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Revisada por Aurora Boreal 💫
Atualizada em: 02/06/2025

Na cidade de Yokohama, a tensão era tão palpável quanto os ventos que açoitavam o porto naquele dia 31 de outubro. As ruas da cidade, normalmente movimentadas, pulsavam com uma energia diferente na noite de Halloween. Crianças, com seus baldes em mãos, corriam de porta em porta, gritando um animado "トリック・オア・トリート!" (doces ou travessuras!). Jovens e adultos, vestidos como super-heróis, personagens japoneses e criaturas mitológicas, desfilavam pelas ruas com máscaras e varinhas luminosas, transformando a multidão em um mosaico cultural. O ritmo contagiante da música ecoava por todo lugar, enquanto fogos de artifício iluminavam o céu. O aroma de comidas exóticas e bebidas adocicadas pairava no ar, criando uma atmosfera ainda mais festiva e vibrante naquela noite.
Enquanto a cidade se entregava à euforia do Halloween, uma figura sombria espreitava as profundezas do porto. Escondida pelas sombras e protegida pelas ruínas de um navio naufragado, uma feiticeira recém-libertada de seu aprisionamento, buscava por uma relíquia ancestral, O Orbe da Obediência. Um artefato celestial amaldiçoado que permitia controlar a mente de outras pessoas. Seus olhos, cintilantes como a noite, fixaram-se em um antigo mapa desenhado em pergaminho em suas mãos, onde um ponto luminoso marcava a localização do orbe e de outro artefato, conhecido como O Livro das Sombras. Este outro, segundo as lendas, concederia a quem o possuísse poder absoluto, um livro proibido que continha feitiços poderosos, mas que corrompia a alma de quem o lesse.
Enquanto isso, na superfície, uma densa nuvem de fumaça negra e opaca se alastrava implacavelmente por todo lugar, cobrindo a cidade de Yokohama com um manto de trevas. Delineando com escuridão da fumaça, uma figura encapuzada emergia, com seus olhos cintilando com uma luz sinistra capaz de cortar a noite. A euforia que antes inundava o centro da cidade agora se transformava em um rugido de terror. A multidão, antes eufórica, era arrastada por uma onda de pânico, tropeçando em restos de fantasias e máscaras estilhaçadas. A terra tremia com a violência de um gigante adormecido, engolindo gritos e risadas em um abismo de caos. Vidros espatifaram-se, alarmes estridentemente chilreavam e o cheiro de gás se espalhava pelo ar.
A feiticeira, de volta à superfície, vestindo uma capa esvoaçante e olhos que brilhavam como brasa, observava tudo de maneira prazerosa. O ar úmido e salgado que cobria sua pele não conseguia abafar o calor que emanava de seu corpo.
— Séculos aprisionados nas profundezas ansiando por este momento… — proclamou a figura encapuzada. — A era para o nosso domínio está prestes a se iniciar. O portal para o nosso reino, forjado nas profundezas do abismo, se abrirá, e a humanidade, em sua mera insignificância, será inundada pela imensidão do nosso poder. — Com um sorriso que revelava uma crueldade profunda, a figura encapuzada proclamou. — A ordem natural será invertida. Daremos um fim a todos os que possuem habilidades sobrenaturais e faremos o planeta inteiro se render à nossa vontade. — Ele virou-se em direção a feiticeira, com os olhos brilhantes. — Com o Livro das Sombras, o Orbe da Obediência e o nosso poder...
— A cidade de Yokohama será nossa — completou a feiticeira, sorrindo triunfante. A cada passo que a mulher em direção à figura encapuzada, o piso tremia sob seus pés, como se a terra estivesse viva e a temesse. — E com ela, o mundo! — Com sua voz melodiosa e sinistra, a feiticeira garantiu, estendendo o artefato celestial, envolto em névoa negra, para a figura de capuz. Em seu braço direito, estava um símbolo de corvo totalmente negro.
— O Despertar das Sombras finalmente chegou. — Com um gesto majestoso, o chão se abriu, revelando um abismo que se estendia até o infinito. O portal, adormecido sob as ruínas de um templo esquecido, começou a emitir uma luz pulsante, rasgando a escuridão. — Agora, toda a humanidade conhecerá o verdadeiro significado de poder — ele sussurrou, seus olhos brilhando com uma intensidade sinistra. A névoa, que se erguia pelo porto, carregava um odor fétido e a promessa de algo maligno, enquanto as luzes da cidade cintilavam fracamente, como se a escuridão tentasse apagá-las. As forças do caos se agitaram e o mundo tremeu perante a iminente catástrofe. Com sorriso enigmático e perverso nos lábios, a figura encapuzada e a feiticeira se fundiram à escuridão, desaparecendo nas sombras. Um silêncio sepulcral se instalou, quebrado apenas pelos gemidos das estruturas danificadas. O terremoto havia aberto uma fenda e as forças do mal se preparavam para invadir Yokohama.
Observando de longe, em meio ao caos que se alastrava pela cidade, um jovem, antes perdido na multidão, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Uma sensação de medo o consumia, algo muito estranho estava acontecendo. Embora tentasse manter a calma, havia algo diferente, algo mais profundo e sombrio.
— Dazai… sou eu... — o garoto disse, com o celular sobre seu ouvido, fazendo uma pausa breve. — Estamos com sérios problemas.


Horas antes do ocorrido.


No Escritório da Agência de Detetives Armados, localizado no topo de uma encosta próxima ao porto de Yokohama, a atmosfera era carregada de uma tensão palpável. Ao redor de suas mesas, a equipe de detetives especiais debruçava-se sobre seus casos, enquanto as ruas vibravam com a alegria contagiante das pessoas fantasiadas e o tilintar dos baldes de doces. Dentro daquela fortaleza de tijolos, a agência era um refúgio de seriedade, a animação lá fora era um eco distante, contrastando com a concentração intensa dos detetives, que se preparavam para mais uma semana de trabalho que prometia ser longa e desafiadora desde o incidente envolvendo Fiódor Dostoiévski, líder de uma organização clandestina chamada Ratos na Casa dos Mortos, e um dos cinco membros da Decadência dos Anjos. A luz fraca das lâmpadas amarelas e a luz da tarde que entrava pela janela, junto com o tique-taque implacável do relógio na parede, amplificavam o silêncio que pairava sobre as mesas repletas de papéis espalhados e telas cintilantes.
Com seus olhos cansados e uma expressão marcada por noites mal dormidas, Atsushi Nakajima analisava meticulosamente um mapa rabiscado à sua frente. Seus dedos tamborilavam impacientes sobre a madeira da mesa enquanto seus pensamentos se perdiam nos detalhes do caso. A mesa à sua frente estava desocupada e vazia, e à direita dela, Doppo Kunikida, seu colega de trabalho, com seu olhar fixo na tela do notebook, mantinha sua respiração concentrada e pensamentos totalmente imersos à realidade. Enquanto à sua esquerda, e de frente para Kunikida, Osamu Dazai, seu experiente colega e mentor, repousava serenamente sobre sua mesa, em um sono profundo. No canto direito, saboreando uma caixa de salgadinhos, estava Ranpo Edogawa, e na extremidade oposta da sala, Jun’Ichirou Tanizaki e sua irmã, Naomi, estavam imersos em seus trabalhos. De repente, a porta se abriu e *Kyōka Izumi entrou no local, carregando uma pilha de livros na altura de seus olhos. Atsushi, que até então estava distraído, observando o mapa, levantou-se rapidamente e foi ao encontro da garota que estava próxima a porta.
— Ei, deixa que eu te ajudo! — exclamou o garoto, pegando os livros com cuidado, caminhando até a mesa vazia em frente a sua. — Sabe, já que teremos o resto do dia livre, o que acha de irmos juntos ao centro da cidade? — perguntou o rapaz, virando-se para a garota. Kyouka, com seus olhos cintilando sob a luz fraca do escritório, sorriu minimamente com a oferta de Atsushi, aceitando sem hesitar.
— Nós dois? — ela perguntou, observando o jovem detetive com um olhar brilhante.
— Sim, o que acha? — Atsushi perguntou.
— Tipo um encontro? — murmurou ela. Atsushi coçou a nuca, envergonhado.
—Hm... Não é isso. Quer dizer... acontece que você nunca foi em um festival de Halloween antes e... e, bem... desde que você se juntou à Agência, você não teve a chance de viver experiências assim — começou ele, gaguejando. — De ser um pouco mais humana, sabe? Sem alguém para te controlar — explicou. — Nesse festival, você pode ser quem quiser, sem se preocupar com o passado ou a Máfia do Porto. — Kyouka sorriu levemente, seus olhos cintilando de gratidão. A sinceridade de Atsushi era evidente, e ela apreciava o gesto.
— Tudo bem. Eu adoraria ir com você — respondeu ela, com a voz suave.
Atsushi soltou um suspiro de alívio, um sorriso largo se espalhando por seu rosto. Nakajima sorriu com a resposta.
— É diferente de tudo que você já viu. Tem música, dança, comida deliciosa e outras coisas. Coisas que você precisa experimentar para entender. E, bem, acho que você vai gostar... Eu prometo que será divertido — garantiu o rapaz. Kunikida, que ouviu a conversa, levantou a cabeça do notebook e olhou para os dois.
— Não se esqueçam de estarem sempre em alerta a qualquer ocorrência suspeita! Hoje a cidade de Yokohama estará mais agitada do que o normal — advertiu o loiro, voltando sua atenção para a tela. Dazai, que antes cochilava sobre sua mesa, levantou a cabeça, apoiando o queixo em sua mão esquerda e, ainda sonolento, abriu um dos olhos, lançando um olhar divertido para os dois jovens.
— E tomem cuidado com os fantasmas, crianças! — brincou ele, fechando o olho novamente. Atsushi, impulsionado pela brincadeira de Dazai, começou a levar a sério a possibilidade de fantasmas.
— Você realmente acredita em fantasmas, Dazai? — perguntou o garoto, inquieto, voltando para a sua mesa.
— Quem sabe? O mundo está cheio de mistérios, não acha, Nakajima? — O rapaz de cabelos castanhos escuros, curtos e levemente ondulados, com seu sorriso enigmático, respondeu com outra pergunta.
— Por favor, Dazai, não assusta ainda mais o pirralho! Fantasmas não existem! — Kunikida disse, o repreendendo. O rapaz sonolento à sua frente, agora de olhos fechados, movimentava seu braço direito — indo e voltando — enquanto segurava um aviãozinho de papel. Seu braço acabou esbarrando e derrubando alguns livros de sua mesa sobre o notebook do loiro, que acabou fechando.
— Dazai, você não cansa de causar problemas? O que você acha que está fazendo? Você não tinha que resolver uns assuntos? — Levantou-se rapidamente e apoiou-se para frente, sobre a mesa, fazendo o rapaz de bandagens recuar e encará-lo com as mãos sobre a boca. Enquanto Atsushi observava o colega, imóvel.
— Você está precisando tirar umas férias da agência, Kunikida. Desse jeito você vai acabar sozinho — Dazai disse, simplesmente. O loiro, com as veias pulsando no pescoço, ajeitou os óculos em seu rosto e aproximou-se ainda mais, um tanto exaltado.
— Você está me provocando, Dazai? Sabe muito bem que não podemos simplesmente abandonar o nosso trabalho. Temos responsabilidades! — exclamou, com seus olhos verde-acinzentados, faiscando de raiva. Dazai, imperturbável, apenas sorriu.
— Relaxa, Kunikida. É só uma sugestão. Afinal, quem precisa de um parceiro que só sabe reclamar? — o rapaz de bandagens provocou, se recostando na cadeira.
— Reclamar? Você acha que estou de brincadeira? Temos muitos casos para resolver e você... Meu Deus, você dormiu praticamente o dia inteiro! — exclamou, tentando controlar a raiva. Dazai, por sua vez, apenas observava a reação do parceiro com um sorriso divertido.
Antes que seu colega fizesse mais um comentário para irritá-lo ainda mais, a porta do escritório se abriu de repente, Kenji Miyazawa, acompanhado de um visitante inusitado, adentrou o ambiente. A um palmo de distância do garoto, uma vaca pastava tranquilamente, chamando a atenção de todos.
— Oi, pessoal! — Kenji, parado a pouco metros à porta, dentro do escritório, acenou para os companheiros, mas no entanto, logo atrás do garoto estava uma vaca, que mastigava calmamente. A reação dos colegas foi imediata: bocas abertas, olhos arregalados e risos nervosos tomaram conta do escritório. Kunikida, com a sobrancelha arqueada, encarou o animal parado entre o lado de dentro e fora do escritório. O loiro, suspirando profundamente, correu rapidamente na direção do animal, colocando-a para fora.
— Uma vaca? Mas o quê? — Atsushi, assustado, murmurou.
— Por Deus, Kenji, como essa vaca veio parar aqui? — exclamou Doppo ao retornar à sala. Miyazawa, parecendo não entender a reação do mais velho, coçou a cabeça, com um sorriso bobo no rosto.
— Ela parecia tão perdida aqui na cidade grande... achei que precisava de ajuda. — O garoto, de olhos dourados e cabelos loiros curtos que iam além da nuca, deu de ombros, com a maior naturalidade.
— E achou que ela encontraria justo aqui? — perguntou Kunikida, ajustando os óculos em seu rosto, em seguida caminhou até a janela e respirou fundo, tentando manter a calma.
— Mais uma prova de que a ingenuidade de Kenji não tem limites. — Dazai se levantou e começou a recolher os livros que havia derrubado sobre a mesa de Kunikida.
— Como se espera de uma agência de detetives, sempre há uma surpresa — Ranpo, sem tirar os olhos de sua caixa de salgadinhos, murmurou. Os irmãos, Tanizaki e Naomi, surpresos com a visita inesperada do animal, voltaram suas atenções para o que estavam fazendo, tentando agir normalmente. Enquanto Kyouka apenas observou a cena de relance.
A brisa gélida, que serpenteou pelo cômodo, trazia um alívio momentâneo ao calor do dia. Atsushi, recuperado do susto, passou a mão por seus cabelos brancos e soltou um suspiro profundo, tentando se recompor. Começou a organizar sua mesa e guardou o mapa rabiscado à sua frente, olhando para o relógio na parede, ficando de pé logo em seguida.
— Vamos? — perguntou, dirigindo-se à Kyouka. Seus olhos brilharam com uma estranha intensidade. Kunikida, que observava as crianças fantasiadas pela janela, virou-se para eles.
— Mais uma vez, tenham cuidado. É Halloween, e sabemos como as coisas podem se complicar nessa época. Pode não parecer, mas ainda estamos nos recuperando do incidente com a Decadência dos Anjos. Qualquer coisa fora do comum, reportem imediatamente — Kunikida concluiu, seu olhar percorrendo os dois jovens com uma preocupação genuína.
Atsushi assentiu, sua expressão agora mais sóbria. A lembrança dos eventos recentes envolvendo Fyódor e a Decadência dos Anjos pairava sobre todos na agência, como uma sombra persistente. A alegria do Halloween lá fora parecia ainda mais distante diante daquela realidade.
— Entendido, Kunikida — Atsushi respondeu, um tom de determinação em sua voz. Kyouka, ao seu lado, também acenou com a cabeça em concordância, seus olhos transmitindo uma seriedade incomum para sua idade.
— Tomaremos todo o cuidado possível — Nakajima respondeu, embora tentasse esconder a preocupação que sentia. Kyouka, percebendo a tensão no ar, colocou a mão no ombro do rapaz.
— Não se preocupe, Atsushi. Estaremos juntos — A garota disse. O garoto suspirou, mas um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

