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Revisada por: Aurora Boreal 💫

Fanfic Finalizada

ajustou o casaquinho, completamente inadequado para o clima meio quente da cidade, que tinha caído sobre um dos ombros e saiu pelos fundos da casa sem olhar para trás, correndo o máximo que os pequenos saltos das botas cowboy permitiam, sem chamar a atenção de algum dos moradores das mansões do condomínio. Apesar de duvidar que algum deles fosse sequer notá-la correndo pelas ruas bem pavimentadas e repletas de plantas e canteiros de flores, ela quase nunca via essas paisagens pelas ruas do Rio de Janeiro.
precisava sair dali de algum jeito, porém, dificilmente conseguiria escapar dos dois se continuasse naquela velocidade. Ela correu por mais alguns minutos, virando em esquinas aleatórias, já que, aparentemente, tinham sumido com todas as placas que indicavam a saída.
Aos poucos, ela começou a notar um barulho crescente em uma das casas mais afastadas das outras propriedades; de longe, ela conseguiu visualizar as luzes coloridas, as vozes se misturando a uma pagode alto na voz de Ludmilla e, pelo bairro, não duvidaria se realmente fosse a própria cantora animando a festa, ou se aquela casa pertencesse à ela.
não teria sobrevivido todos os seus vinte e três anos de vida se não fosse pelos seus pensamentos ágeis, portanto, ao invés de se aproximar da propriedade pela entrada, ela interrompeu o percurso na metade e entrou por uma ruazinha menor que, se estivesse certa, daria nos fundos da casa. se esgueirou por entre algumas folhagens, galhos se prendiam nas camadas do vestido curto que usava e arranharam sua pele exposta, mas, cerca de dois minutos depois, ela conseguiu visualizar a parte de trás da casa e soube que pertencia a que tinha visto anteriormente pela música alta, as risadas, as vozes que pareciam misturar idiomas diferentes se o ouvido dela —realmente fosse tão bom quanto achava que era —, garrafas batendo contra outras e todo aquele ruído típico de festa.
A mulher se escondeu por entre algumas árvores, observando que a casa tinha uma portinha mais isolada, possivelmente para que funcionários deixassem o lixo no conteiner, com a logo do condomínio impressa mais à sua esquerda. Apenas um segurança guardava aquela entrada, afastando-se do batente vez ou outra para permitir que funcionários terceirizados jogassem recipientes fora ou simplesmente fossem tomar um ar.
Silenciosamente, tirou a pequena bolsa de um de seus ombros, tentando permanecer longe da vista do segurança visivelmente cansado ao vasculhar brevemente entre seu gloss, celular e documentos para retirar um monte de clipes de papel presos uns aos outros, ela sempre carregava um daqueles consigo, repondo na bolsa quando precisava utilizar.
, vagarosamente, esticou o braço por entre as folhagens, quase saindo de seu esconderijo camuflado para posicionar o braço de forma que conseguisse prolongar a distância do arremesso dos clipes. Sentindo se satisfeita, jogou o objeto misturando delicadeza, para maior precisão, e força, para tentar aumentar o som metálico dos clipes.
Alguns segundos depois, os clipes atingiram o som em uma distância bastante considerável da porta, chamando a atenção do segurança que, preocupado com uma possível ameaça na festa, correu até o local sem se comunicar com os outros seguranças pelo rádio na sua mão direita. Aproveitando a distração bem sucedida, se apressou e entrou na casa, tendo a sorte de encontrar a saída de funcionários completamente vazia.
Sem saber muito para onde ia, a mulher assumiu outra postura, tentando substituir seu medo pulsante por uma confiança latente, até sair daquela parte da casa para se aproximar do mar de convidados. A casa era ainda maior de dentro e, mesmo com o tamanho, parecia superlotada. reconheceu diversos rostos e sentiu a postura vacilar ao notar que, definitivamente, ela estava na casa de uma pessoa famosa.
Apesar do nervosismo momentâneo, não poderia ter se infiltrado em um lugar melhor: nenhum dos dois conseguiria se aproximar dali e, como ela tinha descoberto, não eram espertos o suficiente para se esgueirar por lá ou sequer pensarem que poderia.
