Revisada por: Calisto
Última Atualização: 03/01/20258:35 a.m
01 de fevereiro de 2022, terça-feira.
mal tinha chegado ao escritório e já estava organizando algumas pastas para poder sair para o seu primeiro compromisso do dia. Mia Catalano iria para o estúdio em alguns minutos para poderem começar a gravar seu primeiro disco e, se tinha uma coisa que estava, era ansiosa.
Adorava a primeira fase de lançamentos de artistas, onde ela podia gravar tudo o que acontecia e documentar todas as novidades. Conforme o sucesso crescia, seus conteúdos ficavam mais limitados por questões pessoais mesmo, e aquilo a fazia ficar um pouco por trás dos panos, resolvendo burocracia, algo que enchia o saco de qualquer um.
— Bom dia, , preciso falar com você urgente na sala de conferência. — Edna passou em um rompante pelo escritório, sequer parando para conversar com a funcionária como sempre fazia.
estranhou o comportamento da chefe, por isso prontamente largou suas coisas sobre a mesa e apanhou o tablet que utilizava para as reuniões, seguindo para a sala de conferência sobre os olhares curiosos de todos os seus colegas do andar. Era muito difícil Edna ter pressa com alguma coisa sobre a empresa, pelo contrário, ela era conhecida por ser a chefe mais good vibes que já vira. Sempre com as coisas organizadas com muita antecedência.
Pelo visto, algo estava fora de controle naquele dia.
— O que houve? — a assessora perguntou, fechando a porta de vidro da sala e seguindo para perto da chefe enquanto a mulher gesticulava impaciente com alguém na linha do celular.
— Estou resolvendo, até o horário do show, a pessoa responsável estará aí… Eu prometo, estou cuidando disso. — A mulher revirou os olhos, agitada. — Preciso desligar para colocar tudo em ordem, com você exigindo tanta coisa ao mesmo tempo, vou demorar mais do que o esperado… Perfeito, tchau.
— Em plena terça-feira? O que está acontecendo?
— Você vai para casa em exatos 20 minutos, vai arrumar sua mala com todas as roupas possíveis e impossíveis, seus documentos, pelo amor de Deus, não esqueça dos seus documentos... E vai para o aeroporto. Você precisa chegar em Dallas até no máximo final da tarde, e só vai retornar para casa após o dia 13 de março.
riu.
No primeiro momento, sua única reação foi rir. Com muito gosto. Uma gargalhada sincera que parecia que não dava há anos.
Mas ela foi diminuindo conforme percebeu que era a única que ria. Edna permanecia séria e impassível, enviando mensagens e mais mensagens para alguém que parecia com muita pressa.
— Está falando sério, Edna? Eu tenho estúdio marcado com a Mia para às 9h!
— Esqueça Mia, esqueça toda sua agenda até final do ano.
— Será que você pode me explicar o que está acontecendo? Como assim esquecer minha agenda até final do ano? Por que preciso ir para Dallas?
— Tenho 18 minutos para te explicar, sente-se.
acatou a solicitação e puxou uma das cadeiras, não se sentindo confortável o suficiente naquela sala como sempre se sentiu.
— Conhece Louis Tomlinson?
— O ex-One Direction? — Edna concordou com a cabeça. — Sim, conheço. O que tem ele?
— Em março de 2020, ele deu início a sua turnê mundial, mas só conseguiu se apresentar em Barcelona e Madri, porque logo em seguida chegou a pandemia e tudo parou, fechou e não retornou até então. Agora que estamos conseguindo retornar a nossa vida quase normal, Louis está voltando com a Louis Tomlinson World Tour, hoje é seu primeiro show em Dallas.
As partes do quebra cabeça começavam a ser construídas na cabeça de e só então percebeu que já deveria ter anotado aquelas pequenas informações. Tudo o que poderia saber era de extrema necessidade para os próximos contatos que faria se Edna confirmasse sua teoria.
— Os contratos foram congelados com a pandemia, então o manager acreditou que tudo estaria certo para os próximos segmentos. O problema é que o assessor desistiu ontem. Arranjou outro emprego e eles estão desesperados para alguém cobrir essa tour até conseguirem se organizar novamente.
— Somos o escape?
— O escape perfeito, . Você é a pessoa perfeita para esse trabalho. Todos gostam de você e de como presta seu serviço, vai ser fácil agradá-lo e trazê-lo definitivamente para nossa agência. Esse é o ponto.
— Entendi.
— Você acompanhará toda a turnê a partir de agora, vai cobrir todos os eventos e entrevistas, ajudar o manager a gerenciar as crises e tudo o que puder fazer. Quero você de corpo inteiro nesse trabalho, tudo bem?
— Sim. Mas como ficam meus clientes?
— Enquanto estiver fora, Karen vai cuidar de uma parte e a outra parte será repassada para Kaio. Quando você retornar, eles serão todos seus novamente.
— Perfeito. Você já me enviou tudo o que tem sobre ele para que eu não chegue de mãos abanando?
— Está tudo no seu e-mail: documentos pessoais, ex-namoradas, algumas groupies e tudo o que precisa saber para chegar mandando, além de ter um pouco de noção de quem é Louis Tomlinson.
— Que horas sai o voo? — perguntou, já se levantando, embarcando naquela viagem maluca que sua chefe estava à metendo, mas que ela sabia e reconhecia que era uma das melhores para exercer.
Ao contrário de Edna, era boa em lidar com pressão.
— No horário em que chegar ao aeroporto. A equipe está fretando um jatinho para ter você o quanto antes lá, afinal as postagens precisam começar e o show não pode parar.
— Ok. Sabe que depois dessa eu vou precisar daquelas férias de final de ano, não sabe? — A assessora seguiu até a porta, sorrindo quando ouviu uma risadinha da chefe pela primeira vez naquela manhã.
— Vou ver o que poderei fazer por você. Me avise quando chegar e se precisar de algo vou estar de plantão.
apenas concordou e voltou para sua sala para recolher tudo o que poderia precisar, além dos seus pertences pessoais. Enquanto seguia para o elevador e acenava para Karen, discou o número já tão conhecido de Caleb, torcendo para que ele não estivesse em reunião e pudesse ouvi-la por alguns minutos, afinal não sabia quando teria tempo novamente para parar e explicar o que iria acontecer a partir daquele momento.
— Oi, , será que posso te retornar daqui a pouco? Os investidores estão entrando na conferência.
— Hey, na verdade, se puder só me ouvir rapidinho, não tenho muito tempo e preciso te falar sobre o trabalho. Viajo daqui a uma hora no máximo.
— Como assim? Para onde você vai?
— Estou indo para Dallas. Um cantor famoso nos contratou em cima da hora para poder assessorar a turnê e Edna me colocou nessa missão. Terei uma curta folga entre os dias 14 de março até dia 20 e depois só em abril.
— , você está falando sério? E Mia Catalano? E todos os seus outros clientes?
— Karen e Kaio vão cuidar deles por um tempo. A turnê tem previsão para acabar em setembro, mas como você está o tempo todo viajando, vamos conseguir nos ver por aí.
— Nos ver por aí? nós temos nosso jantar de ensaio daqui a duas semanas.
— Ah, então, quanto a isso. Talvez devemos adiar um pouco. Esse trabalho é muito importante, Edna ter confiado isso a mim diz muito sobre tudo. — chamou um táxi assim que chegou na calçada e suspirou assim que o primeiro parou para ela poder entrar.
Era um bom dia, tirando a confusão que estava prestes a criar com o noivo.
— , eu preciso entrar para essa reunião agora. Passa aqui na empresa e a gente conversa, tudo bem?
— Não vai dar, me desculpa. Estou indo para casa arrumar minha mala e preciso ir ao aeroporto. O primeiro show acontece essa noite no Texas.
O suspiro de Caleb do outro lado da linha fez morder o lábio. Caleb era metódico, nisso, era muito parecido com Edna, algo que já havia associado desde que começara a namorar com o empresário. Sabia lidar tão bem com ele porque sabia lidar perfeitamente com a chefe. O problema era que, por mais que estivesse animada para o que a estava esperando, havia esquecido desses detalhes que a faziam colocar os pés no chão.
Sempre foi criticada por ser sonhadora. Por ir atrás exatamente daquilo que queria. Mas acreditava que, por ser daquele jeito, estava onde sempre quis aos 28 anos. Trabalhava em uma empresa que valorizava o trabalho que fazia, com uma chefe que — por mais avoada que fosse — deixava os funcionários livres para criar e agora ela estava prestes a embarcar na primeira turnê de um cantor famoso, ex membro de uma boyband estourada.
O voo era alto.
era conhecida na empresa como caça talentos. Era sempre ela que visitava os estúdios da cidade em busca de rostos para lançar na mídia. Todos os donos de estúdio já estavam salvos em contato rápido no seu celular. E, até aquele momento, só tinha tido sucesso. Lançou nomes importantes, fez agentes decolarem com administração de carreiras e ainda recebia demos e mais demos para ouvir de artistas que estão tentando se lançar na carreira musical.
A oportunidade de trabalhar com um artista que já está em carreira consolidada era única para o segmento que fazia. Estava empolgada com a experiência de seguir uma turnê e acompanhar um instagram lotado de fãs com números crescentes. Por mais que seu coração sofresse com o carinho que nutria por todos os clientes que acompanhava.
Novas oportunidades eram sempre o melhor caminho a seguir.
— Tudo bem, . Me ligue quando pousar, tudo bem?
Um alívio percorreu seu coração.
— Com certeza, boa reunião.
desligou a chamada assim que o táxi parou em frente ao prédio onde morava. A ansiedade começava a consumi-la e tudo o que ela pensava era em como seria divertido. Pelo menos, ela esperava que sim.
Depois de passar meia hora para conseguir organizar duas malas de roupas e sapatos e mais uma mala de mão com todas as suas coisas importantes, conseguiu ajuda do porteiro para descer tudo e conseguir um novo táxi. Deixou a chave do apartamento com o homem para que sua diarista continuasse indo dar um jeito no seu apartamento enquanto estivesse fora e só voltou a se concentrar no trabalho novamente quando já estava dentro do táxi, com alguns artigos sobre Louis Tomlinson abertos em seu tablet, em direção ao aeroporto.
Algumas informações sobre ele se repetiam, como o fato dele ter um filho de 6 anos com uma personal stylist conhecida da Califórnia, sua mãe ter falecido de leucemia no final de 2016 e também sua irmã ter tido o fatídico destino em 2019. Aquilo fez criar um apego emocional pela história dele e também temer pelo que encontraria devido às fotos e flagras de alguns paparazzis.
Quando um artista passava por situações complexas como a perda de um parente querido, muitas coisas aconteciam com sua vida e sua carreira. Pelo que conseguiu coletar apenas observando, Louis passara por um luto difícil e, possivelmente, ainda tinha um sofrimento profundo sobre tudo. A letra de sua música dedicada à mãe era linda e profunda e era aquilo que ela mais gostava em compartilhar sua profissão com cantores que eram compositores das próprias músicas, eles dedicavam aquilo que tinha de mais intenso dentro do coração.
Era a mais pura arte.
amava a arte.
Assim que o táxi parou no aeroporto, colocou todas as suas bagagens em um carrinho e seguiu até o balcão de informação para ter a mínima noção de como se viajava de jatinho. Até aquele momento, suas viagens só tinham sido de voo comercial.
A mulher discou algum número específico em seu telefone e avisou sobre a chegada de . Em poucos minutos um funcionário se aproximou e a acompanhou até uma sala de embarque menor das que estava acostumada. Ele levou suas malas, até mesmo a de mão, e pediu para que passasse pela revista de segurança. Foi o que ela fez. Uma segurança a esperava depois do detector de metais e fez mais uma revista minuciosa dentro de sua bolsa e sobre suas roupas.
foi liberada em alguns minutos e um segurança a acompanhou para o lado de fora, passando pelo enorme asfalto onde os aviões aguardavam para decolarem. Eles passaram por pelo menos três aeronaves, até darem de cara com um jatinho, o qual estava sendo abastecido.
Uma aeromoça a aguardava na ponta da escada e o segurança deu a vez para que fosse na frente.
— Bom dia, Senhorita . Seja bem-vinda — a mulher a recepcionou quando ela chegou ao topo.
— Bom dia, obrigada. — Ela sorriu, se deparando com algumas poltronas que pareciam extremamente confortáveis com algumas almofadas bordadas LT.
O segurança aguardou com que a mulher escolhesse um local para se sentar e se acomodou um pouco mais afastado, dando um aceno para a aeromoça poder organizar o que restava para que eles partissem. , por sua vez, aguardou as instruções e logo se afundou novamente na leitura sobre a vida e carreira de Louis Tomlinson.
Era difícil achar artigos ou entrevistas de pessoas que já trabalharam com ele para ter uma base de como ele era. Apenas alguns ex-integrantes da One Direction haviam falado por cima de que ele era uma pessoa engraçada e criativa. Bom, as músicas que ele havia escrito deixavam parte disso bem explícita.
conseguiu acessar alguns nomes que costumavam o acompanhar e se deparou com Oliver Wright, que era intitulado como um dos melhores amigos de longa data do cantor, e suas irmãs Charlotte, Daisy e Phoebe. Seu empresário era Matt Vines, um nome que não tinha nenhuma recordação e também descobriu que Louis tinha a própria empresa, uma gravadora chamada Triple String. Com tão pouco detalhe, a assessora já tinha uma mínima noção do quanto ele trabalhava. Algo que julgava bom, não sobrando tanto tempo para besteiras.
Louis era um fã assíduo de futebol e torcia pelo time da cidade natal.
Aquelas informações poderiam lhe dar um breve resumo de quem era Louis Tomlinson, o cantor. Mas pouco sabia quem era Louis William Tomlinson, ou qual fosse seu nome de batismo, visto que utilizava o sobrenome do padrasto, a pessoa por trás de todos aqueles shows. estava prestes a descobrir e estava ansiosa, mais do que o normal.
Nas quase três horas que levaram para chegar em Dallas, conseguiu ler tudo o que Edna havia preparado para ela e também mais alguns artigos que encontrou no submundo da internet. Achou graça dos sites criados por fãs com informações cruciais sobre o cantor, como sua cor favorita, seus medos e sonhos. Mas não deixou de ler nenhum.
Foi quando pousaram que sentiu fome e ouviu seu estômago roncar, já tinha passado da sua hora do almoço e só se deu conta quando reativou seu celular, prestando atenção no horário e as milhares de mensagens que havia recebido. Edna mandou mais algumas informações importantes que, segundo ela, eram cruciais. Karen queria tirar algumas dúvidas sobre alguns dos seus clientes, assim como Kaio. E Caleb perguntava se ela já estava no Texas.
