Revisada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 24/11/2024.— Calma aí, , eu não tenho a mesma estrutura física que você, não — reclamou, com um sorriso, forçando seus finos braços a fazerem força e a levantarem.
De certa forma, a cena parecia cômica para quem assistisse de fora. A garota de cabelos coloridos gesticulava palavras sujas sem parar, enquanto fazia o máximo de força que conseguia para lutar contra a gravidade. , por sua vez, parecia se divertir com o desespero evidente da amiga.
sentiu o braço fraquejar outra vez, mas aproveitou-se de seu último resquício de força para jogar seu corpo para frente, ficando pendurada em cima do muro da escola.
Fechou os olhos na mesma hora, torcendo muito para que ninguém estivesse ali por perto e acabasse vendo sua calcinha por debaixo da saia meio levantada.
Ao ver seu desespero, soltou uma risada alta. Não que ele fosse o cara mais atleta e tivesse o corpo mais esportivo do mundo, longe disso – é só que qualquer pessoa pareceria super atlética comparado a .
Ela era a maior negação a qualquer atividade física.
— Eu vou te matar, cara. — Ela riu, assim que descansou seu peso sobre o muro, já sem forças nos braços. Apenas o vago pensamento de que ela teria que subir tudo aquilo de novo na volta já a assustava. — Eu não consigo me mexer.
— Desce logo!
moveu a cabeça de um lado para o outro, buscando desesperadamente uma luz do que ela podia fazer para sair daquela posição incômoda. Sentia o corpo todo comprimido; um dos braços esticado à frente, enquanto o outro apoiava no muro na altura da barriga; e suas pernas ainda estavam do lado de dentro. Ela se mexeu, tentando mudar aquela posição de forma que seus pés virassem na direção da rua.
Meu Deus, vai ver a minha calcinha se eu me virar assim, pensou, no exato momento em que conseguiu girar o suficiente para que um dos pés encostasse no topo do muro. Arregalou os olhos ao imaginar a cena trágica. Não, não posso fazer isso de jeito nenhum.
Encarou o amigo com a expressão pedindo socorro. Num reflexo, abriu os braços, se preparando para a aterrissagem de .
Ela pulou.
— Pelo menos você é macio — a garota disse, rindo por ter se desajeitado toda e caído em cima do rapaz. Ele sabia, no fundo, que não conseguiria aguentar o peso de no momento que ela pulasse do muro, mas também não esperava que fosse cair no chão daquele jeito vergonhoso, com o corpo dela sobre o dele.
— , pelo amor de Deus. — Suspirou, sentindo dificuldade para puxar o ar e inflar seu diafragma da forma correta. — Só levanta, ou rola ‘pro outro lado.
Ela até pensou em fingir um desmaio, apenas para ver a reação de , mas optou por somente sair dali mesmo. Girou para a direita, logo apoiando os dois braços no chão e fazendo força para se levantar. Voltou para o garoto, que continuava jogado no chão, imóvel.
— Vai dormir aí? — Tirou sarro, percebendo que ele permaneceria de olhos fechados. revirou os olhos, eles eram parecidos até demais. — Não adianta você fingir que morreu, .
O garoto abriu apenas um dos olhos, apenas para ver a expressão de , segurando a risada. Vendo que seria inútil continuar parado ali, o rapaz apoiou os cotovelos no chão, elevando brevemente seu tronco para cima.
Ela estendeu a mão para o amigo, que prontamente a segurou e se forçou a levantar. Ambos limparam as próprias vestes, mas não se deixaram atrasarem-se ainda mais e correram logo em seguida.
Os postes de luz iluminavam o caminho do jovem casal pelas ruas de Daegu. Eles corriam meio sem rumo, apenas aproveitando a brisa no próprio rosto, com o gostinho de liberdade que eles não sentiam há algum tempo.
— Vou guardar esse momento na minha mente ‘pra quando eu sentir saudades — disse alto, enquanto corria atrás de .
Depois de duas semanas sem sair do internato, ambos queriam um momento de privacidade, mesmo que estivessem juntos. e eram como carne e unha: unidos até demais. Faziam quase tudo que uma menina e um menino podem fazer juntos – sem qualquer malícia.
Eram amigos há algum tempo. Tempo até demais. Já sabiam conversar por meio de olhares. O olhar de quando ela não gostava de alguma garota que ele apresentava, ou aquele olhar de quando estavam escondendo alguma coisa e precisavam acobertar um ao outro.
