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Codificada por: Electra

Finalizada em: 12/09/2024

Dedicatória
Para todas as garotas que querem viver um conto de fadas com outras garotas.

"A realidade é dolorosa, vai ver por isso viver com a mente nos livros seja o melhor jeito para escapar dela."
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
   No mundo real o amor verdadeiro não funciona como nos livros, ele não é o sentimento que salva e cura, na vida real ele não funciona dessa forma, ele destrói, faz você se questionar sobre tudo em si mesmo, te quebra aos poucos e te faz sangra, te faz desejar morrer e não sentir nunca mais, pelo menos era isso que eu estava sentindo vendo Alicia Spencer ali dançando com Edward no meio daqueles adolescentes cheios de hormônios.
De longe vejo ela me olhar com um olhar culposo, eu não poderia culpa-la, queria poder odiar ela, fazer meu coração bater menos toda vez que os olhos escuros dela se mantinham em mim, queria tanto não sentir, mas esse era o problema eu sentia, e sentia até demais, e isso não era um problema até eu me apaixonar pela princesa da faculdade.
Não podia ficar nem mais um minuto ali, não aguentaria vê-la por mais nem um segundo, então corri, corri para longe dali, saindo daquele lugar, só parei quando já estava no meio da estrada, na noite fria só sendo ilumina pelas luzes dos postes, virei meu corpo para trás quando a voz que tanto amo chega em meus ouvidos, e lá estava ela,
O cabelo rosa escuro e cacheados amarados em um coque agora com alguns fios soltos pelo rosto amorenado que parecia ter sido beijado pelo sol, mais bochechudo, a boca cheinha dela agora era maltratada pelos dentes banquinhos, os olhos castanhos escuros cheios de lagrimas prestes a serem derramados, a respiração descompassada indicando que ela havia corrido, o vestido longo cheio de glitter colorido e o maldito cordão real ali me lembrando que ela não era só uma simples e mera estudante.
- E-eu não queria que as coisas fossem dessa forma. – A rosada deu alguns passos mais para perto de mim.
- Mas elas são, e você sabe que pode muda-las e mesmo assim escolheu não mudar. – Minha voz saiu mais quebradiça do que fato eu queria que ela tivesse soado.
- As coisas não são tão simples assim. – Ela quase gritou tentou me tocar mais me afastei, um trovão cortou o céu escuro fazendo um barulho ensurdecedor soar pela noite fria.
- Com você nada é simples. – Falei já podendo sentir as lagrimas quentes correrem pelas minhas bochechas, sorrio triste. – E eu também já entendi que princesas não podem se apaixonar por garotas.
- Eu queria que nosso feliz pra sempre fosse tão real quanto o que sinto por você. – Os primeiros pingos de chuva começaram a cair sobre nós duas, era clichê, mais não um clichê bom.
- Feliz pra sempre não existe na vida real, muito menos entre nós duas. – Era doloroso falar aquilo, ainda mais doloroso ver as lagrimas escorrerem sobre o rosto tão bonito dela.
A chuva começou a apertar caindo sobre nós duas que estávamos perto o suficiente uma da outra, mas igualmente longe, eu já chorava, as lagrimas se misturavam com a água da chuva que caia, respirei fundo e dei um passo na direção da garota que continuou parada, olhei dentro dos olhos castanhos dela e findei o espaço entre nós duas colando nossos lábios e segurando o rosto dela com minhas mãos tremulas e geladas,
Adentrei minha língua na boca dela sentindo minha língua ser abraçada pela dela, costumava associar o beijo dela a uma dança lenta, um encontro de almas cheio dos mais diversos sentimentos, mais esse, esse tinha gosto de dor e despedida, pela primeira vez eu odiei sentir isso, pela primeira vez quis prolongar o beijo até todo o meu ar ser sugado, até todas as incertezas e dores irem embora, o medo de soltar ela era grande, sentia que se fizesse isso nunca mais iriai tela novamente, mas desgrudei minha boca da dela com um selar demorada e juntei nossas testas sem coragem de abrir os olhos e perceber que tudo isso não passa de um sonho e que esse beijo não passou de uma alucinação minha, minhas mãos continuavam sobre as bochechas da garota, nossas respirações estavam descompassadas, meu coração batia em desespero, ela não estava tão diferente de mim, estava agarrada na lateral do meu corpo com medo de me soltar e nunca mais poder me tocar, mais era inevitável, o nosso fim já estava traçado bem antes de tudo começar.
- Acho que isso é o nosso adeus. – Falei de forma sussurrada apenas pra ela escutar, era como um segredo e talvez fosse, porque era isso que o nosso amor era, um segredo e nunca ia passar disso, um dia seria esquecido pela garota a minha frente.