Ela aguardou a aeromoça abrir a porta de saída e prosseguiu no sinal do segurança, descendo sem maiores problemas sobre o sol iluminado de Dallas, que não condizia nenhum pouco com a temperatura. Um vento gelado fez seus braços se arrepiarem e ela rapidamente vestiu o casaco que, espertamente, havia levado em mãos para exatamente aquele caso. O segurança a guiou para dentro do aeroporto tumultuado e aguardou por suas malas em outro espaço que não a esteira costumeira.
Aproveitou que o homem não trocava muitas palavras com ela e discou o número de Caleb.
— Oi, , já chegou?
— Acabamos de pousar.
— Certo, eu estive pensando, podemos marcar nosso jantar para quando você retornar?
— Sim, é claro. Ficarei poucos dias, mas já que sua mãe está cuidando de tudo, acredito que não haverá problemas.
— Então perfeito, vou reenviar os convites on-line.
— Obrigada por entender.
— É o trabalho dos seus sonhos, não? É o mínimo que posso fazer.
Um sorriso genuíno brotou nos lábios da mulher.
— Por isso que eu amo você.
— Também amo você, .
— Eu preciso ir agora, não sei como vai ser a rotina ainda.
— Sem problemas, me ligue quando der. Beijos.
O segurança novamente voltou a guiar e dessa vez eles já se encaminhavam para o lado de fora. sentia-se como uma famosa, sequer tinha tocado em suas coisas desde que encontrara com aquele brutamontes e estava maravilhada com o tratamento. Um carro preto os aguardava do lado de fora, próximo a porta principal e nada era possível ver dentro.
— Nós vamos ao hotel primeiro ou direto para o local do show? — perguntou ao homem, querendo organizar sua mente para o trabalho.
— Fui instruído a te levar ao hotel para almoçar, deixar suas coisas e então seguiremos para o local do show — ele falou roboticamente enquanto abria a porta para entrar no banco de trás. — Louis vai fazer uma passagem de som daqui uma hora e Vines organizou uma reunião em seguida para lhe apresentar ao pessoal — o homem continuou depois de se acomodar no banco do passageiro e dar sinal para o motorista seguir viagem.
— Certo, obrigada.
sentiu-se no direito de voltar a prestar atenção no celular e aproveitou para enviar uma mensagem a Edna.
: Já estou em Dallas, a caminho do hotel. O segurança me informou que vou almoçar e me acomodar e em seguida vamos ao South Side Ballroom para a passagem de som e uma reunião de apresentação. Tem algo que eu precise saber além do que já enviou pelo e-mail? Consegui ler tudo durante a viagem.
Foi exatamente o que aconteceu. Assim que chegaram ao hotel, o segurança auxiliou com o check-in e ela logo se acomodou em um quarto. Ela sequer desfez as malas, sabia que no dia seguinte partiriam para outra cidade, então apenas trocou sua roupa para uma mais arrumadinha já que provavelmente ficaria até depois do show fora, e precisava se sentir apresentável para uma boa primeira impressão. Seu almoço foi no restaurante do hotel, ao lado do segurança mudo, e não demoraram em seguir rumo ao local oficial.
Era inevitável o frio na barriga que sentia. Mesmo que fosse uma sonhadora incontrolável, ainda conseguia ficar ansiosa e preocupada quando algumas coisas como aquela aconteciam em sua vida. Ficava esperando perceber as reações com seu trabalho e sempre buscava saber de estavam gostando da sua presença e da forma como lidava com as coisas.
— Boa sorte, senhorita — o segurança a desejou assim que adentraram o ambiente em conjunto.
Alguns olhares se viraram para eles e automaticamente vestiu um sorriso confiante no rosto. A banda preparava os instrumentos no palco e a cumprimentaram educadamente quando ela passou por eles em direção ao backstage.
— Você deve ser . — Um homem de aparência jovem a interveio no meio do caminho e pareceu sorrir aliviado.
— Isso mesmo.
— Sou Matt Vines, o empresário de Louis. A pessoa mais ansiosa para sua chegada.
— É um prazer, Matt. Existe algo que queira alinhar comigo antes de falar com toda a equipe?
— Na verdade, eu preciso liberar eles para descansarem um pouco antes do show, então vamos primeiro lhe apresentar e em seguida conversamos. Tudo bem?
— Claro, como preferir.
Matt pediu licença e foi reunir o pessoal que estava trabalhando ativamente por ali, incluindo Louis, que havia acabado de passar o som com a banda. Foi difícil não notar, nunca havia acompanhado muito a One Direction, diferente de sua irmã mais nova que foi em todos os shows possíveis da banda, mas era estranho ver um cantor que só reconhecia pela internet pessoalmente.
Louis era exatamente como nas fotos. Nem mais alto, nem mais baixo, o mesmo estilo que os paparazzis registravam e os olhos de um azul tão brilhantes que pareciam porcelana.
— Pessoal, Louis, essa é , a nova assessora da Louis Tomlinson World Tour.
— Prazer, . — Louis se aproximou e estendeu a mão para cumprimentá-la.
— O prazer é meu, Louis, em finalmente conhecê-lo. Espero poder fazer um bom trabalho para a sua turnê. — também estendeu a mão e sorriu, no que o cantor fez o mesmo, concordando com a cabeça.
— Temos certeza que fará! — Matt cortou ambos e se apressou, batendo duas vezes as mãos para chamar atenção do pessoal. — Vocês terão tempo de se apresentarem individualmente para depois, mas preciso apenas deixá-los por dentro de como vai funcionar com ela por aqui. vai comandar as redes sociais, as entrevistas, gerenciamento de crise e tudo aquilo que envolve a imagem de Louis durante a tour. Joshua e estarão trabalhando juntos durante os shows porque queremos um movimento maior na internet, então quanto mais ao vivo atualizarmos os fãs, melhor. Qualquer coisa que ela pedir, acatem. Ela vai ser meu braço direito. Alguma dúvida?
Ninguém ousou abrir a boca.
— Perfeito, estão liberados para descansarem antes do nosso retorno. — Vários suspiros foram ouvidos e as pessoas se dispersaram cada uma para seu lado. — Agora podemos conversar. — Matt chamou e apontou para o balcão de um disposto bar que havia ali.
— E então, Matt, sobre o que preciso saber? — puxou o tablet de dentro da bolsa e abriu seu bloco Louis Tomlinson, pronta para as anotações, após se acomodar.
— O básico para sobrevivência já foi lhe enviado, segundo o que Edna me passou. Só vou reforçar algumas questões quanto às mídias e preparações para entrevistas.
— Certo.
— Louis prefere as coisas de forma mais reservada. As publicações precisam focar mais nas fotos que Joshua faz e poucas gravações. Ele interage de vez em quando no Twitter, mas normalmente as curtidas e posts referente a shows você precisará ficar atenta. Eu enviei um roteiro sobre algumas coisas que Louis prefere não comentar em entrevistas, então você ficará responsável por repassar isso aos meios de comunicação em que ele irá.
— Coisas pessoais são proibidas de postar?
— Sim, a não ser que Louis esteja no comando das redes, então postará o que estiver afim.
— E como costuma ser a rotina dele? Existem horários específicos para algo?
— Não. Louis segue a rotina de ensaios e gosta de criar no meio disso, mas ele tem costume de avisar com antecedência se algo sair do planejado, principalmente se vai precisar acordar mais tarde ou se vai pular alguma passagem de som.
— Bom, então acredito que será tranquilo.
— Louis não é um artista difícil de lidar, existem algumas exigências, mas nada que vai lhe deixar de cabelo em pé. Ele gosta muito da privacidade dele e, se respeitar isso, estará fazendo o melhor trabalho que pode.
— Ok. Existe algo que queira que eu faça nesse momento?
— Sim, anote seu número aqui. — Matt lhe entregou seu celular pessoal. — Vou lhe passar as senhas importantes e preciso que responda alguns e-mails sobre as entrevistas em Nova York.
— Perfeito.
7:45 p.m
1 de fevereiro de 2022, terça-feira
Sun Room já estava no palco prestes a finalizar o show. Louis estava no camarim se preparando e estava apostos no backstage para programar as fotos e pequenos takes que Joshua fizesse. Tinha a setlist completa em mãos e estava ansiosa para fazer uma vídeo chamada com a irmã assim que ele cantasse uma das músicas da One Direction.
A vibração do público era intensa.
Ela aproveitou para tirar uma foto da banda agradecendo ao público e já subiu para o site oficial, saindo do caminho quando eles passaram afoitos pela lateral do palco. Os organizadores já se agilizaram e seguiram para o local para retirar os instrumentos da Sun Room e colocar os da banda de Louis no lugar. se afastou para responder algumas mensagens de Edna e terminar de riscar algumas perguntas das entrevistas que Louis faria nos próximos destinos.
Estava impressionada em como gostavam de tentar perguntar algo sobre o filho dele. Caramba, era uma criança! Preservar a imagem de uma criança era o mínimo que um pai famoso pode fazer, mas os folgados de plantão tentavam a todo custo colocar o menino em alguma entrelinha. Cerca de 50 perguntas que a rádio SiriusXM enviou para aprovação, apenas 23 passaram. E eles teriam apenas 40 minutos com o cantor.
A Billboard foi breve com as perguntas, precisou ignorar apenas uma, já que o tempo que teriam seria curto e Louis não conseguiria ir até a sede, todas elas foram digitadas pela assessora e aprovadas pelo manager em minutos. A vibração do seu celular com as redes sociais de Louis conectadas nele era insana, agradecia por ter levado o tablet para trabalhar, visto que mal conseguia responder uma DM para mais mil surgirem.
Toda a banda passou por ela em seguida, fazendo-a desgrudar os olhos da tela para poder desejá-los boa sorte. Os gritos aumentaram com a movimentação do palco e Louis parou perto de , verificando o microfone algumas vezes e fazendo uma careta para as fotos que Joshua tirava sem parar. Como as fotos subiam automaticamente para um aplicativo, rapidamente abriu o mesmo e puxou a foto do cantor para o site.
— Você prefere que eu lhe deseje merda ou boa sorte? — a assessora perguntou, apontando a foto do celular para que eles verificassem.
— Merda, sem dúvidas.
— Então, merda para você. — Ela sorriu, filmando o momento em que o cantor riu e seguiu para o palco nos primeiros acordes de sua música.
Era a primeira vez que estava ouvindo uma música de Louis. Fizera todo o trabalho de campo, mas não conseguira escutar as canções. E o ritmo lhe agradava bastante. Por mais que estivesse acostumada com o pop, costumava trabalhar muito com o country, que era um nicho bem grande no país em que vivia.
Mas aquele estilo era mais pop-rock, mesmo que Louis se identificasse mais com o rock britânico e o indie, naquela primeira música, ainda conseguia sentir resquícios do pop da One Direction. Mas não falaria isso em voz alta, afinal ele estava criando a sua identidade no momento e não era um bom passo profissional ficar comparando-o com seu antigo trabalho.
Quando a melodia da próxima música começou, foi rápida em pegar o número da irmã e a ligar em vídeo chamada, com a câmera traseira focando Louis no meio do palco, cantando as primeiras letras de Drag Me Down. O rosto curioso de Bria apareceu para a mulher e ela riu ao notar a forma como a irmã regia lentamente para o que via.
— O que é isso? — conseguiu ler através dos lábios de Bria. — Onde você está?
virou a câmera para o seu rosto e falou próximo ao microfone:
— Eu sou a nova assessora da Louis Tomlinson World Tour.
— Desgraçada sortuda! — O xingamento fez gargalhar e voltar a apontar a câmera para Louis.
Ela conseguiu deixar a irmã assistir mais algumas músicas antes de se despedir para postar um pequeno trecho do show nos stories que Joshua havia feito de frente para o palco. Sua tática foi fechar a possibilidade de resposta de stories para que seu celular parasse um pouco de notificar os reposts e até mesmo Louis tivesse um pouco de privacidade com suas postagens.
A DM continuava aberta para receber declarações de fãs.
No decorrer do show, o indie foi ficando mais claro nas canções e a inspiração de Louis em Oasis e Arctic Monkeys ficava ainda mais forte. Ele andava de um lado para o outro no palco o tempo inteiro e começava a ter dó do fotógrafo que o seguia sem parar com várias filmagens e fotos excelentes. Joshua já havia implorado por água diversas vezes, enquanto Louis tinha seu copo reabastecido com energético pela segunda vez na noite.
O show durou quase duas horas e reparou que ele não costumava se alongar muito em discursos. Falava algumas coisas, agradecia e já cantava outra música. Suas fãs gritavam as letras das músicas com facilidade e foram à loucura quando ele se lançou na grade na última canção, redobrando o serviço braçal dos seguranças e levando as meninas ao delírio.
Pelo menos Joshua conseguiu uma ótima foto lateral do momento e rapidamente subiu no Twitter, sem nenhuma legenda, fechando o aplicativo antes que os bombardeios de notificações travassem o aplicativo. A foto oficial do show foi postada no site ao final do show, Louis mostrava o dedo do meio para a câmera, centralizado no palco, com o pessoal da banda ao seu lado e todos os seus fãs de fundo. Incrivelmente, ele havia ficado bonito daquela forma, salientando sua marca registrada e surpreendendo .
— Obrigado, pessoal, voltamos com tudo! — Louis falou assim que chegou ao backstage, agradecendo o pessoal que ainda trabalhava ativamente para fechar o show e poder seguir viagem para Austin. — Estão todos convidados para comemorarmos no Craft and Growler, porque falaram tão bem das cervejas diferenciadas que vou ser obrigado a provar.
— E comentaram por cima que tem karaokê, Vines no primeiro copo vai mostrar o talento dele para todos vocês. Imperdível — Michael, o guitarrista, satirizou, fazendo todos rirem junto.
— Vocês são engraçados. O voo sai amanhã às 9 horas da manhã, estejam acordados. , será que pode postar a última foto do site no Instagram?
— É pra já. — baixou a foto no feed de Louis rapidamente e legendou um thank you, Dallas, and fuck you. A exata frase que Louis havia falado após o show.
— Agora deixa a pobre menina vir beber conosco. — Steve abanou a mão despreocupadamente para Vines e a intimidade que eles tinham poderia assustar quem chegasse de forma inesperada.
— Não se preocupe comigo, vou direto para o hotel finalizar algumas coisas e descansar para amanhã — respondeu educadamente.
— Nem pensar, é ritual de passagem comemorar o primeiro show. — Joshua quem falou daquela vez, abraçando-a pelo ombro e já a guiando para fora do local, onde uma van preta os esperava prontamente. — Você trabalhou incansavelmente e ainda não parou, hora de relaxar no modo Louis Tomlinson.
— Existe até um método? — ela perguntou, rindo, se acomodando em um dos bancos do interior da van enquanto o restante do pessoal que os acompanharia fazia o mesmo.
