Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 24/11/2024.Terça, pela manhã, nos reunimos na sala de reunião da gravadora em Los Angeles. Finalmente fui apresentada ao cantor coreano do grupo popular do momento. Nossa falta de sincronia veio logo na forma de cumprimentar, quando eu me curvei de leve e ele esticou a mão. Soltamos algumas risadas baixas, e finalmente nos cumprimentamos com um aperto de mão.
— É um prazer para nós da Moonlight Records trabalhar com a Big Hit Entertainment e um artista tão talentoso quanto J-Hope — disse o meu produtor.
— Soube que sua artista também é muito talentosa — comentou ele, com certa timidez no olhar.
Meu deixou impressionada.
— Agradeço, te falaram a verdade sobre mim — disse, abrindo um sorriso singelo.
A insegurança que tinha foi desfeita ali, e me senti mais confortável e relaxada na reunião. Começamos com a assinatura oficial do contrato de parceria. J-Hope faria as partes do rap, enquanto a mim, o vocal mais dançante, o que me fazia voltar a ficar nervosa. O clipe seria gravado parte em Los Angeles e partes em Seoul, ao estilo impecável dos MVs de kpop. Essa parte eu estava ansiosa para ver como faziam. Ouvir a respeito da dedicação das gravadoras coreanas em oferecer ao público um produto de qualidade era normal, mas estar ali no meio e ver como tudo funcionava me deixava com expectativas altas.
— Bem, esta é a demo de uma amiga. Ela é compositora e me deu de presente de aniversário — iniciei, após eles ouvirem o conteúdo. — Inicialmente, era para ser uma balada, mas o Charles acha que é melhor deixar no estilo pop e sair de zona de conforto.
— E esta é a letra que a compôs por cima. — Charles mostrou a partitura para eles com a letra escrita. — O álbum foi nomeado de 7 Promise, e esta é a faixa principal que carrega o mesmo nome.
— Eu gostei do que ouvi — disse J-Hope, com um olhar animado para a partitura. — Podemos acrescentar umas partes de rap após a primeira versão, hyung.
Ele olhou para o produtor dele, acho que o nome correto é manager.
— E outras após o segundo refrão — completou ele, ao terminar de ler.
— Você pretende fazer o rap em inglês ou coreano? — perguntei confusa.
— Não tinha pensado nisso. — Ele riu meio sem graça. — Se quiser, posso fazer em inglês.
— Podemos fazer duas versões, com rap em inglês e outra em coreano, o que acham? — Charles me olhou. — Assim você pode promover lá na Coréia também.
Meu produtor pensava em tudo.
— Só de conseguir promover aqui já me dou por satisfeita — confessei a ele.
— Algum problema? — perguntou J-Hope.
— Não, nenhum. — Charles disfarçou com um sorriso, e eu me mantive em silêncio.
Mas tinha, sim. Todos os problemas possíveis. A gravadora passava por problemas financeiros e a única artista que restou foi eu. Aquele álbum significava a salvação de todos, e eu sentia o peso em minhas costas de uma forma arrasadora. Nada poderia dar errado, por isso aceitei a parceria com J-Hope. Eu sabia o profissional que ele era, mas e eu? Eu não poderia decepcionar as pessoas que tanto investiram em mim e agora depositavam os últimos recursos no meu sucesso com aquela música.
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Dois dias para ele montar suas linhas de rap e mais dois para ajustarmos a minha letra. Começamos as gravações da faixa título no estúdio. E começamos mal, com minha voz sendo prejudicada com uma dor de garganta saída das profundezas do bueiro. E eu nem tinha tomado nada gelado. Forcei o máximo que pude no primeiro dia, mas não deu certo. Eu lutava contra o tempo, pois precisava das gravações no estúdio para iniciar a gravação do clipe.
Todos tinham ido embora. Com minhas condições, Charles se viu obrigado a fazer uma pausa. Permaneci no estúdio, sentada no chão perto da mesa de equipamentos, segurando sem sucesso as lágrimas. Foi quando uma pessoa entrou na sala e se aproximou de mim.
— Está tudo bem sua voz falhar, já aconteceu comigo. — Era a voz de J-Hope, com seu inglês carregado de sotaque e todo confuso.
— Eu não posso falhar, não dessa vez — disse, num tom baixo, sentindo a garganta latejando. — Todos dependem do meu sucesso.
Ele me olhou com ternura e se sentou ao meu lado. Vendo as lágrimas no meu rosto, ele retirou o lenço que tinha amarrado na calça de acessório e limpou minhas lágrimas.
— Seja confiante, vai ficar tudo bem, vai dar certo. — Suas palavras soaram com confiança.
— Queria ser, mas estou sentindo que não tenho mais forças para lutar — confessei.
— Sua empresa passa por problemas? Eu ouvi meu manager comentando — perguntou ele.
— Foi sorte ter aceitado fazer essa parceria comigo — admiti indiretamente. — Nosso dinheiro está contado.
— Sabe o motivo de eu ter aceitado?
— Tenho certeza de que não foi pelo dinheiro — afirmei.
— Não. — Ele riu, me fazendo rir também. — Foi pelo seu talento. Eu vi todos os seus clipes e ouvi sua música, foi isso que me fez ter o desejo de trabalhar com você. Sua voz é incrível.
A sinceridade no seu olhar me constrangeu por dentro.
— Obrigada, J-Hope — agradeci pelas palavras de conforto.
— Pode me chamar de Hoseok, é meu nome verdadeiro, ou de Hope, como meus amigos. — Ele abriu um sorriso fofo, me deixando admirada.
— E eu posso ser sua amiga?
— Claro, será um prazer para mim.
— Ok, Hope. — Eu ri baixo.
— Tenho certeza de que uma noite de sono e descanso vai fazer sua voz voltar. — Ele remexeu o bolso da calça e retirou uma bala. — E balas de menta, são as melhores para a voz.
— Bom saber. — Mantive o sorriso ao pegar a bala. — Vou sempre me lembrar disso.
— Agora, que tal você me ouvir cantar? — disse ele, se levantando.
— Hum… Sério? — O olhei desconfiada, me levantando também. — Os produtores nos mandaram descansar.
— E estamos, enquanto fazemos música. — Ele entrou dentro da cabine de gravação. — Vou começar com uma bem conhecida.
— Qual?
— DNA.
— Ok!
Claro que eu já tinha ouvido algumas músicas do BTS, mas ouvir ao vivo era outra história.
Hope começou empolgado, com seu olhar fixo em mim.
Meu coração não sabia se acelerava pela intensidade que ele cantava a canção, ou pelo seu olhar para mim.
No final, eu estava confiante em nossa parceria.
Seria a primeira de muitas.
Como se estivéssemos chamando um ao outro
O DNA nas minhas veias me diz
Que você é quem eu venho procurando.
— DNA / BTS
“Você: Não é a história que quero lembrar, é a história que quero viver.” — by: Pâms.