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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: Julho/2024.

Para Albert, este seria seu vigésimo encontro proporcionado pelo aplicativo Dates Secretos, mas em que se divertiria a noite inteira com uma garota sem a necessidade de firmar um compromisso posterior, afinal, ele já tinha uma namorada que nem imaginava o grau de infidelidade do rapaz. Uma noite de prazer e luxúria, que seria consumada em uma cabana entre as colinas, longe do centro comercial de Seattle. Em meio às árvores e sem ninguém para atrapalhar seus planos.

O que daria errado mesmo?

Foi o que ele pensou quando se encontrou com a jovem do aplicativo, pontualmente às dez da noite, em frente à placa de desvio da rodovia para a reserva florestal. Ela, com o olhar meigo e tímido, passou a mão nos cabelos, colocando uma mecha atrás da orelha; eles estavam soltos e muito bem alinhados, com uma pequena presilha na lateral direita. Albert observou bem as roupas dela, discretamente, de cima para baixo, fixando um pouco mais seu olhar em suas pernas. A blusa cinza e a saia godê branca combinada com o all star vermelho mantinha o equilíbrio do look entre o delicado e rebelde, enquanto sua jaqueta de jeans com desfiados nas costas a deixava com a aparência mais despojada.

? — disse ele, com os olhos brilhando, por dessa vez não ter sido enganado pelas fotos, pois a garota era realmente a que viu no aplicativo.

Albert já tinha tido experiências drásticas em outros dates secretos, em que as mulheres eram totalmente diferentes do que se mostravam. Contudo, desta vez, ele achava estar sendo mais do que contemplado, como se tivesse acertado na loteria.

— Prazer, Albert — a voz da garota soou com suavidade e leveza, tinha um toque aveludado que fez o rapaz arrepiar.

Como podia uma mulher com a aparência de garota do colegial ter um sorriso de anjo e uma voz que o envolvia sem nenhum esforço? Assim que terminaram o cumprimento, ele se ofereceu para levar a bolsa dela, enquanto indicava o caminho até seu carro, porém, ao recusar, apenas mudou de assunto, perguntando para onde ele a levaria, demonstrando entusiasmo. A jovem havia se apresentado a ele como uma turista que passaria o final de semana na cidade, por causa de uma exposição de flores que teria. A informação se tornou um gatilho para que Albert a convidasse para conhecer uma clareira próxima à cabana alugada, que tinha os mais belos arbustos de flores que ela poderia imaginar.

Mal sabia o pobre rapaz o que realmente o aguardava.

Após chegarem à cabana, Albert conduziu-a para dentro, para que pudesse se acomodar. Por mais que o combinado fosse apenas uma noite de encontro, o rapaz havia alugado a cabana por todo o final de semana, planejando, quem sabe, convencer a garota a ficar por mais tempo, caso ele gostasse de sua companhia.

— O que achou? — perguntou ele, ao observá-la dar alguns passos pelo lugar, atenta aos detalhes da decoração.
— Aqui é tão perfeito… — comentou ela, com os olhos brilhando ao olhar para janela e avistar a lua cheia no céu. — Poderia morar aqui para sempre e jamais me entediar com o som da natureza.
— Sério? — indagou ele, surpreso pelas palavras dela.
— Sim. — Ela olhou para ele, com suavidade. — Aqui é o paraíso.

Albert soltou uma risada baixa.

— Eu prefiro a cidade, o som dos carros, a agitação — retrucou ele, contando sua visão das coisas.
— Bem… Pois também há muita agitação na natureza — disse ela, demonstrando propriedade em sua afirmação. — Quem sabe até o final da noite eu te mostre isso.
— Acredite, me deixou curioso agora. — Ele sorriu de canto, se aproximando dela com o olhar de malícia. — Que tal esquentarmos a noite?
— O que me propõe? — indagou ela, se mantendo onde estava e sentindo as mãos dele tocarem sua cintura.
— Tenho muitas ideias do que podemos fazer aqui… — Ele puxou-a para mais perto e beijou de leve seu pescoço.

