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Revisada/Codificada por: Calisto

Última Atualização: 22/08/2024
Los Angeles, CA
8:35 a.m
01 de fevereiro de 2022, terça-feira.

mal tinha chegado ao escritório e já estava organizando algumas pastas para poder sair para o seu primeiro compromisso do dia. Mia Catalano iria para o estúdio em alguns minutos para poderem começar a gravar seu primeiro disco e, se tinha uma coisa que estava, era ansiosa.
Adorava a primeira fase de lançamentos de artistas, onde ela podia gravar tudo o que acontecia e documentar todas as novidades. Conforme o sucesso crescia, seus conteúdos ficavam mais limitados por questões pessoais mesmo, e aquilo a fazia ficar um pouco por trás dos panos, resolvendo burocracia, algo que enchia o saco de qualquer um.
— Bom dia, , preciso falar com você urgente na sala de conferência. — Edna passou em um rompante pelo escritório, sequer parando para conversar com a funcionária como sempre fazia.
estranhou o comportamento da chefe, por isso prontamente largou suas coisas sobre a mesa e apanhou o tablet que utilizava para as reuniões, seguindo para a sala de conferência sobre os olhares curiosos de todos os seus colegas do andar. Era muito difícil Edna ter pressa com alguma coisa sobre a empresa, pelo contrário, ela era conhecida por ser a chefe mais good vibes que já vira. Sempre com as coisas organizadas com muita antecedência.
Pelo visto, algo estava fora de controle naquele dia.
— O que houve? — a assessora perguntou, fechando a porta de vidro da sala e seguindo para perto da chefe enquanto a mulher gesticulava impaciente com alguém na linha do celular.
— Estou resolvendo, até o horário do show, a pessoa responsável estará aí… Eu prometo, estou cuidando disso. — A mulher revirou os olhos, agitada. — Preciso desligar para colocar tudo em ordem, com você exigindo tanta coisa ao mesmo tempo, vou demorar mais do que o esperado… Perfeito, tchau.
— Em plena terça-feira? O que está acontecendo?
— Você vai para casa em exatos 20 minutos, vai arrumar sua mala com todas as roupas possíveis e impossíveis, seus documentos, pelo amor de Deus, não esqueça dos seus documentos... E vai para o aeroporto. Você precisa chegar em Dallas até no máximo final da tarde, e só vai retornar para casa após o dia 13 de março.
riu.
No primeiro momento, sua única reação foi rir. Com muito gosto. Uma gargalhada sincera que parecia que não dava há anos.
Mas ela foi diminuindo conforme percebeu que era a única que ria. Edna permanecia séria e impassível, enviando mensagens e mais mensagens para alguém que parecia com muita pressa.
— Está falando sério, Edna? Eu tenho estúdio marcado com a Mia para às 9h!
— Esqueça Mia, esqueça toda sua agenda até final do ano.
— Será que você pode me explicar o que está acontecendo? Como assim esquecer minha agenda até final do ano? Por que preciso ir para Dallas?
— Tenho 18 minutos para te explicar, sente-se.
acatou a solicitação e puxou uma das cadeiras, não se sentindo confortável o suficiente naquela sala como sempre se sentiu.
— Conhece Louis Tomlinson?
— O ex-One Direction? — Edna concordou com a cabeça. — Sim, conheço. O que tem ele?
— Em março de 2020, ele deu início a sua turnê mundial, mas só conseguiu se apresentar em Barcelona e Madri, porque logo em seguida chegou a pandemia e tudo parou, fechou e não retornou até então. Agora que estamos conseguindo retornar a nossa vida quase normal, Louis está voltando com a Louis Tomlinson World Tour, hoje é seu primeiro show em Dallas.
As partes do quebra cabeça começavam a ser construídas na cabeça de e só então percebeu que já deveria ter anotado aquelas pequenas informações. Tudo o que poderia saber era de extrema necessidade para os próximos contatos que faria se Edna confirmasse sua teoria.
— Os contratos foram congelados com a pandemia, então o manager acreditou que tudo estaria certo para os próximos segmentos. O problema é que o assessor desistiu ontem. Arranjou outro emprego e eles estão desesperados para alguém cobrir essa tour até conseguirem se organizar novamente.
— Somos o escape?
— O escape perfeito, . Você é a pessoa perfeita para esse trabalho. Todos gostam de você e de como presta seu serviço, vai ser fácil agradá-lo e trazê-lo definitivamente para nossa agência. Esse é o ponto.
— Entendi.
— Você acompanhará toda a turnê a partir de agora, vai cobrir todos os eventos e entrevistas, ajudar o manager a gerenciar as crises e tudo o que puder fazer. Quero você de corpo inteiro nesse trabalho, tudo bem?
— Sim. Mas como ficam meus clientes?
— Enquanto estiver fora, Karen vai cuidar de uma parte e a outra parte será repassada para Kaio. Quando você retornar, eles serão todos seus novamente.
— Perfeito. Você já me enviou tudo o que tem sobre ele para que eu não chegue de mãos abanando?
— Está tudo no seu e-mail: documentos pessoais, ex-namoradas, algumas groupies e tudo o que precisa saber para chegar mandando, além de ter um pouco de noção de quem é Louis Tomlinson.
