Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 24/11/2024.Park era a fã mais atrapalhada que eu conhecia, mais divertida e dedicada também. A conheci em meus tempos de trainee, quando nem sonhava em fazer o sucesso que faço hoje. Mas, naquela época, ela sempre me apoiava a não desistir, até mesmo me dava seus lanches da escola para que eu comesse depois dos ensaios na gravadora. Ela vivia dizendo que era minha primeira fã. Sua dupla nacionalidade não a impediu de se aproximar de mim e nem eu dela, apesar dos preconceitos.
Era bom estar perto dela, mas os anos se passaram, e agora eu não a via mais pessoalmente, somente nos eventos promovidos para os fãs. Até que, no mais recente, notei sua ausência de imediato após o término, o que me deixou preocupado. Eu sabia que sua família tinha voltado ao Brasil, mas ela permaneceu morando com os tios em Busan. Sua frequência e pontualidade nos eventos em que eu participava era de deixar muitos morrendo de inveja.
— O que aconteceu, Jimin? — perguntou Suga hyung. — Que cara é essa?
— A fã número 1 dele não veio desta vez — respondeu Taehyung, ao entrar na van.
— Ela nunca falta, estou preocupado — expliquei.
— Você se esqueceu que as fãs se casam e têm filhos em uma certa idade — brincou Nam-joon hyung, me fazendo tremer por dentro.
— Hyung. — O olhei assustado. — Não diga isso. Eu a conheço, se ela tivesse um namorado, tinha me contado.
— E se ela estiver com medo de falar? — retrucou Jungkook, com todos segurando o riso.
— Yah! — gritei dentro do carro. — O que vocês querem? Me deixar ainda mais mal do que já estou?
Eles soltaram uma gargalhada.
— Fique tranquilo, deve ter alguma explicação para ausência dela — concluiu Nam-joon hyung.
Chegamos ao hotel onde fomos hospedados em Busan. Tentei ficar calmo, mas meu lado apreensivo por querer saber o que tinha acontecido com ela não me deixou quieto. Peguei o celular e digitei seu nome nos contatos, logo seu número apareceu, era o mesmo de quando estudamos. Assim que liguei para ela, sua mãe atendeu, me deixando ainda mais apreensivo. Segundo a ajumma, sua tia, tinha sofrido um acidente leve, que a impediu de comparecer no evento. Ela estava em casa chorando por isso, tanto que não conseguiu nem mesmo me ligar avisando.
Não pensei duas vezes e chamei um uber. Saí correndo com o celular na mão, sem nem encerrar a ligação direito. Entrei no carro e pedi para seguir o mais rápido possível. Cheguei à sua casa em menos de vinte minutos. Minha sorte era estar naquela cidade, mas se não fosse lá o evento, atravessaria o país para chegar até ela. Quando sua tia abriu a porta para mim, seu olhar de espanto em me ver foi imediato.
— Oh! — Ela nem mesmo conseguiu reagir.
— Me desculpe chegar assim tão de repente, mas precisava vir. — Fiz o olhar mais triste possível para ela me deixar entrar.
— Ah, bem, entre. — Ela abriu mais a porta para mim. — Não vou te deixar na rua a essa hora.
— Ajumma, me desculpe pedir, mas teria o dinheiro para o uber? Eu esqueci minha carteira ao vir correndo — pedi humildemente.
— Ah, claro. — Ela respirou fundo e sorriu. — está nos fundos, no quintal.
Assenti e me afastei dela, seguindo para o quintal. Quando cheguei à porta, estava sentada no banco de madeira recheado de almofadas para seu conforto, com uma tala de gesso na perna direita e outra o braço esquerdo. Meu coração se apertou ao vê-la naquela situação. Seu olhar concentrado na tela do celular, junto aos fones no ouvido. Por um breve instante, ela levantou a face e me viu, ficando estática.
— Oi — disse, ao adentrar mais o lugar, caminhando até ela.
— Jimin?! Park Jimin?! O que faz aqui? — Ela ergueu mais seu corpo, estranhando minha presença. — Era para estar no hotel descansando para sua sessão de fotos amanhã.
— Obrigado por ser minha agenda pessoal — brinquei, ao chegar perto. — O que te aconteceu? Senti sua falta hoje.
— Este é o resultado de andar de bicicleta ouvindo BTS. Você se distrai com um certo vocal e esquece que existem carros na rua — respondeu ela de forma engraçada. — Minha tia me deixou de castigo por isso e não pude ir, nem as lágrimas a convenceram.
— Sua tia fez bem. Fiquei preocupado quando ela contou do acidente. — Me sentei na banqueta em sua frente. — Mais do que você perto de mim, te quero em segurança.
— Não me repreenda você também. — Ela fez uma cara de emburrada, abaixando o olhar.
— . — Peguei em sua mão, a fazendo me olhar. — Eu realmente fiquei preocupado com você.
— Desculpa, oppa. — Ela sorriu, vi seus olhos brilharem.
Sorri de leve para ela e me aproximei mais, lhe dando um beijo na testa.
— Minha fã número 1, trate de ficar saudável. Preciso de você para me motivar e me dar amor — brinquei, passando a mão em seus cabelos de leve. — Promete?
— Prometo. — Ela sorriu novamente. — Oppa!
— Sim.
— Você tem que ir descansar — disse ela.
— Viu, para isso que você tem que descansar, para cuidar de mim.
— Eu sempre vou cuidar de você! — afirmou ela.
— Até depois de se casar com outro? — Não me contive em lembrar das brincadeiras dos membros.
Meus amigos não entendiam o nível da nossa amizade, nem nossos sentimentos puros e sinceros um pelo outro.
— Pare de dizer isso, oppa. — Ela se encolheu um pouco. — Só tenho olhos para você.
Abri um largo sorriso espontâneo e me afastei dela.
— Fique saudável logo. Volto amanhã, depois das fotos. — Pisquei de leve e me virei.
— & — gritou ela, como se esperasse que eu dissesse outra coisa.
— Love You — disse, ao me virar para ela e sorrir.
Eram as 7 letras que definiam nossos sentimentos.
As 7 letras que jamais se apagariam do nosso coração.
Love You.
Não somos capazes de entender
A realidade um do outro, eu não entendo, eu não me lembro
Palavras que serão sempre palavras, eu não espero por elas
Eu amo você, eu amo você.
— I Love You / BTS
“Você: Não é a história que quero lembrar, é a história que quero viver.” — by: Pâms.