Agora, era só se aproximar de um segurança na entrada e perguntar se ele poderia chamar um táxi ou algo parecido para que fosse embora, tinha percebido que nenhuma pessoa tinha celulares na mão, algo comum em festas de celebridades, não poderia quebrar o disfarce assim tão…
A linha de pensamento foi subitamente interrompida quando suas costas atingiram em cheio alguém que vinha pelo outro lado, estava pronta para pedir mil perdões e sair correndo, mas o estranho a amparou pelos braços e pediu desculpas em um inglês carregado de sotaque britânico.
— Perdão, eu não te vi — ele disse novamente em inglês, fazendo uma careta para si próprio antes de falar um portunhol muito bonitinho. — Não sei português muito bem.
— Tudo bem, eu entendi — respondeu no idioma dele, usando o momento para observar o rosto dele com mais atenção e tentando refrear os próprios olhos de se arregalarem ao reconhecer o “estranho” — Me desculpa.
Bom, não entendia absolutamente nada de futebol, mas entendia de homens bonitos e usava o TikTok com uma frequência suficiente para receber edits diários com músicas e takes variados de Jude Bellingham.
— Imagina, eu que estava distraído — insistiu Jude, observando a com a mesma atenção que a mulher o dedicava, pela sua expressão, ele sabia que ela o conhecia. — Tá tudo bem com você?
demorou alguns segundos para processar a pergunta, brevemente alheia à própria realidade, com a visão do homem que passou meses admirando virtualmente bem na sua frente, usando um conjunto todo preto e discreto, mas que caía bem demais nele.
— Sim! — ela respondeu com pressa, sorrindo discretamente para ele ao tentar disfarçar. — Por que a pergunta? Nem foi um esbarrão tão forte assim…
— É que tem folhas nos seu cabelo — Jude respondeu, rindo baixinho antes de aproximar a mão dos fios dela. — Com licença.
permitiu que o jogador puxasse delicadamente algo no meio deles, depois, esticou a mão na frente do rosto dela e mostrou a palma com algumas folhinhas meio verde e meio amareladas, dizendo:
— Alguma aventura no meio do jardim do Vini?
— Vini? — exclamou e, se estivesse bebendo alguma coisa, provavelmente teria causado uma cena feia na frente do jogador. — Essa casa é do Vini Jr.?
— Ué, você não sabia? — Jude perguntou, estreitando levemente os olhos para ela.
passou a se xingar mentalmente pela falha boba que tinha acabado de cometer, cadê o papo de disfarce que estava exercitando antes? Porém, antes que ela pudesse decidir sobre seus próximos passos, um homem subiu no palco, interrompendo a melodiosa voz de Ludmilla para dizer:
— Pessoal, aconteceu alguma coisa aqui no condomínio, então não se assustem se ouvirem sirenes de polícia ou algo assim — ele iniciou, sentiu o corpo se arrepiar. — Ainda não sabemos muito bem o que é, mas estamos nos informando, fiquem tranquilos.
Jude, que claramente não tinha um português tão avançado, colocou as mãos no bolso e esperou a tradução dita por uma outra mulher que havia subido no palco, franzindo as sobrancelhas para a garota na sua frente, que não encarava mais seu rosto e passava os olhos de um lado para o outro enquanto repetia alguma coisa para si mesma diversas vezes.
A tradução veio junto com o distante som das sirenes de polícia, aumentando o desespero interno de e a curiosidade de Jude.
— Você precisa me ajudar a sair daqui. — Os pensamentos do jogador foram interrompidos pela voz sussurrada da mulher, os olhos dela estavam mais brilhantes do que a última vez que os tinha visto, quase como se estivesse prestes a chorar. — Por favor!
— Isso… Essa coisa que está acontecendo aqui… — Jude começou a dizer, tentando ao máximo ser delicado com ela, sinceramente, não sabia muito bem o que fazer quando garotas começavam a chorar na sua frente. — Você tem algo a ver com isso?