— Sim, e ele se chama Louis Tomlinson porque a mente do Louis é muito boa para criar, mas depois de alguns copos, não fica boa para nada.
— Que horror! — gargalhou.
— Não a deixe acreditar que é só o álcool que faz isso — Michael resmungou do banco em frente, abrindo seu Instagram e curtindo as fotos que havia postado e logo em seguida postando uma que ela havia tirado dele no camarim.
— Por favor, não preciso dos detalhes.
Louis apenas riu e entrou em alguma conversa com seu melhor amigo e assistente. então aproveitou que eles começaram a interagir em conversas paralelas e finalizou o que precisava no tablet, enviando as perguntas autorizadas para a rádio e dando um último ok no WhatsApp corporativo sobre as questões dos seus clientes que haviam sido repassados para seus colegas.
Ao guardar o tablet, pegou o celular e avisou Edna sobre o dia, relatando o que havia feito e como estava sendo seu primeiro dia. Sabia que ter sido convidada para ir a um bar com o pessoal próximo ao cantor era algo positivo, trocou poucas palavras com a equipe, mas sempre soube que sua boa educação tinha a levado para bons lugares. Seus pais tinham feito um bom trabalho.
Quando chegaram ao bar, três seguranças os acompanharam até o balcão e ficaram próximos a Louis, garantindo que ele não teria incômodo com sua diversão. O cantor pagou uma dose de tequila para todos que estavam com ele e em seguida voltou para a sua habitual vodca. se arriscou com um drink colorido que Joshua achou que ela poderia gostar e se sentou em uma das banquetas livres, enquanto o pessoal se dispersava, alguns sentando-se em uma mesa livre para fazer o rodízio de cerveja que o local oferecia, outros se inscrevendo no karaokê e admirando aqueles que já se arriscavam no pequeno palco.
Louis se aproximou quando a banqueta ao lado de ficou vaga e sentou ao lado da assessora, sorrindo rapidamente para a mulher que estava do seu outro lado.
— E então, , o que achou do seu primeiro dia?
— Muito tranquilo. Sem muitos comentários. — Ela sorriu, percebendo que o fez sorrir também.
— Fico feliz.
— Você não é um cantor com muitas exigências. Fica fácil.
— Isso é verdade. As experiências deixam a gente mais apaziguado com as situações burocráticas.
— Posso imaginar. Mas, para o seu porte, esperei coisas diferentes, devo ser sincera.
— Não tenho um porte muito grande, não — Louis brincou, bebendo um gole de sua bebida e fazendo ficar levemente envergonhada por não saber se havia entendido a piada direito. — Vines ter confiado em seu trabalho tão em cima da hora significa que você vai lidar bem com qualquer coisa que acontecer. Ele costuma ser esse tipo de pessoa.
— E você, costuma ser qual tipo? — perguntou por pura curiosidade profissional, sabendo que aquela conversa poderia agregar o seu trabalho com informações que viriam diretamente do cantor.
— Nossa, preciso pensar em uma resposta profunda. — novamente riu.
— Você é espontâneo.
— Sou. Mas também sou sério, gosto do meu espaço pessoal, mesmo vivendo cercado da mídia e perguntas que abusem desse espaço. Reservado, eu diria.
— E o que seus amigos falam sobre Louis Tomlinson?
— Faz tempo que não participo de uma entrevista de emprego! — o cantor caçoou, mas logo mudou a feição para pensativa. — Acho que eles dizem que sou engraçado, uma boa companhia para assistir futebol e encher a cara, um amigo leal e responsável, mesmo que não pareça.
— Isso costuma ser aspecto de irmão mais velho, sabia? Um péssimo rótulo, mas que se perpetua por muitas famílias.
— Você é irmã mais velha?
— Sim, inclusive minha irmã é muito sua fã.
— Então nós vamos tirar uma foto para ela. — Louis cuidadosamente retirou o celular das mãos de e abriu a câmera, virando a câmera frontal para o seu rosto. — Diga foda-se. — Ele sorriu para a tela e a mulher franziu o cenho.
— Foda-se? — ela questionou, rindo em seguida e só focando para a foto depois de já ter alguns registros com seu rosto totalmente em incógnita. — Você fala muito isso para seus fãs e eles acham um máximo, por quê?
— Não sei, uma marca registrada, talvez? Gosto de ter essa particularidade com eles. — Louis deu de ombros.
— Original — concordou, voltando a pegar seu celular e rapidamente enviando a foto mais aceitável para Bria.
— Essa nós vamos dedicar para nosso amigo Willian — Isaac falou em alto e bom tom no microfone do karaokê, segundos antes da melodia de Valerie começar a tocar.
— Eu nunca deveria ter exposto isso para eles. — Louis gargalhou, virando o corpo para encarar o guitarrista e seu tecladista, Zak, cantar a plenos pulmões.
— Valerie? Lembro de ter visto algo sobre essa música nas milhares de entrevistas que li sobre você.
— Foi a música que cantei na minha segunda audição no The X Factor.
— Verdade. Esperaria um 505, mas até que faz sentido. — finalizou seu drink, pedindo uma água para continuar a noite antes que uma segunda taça a deixasse alegre demais.
Não poderia esquecer que estava trabalhando.
— Eu ainda não tinha encontrado meu estilo. — Louis lhe piscou um dos olhos e fez rir novamente.
Uma mensagem recém chegada em seu celular fez tirar os olhos dos dois homens que cantavam desafinados no palco e automaticamente ficar culpada por ter esquecido de atualizar Caleb desde que desligaram a ligação quando ela chegou em Dallas.
Caleb: E aí, , como foi seu dia? Imagino que a
rotina deva ser bem diferente do que está acostumada. Só
lhe mandando uma mensagem para desejar boa noite e dizer que te amo.
: Oi, perdão por ter sumido. Realmente, é uma loucura. Nada
de estúdio e muito menos reuniões de alinhamento de pauta. Mas tenho achado mais
prático, acredita? Boa noite para você também, te amo.
de estúdio e muito menos reuniões de alinhamento de pauta. Mas tenho achado mais
prático, acredita? Boa noite para você também, te amo.
— Tudo bem? — Louis perguntou para a mulher, dando um hi-five com os dois colegas de banda quando eles se aproximaram após a performance.
— Sim, claro. Tudo bem — garantiu, finalmente guardando o celular no bolso da calça jeans. — Mas acho que vou indo nessa.
— Não! Qual é, você tem que pelo menos cantar uma música antes de ir. Ritual de passagem para ter o melhor trabalho da sua vida — Zak alegou, chamando Michael e Steve com a mão para se aproximarem.
— Não vai rolar, desculpa — a mulher negou rapidamente, rindo e se levantando da banqueta.
— O que aconteceu? — Michael perguntou.
— quer ir embora sem ao menos cantar uma música! — Matt reclamou, parecendo extremamente ofendido, mas todos sabiam que o rodízio de cerveja o deixara alterado.
— Gente, eu não bebi o suficiente para me aventurar com um microfone. Ainda mais com toda essa quantidade de gente aqui presente!
— Nós vamos embora amanhã, ninguém mais vai te ver pelas ruas de Dallas pelos próximos meses — Louis interveio, entrando na onda dos amigos.
o encarou, pensativa. Por aquele lado, Louis estava completamente certo. Ninguém mais ali a veria tão cedo. E, lá dentro da sua mente, ela sempre tivera um pequeno sonho de cantar ABBA e mostrar seu talento com Mamma Mia para seus fãs imaginários. Mas a falta de álcool na sua corrente sanguínea estava a limitando em sentir vergonha.
— Ok, mas eu preciso de um shot — ela cedeu, mentindo para si mesma de que os olhos azuis de Louis não tiveram nenhuma culpa naquilo.
Ele tinha malditos olhos bonitos. E pidões.
— É pra já! — Foi Steve que se prontificou, chamando o barman e solicitando o shot de tequila para .
A mulher retirou o casaco, deixando-o sobre o balcão e segurou o pequeno copo assim que Steve a entregou. Os olhares curiosos daquelas enormes crianças de mais de 30 anos a deixaram apreensiva. Eles continuariam a vendo durante toda a turnê, então aquela noite poderia ficar marcada na memória de todos eles e ela não sabia se seria um fiasco ou um sucesso.
Ela puxou o ar e virou todo o conteúdo do copo em um único gole. A careta em seguida foi inevitável, mas não podia negar, foi um pequeno gás para ela seguir até o homem que cuidava das músicas do karaokê e solicitar Mamma Mia para assim que terminasse a cantoria de uma senhora com Stevie Wonder. Não tinha problema em se soltar, na verdade ela até gostava, mas dificilmente frequentava lugares como aquele em Los Angeles.
As oportunidades eram poucas.
O homem lhe entregou um microfone e a mostrou a tela pendurada onde apareceria a letra para ela não se perder. Assim que a senhora saiu do palco, a melodia de ABBA já começou a tocar e respirou fundo antes de subir no pequeno espaço de palco.
— I’ve been cheated by you since I don’t know when. — Ela não olhou para o pessoal, seu rosto estava pegando fogo e precisava acreditar que era da tequila. — So I made up my mind, it must come to an end… Look at me now, will I ever learn, I don’t know how, but I suddenly lose control, there’s a fire within my soul. Just one look and I can hear a bell ring, one more look and I forget everything, whoa. — Quando iniciou a parte que dava o nome a música, tomou um susto com todos os seus colegas cantando alto com ela. — Mamma mia, here I go again, my, my, how can I resist you? Mamma mia, does it show again, my, my, just how much I’ve missed you? Yes, I’ve been brokenhearted, blue since the day we parted, why, why did I ever let you go? Mamma mia, now I really know, my, my, I could never let you go.
Enquanto as batidas da música continuavam, se deixou rir. A empolgação do pessoal a estava animando também, e eles eram palhaços o suficiente para sequer colocarem a culpa na bebida por toda aquela agitação. Isso a deixava confortável, mesmo com tantos olhares sobre si.
A letra continuou e foi se deixando levar pela batida, mesmo que o significado não fosse assim tão bonito. Quando percebeu, já estava dançando e cantando como uma verdadeira profissional e ignorando as fortes batidas do seu coração, afinal não costumava ser tão forte assim para bebidas. O problema era que sabia que alguém a encarava tão fixamente que seu corpo estava se arrepiando instantaneamente, mas não queria saber de onde vinha, muito menos a quem pertencia.
Ela era noiva e se casaria em breve. Que Deus a perdoasse por tantos pecados em um só dia.
Assim que a música terminou, vários aplausos foram dados e se curvou, agradecendo ao público e voltando rapidamente para onde estava. Suas bochechas estavam ainda mais quentes e sua respiração descompassada o suficiente para a água já morna que havia pedido antes sequer aliviar sua garganta.
— Temos uma nova artista! — Joshua falou, apontando a tela do celular para todos verem uma foto digna de popstar de cantando.
— World Tour lá vamos nós!
— Vocês são muito palhaços mesmo. — Ela negou com a cabeça, rindo, solicitando mais uma água ao barman. — Eu cantei como pediram, agora vou pegar um táxi e ir para o hotel. Amanhã temos um longo dia.
— Acredito que todos nós já vamos também. — Louis se prontificou, levantando-se e vendo todos concordarem com ele. — Mas foi um ótimo show para fechar nossa noite!
— Obrigada. — Ela se curvou novamente, rindo e já buscando suas coisas para poderem voltar até a van que os trouxera.
Um dos seguranças pegou as comandas e se dirigiu ao caixa enquanto os outros dois escoltavam Louis de volta para o lado de fora do estabelecimento. O caminho de volta até o hotel foi mais silencioso, mesmo que ainda com algumas poucas vozes satirizando algo ou então programando o dia seguinte.
aproveitou para relaxar e ignorar tudo ao seu redor, só voltando a pensar quando chegaram ao corredor dos quartos do hotel em que estavam hospedados. Eles se desejaram boa noite e os ombros da mulher pararam de tensionar com o longo banho quente que tomou antes de deitar e apagar. Fazia algum tempo que não se divertia daquela maneira, ainda mais com o trabalho envolvido, e aquilo acabou fazendo-a dormir confortavelmente como há muito não fazia.
01:12 p.m
2 de fevereiro de 2022
O voo atrasou naquela manhã e, consequentemente, todo o restante também. A montagem do palco estava apertada, a passagem de som ainda não havia sido feita e aproveitou do caos para responder alguns e-mails que agora chegavam diretamente em sua caixa de entrada referente a vida e carreira de Louis Tomlinson.
Ela havia dormido tão bem que seu corpo estava inteiramente descansado, mas o frio que estava fazendo em Austin a deixava levemente sonolenta. Estava acostumada com as temperaturas de Los Angeles e o frio lá não era tão dolorido. Já tinha conseguido fotografar algumas coisas que julgava importante para o seu portfólio, mas também para o álbum que a equipe estava criando para presentear Louis no final da turnê.
Naquele momento, escolheu uma das diversas cadeiras que estavam dispostas pela plateia e atendeu a vídeo chamada de Edna, sabendo que estava na hora da sua primeira reunião de pauta individual.
— Boa tarde, Edna.
— Aqui para mim ainda é bom dia, almoçarei depois da nossa conversa.
riu.
— Certo.
— Quais são as primeiras impressões?
— Para o primeiro dia, são ótimas. A equipe funciona bem, Matt me deixou responsável por algumas outras coisas fora do habitual, mas que tem sido fácil lidar. É a primeira turnê dele, mas o pessoal contratado já tem bastante experiência, então não tivemos problemas graves por enquanto. Louis também é tranquilo, acata as solicitações e também deixa claro suas preferências.
— Nossa, para ser sincera, eu estava esperando uma enxurrada de reclamações, mas que bom que me surpreendeu.
— Estou feliz com isso também, mas você sabe que não conto vitória antes da hora.
— E está certa. Bom, então já que o relatório foi positivo, vou passar para algumas negociações. Vines pediu para que tentássemos algum patrocinador para o show com o contato da agência, falei com algumas empresas e por enquanto a única que respondeu foi a Adidas. Enviei seu e-mail para eles e também algumas informações suas para que pudesse retirar o valor aprovado em qualquer loja.
— Você já viu se tem alguma aqui em Austin? Estou um pouco livre agora.
— Em Austin mesmo apenas algumas revendedoras, o outlet oficial fica há uma hora de onde você está. Se conseguir ir hoje, passo o endereço.
— Me envie, vou ver se alguém pode ir comigo.
— Beleza. Já está na sua caixa de entrada.
— Mais alguma coisa?
— Por enquanto, apenas isso. Lhe mantenho informada se precisar de mais alguma coisa. Amanhã nos falamos no mesmo horário.
