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Atualizada em: 24.11.2024
— Promete? — disse olhando nos olhos dela, sentindo sua visão levemente turva pelas lágrimas acumuladas.
sorriu, ainda chorando, e apertou as mãos do rapaz entre as suas, num carinho, antes de assentir:
— Eu prometo voltar para você, .
Ambos se abraçaram com força, sentindo o calor emanado pelo outro enquanto, em silêncio, derrubavam suas lágrimas. Seriam trinta meses longe um do outro, com um enorme oceano os separando por milhares de quilômetros. Não que eles duvidassem que o sentimento que nutriam pelo outro não fosse sobreviver durante aquele tempo, mas quem gosta de ficar longe da pessoa que ama?
— Eu vou partir daqui duas semanas, teremos todo esse tempo juntos — ela comentou depois de um tempo mergulhada no abraço quente do namorado.
— Então precisamos fazer valer! — riu com os olhos, coisa que sempre fazia e adorava. Ela sentiu os olhos marejarem novamente. — O que foi?
Ela negou com a cabeça, como se não fosse nada.
— Eu sei que alguma coisa te perturbou, vida. Me conta, vai...
sorriu. Com delicadeza, ergueu a mão direita e contornou os traços do rapaz com a ponta dos dedos, sentindo a pele macia de seu rosto sob suas digitais. Ela queria se lembrar de tudo, cada pequeno detalhe. Desejou gravar aquela imagem dele, naquele momento, em todos os seus sonhos e pensamentos mais profundos.
— Eu só percebi o quanto vou sentir falta disso. O quanto vou sentir falta da nossa união, nosso amor, nosso contato... Vou sentir tanta saudade disso tudo que nem sei se vai caber no peito — riu com um suspiro, deixando duas lágrimas escorrerem por sua bochecha. Ele as limpou com carinho.
— Também vou sentir muito a tua falta, . Mas esse é seu sonho! Você ‘tá tendo a oportunidade de fazer esse intercâmbio no Canadá e você sabe o quanto isso vai ser ótimo para o seu currículo, meu amor! — dessa vez, ele quem segurou as mãos da garota entre as dele. — Você sempre pensou tanto no seu currículo... Não pode deixar uma oportunidade dessa escapar entre os dedos.
— Eu sei, mas...
— Mas nada! — ele a interrompeu, fingindo uma careta como se estivesse ficando bravo. — Você vai e não se discute mais isso. Vai lá, estudar e aprender tudo o que você puder sobre moda, vai voltar pra Coreia e nós iremos nos casar. Sem mas!
soltou uma risada alta, tombando a cabeça para trás antes de respondê-lo:
— Esse foi o pior pedido de casamento que já vi na minha vida.
— Vou aperfeiçoá-lo durante os próximos meses.
Ambos riram enquanto se olhavam, sentindo o amor um do outro.
— Eu te amo muito, ‘tá? — interrompeu as risadas, olhando nos olhos. — E eu vou te esperar.
— Eu também te amo demais, vida — respondeu com o coração palpitando forte. — E eu vou voltar ‘pra você.
Como um sonho, somos como fogos de artifício
Após a queima, apenas as cinzas permaneceram
Dois anos.
Vinte e quatro meses desde que havia se mudado para Toronto e sete meses desde a última vez que teve notícias dela. Seu número parecia ter mudado, suas redes sociais pareciam ter sido abandonadas e ela não respondia nem mesmo os e-mails que o rapaz enviava. estava em crise.
Já tinha entrado online e quase comprado uma passagem de ida para o Canadá diversas vezes, mas sua esperança – e seu bolso vazio – falavam mais alto, impedindo-o de cometer aquela loucura. , seu melhor amigo, também tinha um papel importante em colocar a mão na consciência do amigo em suas crises de saudade.
— Levanta daí — empurrou o ombro de , tentando fazê-lo levantar da cama. Ignorado. — ‘Bora. Não quero nenhum amigo meu sofrendo hoje. É aniversário da cidade, vai ter queima de fogos lá no centro e depois vamos na boate beber um pouco.
— Não quero — resmungou sem se mexer.
— Não perguntei, a gente vai.
Com mais alguns empurrões, acabou se irritando e virando-se na direção de , que já estava arrumado para a tal boate. Ele percebeu, pelo reflexo na janela, que o Sol estava começando a se pôr e logo mais as estrelas brilhariam pelo céu. Resmungou baixo ao perceber quer não conseguiria arranjar uma desculpa plausível para não ir naquela “noitada”.
se levantou ainda murmurando, logo seguindo até seu guarda-roupa e pegando uma camiseta de manga comprida preta e calça jeans azul, além da cueca também preta e um par de meias brancas. Não pretendia se arrumar demais, visto que estava sendo forçado a sair de casa e ir para uma festa.
— Não demora — pediu sem olhar na direção do amigo, com os olhos pregados no celular e se jogando de costas na cama agora desocupada.