Quando ela ia falar a voz de Edward chamando pela Alicia de longe foi o suficiente para nos fazer sair da nossa bolha de sentimento, me afastei da garota aos poucos deixando que ela se virasse e caminhasse até o garoto, que assim que a viu tirou o casaco e colocou sobre os ombros dela, vendo ela caminhar pra longe, percebi que havia perdido ela, e talvez nunca mais iria ver Alicia Spencer de nono,
O amor não era como nos contos de fadas, quando tinha que acabar ele acabava e não tinha o que fazer a não ser deixar ir, mesmo que doesse.
Continuei ali parada as lembranças de todos os nossos momentos invadindo minha cabeça sem me deixar pensar de forma clara e coerente, era tantos sentimentos e pensamentos que precisei sentar ali na calçada, nesse momento eu já devia estar encharcada pela água da chuva, mais aquilo, aquilo nem era um incomodo, o incomodo real estava na minha alma, no meu coração que agora estava em pedaços, e desejando que a dor fosse embora logo, desejando não lembrar.
Só sobrou lembranças, era só o que sobrava quando tudo tinha um fim, memorias, e talvez era isso que significava o amor, ele acabava mais continuava nas lembranças, nos momentos, tudo ficaria rodando como um disco velho por vários dias, semanas, meses ou anos até um dia não doer mais e virar uma lembrança no álbum de amores que deram errado que as vezes voltamos para dar uma olhada.
E era isso que Alicia iria se tornar, uma memória no álbum de amores errados, agora as lembranças correm pela minha mente, me consumindo a cada momento e a saudade latente batendo no peito.
Mas era melhor assim é mais fácil fingir aceitar até uma hora de fato acreditar que um dia eu vou superar o que quer que tenha sido esse romance,

No fundo eu sabia, princesas não podem se apaixonar por garotas.




“Amor à primeira vista é difícil acontecer e talvez nem aconteça, mais quando acontece não se pode ignorar.”
- Bruna Martins.

MAYARA CRISTINA
Ser uma garota de cidade pequena nunca tinha sido um problema até então, mas é verdade o que dizem, a faculdade é um novo começo, é a passagem para a vida adulta e novas áreas para a vida, estar na faculdade sempre foi um sonho, mais esse sonho foi começando a se distanciar quando minha primeira nota de prova foi deixar na minha mesa, segurei o papel entre os dedos e vi o C+.
- Isso só pode ser brincadeira. – Falei totalmente descrente sobre aquilo, eu havia passado a semana toda estudando para a prova, choramingo.
- Quanto você tirou? – Kate minha melhor amiga perguntou, olhei para a garota que arrumou a armação dos óculos sobre o nariz.
Levantei a prova até a altura dos olhos da garota que pegou minhas provas em mãos olhando as questões erradas.
- Eu estudei tanto pra nada. – Falei frustrada e deitei a cabeça sobre meus braços que agora estavam sobre a mesa.
- Você não foi tão mal. – Escuto a voz suave da minha amiga que soou como um carinho na minha pobre alma triste.
- Eu fui péssima, não precisa mentir. – Levantei a cabeça e a encarei ela que afagou meus ombros com cuidado e sorriu.
- Posso te ajudar a estudar para a outra prova que tiver. – Ela pareceu se empolgar com a ideia, soltei um suspiro já cansada mentalmente.
Faculdade não era como o ensino médio, tudo parecia mais difícil, os estudos, dormir parecia complexo demais, até respirar era complicado, ter vida social era quase nula, mais ao menos eu tinha minha independência longe dos meus pais e de todo os pensamentos religiosos deles.
Eu amava meus pais, mais nem tudo era perfeito, eles eram religiosos e não aceitavam o fato de eu gostar de meninas, mas ao menos eles respeitavam, passar na faculdade  foi uma das melhores coisas que já me ocorreu, sair de casa me deu a liberdade que eu nunca pude ter, não que a universidade fosse longe, ficava três horas de onde eu morava, mas pelo menos já era alguma coisa, já era um pouco da minha independência sendo conquistada.
Sou a filha única depois de mais de 25 tentativas, meus pais dizem que sou o milagre deles apesar deles não aceitarem e dizer que minha preferencia sexual é só uma fase e logo vai passar, mas mal eles sabem, que gosto de garota deus que me conheço por gente, só tomei a liberdade de me assumir porque fui pega aos beijos com minha colega pela minha mãe, na época foi os piores meses na minha vida, era da escola pra casa, da casa pra igreja, depois de um tempo eles finalmente fingiram que aquele assunto foi um surto coletivo.
Mas agora estou aqui, tenho três melhores amigos, um quarto praticamente meu, notas meias boca, mas eu estava conquistando todas as coisas que sempre sonhei mesmo que de forma lenta, mas é como dizem nada vem de forma fácil e requer muita luta e força de vontade mesmo as vezes me faltando a força de vontade.