🕵🏻 💡 🏢 📚 🤝🏼 🛡 🕊 ☀️

Atsushi e Kyouka saíram da agência caminhando lado a lado, apreciando a atmosfera festiva de Yokohama. A cidade estava vibrante, decorada com abóboras, figuras assustadoras e teias de aranha. Crianças fantasiadas corriam pelas ruas pedindo doces, jovens e adultos davam risadas, enquanto estrangeiros e nativos se divertiam juntos. Enquanto caminhavam por uma rua mais tranquila, Nakajima e Izumi notaram um cartaz colado em um poste e decidiram ver o que estava escrito.
— Olha, está acontecendo um Festival de Máscaras e Fantasias no centro de Yokohama! — Atsushi leu em voz alta. Virando-se para a garota ao seu lado. — Que tal se a gente participar? — sugeriu ele, animado.
— Mas… nós não estamos usando nenhuma das opções escritas no cartaz — Kyouka respondeu. O garoto pensou por um momento.
— Vem comigo, eu tenho uma ideia! — exclamou ele.
Enquanto seguiam em frente, Atsushi notou uma pequena loja de fantasias e adereços do outro lado da rua.
— Olha lá, Kyouka! — disse o garoto, apontando para o estabelecimento. — Talvez encontremos algo legal naquela lojinha — afirmou, puxando a garota com delicadeza em direção à loja.
Ao adentrarem o estabelecimento, os dois observaram a vitrine, que estava decorada por máscaras de animais, personagens da cultura japonesa e deuses mitológicos, que se entrelaçavam com as fantasias de bailarinas, super-hérois, piratas e personagens de contos de fadas, criando um cenário completamente mágico. Enquanto a iluminação suave do lugar realçava as cores vibrantes dos objetos, criando uma atmosfera de mistério e encanto. Atsushi e Kyouka, parados diante de uma prateleira, ficaram hipnotizados pela profusão de cores e pelas formas das máscaras, com seus olhos vazios e expressivos, que pareciam observá-los.
— Esta ficaria bem em você — Kyouka sussurrou, apontando discretamente para cima. Atsushi seguiu seu olhar e seus olhos se arregalaram. Uma máscara de tigre branco, com as laterais dos olhos cobertas de cristal, que pareciam pulsar de vida, os observava de cima. Um sorriso tímido se espalhou pelo seu rosto, enquanto seus olhos brilhavam com a mesma intensidade que os cristais da máscara de tigre.
— Acho que você tem razão — ele concordou, estendendo a mão para pegá-la. Com a ponta dos dedos, Atsushi traçou as delicadas linhas da máscara de tigre. A pelagem branca contrastava com a intensidade de seu olhar, e por um instante, pareciam se fundir. Um sorriso tímido se espalhou por seus lábios novamente. Aquela máscara era mais do que um simples objeto; era uma extensão de si mesmo. Kyouka, que o observava atentamente, notou uma pequena lágrima escorrendo pelo rosto de Atsushi. Ela se aproximou e, com cuidado, enxugou a lágrima com o polegar. O rapaz, percebendo o que havia acontecido, pareceu voltar à realidade. Um tremor em sua voz denunciava a emoção que ele tentava conter. — Essa máscara... ela me lembra de um tempo muito difícil. Um tempo em que eu não me sentia digno de nada. — Ele fechou os olhos, como se estivesse revivendo uma lembrança dolorosa. Inesperadamente, Kyouka o puxou para um abraço apertado. Ele se deixou levar, sentindo o calor do corpo dela e a força de seus braços. Por um instante, todos os seus medos e inseguranças pareciam desaparecer.
— Desculpe, Kyouka. Eu não queria que você me visse assim. — Ele levou a mão até a máscara, como se precisasse dela para se sentir mais forte. Ele sacudiu a cabeça de um lado para outro levemente. — Bom... mas e você? Que máscara você pretende escolher? — Ele sorriu de lado, curioso para saber qual seria a resposta dela. Izumi pensou por um momento, deslizando seus dedos pela superfície fria da prateleira. Em seguida, seus olhos se fixaram na máscara de coelho, próxima à fantasia de fada.
— Essa aqui... — murmurou ela, com um brilho em seus olhos. — Eu gosto de coelhos — disse, colocando a máscara no rosto. A pelúcia macia cobriu seu rosto, deixando apenas seus olhos à mostra. Ela girou, observando sua imagem refletida no vidro da vitrine. — O que você acha? — perguntou, virando-se para o Atsushi.
— Você está adorável! Combina com você. — O garoto não conseguiu conter o sorriso. Após escolherem e pagarem suas máscaras, os dois saíram da loja e seguiram em direção ao local do festival de Halloween. Enquanto caminhavam em direção ao centro da cidade, Atsushi observou Kyouka, que parecia encantada com as decorações e com as pessoas fantasiadas.
— Está gostando? — perguntou ele, sorrindo. Ela assentiu com a cabeça, os olhos brilhando.
— É bem diferente do que eu imaginava — respondeu ela. O garoto sorriu ainda mais largo, sentindo-se feliz por poder proporcionar essa experiência à ela.
As máscaras em seus rostos cintilavam intensamente sob as decorações da cidade de Yokohama, o festival de Halloween invadia o ar com a frescura do fim da tarde enquanto a noite começava a se aproximar, trazendo o aroma doce e fumegante de algodão doce, enquanto o som da música pulsava em seus ouvidos. No meio da multidão, sorrindo para as pessoas que os cumprimentavam, Atsushi percebeu algo estranho: uma figura com máscara de águia que os observava de longe. Ele sentiu um arrepio percorrer sua espinha e tentou seguir a figura com os olhos, mas ela já havia desaparecido.
— Você viu aquilo, Kyouka? — perguntou ele, vendo-a negar com a cabeça. — Hm… Deve ter sido minha imaginação. Vamos seguir em frente — ele disse, deixando aquilo de lado por um momento. E então guiou a garota pela multidão. — Quer experimentar um doce típico do Halloween? — sussurrou em seu ouvido, devido ao som de vozes altas e a música que vinha de uma das lojas. Ela virou-se para ele e concordou com a cabeça. — Ótimo! — ele disse, guiando-a até uma barraquinha próxima.
A vendedora, uma senhora sorridente com um avental estampado de abóboras, os recebeu com entusiasmo.
— O que vão querer, jovens? — ela perguntou, com sua voz doce ecoando no ar. Kyouka e Atsushi tiraram as máscaras de seus rostos e observaram todas as opções disponíveis. Escolhendo por fim doces coloridos e com formatos assustadores. A garota, ao provar cada um deles, fez uma cara engraçada.
— É tão doce! — exclamou ela. A cada mordida, seus olhos brilhavam, encantada com o sabor. — Eu quero mais! — pediu, virando-se para a vendedora, fazendo o garoto ao seu lado dar risada.
— Vou querer mais desses, por favor! — Atsushi pediu, sorrindo educadamente. A vendedora sorriu, entregando mais um pacote do doce para Atsushi.
— Esse doce é especial, feito com uma receita secreta da minha avó — ela disse, piscando para Kyouka. — Ela sempre dizia que quem os comia ficava com a alma leve e o coração feliz. — Kyouka arregalou os olhos, encantada com que a vendedora disse.
Atsushi sorriu, observando a reação da garota. "Então vamos levar essa felicidade para todo mundo!", pensou ele.
— Pode embalar mais alguns para os nossos amigos? — Nakajima sugeriu, entregando alguns doces para a vendedora, que assentiu.
Enquanto ela embrulhava os doces com cuidado e os entregava ao rapaz, um estrondo seco e forte ecoou do lado de fora da loja, seguido por um tremor violento que fez as prateleiras do ambiente tremerem e os embrulhos de doces nas mãos de Nakajima se espalharem pelo chão, incluindo suas máscaras. A senhora e os dois jovens se agacharam imediatamente com o inesperado acontecimento.
— O que foi isso? — perguntou Kyouka, com os olhos arregalados. Atsushi, sem responder, correu até a porta e a abriu. A rua estava em caos total. Pessoas gritavam e corriam em todas as direções, tropeçando umas nas outras. Izumi, que o observava atentamente, percebeu uma mudança na expressão de Nakajima. Seus olhos, antes tão calmos, agora estavam tomados por um intenso desespero.
— Temos que sair daqui agora! — exclamou o garoto, aproximando-se da vendedora agachada do outro lado do balcão. — A senhora está bem? — A vendedora, pálida e trêmula, apontou para a janela, em direção ao céu. Onde uma enorme névoa se projetava sobre a cidade.
Atsushi e Kyouka se entreolharam, sentindo um frio percorrer suas espinhas.
— Não podemos ficar aqui. Precisamos ir para um lugar seguro. — Atsushi ajudou a senhora a se levantar, e com ajuda de Kyouka, saíram da loja, com seus olhos fixos na névoa que se aproximava rapidamente.
A vendedora, ainda em choque, murmurou algo sobre um abrigo, apontando para uma pequena rua lateral. Sem hesitar, os três seguiram em direção ao local indicado. A rua era estreita e escura e a névoa já cobria quase toda a cidade, engolindo os prédios e as ruas como um monstro faminto, tornando a visibilidade cada vez mais impossível. Atsushi sentiu um nó na garganta, a ansiedade crescendo a cada passo.
— Chegamos! — exclamou a senhora, apontando para uma pequena porta de aço com uma placa desbotada. Eles bateram insistentemente na porta, esperando que alguém atendesse. A porta rapidamente se abriu, revelando um homem idoso com uma expressão apavorada.
— Rápido, entrem! — ele disse, abrindo caminho para que eles entrassem. O interior da casa era pequeno e aconchegante, com uma lareira acesa que irradiava calor. Atsushi ajudou a senhora a sentar em uma poltrona.
— A cidade está coberta pela névoa — Kyouka disse, observando a cidade por uma fresta na janela. — Precisamos voltar para a agência o mais rápido possível. — Olhou para Atsushi, que concordou.
— Você tem razão. Vocês ficarão bem aqui? — o garoto perguntou, dirigindo-se ao casal.
— Não se preocupe conosco, estaremos seguros — o homem idoso, com a voz trêmula, respondeu.
— Prometemos voltar assim que a situação se acalmar — Atsushi assegurou, colocando a mão no ombro do homem. — E não saiam daqui. — Com um aceno de cabeça, o casal agradeceu. Atsushi e Kyouka se despediram e se dirigiram à porta.
Ao abri-la, a névoa fétida e densa os envolveu, obscurecendo sua visão. A cada passo, adentrando mais fundo naquela escuridão, a sensação de serem observados se intensificava. Ruídos estranhos ecoavam por todos os lados, gemidos baixos e um sussurro constante, como se milhares de vozes sussurrassem em uníssono, ecoavam pelo ambiente. As sombras, antes vagas, agora tomavam formas grotescas, com olhos que brilhavam intensamente na penumbra. Enquanto corriam pelas ruas, eles se entrelaçaram com um grupo de pessoas, correndo em desespero, esbarrando uns nos outros.
— Atsushi! — a garota gritou. Mas acabou desaparecendo entre eles.
Atsushi, sentindo um arrepio percorrer sua espinha, imediatamente desviou o olhar, tentando encontrá-la, mas foi em vão.
— Kyouka! — gritou ele, avançando pela multidão. — Onde você está? — A cada passo que dava, ele sentia o peso da angústia em seu peito. — Kyouka! — Atsushi continuou a gritar seu nome, mas a multidão ruidosa abafava seus clamores. A cada esquina, a sensação de desespero crescia. As sombras, antes grotescas, agora pareciam se mover com propósito, como se estivessem o guiando para algum lugar. Um pressentimento sombrio o invadiu. Algo de muito errado estava acontecendo e ele era o único que parecia perceber.
Ao chegar ao centro da cidade, após conseguir sair do meio daquela multidão, Nakajima foi tomado por um caos ensurdecedor. Edifícios destruídos se erguiam como dentes quebrados, ruas tomadas por escombros e a multidão corria em desespero, seus gritos se misturando ao ruído constante da destruição. O ar estava carregado de poeira e o cheiro de fumaça irritava suas narinas. No entanto, seus olhos se fixaram em duas figuras distantes. Uma mulher, de capa esvoaçante e olhos que brilhavam como brasas, conversando com um homem encapuzado. A cada palavra da figura encapuzada, um sorriso cruel se alargava em seus lábios. À medida que a mulher se aproximava dele, o chão tremia sob os pés de Atsushi, como se a própria terra temesse sua presença. Intrigado, o garoto se aproximou cautelosamente de um carro e usou sua audição de tigre, escutando atentamente a conversa.
— A era para o nosso domínio está prestes a se iniciar. O portal para o nosso reino, forjado nas profundezas do abismo, se abrirá, e a humanidade, em sua mera insignificância, será inundada pela imensidão do nosso poder. — Com um sorriso que revelava uma crueldade profunda, a figura encapuzada proclamou. — A ordem natural será invertida. Daremos um fim a todos os que possuem habilidades sobrenaturais e faremos o planeta inteiro se render à nossa vontade. — Ele virou-se em direção a feiticeira, com os olhos brilhantes. — Com o Livro das Sombras, o Orbe da Obediência e o nosso poder...
— A cidade de Yokohama será nossa — completou ela, sorrindo triunfante. — E com ela, o mundo! — Com sua voz melodiosa e sinistra, a feiticeira garantiu, estendendo o artefato celestial, envolto em névoa prateada, para a figura de capuz. Em seu braço, estava um símbolo de corvo totalmente negro.
— O Despertar das Sombras finalmente chegou. — Com um gesto majestoso, o chão se abriu, revelando um abismo que se estendia até o infinito. O portal, adormecido sob as ruínas de um templo esquecido, começou a emitir uma luz pulsante, rasgando a escuridão. — Agora, toda a humanidade conhecerá o verdadeiro significado de poder — ele sussurrou, seus olhos brilhando com uma intensidade sinistra. A névoa que se erguia pelo porto carregava um odor fétido e a promessa de algo maligno, enquanto as luzes da cidade cintilavam fracamente, como se a escuridão tentasse apagá-las. Com sorriso enigmático e perverso nos lábios, os dois se fundiram à escuridão, desaparecendo nas sombras.
Atsushi sentiu outro arrepio percorrer sua espinha, e embora tentasse manter a calma, uma sensação de medo o consumiu, com as mãos trêmulas, pegou o celular em seu bolso e digitou rapidamente o número de Dazai.
— Dazai... — o garoto disse, com o celular sobre seu ouvido, fazendo uma pausa breve. — Estamos com sérios problemas.
Saia daí imediatamente. — A voz de Osamu soou do outro lado da linha.
— Mas Dazai, a Kyouka desapareceu entre a multidão e... — tentou continuar, mas foi interrompido.
Não há tempo para detalhes agora. Encontre um lugar seguro e espere por mim. Eu já estou a caminho — o colega disse, com sua voz soando firme.
— Mas eu não posso simplesmente deixá-la sozinha... — o garoto argumentou, relutante.
Sei que você se preocupa com ela, Atsushi, mas agora não é hora para ser teimoso. Confie em mim — Dazai disse, tentando fazê-lo manter a calma.
Atsushi hesitou por um momento, mas a voz autoritária de Dazai o fez acenar com a cabeça, mesmo que relutantemente.
— Tudo bem! Mas se algo acontecer a ela, eu... — A última frase pairou no ar, mas foi rapidamente abafada pela voz de Dazai.
Kyouka vai ficar bem, ela sabe se proteger, não se preocupe. — Ele garantiu. — Agora, vá.
Antes que Atsushi pudesse responder, a ligação foi encerrada. Sentiu um nó na garganta ao ouvir a voz calma de Dazai. As palavras do amigo o tranquilizavam um pouco, mas a imagem de Kyouka desaparecida o atormentava. Suas mãos tremiam tanto que quase deixou cair o celular. O garoto olhou em volta e avistou um beco, escuro e silencioso, que parecia ainda mais ameaçador. Com as pernas bambas, correu em direção ao beco, que o levou para o outro lado da cidade, sentindo um medo crescente a cada passo.
Após o que pareceu uma eternidade, Atsushi finalmente encantou um lugar: um antigo armazém, com as portas entreabertas e uma luz fraca emanando de seu interior. Ele hesitou por um momento, mas a lembrança da voz de Dazai o impulsionou para frente. Ao adentrar o armazém, seus olhos se acostumaram a penumbra e ele avistou uma figura familiar sentada em uma caixa de madeira. Era Dazai. E ao lado dele, estava…
— A quanto tempo, Homem-Tigre! — a figura exclamou, com um sorriso travesso nos lábios.
*Edogawa, irmã mais nova de Ranpo.


