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Revisada/Codificada por: Calisto

Finalizada em: 19/07/2024
O clima daquela região do Japão estava um pouco diferente. Normalmente, era muito calor, com ventos pouco violentos, dava para Aomine dormir sossegado, aproveitando, mas aparentemente, não seria esse normal. A mente do rapaz estava cheia como estivesse em jogo, quando pensava em possibilidades do que poderia fazer ou como os adversários iriam agir, o clima estava nublado com ventos que mexiam seu cabelo, suas roupas, e o incomodava. O basquete já não era mais divertido, essa era a verdade mais cruel que Daiki poderia enfrentar. Acreditava que a única coisa que poderia retornar seu brilho seria uma derrota de si mesmo, mas impossível.

Era besteira estar ali, cogitando uma única saída, nada realmente fazia o rapaz feliz, ou melhor, quase nada. Estava cansado do basquete, cansado dos treinos porque não tinha mais o que melhorar, cansado da casa problemática, caótica, e apenas uma coisa, uma pessoa que salvava, a Satsuki. Ele nunca iria admitir em voz alta, porque a menina era apaixonada por seu ex-melhor amigo, o Kuroko. Achava um pouco engraçado como ela havia construído esse amor, mas não questionava, não queria que ninguém soubesse ou desse indícios de tal.

Aomin,e sem nenhum sucesso para dormir, decidiu levantar-se e caminhou entre os ventos fortes em direção ao parapeito do último andar que ali tinha. Com os olhos, acompanhou apenas alguns alunos saindo da escola, era um dia que apenas membros de clubes estavam por ali. Flexionou as pernas e pulou, colocando seus pés firmes no parapeito, o vento forte parecia que ia carregar o Daiki dali, o que, de verdade? Parecia o desejo mais profundo dele.

Ao olhar para o chão, passou mil imagens em sua cabeça, talvez Kagami poderia lhe ensinar alguma lição? E Kuroko? O Kuroko fazia uma falta enorme, não tinha como negar. Satsuki sentiria sua falta? Kuroko acolheria a menina? Kise iria melhorar a ponto de virar o melhor da Geração Milagrosa?

Eram tantas e tantas dúvidas. Daiki colocou a mão direita em seu bolso da calça, retirou seu celular e discou o número da única pessoa que ele gostaria de se despedir.

Para Momoi, aquele clima era perfeito, estava nublado, os ventos batiam na janela que estava na frente dela, causando um barulho um pouco assustador, e nada do clima quente de sempre, apesar de gostar minimamente do clima quente, por causa de uma pessoa. A menina estava estudando, estudando sobre os conteúdos das provas que iriam vir. O jogo contra a Kaijo, Kise e o time que ele tinha entrado eram fortes, ela sabia disso e queria reunir o máximo de informação sobre eles.

Aomine e Kise iriam se enfrentar depois de muito tempo, ela tinha uma noção do quanto o loiro tinha melhorado, mas sabia que o melhor do Aomine, caso o rapaz quisesse realmente vencer, e principalmente, se esforçar, não era nem metade do que Ryouta poderia fazer. Uma das possibilidades que Satsuki havia cogitado foi o aspirante de Daiki copiar o de cabelo azul. Mas ela realmente estava preocupada com Aomine, visto que ele não era o mesmo a muito tempo.

O menino sempre foi muito alegre com o basquete, mas ultimamente, parecia outra pessoa. Parecia algum garoto que entrou no time de basquete apenas porque a professora chata o mandou entrar, alguém que o convenceu a entrar porque disseram que o rapaz tinha talento, ninguém ousava abaixar sua bola. Daiki faltava sempre aos treinos, quando aparecia, era para brigar com seu próprio time, e mesmo tentando, não conseguia fazer o menino ficar em seu lugar. Mas isso deixava Momoi muito preocupada, se perguntava quase todo dia: como poderia alguém que amava tanto um esporte… simplesmente cansar? Cansar de todo amor que carregou? Ele tinha solução ou…? Mesmo podendo ler Aomine como um livro, Satsuki nem imaginava o que poderia ter acontecido.

Alguns passos foram ouvidos de longe, mas que logo foram se aproximando, e de repente, sua porta foi aberta, talvez um pouco forte demais. Sua mãe apareceu em sua vista. A mulher era muito parecida com sua filha, o motivo era óbvio, ambas muito atraentes. A mãe de cabelo rosa não parecia muito feliz, como de costume, e Satsuki pôde observar seu celular tocando.