Não sei quanto tempo passou deus do momento que minha prova foi colocada na minha mesa, mas quando me dei conta o sinal havia tocado e a sala já se encontrava praticamente vazia, apenas eu e Kate, e agora Wendy e  Cleber que sempre vinham nos encontrar pra irmos a lanchonete da faculdade, olhei os três que agora estavam sentados pelas mesas, as duas garotas como sempre estavam de chamego, namoravam deus de sempre, era sem sombra de dúvidas um dos únicos casais que eu de fato suportava por perto de mim, já Cleber estava mexendo no celular de forma desleixada encostada na mesa, éramos os opostos.
Kate é o típico garota nerd, loira e lésbica, com óculos e tudo que não tem o menor senso de moda apesar de fazer esboços de roupas incríveis, Wendy tinha longos cabelos vermelho, uma pele negra maravilhosa e de causar inveja com o braço tapado de tatuagens e bissexual, além de ser uma das melhores alunas de psicologia, Cleber era o típico gay não assumido mais assumido que eu conhecia, sua característica mais marcante sem sobra de duvidas eram os olhos em formato de gatinho, que fazia qualquer a um comer nas palmas das mãos dele de unhas pintas além dele ser um ótimo prodígio artístico, e isso dava de ver de longe, roupas sempre cheias de pingos de tinta por todos os lados,
Já eu por outro lado era uma garota normal, nada muito especial, não me destacava em muita coisa, talvez apenas as sardas e nos olhos bicolores, que muitas vezes já foi motivo de piada entre jovens da minha antiga escola, eu era até um pouco mais alta do que as outras garotas, cabelos castanhos até metade dos ombros e ondulados, nada de fato muito especial.
- Eu tô morrendo de fome, será que Maya pode acordar para o mundo real e vir com a gente pro refeitório. – O garoto de olhos de gato levantou guardando o celular na calça jeans, sorrio amarelo e coço a nuca.
- Foi mal, estava procrastinando. – Murmurei guardando meu material na mochila, levanto colocando o objeto nas minhas costas, Kate levanta toda animada, Wendy entrelaçou a mão na da namorada e logo caminhamos para fora da sala.
Os corredores estavam praticamente vazios, a não ser por alguns alunos sentados pelos corredores, outros conversando em grupinhos.
- Vocês não acreditam em quem curtiu minha foto no Instagram hoje de manhã. – Falou o garoto todo animado em quanto andava de costa e de frente para nós três, eu já estava prevendo o tombo que ele cairia algum um dia.
- Quem foi dessa vez? – Quem perguntou foi Wendy já sabendo que perguntar aquilo era pedir por história.
- Marco Mendes, o capitão do time de basquete. – Rio baixinho quando ele piscou pras nos três. – Certeza que ele é outro gay incubado, não tem outra explicação ele ter curtido uma foto minha sem camisa.
- Ou vai ver ele nem tenha percebido que curtiu a foto. – Dei de ombros, ele me lançou uma careta nada feliz.
- Deixa eu sonhar já que você não sonha querida. – Ele colocou a língua pra mim.
- Você tem que entender que estamos na vida real e não em um filme clichê. – Fui realista, Kate riu alto e Cleber colocou o dedo do meio pra mim.
- Nossa querida Maya não acredita no amor. – A loira largou da namorada e passou os braços sobre meus ombros em um abraço lateral.
- Não é que eu não acredite no amor, eu só não acredito nesse lance clichê que vocês acreditam. – Rio quando os três bufaram.
- Eu e a Kate nos conhecemos porque derrubei os livros dela, foi praticamente amor à primeira vista. – Wendy piscou pra namorada que sorriu boba, revirei os olhos com a melação das duas.
- Nem todo mundo tem a sorte de vocês, lindas, ainda sim era algo que tinha que ter acontecido. – Cleber parou fazendo todas nos pararmos antes mesmo de chegarmos no refeitório.
- Gata você está muito amarga está precisando de um amor. – Foi o que ele disse e olhou em volta, logo apontando o dedo para uma das direções, olhei pra onde ele apontou e vi uma garota sentada no corredor, os cabelos cacheados e rosados longos praticamente escondendo boa parte do rosto bonito, ela mantinha a atenção no livro que lia em quanto nos ouvidos um fone ocupava ali, voltei a olhar confusa para o meu amigo.
- Não entendi bem. – Falei confusa, ele revirou os olhos e colocou as mãos na cintura.
- Gatinha nos aqui sabemos que você tem um crush na esquisitinha, está na hora de agir e ir falar com ela. – Pisquei os olhos entendendo onde ele queria chegar e soltei uma risada descrente.