— Que horas sai o voo? — perguntou, já se levantando, embarcando naquela viagem maluca que sua chefe estava à metendo, mas que ela sabia e reconhecia que era uma das melhores para exercer.
Ao contrário de Edna, era boa em lidar com pressão.
— No horário em que chegar ao aeroporto. A equipe está fretando um jatinho para ter você o quanto antes lá, afinal as postagens precisam começar e o show não pode parar.
— Ok. Sabe que depois dessa eu vou precisar daquelas férias de final de ano, não sabe? — A assessora seguiu até a porta, sorrindo quando ouviu uma risadinha da chefe pela primeira vez naquela manhã.
— Vou ver o que poderei fazer por você. Me avise quando chegar e se precisar de algo vou estar de plantão.
apenas concordou e voltou para sua sala para recolher tudo o que poderia precisar, além dos seus pertences pessoais. Enquanto seguia para o elevador e acenava para Karen, discou o número já tão conhecido de Caleb, torcendo para que ele não estivesse em reunião e pudesse ouvi-la por alguns minutos, afinal não sabia quando teria tempo novamente para parar e explicar o que iria acontecer a partir daquele momento.
— Oi, , será que posso te retornar daqui a pouco? Os investidores estão entrando na conferência.
— Hey, na verdade, se puder só me ouvir rapidinho, não tenho muito tempo e preciso te falar sobre o trabalho. Viajo daqui a uma hora no máximo.
— Como assim? Para onde você vai?
— Estou indo para Dallas. Um cantor famoso nos contratou em cima da hora para poder assessorar a turnê e Edna me colocou nessa missão. Terei uma curta folga entre os dias 14 de março até dia 20 e depois só em abril.
, você está falando sério? E Mia Catalano? E todos os seus outros clientes?
— Karen e Kaio vão cuidar deles por um tempo. A turnê tem previsão para acabar em setembro, mas como você está o tempo todo viajando, vamos conseguir nos ver por aí.
— Nos ver por aí? nós temos nosso jantar de ensaio daqui a duas semanas.
— Ah, então, quanto a isso. Talvez devemos adiar um pouco. Esse trabalho é muito importante, Edna ter confiado isso a mim diz muito sobre tudo. — chamou um táxi assim que chegou na calçada e suspirou assim que o primeiro parou para ela poder entrar.
Era um bom dia, tirando a confusão que estava prestes a criar com o noivo.
, eu preciso entrar para essa reunião agora. Passa aqui na empresa e a gente conversa, tudo bem?
— Não vai dar, me desculpa. Estou indo para casa arrumar minha mala e preciso ir ao aeroporto. O primeiro show acontece essa noite no Texas.
O suspiro de Caleb do outro lado da linha fez morder o lábio. Caleb era metódico, nisso, era muito parecido com Edna, algo que já havia associado desde que começara a namorar com o empresário. Sabia lidar tão bem com ele porque sabia lidar perfeitamente com a chefe. O problema era que, por mais que estivesse animada para o que a estava esperando, havia esquecido desses detalhes que a faziam colocar os pés no chão.
Sempre foi criticada por ser sonhadora. Por ir atrás exatamente daquilo que queria. Mas acreditava que, por ser daquele jeito, estava onde sempre quis aos 28 anos. Trabalhava em uma empresa que valorizava o trabalho que fazia, com uma chefe que — por mais avoada que fosse — deixava os funcionários livres para criar e agora ela estava prestes a embarcar na primeira turnê de um cantor famoso, ex membro de uma boyband estourada.
O voo era alto.
era conhecida na empresa como caça talentos. Era sempre ela que visitava os estúdios da cidade em busca de rostos para lançar na mídia. Todos os donos de estúdio já estavam salvos em contato rápido no seu celular. E, até aquele momento, só tinha tido sucesso. Lançou nomes importantes, fez agentes decolarem com administração de carreiras e ainda recebia demos e mais demos para ouvir de artistas que estão tentando se lançar na carreira musical.
A oportunidade de trabalhar com um artista que já está em carreira consolidada era única para o segmento que fazia. Estava empolgada com a experiência de seguir uma turnê e acompanhar um instagram lotado de fãs com números crescentes. Por mais que seu coração sofresse com o carinho que nutria por todos os clientes que acompanhava.
Novas oportunidades eram sempre o melhor caminho a seguir.
— Tudo bem, . Me ligue quando pousar, tudo bem?
Um alívio percorreu seu coração.
— Com certeza, boa reunião.
desligou a chamada assim que o táxi parou em frente ao prédio onde morava. A ansiedade começava a consumi-la e tudo o que ela pensava era em como seria divertido. Pelo menos, ela esperava que sim.

Depois de passar meia hora para conseguir organizar duas malas de roupas e sapatos e mais uma mala de mão com todas as suas coisas importantes, conseguiu ajuda do porteiro para descer tudo e conseguir um novo táxi. Deixou a chave do apartamento com o homem para que sua diarista continuasse indo dar um jeito no seu apartamento enquanto estivesse fora e só voltou a se concentrar no trabalho novamente quando já estava dentro do táxi, com alguns artigos sobre Louis Tomlinson abertos em seu tablet, em direção ao aeroporto.
Algumas informações sobre ele se repetiam, como o fato dele ter um filho de 6 anos com uma personal stylist conhecida da Califórnia, sua mãe ter falecido de leucemia no final de 2016 e também sua irmã ter tido o fatídico destino em 2019. Aquilo fez criar um apego emocional pela história dele e também temer pelo que encontraria devido às fotos e flagras de alguns paparazzis.
