ênfase — saber.
O homem colocou cada uma das mãos nos ombros dos dois astronautas e começou a guiá-los pelo corredor, enquanto faziam isso, as luzes piscavam incessantemente e o barulho não parou por um segundo sequer.
— Há alguns anos a NASA pediu que fizessem uma missão em um planeta que astrônomos haviam acabado de descobrir. Era algo que iria revolucionar a ciência. Poderia ser um planeta parecido com a Terra, iriamos estudá-lo...
Viraram à esquerda, e depois a direita. e não tiravam os olhos dele por nenhum instante.
— A tripulação aterrissou nesse local após um bom tempo vagando pelo espaço. Mas, o que aconteceu lá só foi desvendado anos depois.
Chegaram ao corredor que dava para o local onde a nave deles havia sido acoplada anteriormente, pararam de andar e Mitchel passou as mãos pelo rosto.
— Eles encontraram um habitante daquele planeta. Um ser alienígena. A NASA não deu um nome. Não sabemos exatamente o que ele é, ele estava aqui para que nós os estudássemos. Mas ele fugiu.
sentiu um frio estranho percorrer o seu corpo e seu instinto foi se aproximar mais de e levar uma das suas mãos ao macacão dele, o puxando. No entanto, no mesmo instante, o barulho cessou e apenas as luzes piscavam.
Houve um grito, esse grito que fez com que um arrepio percorresse a sua espinha e quase fez uma careta. Apertou mais o tecido da roupa de contra os seus dedos e acompanhou o olhar de Mitchel para o fim do corredor, atrás deles.
Algo apareceu diante dos seus olhos, que nenhum dos três acreditou. Muito menos e .
— Que m... — foi pra falar.
A criatura possuía um corpo esguio e musculoso, com uma pele negra, que parecia ser metálica ou úmida. Seus braços e pernas eram longos e magros. Seu crânio era alongado, em forma de cúpula, que se estendia de trás. E sem olhos visíveis.
— Precisamos... — não soube dizer como conseguiu pronunciar tais palavras, afinal seu corpo inteiro tremia.
Como teve forças pra correr, também não fazia ideia. Deixou ser puxada por e sentiu que Mitchel vinha bem atrás deles, pois a criatura começou a andar na direção deles, mais adiante estava a nave.
— A PORTA TÁ FECHADA, !
— EU TENHO A SENHA!
olhou por cima do ombro, vendo a expressão de temor nos olhos de Mitchel, mas algo chamou a sua atenção enquanto corria. A criatura moveu o rabo por cima do corpo fazendo com que um líquido saísse dele e atingisse Mitchel, que caiu aos berros no mesmo instante.
— Mitchel!
A morena parou de andar e olhou a cena daquele monstro ficando por cima de Mitchel e projetando outra boca pra frente, o atingindo com facilidade no meio da testa e espalhando partes do seu crânio pelo chão da estação espacial.
se sentia petrificada com a cena que via diante dos seus olhos.
A mão de segurou com firmeza seu braço e a puxou com toda força que reuniu, pois no mesmo momento, a criatura começou a correr na direção deles.
— Ax... !
Os corpos dos dois foram jogados para trás assim que a porta automática se fechou diante deles, a morena fechou os olhos, com a respiração ofegante e o corpo todo trêmulo. Olhou para o rapaz ao seu lado e engoliu seco.
— Que merda acabou de acontecer? — ela quase gritou.
— Precisamos sair daqui. Se concentra, por favor! — a ajudou a ficar em pé.
Mesmo sem sentir as pernas, a mulher caminhou em direção a cabine da nave e se sentou, colocando o cinto logo depois. Apertou alguns botões com as mãos trêmulas e olhou para o rapaz ao seu lado. Pegou os fones e os colocou sobre a cabeça.
— Houston, nós temos um problema.
tirou os olhos do painel e olhou para a mulher ao seu lado que limpava uma lágrima que insistia em rolar pela sua bochecha, pensou em falar algo, mas sabia que nada seria útil naquele momento.
Levou uma das suas mãos até a mão dela, que estava no volante da nave. Fitou seus olhos e a encarou por segundos.
— Se tem alguém que pode nos tirar daqui é você, .
A morena concordou com um aceno rápido, engoliu seco e se concentrou no que deveria fazer. A imagem de Mitchel no chão, sendo atacado por aquela criatura voltou a brotar em sua mente. Fechou os olhos de um jeito rápido, os abrindo e fazendo o que deveria fazer.