- Eu não vou falar com ela, não mesmo. – Disse de forma obvia e voltei a olhar para a garota rosada que continuava ali lendo o livro toda concentrada em quanto mantinha o lábio inferior preso entre os dentes,
- Qual é, você está praticamente deus do inicio do ano letivo secando a menina, quando você vai tomar vergonha na cara e chegar nela? – Wendy quem falou e abraçou a namorada por trás deixando um beijinho sobre a bochecha agora rosada pela timidez da garota loira.
- Nunca, é melhor ela nem saber sobre minha existência, ela não quer ser vista e eu não quero que ela saiba da minha existência, está tudo como deve ser. – Arrumei a alça da mochila e voltei a andar, sabia que os três cupidos estavam atrás de mim provavelmente nada feliz pela minha decisão.
Acontece que Alicia Spencer era a garota praticamente invisível da faculdade, aluna de artes, típica garota calada sem amigos, apenas ela e os livros, mais de algumas forma ela me chamava a atenção, tinha curiosidade de saber sobre a garota incógnita de cabelos volumosos e rosadas, mas se ela não queria ser vista não tinha porque eu tentar me aproximar mesmo que eu quisesse muito fazer, então observava ela de longe e admirava todo o ar misterioso dela.
Entrei no refeitório, vendo o tanto de jovem adulto em seu próprio mundo em seus próprios grupos, era até engraçado perceber que as coisas não eram como eu pensei que seria, não é um musical, não tem lá tanto bullying, as pessoas estão mais focadas em passar nas provas do que perder tempo com coisas que não agregam em nada, e isso era a vida adulta. Mais responsabilidade menos brincadeira boba.
Peguei salada de fruta e um prato de macarronada, a comida não era a melhor a não ser nas sextas, ai sim sempre tinhas os melhores lanches, dava até gosto de enfrentar uma fila gigante por um pedaço de torta de maça, caminhei até a única mesa vaga que ninguém se atrevia a sentar a não ser eu e meu trio dinâmico, a mesa perto das lixeiras, as vezes rolava de sermos acertados com alguns papeis ou maças comida, mais nada que de fato nos incomodasse, ao menos não havia ninguém chato vindo sentar por perto.

Essa é minha vida, mas as coisas viraram de ponta cabeça com a presença inusitada de uma certa princesa nela.



"O destino tende a pregar algumas peças as vezes."
- Bruna Martins.

MAYARA CRISTINA
  Sábado deviam ser os dias que todos os universitários deveriam dormir até tarde, mas um barulho irritante de algo caindo me vez acordar assustada, olhei para o relógio ao lado da cama, nove e quarenta e oito da manhã, passei os olhos pelo cômodo a procura do barulho que me acordou e vejo uma mala grande e cinza metálica caída no chão levantei o olhar ainda com preguiça, vendo ali uma garota de cabelos cacheados e rosa, e a pele amorenada beijada pelo sol, precisei coçar os olhos pra ver se não era miragem, e de fato eu não estava vendo errado.
Mais bem ali em frente a porta cheia de timidez estava Alicia Spencer, pisquei os olhos e me amaldiçoei por estar vestindo apenas uma camiseta longa de pijama, ajeito os cobertores sobre as minhas pernas nuas, céus eu devia estar com o cabelo todo bagunçado e com cara de sono na frente da minha crush, isso era o fim do mundo.
- Desculpa se te acordei, a mala prendeu no tapete, - A voz dela saiu baixa, mais suave o suficiente para os meus ouvidos se sentirem nas nuvens.
- Tudo bem, eu já estava para levantar. – Era mentira, mas a garota não precisava saber disso. – Você é a minha nova colega de quarto?
- Eu tive complicações com minha antiga colega de quarto, e o reitor disse que aqui era um dos últimos quartos com uma cama vaga. – Vejo ela olhar em volta, faço o mesmo, e quis me enterrar viva, tinha roupas sujas espalhadas pelo chão, caixa de pizza sobre a mesa de estudo, uma verdadeira bagunça, ela voltou a olhar pra mim com um pequeno sorriso. – Então sim, eu sou sua nova colega de quarto.
- Todo sábado é dia de limpeza. – Falei a primeira coisa que me veio a mente, a garota assentiu e abaixou para levantar a mala, com um pouco de dificuldade ela consegue arrastar a mala para o meio do quarto e fez o mesmo com duas caixas colocado sobre a própria cama.
Estiquei meu braço até fora da cama e peguei a calça moletom esquecida no chão, com um pouco de dificuldade coloco a peça de roupa por de baixo do coberto, assim que termino de me vestir levanto.
- O que aconteceu para você mudar de quarto? – Perguntei começando a juntas as roupas sujas do chão, a cacheada começou a tirar as coisas das caixas, a maioria livro e colocando sobre a cama.
