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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 17/05/2025.

2025


Com o celular em mãos, caminhava pelo centro movimentado da cidade de New York. O céu sem nuvens, a mulher usava várias camadas de roupas, não tendo planos de tirá-las tão cedo. Seus cabelos balançavam suavemente, no entanto, o vento mais intenso tocava o seu rosto, fazendo com que uma careta se formasse.
Os três pontinhos apareciam na tela do seu aparelho, e esperava por uma resposta dele. Deixou que uma grande quantidade de ar saísse dos seus pulmões e olhou adiante, desviando de pessoas, que vinham na direção contrária.
— Que merda, !
A morena era uma mulher independente. Desde que se formou, sabia o que queria. Sempre soube que teria a sua própria marca de roupas, seria famosa e viajaria o mundo.
Com o barulho dos seus saltos ecoando em seus ouvidos, continuou a caminhar. Seus olhos, grudados no aparelho, faziam com que aqueles pontinhos lhe dessem vontade de esganá-lo pela demora ao responder. Rangeu os dentes, com o coração na boca pela caminhada e querendo mandá-lo tomar naquele lugar.
Atravessou a rua, voltando a desviar de pessoas, e guardou o aparelho no bolso do seu sobretudo. Ao compreender melhor o que ocorria, seu olhar foi direcionado para o lado e viu que passava em frente a um prédio em reforma. Diminuiu a velocidade dos passos, parando de andar, e notou alguns trabalhadores ao fundo.
Podia ouvir as batidas do seu coração, tamanha era a velocidade que havia colocado em suas pernas para chegar até o seu trabalho antes do horário de almoço terminar. No entanto, algo fez com que se aproximasse um pouco mais do vidro, curiosa para saber o que acontecia naquele local.
não estava entendendo o que acontecia consigo mesma. Tentou respirar fundo, mas não conseguiu. Segurou a respiração e suas mãos tremeram. Mais uma bisbilhotada para dentro do local e poderia ir embora, a vontade sumiria.
Uma rajada de vento mais intensa fez com que seus fios ficassem bagunçados e fossem jogados para frente. Em um súbito ato de coragem, colocou a mão no vidro e apoiou ao lado de seus olhos, a fim de visualizar melhor lá dentro. Artigos de construção, pessoas, poeira, muita poeira. Uma careta ainda mais intensa formou-se na face da mulher, que, ao distinguir que não precisava mais ficar no local, voltou a caminhar.
No entanto, seu salto quebrou, fazendo com que o pé esquerdo tombasse para o lado, e emitiu um gemido, ao passo que uma careta aparecia novamente. Caiu para a esquerda e usou as mãos para que não se machucasse com a queda.
Um som chamou a atenção da mulher, olhou atentamente na direção. Pôde notar um carro desviar de um rapaz em uma bicicleta, a buzina alta e estridente fez com que mais pessoas olhassem para o que acontecia. O ciclista virou ligeiramente, entrando na frente de um ônibus, que também buzinou e freou para que não atropelasse o rapaz.
Os olhos de direcionaram-se a um caminhão-tanque que se aproximava, notou que o motorista não conseguiria parar abruptamente, e a voz de varreu a sua mente.
Seus olhos começaram a arder. E lágrimas tomaram conta rapidamente.
— Um dia vai acontecer com você. A sensação. Você vai entender o que é quando estiver sentindo.
Segurando a própria respiração e com os olhos cheios de lágrimas, a morena, com a ajuda de apenas um pé e as mãos apoiadas no chão, se arrastou de costas para longe de onde se encontrava. As lágrimas começaram a percorrer suas bochechas ao se chocar nas pernas de algumas pessoas, no entanto, continuou se afastando.
O estrondo foi ensurdecedor, sacudindo os prédios ao redor como um trovão vindo do próprio chão. Em segundos, uma bola de fogo subiu aos céus, tingindo o centro da cidade com tons laranja e vermelho. O caminhão-tanque, carregado de gasolina, explodiu no cruzamento mais movimentado da cidade, espalhando labaredas e destroços em todas as direções. Vários carros próximos foram engolidos pelas chamas, suas carcaças retorcidas se fundindo ao asfalto derretido.
Pessoas corriam em desespero, algumas cobertas de fuligem, outras gritando por socorro. O cheiro de combustível queimado e plástico derretido enchia o ar, misturado ao som de sirenes se aproximando e aos gritos que ecoavam pelas ruas estreitas. Uma cortina espessa de fumaça cobria os prédios, transformando o dia claro em um crepúsculo cinzento e sufocante.
Instantaneamente, a mulher levou as mãos ao rosto, tentando se proteger. Todavia, o clarão do fogo e o calor súbito fez com que jogasse para frente e levasse as mãos na cabeça, se cobrindo dos destroços.
Por um momento tudo pareceu em silêncio. percebeu algo cair ao seu lado, mas ignorou, mesmo seu corpo dando um pulo assustado. Ela tremia, a respiração estava alterada e a boca seca. Não conseguia se mexer e quis ficar assim, naquela posição. Até que alguém viesse ajudá-la.
Não soube de onde tirou coragem, e, aos poucos, a sua audição melhorou. Levou uma das mãos até o ouvido, tateando a região e moveu a cabeça, olhando ao redor. Os gritos desesperados de pessoas invadiram a sua mente, buzinas de carro, sirenes dos bombeiros e ambulâncias, pessoas chorando. O que ela via diante dos seus olhos era parte movimentada de uma das maiores cidades do mundo em caos.
Perante o caos, levou uma das mãos até a sua boca, com um enjoo presente em seu estômago. Trêmula, tentou se colocar em pé, mas, ao olhar para o seu tornozelo, viu que estava inchado. Mesmo assim, ao se levantar, viu que o vidro atrás de si havia quebrado por inteiro.
Um barulho chamou a sua atenção, era diferente. Olhou pra cima, em um dos prédios, e viu um guindaste projetando-se de forma descontrolada pelas janelas de vidro dos prédios adjacentes. Seus olhos presos no que acontecia. Esperava que alguém tomasse alguma iniciativa para parar aquilo e seu corpo não se movia.
— Moça! Saia daí!
Uma voz gritou próxima a ela, sentia-se petrificada. Engoliu seco, e parte do vidro de uma janela estilhaçou em seu rumo. Aquilo a assustou. Deu um passo para o lado no mesmo instante em que uma chuva de vidros se iniciou. Um gemido saiu dos seus lábios, pois em diversos momentos ela foi atingida, porém não gravemente. Prosseguiu a andar, desviando de pessoas, com a respiração presa por sua boca estar fechada. Não percebeu o que aconteceria a seguir.
Uma das janelas, partidas ao meio e afiadas, a atingiu certeiramente no meio da sua costela. A dor exorbitante foi instantânea. cuspiu sangue e seus olhos pesaram. Seu corpo pesou para frente, caindo na calçada, com pessoas ainda correndo ao seu lado.
No bolso do seu sobretudo, seu celular tocava e um nome aparecia na tela: chamando...


Continua...


Nota da autora: Sem nota.

🪐



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