Não deveriam estar saindo agora, não sabiam se os engenheiros haviam mexido em algo que precisava ser mexido, se a nave estava em condições de continuar viagem. Todavia, depois daquilo, não tinha como eles ficarem mais nenhum segundo na estação espacial.
— O que vai ser daquelas pessoas? — sussurrou a mulher com a voz embargada.
— Não sei.
— ... — choramingou ao olhá-lo.
— Eu não sei, . Eu não sei o que aconteceu. Eu não sei o que é aquilo. Eu não sei o que vai acontecer com aquelas pessoas. Eu não sei o que vai acontecer com a gente, caralho. Eu não sei.
As mãos da mulher soltaram a direção da nave e apertou um botão no painel, mordeu seu lábio inferior tentando segurar o choro que se formava ainda mais em sua garganta.
— Houston? Houston, aqui quem fala é Nostromo. Nós tivemos problemas na Estação Espacial Internacional, vocês estão nos ouvindo? — não ouvia nada, se encontrava completamente mudo. Mordeu o lábio inferior e tirou os fones. — Não escuto nada. É como se estivéssemos sozinhos.
Deixou tudo de lado e tirou o cinto, se levantando logo depois. Caminhou pra fora dali, sentindo o tremor ainda em suas pernas e continuou andando. Passou por onde era a cozinha, engoliu seco e respirou fundo. Deixou que o ar entrasse em seus pulmões ao parar de andar.
— Desculpa. Desculpa por ter falado com você daquele jeito. — se aproximou.
— Tudo bem. — a mulher cruzou os braços ao olhá-lo.
Notou ele levar uma das mãos até o pescoço e mexer em um colar, percebeu que era um pingente e provavelmente pertencia a alguém muito especial.
— Esse colar é muito importante pra você. — Sussurrou.
sorriu e concordou com a cabeça, colocou as mãos para trás, tirando o colar e entregando em uma das mãos da astronauta.
— Ela tem 8 anos. Fez 8 no último dia 19 de janeiro.
abriu o pingente de coração e viu uma foto de uma garotinha, ela parecia ter 8 anos, e sorriu com seus cabelos loiros bagunçados.
— Ela é a sua cara. — Continuou no mesmo tom.
— Sim.
— Você ainda está com a mãe dela?
Verificou que o olhar dele pareceu triste por alguns segundos.
— Ela morreu durante o parto. Nós, — pigarreou — foi uma loucura, sabe? — seu sorriso era triste. — Descobrimos a gravidez em cima da hora. Quando soubemos da Hanna, a Alba estava com 36 semanas. Ela não tinha barriga, não teve enjoos, nada.
novamente levou seu olhar até a foto da garotinha, mas quando ouviu a voz de de novo, se dirigiu a ele e engoliu seco.
— Ouvi falar a respeito disso. Pode acontecer. — Devolveu o colar e suspirou. — Sinto muito, . Pela Alba. Mas, fico feliz que você tenha a Hanna. Acredito que ela seja o centro do seu mundo. O seu Sol.
— É o que eu falo pra ela todos os dias. — Ele riu entre lágrimas.
— Você vai voltar pra ela, tá bom? Eu prometo.
Um estrondo na nave fez com que os dois olhassem na mesma direção, tinha o cenho franzido e queria soltar um palavrão. Colocou o colar novamente no pescoço e viu a mulher olhá-lo.
— Isso foi no compartimento de cargas? — sussurrou.
andou até um local onde havia câmeras, digitou alguns números no painel e as imagens começaram a aparecer, aos poucos, com um pouco de interferência. Se fosse no planeta Terra, diria que o sinal estava péssimo.
Por mais que a imagem não estivesse boa, o dinamarquês notou algo passar diante dos seus olhos e franziu o cenho e a criatura se parecia bastante com a vista anteriormente, mas um pouco menor.
— Que caralho!
— O que foi? — se aproximou.
— Talvez seja um filhote!
— De alienígena?
O homem caminhou um pouco mais, descendo as escadas de costas, fez o mesmo e ele foi até o compartimento de armas.
— Você é louco? Vai descer lá?
— Você tem ideia melhor? Ou eu o mato, ou ele nos mata. — disse, firme.