— Tudo bem, até amanhã.
desligou, já puxando sua caixa de e-mail para verificar o endereço e também o horário para ter certeza que teria tempo de ir e voltar para o show daquela noite. A julgar pela distância que o mapa mostrava, se fossem pela rodovia pedagiada, chegavam em 40 minutos. Daria um bom tempo e ainda conseguiria retornar para mostrar as coisas à Louis.
— E aí, , o que está fazendo? — Oliver se acomodou em seu lado, um copo térmico de café em uma das mãos enquanto a outra estava enfiada dentro do bolso do moletom.
— Precisando de alguém para ir até o outlet da Adidas comigo. Você consegue um carro? E um café desses?
— Consigo ambos, me acompanhe — Oliver respondeu, rindo, já se erguendo novamente, sendo acompanhado por . — O que precisa do outlet?
— Conseguimos uma parceria com a Adidas, para que Louis utilize roupas e sapatos nos shows, servindo de product seeding.
— O que isso significa?
— Uma estratégia de marketing para que os fãs que o acompanham assiduamente reconheçam e queiram comprar. Nada é publicado, ele apenas vai vestir a marca sem se pronunciar e a mágica estará feita.
— E isso funciona?
— E muito!
Oliver adentrou a cozinha do local e pegou um copo térmico para , enchendo-o de café. Em seguida, aproveitou que um dos seguranças do cantor estava ali também e explicou a situação, solicitando um dos veículos da equipe para que eles pudessem fazer aquela pequena viagem com tempo de sobra.
O segurança concordou e enviou uma mensagem para Matt, o avisando que estava saindo rapidamente com Oliver e logo estaria de volta. Ela ainda precisava fazer uma pesquisa rápida com as fotos recentes de Louis para ter uma noção mais firme de qual era o estilo dele e do que ele gostaria de ter para usar de verdade e não apenas como obrigação.
Era ótimo que Oliver estava indo. Ele o conhecia o suficiente para ajudá-la.
— Boa tarde, tudo bem? — Depois de exatos 43 minutos, e Oliver já estavam na loja da Adidas, aproveitando que a loja se encontrava vazia para falar à vontade. — Eu sou , seu gerente está? — ela questionou para a vendedora.
— Sim, sobre o que seria?
— Eu sou assessora de Louis Tomlinson e tenho autorização para retirar peças para publicidade.
— Claro, um minuto, vou chamá-lo.
concordou e já abriu o e-mail de Edna em cópia com a Adidas para poder mostrá-lo ao gerente assim que ele chegasse. Oliver observava algumas peças nas araras e sempre ficava de olho no lado de fora, como se eles pudessem estar sendo observados. A garota achou graça, afinal ele estava acostumado a andar com Louis por aí e provavelmente era comum as pessoas o reconhecerem facilmente.
— Boa tarde, senhorita , sou Taylor, como vai? — O homem de uniforme saiu da porta dos fundos e se aproximou da assessora, cumprimentando-a com um aperto de mãos.
— Boa tarde, Taylor, tudo ótimo. Eu tenho essa autorização para a retirada do valor publicitário do cantor Louis Tomlinson. — Ela mostrou o corpo do e-mail para o homem, onde uma senha estava escrita para que ele conseguisse passar as peças no caixa e obterem o desconto total.
— Claro, vocês podem ficar livres para escolherem qualquer peça da loja. Meu chefe já me ligou para confirmar a situação.
— Ótimo, vamos escolher então. Oliver, você pode me ajudar?
Oliver virou a cabeça para e franziu o cenho.
— O que disse, perdão? — ele perguntou, se aproximando.
— Preciso da sua ajuda. Você o conhece melhor e há mais tempo, o que acha que seria legal levarmos? Um samba, talvez?
— Hm… Louis já tem um. Acho que talvez ele gostaria desse. — O homem apontou para um superstar todo preto. — E também esse. — Ele apontou para outro modelo ao lado que também era todo preto.
— Sapatos pretos, tudo bem. — riu, pedindo para que o gerente e a vendedora separassem nos tamanhos do cantor. — Você acha que ele gostaria daquelas calças mais esportivas de agasalho?
— Com certeza. E camisetas mais básicas, regatas, sem muitos detalhes.
— Certo. — Eles foram até as araras de camisetas e e Oliver foram separando as que achavam que poderia combinar com Louis.
Ficaram cerca de uma hora dentro da loja, escolheram várias camisetas, calças, casacos, bermudas, meias, bonés e mais alguns pares de tênis. O valor era alto e rendia peças para quase todos os shows, o que deixaria Edna e a própria Adidas felizes. Além de um guarda roupa quase novo para Louis.
Taylor os ajudou a levar as sacolas para o carro e então puderam seguir viagem de volta para o Moody Theater, levando em consideração que chegariam quase cinco horas da tarde e teriam tempo o suficiente para irem ao hotel, tomarem um banho e retornarem para o local para mais uma noite de show. gostava daquela correria.
— E então, Oliver, como você e Louis se conheceram?
— Ah, sabe como é, foi amor à primeira vista — ele caçoou, abanando a mão propositalmente.
gargalhou.
— Eu logo imaginei, mas esperei algo mais profundo.
— Ficamos amigos na adolescência, na época do colégio. Louis mudou de escola no colegial e estava meio perdido, então como um ótimo amigo, me aproximei e desde então nunca mais nos desgrudamos. Ajudo ele com a agenda desde a época da One Direction, mas não sou um ótimo profissional nisso.
riu.
— Bom, se você fosse ótimo, eu não estaria aqui, então agradeço.
— Você tem razão. — Ollie também riu. — Mas é ótimo poder acompanhá-lo e ajudá-lo nessa nova perspectiva da carreira.
— Acredito que ele pense o mesmo.
— E você? Como era a sua vida antes de embarcar nessa loucura?
— Ah, eu sempre trabalhei no meio do caos, mas costumavam me chamar de caça talentos na empresa. Louis é o primeiro artista, já famoso, com quem estou trabalhando. Consequentemente, minha primeira turnê.
— Sério? Você parece muito habituada a esse mundo.
— Eu me adapto fácil. Gosto de trabalhar sob pressão.
— E o seu noivo — Oliver apontou para a pequena aliança de diamante no dedo de —, não ficou chateado? São meses longe de casa.
encarou o anel, tendo plena certeza de que Oliver precisou analisar bem o seu dedo para ter certeza de que aquilo era um anel de noivado. Era simples e delicado, quase comum, algo que bateu o pé para ter, visto que, se deixasse Caleb ou a mãe escolherem, ela teria algo gigante e fora do padrão naquele momento.
— Bom, ele ficou um pouco chateado sim, mas acho que entendeu.
— E vocês já tem uma data?
— Tínhamos. Mas teremos que adiar.
— Você não parece tão chateada com isso. — Oliver tentou rir, mas percebeu que não o seguiu, então parou. — Desculpe.
— Não, tudo bem, não esquenta. É que na verdade eu não estou tão envolvida nos detalhes. A mãe dele é uma cerimonialista famosa de Los Angeles e tem organizado tudo por conta própria, então acaba que nada me afeta muito. Eu só sorrio e aceno.
— Mas o casamento é seu.
— Eu sei, mas Caleb vem de uma família extremamente metódica, e eu sou tão diferente nesse ponto que acabo não me envolvendo para não enlouquecer, sabe? Casar na igreja e dar uma festa para mais de 100 pessoas nunca foi meu sonho.
— Então por que vai fazer isso?
suspirou. Passava tanto tempo trabalhando que mal tinha tempo de desabafar de verdade com alguém. Sua amiga mais próxima era Karen, com quem dividia o trabalho todos os dias e também o peso da vida adulta, mas às vezes mal lhe sobrava tempo realmente para sentar e conversar sobre o que estava lhe afetando. Era mais fácil, e prático, ligar para Bria enquanto tomava um banho e fazia a janta, atualizando a irmã sobre sua vida e ouvindo-a falar sobre a dela.
Oliver ter se interessado por suas questões pessoais a fez se sentir à vontade para falar e como não era uma boa mentirosa, a única opção era falar a verdade. Ser sincera sempre foi um defeito e uma qualidade de .
— Caleb sempre quis. Desde pequeno, vê famosos casando e sua mãe organizando as coisas mais lindas e emocionantes, então meio que estar inserido nesse meio o faz querer ter aquilo também. E o relacionamento é sobre isso, sim? Um cede daqui, outro cede dali.
— Realmente, nisso você tem toda razão.
— E você, tem uma namorada?
— Não. Livre, leve e solto para curtir a vida.
— Mas você tem vontade?
— Por enquanto, não. Acho que eu não saberia lidar com algumas questões que precisam existir no relacionamento, sabe? Gosto de poder acompanhar Louis quando estou de folga, gosto de trabalhar em qualquer lugar do mundo e isso acaba atrapalhando um pouco.
— Depende, se você achar alguém que tem o mesmo estilo de vida, é o contrário.
— Mas é difícil achar. Precisaria parar um pouco para procurar.
— Ou não, não subestime o destino! Eu acho que sua cara metade pode estar por aí te esperando e você nem sabe.
Oliver riu.
— Pode ser, quando ela aparecer, estarei disposto!
concordou e eles continuaram conversando como se fossem velhos conhecidos durante todo o percurso de volta. Oliver parecia aquele tipo de amigo que estaria sempre disposto a ajudar seja em qual fosse situação que a pessoa se metesse, e isso era ótimo para um artista em ascensão já que estar sempre viajando e trabalhando fazia com que as amizades se dispersassem.
Louis estava rodeado de pessoas incríveis e isso era ótimo.
Quando chegaram ao Moody Theater, pegaram todas as sacolas no porta malas e o segurança logo os ajudou quando viu o quão pesado tudo aquilo parecia. Oliver caminhou na frente, seguindo até o camarim de Louis, onde provavelmente o cantor já estaria fazendo os exercícios vocais para o show.
Ele entrou sem nem bater, dando de cara com Louis e a banda jogando vídeo game. Helene repassava alguns exercícios com o cantor, Steve e Michael competiam em uma partida de futebol, enquanto os outros vibravam como se fosse um jogo de verdade. não aguentou a risada, homens quando se juntavam em bando viravam eternos garotos.
— O que é tudo isso? — Louis perguntou, se levantando e retirando as sacolas das mãos de para apoiá-las em cima da mesa.
— Obrigada. — Ela sorriu, surpresa com a atitude dele. — Nossa agência conseguiu uma parceria com a Adidas. Oliver e eu fomos até a loja e escolhemos algumas coisas para que você possa usar nos shows a partir de agora. Não precisa se uniformizar, é um marketing sútil. Você pode usar uma peça hoje, outra amanhã e assim por diante.
— E pode também me dar alguma coisa como recompensa por ter trabalhado com sua assessora — Oliver brincou, arrancando risadas de todos que prestavam atenção na conversa.
— Vou fingir que não tem nada aqui que seja mais do seu estilo do que do meu de propósito — Louis falou, já remexendo as sacolas e verificando tudo que havia. — Muito maneiro, , obrigado!
— Imagina, é meu trabalho.
— Então esse vai ser uma recompensa pelo seu trabalho. — Louis pegou um dos bonés que estavam na sacola e se aproximou de . — Vai ficar muito melhor em você. — Era o único boné bege que tinha, os outros eram em preto, pelo visto uma das cores favoritas do cantor.
Ele encaixou cuidadosamente na cabeça da assessora, dando aquele seu típico sorriso feliz em seguida. nem percebeu que prendeu a respiração, mas soltou uma lufada de ar quando Louis já estava alguns centímetros distante novamente, mostrando para os colegas e fazendo todos concordarem que havia combinado muito com a mulher aquele acessório.
— Obrigada, pessoal — ela agradeceu, sentindo-se envergonhada. — Agora vou nessa, descansem e façam um ótimo show.
nem olhou para trás, apenas saiu do camarim com o coração nas alturas. Só poderia estar imaginando coisas, quer dizer, queria que fosse coisa da sua cabeça, porque o olhar de Louis havia mexido em algo dentro dela e isso a fazia se sentir mal, não por ele, muito menos por ela, mas porque era noiva e não poderia em segundo algum esquecer-se daquilo.
Não saberia dizer se em algum momento deu abertura para o cantor, nem se ele estava tentando algo… Céus, não sabia que um trabalho em tão poucos dias a deixaria maluca. Precisava parar de pensar antes que alguma besteira passasse por sua mente e a fizesse questionar toda a sua vida até ali.
— , que bom que voltou. Não havia falado com você ainda sobre o documentário que Louis estava gravando antes da pandemia, tem um tempo agora?
— Claro — concordou ao ser parada por Vines no corredor.
— Estávamos filmando um documentário para lançar no ano que vem, mas com a pandemia, precisamos dar uma parada em tudo. Agora com a turnê, vamos voltar a filmar, então nossas rotinas vão ficar mais agitadas. — Ele ia falando enquanto andava, sendo acompanhado por . — Louis ainda não comentou com quase ninguém, mas ele e a banda estão compondo novas músicas, ele quer tentar lançar um novo álbum ainda esse ano. Ele pretende ter todas as músicas escritas até a tour chegar em Londres, para que possamos fazer uma maratona de gravação no estúdio. Então suas folgas serão mais curtas do que do restante do pessoal, tudo bem?
— Sim, tudo certo. Mas o último show de abril é em Doncaster, a cidade natal dele, isso? — Matt concordou. — Ele vai ficar um tempo com a família antes de retornar para Londres?
— Um dia. Depois voltamos para Londres e passaremos todos os dias gravando, até viajar para Santiago.
— Perfeito. Tudo anotado na agenda já. Louis está comandando o documentário?
— Sim. Todas as ideias vêm dele, então a equipe está o acompanhando pessoalmente.
— Tudo bem, obrigada por me avisar.
11:12 p.m
3 de fevereiro de 2022.
O show já havia acabado em Houston, Louis já tinha feito algumas gravações com o pessoal do documentário e a banda combinou de ir em algum bar do centro da cidade para beber e jogar conversa fora. Coisa que eles faziam a todo momento no camarim, mas quando falou, zoaram com ela e falaram que o ambiente importava para os assuntos que tratavam.
Eles eram eternos piadistas, sempre com as respostas na ponta da língua.
Ela preferiu ficar no hotel naquela noite. Tinha enviado uma mensagem no dia anterior para Caleb, avisando-o sobre o planejamento da equipe e as coisas que saíram do idealizado com a pequena conversa que tivera com Matt em Austin. Ele ainda sequer havia respondido. E era impossível negar que aquilo estava a deixando chateada, mas, como não gostava de misturar trabalho com vida pessoal, preferiu sentar no bar do hotel e refletir sobre aquilo sozinha depois de todo o expediente, com uma taça de vinho generosa que o barman havia a servido.