Glossário O.D.d.S

*Nomes japoneses não têm acento. A letra "ō" é uma letra minúscula com um mácron, que é uma barra horizontal sobre a letra. Em japonês, o mácron indica que a vogal deve ser pronunciada por mais tempo do que a vogal sem o mácron. A pronúncia de "ō" é "ou".

*No sistema de nome japonês, o sobrenome vem antes do nome próprio, por exemplo "Edogawa" é o sobrenome e "Ranpo" é o primeiro nome. E assim por diante.




— Há quanto tempo, Homem-Tigre! — , com um sorriso travesso nos lábios, levantou-se de um dos contêineres de madeira e caminhou em direção ao garoto, ainda surpreso. — Estávamos esperando por você.
! Dazai! O que estão fazendo aqui? — Atsushi perguntou, surpreso com a presença dos dois detetives.
— Como assim? Não está feliz em rever uma velha amiga? — a garota perguntou, boquiaberta, em fingida tristeza.
— Ahn, não é isso... é que… é que eu… — Atsushi gaguejou, um pouco desconcertado.
— Eu estou brincando! — exclamou, seus olhos brilhando de alegria e um sorriso enorme se formando em seu rosto. — É bom te ver de novo, Atsushi Nakajima.
Atsushi retribuiu o sorriso timidamente, sentindo o abraço caloroso de .
— Eu também, . — Coçando a nuca, ele sorriu de maneira tímida e saiu de seu abraço.
— Parece até que foi ontem que estávamos lado a lado, enfrentando aqueles contrabandistas, não é? — perguntou, um brilho nostálgico em seus olhos. Atsushi balançou a cabeça em concordância, feliz em vê-la ali.
— O que você faz aqui em Yokohama? Achei que você estivesse na América do Sul. — Embora estivesse apavorado com os acontecimentos lá fora, ele perguntou.
Dazai, que observava tudo de longe, levantou-se do contêiner que estava sentado e aproximou-se dos dois.
desembarcou do aeroporto e foi direto para a Agência, justamente quando você saiu para o festival de Halloween — o rapaz de bandagens disse.
concordou com a cabeça.
— Tenho alguns assuntos importantes para resolver em Yokohama, só passei para dar um oi — ela disse, piscando para Atsushi.
— E como soube que eu viria para esse lugar? Como chegaram aqui antes de mim? — Atsushi perguntou, surpreso.
— Esqueceu que o meu poder de rastreamento me permite localizar algo ou alguém cinco minutos antes de ela chegar a qualquer lugar? — A garota de cabelos castanhos sorriu, observando as feições do garoto à sua frente.
Atsushi arregalou os olhos.
— E Kyouka? Vocês a encontraram? — Atsushi, com o semblante preocupado, perguntou.
— Infelizmente, ainda não sabemos sobre seu paradeiro. Precisamos de pistas para encontrá-la — Dazai respondeu. Atsushi arqueou a sobrancelha, alternando o olhar entre os dois.
— Como assim? Mas o seu poder permite que você rastreie qualquer coisa — o garoto exclamou, encarando .
— Nem tudo é tão simples quanto parece, Atsushi — disse, cruzando os braços. — A habilidade de rastreamento tem suas limitações. Especialmente quando lidamos com uma força sobrenatural como a que, provavelmente, iremos enfrentar — ela explicou, apontando, cruzando os braços abaixo do peito em seguida.
— Não se preocupe, nós vamos encontrar Kyouka e resolver esse problema, juntos. — Dazai se aproximou de Atsushi, colocando uma mão em seu ombro.
— Mas como? — Atsushi perguntou, visivelmente abalado.
— Iremos cuidar disso. Agora, o importante é que você está bem — disse, tentando fazê-lo manter a calma. Dazai apenas observava a cena com um sorriso singelo nos lábios.
O garoto sentiu um nó na garganta. A preocupação com Kyouka o consumia.
— Mas... o que faremos? A cidade está um completo caos — ele questionou. respirou fundo, buscando as palavras certas. Sabia que Atsushi estava desesperado, mas precisava manter a calma.
— Antes de mais nada, precisamos entender bem a situação em que nos encontramos — começou, firme. — Dazai, você tem alguma hipótese sobre quem ou o quê poderia estar por trás desses acontecimentos? — ela perguntou, virando-se para o rapaz de bandagens.
— Alguma lenda antiga? Um artefato poderoso, talvez? As possibilidades são infinitas — ele respondeu, sorrindo de lado, enfiando as mãos nos bolsos do sobretudo. A jovem Edogawa revirou os olhos.
— Hm, parece que isso é um não — ela murmurou. — Vamos voltar para a Agência de Detetives Armados, então. Precisamos de toda a ajuda que pudermos — ela sugeriu, olhando para Atsushi.
— Tudo bem. — Atsushi suspirou profundamente, esboçando um leve sorriso. Embora a angústia tomasse conta de seu rosto, ele concordou.
— Sei que está preocupado, mas precisamos manter a calma para podermos pensar direito, Atsushi. Tenha confiança, faremos tudo o que for possível para trazê-la de volta. — Um sorriso gentil surgiu nos lábios de , que tentava confortá-lo.
tem razão, Atsushi. A pressa pode nos levar a cometer erros. Vamos analisar todas as pistas que temos e traçar um plano sólido para descobrirmos o que está acontecendo — Dazai disse, observando os companheiros com um olhar confiante. Um silêncio pairou no ar por alguns segundos enquanto os três detetives se encaravam, cada um perdido em seus próprios pensamentos.
Atsushi continuava inquieto, isso era evidentemente perceptível em seu rosto, mas a presença de e Dazai o fazia se sentir um pouco mais seguro.
— Agora precisamos ir — o rapaz de bandagens exclamou, caminhando em direção à porta do armazém; e com um sorriso confiante ao abri-la, virou-se para os companheiros. — Vamos salvar nossa companheira e a cidade de Yokohama! — O vento, um sopro de esperança e desespero, irrompeu pela porta, entrelaçando-se aos seus cabelos e ao tecido esvoaçante do seu sobretudo. Com um brilho nos olhos, e Atsushi trocaram um olhar rápido, seus lábios curvando-se em um sorriso determinado.
Sem mais uma palavra, os três impulsionaram-se para frente, desaparecendo na escuridão, prontos para enfrentar o desconhecido.