Pegou uma das armas e visualizou se ela estava carregada com o que utilizavam no espaço, a deixou por ali por alguns segundos e foi colocar a sua roupa. Depois de vesti-la com a ajuda de , sentiu as mãos da mulher em seu rosto, o acariciando.
— Por que fingiu não me conhecer? — questionou.
— Achei que seria mais fácil. — riu soprado.
— Idiota!
Colocou o capacete com a ajuda dela e olharam-se nos olhos por longos segundos, a astronauta sorriu fechado e encostou sua cabeça no vidro do capacete.
— Volta pra mim, ok?
— Prometo.
subiu as escadas, fechando a escotilha atrás de si ao passar. Caminhou em passos ligeiros até as câmeras e dali tentaria observar tudo, mesmo que ficasse com o coração na mão.
respirou fundo antes de começar a caminhar em direção ao compartimento de cargas, uma vez na porta, apertou um botão, que começou abrir uma porta. Segurou a arma firmemente em suas mãos e entrou.
Olhou para os lados, sem movimentar-se muito. Nada. Não via nada. Com as luzes do local um pouco acesas, deu alguns passos e ouviu apenas o barulho do seu traje.
— Cadê você, seu merdinha!
Algo passou por trás, e ele se virou no mesmo instante apontando a arma para o local. Nada. Voltou a andar pra frente, com a arma em mãos e o procurou atrás dos dois carros que possuíam, nada. Deu a volta neles, pelo menos duas vezes.
Até que, em um determinado momento, sentiu um arrepio na sua espinha e se virou ligeiramente. Foi tempo de sentir as patas daquela criatura em seu corpo, o jogando para trás violentamente fazendo com que ele caísse no chão.
bateu a cabeça e gemeu com isso. A criatura tentou acertá-lo com a língua, mas ele moveu a cabeça de um lado e para o outro, desviando com sagacidade.
Com certa dificuldade, alcançou a sua arma, e ao colocar a mão no gatilho, disparou o flash de jogo fazendo com que a criatura gritasse e fosse para trás bruscamente.
— Você não gosta, né? — colocou-se em pé. — Achei que você fosse um filhote, mas vocês crescem rápido. Aquele que ficou na estação é seu pai ou a sua mãe? Não importa, ele ou ela vão morrer.
Mais uma vez, apertou o gatilho em direção ao infeliz, mas sentiu algo pegar o seu pé, o derrubando no chão de forma violenta de novo e fazendo com que resmungasse de dor.
Deu uma olhada ao redor de forma ligeira, sua arma estava distante, não tinha como. Mas um botão chamou a sua atenção. Com um pouco de dificuldade se moveu e o ser apertou mais as garras em sua perna.
— Porra!
Gritando de dor ele continuou a se mover, o local ficava a cada segundo que passava mais longe e parecia estar perdendo a força. Aos poucos, sentiu uma vontade imensa de desistir.
Sentiu os seus olhos pesados, como se fosse dormir a qualquer momento.
— Que plano bosta, !
A voz dela ecoou em seu cérebro fazendo com que ele despertasse, e sua perna foi apertada novamente. apertou o botão sem pensar duas vezes, abrindo o chão diante deles e rolou para o outro lado, enquanto o animal se soltava da sua pele e caia na escuridão do espaço.
Ambos ficaram olhando para aquela cena por longos segundos, até que fechou a porta e correu até . Ela usava o traje, então não conseguiu se aproximar muito.
— Vem, eu preciso dar uma olhada nessa sua perna.
O ajudou a se colocar em pé com certa dificuldade, e dessa forma, voltaram para dentro da nave, onde puderam tirar os trajes, ficando apenas com os macacões e a mulher notou o sangue na perna do homem.
— Você foi louco, !
— Eu sei, mas precisava te salvar. — Sorriu ao apoiar a cabeça numa parede atrás de si.
revirou os olhos e se movimentou para sair, buscar um kit necessário para ajudá-lo. No entanto, a mão do rapaz a segurou no braço.
Ela o olhou e sustentaram um olhar por longos segundos e o rapaz levou uma das mãos até o cabelo da mulher e sorriu com aquele gesto, mordendo o próprio lábio inferior de leve. Fitou os lábios dele e não resistiu a algo que crescia em seu peito pedindo para que unissem os lábios.
O selinho foi delicado. Ao se afastar, percebeu um sorriso nele e riu disso.
— Diz pra Houston que nós não temos mais um problema.