Quando um artista passava por situações complexas como a perda de um parente querido, muitas coisas aconteciam com sua vida e sua carreira. Pelo que conseguiu coletar apenas observando, Louis passara por um luto difícil e, possivelmente, ainda tinha um sofrimento profundo sobre tudo. A letra de sua música dedicada à mãe era linda e profunda e era aquilo que ela mais gostava em compartilhar sua profissão com cantores que eram compositores das próprias músicas, eles dedicavam aquilo que tinha de mais intenso dentro do coração.
Era a mais pura arte.
amava a arte.
Assim que o táxi parou no aeroporto, colocou todas as suas bagagens em um carrinho e seguiu até o balcão de informação para ter a mínima noção de como se viajava de jatinho. Até aquele momento, suas viagens só tinham sido de voo comercial.
A mulher discou algum número específico em seu telefone e avisou sobre a chegada de . Em poucos minutos um funcionário se aproximou e a acompanhou até uma sala de embarque menor das que estava acostumada. Ele levou suas malas, até mesmo a de mão, e pediu para que passasse pela revista de segurança. Foi o que ela fez. Uma segurança a esperava depois do detector de metais e fez mais uma revista minuciosa dentro de sua bolsa e sobre suas roupas.
foi liberada em alguns minutos e um segurança a acompanhou para o lado de fora, passando pelo enorme asfalto onde os aviões aguardavam para decolarem. Eles passaram por pelo menos três aeronaves, até darem de cara com um jatinho, o qual estava sendo abastecido.
Uma aeromoça a aguardava na ponta da escada e o segurança deu a vez para que fosse na frente.
— Bom dia, Senhorita . Seja bem-vinda — a mulher a recepcionou quando ela chegou ao topo.
— Bom dia, obrigada. — Ela sorriu, se deparando com algumas poltronas que pareciam extremamente confortáveis com algumas almofadas bordadas LT.
O segurança aguardou com que a mulher escolhesse um local para se sentar e se acomodou um pouco mais afastado, dando um aceno para a aeromoça poder organizar o que restava para que eles partissem. , por sua vez, aguardou as instruções e logo se afundou novamente na leitura sobre a vida e carreira de Louis Tomlinson.
Era difícil achar artigos ou entrevistas de pessoas que já trabalharam com ele para ter uma base de como ele era. Apenas alguns ex-integrantes da One Direction haviam falado por cima de que ele era uma pessoa engraçada e criativa. Bom, as músicas que ele havia escrito deixavam parte disso bem explícita.
conseguiu acessar alguns nomes que costumavam o acompanhar e se deparou com Oliver Wright, que era intitulado como um dos melhores amigos de longa data do cantor, e suas irmãs Charlotte, Daisy e Phoebe. Seu empresário era Matt Vines, um nome que não tinha nenhuma recordação e também descobriu que Louis tinha a própria empresa, uma gravadora chamada Triple String. Com tão pouco detalhe, a assessora já tinha uma mínima noção do quanto ele trabalhava. Algo que julgava bom, não sobrando tanto tempo para besteiras.
Louis era um fã assíduo de futebol e torcia pelo time da cidade natal.
Aquelas informações poderiam lhe dar um breve resumo de quem era Louis Tomlinson, o cantor. Mas pouco sabia quem era Louis William Tomlinson, ou qual fosse seu nome de batismo, visto que utilizava o sobrenome do padrasto, a pessoa por trás de todos aqueles shows. estava prestes a descobrir e estava ansiosa, mais do que o normal.
Nas quase três horas que levaram para chegar em Dallas, conseguiu ler tudo o que Edna havia preparado para ela e também mais alguns artigos que encontrou no submundo da internet. Achou graça dos sites criados por fãs com informações cruciais sobre o cantor, como sua cor favorita, seus medos e sonhos. Mas não deixou de ler nenhum.
Foi quando pousaram que sentiu fome e ouviu seu estômago roncar, já tinha passado da sua hora do almoço e só se deu conta quando reativou seu celular, prestando atenção no horário e as milhares de mensagens que havia recebido. Edna mandou mais algumas informações importantes que, segundo ela, eram cruciais. Karen queria tirar algumas dúvidas sobre alguns dos seus clientes, assim como Kaio. E Caleb perguntava se ela já estava no Texas.
Ela aguardou a aeromoça abrir a porta de saída e prosseguiu no sinal do segurança, descendo sem maiores problemas sobre o sol iluminado de Dallas, que não condizia nenhum pouco com a temperatura. Um vento gelado fez seus braços se arrepiarem e ela rapidamente vestiu o casaco que, espertamente, havia levado em mãos para exatamente aquele caso. O segurança a guiou para dentro do aeroporto tumultuado e aguardou por suas malas em outro espaço que não a esteira costumeira.
Aproveitou que o homem não trocava muitas palavras com ela e discou o número de Caleb.
— Oi, , já chegou?
— Acabamos de pousar.
— Certo, eu estive pensando, podemos marcar nosso jantar para quando você retornar?
— Sim, é claro. Ficarei poucos dias, mas já que sua mãe está cuidando de tudo, acredito que não haverá problemas.
— Então perfeito, vou reenviar os convites on-line.