Ao sentir o perfume de Albert, fechou seus olhos de imediato, se sentindo um pouco estranha no momento, porém conseguindo disfarçar e demonstrar estar gostando da ousadia dele. Internamente, a jovem estava em conflitos internos, se perguntando se não estava cedo demais para sentir aquele desconforto, talvez pela intensidade que exalava do corpo dele, ou pelo seu cheiro forte que a instigava, ou pelo frescor da brisa da primavera que lhe inspirava.

Foram segundos sentindo os beijos do rapaz, até que ela o afastou no susto.

— O que aconteceu? — perguntou ele, não entendendo.
— Nada… — Ela respirou fundo, mantendo seus olhos fechados.

não gostava de improvisos, e sempre tinha tudo milimetricamente calculado, mas seus impulsos internos haviam chegado antes do previsto e ela não se prenderia ao cronograma. Afinal, sua refeição estava diante dela, e nada iria atrapalhar seu momento.

Então, para que esperar até chegarem à clareira?

? — insistiu Albert, ao tocar nos braços dela, ainda confuso pela garota estar com os olhos fechados. — Tem certeza?
— Claro… — Ela abriu um largo sorriso, finalmente se permitindo mostrar a cereja do bolo.

Ao abrir os olhos, de imediato o rapaz ficou estático, pois as pupilas da garota estavam como as de um predador pronto para dar o bote, assim como sua cor de castanho já se encontrava amarelada como um girassol. Espantado com o que via, ele deu um passo para trás, a fim de se afastar dela, entretanto, não se lembrando da disposição dos móveis, acabou por tropeçar na mesa de centro, caindo de bunda.

— O que foi? — perguntou ela, num tom suave e sereno. — Não gosta mais do que vê?

Por mais que fosse a mesma voz doce e aveludada do início, tinha um toque de sarcasmo que fez com que a garota soltasse uma gargalhada medonha. Aquilo fez a espinha de Albert se arrepiar, e, no impulso do medo, o rapaz se levantou mais que depressa do chão e saiu correndo da cabana.

— Eu odeio quando fogem de mim — sussurrou ela, soltando um suspiro cansado.

Em pânico e sem entender o que estava acontecendo, Albert apenas continuou correndo em direção às árvores, adentrando a floresta. No desespero, nem mesmo se lembrou das chaves do carro no bolso, facilitando ainda mais para .

— Albert? — elevou um pouco mais sua voz para que ele a escutasse, segurando o riso. Internamente, ela se divertia por sentir o medo exalando dele. — Para onde está indo? Sabe que não pode fugir de mim.

Ela soltou outra gargalhada, que de longe foi ouvida por ele. Mais um frio na espinha misturado ao crescente sentimento de agonia que crescia dentro dele. Quem era ela? Trombando nas árvores e quase caindo pelo caminho, quanto mais ele corria, mais sentia suas pernas ficarem pesadas e seu corpo sem forças. Foi quando, em um instante de distração por sentir que estava sendo alcançado, Albert pisou em falso em uma das rochas e escorregou, caindo novamente. Um grito de dor soou sem permissão, entregando sua localização exata para ela.

— Albert… Você não quer mais passar a noite comigo? — a voz dela soou novamente, mais próximo dele, o fazendo tremer de medo.

Pálido e se esforçando para se levantar, a cada segundo sua aflição aumentava. Com muito esforço, finalmente Albert ergueu seu corpo. Mesmo sentindo seu tornozelo latejar de dor, ele sabia que precisava sair dali. De repente, como som de uma lixa áspera e aguda, as grandes unhas de passaram em uma das rochas, o fazendo paralisar novamente.