— Não. — A firmeza da resposta acalentou brevemente as dúvidas dele, Jude nunca tinha a visto antes, não podia sair ajudando qualquer pessoa que pedisse. — Mas eu conheço outras pessoas que moram aqui e… Elas não gostam muito de mim, não sei o que aconteceu, mas preciso sair daqui, por favor!
Jude encarou o rosto desesperado mais uma vez, o medo estava impresso nos olhos dela e ele achou que começaria a tremer a qualquer instante, a música já havia retornado, ninguém parecia prestar muita atenção no que ele ou qualquer outra pessoa fazia, e o jogador, sinceramente, só tinha vindo ao Brasil pela promessa de seus colegas de time de que uma festa brasileira com certeza o tiraria da fossa que a Eurocopa perdida tinha o colocado.
Porém, não funcionou.
Os últimos dias tinham sido péssimos dentro da cabeça dele, mas numa paisagem muito mais bonita e agradável do que se ficasse trancado em seu quarto, pensando em como seria se ele tivesse feito um maldito gol no jogo contra a Espanha.
E bem, a adrenalina dele não aparecia desde o dia da partida… Até encontrar a mulher que aparentemente tinha conseguido burlar a segurança sofisticada de Vini e fugir de alguém.
— Olha, você jura mesmo que não tem nada a ver com a polícia aqui, não é? — ele repetiu a pergunta, vendo-a assentir com veemência. — Eu já estou indo embora, você pode vir comigo no carro.
concordou com a cabeça, preferindo ficar quieta por achar que alguma palavra denunciaria os pensamentos que rondavam sua cabeça, decidiu seguir o jogador silenciosamente enquanto eles passavam por diversos convidados até a saída da festa que, claro, ficava na entrada da casa.
O local estava abarrotado de veículos de luxo e, em sua maioria, homens vestindo roupas sociais, prontos para levarem os convidados exclusivos para suas próprias casas, hotéis — e motéis — quando sentissem que já tinha chegado a hora de acabar com a farra ou prolongá-la em outro.
Jude fez um sinal breve para um dos homens encostados próximos a um carro preto blindado, o motorista fez um joinha com um dos dedos e entrou no veículo, manobrando-o até que estivesse na posição perfeita para que os dois entrassem e partissem pelas infinitas ruas daquele condomínio, que achou que não teria fim.
— Alguém machucou você? — Jude, após alguns minutos de silêncio dentro do carro, perguntou, observando alguns arranhões no braço e, lembrando-se das manchas meio escuras nas pontas das botas dela, quando permitiu que entrasse primeiro.
— Não — ela respondeu, tão firme quanto tinha negado sua relação com a presença da polícia ali, sentia-se um pouco mal de ser tão lacônica em meio a prestatividade do jogador, porém, não estava em uma posição muito agradável ali e não queria ser largada ao lobos quando estava tão perto de sair daquela ratoeira em que tinha se metido. — Foram as árvores, tá tudo bem.
Jude assentiu, investigando mais o rosto dela enquanto encarava a frente do veículo em uma atenção que, possivelmente, somente o motorista tinha, enquanto balançava repetidamente as pernas, torcia os dedos e parecia tentar controlar a própria respiração.
— Meu nome é — ela disse, cortando o silêncio meio constrangedor que se formava mais uma vez, virando o rosto na direção dele para dar um breve sorriso que foi imitado com naturalidade por Jude. — Desculpa a falta de educação.
— Não é uma noite muito boa, imagino? — ele perguntou, não se dando o trabalho de falar o próprio nome, achou que ela saberia.
— Nenhum pouco — concordou, rindo de algo que se passava na sua cabeça. — Confiei nas pessoas erradas, sabe?
— E eles ainda estão aqui? — ele perguntou, um pouco incerto. — Digo, as pessoas que você confiou?
— Estão — ela respondeu, suspirando levemente, precisava de uma resposta mais consistente se quisesse que ele parasse de fazer perguntas que pudessem a denunciar. — Jude, não sei se a polícia tem alguma coisa a ver com eles, mas posso dizer que eu não, é por isso que preciso sair daqui, entende?