— Obrigada por entender.
— É o trabalho dos seus sonhos, não? É o mínimo que posso fazer.
Um sorriso genuíno brotou nos lábios da mulher.
— Por isso que eu amo você.
— Também amo você, .
— Eu preciso ir agora, não sei como vai ser a rotina ainda.
— Sem problemas, me ligue quando der. Beijos.
O segurança novamente voltou a guiar e dessa vez eles já se encaminhavam para o lado de fora. sentia-se como uma famosa, sequer tinha tocado em suas coisas desde que encontrara com aquele brutamontes e estava maravilhada com o tratamento. Um carro preto os aguardava do lado de fora, próximo a porta principal e nada era possível ver dentro.
— Nós vamos ao hotel primeiro ou direto para o local do show? — perguntou ao homem, querendo organizar sua mente para o trabalho.
— Fui instruído a te levar ao hotel para almoçar, deixar suas coisas e então seguiremos para o local do show — ele falou roboticamente enquanto abria a porta para entrar no banco de trás. — Louis vai fazer uma passagem de som daqui uma hora e Vines organizou uma reunião em seguida para lhe apresentar ao pessoal — o homem continuou depois de se acomodar no banco do passageiro e dar sinal para o motorista seguir viagem.
— Certo, obrigada.
sentiu-se no direito de voltar a prestar atenção no celular e aproveitou para enviar uma mensagem a Edna.

: Já estou em Dallas, a caminho do hotel. O segurança me informou que vou almoçar e me acomodar e em seguida vamos ao South Side Ballroom para a passagem de som e uma reunião de apresentação. Tem algo que eu precise saber além do que já enviou pelo e-mail? Consegui ler tudo durante a viagem.

Foi exatamente o que aconteceu. Assim que chegaram ao hotel, o segurança auxiliou com o check-in e ela logo se acomodou em um quarto. Ela sequer desfez as malas, sabia que no dia seguinte partiriam para outra cidade, então apenas trocou sua roupa para uma mais arrumadinha já que provavelmente ficaria até depois do show fora, e precisava se sentir apresentável para uma boa primeira impressão. Seu almoço foi no restaurante do hotel, ao lado do segurança mudo, e não demoraram em seguir rumo ao local oficial.
Era inevitável o frio na barriga que sentia. Mesmo que fosse uma sonhadora incontrolável, ainda conseguia ficar ansiosa e preocupada quando algumas coisas como aquela aconteciam em sua vida. Ficava esperando perceber as reações com seu trabalho e sempre buscava saber de estavam gostando da sua presença e da forma como lidava com as coisas.
— Boa sorte, senhorita — o segurança a desejou assim que adentraram o ambiente em conjunto.
Alguns olhares se viraram para eles e automaticamente vestiu um sorriso confiante no rosto. A banda preparava os instrumentos no palco e a cumprimentaram educadamente quando ela passou por eles em direção ao backstage.
— Você deve ser . — Um homem de aparência jovem a interveio no meio do caminho e pareceu sorrir aliviado.
— Isso mesmo.
— Sou Matt Vines, o empresário de Louis. A pessoa mais ansiosa para sua chegada.
— É um prazer, Matt. Existe algo que queira alinhar comigo antes de falar com toda a equipe?
— Na verdade, eu preciso liberar eles para descansarem um pouco antes do show, então vamos primeiro lhe apresentar e em seguida conversamos. Tudo bem?
— Claro, como preferir.
Matt pediu licença e foi reunir o pessoal que estava trabalhando ativamente por ali, incluindo Louis, que havia acabado de passar o som com a banda. Foi difícil não notar, nunca havia acompanhado muito a One Direction, diferente de sua irmã mais nova que foi em todos os shows possíveis da banda, mas era estranho ver um cantor que só reconhecia pela internet pessoalmente.
Louis era exatamente como nas fotos. Nem mais alto, nem mais baixo, o mesmo estilo que os paparazzis registravam e os olhos de um azul tão brilhantes que pareciam porcelana.
— Pessoal, Louis, essa é , a nova assessora da Louis Tomlinson World Tour.
— Prazer, . — Louis se aproximou e estendeu a mão para cumprimentá-la.
— O prazer é meu, Louis, em finalmente conhecê-lo. Espero poder fazer um bom trabalho para a sua turnê. — também estendeu a mão e sorriu, no que o cantor fez o mesmo, concordando com a cabeça.
— Temos certeza que fará! — Matt cortou ambos e se apressou, batendo duas vezes as mãos para chamar atenção do pessoal. — Vocês terão tempo de se apresentarem individualmente para depois, mas preciso apenas deixá-los por dentro de como vai funcionar com ela por aqui. vai comandar as redes sociais, as entrevistas, gerenciamento de crise e tudo aquilo que envolve a imagem de Louis durante a tour. Joshua e estarão trabalhando juntos durante os shows porque queremos um movimento maior na internet, então quanto mais ao vivo atualizarmos os fãs, melhor. Qualquer coisa que ela pedir, acatem. Ela vai ser meu braço direito. Alguma dúvida?
Ninguém ousou abrir a boca.
— Perfeito, estão liberados para descansarem antes do nosso retorno. — Vários suspiros foram ouvidos e as pessoas se dispersaram cada uma para seu lado. — Agora podemos conversar. — Matt chamou e apontou para o balcão de um disposto bar que havia ali.