🕵🏻 💡 🏢 📚 🤝🏼 🛡 🕊 ☀️

Após percorrer os lugares mais seguros da cidade para chegar ao edifício da Agência, o trio de detetives chegou ao escritório, sendo recebido por um ambiente tenso e silencioso. Kunikida, ao ver Atsushi passar pela porta, correu em sua direção com o semblante bastante preocupado, enquanto os demais membros da agência aguardavam ansiosamente por respostas.
— Moleque! Graças a Deus, você está bem! O que aconteceu? Onde você estava? — O loiro imediatamente o bombardeou com perguntas. Atsushi permaneceu em silêncio, ainda processando os acontecimentos. Naomi aproximou-se, com uma expressão séria.
— Onde está a Kyouka? — perguntou ela, a voz carregada de apreensão. Atsushi abaixou a cabeça, a culpa estampada em seu rosto.
— Nós... estávamos em uma loja de doces temáticos, quando de repente… a loja começou a tremer, e a cidade começou a ser tomada por uma névoa densa e estranha — ele hesitou, não sabendo como explicar a situação sem alarmar ainda mais os colegas. — Kyouka e eu decidimos ver o que estava acontecendo. Mas acontece que, enquanto seguíamos para o centro da cidade, um grupo de pessoas, correndo desesperadas, nos barrou. Fomos encurralados pela multidão e, na confusão, perdi Kyouka de vista! — Ele fez uma pausa, suspirando profundamente. — Eu a procurei por todos os cantos, mas não a encontrei em lugar algum — o garoto disse, visivelmente abalado.
apoiou a mão em seu ombro, tentando transmitir-lhe um pouco de conforto. Ele continuou:
— Quando decidi seguir em direção ao centro da cidade, o lugar estava quase que completamente destruído e acabei vendo e ouvindo algo... assustador — ele disse, hesitando por um momento.
— O que você quer dizer com… assustador? — Tanizaki perguntou, um pouco hesitante.
— Uma mulher, de olhos brilhantes feito brasas, e outra, totalmente encapuzada, mas não consegui distinguir seu rosto — Atsushi respondeu. — Acabei me escondendo atrás de um carro para não chamar atenção e utilizei a audição aguçada do tigre quando os dois começaram a conversar. — O garoto olhou para os companheiros e, em seguida, para Dazai, que permanecia em silêncio, esperando-o continuar seu relato. — Eles pretendem eliminar todos os indivíduos com habilidades sobrenaturais e submeter o planeta inteiro a seguir sua vontade. Depois disso, uma fenda se abriu no chão — Nakajima concluiu, com a voz trêmula.
— Uma fenda? — Kunikida franziu a testa.
— Isso soa como algo que a Agência precisará investigar mais a fundo. — Yosano Akiko, uma jovem médica de cabelos lisos e escuros, cortados em um corte curto que ia além do queixo e franja, de olhos magenta, uma mistura entre o vermelho e o violeta, disse ao entrar no escritório. — E ao que parece, teremos uma longa semana pela frente — completou ela, cruzando os braços abaixo do peito.
— Isso é inacreditável! — indagou, com uma leve irritação em sua voz. — Parece que estamos diante de mais uma ameaça global.
— Dois indivíduos misteriosos que buscam eliminar todos que possuem habilidades sobrenaturais? — Kunikida exclamou, também cruzando os braços abaixo do peito.
— Mais uma história clássica e bastante clichê, não? Devo admitir, a previsibilidade é quase atraente — Dazai disse, com seu tom de voz irônico e um sorriso de lado no rosto.
— O que nós vamos fazer? Se eles estão mesmo dispostos a tudo... este definitivamente será o fim da humanidade! — Tanizaki exclamou, visivelmente apavorado. Naomi apoiou a mão em seu ombro, tentando acalmá-lo.
— Não podemos permitir que isso aconteça. Vamos encontrá-los e impedi-los imediatamente! — Kunikida exclamou, com punhos cerrados.
— Você acha que a Máfia do Porto está envolvida nisso, Dazai? — Atsushi perguntou, direcionando seu olhar para o rapaz de bandagens, sentado com as mãos atrás da cabeça e olhos fechados.
— Seria uma possibilidade, no entanto, acredito que desta vez a Máfia do Porto não tenha envolvimento algum nisso — Dazai respondeu, abrindo os olhos lentamente, direcionando-os na direção de Atsushi. — Além de que, eliminar todos os paranormais? Que tédio seria esse mundo, não é? — Ele se levantou, caminhando até a janela, fitando o caos da cidade com um olhar distante.
— Se a Máfia do Porto não está envolvida, então quem está? E qual o motivo para quererem exterminar todos os que possuem habilidades sobrenaturais? — Kunikida exclamou, buscando por respostas. Respostas que ninguém naquela sala poderia responder.
— Essa história tem um cheiro bem familiar. Alguém está puxando os nossos cordões, mas quem? — Dazai murmurou, mais para si do que para os outros.
O silêncio pairou no ambiente por alguns instantes, enquanto cada funcionário da Agência de Detetives Armados digeria as informações recém-reveladas. A tensão era palpável, e a preocupação com o destino de Kyouka e o futuro de Yokohama pairavam no ar.
— Temos um caso sério em mãos! Precisamos de todas as pistas possíveis para encontrar Kyouka e impedir esses vilões de destruírem a cidade — Kunikida disse, cruzando os braços. — Precisamos de respostas!
— Calma, Kunikida, eu estou tentando juntar as peças desse quebra-cabeça. Mas, se você quer tanto uma pista, eu posso te dar uma. — Dazai sorriu, de forma enigmática.
— E que pistas seriam essas? — o loiro perguntou, erguendo a sobrancelha.
O rapaz de bandagens virou-se para Nakajima.
— Atsushi, você disse ter visto duas pessoas, do que mais você se lembra? — ele perguntou, sentando-se à mesa de Kunikida, apoiando o queixo em suas mãos.
— Eu… lembro que havia uma marca estranha no braço direito da mulher quando ela entregou uma esfera para a figura de capuz — o garoto respondeu, franzindo a testa.
— Marca? — Dra. Yosano perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Parecia ser uma tatuagem, na verdade. — Atsushi inclinou a cabeça para o lado, pensando por um momento.
— Tente se lembrar de cada detalhe dessa tatuagem, Atsushi. Qualquer detalhe, por mais insignificante que pareça, pode ser crucial. Desenhe se precisar. Tente descrevê-la da melhor forma possível — Dazai sugeriu, aproximando-se de Atsushi, colocando uma folha sem pauta e um lápis sobre a mesa. O garoto pensou por um momento, tentando se lembrar de cada detalhe.
Sentindo a pressão da situação, ele pegou a folha de papel e o lápis, e com as mãos trêmulas, começou a esboçar o que havia visto no braço da mulher. Com olhos fixos no papel, os demais funcionários da Agência acompanhavam cada linha do desenho, ansiosos por uma revelação que desvendasse o mistério. Ranpo, no entanto, parecia alheio à pressa, observando a cidade pela janela como se nela encontrasse as respostas para todos os enigmas. Enquanto Kunikida, sem paciência, interrompeu a concentração geral após Atsushi finalizar seu trabalho.
— É sério que é só isso que temos para nos basear? Um desenho feito às pressas por um garoto aterrorizado? — o loiro indagou incrédulo, observando o desenho de Atsushi. — Precisamos de algo mais substancial, Dazai! — Kunikida exigiu, virando-se para o rapaz de bandagens.
Dazai, ignorando o loiro a sua frente, fixou os olhos penetrantes no desenho que Nakajima lhe entregara e esboçou um pequeno sorriso. Aquele esboço, com suas linhas trêmulas, era tudo o que tinham para desvendar um mistério que prometia ser mais complexo do que imaginavam.
— Não se preocupe, Kunikida. Essa pista pode ser mais valiosa do que você imagina. — Ele se voltou para Ranpo, que continuava imerso em seus pensamentos. — O que você acha, Ranpo? Esse símbolo não te lembra algo? — Osamu exclamou, erguendo o papel para o companheiro.
— Mas isso é apenas um desenho de um pássaro comum… — Tanizaki disse, franzindo a testa.
— Pássaro? — Ranpo desviou o olhar da janela e fixou-os no desenho de Atsushi. — Espere um minuto, esse símbolo... — murmurou ele, com o semblante ainda mais sério do que de costume. — Atsushi, você disse que eles estavam com uma esfera? — indagou ele, fitando o garoto com intensidade.
As sobrancelhas escuras franziram-se levemente, intensificando seu olhar penetrante.
— Sim! Estava envolta por uma névoa negra — respondeu Atsushi, sua voz um pouco trêmula, enquanto tentava se lembrar dos detalhes daquela cena surreal. — Por que a pergunta?
Ranpo arregalou os olhos ainda mais. Em seguida, virou-se abruptamente, encarando a irmã, que paralisou no lugar, o rosto pálido. Seus lábios tremiam enquanto tentava reprimir um grito de terror. A possível resposta do irmão a deixava petrificada e seu coração palpitava freneticamente no peito.
— O que houve? — perguntou Kenji, alternando o olhar entre os irmãos.
Corbeaux Noirs! — ele exclamou, após alguns segundos em silêncio.
— Mas isso é impossível! — exclamou, seu queixo caindo levemente.
— Corbeaux Noirs? Mas o que isso significa? — Atsushi perguntou. A confusão era evidente em seu rosto, as sobrancelhas arqueadas e os olhos arregalados eram um sinal claro disso.
— Significa Corvos Negros em francês. Um pássaro associado à sabedoria e à magia. É um símbolo utilizado por uma antiga organização que atuava nas sombras. — De repente, Yukichi Fukuzawa, presidente da Agência de Detetives Armados, exclamou, entrando repentinamente no escritório.
A revelação do presidente causou um choque nos detetives.
— Corvos, em muitas culturas ocidentais, são associados à morte, à má sorte e a maus presságios. — aproximou-se de Dazai, pegando o papel de suas mãos, examinando o desenho com cuidado.
— Esta é uma organização conhecida por ser extremamente perigosa! — Ranpo balbuciou, alternando seu olhar entre cada membro da Agência.
— Se esta informação for verdadeira... nós estaremos com sérios problemas. — hesitou, deixando todos na sala tensos.
— Atsushi, você lembra de mais alguma coisa? — Kunikida perguntou, virando-se para o garoto.
— Hm, pouca coisa... mas se me lembro bem, a figura de capuz mencionou o nome de um livro… — Atsushi ponderou, tentando se lembrar de mais informações. Um silêncio pesado pairava no ar, interrompido apenas pelo som de seus próprios batimentos cardíacos acelerados. — "O Livro das Sombras".
recuou abruptamente, os olhos arregalados, completamente em choque com a revelação. Seu rosto, antes pálido, agora era branca como a neve.
— Mas este livro está selado há cinco séculos. Como isso é possível? — exclamou ela, virando-se para o irmão.
A menção do livro parecia ter aberto uma porta para um mundo desconhecido e aterrorizante.
— Isso quer dizer que a esfera da qual ele se referia só poderia ser o Orbe da Obediência! — Ranpo comentou, finalmente entendendo ao que Atsushi se referia.
— E o que isso quer dizer? — Atsushi perguntou, ainda mais confuso.
— Que esses objetos são artefatos celestiais poderosos capazes de manipular e controlar a mente das pessoas — Fukuzawa explicou, com a voz grave. — Se esta suposta organização está em posse desses dois objetos, as consequências serão ainda mais catastróficas.
— Mas... o que eles querem com a Kyouka? O que ela tem haver com tudo isso? — Tanizaki questionou, como se lesse os pensamentos de Atsushi.
— Não há dúvidas de que a querem por causa de seu poder... — Dazai disse, sua voz era grave e rouca como o aço. Ele então fixou o olhar em Atsushi. — O Demônio da Neve.
Atsushi engoliu em seco, a garganta seca como o deserto.
A imagem de sua companheira, frágil e determinada, sendo usada como uma marionete o consumia por dentro. A culpa o corroía. Ele falhou em protegê-la antes, e agora, o tempo se esgotava.
— E o que eles farão com esse poder? — Atsushi questionou, a voz embargada. — E se eles a transformarem em uma máquina de matar? Algo que não tem mais controle sobre si mesma? — o garoto indagou, os olhos arregalados, aterrorizado com a possibilidade.
— Esta é uma organização que atuava nas sombras, Atsushi. Eles conhecem todos os segredos e os medos da humanidade. E o seu, infelizmente, pode ser um deles — respondeu com pesar, vendo o medo brilhar nos olhos do garoto.
— Mas por quê ela? — Atsushi questionou, bastante indignado.
— Como uma ex-assassina da Máfia do Porto com trinta e cinco acusações, Kyouka possui excelentes habilidades que podem ser extremamente úteis para eles — Kunikida disse, com os braços cruzados sobre o peito.
— O poder dela é algo cobiçado por muitas organizações perigosas, Atsushi. E essa organização, em particular, parece ter planos grandiosos envolvendo o seu poder e suas habilidades — Dazai explicou, analisando a situação com seriedade.
Kenji, observando a preocupação do companheiro, colocou a mão em seu ombro.
— Não se preocupe. Nós vamos encontrá-la! — Kenji disse, com um sorriso confiante, enquanto os outros detetives demonstraram preocupação. Atsushi forçou um sorriso, mas seus olhos refletiam a preocupação que consumia seu coração. Ele sabia que a situação era mais complexa do que Kenji imaginava, mas apreciava a positividade de seu amigo.
A tensão no ambiente se tornou palpável. Cada um dos presentes compreendia a gravidade da situação. A Agência de Detetives Armados já havia se deparado com diversos inimigos perigosos, mas a ideia de uma antiga organização tão poderosa era algo novo e assustador. E eles estavam prestes a se envolver em mais um caso que poderia mudar o curso de Yokohama, e consequentemente, de todo o Mundo.
— Ao que parece, teremos um longo caminho pela frente, não é mesmo? — Dazai, com um brilho sinistro nos olhos, declarou.

🐦‍⬛ ⚔ 💀 🌆 🌘 📖 🔮

Do outro lado da cidade, na sala do Chefe da Máfia do Porto, a tensão no ar era palpável. *Ōgai Mori, o líder implacável da organização criminosa, que representava o mais obscuro de Yokohama, permanecia de pé diante da imensa janela de vidro, observando a cidade que se transformava em um caos crescente lá fora. A cidade, antes pulsante e vibrante, agora era um quadro sombrio pintado em tons cinzentos e vermelhos. A cada nova informação que chegava aos ouvidos do líder mafioso, eram como se tiros de metralhadoras o atingissem em cheio, cada uma mais alarmante que a anterior. A ameaça que pairava sobre Yokohama era de proporções inimagináveis, algo que transcendia qualquer conflito que a organização já havia enfrentado. O líder da Máfia do Porto, um estrategista brilhante, conhecido por sua frieza implacável e impiedosa, e por sua incrível habilidade de manipular as pessoas ao seu redor, sentia uma angústia que há muito não experimentava. A sala, geralmente imponente e silenciosa, agora ecoava com o som de seus passos pesados, caminhando lentamente em direção à sua mesa, sentando-se em sua poltrona de almofada vermelha com detalhes dourados.
Enquanto tamborilava seus dedos impacientemente sobre a mesa, a porta da sala se abriu, revelando *Chūya Nakahara, um dos cinco executivos e membro da Máfia do Porto, e sua irmã, Nakahara, membro da Máfia atuando como um dos líderes do batalhão Lagartos Negros, grupo de assalto da Máfia que lidava com os trabalhos mais desagradáveis da organização. Ambos carregavam em seus rostos a mesma expressão gélida, como se um inverno eterno houvesse se instalado em seus olhos.
— Chefe, temos um problema — Chuuya, com seu habitual chapéu preto, adornado por uma faixa marrom e uma fina corrente prateada pendendo sobre a aba, declarou. Sua voz era grave, cortando o silêncio opressivo do ambiente. — Vinte dos nossos homens que estavam em serviço no centro de Yokohama desapareceram. Se contarmos com as pessoas trabalhando para nossas sub-organizações, quase cem — ele murmurou, a tensão e a indignação eram evidentes em sua voz.
— Isso é realmente alarmante. O que aconteceu? — o homem indagou, franzindo a testa e apertando os lábios, levando suas mãos à frente de seu rosto, entrelaçando seus dedos. Um sinal de sua preocupação.
— De acordo com alguns dos nossos subordinados que retornaram, todos os demais desapareceram misteriosamente durante as negociações da Máfia, que coincidiram com o festival do Halloween no centro da cidade — o rapaz de cabelos laranjas marcantes, com uma seção mais longa que caía logo abaixo de seu ombro esquerdo, respondeu. — Além disso, após uma névoa densa envolver grande parte de Yokohama, testemunhas oculares relataram ter visto duas figuras enigmáticas abrindo uma fenda no solo e desaparecendo juntos nas sombras instantes depois.
As informações trazidas por Chuuya eram realmente preocupantes, mas também eram intrigantes. Uma fenda, duas figuras misteriosas e o sumiço de cem subordinados, tudo isso apontava para algo muito maior do que uma simples disputa entre organizações.
— Mais alguma informação? — Mori perguntou, encarando os irmãos.
— Sim! Um dos nossos subordinados descreveu as duas figuras sendo: uma pessoa de porte masculino e uma mulher de olhos brilhantes, com uma espécie de tatuagem em seu braço direito — , ousada e determinada, que nunca se intimidava em se envolver em um conflito pela organização, respondeu.
Mori inclinou a cabeça, concentrando-se nas palavras da jovem.
— E que tatuagem seria essa, senhorita ? — Sua voz era profunda e calma. Essa informação era a peça que faltava para começar a montar o quebra-cabeça. A garota hesitou por um momento, tentando encontrar as palavras certas.
— De um corvo negro, senhor — ela respondeu. Mori, apesar de sua postura inabalável, sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir a descrição da tatuagem.
— Corbeaux Noirs? — Mori murmurou, apoiando o queixo em suas mãos, seus olhos estreitando-se em pensamento. A expressão de Chuuya se tornou ainda mais séria ao fitá-lo. Ele sabia que a situação era extremamente grave e que o chefe estava pessoalmente envolvido.
A névoa que se alastrava lá fora, vista pelas janelas, carregava uma aura sinistra, que parecia engrossar o ar, intensificando a sensação de opressão. O tique-taque do relógio na parede ecoava como um funeral, marcando o tempo que se esvaia antes da tempestade. A menção do símbolo era um presságio: a Máfia do Porto estava prestes a entrar em uma guerra que poderia mudar o equilíbrio de poder em Yokohama.
— O que isso quer dizer, chefe? — questionou Chuuya, intrigado. Seu tom de voz carregado com uma mistura de curiosidade e apreensão. Ele era jovem demais para se lembrar, mas a história sobre esta organização sempre havia sido contada nos corredores da Máfia.
Corbeaux Noirs, em francês, significa Corvos Negros. Em outras palavras, é um símbolo utilizado por uma antiga organização que atuava nas sombras. — Mori levantou-se de sua poltrona, caminhando até a janela novamente. A vista da cidade, normalmente tão pacífica, agora carregava uma ameaça iminente. — Uma organização criminosa sombria com métodos mais cruéis que a Máfia do Porto. Acreditávamos ter sido destruída há muito tempo, mas ao que parece, Insetos sobrevivem por mais tempo do que imaginávamos. — O olhar de Mori se perdeu em lembranças do passado, enquanto a sala se enchia de um silêncio tenso.