Não sabia porque estava questionando os sentimentos sobre Caleb tão repentinamente. Ele sempre agira daquela maneira, um pequeno tratamento de silêncio quando precisava adiar um compromisso que ele julgava ser importante. A terapia não resolvia todos os seus comportamentos metódicos, apenas o acalentava sobre de onde eles vinham.
E sabia que o jantar de ensaio era importante para ele. Mesmo que fosse extremamente cedo para que eles fizessem, já que o casamento estava marcado só para o próximo ano. Mas, para quem teve dois jantares de noivado, um jantar tão adiantado não era nada. E Caleb já havia enviado os convites para as pessoas com a nova data e ele teria que refazer o trabalho com aquelas mudanças que haviam tido no calendário.
Entendia que isso era chato. Na verdade, passava um tom mal educado. Mas não iria simplesmente falar para seu quase chefe que não poderia acompanhar as gravações do novo álbum porque precisava voltar para Los Angeles para um jantar de ensaio. Oras, que se casassem sem ensaiar. Era óbvio.
Só que Caleb não via daquele jeito, porque toda a sua agenda havia sido modificada para que ele pudesse focar no casamento. Ele tinha todos os seus compromissos anotados desde o final do ano passado e para era impossível se programar tanto. Seu trabalho sempre seria uma incógnita com artistas mudando e renovando suas carreiras, mas parecia muito difícil para Caleb entender aquilo.
Sair da bolha de Los Angeles parecia estar afetando toda sua percepção sobre o que acontecia na sua vida lá. Sabia que um pouco da reação de Oliver também a deixou com aquela pulga atrás da orelha.
— Achei que você ia dormir. — A voz carregada de sotaque de Louis a fez tomar um susto sobre o banco.
— Caramba, Louis. — Ela riu em seguida, mas o coração estava tão acelerado que era bem possível ouvi-lo.
— Desculpa. — Ele também riu, sinalizando para o barman. — Me vê uma dose de vodca e um energético, por gentileza.
— É pra já.
— Você não ia para o bar? Onde está seu segurança? — rapidamente reagiu, olhando para os lados atrás de algum daqueles brutamontes que acompanhavam Louis.
— Está do lado de fora conversando com o gerente, logo deve se sentar em alguma mesa por aí. — Ele sinalizou para as pequenas mesas dispostas atrás deles. — Vi você aqui e vim te fazer companhia.
— Não precisava. Só desci para dar uma espairecida.
— Sem problemas, podemos fazer isso juntos. — Ele deu de ombros, dando o primeiro gole puro da bebida quando o homem o serviu, para em seguida preencher o copo com energético.
não evitou um pequeno sorriso, prestando atenção no homem ao seu lado por alguns segundos. Ele ainda estava com a mesma calça e o mesmo tênis que usou no show, mas agora tinha um moletom sobre a camiseta polo e seu cabelo parecia ainda mais bagunçado. Seus olhos sempre tinham um brilho excessivo, o qual acreditava ser pela cor tão cristalina.
— Então, como está sendo gravar o documentário novamente? — ela perguntou, puxando um assunto para tentar fazer sua mente ficar em silêncio.
— É meio doido ter alguém gravando você o dia inteiro, mas estou gostando. Criar é algo que me move.
— Você já tem muitas músicas prontas para o novo álbum?
— Prontas mesmo, somente duas. As outras são só rabiscos.
— Eu seria abusada em pedir para olhar? Antes de trabalhar com você, eu fazia apenas artistas novos, que precisavam se lançar na mídia ainda, então eu adoro ler e escutar novas canções.
— Posso te mostrar depois. Não sou tão adepto a escrever no celular, então os rabiscos são realmente rabiscos — Louis explicou, rindo quando bateu palminhas, animada. — Qual era o seu trabalho antes?
— Bom, como sou formada em psicologia, minha chefe achou que eu atuaria melhor com novos artistas, teria mais facilidade em lidar com os bloqueios criativos que davam após o lançamento do primeiro álbum, saberia ensiná-los a lidar com a mídia e o pós fama, essas coisas. Então eu costumo receber muitas demos de artistas que querem lançar carreira musical e os ajudo a trilhar esse caminho.
— Como uma empresária?
— Quase isso. Artistas novos não têm dinheiro para bancar um empresário, muito menos retorno para sustentar o próprio trabalho. Eu faço isso. Tenho os contatos dos estúdios, dos programas de TV e dos bares certos para eles se apresentarem.
— E o retorno deles é bom? Porque vocês retiram uma parte, né.
— Óbvio. Precisamos bancar os estúdios, as gravações, os lançamentos, mas o retorno deles tem sido bem grande. Temos tido sorte com quase todos.
— E depois que eles fazem sucesso, como fica?
— Normalmente nós indicamos empresas de agenciamentos e os mantemos na assessoria digital.
— Uma pirâmide! — Louis brincou, fazendo rir.
— Uma pirâmide de sucesso, Tomlinson!
— Você me convenceu tanto que, se trabalhasse em Londres, eu ofereceria meu estúdio para parcerias.
— Abra uma filial em Los Angeles e me envie um e-mail, posso analisar sua proposta.
— Combinado.
— Curiosidade, se você tem sua própria gravadora, por que assinou com a Epic esse ano? — aproveitou que o vinho estava a deixando à vontade e pediu para o barman voltar a encher sua taça já vazia.
— Logística. Além de que a Epic faz parte da Sony e eu tenho um longo contrato com eles. Mas me dão mais visibilidade ainda.
— E pretende continuar no mesmo segmento com o novo álbum?
— Pretendo fazer mudanças. Vão ser mais na pegada de Kill My Mind. Menos One Direction.
— Como assim? Vai sair do estilo pop-rock?
— O Louis da One Direction ama pop, mas o Louis Tomlinson se identifica mais com o indie, com músicas que cantadas em shows ficam eletrizantes, sabe?
— Sei. Arriscado eu diria. Mas opinião impopular talvez.
— É arriscado mesmo, mas prefiro fazer algo para agradar o público que realmente gosta de mim do que agradar a todos. Prefiro focar em ser eu mesmo.
— Você não se sente você mesmo com o álbum Walls?
— Não é sobre isso. Na verdade, eu acho que era sobre o momento que eu vivia. O momento de hoje é totalmente diferente.
— Acho legal que você tenha esse tipo de visão. Uma grande gama de artistas prefere continuar fazendo aquilo que o público gosta, para não perder as visualizações, nem o dinheiro. Mas é melhor quando o próprio artista se sente confortável com o que está cantando.
— Inovar e arriscar é sempre divertido.
— Você tem razão.
Louis pediu novamente mais uma dose para o barman e, nesse pequeno tempo, olhou o celular para ver se havia recebido alguma mensagem. Para sua surpresa, o nome de Caleb aparecia ao lado do aplicativo de mensagem e não saberia dizer se o que sentiu quando leu foi alívio ou culpa.
Caleb: Tudo bem, . Cancelei por ora o jantar, quando
você estiver com tempo, podemos conversar
e rever isso. Boa noite.
A frieza dele era clara em todas as letras digitadas. Aquilo perfurou o âmago de de uma forma que ela sequer imaginava que era possível. Mas, ao mesmo tempo que se sentia culpada por magoar Caleb, sentia também um tremendo alívio em saber que o jantar estava cancelado. Mesmo que fosse por ora, era o suficiente para que sua mente focasse novamente no trabalho e naquilo que amava.
— Tudo bem? — Louis perguntou, só então percebeu que deveria estar com uma careta em seu rosto.
— Sim, tudo certo. — Ela bloqueou o aparelho sem responder ao noivo, sabendo que de nada adiantaria naquele momento.
— E a sua irmã, como reagiu sobre a nossa foto?
— Ah, ela surtou por incontáveis minutos. Além disso, me implorou para levá-la ao show em Nova York. Eu disse que ia verificar e acabei esquecendo, obrigada por me lembrar.
— Ela mora lá?
— Sim, fez NYU e nunca mais voltou.
— Dê passagem direta para ela ficar com você no show de Nova York, então. Acredito que ela vá se divertir.
— Você não imagina o quanto! Peço desculpas antecipadamente caso ela aja como uma fã maluca.
— Não tem problema. — E novamente ele deu aquele sorriso.
Era um sorriso muito específico, difícil demais de explicar. Era como se Louis estivesse chapado o suficiente para não conseguir abrir os olhos, mas com muita preguiça de esboçar outra reação se não o sorriso. E, incrivelmente, ele ficava lindo.
Era uma beleza… diferente. Era algo que cativava pelo olhar, em seguida pelo sorriso e sem dúvidas pela conversa fácil. Louis provavelmente tinha uma lista enorme de pretendentes que se jogavam para cima dele com muita recorrência. Impossível não ficar encantado por ele.
— O que está pensando? — Louis perguntou, percebendo como ficara com os olhos fixados em seu rosto.
— Nada. — Ela rapidamente negou com a cabeça, virando o que restava do vinho em sua taça. — Acho que já está na hora de dormir.
— O quê? Não, você dorme muito cedo. Vou pegar uma garrafa de vodca e vamos até meu quarto para você ler minhas canções e meus rabiscos — ele decretou, finalizando sua bebida rapidamente e solicitando ao garçom uma garrafa da melhor vodca que ele tivesse.
— Louis, amanhã precisaremos trabalhar — alertou, sabendo que as duas taças que tinha bebido já eram o suficiente para tirá-la de órbita.
— Amanhã é outro dia.
revirou os olhos, contrariada. Sabia que iria. Estava curiosa para saber o que ele planejava para o próximo álbum e, durante o dia, era raro momentos em que eles ficavam sozinhos para terem aquele tipo de conversa. Algum dos colegas sempre estavam juntos e desviavam a atenção do que gostaria de falar. E aquele era o momento perfeito.
Só poderiam excluir a garrafa de vodca, afinal álcool, músicas e artistas não tinham um bom currículo quando se juntavam, e não gostaria de estar no meio. Mas ela foi de qualquer forma, visto que Louis gostava bastante de beber durante e após o show.
O quarto de Louis era no mesmo andar que todos os outros, visto que a política dos hotéis em toda sua grande maioria se repetia. Artistas e equipe tinham um andar inteiramente fechado para eles para que não houvessem incômodos de fora, como fãs e paparazzis. Não importava quem era o artista.
O segurança os acompanhou até a porta do quarto, ficando do lado de fora quando eles entraram. reparou em cada detalhe do lugar e em como o perfume dele estava impregnado por ali, mesmo que passassem a maior parte do tempo nos locais onde aconteciam os shows. Louis era um pouco desorganizado, mas preferiu evitar ficar tomando nota de como sua mala estava jogada ao chão, aberta, ou como seus sapatos estavam virados de qualquer jeito e a cama desarrumada por inteiro.
— Por favor, não repare na bagunça, eu costumo ser um pouco desorganizado — o cantor explicou, falando em voz alta os pensamentos de , consequentemente a fazendo rir.
— Não dá para te culpar completamente, os dias são uma doideira — ela comentou, sentando-se em uma das poltronas dispostas no pequeno hall que tinha ao lado das janelas. — E então, onde estão as músicas? — foi direto ao ponto, não querendo se alongar muito mais naquela noite.
Louis foi até a cômoda ao lado da cama e pegou dali um caderno preto, para em seguida pegar duas xícaras no armário do bar e também a garrafa de vodca. Ele se sentou na poltrona disposta ao lado de e entregou para ela o seu caderno de criações. Algo que relutou um pouco em pegar, o observando com os olhos levemente arregalados.
— Você vai me entregar isso, assim?
— O que que tem? — ele perguntou, despreocupado, se debruçando para servir as duas xícaras com vodca pura em cima da mesinha.
— Você me conhece, sei lá, há 4 dias e está me entregando um caderno cheio de criação sua. Confia em mim o suficiente para isso?
— Você é minha assessora agora, temos um contrato de confidencialidade e sempre trabalhou com isso. Acredito que terá uma boa opinião.
— Certo. — não evitou um sorriso, abrindo as primeiras páginas e se afundando na leitura dos verdadeiros rabiscos de Louis Tomlinson.
Aquilo era como entrar em um mundo à parte para ela. Muitas pessoas se sentiam extasiadas quando conheciam um país ou quando conheciam seu ídolo, mas, para , descobrir criações e ler novas músicas era o paraíso. Sua mente trabalhava no automático com essas novas descobertas e era sempre quando agradecia por ter encontrado a profissão certa.
Louis entregou uma das xícaras e dobrou as pernas em cima da poltrona, sentindo-se confortável o suficiente para relaxar. Algumas letras prontas ali foram de fácil reconhecimento para , afinal já eram músicas que ele cantava no show do álbum Walls. Então ela folheou mais, tentando encontrar algo que não conhecesse só de bater os olhos.
Louis tinha várias frases soltas escritas em algumas páginas, se juntassem — e fizessem sentido juntas, é claro —, ele já teria mais duas músicas, pelo menos. E eram frases boas e completas, que traziam significado, não aquelas coisas soltas que precisavam de outras palavras complementares para que passasse a ter um verdadeiro sentido.
Depois de mais algumas analisadas, encontrou uma folha passada a limpo, com um título e a canção já montada na estrutura lírica com estrofes e refrões separados. Aquilo era arte. Belíssima arte.
— Ela já tem melodia? — a mulher perguntou depois de ter lido duas vezes a letra, fazendo uma careta para o primeiro gole da vodca que ainda estava em sua mão.
— Já.
— Pode me dar uma palhinha? — Ela o olhou de forma pidona, ansiosa para saber como Louis imaginava aquela música.
Louis sorriu. Ele já estava na segunda xícara, talvez um pouco alterado, mas era impossível saber, justamente por ser aquele sorriso. Os olhos ficavam pequenos, quase escondendo suas írises brilhantes, e enrugavam nos lados. Seus lábios se juntavam em uma linha expressiva e era quase possível ver covinhas perto de sua boca, mas não quis confirmar, porque desviou os olhos com muita pressa para o papel novamente.
Era a segunda vez naquela noite que analisava o sorriso de Louis por mais tempo do que deveria. E isso a corroía de tantas formas que quase conseguiam ver o nó que formava em seu cérebro.
— It’s late now, I’m trying to find the words to say for ages. — A canção à capela a fez sorrir abertamente, prestando atenção em como Louis cantava. — Just have patience, It’s not how you spend the time It’s if you waste it… And I keep on building mountains hoping that they’ll turn to gold, but the truth is I still doubt that what I do can get me home, when it gets cold, oh, sometimes, sometimes I lose my hope.
ficou esperando por mais, mas Louis parou por ali mesmo, a fazendo resmungar de insatisfação.
— Você não quer que eu cante a música inteira, né? — Louis riu, finalmente abandonando a bebida em cima da mesa.