Era curioso pensar que, apesar de toda a cumplicidade, os sentimentos nunca eram mencionados. Parecia um assunto proibido, mesmo que qualquer pessoa de fora pudesse perceber o quanto estavam apaixonados.
Não conversar sobre sentimentos era totalmente a cara de e .
Mas não naquele momento.
— Preciso conversar com você, — o garoto disse, depois de alguns minutos desde que haviam parado de correr sem rumo e sentaram no meio fio, embaixo de um poste.
— Fala.
De repente, ele sentiu um nó na garganta, junto de um nervosismo aleatório. Medo.
Medo de não gostar de ouvir aquilo que ele estava prestes de dizer. Medo de não sentir o mesmo, apesar de ele ter praticamente certeza do que ela sentia. Medo de , mesmo gostando dele também, não concordar com o que ele iria pedir… Eram tantas possibilidades que sentia a pressão cair.
Mas precisava falar o mais cedo possível. Antes do ano letivo no internato acabar e ele voltar para a cidade dele com sua família maluca.
— Acho que ‘tô gostando de você — disse sem graça, sem olhá-la nos olhos, coisa que não era normal vindo de .
riu, revirando os olhos e encostando levemente o braço no dele:
— Eu também gosto de você.
— Não, , não é só um gostaaaaar, sabe? — Sentiu as bochechas corarem. — Tipo, eu realmente gosto muito de você…
Ela não pode ser lerda desse jeito justo agora.
Respirou fundo, tentando reunir toda a coragem dentro de si e soltar em um suspiro rápido:
— Eu ‘tô apaixonado por você, .
A garota arregalou os olhos, sem saber ao certo como reagir. Ela sonhou com aquele momento por tanto tempo, que se esqueceu de todas as reações e falas que ensaiou nos últimos meses. Ela não queria parecer uma boba.
era tão… o .
Seu melhor amigo. O garoto que a esperava chegar ao quarto e enviar mensagem dizendo que estava segura para poder ir descansar. Aquele que tirava todos os pedacinhos de amendoim da cobertura do bolo para que ela pudesse comer tranquilamente. O que comprava balinhas e chocolate para ela sempre que escapava do internato com algum amigo, pois não conseguia sair sem se lembrar dela.
Era tudo que tinha e queria. Seu menino ideal.
— Os meus sentimentos cresceram muito desde que me toquei que gostava de você mais do que como amiga, e eu sei que você também gosta de mim, mas… Eu queria alguma coisa mais, sei lá… concreta.
O rapaz sentia as palmas das mãos suando como nunca, sua pressão parecia numa montanha russa muito louca, e seu coração parecia estar correndo uma maratona inteira.
sentiu as bochechas esquentarem, ainda não conseguindo formular nenhuma frase. Sentiu sua cabeça girar, temendo que ele interpretasse errado todo seu silêncio.
Ela só estava preocupada de fazer algo de errado, de falar tudo ao contrário e o deixar ainda mais nervoso.
Sem conseguir se pronunciar ainda, decidiu apenas estender a mão na direção do garoto, esperando que com isso fizesse-o segurá-la.
Dito e feito.
— Eu… também ‘tô apaixonada por você, .
Custou um pouco para que o rapaz conseguisse assimilar as palavras da garota. Não parecia ser real. Era bom demais para ser verdade.
sentiu o coração pulsar ainda mais forte por alguns segundos. Ela também gostava dele. Não, melhor, ela também estava apaixonada por ele.
Parecia que ele havia acabado de ganhar na loteria.
Beliscou-se para ter certeza de que estava vivendo na realidade e não em um sonho.
— Então… Estamos… — Tentou insinuar, de uma forma que conseguisse entender, mas ela apenas corou ainda mais forte, arregalando os olhos em sua direção e abrindo a boca num perfeito “o”.
O que ela deveria dizer agora?
Nos filmes de romance que ela era completamente apaixonada, o casal principal não se sentava para conversar se estavam namorando ou não. Os mocinhos lindos apenas pediam as mocinhas em namoro e eles viviam felizes para isso.
— E-eu… não sei. — Levantou os ombros, nervosa, querendo roer todas as unhas. — Não acho que a gente precise, hm, acelerar… Sei lá, é só o que eu acho.
— Então assim será, . — sorriu, pegando na mão dela com delicadeza. — Iremos no seu tempo.
sentiu as bochechas quentes novamente, querendo se encolher inteirinha naquele instante. era perfeito demais, mesmo.
— Obrigada, .
Ele sorriu, encarando no fundo de seus olhos antes de responder:
— Você vale a pena, .