Flashback on

Yokohama, alguns anos atrás


Muito antes de ascender ao comando de líder da Máfia do Porto, Ōgai Mori, um jovem médico do submundo, de cabelos bagunçados e olhos cansados, lutava ao lado de Yukichi Fukuzawa — antes da Agência de Detetives Armados ser fundada e Fukuzawa ainda estar sob a tutela de Sōseki Natsume — que havia-o salvado de criminosos de uma organização. As chamas que consumiam os armazéns do porto transformavam a noite em um inferno de ferro e fumaça. A cidade estava em chamas e os prédios se erguiam como gigantes de ferro retorcidos, o ar estava denso pela fumaça, gritos ecoavam por todos os lados.
— Esse símbolo... — Fukuzawa apontou para uma marca negra gravada na parede de uma base inimiga.
— Os Corvos Negros... estamos mais perto do que imaginávamos. — Mori rosnou, desviando de um golpe mortal. A raiva o impulsionava, mas a cautela o mantinha vivo.
Ougai, com seu bisturi cintilando à luz das chamas, avançou sobre os inimigos. Seus movimentos eram precisos e elegantes, como uma dança mortal. A cada golpe certeiro, um grito de dor ecoava no ar, mas a resistência dos Corvos Negros era feroz. O jovem médico sentia a adrenalina pulsar em suas veias. Seus olhos, apesar do cansaço, brilhavam com uma determinação feroz. Ao seu lado, Fukuzawa, com seu olhar penetrante, empunhava sua katana de forma impecável, mesmo em meio ao caos da batalha que se intensificava a cada instante, seus golpes se sucediam com uma velocidade vertiginosa. Os dois homens se esquivavam, contra-atacavam, mas os inimigos eram numerosos e irritantemente implacáveis.
O jovem médico sentia o peso da luta, e o cansaço já se acumulava em seus músculos, mas não podia desistir. Não ali, não agora. De repente, uma flecha cortou o ar e um grito de dor ecoou. Vinte dos cinquenta inimigos presentes haviam sidos atingidos por flechas de luz dourada, fazendo seus corpos caírem inertes no chão. Mori olhou para cima, avistando uma figura de capuz escarlate, que desapareceu antes que ele pudesse reagir.
— Quem fez isso? — perguntou Fukuzawa, atingindo um dos inimigos que se aproximavam.
— Eu não sei... — respondeu Ōgai, com uma expressão de seriedade em seu rosto. — Mas ele nos ajudou. — Yukichi assentiu, voltando sua atenção para a batalha. A inquietação borbulhava na mente de Mori. Quem seria aquele arqueiro encapuzado, surgido do nada, tão habilidoso e misterioso? A pergunta ecoava em seus pensamentos, sem resposta.
O caos da batalha rugia ao redor deles, um turbilhão de aço e gritos. A cada flecha que silvava no ar, cravando-se em um oponente, a inquietação de Mori se intensificava. Seus disparos eram tão precisos quanto rápidos, flechas mortíferas que cortavam o ar como relâmpagos. A figura do arqueiro, uma sombra encapuzada, movia-se entre a vida e a morte, seu arco tensionado, uma ameaça constante. Seria ele um aliado inesperado ou apenas um estranho com um propósito oculto? Mori e Fukuzawa, lado a lado, enfrentavam a horda inimiga, mas a presença do arqueiro era um enigma que obscurecia a batalha.
— Não podemos nos prender a detalhes agora. Não temos tempo. Vamos nos separar e encontrar o líder da organização! — Yukichi exclamou, com seu tom de voz firme.
Sua katana dançava em um balé mortal, cortando o ar e encontrando a carne de seus inimigos.
— Deixa comigo. Mas não se perca no caminho até lá! — Mori, com um sorriso irônico nos lábios, se afastou de Fukuzawa, se jogando em meio à batalha. A cada golpe, um grito de dor ecoava pela cidade, mas Mori seguia seu caminho de modo implacável. Ele sabia que aquela batalha era apenas o início de algo muito maior.
Os dois separaram-se um do outro, mergulhando cada um em sua própria batalha pessoal. A cada inimigo derrotado, a esperança de vencer a luta crescia dentro deles. No entanto, a cada curva e rua, a sensação de serem observados se intensificava, e a noite em Yokohama se transformava em um pesadelo vivo. A fumaça densa envolvia os prédios, como um véu negro sufocante e o cheiro de pólvora e madeira queimada ardia em suas narinas.
As chamas que dançavam nas paredes, projetavam sombras grotescas que se contorciam como demônios, Ōgai Mori e Yukichi Fukuzawa lutavam em meio ao caos, com suas figuras destacando-se contra o fundo infernal. A proximidade até líder dos Corvos Negros era palpável, mas a cada passo, a sensação de ainda estarem sendo observados, deixavam-os em alerta máximo.

Em outro ponto da cidade, Fukuzawa, com a elegância de um espadachim que superava qualquer outro, abria caminho em meio ao sangue. A cada golpe certeiro de sua katana, mais um inimigo caia. Seus olhos, agudos como os de uma águia, varriam a escuridão em busca do líder dos Corvos Negros. A figura do arqueiro encapuzado, observando a batalha nas sombras, era uma incógnita que o assombrava, mas a missão de proteger a cidade o mantinha em movimento. Sob o capuz, seus olhos brilhavam com uma inteligência calculista. A cada movimento de Mori e Fukuzawa, um sorriso enigmático curvava seus lábios, revelando um plano mais amplo. A flecha que havia disparado não era só um ato de bondade, mas uma peça crucial em seu grande jogo.

🐦‍⬛ ⚔ 💀 🌆 🌘 📖 🔮

Mori finalmente chegou ao esconderijo do líder da organização inimiga. A sala era espaçosa, escura e úmida, com paredes de pedra nuas que pareciam absorver a luz. E um único candelabro tremulava, projetando sombras grotescas no teto abobadado. O ar era carregado de um odor fétido, uma mistura de suor, sangue seco e algo indefinidamente podre. O líder dos Corvos, um homem alto e forte, sentado em um trono improvisado com crânios humanos, o encarava com tamanho desprezo que Mori sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Esboçando um sorriso cruel, curvados em um arco de desprezo, ele se levantou do trono. A espada em sua mão direita deslizou pelo chão de mármore, arrastando um rastro de faíscas. O som metálico sibilante ecoou na sala, amplificado pelo silêncio sepulcral. Seus olhos, cintilantes como brasas, fixaram-se em Mori, que permanecia imóvel, mantendo sua guarda alta. O ar ficou carregado de eletricidade, a respiração dos dois homens era a única perturbação naquela noite tempestuosa. Com um movimento rápido e preciso, ele girou a espada, desenhando um círculo mortal no ar. Mori desviou por um triz, mas a ponta da lâmina raspou sua bochecha, abrindo um pequeno corte que sangrava lentamente.
— Finalmente nos conhecemos, Ōgai Mori! Médico da Máfia do Porto. — A voz do homem ecoou pela sala, fria e ameaçadora. Mori não respondeu, limitando-se a apertar o punho de seu bisturi e seus olhos brilhando com uma determinação implacável. — Prepare-se para morrer. — Um duelo épico se iniciou, uma dança mortal entre o bisturi de Mori e a força bruta do líder inimigo. O bisturi do jovem médico dançava como uma serpente, deslizando entre as costelas do adversário com uma precisão mortal.
O líder dos Corvos, por sua vez, revidava com golpes impiedosos, fendendo o ar com uma precisão mortal sem igual. A aura sinistra que o envolvia era palpável, intensificando-se a cada movimento calculado.
— Logo esta cidade será minha! E você, Doutor, será o primeiro a sentir a minha ira! — O líder sombrio rugiu, sua voz ecoando pela sala. Mori, com o rosto marcado pela batalha e um brilho inexplicável em seus olhos, rebateu:
— Sonhos grandiosos para um homem tão pequeno! É realmente impressionante como alguns conseguem viver em um mundo de fantasia tão distante da realidade — Mori zombou da situação, com um sorriso sarcástico nos lábios.
— Seu verme insolente! — A voz do líder ecoou, raivosa. Seus olhos, esbugalhados e vermelhos de fúria, fixaram-se em Mori. Com um gesto rápido, empunhou a pesada espada, a lâmina cintilando à luz fraca, e avançou em um ataque implacável.
A lâmina negra, longa e retorcida, que parecia ter sido forjada nas profundezas do inferno, emitia um som estridente, quase vivo, enquanto cortava o ar. Gravado em seu cabo, um pequeno crânio de corvo servia como adorno macabro.
— Eu vou construir um novo mundo, livre das fraquezas humanas! E você, por sua irritante teimosia, será o primeiro a cair! — o líder esbravejou, com um sorriso macabro nos lábios, avançando a cada instante em direção a Mori.
— Então venha, eu vou adorar te deixar em pedaços — desafiou ele, fixando os olhos na figura grotesca do inimigo.
Com um rugido raivoso, o líder desferiu um golpe poderoso, fazendo a sala tremer. Mori, com um olhar frio e calculista, desviou dos ataques do homem, com seus movimentos precisos e elegantes, contrastando com a brutalidade do inimigo.
Uma névoa densa, carregada de umidade e ferro, envolvia os combatentes como um manto, obscurecendo suas formas e amplificando o som de cada golpe. Mori, com o rosto contorcido pela dor e pela fúria, desferia golpes frenéticos contra o líder dos Corvos Negros. A cada movimento, seu bisturi cintilava sob a luz da lua sendo refletida pela janela. De repente, a porta se escancarou com violência, revelando a figura imponente de Fukuzawa, vestindo um hakama preto, um par de calças grandes — plissadas tradicionais — quimono e haori, além de um pequeno cachecol com um padrão circular. O espadachim adentrou a sala, empunhando sua katana ensanguentada.
Sua presença dominou o ambiente, a névoa se abrindo à sua passagem como se o ar se rendesse à sua força. Seus olhos, profundos como as águas do mar, varreram a sala, fixando-se no líder dos Corvos e em Ougai Mori.
— Parece que cheguei em boa hora — Fukuzawa comentou, sua voz calma contrastando com a atmosfera caótica.
O líder dos Corvos Negros, surpreso com a chegada inesperada, rosnou, encarando o recém-chegado. Mori, aproveitando a distração do líder, afiou o bisturi na pedra que sustentava uma das estátuas da sala e aproximou-se discretamente por trás do líder e, com um movimento rápido, cravou o bisturi em suas costas, fazendo o inimigo soltar um grito de dor e virar-se, furioso para ele.
— Honestamente, achei que você fosse mais esperto. Subestimar seus inimigos é um erro fatal — Mori disse, com um sorriso irônico nos lábios.
O líder dos Corvos Negros, com a voz rouca pela dor, soltou uma gargalhada raivosa.
—Você acha que pode me deter assim? É muito ingênuo de sua parte! A morte não me alcança, garoto! — Ele rugiu, arrancando o bisturi das costas com uma força descomunal.
A ferida se abriu, mas não parecia afetá-lo. Ougai Mori, surpreso com a reação do inimigo, recuou um passo.
— Não? Então vamos testar essa sua teoria — Fukuzawa disse, sua voz fria como aço. Ele avançou em direção ao líder, com sua katana em punho, pronto para o ataque final. O líder dos Corvos, com um sorriso psicopata no rosto, avançou sobre Yukichi. Seus olhos brilhavam com uma loucura que arrepiava até mesmo o mais corajoso dos homens.
A luta se intensificou, e os três homens se movimentavam em uma dança mortal. Mori e Fukuzawa, com a agilidades impecáveis, tentavam conter a fúria do líder dos Corvos Negros. A cada golpe trocado, a sala tremia e a poeira se elevava, obscurecendo a visão. No ápice da batalha, o líder dos Corvos Negros executou um movimento tão rápido quanto mortal. Com um corte preciso, como um raio cortando a noite, ele desencadeou sua espada em um golpe fulminante, cravando-a no ombro de Fukuzawa. Surpreendido pela velocidade do ataque, o espadachim foi arremessado violentamente ao chão, enquanto sua katana era lançada a vários metros de distância, caindo a uma certa distância de Mori.
Em um movimento rápido, Mori se abaixou e agarrou a katana, direcionando-a para o pescoço do líder, que avançava com uma guarda baixa. Contudo, o homem, com uma reação impecável, bloqueou o ataque, agarrando o pulso de Mori e executando uma torção perfeita, desarmando-o mais uma vez.
— Vocês são apenas insetos insignificantes! Vermes rastejando em meu caminho — rugiu ele, avançando sobre Mori com o rosto contorcido em puro ódio. — Vou esmagar seus ossos, assim como se esmaga uma barata sob a sola do meu sapato! — ele murmurou, sua voz fria como gelo, agarrando o pescoço do médico. Os olhos do líder, antes escuros, agora brilhavam com uma luz estranha, quase sobrenatural.
Mori forçou um sorriso sarcástico nos lábios.
— Talvez. Mas até mesmo os menores insetos podem causar grandes danos — ele respondeu, sua voz fraca, mas determinada.
Com um movimento rápido, o líder dos Corvos Negros levantou Mori do chão, segurando-o fortemente pelo pescoço.
O jovem médico lutava desesperadamente para se soltar, mas a força do inimigo era superior.
— Seu idiota, esqueceu-se do que eu disse? Essa cidade será minha! — o líder esbravejou, sua voz ecoando pela sala. Apertando cada vez mais o pescoço de Mori. — Vocês perderam.
Ōgai Mori, com a face começando a mudar de cor, começou a se debater, na tentativa de se soltar das mãos daquele homem.
— Foi você quem perdeu, idiota! — Yukichi Fukuzawa afirmou, com seu tom de voz firme. De repente, algo atravessou o coração do líder. Ele soltou Mori com violência, que caiu no chão tossindo compulsivamente em busca de ar. O jovem médico arregalou os olhos ao ver a katana cravada no peito do adversário. O líder virou-se para trás, a expressão de ódio se transformando em surpresa e incredulidade ao encontrar o espadachim, de semblante impassível, segurando em seu ombro ferido.
O inimigo, mortalmente ferido, cambaleou para trás, com os olhos fixos em Fukuzawa. Um silêncio sepulcral tomou conta da sala, quebrado apenas pela respiração pesada dos três. O líder dos Corvos Negros tentou avançar, mas a força o abandonou.
— Isso ainda… isso ainda não... acabou... — murmurou ele, com a voz falhando. A lâmina, reluzente sob a luz tênue, penetrava profundamente em seu peito, tingindo sua veste de um vermelho vibrante que se espalhava como uma flor sombria. Um gemido gutural escapou de seus lábios, abafado pelo borbulhar de sangue em seus pulmões. Seus olhos, antes cintilantes de fúria, agora se apagavam lentamente, como duas brasas morrendo em uma noite fria. A espada negra em sua mão, com um tinido metálico, chocou-se contra o chão de pedra, ecoando no silêncio daquela sala. A sombra da katana em seu peito, projetada na parede, dançava macabramente, como um fantasma assombrando a cena.
E com um último suspiro, ele desabou no chão, sem vida. A névoa que pairava no ar, carregada de um odor metálico, parecia engrossar, intensificando a sensação de opressão que dominava o ambiente. Fukuzawa caminhou em direção ao corpo caído no chão e retirou sua katana das costas do líder. O ambiente, antes pesado pela batalha, agora era silencioso. Mori, ainda recuperando o fôlego, ficou de pé, e ao lado de Fukuzawa, caminhou em direção à saída. Ao passar pelo corpo do líder caído no chão, em meio a poça de sangue, Mori parou e olhou para ele uma última vez.
— Descanse em paz... se é que isso é possível para alguém como você, inseto — o médico disse, antes de sair da sala ao lado do espadachim.

Flashback off


Mori retornou ao presente, a adrenalina pulsando em suas veias. A batalha contra os Corvos Negros era iminente e ele se preparava para o confronto. Seus seguidores, como insetos em um enxame, carregavam os genes daquela ideologia sombria, prontos para reconstruir seu covil a qualquer custo. O caos em Yokohama era um prenúncio do que estava por vir: a cidade seria o campo de batalha onde a organização buscaria renascer das cinzas.
— Chuuya, reúna todos os nossos membros e executivos imediatamente! — Mori ordenou, virando-se para o ruivo. Seu semblante era mais sério do que o habitual. — Estamos diante de uma ameaça sem precedentes. Nossa principal preocupação agora é salvar Yokohama e garantir a sobrevivência da nossa organização.
— Entendido, chefe! — Chuuya, com uma determinação que cintilava em seus olhos, girou sobre os calcanhares e saiu da sala, deixando um silêncio denso no ar.
Ōgai fitou , seu olhar intenso pairando sobre ela como uma sombra. A jovem, imóvel, aguardava suas ordens, pronta para agir.
— Quanto a você, , quero que investigue essa ameaça a fundo. Utilize todos os seus recursos e seja extremamente discreta. É crucial que essa informação não se espalhe — ele instruiu suas ordens à jovem.
— Entendido, vou começar imediatamente. — assentiu com a cabeça, sentindo a gravidade da situação. Aquele era o tipo de missão que a deixava animada.
— Ótimo. Lembre-se que a segurança de Yokohama e de todos os nossos membros são nossa prioridade — Ōgai disse, seguindo para sua poltrona. — Não hesite em pedir reforços, caso precisar.
— O senhor sabe que isso não será necessário. Darei um fim rápido e silencioso a qualquer um que ousar se aproximar ou interferir. — A garota sorriu, um sorriso enigmático curvando seus lábios.
Mori ergueu as mãos, entrelaçando os dedos à frente do rosto, e fechou os olhos por um instante.
— Disso eu não tenho dúvidas, senhorita . — Ele encarou a garota com um sorriso vitorioso e um brilho perigoso em seus olhos. Com um aceno de cabeça final, saiu da sala do Chefe, seu coração pulsando em sincronia com a adrenalina que a inundava. A missão era clara e Mori contava com ela.
Ele a observou sair, os olhos grudados na porta por um instante a mais. A sombra dos corvos, tão densa quanto a névoa que se arrastava sobre Yokohama, pairava sobre eles, prenunciando a tempestade que se aproximava. A cidade, que tanto amava, estava à beira do abismo, prestes a ser engolfada pela batalha implacável.