O jogador concordou, afinal, ele já estava a ajudando mesmo, não é? Já tinha colocado em seu carro alugado e a retirado do local que tinham se encontrado e, parando para observar tudo que tinha feito, conforme o veículo parava em uma fileira de carros em frente aos portões de saída do condomínio, Jude teve certeza que perder a Euro tinha feito algo tremendamente irreversível na sua cabeça.
Se ligasse para sua mãe agora e dissesse o que estava fazendo, provavelmente, ouviria-a gritar como nunca tinha feito antes. Que tipo de figura pública ajuda uma desconhecida sem saber nada sobre ela ou a situação que passou?
Porém, observando o rosto apreensivo de , Jude não conseguiu se arrepender da decisão, ela parecia uma boa pessoa, tinha olhos inocentes e jeito de quem não estava acostumada com aquela grandeza que os portões dourados do condomínio escondia, definitivamente parecia o tipo de pessoa que, sem muito aviso, acabava caindo no papo de quem não prestava.
Puta merda — ele a ouviu sussurrar em português, reconhecendo o xingamento que seus colegas brasileiros tinham lhe apresentado outras vezes, conforme um dos seguranças do local se aproximava da janela do motorista, indicando com uma lanterninha que ele abaixasse as janelas.
— Só levando o Jude Bellingham para casa, senhor — o motorista disse, apontando para o banco de trás com o polegar.
O segurança assentiu, aproximando-se da janela traseira pelo lado esquerdo, bem onde estava, apontando a luz forte nos olhos dela com uma expressão desconfiada no rosto pálido de tão branco.
— Não vi você entrar — ele disse, franzindo a testa ao ver a mão dela tentar afastar o feixe de luz do rosto, Jude olhava por entre os três sem entender o que o homem dizia.
— Eu estava com ele o tempo todo — mentiu, contendo a vontade de revirar os olhos para o segurança e repetindo o que havia acabado de dizer de forma que o jogador entendesse a conversa.
— Sim, ela veio comigo — Jude repetiu, a mentira escapando fácil dele. — Você não revistou ninguém na entrada, eu acho.
— Ele disse…
— Eu entendi o que ele falou, garota — o segurança a cortou antes que pudesse traduzir a resposta e definitivamente revirou os olhos dessa vez, o canalha queria a constranger de propósito.
— Pois não parece — ela retrucou, vendo o rosto começar a ficar vermelho de raiva. — Por que estamos sendo revistados?
— Sim, não entendi — Jude concordou, percebendo que a única pessoa que o segurança responderia com dignidade ali seria ele. — Precisamos realmente ir para casa.
— Desculpe, sr. Bellingham — o segurança respondeu, baixando a luz para encará-lo melhor. — Aconteceu algo em uma das casas e a polícia pediu para ficarmos de olho em quem sai, mas se o sr. diz que entrou com essa… jovem, eu acredito que posso liberá-los
— Obrigado — Jude respondeu, vendo balançar a cabeça negativamente pela hesitação do segurança ao se dirigir à ela.
O homem fez um sinal para o motorista, dizendo que ele poderia seguir caminho e, sentindo a tensão entre a acompanhante do seu cliente e o segurança, além de saber que, com certeza, tinha trazido o jogador sozinho à festa, arrancou com carro, esquecendo-se de fechar as quatro janelas novamente conforme seguia os outros veículos.
observou o local, reparando que, atrás de Jude, uma jovem totalmente desgrenhada era arrastada à força para a viatura próxima à saída por duas policiais ofegantes, a mulher algemada estava prestes a olhar na direção deles, ou melhor, na direção dela.
— Foi mal — disse antes de puxar Jude Bellingham pelo colarinho e grudar seus lábios em um beijo inesperado, apressado, desesperado e… muito bom pelas circunstâncias.
Jude não deveria fazer aquilo, ele tinha uma modelo internacional na sua lista de contatos aguardando uma resposta para suas mensagens, porém, sentiu o corpo se derramar sobre o de com uma facilidade impressionante, segurando sua nuca com uma das mãos conforme aprofundava o beijo e, sem saber, escondia o corpo dela da visão das três mulheres que desciam uma colina fora do carro atrás dele.
pretendia manter o beijo só até o momento em que se afastasse dali ou quando o motorista se lembrasse de subir as janelas, porém, não resistiu em aproveitar a oportunidade de trocar uns amassos com um dos jogadores mais cobiçados do mundo, quando Jude parecia tão fácil de agradar e recepcionava seus carinhos pelo corpo dele tão bem, ela soube que fazia tempo que Bellingham não era bem tratado — no sentido malicioso da coisa.