— E então, Matt, sobre o que preciso saber? — puxou o tablet de dentro da bolsa e abriu seu bloco Louis Tomlinson, pronta para as anotações, após se acomodar.
— O básico para sobrevivência já foi lhe enviado, segundo o que Edna me passou. Só vou reforçar algumas questões quanto às mídias e preparações para entrevistas.
— Certo.
— Louis prefere as coisas de forma mais reservada. As publicações precisam focar mais nas fotos que Joshua faz e poucas gravações. Ele interage de vez em quando no Twitter, mas normalmente as curtidas e posts referente a shows você precisará ficar atenta. Eu enviei um roteiro sobre algumas coisas que Louis prefere não comentar em entrevistas, então você ficará responsável por repassar isso aos meios de comunicação em que ele irá.
— Coisas pessoais são proibidas de postar?
— Sim, a não ser que Louis esteja no comando das redes, então postará o que estiver afim.
— E como costuma ser a rotina dele? Existem horários específicos para algo?
— Não. Louis segue a rotina de ensaios e gosta de criar no meio disso, mas ele tem costume de avisar com antecedência se algo sair do planejado, principalmente se vai precisar acordar mais tarde ou se vai pular alguma passagem de som.
— Bom, então acredito que será tranquilo.
— Louis não é um artista difícil de lidar, existem algumas exigências, mas nada que vai lhe deixar de cabelo em pé. Ele gosta muito da privacidade dele e, se respeitar isso, estará fazendo o melhor trabalho que pode.
— Ok. Existe algo que queira que eu faça nesse momento?
— Sim, anote seu número aqui. — Matt lhe entregou seu celular pessoal. — Vou lhe passar as senhas importantes e preciso que responda alguns e-mails sobre as entrevistas em Nova York.
— Perfeito.




Dallas, TX
7:45 p.m
1 de fevereiro de 2022, terça-feira

Sun Room já estava no palco prestes a finalizar o show. Louis estava no camarim se preparando e estava apostos no backstage para programar as fotos e pequenos takes que Joshua fizesse. Tinha a setlist completa em mãos e estava ansiosa para fazer uma vídeo chamada com a irmã assim que ele cantasse uma das músicas da One Direction.
A vibração do público era intensa.
Ela aproveitou para tirar uma foto da banda agradecendo ao público e já subiu para o site oficial, saindo do caminho quando eles passaram afoitos pela lateral do palco. Os organizadores já se agilizaram e seguiram para o local para retirar os instrumentos da Sun Room e colocar os da banda de Louis no lugar. se afastou para responder algumas mensagens de Edna e terminar de riscar algumas perguntas das entrevistas que Louis faria nos próximos destinos.
Estava impressionada em como gostavam de tentar perguntar algo sobre o filho dele. Caramba, era uma criança! Preservar a imagem de uma criança era o mínimo que um pai famoso pode fazer, mas os folgados de plantão tentavam a todo custo colocar o menino em alguma entrelinha. Cerca de 50 perguntas que a rádio SiriusXM enviou para aprovação, apenas 23 passaram. E eles teriam apenas 40 minutos com o cantor.
A Billboard foi breve com as perguntas, precisou ignorar apenas uma, já que o tempo que teriam seria curto e Louis não conseguiria ir até a sede, todas elas foram digitadas pela assessora e aprovadas pelo manager em minutos. A vibração do seu celular com as redes sociais de Louis conectadas nele era insana, agradecia por ter levado o tablet para trabalhar, visto que mal conseguia responder uma DM para mais mil surgirem.
Toda a banda passou por ela em seguida, fazendo-a desgrudar os olhos da tela para poder desejá-los boa sorte. Os gritos aumentaram com a movimentação do palco e Louis parou perto de , verificando o microfone algumas vezes e fazendo uma careta para as fotos que Joshua tirava sem parar. Como as fotos subiam automaticamente para um aplicativo, rapidamente abriu o mesmo e puxou a foto do cantor para o site.
— Você prefere que eu lhe deseje merda ou boa sorte? — a assessora perguntou, apontando a foto do celular para que eles verificassem.
— Merda, sem dúvidas.
— Então, merda para você. — Ela sorriu, filmando o momento em que o cantor riu e seguiu para o palco nos primeiros acordes de sua música.
Era a primeira vez que estava ouvindo uma música de Louis. Fizera todo o trabalho de campo, mas não conseguira escutar as canções. E o ritmo lhe agradava bastante. Por mais que estivesse acostumada com o pop, costumava trabalhar muito com o country, que era um nicho bem grande no país em que vivia.
Mas aquele estilo era mais pop-rock, mesmo que Louis se identificasse mais com o rock britânico e o indie, naquela primeira música, ainda conseguia sentir resquícios do pop da One Direction. Mas não falaria isso em voz alta, afinal ele estava criando a sua identidade no momento e não era um bom passo profissional ficar comparando-o com seu antigo trabalho.
Quando a melodia da próxima música começou, foi rápida em pegar o número da irmã e a ligar em vídeo chamada, com a câmera traseira focando Louis no meio do palco, cantando as primeiras letras de Drag Me Down. O rosto curioso de Bria apareceu para a mulher e ela riu ao notar a forma como a irmã regia lentamente para o que via.