— Seu namorado, aquele de cabelo azul, tá te ligando. — A menina fez uma cara confusa com as duas imagens que vieram em seus pensamentos. Sua mãe chegou mais perto e deu o celular para ela, em seguida, saiu do quarto, deixando a menina atender. Quando colocou o telefone na orelha, não conseguiu ouvir nada, apenas os mesmos ventos que movimentavam sua janela e uma respiração padrão, talvez um pouco acelerada, mas não sabia dizer, os ventos estavam carregando aquele mistério na chamada, não sabia quem era, não sabia de nada.

— Al. — Antes que pudesse completar, alguém a interrompeu.

— Satsuki. — A voz que palpitava seu coração foi ouvida em uma linha da chamada muito ruim por conta dos ventos. Fizeram-se alguns segundos de silêncio, até ela se dar conta que ele a chamou.

— Sim, Aomine-kun? — O silêncio se estendeu. O rapaz na outra linha, ainda no parapeito, teve seu coração acelerado, Satsuki realmente poderia o acalmar ou apenas deixar ele em chamas em segundos, mas ele não sabia de verdade o que falar. Como contar, para a então sua melhor amiga, que queria uma saída tão dura e difícil? Ela amava mistério, mas acreditava que não seria legal para ela. Respirou fundo e…

– Você se lembra da última vez que sorri jogando basquete? — A pergunta era incoerente, não que ele não ligasse para essas coisas, mas perguntar para ela não era comum. Ficou confusa, mas tentou puxar na memória a última das dezenas de vezes que o acompanhou no basquete, alguma memória que ele sorria, aquelas vezes que o mesmo ainda era pequeno e ela acompanhava, não lembrava.

— Pra que você quer saber? — Momoi disparou para ele, talvez um pouco dura, mas apenas falou. Daiki, do outro lado da linha, sorriu para si mesmo, aquela era a garota que escolheu amar, a séria quando se tratava dele. Para o menino, até o temperamento bravo da menina o agradava.

— Satsuki. — Cada vez que o menino a chamava por seu nome, ela sorria, um pouco idiota mas para ela era ótimo. — Sabe, basquete não tem muito do brilho que tinha no início… Cada vez mais, penso que o único que pode me derrotar sou eu mesmo.

O olhar de Aomine vagou pela escola e até adiante, pela cidade, seu coração batendo cada vez mais rápido, o equilíbrio permanecia intacto, o deixando parado no parapeito. Momoi se levantou da sua cadeira, pensando em quais palavras dizer, sempre tocaram nesse assunto, mas o tom melancólico dele estava preocupante.

— Aomine-kun, onde você está? — a menina de cabelos rosados perguntou, o silêncio na chamada fazia o coração da menina palpitar cada vez mais forte e rápido, sua cabeça estava começando a ficar bagunçada e sua visão turva, como se estivesse tonta, o que era desagradável até demais. Uma risada, então, foi ouvida, aquela risada de final de tarde quando terminaram de jogar basquete.

— Se o mundo tem um lugar favorito meu… — A voz soava fraca, como se ele não quisesse dizer aquilo, Momoi prestava toda sua atenção, tentando entender. — Se o mundo tem, estou no meu lugar favorito.

E então, em um momento, a ligação estava encerrada. Satsuki ouviu as palavras com atenção e, um segundo depois da chamada ter sido encerrada, ela já sabia para onde ir, onde seu coração e mente concordavam que o Aomine estaria, mas respirou fundo antes de sair correndo do quarto, passar pela sala, com seus pais perguntando onde a menina iria, e a rosada apenas falando qualquer coisa.

Na rua, os primeiros pingos de uma chuva que com certeza seria muito forte, ameaçavam cair. Satsuki corria com todo um vigor e pulmão que ela não tinha, e estava se forçando a correr mais e mais, querendo evitar o que fosse. Suas pernas se movimentavam com velocidade e a chuva começou a ficar mais forte. Sem perceber, seu pé direito escorregou na poça de água, levando a menina para o chão de joelhos e com as mãos na frente, como se fosse fazer flexão, sangue saindo na região da perna, precisamente do joelho.

Sem tempo para se lamentar, Momoi se levantou e continuou sua corrida.