Porém, quando percebeu que já estavam em uma das rodovias mais movimentadas da cidade, longe dos perigos do condomínio, se afastou, observando o rosto do jogador mais leve do que em qualquer outro momento desde que havia esbarrado com ele naquela noite, os lábios estavam mais inchados e vermelhos e suas mãos quase formigavam de vontade de tocá-la de novo, sentiu um orgulho tremendo dentro de si, porém, ainda não estava completamente segura, não podia aproveitar o momento por completo como gostaria.
— Obrigada, Jude — ela disse, segurando as mãos dele brevemente entre as suas e quase mudando de ideia quando ele passou a fazer círculos com os próprios dedos na pele meio arranhada dela. — Foi muito gentil da sua parte me ajudar sem saber de nada, obrigada mesmo.
— Você precisa ir? — ele perguntou, um convite escondido no meio da pergunta, Jude realmente deveria estar muito derrotado para tomar tantas decisões irresponsáveis em uma noite só.
— Preciso — ela disse, sorrindo brevemente ao entender o que o jogador queria pedir, mas não tinha coragem o suficiente. — Posso falar o endereço para seu motorista?
Jude assentiu, levemente decepcionado, porém, um pouco aliviado por ter uma das escolhas impensadas refreadas pela mulher que, agora, aproximava-se do condutor do carro e dizia alguma coisa que ele não entendeu enquanto o jogador continuava a acariciar as mãos macias dela.
Os próximos minutos que os separaram da rodovia para o local que havia indicado, foram péssimos quanto a fazer Jude esquecer de pedir que ela o acompanhasse até a casa alugada. conversou com ele, fazendo perguntas sobre a cidade e descobrindo coisas triviais sobre Jude que poucas pessoas tinham acesso em um primeiro encontro.
O jogador reparou que, vez ou outra, ela checava alguns aplicativos no celular, parecia mover algo de um lugar para o outro e ele teve certeza que, mesmo que não conhecesse o app ou o que as palavras ali diziam, que ela estava apagando algumas coisas.
Ao sentir o carro parar suavemente às portas de um aeroporto, aquela leve desconfiança que Jude tinha sentido voltou, porém, estava inebriado demais com a presença dela para fazer qualquer pergunta.
— Obrigada, espero que sua viagem seja maravilhosa — falou, beijando-o suave e demoradamente seus lábios, parecia que era ele sendo deixado no aeroporto, não o contrário. — Tchau e obrigada, moço.
A mulher aproximou a bolsa do corpo após agradecê-los e saltou do carro antes que Jude pudesse dizer alguma coisa, ela olhou para os lados e esperou as portas automáticas abrirem, fixando os olhos brevemente em Jude pela janela e dando um tchauzinho com uma das mãos antes de sumir no meio do mar de pessoas que estavam indo e voltando de viagem.
Jude quase se esqueceu de dizer ao motorista que poderiam ir embora de verdade dessa vez, o condutor precisou pigarrear umas três vezes para tirá-lo do transe que a situação inesperada e a mulher com sorriso contido, mas bonito, tinha o deixado.
Por fim, sabendo que não poderia mais fazer nada, pediu que o homem o levasse de volta para a casa enquanto se perguntava se algum dia veria de novo.

No dia seguinte, o toque estridente do celular apoiado na mesinha perto da cama acordou Jude, ele estava jogado bem no meio dos lençóis brancos e caros da cama de casal, vestindo somente a calça de moletom que havia levado para usar de pijama.
O jogador torceu o rosto ao sentir a luz do sol passar pela fresta das portas francesas da sacada, que tinha deixado aberta na noite anterior e, meio contrariado, ele pegou o celular, fazendo o mínimo esforço possível para se mexer, atendendo a ligação sem nem olhar quem era.
