Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 24/11/2024.Estranhei sua forma de agir, mas, olhando sua cara fechada pelo retrovisor, entendi.
— O treino foi puxado hoje? — perguntei, antes de arrancar com o carro.
— Prefiro não conversar dessa vez. — Ele permaneceu sério e mal-humorado.
Era difícil reconhecer o Suga alegre e sorridente de sempre. Fiquei alguns segundos em silêncio, até que o bichinho da curiosidade me picou.
— Posso entender o motivo de estar assim? — perguntei. — Em sete anos sendo sua taxista particular, nunca te vi tão mal-humorado.
— A vida. — Ele soltou um suspiro fraco. — Não aguento mais essa pressão toda.
— Respira fundo, meu amigo. Essa é só uma pequena parte negativa de viver seu sonho de cantor. — Tentei o acalmar.
Eu sabia muito bem como era sua rotina diária. Havia conhecido Suga ocasionalmente, quando consegui uma vaga de motorista particular para a Big Hit. Foi estranho a primeiro momento uma mulher ter ganhado a vaga no meio de tantos machos que se sentiam experts no assunto. Mas, sim, foi a mulher que eles contrataram. E ali estava eu. Acompanhei toda a trajetória dele desde o debut com o BTS, em 2013, vendo seus altos e baixos emocionais e emprestando o banco traseiro do carro da empresa para ele desabafar. Aquele pequeno espaço era meu consultório improvisado, como ele costumava dizer.
Em todo esse tempo, foram vários segredos e aconselhamentos que lhe dei em nossas inúmeras conversas. Até mesmo me impressionei quando ele revelou que estava interessando em uma noona celebridade. Mas logo foi esquecido, quando ela anunciou seu casamento com um ator. Suga era o tipo de pessoa que não se apaixonava fácil. Segundo ele, seu coração só acelerou por duas pessoas até o momento. A tal celebridade e uma professora do jardim de infância. Isso me fez rir quando contou. Pelo menos me fez perceber que ele tinha uma queda por mulheres mais velhas.
Quem me dera! Pensei comigo.
— Quer saber, não me importa se não quer contar, você é meu amigo e vou lhe fazer um favor — disse, virando o carro bruscamente, saindo da rota traçada para seu dormitório.
— O que está fazendo? — perguntou ele.
— Te levando para um lugar legal — respondi com segurança. — Agora desfaça essa cara fechada e curta a paisagem noturna.
Continuei dirigindo até chegar a uma cafeteria de artista de rua. Era um lugar legal que eu sabia que Suga iria se divertir sem que sua imagem fosse exposta, já que a dona era uma amiga minha e apaixonada pelo BTS. Chegando lá, ela reservou o espaço do terraço só pra gente. A vista para o rio Han era bonita e quem sabe ajudaria meu amigo a relaxar.
— Aqui estamos, meu lugar de Seoul favorito — disse a ele, assim que nos aproximamos do beiral do terraço.
— É lindo — disse ele, com os olhos brilhantes.
— Achei que a paisagem pudesse te animar e inspirar — comentei, me virando para a rua e encostando no guarda-corpo do beiral.
— Obrigado — disse ele, ao me olhar. — Por ser minha amiga.
— Nossa amizade é benéfica para ambos — brinquei. — Ou você acha que as fotos que tiro de você no meu carro não me rendem uma grana boa com suas fãs.
— Sua mercenária — comentou ele.
Nós rimos um pouco.
— Também sou grata por sua amizade — revelei a ele. — É complicado ser estrangeira e ainda trabalhar na sua empresa, muitas pessoas não me veem com bons olhos.
— Não ligue para elas. Você tem minha amizade e o respeito dos outros membros. — Ele sorriu de leve. — Gostamos de você.
— Ain, que fofo. — Sorri de volta e brinquei. — Se suas fãs te ouvirem, vão me linchar em praça pública.
— Credo, elas não são tão más assim. — Ele fez uma careta estranha. — Eu protejo você.
Não fala assim! Isso me derrete. Me segurei o quanto pude, mas aquele olhar profundo não ajudava.
— Agora que está mais calmo, posso saber o que aconteceu?
— Se eu te contar, posso correr o risco de perder nossa amizade. — Seu tom sincero me deixou preocupada.
— Que loucura é essa, Min Yoon-gi?! — Coloquei a mão na cintura, confusa pelo que disse. — Desde quanto algum segredo seu foi motivo para a nossa amizade terminar?
— Desde quando meus segredos não envolvem você. — Novamente sincero e agora subjetivo.
— A mim? — Me peguei mais confusa ainda. — O que tem eu? Está sabendo de alguma coisa na empresa sobre mim? Vão me demitir?
Comecei com meus devaneios de achar que já estava desempregada por algum motivo.
— Eu gosto de você — disse ele, em alto e bom tom, cortando minhas paranoias.
— Suga… — sussurrei. — Eu sei, você fala isso quase todos os dias. Somos amigos, eu também gosto de você.
Ele pegou em minha mão, me deixando estática.
— Eu gosto de você. — Seu olhar ficou mais intenso.
O que me fez entender a profundidade daquele gostar.
— Você não pode falar essas coisas.
Oh, céus! , é você que não pode falar essas coisas! Ele está se declarando, mulher.
— Não dizer, não vai mudar o que sinto. — Seu olhar continuou sério, porém intenso. — Meus sentimentos são reais e sinceros. Não só gosto, como também amo você.
Eu liguei o “não me importo com as consequências” e me impulsionei para lhe beijar de forma doce e intensa.
Me daria a liberdade de experimentar seus sentimentos por mim.
Me daria a liberdade de viver os meus por ele.
Sabia que sempre teria aquele carro para nos apoiar.
Se tivesse 7 táxis, todos seriam para isso…
Nossos momentos juntos.
Era outro mundo novo para mim
Eu te conheci quando você estava suado
Um garoto um tanto estranho
Eu da Lua, você das estrelas
Nossas conversas eram como lição de casa.
— Friends / BTS
“Você: Não é a história que quero lembrar, é a história que quero viver.” — by: Pâms.