— O que é isso? — conseguiu ler através dos lábios de Bria. — Onde você está?
virou a câmera para o seu rosto e falou próximo ao microfone:
— Eu sou a nova assessora da Louis Tomlinson World Tour.
— Desgraçada sortuda! — O xingamento fez gargalhar e voltar a apontar a câmera para Louis.
Ela conseguiu deixar a irmã assistir mais algumas músicas antes de se despedir para postar um pequeno trecho do show nos stories que Joshua havia feito de frente para o palco. Sua tática foi fechar a possibilidade de resposta de stories para que seu celular parasse um pouco de notificar os reposts e até mesmo Louis tivesse um pouco de privacidade com suas postagens.
A DM continuava aberta para receber declarações de fãs.
No decorrer do show, o indie foi ficando mais claro nas canções e a inspiração de Louis em Oasis e Arctic Monkeys ficava ainda mais forte. Ele andava de um lado para o outro no palco o tempo inteiro e começava a ter dó do fotógrafo que o seguia sem parar com várias filmagens e fotos excelentes. Joshua já havia implorado por água diversas vezes, enquanto Louis tinha seu copo reabastecido com energético pela segunda vez na noite.
O show durou quase duas horas e reparou que ele não costumava se alongar muito em discursos. Falava algumas coisas, agradecia e já cantava outra música. Suas fãs gritavam as letras das músicas com facilidade e foram à loucura quando ele se lançou na grade na última canção, redobrando o serviço braçal dos seguranças e levando as meninas ao delírio.
Pelo menos Joshua conseguiu uma ótima foto lateral do momento e rapidamente subiu no Twitter, sem nenhuma legenda, fechando o aplicativo antes que os bombardeios de notificações travassem o aplicativo. A foto oficial do show foi postada no site ao final do show, Louis mostrava o dedo do meio para a câmera, centralizado no palco, com o pessoal da banda ao seu lado e todos os seus fãs de fundo. Incrivelmente, ele havia ficado bonito daquela forma, salientando sua marca registrada e surpreendendo .
— Obrigado, pessoal, voltamos com tudo! — Louis falou assim que chegou ao backstage, agradecendo o pessoal que ainda trabalhava ativamente para fechar o show e poder seguir viagem para Austin. — Estão todos convidados para comemorarmos no Craft and Growler, porque falaram tão bem das cervejas diferenciadas que vou ser obrigado a provar.
— E comentaram por cima que tem karaokê, Vines no primeiro copo vai mostrar o talento dele para todos vocês. Imperdível — Michael, o guitarrista, satirizou, fazendo todos rirem junto.
— Vocês são engraçados. O voo sai amanhã às 9 horas da manhã, estejam acordados. , será que pode postar a última foto do site no Instagram?
— É pra já. — baixou a foto no feed de Louis rapidamente e legendou um thank you, Dallas, and fuck you. A exata frase que Louis havia falado após o show.
— Agora deixa a pobre menina vir beber conosco. — Steve abanou a mão despreocupadamente para Vines e a intimidade que eles tinham poderia assustar quem chegasse de forma inesperada.
— Não se preocupe comigo, vou direto para o hotel finalizar algumas coisas e descansar para amanhã — respondeu educadamente.
— Nem pensar, é ritual de passagem comemorar o primeiro show. — Joshua quem falou daquela vez, abraçando-a pelo ombro e já a guiando para fora do local, onde uma van preta os esperava prontamente. — Você trabalhou incansavelmente e ainda não parou, hora de relaxar no modo Louis Tomlinson.
— Existe até um método? — ela perguntou, rindo, se acomodando em um dos bancos do interior da van enquanto o restante do pessoal que os acompanharia fazia o mesmo.
— Sim, e ele se chama Louis Tomlinson porque a mente do Louis é muito boa para criar, mas depois de alguns copos, não fica boa para nada.
— Que horror! — gargalhou.
— Não a deixe acreditar que é só o álcool que faz isso — Michael resmungou do banco em frente, abrindo seu Instagram e curtindo as fotos que havia postado e logo em seguida postando uma que ela havia tirado dele no camarim.
— Por favor, não preciso dos detalhes.
Louis apenas riu e entrou em alguma conversa com seu melhor amigo e assistente. então aproveitou que eles começaram a interagir em conversas paralelas e finalizou o que precisava no tablet, enviando as perguntas autorizadas para a rádio e dando um último ok no WhatsApp corporativo sobre as questões dos seus clientes que haviam sido repassados para seus colegas.
Ao guardar o tablet, pegou o celular e avisou Edna sobre o dia, relatando o que havia feito e como estava sendo seu primeiro dia. Sabia que ter sido convidada para ir a um bar com o pessoal próximo ao cantor era algo positivo, trocou poucas palavras com a equipe, mas sempre soube que sua boa educação tinha a levado para bons lugares. Seus pais tinham feito um bom trabalho.
Quando chegaram ao bar, três seguranças os acompanharam até o balcão e ficaram próximos a Louis, garantindo que ele não teria incômodo com sua diversão. O cantor pagou uma dose de tequila para todos que estavam com ele e em seguida voltou para a sua habitual vodca. se arriscou com um drink colorido que Joshua achou que ela poderia gostar e se sentou em uma das banquetas livres, enquanto o pessoal se dispersava, alguns sentando-se em uma mesa livre para fazer o rodízio de cerveja que o local oferecia, outros se inscrevendo no karaokê e admirando aqueles que já se arriscavam no pequeno palco.