Um pouco longe dali, Daiki continuava no parapeito, os pingos não incomodavam seu coração e, na verdade, sentia que aquilo estava acalmando pouco a pouco as palpitações no peito, o coração acelerado e a mente que mais parecia uma corrida para o surto do garoto. O parapeito estava molhado, isso indicava que, a qualquer momento, os pés do azulado podiam simplesmente escorregar. Ao pensar nisso, Aomine mexeu seus lábios em um sorriso, seria satisfatório. Sua mente nem pensava na Momoi, ou talvez um pouco? Ele não sabia, de verdade.

Se o rapaz não estivesse em volta dos seus pensamentos de uma forma tão intensa, teria ouvido a garota que fez seu coração agitado abrir a porta da última parte da escola, a mais alta.

— DAI-CHAN! — Se Aomine não estivesse em volta de seus pensamentos bagunçados, ele não teria se assustado, não teria feito um movimento brusco para virar. Mas o menino tinha feito, a forma que ele tinha feito foi tão brusca, o equilíbrio perfeito sendo destruído em segundos, e o pé repetindo o ato da Momoi pouco tempo atrás, deslizando sob o parapeito, para fora dele.

Naquele momento, as expressões de ambos foram de desespero misturado com surpresa. Foram poucos segundos para todo o corpo dele ir para trás, sua mente gritando para que ele se agarrasse em alguma coisa, e de fato, iria se agarrar na mão de Momoi, a menina que, no mesmo momento em que tinha visto a perna dele cair, foi para perto.

— Dai-chan… Segure… — Satsuki sussurrou, fazendo força para tentar levantar, o problema era que Aomine era muito pesado. A chuva, agora com sua monstruosidade com raios e trovões, dificultava o trabalho da menina, ela que segurava a mão direita do seu amor com as duas mãos, seus pés tentavam acompanhar o ritmo da força das mãos, a chuva interferindo e deslizando sob aquele esforço. Talvez, lá no fundo de sua mente, ela estivesse pedindo uma ajuda a Deus, pedindo para que seu Dai-chan fizesse força, não desistisse de sua vida.

— Satsuki… — Daiki finalmente havia se tocado no que acabara de acontecer, uma vontade de vomitar aparecendo em seu anterior. Observou o rosto da menina que tentava o salvar, seus olhos estavam cheios de lágrimas, provavelmente seus olhos estavam ardendo por causa daquilo, seu cabelo rosado todo molhado. Aquela visão não era legal de se ver, gostava de vê-la sorrindo ou irritada, não gostava dela chorando. O rapaz fechou os olhos, segurando agora sua vontade de chorar, abriu novamente e sua mão esquerda se levantou a fim de agarrar no parapeito, Momoi fez mais força, conseguindo levantar mais um pouco seu menino, a mão de Aomine agarrando o parapeito.

E em um piscar de olhos, Aomine estava tranquilo do lado seguro do parapeito, mas Satsuki parecia cair. Utilizando de todos seus reflexos e velocidade, ele passou seus dois braços por debaixo dos braços da menina, a abraçando e trazendo para o peito, como se estivesse protegendo-a de qualquer coisa. Seus sentidos voltaram e então voltou a ouvir o barulho da chuva que, em algum momento, tinha desaparecido. O cheiro ao redor, cheiro da chuva, o toque na pele molhada de Satsuki... percebeu então que a sua menina estava chorando, soluçando, só não dava para perceber se ela estava com lágrimas por causa dos pingos da chuva.

— Satsuki… O que foi? — A voz do rapaz saiu baixa, mas o suficiente para a menina ouvir.

Ela olhou o Aomine, trincando seu maxilar, desferiu um tapa no rosto dele e agora sim, ele podia ver claramente que Satsuki estava chorando com lágrimas.

— SEU IDIOTA! Vai se fuder, Aomine!.. — Em meio à água que saía de seus olhos, a menina explodiu, desferindo socos no peito do menino, mas não doía nada, parecia que ela tinha tirado a força de algum lugar para salvar ele. Sem maldade nenhuma em seu ato, Aomine riu pela fofura, quase ignorando o que tinha acontecido. Aquilo fez Momoi sentir mais raiva.

— Obrigado… — ele agradeceu no mesmo tom de antes, até que abraçou mais forte a menina em seu peito, agora ela também retribuía o abraço. Os dois jovens pensavam o que tinha acabado de acontecer, foi brutal e ali se instalou um silêncio que durou alguns minutos, mas um silêncio reconfortante.



FIM


Nota da autora: Sem nota.

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