O rapaz se trancou no banheiro e já ligou o chuveiro, não querendo levar mais nenhum empurrão do amigo. Não parou para observar seu próprio reflexo no espelho, muito menos se permitiu afogar-se nas lembranças dele naquele banheiro junto de .
A água gelada escorria por todo o corpo de , descendo desde seu cabelo escuro até chegar ao ralo. Ele parecia fazer tudo no automático: xampu, enxágue, sabonete, ensaboar o corpo, lavar o pé...
— Já comprei os nossos ingressos para a festa de hoje. E a gente ainda tem que passar em um lugar antes de ir para a comemoração do aniversário da cidade, acelera — avisou assim que o amigo abriu a porta do banheiro vestido apenas com a toalha amarrada na cintura.
não questionou, apenas foi até o pé da cama pegar sua roupa, a fim de vesti-la e, finalmente, sair de casa com o Mr. Apressado.
— Eu estava aqui pensando, por que você não tenta falar com os pais da ? — perguntou sem compromisso, apenas lembrando-se que nunca havia questionado o motivo do amigo nunca ter tentado usar os sogros como meio de contato.
— A não tem contato com os pais desde que veio para cá estudar contra a vontade deles — deu de ombros. — Eu nunca os conheci, na verdade.
Plim.
A tela do celular de acendeu sobre a cama, e o rapaz prontamente se jogou no colchão, pegando o celular entre as mãos e conferindo a razão do toque.
Era uma notificação do instagram.
— A postou um stories — disse baixo, ainda surpreso por estar lendo sobre uma movimentação do perfil da sua amada. — Meu Deus, a postou um stories depois de sete meses.
desviou o olhar da própria tela, também chocado com a notícia. Sua alma fofoqueira falou mais alto que sua dignidade de ser um homem sério de 24 anos, e ele logo se jogou ao lado do amigo na cama de casal.
sentia o coração vibrando forte, junto de sua esperança crescendo ainda mais de que, em breve, ele entenderia todo o motivo do sumiço da mulher. Com rapidez, clicou na notificação e o celular logo carregou o aplicativo, abrindo no perfil de . Com o indicador tremendo levemente, ele clicou na foto de perfil dela, tendo uma surpresa ao ver o que estava ali.
— A ‘tá namorando? — disse em voz alta um dos mil e um questionamentos que rodavam a mente de naquele momento em que ele encarava a foto.
Era . A sua , junto de outro cara. Os rostos estavam próximos e ambos sorriam para a câmera. Poderiam ser apenas bons amigos, não?
— Cara...
desligou a tela do celular, se levantando em seguida no automático. Seu coração ainda palpitava forte, mas, dessa vez, não era com uma ansiedade gostosa. Sua respiração ficou pesada de repente, e ele desejou nunca ter ligado as notificações do perfil de .
Queria gritar, chorar, socar alguém, mas não sabia o que fazer. Ao mesmo tempo que se sentia perdido, uma raiva crescia em seu peito junto de uma tristeza avassaladora. Ela prometeu que voltaria para ele, desde que ele a esperasse. E ele estava cumprindo. Por que havia lhe traído daquela forma?
Precisava ter algum motivo. precisava saber. Ele merecia saber.
também era sua amiga, afinal. Se ela realmente não pudesse cumprir com sua promessa, por que ela não o avisou? Poderia ter ligado ou, talvez, mandado mensagem. Mas não, preferiu sumir e não responder mais nenhuma mensagem, nem e-mail, nem nada.
parecia estagnado, ainda processando o que havia visto na tela. Ele sabia da promessa e do quanto e se amavam – ou pelo menos ele achava que sabia. Não sabia direito o que dizer. Ele havia ido até a casa do amigo com alguns planos, mas, agora, não sabia se conseguiria cumprir seu cronograma.
Ele daria um jeito.
— Você não vai ficar aí parado com essa cara de tanso, né?
nem mesmo teve forças para responder, apenas arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos, surpreso em como o amigo tivera coragem de dizer aquilo. deu de ombros, pedindo novamente para o outro se apressar e terminar logo de se arrumar. E assim ele o fez.
O dominó que foi derrubado devido a um rompimento, como Julieta e Romeu
Se eu realmente gostasse de você, tão apaixonadamente, nosso calor não se esfriaria
conversava animadamente com , não querendo que ele prestasse atenção no caminho. Conversaram sobre assuntos diversos, desde a escala da seleção coreana de futebol para a Copa do Mundo até as complicações na empresa em que ambos trabalhavam.
— O escritório também não está nada legal. Depois da demissão surpresa da Fang, os estagiários estão todos nervosos com o chefe Min.
— Ele conseguiu botar o terror até lá no TI, cara — soltou um suspiro, logo se dando conta de que haviam chegado no lugar. Respirou fundo. — Chegamos. Pode descer agora.
reconheceu a cerejeira rapidamente. O céu alaranjado por conta do pôr do Sol o faziam ter a famosa sensação de deja vu. O homem sentiu aquela mesma vontade de chorar imediatamente, não tendo nem mesmo forças de pedir para que o levasse para casa de volta.