- Minha colega de quarto adorava aula de corpo humano, sempre tinha um cara pelado na cama dela, e não era nada fácil me concentrar em ler quando na cama do lado ela gemia sem pudor nem um. – A garota falou tão normalmente que até me engasguei. – Não que eu seja uma santa, mas não aguentava mais dividir o quarto com uma ninfa maníaca.
Olhei a garota, ela estava com uma blusa de mangas comprida na cor preta, uma calça moletom verde escura e nos pés meias rosas e chinelo branco, os cabelos rosas estavam presos em um rabo de cavalo simples e baixo, mesmo básica ela era ainda mais linda de perto.
- Nunca tive esse problema, na verdade deus que cheguei aqui nunca tive colega de quarto. – Caminhei até o banheiro e coloquei as roupas sujas no cesto, sai do lugar e os olhos castanhos da garota logo me analisaram por completo, senti meu corpo tremer com aquilo.
- Sorte a sua, eu tive azar com três colegas de quarto já, espero que aqui seja o meu lugar. – O olhar dela logo se desviou para o próprio celular que começou a tocar, ela pegou e saiu do quarto me deixando sozinha no cômodo.
Corri para o meu canto do quarto e peguei meu telefone e abri o chat com os meus amigos.
Os românticos e a Maya.
Eu: GEEENTEEEEE emergência
Me encontrem atrás da escadaria do prédio de moda,
Tenho certeza que vocês vão surtar também.
Gay encubado: A essa hora da manhã?
Se não for alguma coisa realmente interessante
Eu juro que te mato Mayara Cristina.
Eu: juro que dessa vez é algo bom.
Wendy da terra do nunca: Você sempre fala isso
E na maioria das vezes não é nada interessante.
Kitty Kate: E lá vamos nós de novo
Já vou prepara o sedativo do Cleber
Caso ele queira matar a pobre Maya.
Eu: Só vão pra lá tô indo pra aí agora mesmo.
Gay encubado: Eu espero mesmo que seja
A fofoca do ano.
Wendy da terra do nunca: Eu e a Kate já estamos saindo
Beijinhos meus gays.
Desliguei o celular e passei a mão sobre meus fios de cabelo e joguei meu celular sobre o colchão, abri a porta cheia de ansiedade e esbarrei na rosada que segurou minha cintura antes de irmos ao chão, pensei que eu fosse falecer ali mesmo, meu coração pareceu retumbar nos meu ouvidos, até senti uma pontada nele de tão rápido que ele bateu, tudo isso só por ter as mãos dela sobre meu corpo, eu era mesmo emocionada. 
- Ei cuidado pra não cair. – Assim que ela percebeu onde as mãos dela estavam, ela apressou em tirar e dar um passo para o lado para eu sair do quarto.
- Valeu, eu sou meio desastrada as vezes. – Sorrio de forma amarela e saio do quarto. – Até mais tarde, e pode ficar à vontade o quarto é tão seu quando meu.
Nem me dei tempo de ficar para escutar o que a cacheada iria dizer, sai correndo pelos corredores, pechando vez ou outra nas pessoas, gritando uma desculpa ao longe, quando finalmente cheguei no prédio marcado, diminui os passos, caminhei até atrás das escadarias e logo vi o meu trio de amigos ali, com caras de sono e nada feliz por estarem ali no frio em plena manhã de um sábado.
Cleber mascava um chiclete em quanto se mantinha encostado em um pilar que tinha ali, o pijama de oncinha e os cabelos em uma bagunçada nada sedutora estava em frente aos olhos de gato, Wendy fumava um cigarro mentolado em quanto se mantinha encostada na namorada, Kate por outro lado estava encolhida dentro do moletom um pouco maior que ela que com toda certeza era da namorada, apesar dos três estarem com cara de poucos amigos eu sabia que eles estavam curiosos, então dou um oizinho com a mão.
- Não enrola Mayara Cristina. – Meu nome todo só era citado assim quando Cleber não estava com a menor paciência, a verdade que ele odiava acordar cedo, então eu entendia o mau humor.
- Fiquem com os ouvidos muito atentos que agora vocês vão até cair pra trás quando eu contar isso. – Falei até bem animada pra quem foi acordada em pleno sábado de manhã, mas não era qual quer coisa, era a minha crush que ia dormir a poucos metros da minha cama, eu estava em surtos.
- Você enrola demais sabia? – Wendy deu a última tragada no cigarro e logo o jogou no chão apagando com a sola do sapato.
- Deixem de serem chatos, fiquem quietos que ela conta, suas bestas. – A loira era a mais calma do grupo isso equilibrava nossa energia apocalíptica.
- Tenho uma colega de quarto agora! – Exclamei toda feliz até dando um pulinho, os três me olharam com cara de tacho e Cleber foi o primeiro a revirar os olhos.