Glossário O.D.d.S

*No caso de "Chūya", o chōonpu sobre o "u" indica que ele deve ser pronunciado como um "u" prolongado. A pronúncia correta seria algo como "Tchuu-ya", com o "uu" soando como em "iuua". Chūya" é um nome japonês que pode ser escrito de várias formas em kanji, cada uma com um significado diferente. No entanto, a pronúncia geralmente permanece a mesma: Chū: A primeira parte do nome, "Chū", é pronunciada como "tchu" em português, com o "u" sendo quase mudo. ya: A segunda parte, "ya", é pronunciada como "ia" em português.




No escritório da agência de detetives, a tensão era palpável, um clima pesado e opressivo pairava no ar. A ameaça dos Corvos Negros havia transformado o ambiente, antes vibrante, em um lugar de sombras e incertezas. A ausência de Kyouka era uma ferida aberta, e a cada hora que passava, a esperança de encontrá-la sã e salva se desvanecia. Atsushi, em particular, sentia-se tomado pela culpa.
As horas intermináveis de investigação desgastavam a todos, mas a determinação de encontrar Kyouka os impulsionava.
— E agora? O que faremos? — Tanizaki exclamou, passando as mãos pelo rosto tomado pelo nervosismo. — Não temos nenhuma pista, estamos dando voltas em círculos!
— Precisamos manter a calma e pensar em uma estratégia. — , com a voz firme, tentou acalmar os ânimos. — Precisamos encontrar Izumi antes que seja tarde demais. — Ela direcionou seu olhar para o loiro, que parecia distante e preocupado.
— Não se preocupem, encontraremos uma solução. Sempre encontramos — Dra. Yosano, com seu tom de voz firme, disse.
— E como nós vamos fazer isso? Não sabemos por onde começar! — o ruivo exclamou.
— Primeiro, precisamos juntar mais informações, o que acha, Kunikida? — Yosano cruzou os braços, observando Kunikida com um olhar penetrante
Kunikida, perdido em seus pensamentos, levantou os olhos.
— Sim, com certeza. Precisamos analisar os dados que temos até agora. — Kunikida, com seu característico pragmatismo, disse, pegando seu caderno de estratégias e uma caneta no bolso, e começou a rabiscar tudo o que sabiam até o momento. — Atsushi, lembra de mais alguma coisa estranha durante o encontro entre aqueles dois? — o loiro perguntou, virando-se para Atsushi.
O garoto coçou a nuca, tentando resgatar da memória algum detalhe que pudesse ter passado despercebido.
— Apenas alguns fragmentos me vêm à mente. — Ele observou o rapaz, notando a expressão de preocupação no rosto do detetive.
— Por mais pequenos que pareçam, esses detalhes podem ser a chave para resolvermos esse caso. Conte-nos tudo o que se lembra, por favor — Kunikida solicitou, com expressão grave. O garoto acatou o pedido e descreveu os acontecimentos da maneira mais precisa que lhe foi possível. Com a sala imersa em um silêncio quase sepulcral, Atsushi concluiu seu relato, sentindo o coração acelerar a cada palavra.
A tensão era palpável e cada um dos presentes parecia mergulhado em seus próprios pensamentos, tentando conectar as peças desse quebra-cabeça complexo. O garoto aguardava ansiosamente alguma reação, mas o silêncio continuava a reinar na sala. Finalmente, o silêncio foi quebrado, com um suspiro profundo, vindo do Presidente.
— Ranpo, o que pensa sobre tudo isso? — questionou, fixando os olhos no detetive. Ranpo levou os dedos ao queixo, imerso em seus pensamentos.
Por um momento, a sala ficou em silêncio, enquanto ele analisava cada detalhe da história de Atsushi.
— Hmm... — ponderou por um momento, com o semblante sério. — Ao que parece, esse caso está ligado à algo muito maior do que imaginávamos, não concorda, presidente? — Edogawa levantou os olhos, seus olhos brilhavam com uma intensa concentração.
— Ou seja... — engoliu em seco — ... nós vamos precisar de ajuda para lidarmos com isso — concluiu ela, com a voz rouca.
O suor escorria pela testa de todos, enquanto seus olhos percorriam a sala, agora imersa em uma penumbra sinistra. A única luz vinha da tela do computador, que projetava uma imagem distorcida do rosto de Kyouka e um mapa da cidade.
— Mas quem? Quem seria louco o suficiente para se meter nessa história? — Tanizaki questionou.
— Talvez... — começou Atsushi, com um semblante sério. — ...devêssemos procurar aqueles que já enfrentaram ameaças semelhantes.
— Você está falando em nos unir à Máfia do Porto? — questionou Kenji, arqueando uma sobrancelha.
— Sim! — A afirmação de Atsushi causou um choque em todos. Enquanto Dazai apenas cruzou os braços e sorriu de forma enigmática. Como se já esperasse por aquilo.
A revelação de Atsushi sobre a necessidade de uma aliança com a Máfia do Porto instaurou um clima de incerteza e apreensão entre os detetives. A ideia de mais uma parceria com uma organização criminosa, com a qual a Agência de Detetives Armados havia travado inúmeras batalhas, era algo impensável para boa parte da equipe. A proposta de Nakajima, por sua vez, agitou os ânimos e provocou um intenso debate no escritório.
— Aliar-nos à Máfia do Porto mais uma vez? Isso é loucura! — Tanizaki exclamou, os olhos arregalados e gesticulando com as mãos. — Você não se lembra de todas as vezes que foi perseguido por eles, depois que a Guilda* colocou uma recompensa enorme pela sua cabeça no mercado negro por causa do seu poder raro? E o Akutagawa? Ele te odeia visceralmente e faria de tudo para te matar. Não podemos confiar neles — ele questionou, encarando Atsushi.
— Sei que é difícil de aceitar, Tanizaki, mas a situação em que estamos exige medidas drásticas. Às vezes, para proteger um bem maior, é preciso fazer escolhas difíceis — respondeu, com semblante ainda mais sério do que de costume. — Vocês viram o caos que está a cidade lá fora, a vida de vários inocentes está em perigo! Inclusive a de Kyouka.
— Vocês não estão sendo um pouco precipitados? Nos unir novamente à Máfia do Porto é como abraçar um dragão faminto de nove cabeças! — exclamou Kunikida, incrédulo. — Não sabemos quais as consequências que isso pode trazer, corremos o risco de nos vermos em uma situação ainda mais comprometida, como quando eles nos puseram uma condição para que a Dra. Yosano se juntasse a eles na Organização — o loiro continuou a argumentar, sua voz carregada de indignação. — Deve haver uma maneira para lidarmos com isso sem a ajuda de uma organização criminosa inimiga! — o loiro exclamou. Yosano desviou o olhar para um ponto vazio da sala.
Fukuzawa, com sua expressão impassível, ponderou as palavras de seus funcionários. Após um longo momento de silêncio, ele se pronunciou:
— Entendo sua preocupação, Kunikida, mas me oponho a isso. A situação é extremamente grave. A ameaça que se aproxima é maior do que qualquer outra que a Agência já enfrentou. — Fukuzawa levantou-se de sua cadeira. Seus olhos, geralmente tão calmos, agora cintilavam com uma intensidade que incomodava a todos. — Não podemos nos dar ao luxo de escolhermos nossos aliados neste momento. A Máfia do Porto, por mais criminosa que seja, possui recursos e informações cruciais para determos um inimigo em comum. Não temos tempo a perder — ele concluiu, com o semblante sério. Alternando o olhar entre Kunikida e os demais membros da agência.
O loiro apertou os punhos, a incerteza de uma possível traição da Máfia o assombrou. A cidade, antes pacífica, agora enfrentava uma ameaça iminente, e a Máfia do Porto, assim como a Agência de Detetives Armados, eram as únicas capazes de detê-la. A proposta de re-aliança era como pílula amarga e Kunikida se recusava a ingeri-lo.
— Como podemos confiar em pessoas que nos trairiam sem hesitar? — questionou, a voz carregada de ressentimento. — Nossos princípios não podem ser negociados por conveniência!
Fukuzawa suspirou, o peso da decisão em seus ombros.
— Sei que é difícil de aceitar, Kunikida, mas como disse, a vida de milhares de pessoas está em jogo. A Máfia do Porto pode ser nossa maior inimiga, mas neste momento, são nossos únicos aliados — Fukuzawa disse, com semblante sério.
— Você é um dos pilares desta agência, Kunikida. Sua força e determinação nos inspiram. Mas a realidade é que precisamos de todos os recursos que pudermos conseguir — Ranpo, com o seu olhar penetrante, disse.
Kunikida encarou seus companheiros, a angústia e a incerteza combatendo em seus olhos. A decisão a ser tomada era das mais difíceis, mas a sobrevivência da cidade pesava sobre seus ombros.
— Agradeço suas palavras, Ranpo. Prometo honrar a confiança que depositam em mim — Kunikida disse, a voz embargada pela emoção. — Sei que essa aliança é um mal necessário, mas jamais abrirei mão de nossos ideais. — Respirou fundo, o loiro detetive, refletindo sobre o futuro sombrio que os aguardava. — Perdoe-me pela minha imprudência, Presidente. Darei o meu melhor! — Curvou-se em sinal de respeito a Yukichi. Fukuzawa retribuiu o gesto, um sorriso quase imperceptível curvando seus lábios.
— Sei que não é fácil, Kunikida. Mas lembre-se, mesmo na escuridão, a esperança pode florescer. E nós seremos essa luz. — Olhou para cada membro da Agência, seus olhos transmitindo determinação.
Dazai observava a cena com um sorriso enigmático. A reação de Kunikida era previsível, os outros membros da agência pareciam divididos entre as palavras do presidente e o medo do desconhecido. Afinal, quem gostaria de se aliar ao seu maior inimigo?
— Dazai, deixo essa tarefa com você — Fukuzawa disse, com um olhar sério.
— É claro, Presidente. — Osamu sorriu, mas seus olhos refletiam a gravidade da situação. A sobrevivência da cidade estava em jogo, e uma única jogada errada poderia levar à ruína.
A reunião continuou por mais algumas horas, no final, a decisão de aliar-se à Máfia do Porto prevaleceu, a Agência de Detetives Armados se uniria à Máfia do Porto mais uma vez para enfrentar a nova ameaça que se aproximava.

Enquanto isso, na sala de reuniões da Máfia do Porto.