Louis se aproximou quando a banqueta ao lado de ficou vaga e sentou ao lado da assessora, sorrindo rapidamente para a mulher que estava do seu outro lado.
— E então, , o que achou do seu primeiro dia?
— Muito tranquilo. Sem muitos comentários. — Ela sorriu, percebendo que o fez sorrir também.
— Fico feliz.
— Você não é um cantor com muitas exigências. Fica fácil.
— Isso é verdade. As experiências deixam a gente mais apaziguado com as situações burocráticas.
— Posso imaginar. Mas, para o seu porte, esperei coisas diferentes, devo ser sincera.
— Não tenho um porte muito grande, não — Louis brincou, bebendo um gole de sua bebida e fazendo ficar levemente envergonhada por não saber se havia entendido a piada direito. — Vines ter confiado em seu trabalho tão em cima da hora significa que você vai lidar bem com qualquer coisa que acontecer. Ele costuma ser esse tipo de pessoa.
— E você, costuma ser qual tipo? — perguntou por pura curiosidade profissional, sabendo que aquela conversa poderia agregar o seu trabalho com informações que viriam diretamente do cantor.
— Nossa, preciso pensar em uma resposta profunda. — novamente riu.
— Você é espontâneo.
— Sou. Mas também sou sério, gosto do meu espaço pessoal, mesmo vivendo cercado da mídia e perguntas que abusem desse espaço. Reservado, eu diria.
— E o que seus amigos falam sobre Louis Tomlinson?
— Faz tempo que não participo de uma entrevista de emprego! — o cantor caçoou, mas logo mudou a feição para pensativa. — Acho que eles dizem que sou engraçado, uma boa companhia para assistir futebol e encher a cara, um amigo leal e responsável, mesmo que não pareça.
— Isso costuma ser aspecto de irmão mais velho, sabia? Um péssimo rótulo, mas que se perpetua por muitas famílias.
— Você é irmã mais velha?
— Sim, inclusive minha irmã é muito sua fã.
— Então nós vamos tirar uma foto para ela. — Louis cuidadosamente retirou o celular das mãos de e abriu a câmera, virando a câmera frontal para o seu rosto. — Diga foda-se. — Ele sorriu para a tela e a mulher franziu o cenho.
— Foda-se? — ela questionou, rindo em seguida e só focando para a foto depois de já ter alguns registros com seu rosto totalmente em incógnita. — Você fala muito isso para seus fãs e eles acham um máximo, por quê?
— Não sei, uma marca registrada, talvez? Gosto de ter essa particularidade com eles. — Louis deu de ombros.
— Original — concordou, voltando a pegar seu celular e rapidamente enviando a foto mais aceitável para Bria.
— Essa nós vamos dedicar para nosso amigo Willian — Isaac falou em alto e bom tom no microfone do karaokê, segundos antes da melodia de Valerie começar a tocar.
— Eu nunca deveria ter exposto isso para eles. — Louis gargalhou, virando o corpo para encarar o guitarrista e seu tecladista, Zak, cantar a plenos pulmões.
— Valerie? Lembro de ter visto algo sobre essa música nas milhares de entrevistas que li sobre você.
— Foi a música que cantei na minha segunda audição no The X Factor.
— Verdade. Esperaria um 505, mas até que faz sentido. — finalizou seu drink, pedindo uma água para continuar a noite antes que uma segunda taça a deixasse alegre demais.
Não poderia esquecer que estava trabalhando.
— Eu ainda não tinha encontrado meu estilo. — Louis lhe piscou um dos olhos e fez rir novamente.
Uma mensagem recém chegada em seu celular fez tirar os olhos dos dois homens que cantavam desafinados no palco e automaticamente ficar culpada por ter esquecido de atualizar Caleb desde que desligaram a ligação quando ela chegou em Dallas.

Caleb: E aí, , como foi seu dia? Imagino que a
rotina deva ser bem diferente do que está acostumada. Só
lhe mandando uma mensagem para desejar boa noite e dizer que te amo.

: Oi, perdão por ter sumido. Realmente, é uma loucura. Nada
de estúdio e muito menos reuniões de alinhamento de pauta. Mas tenho achado mais
prático, acredita? Boa noite para você também, te amo.

— Tudo bem? — Louis perguntou para a mulher, dando um hi-five com os dois colegas de banda quando eles se aproximaram após a performance.
— Sim, claro. Tudo bem — garantiu, finalmente guardando o celular no bolso da calça jeans. — Mas acho que vou indo nessa.
— Não! Qual é, você tem que pelo menos cantar uma música antes de ir. Ritual de passagem para ter o melhor trabalho da sua vida — Zak alegou, chamando Michael e Steve com a mão para se aproximarem.
— Não vai rolar, desculpa — a mulher negou rapidamente, rindo e se levantando da banqueta.
— O que aconteceu? — Michael perguntou.
quer ir embora sem ao menos cantar uma música! — Matt reclamou, parecendo extremamente ofendido, mas todos sabiam que o rodízio de cerveja o deixara alterado.
— Gente, eu não bebi o suficiente para me aventurar com um microfone. Ainda mais com toda essa quantidade de gente aqui presente!