- E você chamou a gente só pra falar isso? – O garoto de olhos de gatos massageou as têmporas totalmente impaciente. – Eu preciso de um café urgentemente antes que eu enlouqueça.
O garoto era fissurado em café, era uma das únicas coisas que deixava ele mais tranquilo, e menos estressado e hoje ele iria precisar de umas três xicaras de café bem cheias por ter acordado cedo.
- Calma lá estressadinho, não cheguei na melhor parte ainda. – Cruzei os braços e abri um sorrisinho sapeca quando ele pareceu se interessar novamente pelo o assunto, era mesmo um fofoqueiro.
- Minha colega de quarto é uma pessoa pela qual eu vivo babando. – Soltei sem me segurar, os três piscaram os olhos esperei um pouquinho mais nada veio. – Gente minha colega de quarto é minha crush.
- Aleluia que a esquisitinha vai finalmente fazer você ser menos ranzinza. – Olhei para o garoto de forma incrédula.
- Ei eu não sou ranzinza, só sou mais realista. – Dei de ombros e revirei os olhos.
- Então vai dizer pra gente que isso que está acontecendo com você não tem nada a ver com destino? – Kate falava coçando os olhos provavelmente ainda estava com sono.
- Não foi destino, meu quarto era o único com cama sobrando, então obvio que ela iria ir pra ele. – Fui obvia, Wendy riu e deu um tampinha no meu ombro.
- Você acredita no que quiser meu amor. – Falou a avermelhada antes de pegar a mão da namorada. – Tô indo levar minha loirinha pra dormir mais um pouquinho, vê se não surta muito, hein.
Vejo as duas se afastarem juntas, era engraçado como elas eram como unha e carne, eu diria que elas eram como a princesa jujuba e a Marcelina, mais era fato a morena sempre cedia aos pedidos manhosos da loira mesmo quando Wendy não queria fazer as vontades da namorada, elas são amigas maravilhosas e eu tinha sorte em tê-las na minha vida.
Olhei para Cleber que queria muito falar algo mais estava tentando não falar, olho pra ele com a sobrancelha arqueada.
- Fala logo o que você tem pra falar. – Aproveitei que estávamos somente eu e ele ali e me sento no chão com perninhas de índio, o garoto faz o mesmo sentando-se de frente pra mim.
- Essa é sua chance, você sabe né? – Ele pegou uma mechinha do meu cabelo e enrolou no dedo, me olhando com calma e com carinho, apesar de nos dois estarmos sempre em pé de guerra ele era meu amigo bem antes da faculdade e virtualmente.
- Chance do que seu doido? – Murmurei de forma baixia afinal só estávamos nos ali.
- De finalmente dar uns beijinhos na sua garota. – Ele disse todo obvio e sorriu sapeca, mexo a cabeça em negação rindo.
- Ela não é minha garota. – Rebati toda corada ao imaginar que talvez um dia eu pudesse beijar os lábios da rosada.
- Ainda não é, mais tenho toda certeza que ela não iria resistir ao seu charme. – Cleber fazia trancinha no meu cabelo ele estava todo concentrado, sorrio, era bom ter momentos assim com ele.
- No máximo que vou conseguir dela é a amizade, ela parece ser bem hetero. – Falei meio entristecida, o garoto a minha frente riu, ele não só riu como gargalhou.
- Minha filha se aquilo é hétero, eu sou a Xuxa. – Não me contive e rio também.
- Daqui a pouco você vira a paquita isso sim. – Ele colocou a língua pra mim e deu um puxão no meu cabelo, nem doeu mais fiz cara de dor só por puro drama. – Você só me maltrata, por isso prefiro o casal arco-íris.
Ele não rebateu apenas continuou fazendo trancinha no meu cabelo, Cleber sabia que aquilo era mentira, até porque eu amava os três ingualmente, eles era as pessoas pelas quais eu sabia que lutar valia a pena, assim como lutar pelos meus sonhos.
Nunca fui de acreditar em destino, mas se o destino me uniu aos meus amigos então eu devia agradecer por isso, e se agora Alicia Spencer também era coisa do destino, eu não sabia.
Mais meu amigo estava certo talvez aquela fosse a minha chance de me aproximar da garota e quem sabe finalmente poder ter um pouquinho dela na minha vida, porque sim, eu queria muito conhecer todas as camadas que existiam em Alicia Spencer.




“Ordens são feitas pra seguir e não as quebrar, mas o que acontece quando o cansaço de segui-las acabam?”