— Eu queria. Mas tudo bem, aceito só isso.
— O que achou?
— Muito boa. Diferente do que você canta hoje em dia, mas incrivelmente gostoso de ouvir.
— Obrigado. O que entendeu da letra?
— Senti que estava falando com seus fãs. — O concordar satisfatório que Louis deu fez continuar: — É sobre suas mudanças e como isso leva tempo, mas também sobre você querer alçar voos maiores e entender que precisa de paciência para que consiga construir sua montanha. E aí você encontra seus fãs, que têm as mesmas perspectivas e estão lutando para que cheguem juntos ao pote de ouro e isso vale a pena.
— Caramba, você foi bem mais profunda do que eu realmente tentei ser, mas descreveu perfeitamente. Você é mesmo uma caça talentos.
— Ei, eu só falei isso para o Oliver — reclamou, rindo.
— Nós somos amigos. — Louis também riu, dando de ombros.
— E fofoqueiros. Mas obrigada, eu sinto que fui feita para isso. Posso ler a outra?
— Claro que sim.
virou a página e mais uma vez uma canção toda estruturada estava na sua frente. Antes de ler, analisou o nome já criado, ‘Common people’. O título já lhe dava uma base do que ela acreditava que iria encontrar entre as frases e os significados ocultos da letra, mas se sentiu ansiosa para ler, como sempre acontecia.
Foram três leituras até ela conseguir ter uma boa base de entendimento. E se orgulhou da sua facilidade com músicas, porque foi exatamente o que pensou sobre o que seria. Louis era simples e didático, mas transformava a letra em fácil canção e aquilo era algo admirável em um cantor jovem sem tantos streams.
— Antes que você pergunte, essa ainda não tem melodia — ele falou, notando quando tirou os olhos do caderno.
— Só porque você já sabia que eu ia pedir uma palhinha. — Ela negou com a cabeça, vendo-o rir. — Mas tudo bem, eu gostei bastante dessa também.
— Quer compartilhar o que entendeu? Gostei dessa brincadeira.
— Certo. Você fala sobre suas origens, sobre mantê-las. Além de tentar transcrever que é importante valorizar a vida cotidiana e as relações que são feitas nela, retratando as pessoas comuns. Talvez por ver que existe muita superficialidade com a fama, você quer que percebam como o simples é especial.
— Bingo.
— Você é um ótimo compositor, Louis.
— Obrigado, .
— Estou ansiosa para os dias em Londres. — Ela se empolgou, batendo palminhas, se referindo as gravações do novo álbum do cantor.
— Estou começando a achar que você está na profissão errada. Deveria trabalhar diretamente com isso, com criações de músicas e gravações de discos — Louis sugeriu, se virando na poltrona para encarar melhor.
— Nah. — estalou a língua. — Eu amo assessorar, funciono muito melhor na parte burocrática das coisas. Decifrar letras e sugerir nas composições faz parte do meu eu psicóloga. É só um hobbie. Acho que aprendi a gostar disso justamente por fazer parte do meu trabalho também.
— Como escolheu a faculdade de psicologia?
— Como escolheu ser cantor? — ela devolveu, vendo o cantor revirar os olhos e rir. — Brincadeira, eu não sei bem. Já fazia estágio na área de assessoria quando comecei a faculdade, acho que foi algo mais para complementar e acabei me identificando bastante. Gosto de fazer análises.
— Mas você não é aquelas psicólogas que ficam tentando ler as pessoas a todo momento.
— Não, isso é horrível. Eu uso meu trabalho para o bem — ela brincou, sentindo um bocejo se aproximar. — Acho que está na minha hora.
— Mas já?
— Eu sou acostumada a dormir cedo! Hora extra não está no nosso contrato.
— Ouch! — Louis fingiu chateação. — Você sabe que o trabalho em turnê é integral, não é?
— Eu sei, mas tenho um mal chamado bebida e língua solta. — se ergueu, sabendo que Louis não estava chateado de verdade, eles estavam satirizando um ao outro a todo momento. — Mas eu realmente preciso dormir, se não amanhã você não terá assessora, muito menos uma entrevista.
— Tudo bem, eu tive algumas ideias com nossas conversas e vou tentar criar um pouco. — Ele também se levantou, acompanhando até a porta.
— Ótimo, ficarei feliz em ler mais canções. Boa noite, Louis.
— Boa noite, . — Antes que ela abrisse a porta para sair, Louis se aproximou e depositou um beijo na bochecha da mulher, sorrindo ao se afastar e a observando sair ao corredor.
jurou que seu coração havia parado por alguns segundos. Agiu no automático em todos os segundos que seguiram o beijo e só voltou a raciocinar quando já estava dentro do próprio quarto, encarando seu reflexo confuso no espelho.
Queria não pensar. Precisava não administrar aquela cena na sua mente e criar uma confusão maior do que o necessário. Eles estavam virando amigos, era somente isso. A sua falta de conectividade com Caleb estava a enlouquecendo e isso a fazia visualizar coisas que não existiam. Era a única explicação plausível e necessária.
Um bom banho quente e a cama confortável do hotel seriam o suficiente para fazê-la voltar ao eixo.
04:34 p.m
11 de fevereiro de 2022.
Quando adentrou a cafeteria, pôde sentir todos os seus músculos relaxarem. O frio que estava fazendo na cidade era algo surreal para o que estava acostumada. Precisou sair de manhã cedo para comprar uma roupa térmica para a ajudar a se aquecer, já que o que tinha de inverno, por mais quentinho que fosse, não era o ideal para Nova York. Então, quando sentiu o aquecedor do ambiente, conseguiu respirar mais tranquila.
Ela avistou Bria sentada em uma das diversas mesas e acenou para a irmã assim que seus olhares se encontraram. Antes de ir ao encontro da mais nova, seguiu para o balcão e fez um pedido básico, ainda estava estufada do almoço e não poderia demorar muito, afinal as gravações do documentário estavam a todo vapor e ela tinha prometido café fresco e cheio de açúcar para a equipe.
A última semana tinha sido uma loucura, os prazos pareciam curtos e Louis estava sempre criando ou se apresentando. Naquele dia cedo, eles também já tinham ido para uma entrevista e teriam mais duas no dia seguinte, mas estava começando a ficar intrigada com alguns veículos de comunicação. As rádios o chamavam para entrevistas, mas não o colocavam no ar, apenas no digital ou YouTube, as revistas a mesma coisa, postavam trechos nas redes sociais, liberavam vídeo on-line, mas no papel era como se Louis nem tivesse passado por lá.
não gostava de apelar, ela costumava ser mais grosseira e firme com o pessoal que entrava em contato com ela para que Louis tivesse mais destaque, mas ainda eram tentativas. Isso precisava de tempo para que criassem confiança nela.
— Como é bom ver você — falou, assim que largou suas coisas e seu café na mesa, abraçando a irmã apertado.
— Digo o mesmo. Parece que faz anos que não nos vemos.
— É quase como se fosse! — a mais velha acusou, sentando-se de frente para Bria.
— Você está tão bonita.
— Obrigada?
Bria riu.
— Você parece mais leve, feliz. Além, claro, de um estilo impecável, como sempre.
— Olha quem fala. Você é uma influencer em Nova York! Como está indo o trabalho? — perguntou, desviando o assunto por ter ficado sem graça, mesmo que tenha sido um elogio de sua própria irmã.
— Eu ainda continuo na revista, o trabalho de influencer é um caso à parte. Mas está sendo muito divertido, juro! Muitas marcas já me notaram e me enviaram coisas para testar e divulgar.
— Isso é incrível, Bria. Fico muito feliz por você. Você tem administrado as redes ainda?
— Sim, mas agora tenho uma assistente.
— Você é muito chique!
Ambas riram.
Mesmo com três anos de diferença uma da outra, e Bria sempre dividiram os mesmos sonhos, mas com expectativas diferentes. adorava trabalhar no ramo musical, com cantores, estúdios e novos rostos. Bria preferia a moda, gostava de criar layouts com modelos, cobrir ensaios fotográficos e estar em Nova York, onde tudo isso acontecia com muita facilidade.
Era por isso que uma trabalhava em Los Angeles, com uma agência que só assessorava cantores, e a outra em Nova York, em uma revista de moda. A vida tinha sido muito boa com as irmãs até então e elas batalhavam para que continuasse daquela forma, mesmo que isso custasse alguns finais de semana em família e jantares de Ação de Graças na casa dos pais.
— E o seu trabalho, como está? Pela sua cara de alegria, só consigo pensar que tudo está indo maravilhosamente bem.
— Está mesmo. Não pensei que eu ia gostar tanto de trabalhar em turnê, com cantor mais conhecido, sabe? Tem sido uma experiência única.
— E como ele é? — Bria perguntou em expectativa, fazendo rir.
— Você ainda gosta de One Direction?
— É claro! Tem como desgostar? Eles eram maravilhosos.
— Louis é ótimo. Estereotipei ele um pouco antes de conhecer, porque ele passa uma imagem de rebelde sem causa, mas é extremamente comprometido e cem por cento envolvido em tudo. É um trabalho “fácil”, por assim dizer.
— Ele parece mesmo um rebelde sem causa! Mas que bom que te surpreendeu, estou muito empolgada para hoje.
— Ele disse que vai ser uma experiência para ele também, ter uma fã assistindo ao show pelo lado de dentro.
— Prometo que vou me comportar!
— Eu espero mesmo, Bria, não posso cogitar em atrapalhar. Você quer ir agora comigo?
— Está falando sério?
— Sim, prometi que levaria café para todo mundo e acredito que eles já tenham terminado as demandas obrigatórias, então está na hora.
— Meu Deus, calma, preciso começar a registrar. — Bria pegou o celular em cima da mesa e mirou a irmã com a câmera. — Me dê um lindo sorriso, , você está prestes a ganhar mais seguidores.
fez o que a irmã pediu, sorrindo abertamente. Bria a publicou em seus stories com uma legenda puxa saco: Hoje vamos acompanhar a melhor assessora da Califórnia @madisonhart. E obviamente republicou, afinal, desde que iniciara a trabalhar com Louis Tomlinson, suas contas pessoais haviam sido deixadas de lado e isso não era uma boa coisa para o trabalho que prestava.
As irmãs se dirigiram para o balcão e solicitaram todos os cafés que a equipe de Louis pedira para antes dela sair. Deus abençoasse o inventor do suporte para carregar os copos, se não ela nunca conseguiria levar tudo até o Hammerstein Ballroom. E ainda bem que Bria era uma boa nova iorquina forasteira e escolheu uma cafeteria bem próxima, andar no frio era terrível.
— Meu celular não para de tremer dentro do bolso — comentou, ansiosa para verificar o que estava acontecendo com seu Instagram.
— É o preço de ser marcada em um storie meu. — Bria deu de ombros, caindo na gargalhada com a careta que lhe fez.
Assim que chegaram ao local do show, deu a volta para entrar pela lateral, já avistando algumas fãs cercarem a entrada principal. Eles fizeram um post no Twitter pedindo para que só fossem para o Hammerstein próximo ao horário da apresentação da banda Sun Room, para que não ficassem muito tempo naquelas baixas temperaturas, mas fãs sequer se importavam com o que acontecia ao redor quando o ídolo estava por perto.
O segurança reconheceu e as deixou entrar, fechando a porta rapidamente para que ninguém percebesse que a movimentação estava sendo por ali. Sun Room passava o som no palco e era possível ouvir pelos corredores, era uma banda animada do sul da Califórnia e faziam muito o estilo dos artistas que trabalhava, então assistir a passagem de som deles era um ótimo refúgio durante o trabalho.
caminhava na direção do camarim, onde normalmente todos estariam reunidos nesse horário. Sabia que Bria ficaria com vergonha, mas os meninos da banda costumavam ser um ótimo remédio para aquele tipo de reação.
— Tem alguém aí? — Ela bateu na porta, em seguida já a abrindo.
— Ei, eu estou nu! — A voz de Steve sobressaiu às dos demais.
— Então vista-se, estou com companhia.
— Você ainda acredita nele, nunca vai perder a graça. — Michael abriu a porta para que e a irmã pudessem entrar com os cafés.
— O dia que eu deixar de acreditar, algo grave vai acontecer, é sempre assim. Trouxemos os cafés que pediram.
— E mesmo que o Steve te faça perder a paciência, você sempre nos mima. Obrigado, Foster, por ter nos abandonado! — Joe fingiu orar aos céus, citando o nome do antigo assessor.
Michael e Isaac, que estavam mais próximos, ajudaram as garotas a distribuírem os cafés entre a banda e, no time perfeito, Vines apareceu para levar o restante para o pessoal das filmagens e seguranças. Se houvesse alguma restrição, estaria ferrada, porque eram todos os cafés iguais.
— Bom, agora vou apresentá-los. Pessoal, essa é Bria, minha irmã mais nova. Ela mora aqui em Nova York e hoje vai assistir ao show comigo; Bria esses são Michael, Isaac, Steve, Joe, Matt e Joshua. E aquele que saiu levando os cafés era o Matt Vines, o empresário de Louis.
— Olá, pessoal, é um prazer. — Bria acenou, parecendo receosa com toda a agitação.
— Olá, Bria — eles falaram em uníssono, rindo logo em seguida.
— Prazer, Bria, o pessoal é meio maluco, mas todo mundo é do bem. — Joshua quem tomou a iniciativa.
— Seu ídolo ainda não está aqui, mas logo deve chegar — falou alto, vendo a irmã a fuzilar com o olhar.
Joshua enturmou Bria em uma conversa preliminar sobre ela já conhecer o trabalho de Louis e aproveitou para olhar seu celular, tentando entender o que eram todas aquelas notificações. Uma DM verificada a fez franzir a testa, mas logo em seguida prender um sorriso entre os lábios ao ver de quem era.
@louist91: Você tem folga? Também quero.
@madisonhart: Não estou lhe vendo no trabalho, então acho que conseguiu.
Ela não precisou esperar uma resposta, em poucos minutos Louis e Oliver estavam passando pela porta já de roupas trocadas e perfume exalando. O cantor deu uma curtida na resposta da assessora e sorriu para ela assim que a avistou, piscando um dos olhos.
— Onde está sua irmã? — ele perguntou, não prestando atenção ao redor.
— Bem ali. — Ela apontou para Bria, a qual mostrava animadamente seu trabalho para Joshua e Matt. — Vou te apresentar — falou, chamando Louis com a cabeça para se aproximarem. — Bria, Louis; Louis, Bria. E aquele é o Oliver. — A assessora apontou para o amigo do cantor, centrado demais no próprio celular para reparar que tinham uma nova companhia.
— Nossa, ela me apresentou como se eu fosse um qualquer — o apresentador reclamou, botando a mão no peito. — Achei que éramos amigos.