A sala permanecia imersa em um silêncio denso, quebrado apenas pelo tique-taque insistente do relógio e pelas batidas impacientes dos dedos de Chūya sobre a mesa de mogno maciça. Uma ruga profunda vincava sua testa e seus olhos azuis faiscavam com uma impaciência contida. balançava a perna nervosamente, enquanto Kōyō, com seus olhos penetrantes e um sorriso suave, observava o grupo. Seu olhar, no entanto, carregava uma intensidade sutil, como se já estivesse calculando as ramificações daquela reunião. Hirotsu, impassível, mantinha a postura ereta. Seu rosto era uma máscara inexpressiva, mas o leve tamborilar de seus dedos sobre o braço da cadeira denunciava uma preocupação silenciosa. Kajii segurava uma pilha instável de limões, equilibrando-os precariamente com um sorriso divertido. Seus olhos brilhavam com uma curiosidade calculista, como se antecipasse um espetáculo iminente. Tachihara exibia uma fachada de tranquilidade, enquanto Gin parecia tensa. Seus ombros estavam rígidos sob a jaqueta escura e seus olhos varriam a sala com uma ansiedade disfarçada. No centro, o líder mafioso, com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos entrelaçadas à frente do rosto, estudava cada um de seus subordinados. Seus olhos profundos e escuros percorriam cada rosto presente naquela reunião crucial. Um grande mapa da cidade, cravejado de alfinetes coloridos, dominava uma das paredes, enquanto um imenso aquário, com peixes exóticos deslizando em movimentos rápidos, murmurava em um canto. A sala, adornada com lustres de cristal e paredes escuras, exalava uma aura de poder e opulência. A tensão era palpável, pairando no ar como uma névoa densa e opressora.
De repente, a porta se abriu, revelando a figura imponente de , a loira, líder dos Lírios Negros, um dos comandos de operações mais temidos da Máfia do Porto. Irmã mais nova de Gin e Ryūnosuke Akutagawa, sua reputação na organização a precedia. Com um sorriso confiante nos lábios, a loira adentrou a sala e dirigiu-se ao lugar vago ao lado de . Seus olhos percorreram o recinto, analisando cada um dos companheiros, até pousarem no líder mafioso.
— Chefe, — sua voz, firme e imponente, ecoou pela sala — recebi informações de que um membro da Agência de Detetives Armados desapareceu durante o festival de Halloween. Um caso similar ao de alguns dos nossos subordinados.
arqueou uma sobrancelha, surpresa. Seus olhos encontraram os de , buscando mais detalhes.
— Um funcionário da Agência? — perguntou, a incredulidade em sua voz. assentiu levemente. Mori manteve seu olhar fixo em , demonstrando uma leve surpresa. Um brilho pensativo surgiu em seus olhos.
prosseguiu:
— Ao que parece, Kyouka Izumi desapareceu durante o incidente ocorrido no Halloween, no centro de Yokohama — ela concluiu, o tom sério.
Kouyou Ozaki, membro executivo da Máfia, cerrou os punhos.
— Kyouka? Desaparecida? Isso é inaceitável! — exclamou ela, a voz carregada de emoção. — Como aquele maldito garoto tigre permitiu que isso acontecesse? — Sua voz ecoou pela sala, revelando sua surpresa, irritação e profunda preocupação.
Mori ergueu uma sobrancelha, seus olhos fixos em . A notícia do desaparecimento da jovem foi um choque. Kyouka Izumi, ex-membro da Máfia, sempre fora uma peça-chave nas operações da organização. Um leve franzir de lábios indicou sua crescente preocupação.
— Essa ausência pode desencadear uma série de consequências imprevistas — ponderou Mori, com um olhar sério, inclinando-se para trás, acomodando-se no encosto de sua poltrona. — Kyouka possui conhecimentos valiosos, tanto da Máfia quanto da Agência.
— E se alguma organização rival estiver por trás disso? — questionou. — Eles podem estar tentando manipular Kyouka para nos atacar, usando informações privilegiadas.
Kouyou bateu as mãos na mesa com força, fazendo os objetos sobre ela tremerem.
— Isso eu não posso permitir! Irei encontrá-la a qualquer custo! — Ela levantou-se abruptamente, seus olhos, normalmente serenos, agora cintilavam com uma intensidade mortal. Uma aura perigosa emanava de seu corpo.
— Kouyou, acalme-se. Sua protegida sabe como se defender. — Mori, com a voz baixa e calma, tentou dissuadi-la. Mas suas palavras pareciam se perder no ar. A mulher estava furiosa, e sua determinação em encontrar Kyouka era palpável. Mori suspirou imperceptivelmente, sabendo que a razão dificilmente prevaleceria naquele momento.
Nesse instante, Kajii, membro de baixa patente da Máfia do Porto — ainda equilibrando sua torre de limões — soltou uma risada curta e peculiar. Todos os olhares se voltaram para ele. Até mesmo o movimento frenético dos peixes no aquário pareceu diminuir por um instante.
— Estamos totalmente ferrados. — Ele riu, um som seco que não alcançou seus olhos. Um limão solitário rolou de sua pilha instável e quicou no chão, como se para enfatizar suas palavras. — Se a Agência perdeu um de seus membros, especialmente alguém com o histórico da pequena Kyouka, vão virar esta cidade de cabeça para baixo. E nós estaremos no meio do furacão, não é mesmo, chefe?
Chuuya parou de tamborilar os dedos, seus olhos azuis estreitando-se para Kajii. Sua postura antes relaxada enrijeceu e uma carranca se formou em seu rosto.
— O que você quer dizer com isso, Kajii? Está insinuando que não podemos lidar com a Agência de Detetives? — Ele cerrou os punhos, a raiva borbulhando em seus olhos.
Motojirō deu de ombros, equilibrando os limões restantes com mais firmeza. Seu sorriso divertido não vacilou, mas havia um brilho sério em seus olhos.
— Longe de mim duvidar da nossa capacidade, Chuuya. Mas pense bem. Kyouka não é qualquer pessoa. Ela conhece nossos métodos, nossos esconderijos… e ela é um membro da Agência agora. — Ele fez uma pausa dramática, deixando suas palavras pairarem no ar. — Se alguma organização rival a capturou, bem, digamos que, tanto nós quanto os detetives, seremos atacados da pior maneira possível. — Kajii sorriu de forma enigmática e continuou: — Além disso, se Kyouka Izumi realmente foi capturada, é porque veem valor nela. E isso significa problemas para todos nós, de qualquer forma.
Hirotsu pigarreou, sua voz grave e ponderada quebrando o silêncio tenso. Ele ajustou as luvas com um movimento lento e deliberado.
— Kajii levanta pontos válidos. A situação é delicada e requer cautela. Agir impulsivamente, como a senhorita Kouyou pretende, pode atrair atenção indesejada. — Ele ajeitou o monóculo, sua expressão séria. — Devemos considerar todas as possibilidades antes de tomarmos qualquer atitude precipitada.
Gin apertou os lábios sob a máscara, seus olhos fixos em . Uma sombra de preocupação cruzou seu olhar normalmente estoico. Tachihara manteve seu habitual semblante confiante, mas seus olhos percorriam a sala, avaliando a reação de cada um. Um leve tremor em um de seus braços, quase imperceptível, sugeria uma tensão subjacente. Enquanto pensava sobre as palavras de Kajii com crescente apreensão, seus olhos se fixaram no envelope que segurava. Sua curiosidade superou momentaneamente sua preocupação.
— O que é isso? — perguntou, apontando para o envelope grosso e lacrado com cera vermelha. olhou para .
— Oh, sim. Este envelope chegou há instantes e é dirigido a você, chefe. — A loira entregou o envelope a Mori. Ōgai Mori, sentado à cabeceira da longa mesa, abriu o envelope com dedos lentos e precisos. A carta, ou melhor, o bilhete, escrito em uma caligrafia familiar, o fez rir minimamente. Ele pegou o bilhete, lendo mentalmente cada palavra com atenção. Enquanto olhos dos outros membros da máfia se fixaram no chefe, ansiosos por qualquer sinal de sua reação.
Seus lábios se curvaram em um sorriso irônico, e seus olhos, antes intensos, brilharam com um interesse insólito e enigmático.
— Sim, compreendo. Então, mais uma vez, chegou a isso — murmurou ele, guardando o bilhete no envelope novamente, entrelaçando as mãos à frente do rosto em seguida.
Hirotsu Ryūrō, comandante dos Lagartos Negros, arqueou uma sobrancelha.
— O que diz o conteúdo da carta, chefe? Quem a mandou? — perguntou, observando atentamente o rosto de Mori.
Mori ergueu os olhos, seu olhar percorrendo os rostos de cada um dos presentes.
— Dazai é quem a enviou — pronunciou ele, suavemente. — Um convite, nada mais — o Chefe respondeu, passando a carta para Hirotsu.
— Um convite? Que tipo de convite? — perguntou, franzindo o cenho enquanto Hirotsu lia a mensagem.
— Algo a ver com a Kyouka? — Kouyou, um pouco mais calma, perguntou.
Mori sorriu, revelando seus dentes brancos.
— É uma possibilidade! É um convite para uma reunião. Um encontro entre velhos amigos — ele respondeu.
franziu o cenho. Ela não conseguia entender o motivo de Dazai querer se reunir com eles. O que ele poderia querer?
— Dazai? O que ele quer conosco? — Tachihara Michizō, líder do batalhão Lagartos Negros, franziu a testa, visivelmente confuso.
— Mais uma proposta envolvendo nossas organizações — disse Mori. — Desta vez, a Agência de Detetives Armados propõe uma nova trégua temporária em troca de nossa ajuda em uma missão de alto risco contra a nova ameaça que assola Yokohama.
— Aquele suicida nunca desiste, não é? E ainda tem a audácia de vir com propostas mirabolantes. — Chuuya cruzou os braços e resmungou com desdém. — Como se eu pudesse confiar em algo vindo daquela agência e daquele idiota.
— Uma proposta? O que mudou de repente? — questionou , franzindo a testa.
— Ambas as nossas organizações têm sofrido com o desaparecimento de subordinados — prosseguiu Mori, com o olhar fixo em um ponto da sala. — E, segundo o próprio Dazai, esses desaparecimentos estão ligados à uma certa organização sombria que atua nas sombras. Uma organização que visa eliminar todos os indivíduos com habilidades sobrenaturais e, assim, dominar o mundo, submetendo-os a um controle mental total.
Um silêncio carregado de tensão pairou sobre a sala.
— Uma organização que pretende eliminar todos os indivíduos com habilidades sobrenaturais e dominação mundial? — repetiu , incrédula. — Isso parece algo saído de um romance barato.
— Dazai apresentou informações concretas. — O líder mafioso fez uma pausa breve e então continuou: — Parece que estamos diante de uma ameaça mais séria do que imaginávamos. Uma organização que se autodenomina Corvos Negros. Exatamente como eu havia imaginado.
— Corvos Negros? — Kouyou perguntou, com o semblante mais sério do que de costume.
A menção dos Corvos Negros provocou um arrepio de tensão em todos, lembrando a conversa anterior na sala de Mori com os irmãos Nakahara.
— Achei que essa organização havia sido eliminada anos atrás — questionou, com os olhos arregalados.
Mori sorriu um sorriso amargo, um brilho gélido em seus olhos.
— Ao que parece, os Corvos Negros não foram completamente erradicados. Eles estavam apenas esperando o momento certo para ressurgir das sombras — O líder mafioso revelou.
— Mas por que eles escolheriam agora para atacar? E por que estão interessados em eliminar pessoas com habilidades sobrenaturais? — Tachihara questionou, franzindo o cenho, inquieto.
Mori inclinou-se para frente, a voz mais grave.
— A resposta para a primeira pergunta é simples: poder. Com o mundo em constante mudança e o aumento da vigilância sobre indivíduos com habilidades, os Corvos Negros veem uma oportunidade de se fortalecer e consolidar seu domínio. Quanto à segunda pergunta… — ele respondeu, fazendo uma pausa breve. — Acredito que eles buscam criar um exército de soldados obedientes, controlados por sua mente, para realizar seus planos de dominação mundial.
— Querem nos controlar como marionetes? Nunca vou permitir isso! — Chuuya esbravejou, a raiva borbulhando dentro dele.
cruzou os braços, pensativa.
— Se essa informação for verdadeira, estamos diante de uma ameaça sem precedentes — a loira disse, com o semblante sério. — Precisamos agir rápido, mas com cautela. Não podemos subestimar essa organização. Mesmo que isso signifique aliar-nos à Agência. — Ela sempre desconfiou da Agência, mas agora não havia outra opção.
tem razão — concordou com a loira, passando a mão pelos cabelos. — Uma aliança com a Agência de Detetives Armados pode ser a chave para derrotarmos os Corvos Negros e resgatarmos os nossos subordinados.
Um clima de tensão e adrenalina se instalou na sala. A revelação de Mori, seguida da proposta de Dazai, era tentadora, mas também arriscada. Outra aliança com a Agência poderia trazer benefícios, mas também colocar ambas as organizações em uma posição vulnerável.
— Então, o que faremos, chefe? — questionou Chuuya, quebrando o silêncio. — Aceitamos a proposta de Dazai ou continuamos a agir por conta própria?
Mori ponderou por um longo momento antes de responder.
— A Agência de Detetives Armados deve estar desesperada para encontrar Kyouka. — Mori guiou seu olhar para o ruivo, um brilho estratégico nos olhos. — E os Corvos Negros estão agindo mais rapidamente do que esperávamos. No entanto, não podemos permitir que essa organização sombria se meta com a Máfia do Porto e saia impune. Essa é uma decisão difícil, mas também uma proposta tentadora.
— A Agência pode oferecer informações privilegiadas sobre o desaparecimento de Kyouka, além de dados que podem acelerar nossa busca. E, claro, uma distração conveniente enquanto executamos nossos próprios planos. Mas, como todo bom negócio, há riscos. — sorriu, um gesto enigmático que fez concordar com um aceno de cabeça. — A traição é sempre uma possibilidade e uma aliança com a Agência pode trazer ótimos benefícios.
— Não confio naqueles detetives, nem um pouco. Mas tem um ponto — disse, cruzando os braços. Seus olhos cintilavam com uma excitação quase obsessiva.
— E se os detetives estiverem apenas fingindo cooperar, usando-nos como isca para nos atrair? O que você pretende fazer, querido chefe? — Kouyou, sempre a mais pragmática, questionou.
Mori sorriu, com a ponta dos dedos tamborilando na mesa. A sala estava em silêncio, a tensão era palpável no ar.
— Conhecendo os membros da agência, seria improvável que isso ocorresse. No entanto, por precaução, podemos implementar protocolos de segurança adicionais para garantir que não sejamos traídos. — Mori entrelaçou os dedos, esboçando um sorriso enigmático.
Tachihara se levantou, determinado.
— Então, o que fazemos agora? Quais são as ordens? — o ruivo perguntou.
Mori sorriu, um sorriso enigmático.
— A primeira coisa que faremos é enviar uma equipe para investigar a fundo o retorno dos Corvos Negros e onde estão se escondendo. Precisamos descobrir tudo o que pudermos sobre seu ressurgimento. — Ōgai Mori pausou, seus olhos percorrendo friamente cada um dos presentes, avaliando suas expressões. — Enviaremos nosso homem mais leal para monitorar de perto todos os seus movimentos. — Um sorriso frio e calculista curvou os lábios finos de Gin sob a máscara. Seus olhos escuros encontraram os de e um entendimento silencioso passou entre as irmãs. A lealdade de *Ryūnosuke Akutagawa ao chefe era inquestionável, assim como sua capacidade de se mover nas sombras sem ser notado. — Enquanto a outra tropa fortalecerá nossas próprias forças, nos preparando para o pior. — Sua voz era grave e decidida, sem espaço para dúvidas. Seus lábios se curvaram em um sorriso quase imperceptível, já antecipando a próxima jogada dos inimigos. — A partir de agora, todos estarão sob maior vigilância. — Sua voz assumiu um tom mais firme e autoritário. — E lembrem-se, — ele pausou, seu olhar percorrendo cada um dos presentes, enfatizando suas palavras — a lealdade à Máfia do Porto vem em primeiro lugar. Qualquer um que seja pego traindo será punido com o máximo rigor. — A frieza em seu tom deixou claro que não haveria exceções. — Muito bem… — Mori iniciou, um sorriso enigmático curvando seus lábios. Com um movimento decidido, ele se levantou de sua poltrona. — Agora, vamos nos preparar para encontrarmos nossos velhos amigos.
A decisão havia sido tomada, e a guerra, iminente. A Máfia do Porto e a Agência de Detetives Armados, duas forças antagônicas, caminhavam para um possível elo de aliança, e o destino de Yokohama seria decidido naquele encontro.

Glossário O.D.d.S

*A pronúncia para “Ryūnosuke” é "Riu-nos-ke".




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Algumas luzes da cidade cintilavam fracamente lá fora, como vaga-lumes hesitantes em meio à escuridão crescente, enquanto em outras partes, as ruas eram iluminadas por chamas dançantes e carros retorcidos, seus chassis fumegantes como feridas abertas na paisagem urbana. Os prédios e casas estavam completamente destruídos, suas fachadas esburacadas e janelas vazias como olhos mortos, testemunhas silenciosas da violência que assolava Yokohama. Mas dentro daquela sala, em um dos esconderijos discretos e seguros da Agência de Detetives Armados, a escuridão era repelida por uma única lâmpada pendurada no teto. O ar estava carregado de uma expectativa tão densa que quase se podia tocá-la, uma tensão palpável que fazia os pelos da nuca se arrepiarem.
Um silêncio pesado pairava sobre o ambiente, um silêncio sepulcral que contrastava brutalmente com o burburinho sinistro e distante da cidade em ruínas: explosões abafadas, gritos esparsos e o crepitar constante do fogo. A cada segundo que passava, o tique-taque implacável de um relógio de parede antigo ecoava pela sala, cada pulso um lembrete sombrio de que o tempo se esgotava, intensificando a sensação opressora de que algo grandioso e irreversível estava prestes a acontecer. O cheiro de pólvora e fumaça, trazido pelas correntes de ar que sopravam pelas frestas das janelas, se misturava ao aroma adocicado dos doces de Ranpo que impregnavam o lugar. Yokohama, a cidade que nunca dormia, agora agonizava em um torpor violento, se preparando para uma noite que marcaria um novo capítulo em sua história turbulenta, um capítulo escrito não com tinta e papel, mas com uma improvável aliança forjada nas chamas da adversidade, ou talvez, com sangue derramado e uma traição ardilosa.
A sala era envolta em um silêncio pesado, interrompido apenas pelo crepitar distante de uma lareira apagada em um canto. A mesa de mogno polido, outrora palco de banquetes e celebrações, agora servia de linha divisória entre dois mundos: de um lado, a Máfia do Porto, do outro, a Agência de Detetives Armados.