- Bruna Martins

ALICIA SPENCER
   Nunca gostei da palavra realeza, muito menos quando o peso da coroa um dia iria cair sobre meus ombros e eu teria que ser a rainha de todo um povo, nunca foi de fato o que eu queria, até certa idade eu vivia como queria, fazia o que queria sem precisar me importar se aquilo afetaria alguma coisa no meu futuro,
Mais agora, agora as coisas eram diferentes, minha imagem era importante mesmo que ninguém de fato soubesse sobre ela ainda, quaisquer coisas que fosse uma ameaça a minha imagem eu devia ficar longe, era a minha responsabilidade de uma quase princesa.
Então eu devia e sentia que devia ficar longe de Maya o quanto desse, ela era uma garota incrível e esse era o problema, me prender a alguém nesse mundo falso que criei seria doloroso quando eu finalmente tivesse que ir embora, porque eu sei que um dia terei que tomar pose do que é meu por direito, e eu não queria ter que deixar ninguém pra trás, por isso me focava em livros, ao menos eram pessoas irreais que só existiam nos lençóis da minha mente cheia de nós e dobras mal dobradas.
Nunca tive tanto contanto com minha família da realeza, eram sempre curtas ligações me dizendo como eu devia agir, como devia me comportar, como eu devia ser invisível e não chamar tanta atenção, pelo menos não por hora.
Estava em um canto do quarto pintando um quadro, no chão um lençol branco forrava ali pra não manchar o piso de tinta, o cavalete estava ali comportando um quadro ainda em branco, não sabia o que queria pintar, era um trabalho, que meu professor havia passado, algo sobre pintar aquilo que te cause borboletas, mais o problema estava ai, eu nunca havia sentido elas, eu poderia pintar alguma coisas sobre o tanto de livro que lia, mais não seria real, não saberia explicar o sentimento quando eu tivesse que apresentar o quadro para a turma. 
Estava tão concentrada que nem vi quando uma outra figura entrou no quarto, mais saio do transe quando um barulho alto se fez presente no cômodo, olhei em direção de onde vinha e vi Maya ali toda atrapalhada e cheia de tecido sobre os braços, um lápis prendia os cabelos castanhos ondulados dela em um coque cheio de fios soltos pelo rosto cheio de pintinhas, os olhos bicolores (um verde e o outro castanho escuro) eram bonitos e agora me olhavam com atenção, foi impossível não sentir uma descarga elétrica sobre meu corpo ao ter os olhos dela sobre mim tão atentamente.
- Tendo problemas de inspiração também? – A voz um pouquinho maia grave soou pelo quarto silencioso que só tocava uma música clássica que dessa vez não me ajudou em nada.
- Bem isso, mais e você, o que é tudo isso aí? – Perguntei como quem não queria nada, vejo a garota alta colocar os tecidos sobre a cama dela.
- Preciso fazer um vestido para dar de presente pra alguém pro baile do fim do ano. -  Ela contou olhando os tecidos mais de perto fazendo uma careta.
- Pelo menos o seu trabalho parece mais fácil que o meu. – Mordi a pontinha do pincel.
- E o que você tem que fazer? – Ela perguntou e sentou-se no sofazinho que tinha ali olhando pra mim com bastante atenção, aquilo era tão estranho.
- Pintar algo que me cause borboletas, mas eu nunca senti isso antes. – Fui sincera, a garota faz um biquinho pensativa.
- Então você nunca teve nem uma paquera, tipo você estuda aqui a um bom tempinho, ninguém nunca chamou sua atenção?  - Olho para cima um pouco pensativa.
- Nunca tive tempo pra pensar em amores. – Dei de ombros e estralei meus dedos, a garota soltou um risinho.
- Falando assim você parece bem mais ocupada do que imaginei. – Ela falou aquilo mais pra ela do que pra mim.
- Amar não é pra mim, entende? – A acastanhada concordou parecendo entender bem o meu pensamento. – E também eu nem posso amar qualquer pessoa, minha vida é um saco, acredite em mim.
- Bom eu vi que você lê muito, porque não se inspira em algum romance que você costuma ler? – Ela tentou ajudar até levantou a sobrancelha em questionamento.
- Por que não seria algo sentido por mim, sabe? – Ela concordou e soltou um suspiro. – Até a entrega eu vejo o que faço.
- Você é legal, gosto de conversar com você, mesmo que até agora a gente não tenha tido tempo de se conhecer melhor. – Travei, desviei meus olhos para o quadro em branco, focando no nada, céus aquilo era um pouquinho demais pra mim.
- Eu sou meio difícil de se achar, conheço vários esconderijos nessa faculdade. – Falei ainda sem coragem para olhar a menina, os olhos dela me deixava totalmente nervosa, e eu nem sabia o porquê.
- Quem sabe uma hora dessas você me apresente um desses lugares. – Soltei uma tosse, quase me engasgando com a saliva, meu deus, aquilo era um flerte?