— Não fique chateado, Bria sempre foi fã da One Direction, o momento é do Louis! — falou, rindo.
— É um prazer, Bria, espero que estejam lhe tratando bem e que seja uma noite inesquecível. — Louis deu dois beijos na bochecha de Bria e em seguida a abraçou, notando o quão ansiosa ela parecia.
— Obrigada por ter me deixado vir! — ela falou, ainda abraçada com o cantor. — Meu Deus, você é muito cheiroso! Tenho certeza que vai ser incrível. — Bria o soltou desajeitadamente.
— Você só está dizendo isso porque não o cheirou depois do show — Michael resmungou.
— Dá um abraço nela depois da última música, tenho certeza que ela vai mudar de ideia — Steve completou.
— Céus, vocês estão com ciúmes, querem que eu traga uma tiete para cada um também? — brincou e todos riram em conjunto, inclusive Louis.
— Não ligue para eles, não sabem me dividir com ninguém — o cantor caçoou.
— Bom, agora que todos já a conhecem, vamos deixar vocês fazerem o ritual pré show.
— O pós show vocês vão conosco? — Oliver perguntou, depois de se apresentar para Bria.
— Não sei, para onde vão?
— Vines fechou o rooftop do hotel para comemorar a entrevista para a Billboard.
— Ainda não tive tempo de falar com ele, mas acredito que poderemos ir, sim. O que acha, Bria?
— Claro!
Bria cantou todas as músicas do show e aquilo impressionou o suficiente para passar metade do show filmando com o celular da irmã, enquanto usava o seu para trabalhar. A mais nova fez diversos stories e seu Instagram ficou tão pontilhado que acabou ganhando ainda mais seguidores por descobrirem que ela era assessora do Louis Tomlinson.
Estava assustada em como os fãs eram rápidos e ágeis quando o assunto era stalkear.
Quando o show finalizou, Louis se aproximou todo contente de Bria e conversou por vários minutos com ela, tentando entender o que a mulher tinha achado do show, como ela se sentia. Um verdadeiro gentleman que a fez ficar nas alturas no caminho para o hotel, só elogiando e falando como aquele era o melhor dia da sua vida.
E ficava extremamente feliz pela irmã. Não tinha um ídolo para chamar de seu, já que músicas fixas não existiam na sua playlist, mas a forma como Louis lidava com os fãs a fazia crer que todos deveriam ser daquele jeito. Fazer questão de saber como os fãs estavam e como lidavam com sua carreira.
Ao chegarem ao rooftop, uma caixa de som estava tocando as músicas preferidas de Louis que incluíam The Fray e Arctic Monkeys, um dos garçons do hotel estava servindo bebidas e petiscos estavam dispostos sobre uma mesa montada próxima a porta. A comemoração era por conta da entrevista que o cantor realizou naquele dia para a Billboard, mas sabia que era só um pretexto, porque eles comemoravam todos os dias.
Ela deixou Bria se servir e continuar se enturmando com os garotos e foi até uma das mesas mais distantes com vista para a cidade para poder visualizar o celular. Durante o show uma mensagem de Caleb chegou em sua caixa de entrada e para que sua irmã não percebesse o pequeno desentendimento que seu noivado andava, ela ignorou. Mas precisava responder antes que ele pensasse algo errado.
Caleb: Tudo bem, . Entendo ser
seu trabalho, mas esses 10 dias estão me fazendo acreditar
que você não quer se casar. Odeio tratar esses assuntos pelo
telefone, mas qual outra oportunidade você me dá?
: Não sei por que está dizendo isso, só
estou pedindo para adiar. As coisas têm ido muito bem
por aqui e você sabe que é uma oportunidade excelente
para mim e para minha carreira. Não
nasci em berço de ouro como você.
estou pedindo para adiar. As coisas têm ido muito bem
por aqui e você sabe que é uma oportunidade excelente
para mim e para minha carreira. Não
nasci em berço de ouro como você.
Caleb: Ele sequer é tão famoso assim para que
você alavanque a sua carreira, . As
rádios nem tocam as músicas dele. Isso está sendo um tiro no pé.
precisou respirar fundo. Caleb estava respondendo naquele exato momento e eles estavam alterados, sabia disso, mas não poderia continuar aceitando aquilo. Se era exatamente o que ele pensava sobre o trabalho dela, então as coisas não dariam certo com eles tão distantes. Nem com Caleb sendo sem papas na língua para lidar com as coisas que eram importantes para ela.
: Espero que isso tenha sido da
boca para fora, porque, se é o que você pensa
sobre o meu trabalho e a carreira de Louis Tomlinson, então,
realmente, eu não quero me casar.
boca para fora, porque, se é o que você pensa
sobre o meu trabalho e a carreira de Louis Tomlinson, então,
realmente, eu não quero me casar.
Caleb: Estarei em Chicago no mesmo dia que
você, segundo nossa agenda compartilhada. É melhor que conversemos
pessoalmente, .
Ela não respondeu. Bloqueou o celular e respirou fundo mais uma vez. Estar longe de casa estava a fazendo questionar seus próprios princípios e sabia disso, afinal, o costume era acatar as coisas que Caleb falava e não discutir, era o melhor para sua saúde mental e também o fazia acreditar que as coisas estavam sob controle, mesmo quando ela precisava adiar algo ou remarcar eventos.
Era claro que um relacionamento a distância com tão poucas visitas dificultaria o processo e desgastaria a relação, mas depois de dois anos, achava que eles não teriam problemas em lidar com aquilo. Principalmente com o empenho de Caleb em se casar e fazer daquilo o mundo dos sonhos dele. Mas, naquele momento, estava vendo as coisas por outro ângulo, e não era bom.
Pelo contrário, a liberdade de estar em turnê e poder planejar as coisas no seu próprio horário, sem seguir à risca os compromissos do noivo e sua rotina pré estabelecida, estavam a fazendo enxergar um novo mundo, com novas possibilidades e um trabalho que parecia muito a sua cara. Acompanhar um artista em turnê e em fase de criação, com vários projetos em mente e que a fariam trabalhar em cada lugar do mundo, era incrível para , mas Caleb estava a fazendo questionar se aquilo era mesmo o certo a seguir.
— Você já pode parar de trabalhar — Louis falou, chamando a atenção de e se sentando na cadeira de frente para a assessora. — Um champanhe para brindarmos. — Ele carregava duas taças e entregou uma para .
— Só estava repassando as perguntas da entrevista de amanhã com a The Brooklyn Rádio — ela mentiu, afinal já tinha repassado durante a tarde e o horário já estava confirmado. — Obrigada. — segurou uma taça e sorriu, mesmo que forçadamente. — Ao que você quer brindar?
— Eu queria lhe fazer um convite. Então se você aceitar, brindaremos a isso, caso não aceite, escolherei outro tema.
riu verdadeiramente.
— Que convite seria esse?
— Não sei se sua pesquisa foi completa, mas, no ano passado, iniciei um projeto que era um grande sonho, o The Away From Home Festival. Ele foi inteiramente criado por mim, então sou eu que escolho as bandas, o local, os colaboradores, enfim, tudo. A primeira edição foi gratuita, eles precisavam fazer um cadastro no site oficial e estavam dentro, mas esse ano precisarei cobrar e também queria tentar achar patrocinadores.
— Entendi. Você quer que eu te ajude a encontrar?
— Calma — ele pediu, rindo. — O cenário da pandemia me fez criar muito e acabou que muitas coisas acabaram ficando para esse ano, então estamos continuando a Tour Mundial, estou criando um novo álbum nesse meio tempo, gravando um documentário e ainda preciso administrar minha marca e o festival, além da gravadora.
— Você é multifunções e está dando muitas voltas, fale logo.
— Matt tem me ajudado um pouco, mas ele precisa administrar minha carreira, então… — Louis ignorou o pedido afoito de . — Queria saber se você aceita ser minha assessora pessoal, para me ajudar com o festival, a 28 clothing e todo o resto.
— Louis… — estava incrédula, não era exatamente aquilo que estava esperando e a surpresa a pegou de jeito. — Calma, eu… Como assim? Você me conhece há 10 dias.
— Mas eu gosto do seu trabalho, você é prática, resolve as coisas rapidamente e é exatamente o que eu preciso. Alguém que tome a frente e entenda a forma que eu trabalho para poder aplicar com os fornecedores e clientes, para que eu consiga ter um pouco mais de tempo para finalizar meu segundo álbum. Você faz isso de olhos fechados.
— Eu agradeço, de verdade, é… Nossa, é muito importante você me falar isso exatamente agora, mas eu preciso pensar.
— Eu imaginei que sim, pedi para Matt lhe enviar uma proposta elaborada amanhã de manhã e vou precisar de um retorno até dia 17, é o suficiente?
— Sim, é sim. Vou analisar, conversar com a Edna e te retornarei o mais breve possível. Te agradeço muito pela confiança no meu trabalho.
— Eu que agradeço, me vi desesperado quando Foster saiu e a tour estava prestes a começar, então ter encontrado você foi essencial para todos da nossa equipe, inclusive eu.
sentiu as bochechas esquentarem e sorriu.
— Então um brinde a isso. A essa oportunidade incrível que você está me oferecendo. — Ela ergueu a taça e Louis fez o mesmo, encostando levemente uma na outra.
nem percebeu, mas bebeu tudo em um único gole. Sua cabeça estava confusa, afinal não fazia nem trinta minutos que havia lido uma mensagem de Caleb a falando que aquele trabalho era um tiro no pé, e alguns minutos depois Louis a ofereceu um emprego que, com certeza, lhe pagaria muito mais do que recebia hoje, e a faria trabalhar com várias coisas que amava de verdade.
E mesmo que fosse uma sonhadora nata, precisava também colocar os pés no chão. Teria que largar a agência e passaria mais tempo fora de casa, o que com certeza continuaria pesando em seu relacionamento com Caleb. Por esse motivo que não confirmou no mesmo momento, existiam algumas coisas que ainda precisavam ser resolvidas para que ela fizesse isso de cabeça limpa e com toda a certeza de que era o certo.
— Você quer mais? — Louis apontou para a taça vazia.
— Não, obrigada.
Ela precisava desabafar com alguém o quanto antes, então se bebesse mais álcool, sua mente viraria de ponta cabeça e ela faria tudo conforme a vontade do seu coração. E não era bem assim que um adulto resolvia as coisas.
— Está tudo bem? Você está com uma cara pensativa — Louis alegou, puxando um cigarro do bolso junto com um isqueiro. — Se importa se eu fumar aqui?
— Não, fique à vontade. E está tudo bem sim, minha cabeça agora só está a mil tentando pensar em como organizar as coisas. — Ela riu fraco, suspirando logo em seguida. — Posso fazer algumas perguntas para me ajudar a pensar melhor?
— É claro que sim. — Ele deu a primeira tragada no cigarro e jogou a fumaça para o lado. — O que você quer saber?
— Você trabalha mais em Londres ou Los Angeles?
— Londres. Tenho uma casa em Los Angeles, mas uso mais quando vou passar um tempo com Freddie.
— Certo, eu teria que me mudar?
— No mundo ideal, sim, mas sei que tem uma vida inteira em Los Angeles, então se conseguir conciliar as coisas morando lá, por mim tudo bem.
— Você prefere uma assessoria diária, semanal ou mensal?
— Diária. As coisas vão acontecendo muito rápido e quanto mais cedo chegarem até mim, melhor.
— Quais seus objetivos pros próximos anos?
— Uma nova tour, um novo álbum e um crescimento exponencial.
— Certo, prometo pensar com carinho e analisar a proposta.
— Vou aguardar sua resposta. — Louis lhe piscou um dos olhos, tragando mais uma vez seu cigarro.
— Vocês estão trabalhando demais, vamos beber. — Isaac parou ao lado dos dois, tirando a atenção que eles tinham um no outro e colocando um copo de shot na frente de cada um.
— Vocês são muito alcoólatras — reclamou, virando a tequila de uma vez só e fazendo uma careta no final.
Já tinha bebido o equivalente a sua adolescência naquela turnê e só estavam nos Estados Unidos, não queria nem pensar como seria quando fossem para a América Latina. Isaac se empolgou com Louis sobre uma nova música que eles estavam compondo e aproveitou para sair de fininho e ir fazer companhia para a irmã.
7:56 a.m
12 de fevereiro de 2022.
— Para onde está indo? — Bria perguntou, grogue, se remexendo na cama com dificuldade de ficar com os olhos abertos para visualizar a irmã.
— Na academia do hotel, quer ir comigo? — respondeu, vestindo um casaco grosso em cima da roupa de ginástica e logo em seguida penteando o cabelo.
— Que horas são?
— Quase oito.
— Você se remexeu a noite inteira, está tudo bem? — Bria se esforçou para sentar e resmungou quando sentiu a cabeça doer. — Chegamos às quatro da manhã.
— Estou bem, mas minha cabeça não para de pensar um segundo sequer — falou, sentando-se na cama para calçar os tênis. — Preciso liberar essa adrenalina.
— Eu tenho um trabalho em Jersey depois do almoço, mas dá tempo de ir com você. Quer conversar?
— Quero. Tem mais um conjunto de ginástica na minha mala, vou buscar café e nos encontramos na academia.
— Tudo bem, estarei lá.
concordou e saiu do quarto, ativando seu fone de ouvido nas primeiras faixas prontas de Mia Catalano que Karen tinha enviado no dia anterior. A pegada country estava incrível e a voz da garota combinava perfeitamente com o ritmo animado e dançante da melodia. Analisar e passar um feedback para Karen sobre o que tinha achado a fez sentir saudades de casa.
Mesmo que Karen estivesse com a maioria da sua cartela de clientes e tivesse total autonomia para controlar o que aconteceria a partir do momento que saiu de Los Angeles, ela fez questão de enviar o que tinham pronto para que pudesse ouvir e dar sua opinião sincera. E foi a melhor coisa para tirar sua mente um pouco do foco das decisões que tinha que tomar.
Ela pegou dois copos fumegantes de café preto no restaurante do hotel e seguiu para a academia determinada em fazer um aeróbico para retornar sua normal adrenalina para o corpo. Guardou a esteira do lado da sua para Bria colocando o copo de café sobre ela e iniciou uma caminhada enquanto remexia seus e-mails, fingindo que não estava fazendo aquilo para que pudesse ter logo a proposta de Matt Vines em anexo.
— O que está acontecendo? — Bria perguntou assim que chegou ao lado da irmã, tomando dois longos goles de café para acordar. — Percebi que você estava um pouco desfocada ontem à noite, mas achei que pudesse ser cansaço.
— Também era, acompanhar o pessoal tem sido exaustivo, eles têm energia de cinco labradores reunidos em um apartamento.