No lado da Máfia, Ōgai Mori, o chefe, emanava uma aura de calma fria e calculista. Seus dedos finos estavam entrelaçados à frente do rosto, um gesto quase ritualístico que escondia a complexidade de seus pensamentos. Seus olhos cor de vinho, normalmente adornados por um sorriso enigmático, agora estavam fixos em Yukichi Fukuzawa, o presidente da Agência. Atrás dele, como sombras alongadas pela luz fraca, permaneciam seus subordinados: o olhar penetrante de Chuuya Nakahara, com uma mão enluvada repousando sobre o chapéu, e a postura quase indolente de Akutagawa, cujo olhar sombrio varria os presentes como se buscasse uma presa. Gin, quase imperceptível nas sombras, mantinha o olhar baixo, mas seus ombros tensos e a mão próxima à adaga escondida sob o quimono revelavam sua prontidão; Tachihara Michizou, com a mandíbula cerrada e uma expressão pétrea, mantinha a mão próxima ao coldre da arma, o couro de sua jaqueta rangendo levemente a cada respiração, um aviso silencioso de sua prontidão; Ryūrou Hirotsu, com sua habitual fleuma, observava a cena com atenção discreta, sua experiência visível em cada traço; Kajii Motojirou, com seu sorriso peculiar e a inseparável "bomba de limão" à vista, observava a cena com um brilho de excitação contida. Kouyou Ozaki, em sua beleza fria e imponente, mantinha uma postura elegante, mas seus olhos atentos não perdiam nenhum movimento; e , com uma postura corporal tensa e um olhar que espelhava a determinação fria de seu irmão, demonstrava lealdade e sincronia com a atmosfera da Máfia. Ambos pareciam prontos para agir sob as ordens de Mori, refletindo a hierarquia e disciplina da organização. A tensão no ar era palpável, como uma corda esticada prestes a arrebentar. A quietude deles era mais ameaçadora do que qualquer grito, uma promessa silenciosa de violência contida.

Do outro lado da mesa, Yukichi Fukuzawa, o presidente da Agência, mantinha uma postura ereta e imponente. Seus braços estavam cruzados à frente do corpo, uma barreira física que refletia sua determinação inabalável. Seu olhar penetrante encontrava o de Mori, sem vacilar. A serenidade em seu rosto não era de calma, mas de uma determinação férrea. Atrás dele, seus membros formavam um escudo protetor: Doppo Kunikida, com sua agenda sempre à mão, pronto para materializar uma arma de ataque a qualquer irregularidade, seus óculos refletindo a luz fria da sala; Atsushi Nakajima, embora ainda hesitante, demonstrava uma coragem crescente em seu olhar, sua mão crispada levemente ao lado do corpo; Edogawa, com sua expressão séria e olhos arregalados, observava atentamente os membros da Máfia, sua presença silenciosa carregada de uma intensidade contida; Kenji Miyazawa, apesar de sua natureza geralmente despreocupada, mantinha uma postura firme, pronto para usar sua força sobre-humana se necessário; Yosano Akiko mantinha um uma expressão calma, mas seus olhos afiados avaliavam cada indivíduo, pronta para intervir com suas habilidades de combate se o conflito eclodisse; Ranpo Edogawa, com os olhos semicerrados, parecia desinteressado, mas sua mente analítica já havia mapeado todas as possíveis rotas de fuga e pontos de ataque; e Osamu Dazai, com seu sorriso enigmático e olhar aparentemente distante, vagando pelo teto, mas com os sentidos aguçados para qualquer mínima mudança na atmosfera, sua mente maquinando diversas estratégias em silêncio.

A tensão na sala era palpável, quase física, como uma corda esticada ao máximo, pronta para se romper ao menor toque. O ar parecia vibrar com a energia contida, o prenúncio de um confronto iminente. Cada líder avaliava o outro, buscando fraquezas, antecipando movimentos. Não havia palavras, apenas olhares carregados de significado, um duelo silencioso travado no campo de batalha da diplomacia forçada. O silêncio era tão denso que se podia ouvir o bater dos corações, tanto dos membros da Agência quanto da Máfia, aguardando o momento em que a paz frágil se despedaçaria.
O chefe da Máfia, Ougai Mori, com seu sorriso enigmático que nunca alcançava os olhos cor de vinho, quebrou o silêncio denso que pairava sobre o esconderijo da agência. A presença de Mori, mesmo em meio àquele ambiente tenso, exalava uma autoridade inquestionável, quase palpável. Ao seu lado, Kouyou Ozaki e Ryurou Hirotsu mantinham uma postura impecável, um leve toque de perigo emanando de sua quietude.
— Dazai... — iniciou Mori, sua voz suave carregada de um tom calculado, lançando seu olhar penetrante na direção do rapaz de bandagens. — Vejo que ainda não se decidiu em abandonar a Agência e retornar para a Máfia. Seu cargo de executivo ainda o espera — completou a frase com uma leve inclinação de cabeça, quase imperceptível, como se oferecesse uma cortesia macabra.
Osamu, encostado displicentemente na parede, com um sorriso quase infantil brincando em seus lábios, respondeu com sua habitual nonchalance, mas com um brilho de astúcia em seus olhos:
— Fico profundamente lisonjeado com o convite, chefe. A gentileza é tocante, como sempre. Quase me faz acreditar que o senhor sente minha falta. — Uma pausa curta, um olhar rápido para Kouyou, antes de continuar. — Mas recuso. A vida na Agência tem sido... revigorante. Descobri que prefiro salvar pessoas a... bom, você sabe. — Dazai gesticulou vagamente com a mão enfaixada, como se descartasse um pensamento desagradável. — Sem mencionar que meus colegas sentiriam minha falta, especialmente Kunikida, que perderia seu alvo favorito para seus sermões. — Dazai direcionou um rápido olhar para Kunikida, que cerrou os punhos, uma veia saltando em sua testa. A rigidez em seus ombros denunciava o esforço para manter a compostura.
Mori soltou uma risada baixa, um som que ecoou pela sala, amplificado pelo silêncio sepulcral dos mafiosos que o acompanhavam.
— Você sempre teve um talento para o drama, Dazai... — Ele pausou, dando lugar a sorriso enigmático. Seus olhos cintilavam à luz fraca. — Mas o drama não muda os fatos. Você é uma peça valiosa demais para ser deixada de lado. Mas de qualquer forma, seu cargo de executivo estará disponível caso recupere o bom senso. Inclusive para vocês, Detetives. A Máfia sempre os receberá de braços abertos. — Mori estendeu uma das mãos enluvadas, a luva branca esticada como a garra de um predador, oferecendo um pacto faustiano, alternando o olhar entre os membros da agência.
Dazai manteve o sorriso, mas seus olhos, antes divertidos, agora transmitiam uma um brilho enigmático que rivalizava com a de Mori. A luz tênue refletia em suas íris cor de âmbar, antes vibrantes, agora opacas como vidro fosco. Ele se desencostou da parede, endireitando a postura. O tecido de seu sobretudo farfalhou suavemente. Suas mãos deslizaram para dentro do bolso do sobretudo, um gesto casual, mas que não escapou aos olhos atentos de ninguém, especialmente os de Chuuya, que cerrava os punhos discretamente.
— Receio que meu bom senso esteja em falta ultimamente. Talvez eu tenha sido contagiado — Dazai respondeu, com um tom de voz carregada de um sarcasmo cortante como navalha, os olhos fixos em Chuuya por uma fração de segundo antes de voltar o olhar para Mori.
A tensão atingiu o ápice, o silêncio sendo quebrado apenas pelo leve farfalhar do vento frio que entrava pelas frestas das janelas e pelo tique-taque do relógio.
— Maldito! — Chuuya rosnou entre dentes, dando um passo à frente, as mãos se crispando em punhos.
A raiva emanava dele como calor, quase palpável. Veias saltavam em seu pescoço, e seus olhos faiscavam de fúria. Ele estava pronto para avançar, mas hesitou, contendo-se com dificuldade. A lembrança de ordens superiores o deteve, mas a cada segundo parecia mais difícil se controlar.
— Não estamos aqui para discutir o passado de Dazai. — A voz de ecoou pela sala, firme e autoritária, cortando a atmosfera carregada como um raio.
Suas botas bateram firmemente contra o chão de madeira enquanto ela se movia alguns passos para frente, posicionando-se ao lado do Presidente da Agência. Seu olhar severo percorreu os presentes, pousando brevemente em Chuuya antes de se fixar em Mori. Seus olhos brilharam sob a luz e sua expressão era inabalável. Ela cruzou os braços, uma postura que transmitia determinação e controle.
— Temos assuntos mais importantes a tratar. A vida de Kyouka e a segurança desta cidade dependem da nossa cooperação. E como devem saber, os Corvos Negros estão agindo mais rapidamente do que esperávamos — disse, sua voz carregada de preocupação. — Essa organização sombria retornou e precisamos unir nossas forças. Não sabemos o que pode acontecer com Izumi se não nos apressarmos.
A sala ficou em silêncio por alguns segundos. A tensão era palpável. Do lado da Máfia do Porto, Chuuya rangeu os dentes, um olhar sombrio fixo em um ponto qualquer da parede. Kouyou, ao seu lado, apertou as mãos nervosamente, preocupada com a possibilidade de Kyouka estar em perigo. , com os braços cruzados, mantinha uma expressão impassível, mas um leve franzir de testa denunciava sua apreensão.
Mori, até então observando a interação com um sorriso enigmático, se pronunciou.
— De fato. A sentimentalidade não tem lugar em negociações como esta. — Ele juntou as mãos à frente do rosto novamente, em um gesto quase teatral, seus olhos percorreram os membros da Agência, pousando finalmente em Fukuzawa. — A Máfia do Porto está disposta a cooperar com a agência e lutar contra os Corvos Negros, desde que nossos termos sejam atendidos.
Kunikida ajustou seus óculos, anotando mentalmente a declaração de Mori. Atsushi, ao lado de Kunikida, engoliu em seco, sentindo a tensão no ar quase como uma pressão física. Kenji, com seu jeito sempre otimista, mesmo diante da atmosfera carregada, inclinou a cabeça para o lado, parecendo genuinamente curioso sobre o desenrolar da conversa, embora talvez não compreendesse totalmente a gravidade da situação. observava a interação com seus olhos arregalados, analisando cada nuance da conversa, uma expressão indecifrável em seu rosto, misturando cautela e preocupação. Tanizaki, mais reservado, mantinha o olhar fixo em Mori, com uma expressão preocupada e as mãos ligeiramente crispadas, demonstrando sua apreensão. Yosano, por sua vez, cruzou os braços e encostou-se na parede, com um olhar sério e um leve franzir de testa, como se estivesse pronta para intervir caso a situação saísse do controle. Dazai ficou com o semblante sério, completamente impassível. Seus olhos não demonstravam qualquer emoção, como se ele fosse um mero observador daquela cena, alheio a qualquer envolvimento pessoal. Ele mantinha uma postura relaxada, mas atenta, como um predador à espreita, pronto para agir caso necessário. Sua neutralidade era quase perturbadora, contrastando fortemente com a tensão que emanava dos outros presentes. Enquanto Ranpo, mais ao fundo da sala, com um pirulito na boca, observava a cena com um olhar perspicaz, como se estivesse analisando cada detalhe, como se pudesse ver através das intenções de cada um ali presente.
O presidente da Agência de Detetives Armados, até então em silêncio, finalmente se pronunciou:
— A segurança de Kyouka não é moeda de troca. — Seus olhos encontraram os de Mori, sem vacilar, transmitindo uma firmeza inabalável. — Seus termos devem refletir a gravidade da situação e do bem comum, e não a busca por vantagens pessoais. — Sua voz, calma e grave, carregava o peso da autoridade e da experiência. — Não se engane, a Agência de Detetives Armados não está aqui para negociar de igual para desigual. Nossos termos também devem ser considerados e a segurança de Kyouka é nossa prioridade inegociável. Entenda isso.
Após a declaração de Fukuzawa, um silêncio pesado pairou na sala. Mori, com um leve sorriso nos lábios, respondeu:
— Compreendo sua preocupação, senhor Fukuzawa. A Máfia do Porto também preza pela segurança de Kyouka e de Yokohama. Nossos termos são justos e visam garantir a estabilidade da cidade. — Ele fez uma pausa, seu olhar encontrando o de . — E reconhecemos a importância da senhorita em mediar esta situação. Sua reputação a precede.
assentiu levemente, mantendo a expressão séria.
— Agradeço a consideração. No entanto, a justiça de seus termos será avaliada. Não aceitaremos condições que coloquem em risco a vida de Kyouka, dos membros da Agência ou a segurança dos cidadãos. — pôs as mãos nos bolsos de sua calça, demonstrando firmeza.
Fukuzawa, então, se dirigiu diretamente a Mori:
— Diga, quais são seus termos, Mori? Seja direto. Não temos tempo para jogos. — Sua voz soou mais grave e firme do que antes
Mori manteve o sorriso enigmático, como se estivesse saboreando o momento. Finalmente, com um suspiro quase teatral, ele começou a enumerar seus termos:
— Muito bem, Fukuzawa. Serei direto, os meus termos são… — Ele fez uma pausa, calculando o efeito de cada palavra.
O silêncio se estendeu pelo ambiente enquanto todos prendiam a respiração, aguardando o que viria a seguir.

🕵🏻 💡 🏢 📚 🤝 🛡 🕊 ☀️

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Agência de Detetives Armados



🐦‍⬛ ⚔ 💀 🌃 🌘 📖 🔮

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MÁFIA DO PORTO



Continua no próximo episódio...


Nota da autora: Helloo, helloo, fãs de Bungo Stray Dogs (Por favor, me digam que não sou a única!?), o que acharam dos episódios? Tenho esses episódios concluídos a um bom tempo e honestamente, eu estou surtando! Confesso que assisti BDS umas cinco vezes porque queria que cada personagem tivesse sua personalidade e características fixas, como podem ver. Adicionei também fotos dos personagens da Agência e Máfia para que vocês pudessem conhecer / imaginar como os personagens são (para aqueles que ainda não os conhecem). Mas e aí, o que acharam dos personagens e do meu menino, Chuuya? Alguns não apareceram tanto, mas só de introduzi-los na história me deixou mega empolgada. Além disso, estou super, mega, blaster ansiosa para introduzir um certo alguém… PODE VIR, RYŪNOSUKE AKUTAGAWA!

Enfim, caso você, leitor(a), queira me dar alguma sugestão ou alguma ideia para o rumo da história, me siga nas redes sociais: bluesky: @itwascheol pinterest: @vegaswrites e insta: @vegaautora. Eu adoraria te ver por lá ♥︎.

Ps: Quero boas vindas à minha jovem Beth. Espero que possamos nos divertir juntas com O.D.d.S.

Nota da beth 💫: Não conheço o anime, os personagens e nem a história, mas achei muito cativante a escrita e estou curiosa para saber o que vai rolar desses embates da Agência com a Máfia, além da coisa toda que vão enfrentar e qual é o papel da personagem desaparecida. É realmente como acompanhar uma série a partir dos seus episódios. E obrigada pelas boas vindas, Vega 💖


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