Sentia seu coração bater lento, como se não quisesse continuar mais com aquele sofrimento. Ele simplesmente não conseguia acreditar que estava vivendo aquilo. Era como uma traição.
— Eu sei que deveria ter te contado para onde estávamos vindo, mas eu também sei que, se eu tivesse contado, você não viria — o rapaz disse com um leve tom de culpa na voz. — Na real eu nem queria vir aqui antes, só achei apropriado pela situação atual.
apenas assentiu levemente com a cabeça, ainda processando a onda de lembranças naquele lugar que invadiram sua mente. Caminhou até o banco de madeira que estava posicionado perto da cerejeira, sentando-se ali e esticando o braço pela madeira, como se sentisse a presença de alguém sentado ao seu lado.
Os últimos raios de Sol iam embora pelo horizonte à medida que os minutos se passavam, permitindo que as estrelas brilhassem no céu escuro aos poucos. permaneceu em silêncio, apenas observando o amigo chorar baixo e as pessoas se afastando por conta do horário. As luzes da praça se acenderam.
sabia que o amigo precisava daquele momento. Que se dane caso eles perdessem o show de fogos, e ele nem mesmo se importaria se eles também acabassem não indo na festa e perdessem o dinheiro do ingresso. só queria ver bem. E se aquilo fosse durar a noite toda, ele estaria lá.
Enquanto isso, sentia as lágrimas quentes escorrendo por todo seu rosto. Ele estava com a cabeça abaixada, envergonhado de alguém vê-lo naquele estado, mas ele não podia evitar. parecia ali, presente. Era como se ele ainda pudesse sentir o seu calor apenas de tocar na madeira.
— Eu estou tentando aceitar o fim, eu juro que estou — começou a desabafar para o vento, mesmo sabendo que estava em algum lugar ali perto. — Durante todos esses meses eu estou tentando. Sei que tudo acabou. Eu soube desde quando ela disse que iria para o Canadá, mas eu ainda tinha esperanças. Eu achei que nosso amor fosse forte o suficiente, que ela me amasse tanto quanto eu a amo e... — engasgou-se com as lágrimas, tentando centrar sua respiração novamente. — Eu só queria entender o porquê.
Secou as lágrimas sem o mínimo de cuidado.
— Minha mãe sempre me dizia que todo relacionamento deve chegar ao fim, como se fosse uma regra — riu com ironia, lembrando-se do quanto ficava irado ao ouvir aquelas palavras. — Mas eu não ligava, na minha cabeça, eu e quebraríamos essa regra.
se aproximou lentamente, de passinho em passinho, torcendo para que não tirasse do próprio transe.
— Talvez a gente fosse dois idiotas estúpidos que tinham se apegado a um amor que já não tinha mais continuação... Ou talvez só eu tenha sido idiota de acreditar que daríamos certo mesmo esse tempo todo longe um do outro — fechou os olhos com raiva, querendo voltar no passado e dar um tapa na própria cara. — Sinto como se meu coração estivesse prestes a explodir.
Mais um passinho.
— Às vezes eu me imagino discutindo com ela, a gente fazendo as pazes e se entendendo que nem sempre, sabe? Aquela parceria que a gente sempre teve e ela dizia amar tanto...
E outro.
— Querendo ou não, o tempo foi deixando algumas coisas mais superficiais. Os gestos que ela fazia com as mãos sempre que ficava nervosa ao falar, a forma como ela me olhava quando eu fazia birra por qualquer coisa... Parecem memórias tão fracas e frágeis, mas elas simplesmente não vão embora e eu não consigo entender o porquê.
— Às vezes nós nunca descobrimos os motivos das coisas, e ‘tá tudo bem — disse depois de um tempo, sentando-se ao lado do amigo e abraçando-o de lado. — Talvez você nunca descubra realmente o porquê da ter parado de responder suas mensagens, mas você precisa seguir em frente. Você merece viver, .
Os fogos de artifício começaram a estourar e o céu encheu-se de brilho. Mesmo que estivessem consideravelmente longe do centro onde estava tendo o show de luzes, eles conseguiam ver um pouco das explosões.
— E agora é um bom momento para começar a viver.
desviou o olhar do céu e sorriu para o amigo ao ouvi-lo dizer aquilo.
— Fico feliz que pense dessa forma agora.
deu um sorrio meio torto, encarando os dedos de sua mão que brincavam entre si. Ele daria um jeito de descobrir o que realmente tinha acontecido, mas deixaria para o do futuro lidar com isso.
Por hora, ele só queria se esquecer de tudo.
Eu sei que tudo já acabou, mas não vamos deixar nenhum arrependimento para trás
Garota me deixe saber, me diga algo
Fim?
Qual o seu personagem favorito?
Nota da autora: Espero que você tenha amado dessa fic tanto quanto eu. Para saber mais do meu mundinho de fics, me siga no insta!
.xo
.xo
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