— Oi? — ele disse, ouvindo a própria voz embargada de sono e fechando os olhos de novo, era muito cedo para qualquer pessoa acordá-lo.
Jude, onde você tá, porra? — ouviu a voz de Camavinga, um dos seus colegas de time que tinha se tornado um amigo próximo, gritar do outro lado, o tom de voz era preocupante.
— Em casa, ué — ele respondeu, sem entender a comoção na voz do amigo e sentindo o celular vibrar nas próprias mãos enquanto ainda permanecia em ligação.
Você não sabe o susto que deu na gente — o jogador disse do outro lado da linha. — Tá todo mundo tentando falar com você, o Vini, os outros caras, até sua mãe!
— Aconteceu alguma coisa? — Jude perguntou, despertando um pouquinho mais ao ouvir a menção à Denise.
Claro, né! Aconteceu um assassinato no condomínio do Vini no meio da festa, você vai embora e não avisa ninguém e quer que ninguém se preocupe? — Camavinga disse, falando em uma velocidade impressionante que Jude já tinha se acostumado, mas, naquele momento, pareceu demais para ele. — Porra, que susto! — Assassinato? — Jude repetiu, levantando-se para sentar na cama e prestar mais atenção às palavras do jogador.
Sim, parece que um velho rico foi assassinado por um casal… — ele respondeu, sem saber que, do outro lado, Jude Bellingham estava pensando em botas de cowboy manchadas. — Parece que tinha uma terceira pessoa lá, mas ninguém sabe quem é e não estão querendo acreditar no casal.
Jude engoliu em seco e, imediatamente, pensou em , nos braços arranhados, nas folhas nos cabelos, na bota manchada, na confusão ao descobrir de quem era a casa que havia invadido.
Ele não poderia ter sido enganado tão fácil, poderia?
Jude, tá aí?
— Tô sim, foi mal — ele repetiu as palavras que ela havia dito antes de beijá-lo e sentiu-se péssimo. — Acordei agora, vou ligar pra minha mãe, pede desculpa pros moleques, por favor.
Relaxa, cara — Camavinga disse, falando algumas outras coisinhas antes de desligar e permitir que Jude pudesse falar com a mãe.
Mas, antes disso, Jude abriu as redes sociais e os aplicativos de jornal, procurando alguma matéria em inglês ou espanhol que pudesse ajudá-lo a descobrir mais sobre o ocorrido.
Ele não encontrou muita coisa além do que o amigo tinha explicado: alguém havia batido uma estátua com força na cabeça do velho, muito dinheiro tinha sido transferido de sua conta para uma conta que não existia mais e não poderia ser rastreada, e uma foto do casal que foi preso tentando fugir pelo condomínio, dois jovens como e ele, a mulher usava uma versão mais elaborada de uma fantasia de cowgirl que, se ele lembrasse bem da roupa da garota que havia ajudado, era uma versão mais branda daquilo.
Jude largou o celular na cama e encarou o teto: por que, depois de passar no máximo vinte minutos com ela, estava inclinado a pensar que talvez, só talvez, o velho rico merecia?
O jogador relembrou mais uma vez cada um dos momentos vividos com na noite passada, repetindo as cenas umas três vezes para tentar enxergar se estava tão na cara dele.
E, mesmo assim, não sentiu culpa nenhuma, teria a ajudado de novo e de novo.


Fim


Nota da autora: Sem nota.

💫


Nota da Beth Aurora Boreal: E a Let me arrasando mais uma vez, com mais uma fanfic, mas isso foi tudo o que eu pedi, sim! Quando recebi o arquivo, fiquei curiosa com o nome da fanfic e então finalmente entendi rs... Mas aí a pergunta que não quer calar: ela é realmente uma assassina? Me acabei com o final, dele pensando que mesmo que ela tivesse matado o velho, talvez ele tenha merecido KKKKKKKK Olha, eu acho que perder a Eurocopa realmente mexeu com a cabeça desse menino, viu? Parabéns por mais uma fanfic, Let, aguardo continuação! ❤️

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