— Te encontrei… — disse ela, dando uma risada boba após.
— O que é você? — perguntou ele, ao se virar lentamente, com o coração acelerado.

não conseguiu resistir aos aflitos batimentos dele, sentiu sua boca salivar, imaginando qual sabor teria para o jantar.

— Não importa o que eu sou… — respondeu ela, mantendo a serenidade no olhar e a leveza em seu rosto. — O que importa é o que você é!

Ele deu um passou para trás, pensando em como poderia escapar daquele date que havia se tornado um pesadelo. Albert avistou uma pedra razoavelmente média e, pegando-a, lançou na garota, para distraí-la. Então, mancando por causa do tornozelo, voltou a correr com mais dificuldade que antes. Suas esperanças de chegar vivo ao amanhecer foram escoando lentamente a cada queda e tropeços pelo caminho.

Até que o som de um uivo forte o fez bater em uma árvore no caminho, o jogando ao chão novamente. Sentindo sua cabeça meio zonza, Albert tentou se levantar mais uma vez, contudo, sem sucesso, apenas encostou suas costas aos pés da árvore que o derrubou, deslizando suas mãos nas raízes, sentindo a terra.

Medo, pânico, agonia, pavor, aflição e terror.

Albert nunca se imaginou sentindo tudo isso em um curto espaço de tempo. O que deveria ser uma noite de prazer e diversão para ele, se tornou seu pior pesadelo ao som de mais um uivo tenebroso. O silêncio pairou de repente sob o lugar, evidenciando o assobio do vento, que como uma brisa fresca contornava seu corpo. Ao olhar ao seu redor, a sensação de estar sendo observado foi aumentando de forma gradativa, acelerando ainda mais seu coração.

Após se assustar com vultos do que poderia ser alguém passando entre as árvores, com um piscar de olhos, o rapaz se deparou com um lobo de pelagem tão negra que reluzia sob a claridade intensa da lua, deixando suas presas à mostra juntamente ao soar de um grunhido.

— Por favor… — sussurrou ele, sentindo os olhos lacrimejarem, ao reconhecer os olhos do lobo.

Você é minha refeição…

Foram as palavras que surgiram no pensamento de , enquanto batia suas patas no chão, mostrando as garras, já se posicionando para finalmente atacar sua presa.

--


— Mais um ataque detetive, Holt? — perguntou o capitão Smith, com seu olhar impressionado ao ver o corpo de um rapaz totalmente desfigurado e estraçalhado.

Suas partes estavam espalhadas mais alguns metros à frente, juntamente a rastros de sangue. Em todos os seus anos servindo ao 12º Departamento de Polícia de Seattle, o capitão Smith, jamais havia visto um ataque de lobos naquela proporção. Entretanto, Holt já conhecia bem aquela assinatura. Se contava dois anos se mudando de departamento para departamento, seguindo o rastro daqueles ataques. Foram sete cidades e mais de doze vítimas, todas homens de até vinte e cinco anos.

— Sim, e desta vez foi… — o homem não tinha palavras para classificar a cena que presenciava — inimaginável o estado da vítima.
— E acha que faz parte da sua investigação? — indagou o homem.

Ele não acreditava na teoria do detetive que havia uma pessoa por trás, pois os casos sempre tinham aspecto de ataques de um animal feroz. Entretanto, havia um detalhe em comum em todas as cenas, a presença de uma orquídea da espécie cattleya próxima aos restos das vítimas.

— Tenho a completa certeza — respondeu Holt, com entonação na voz, apontando para a flor que estava próxima a um pedaço de tecido ensanguentado.

Só porque eu pareço uma boa garota
Não significa que não farei coisas que machucam.
Devil's Worst Nightmare — FJØRA



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Vida: [...] Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” | Gálatas 6:7
— Pâms.


FIM


Nota da autora: Sem nota.

🪐


Nota da Beth Saturno: Eu amo uma fic onde a pp mata macho escroto hahaha. Nossa, que perfeição, Pâms! Tô apaixonada por essa short.

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