— Nós vamos embora amanhã, ninguém mais vai te ver pelas ruas de Dallas pelos próximos meses — Louis interveio, entrando na onda dos amigos.
o encarou, pensativa. Por aquele lado, Louis estava completamente certo. Ninguém mais ali a veria tão cedo. E, lá dentro da sua mente, ela sempre tivera um pequeno sonho de cantar ABBA e mostrar seu talento com Mamma Mia para seus fãs imaginários. Mas a falta de álcool na sua corrente sanguínea estava a limitando em sentir vergonha.
— Ok, mas eu preciso de um shot — ela cedeu, mentindo para si mesma de que os olhos azuis de Louis não tiveram nenhuma culpa naquilo.
Ele tinha malditos olhos bonitos. E pidões.
— É pra já! — Foi Steve que se prontificou, chamando o barman e solicitando o shot de tequila para .
A mulher retirou o casaco, deixando-o sobre o balcão e segurou o pequeno copo assim que Steve a entregou. Os olhares curiosos daquelas enormes crianças de mais de 30 anos a deixaram apreensiva. Eles continuariam a vendo durante toda a turnê, então aquela noite poderia ficar marcada na memória de todos eles e ela não sabia se seria um fiasco ou um sucesso.
Ela puxou o ar e virou todo o conteúdo do copo em um único gole. A careta em seguida foi inevitável, mas não podia negar, foi um pequeno gás para ela seguir até o homem que cuidava das músicas do karaokê e solicitar Mamma Mia para assim que terminasse a cantoria de uma senhora com Stevie Wonder. Não tinha problema em se soltar, na verdade ela até gostava, mas dificilmente frequentava lugares como aquele em Los Angeles.
As oportunidades eram poucas.
O homem lhe entregou um microfone e a mostrou a tela pendurada onde apareceria a letra para ela não se perder. Assim que a senhora saiu do palco, a melodia de ABBA já começou a tocar e respirou fundo antes de subir no pequeno espaço de palco.
I’ve been cheated by you since I don’t know when. — Ela não olhou para o pessoal, seu rosto estava pegando fogo e precisava acreditar que era da tequila. — So I made up my mind, it must come to an end… Look at me now, will I ever learn, I don’t know how, but I suddenly lose control, there’s a fire within my soul. Just one look and I can hear a bell ring, one more look and I forget everything, whoa. — Quando iniciou a parte que dava o nome a música, tomou um susto com todos os seus colegas cantando alto com ela. — Mamma mia, here I go again, my, my, how can I resist you? Mamma mia, does it show again, my, my, just how much I’ve missed you? Yes, I’ve been brokenhearted, blue since the day we parted, why, why did I ever let you go? Mamma mia, now I really know, my, my, I could never let you go.
Enquanto as batidas da música continuavam, se deixou rir. A empolgação do pessoal a estava animando também, e eles eram palhaços o suficiente para sequer colocarem a culpa na bebida por toda aquela agitação. Isso a deixava confortável, mesmo com tantos olhares sobre si.
A letra continuou e foi se deixando levar pela batida, mesmo que o significado não fosse assim tão bonito. Quando percebeu, já estava dançando e cantando como uma verdadeira profissional e ignorando as fortes batidas do seu coração, afinal não costumava ser tão forte assim para bebidas. O problema era que sabia que alguém a encarava tão fixamente que seu corpo estava se arrepiando instantaneamente, mas não queria saber de onde vinha, muito menos a quem pertencia.
Ela era noiva e se casaria em breve. Que Deus a perdoasse por tantos pecados em um só dia.
Assim que a música terminou, vários aplausos foram dados e se curvou, agradecendo ao público e voltando rapidamente para onde estava. Suas bochechas estavam ainda mais quentes e sua respiração descompassada o suficiente para a água já morna que havia pedido antes sequer aliviar sua garganta.
— Temos uma nova artista! — Joshua falou, apontando a tela do celular para todos verem uma foto digna de popstar de cantando.
World Tour lá vamos nós!
— Vocês são muito palhaços mesmo. — Ela negou com a cabeça, rindo, solicitando mais uma água ao barman. — Eu cantei como pediram, agora vou pegar um táxi e ir para o hotel. Amanhã temos um longo dia.
— Acredito que todos nós já vamos também. — Louis se prontificou, levantando-se e vendo todos concordarem com ele. — Mas foi um ótimo show para fechar nossa noite!
— Obrigada. — Ela se curvou novamente, rindo e já buscando suas coisas para poderem voltar até a van que os trouxera.
Um dos seguranças pegou as comandas e se dirigiu ao caixa enquanto os outros dois escoltavam Louis de volta para o lado de fora do estabelecimento. O caminho de volta até o hotel foi mais silencioso, mesmo que ainda com algumas poucas vozes satirizando algo ou então programando o dia seguinte.
aproveitou para relaxar e ignorar tudo ao seu redor, só voltando a pensar quando chegaram ao corredor dos quartos do hotel em que estavam hospedados. Eles se desejaram boa noite e os ombros da mulher pararam de tensionar com o longo banho quente que tomou antes de deitar e apagar. Fazia algum tempo que não se divertia daquela maneira, ainda mais com o trabalho envolvido, e aquilo acabou fazendo-a dormir confortavelmente como há muito não fazia.


Continua...


Nota da autora: Sem nota.

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