— Você os resumiu perfeitamente. — Bria riu. — Mas o que mais tem acontecido?
suspirou. Na sua cabeça eram milhões de coisas, mas precisava esclarecer os dois pontos mais importantes primeiro.
— Bom, para você entender bem o que estou sentindo, primeiro é sobre o Caleb.
— Eu recebi uma mensagem mudando a data do jantar de ensaio e logo depois uma cancelando, tem a ver com isso, não tem?
— Sim. Estava tudo certo para mudarmos a data para uma das pausas da turnê e a princípio Caleb não parecia chateado com isso. Mas então Vines me avisou que essa pausa, na verdade, seria mais curta para mim, porque eu precisaria estar em Londres por mais tempo com eles. E quando eu avisei a Caleb, ele me tratou com muita frieza.
— Mas ele sempre faz isso, o que te surpreendeu?
— Não sei, acho que estar longe e não vê-lo depois da mensagem me fez sentir algo diferente sobre.
— Diferente tipo o quê? Você nunca foi de ligar muito para esse jeito esquisito dele, o que ao meu ver, não te favorece em nada.
— Não sei, isso que está me enlouquecendo, não saber o que estou sentindo.
— Você está com medo de perdê-lo?
— Não.
— Está incomodada com a forma que ele tem lidado com seu trabalho?
— Um pouco.
— Já temos um ponto — Bria falou triunfante, esticando um pouco o corpo para poder aumentar a velocidade da irmã. — O que ele falou que realmente incomodou você, levando em consideração que você nunca se incomoda com a forma que ele age?
— Ele disse que esse trabalho era um tiro no pé — desabafou, controlando a respiração e iniciando uma corrida leve. — E não é que eu não me incomode com a forma que ele age, falando assim dá a impressão que não o amo. Eu só evito discussões, você sabe disso, sou prática.
— Você ser prática é sempre uma questão para nossas conversas. Às vezes, não dá para ser prática. E não que eu não apoie seu relacionamento, só acho que você merecia ser mais ouvida.
— Ele me ouve, só está ansioso com o casamento e não quer que nada saia do planejado.
— Pare de mentir para você mesma — Bria pediu, desligando as esteiras ao mesmo tempo.
— O que está fazendo?
— Vamos fazer abdominais — a mais nova decidiu, caminhando até a parte de espelho do local e colocando dois tapetes de yoga no chão para ambas. — Você não pode continuar achando que é normal ele e a mãe decidirem o casamento sozinhos, enquanto você só vive e trabalha.
— Eu não quero me envolver — respondeu, deitando-se e iniciando o exercício ritmado com a irmã. — Tenho muitas coisas para lidar, ainda mais agora que nem estou na cidade.
— Então você não quer se casar.
— Você sabe que nunca foi meu sonho.
— Mas por que vai fazer? Por que não senta e conversa com o Caleb e explica que entrar na igreja vestida de branco é uma coisa que você não deseja?
— Porque nossos pais sempre nos ensinaram que, para um relacionamento durar, ambos os lados precisam ceder em alguns sonhos.
— Pelo amor de Deus, . Se a mamãe ouve você falando isso, ela te dá um belo de um tapa.
— Mas foi isso que eles sempre falaram. Não estou lhe entendendo. — parou o exercício e se sentou, a respiração descompassada por estar conversando ao mesmo tempo que fazia abdominais.
— Eu não sei onde eu estava quando a forma que nossos pais falavam sobre o casamento deles fazia gerar esse tipo de pensamento — Bria ralhou, também se sentando. — Nosso pai cedeu lá atrás quando entendeu que o sonho da nossa mãe era ter uma galeria famosa e que se sustentasse sozinha, para que então eles pudessem realizar o sonho dele, que era viajar o mundo em um trailer. Nesse meio tempo, nosso pai continuou trabalhando e conquistando para que, quando chegasse a hora de realizar o sonho dele, eles estivessem financeiramente estáveis.
sentiu os olhos marejarem.
Droga.
Sua irmã mais nova estava lhe dando um sermão digno de novela mexicana e ela estava com vontade de chorar. Não porque estava triste com sua vida, mas porque sabia que ela estava coberta de razão e a história dos pais sempre a deixava vulnerável sobre encontrar o amor.
— Desculpa, , eu não quero brigar com você e sei como você luta em tentar se colocar em primeiro lugar. Mas o seu topo sempre é sobre o seu trabalho. Pode ser uma conquista profissional que vai te fazer feliz, mas o que vai fazer a , que nem sabia o que queria ser da vida, feliz novamente?
— Eu amo o que eu faço.
— Eu sei que sim, todos sabem. Você é excelente nisso. Mas fora o seu trabalho, o que você precisa para se importar com você mesma?
— Não sei — ela murmurou, voltando a se deitar.
Precisava de mais exercício.
— Então está na hora de descobrir. E se isso significa ter que discutir com Caleb para que os sonhos dele fiquem um pouco para trás agora, então é o que deve fazer.
— Ele vai estar em Chicago no mesmo dia que a turnê e quer conversar pessoalmente.
— Ótimo, isso tirará os problemas das mensagens de texto e os contextos fora de ordem.
— Mas tem outra coisa, Bria. — se esforçou para continuar os abdominais, sentindo a exaustão se aproximar conforme o peso ia diminuindo em suas costas. — Ontem, Louis me ofereceu o cargo de assessora pessoal. Ele precisa de alguém para ajudá-lo a administrar as mil e uma coisas que ele tem planejado para esse ano e disse que me queria na equipe de forma fixa.
— Uau! Isso é muito bom, não é?
— É, mas eu precisaria passar mais tempo em Londres, já que é lá que ele mora e trabalha a maior parte do tempo e…
— Você acha que Caleb não vai gostar disso.
— Sim.
— … Se eu for muito sincera, posso te chatear.
— Nesse momento, eu preciso da sua sinceridade. Não tenho mais ninguém, Bria, e falar sobre isso está ajudando a minha mente.
— Certo, então vou te dizer o que eu faria com base na forma que te conheço. — Bria parou o exercício mais uma vez e se sentou para poder encarar a irmã. — Eu aceitaria o emprego, afinal de contas, você sempre sonhou com isso, com algumas coisas diferentes, mas praticamente isso que está vivendo. Você saiu dos artistas em início de carreira e está assessorando um artista que já tem um histórico e que tem crescido cada vez mais, ou seja, isso vai te tornar uma profissional ainda melhor. Você vai conhecer lugares que sempre quis, mas que, por causa do trabalho, ainda não tinha conseguido. E olha que incrível, agora o seu trabalho que vai proporcionar.
também se sentou, retirando o casaco para poder respirar melhor, já sentindo o calor resultante dos exercícios - era o que ela achava.
— Quanto ao Caleb, eu terminaria com ele. Não me leve a mal quanto a essa resposta tão prática, mas você mesma se diz alguém pragmática, então, se não quer se casar e está ponderando aceitar o emprego que a deixará ainda mais distante de casa, não sei por que está sendo tão difícil pensar a respeito.
— Porque nunca é fácil colocar um ponto final.
— Você já tinha pensado sobre isso — Bria concluiu, percebendo que a irmã estava relutante em aceitar o que precisava ser feito.
— Eu ainda nem vi a proposta e, não sei, mesmo que minha vida seja prática, eu tenho dificuldade em romper ciclos. Eu o amo, mas…
— Quando você se questiona sobre o amor que sente pela pessoa, significa que não vale mais a pena, .
— Quando foi que você se tornou essa mulher tão sábia?
— Quando eu precisei tomar algumas decisões que alterariam o rumo dos meus sonhos.
sorriu fraco para a garota.
— Obrigada, Bria, vou pensar sobre tudo isso. Tenho até o dia 17 para responder ao Louis e encontrarei com Caleb no dia 22, então ainda tenho um pouco de tempo.
— Se você não pensasse, eu lhe chamaria de louca. É a sua vida e você sabe o que é melhor para ela, eu sou só uma telespectadora distante que adora dar pitaco.
Naquele momento, riu de verdade. Ainda bem que estava em turnê com Louis Tomlinson e ainda bem que ela havia passado por Nova York no momento certo para que pudesse ver sua irmã.
A conversa tinha sido esclarecedora e, mesmo que ainda não tivesse nenhuma decisão tomada, sua ansiedade estava mais calma. Os exercícios também ajudaram e agora seu estômago roncava de fome e necessitava repor as calorias.
— Vamos comer? — ela ofereceu, vendo a irmã concordar depressa.
— Com certeza.
Depois de tomarem café, e Bria voltaram para o quarto para tomarem banho e cada uma seguir a sua rotina de trabalho prevista para aquele dia. Bria vestiu as mesmas roupas que usara no dia anterior e se despediu da mais velha com um abraço apertado, prometendo vê-la o mais breve possível e lhe implorando para avisá-la assim que tomasse uma decisão.
, por sua vez, desceu até o saguão e se sentou em um dos sofás confortáveis que tinha por ali, aproveitando que estava sozinha para, finalmente, ler a proposta de Louis para o emprego e aguardá-lo para que pudessem ir até a rádio para a entrevista. O documento tinha sido enviado por Matt e a mensagem de texto era curta: esperamos que esteja do seu agrado e que aceite!
Céus, estava em uma enrascada. Mesmo em tão pouco tempo, estava apegada demais na equipe de Louis e não tinha uma pessoa que não gostasse. Os seguranças eram incríveis, os meninos da banda, até mesmo os meninos da Sun Room, que não tinha tanta troca, ela queria manter por perto.
Ela leu a proposta cinco vezes. Foi possível contar mentalmente. Era um salário muito atrativo, que incluía horas extras e bônus anuais, além de todos os outros benefícios como plano de saúde, plano odontológico, despesas com todas as viagens que ela precisaria fazer, férias de 30 dias e muita flexibilidade de trabalhar em qualquer lugar do mundo. Não dava para negar que era tentador mandar um SIM em letras garrafais para Matt e oficializar isso o quanto antes, mas sua mente ainda estava uma bagunça.
E estava na hora da reunião com a Edna.
— Bom dia, Edna — ela falou assim que atendeu a chamada de vídeo, olhando para todos os lados antes de prosseguir. — Como vai?
— Bom dia, . Eu estou bem e você? Precisa me contar algo? — Edna lançou rapidamente, fazendo colocar o fone de ouvido depressa e suspirar.
A chefe tinha acesso direto ao seu e-mail. Era óbvio que sim, ele era coorporativo.
— Bom, se está me perguntando dessa maneira, já deve ter visto meu e-mail.
— Na verdade, desculpa por ter bisbilhotado, mas eu estava esperando o contato de Vines sobre uma proposta que enviei para ele de manter Louis com nossa agência. E quando li proposta no assunto, achei que era sobre isso.
— Entendi. E ele não te respondeu ainda, então?
— Na verdade, respondeu, mas no meu pessoal. E a resposta dele foi não. Ele alegou que a empresa tinha sido um escape para o que tinha acontecido com o antigo assessor e que Louis não poderia se comprometer com uma agência da Califórnia, já que seu maior foco de trabalho ficava na Inglaterra. Eu só não esperava que ele tivesse a intenção de te contratar de forma solo.
— Eu também não, para ser sincera. Estava lendo a proposta agora mesmo.
— E você já pensou a respeito?
— Não. Acho que posso abrir o jogo com você numa boa. Estou com muita vontade de aceitar, afinal estou gostando muito de trabalhar dessa forma, mas sei que não posso simplesmente largar tudo aí e reestabelecer minha carreira.
— Bom, na verdade, você pode. Não vou falar que deve, porque não posso tomar partido, afinal quero muito que continue comigo. Mas se é algo que você quer muito, então considere a proposta. O nosso contrato se finda no dia 5 de setembro, dois dias após o último show da turnê. Você pode assinar com ele e fazer um acordo sobre como vão funcionar as coisas já que só posso te demitir depois que o contrato acabar.
— Eu estava esperando um sermão — foi sincera.
— Você trabalha comigo há muito tempo para eu ser uma megera logo agora. Sei do seu talento e estava com medo que isso fosse acontecer, levou menos tempo do que achei que seria. Mas te mandei justamente por isso, por ser excelente no que faz.
— Obrigada, Edna. Irei pensar e te aviso quando decidir.
— É o que eu espero. — Edna sorriu, abaixando os óculos de grau para mudar de assunto. — Bom, mas agora sobre o trabalho. Ontem não consegui falar com você, como foi a entrevista para a Billboard?
— Foi ótima. Eles seguiram o roteiro e Louis conseguiu responder tudo no tempo estimado e ainda atender alguns fãs que estavam do lado de fora do prédio. Agora estou o esperando para irmos até a The Brooklyn Radio.
— Já foi repassado a entrevista com eles?
— Já, mas me enviaram uma mensagem a pouco, pedindo para alterarem algumas perguntas. Falei que não existia a possibilidade e que se saíssem do combinado, Louis não responderia.
— Essas rádios nova-iorquinas são muito inconvenientes. Você fez bem, caso precise intervir, não meça esforços. Nosso contrato prevê isso.
— Sim, o farei.
— Enfim, eu tinha mais coisas para falar, mas devo admitir que esse e-mail me deixou surpresa. — Edna riu, suspirando. -- Nos falamos daqui a dois dias.
— Combinado. Obrigada, Edna.
— E então, pronta para irmos? — Louis surgiu de supetão ao lado da assessora, assustando .
— Você precisa parar de me assustar, sério. — Ela riu, guardando o celular dentro da bolsa e trazendo o tablet para fora.
— Nunca perde a graça, você se distrai muito fácil. — Louis deu de ombros, visualizando o lado de fora do hotel pela vidraça e logo baixando os óculos de sol.
— Ah, sim, porque com óculos elas não vão te reconhecer — caçoou, ganhando um dedo mal educado do cantor. — Deixa eu te avisar, a rádio me enviou uma mensagem hoje cedo perguntando se poderiam incluir uma pergunta sobre Freddie, eu respondi que não e que, se insistissem em mudar, você não responderia.
— Ótimo, não responderei mesmo.
— Qual motivo particular você não gosta de responder perguntas sobre ele? — quis saber, aproveitando que aguardavam o carro chegar ao estacionamento para conversarem.
— Ele é só uma criança de 6 anos. Evito expor a imagem dele, é algo que eu e Briana concordamos desde sempre.
— E sobre sua mãe? — ficou receosa em perguntar, mas estava curiosa desde que tivera o primeiro contato com Louis.
— Isso é uma conversa para termos com uma garrafa de vodca e a letra de uma nova música que compus. — Louis lhe piscou um dos olhos e se ergueu depressa quando dois dos seguranças se aproximaram.
não conseguiu evitar sorrir. Ele tinha mais uma canção pronta e queria lhe mostrar. Isso era ótimo.