- Não sei se seria adequado, não gosto de dividir nada, ninguém e nem lugares. – Aquilo pode ter soado com grosseria, mais espero que aquilo quebrasse qual quer sonho que a garota tinha.
- Então você é o tipo de garota possesiva, eu confesso que gosto dessas. – Ela piscou um dos olhos em minha direção e levantou-se em seguida se espreguiçando.
- E eu não gosto de garotas. – Mentira, aquilo era uma grande mentira, mais ao ver o rosto dela perder o brilho foi a única coisa que me fez continuar com a mentira, não queria ela achando que podia rolar algo entre mim e ela.
Se eu fosse apenas uma mera estudante eu adoraria flertar com ela, adoraria beijar ela, mais na minha realidade eu era uma princesa lésbica que não podia nem me assumir e muito menos me envolver com ninguém, ainda mais esse alguém sendo uma mulher.
Ela levantou os polegares em um joinha e toda envergonhada quase caindo ao sair do quarto ela sai me deixando sozinha com a música clássica ainda tocando no ambiente, finalmente pude soltar um suspiro, céus aquilo não era obra de deus era obra do satanás, querendo me fazer cair em tentação e pecar, mais no fundo, bem lá no fundo eu adoraria pecar com Maya.
NÃO, o que diabos estava pensado, eu tenho responsabilidades, assim que eu completar meus 23 anos eu finalmente terei que me mostra pro povo, e de princesa morta virarei a salvação de um reino quase em ruinas.
Estava prestes a continuar ou pelo menos tentar terminar o meu quadro quando meu celular toca, sorrio um pouquinho animada ao ver de quem se tratava, resolvo atender.
- Princesa como vai as coisas por aí? – Reviro os olhos, odiavam quando me chamavam de princesa, mais Joaquim era assim, adorava me irritar.
- Já disse que você vai ver a princesa no dia que eu te der um soco. – Falei ao meu mais fiel escudeiro e guarda real em ascensão.
- Nossa mais como é brava essa garota. – Escuto um barulho de saco do outro lado da linha. – Falando desse jeito nem parece que é uma manteiga derretida.
- E você já está comendo porcaria, né? – Caminhei até o sofá que antes a garota estava e me jogo ali olhando para o teto sem graça e com alguns mofos. – Você vai morrer cedo.
- Melhor morrer cedo do que ter que te aturar como rainha reclamona lésbica e com um casamento de fachada. – De longe eu podia ver o sorriso sacana dele e quis chutar as bolas dele, mas me contive.
- Por isso que na primeira oportunidade que eu tiver vou te sentenciar a forca. – Até tentamos não rir disso mais foi impossível, ele gargalhou de lá e eu de cá.
- Mais falando sério, você acha que vai sentir falta de ser uma mera estudante? – Passo a língua sobre os lábios pensativa.
- Existe muitos pros e contras, mais confesso que vou sentir sim, menos a parte de fazer esse tanto de trabalho. – Escuto ele mastigar os salgadinhos do outro lado da linha e logo soltar um arroto. – Seu porco.
- E sua nova colega de quarto é de boa? – Me ajeitei no sofá e logo me lembro dos minutos atrás e passo a mão livre sobre o rosto.
- Sim, muito de boa, não faz muito que acabei de dar um fora nela. – Disse, escuto o garoto do outro lado da linha tossir.
- Mais assim você também não se ajuda né, como quer perder o BV dessa forma se você afasta as pessoas? – Ele falou o obvio, mas o obvio não era o certo.
- Você sabe que eu não posso. – Falei de forma baixinha brincando com o fiapo da minha blusa que estava solta.
- É só manter tudo no sigilo, quando chegar a hora você da um pé na bunda dela e cumpre seus deveres como a princesinha perdida. – Ele falou tão simplista.
- Você é um péssimo conselheiro real, fique sabendo disso. – Joguei no ar, sabia que ele estava revirando os olhos.
- Você me cansa tanto que preciso até desligar, beijinho mocreia. – E Joaquim desligou na minha cara, bufo, mais logo rio baixinho.
Joaquim e eu viramos bons e ótimos amigos, no começo o trabalho dele era só ser meu conselheiro real, mais então ele virou meu melhor amigo, e também os concelhos dele eram péssimos, mais apesar de tudo ele me tirava boas risadas então eu gostava de escuta-lo falar, eu não sou a garota mais falante da terra, e sou um pouquinho fechada na maior parte do tempo.
E quem sabe, só quem sabe Joaquim estivesse certo, o grande problema é que sou complicada e apesar de querer muito aquilo meu bom senso grita bem mais alto do que a minha vontade que lateja feito brasa quente prestes a pegar fogo no meu interior.




“Boas maneiras perto de quem gostamos parece não existir.”
- Bruna Martins.

MAYARA CRISTINA
Fazia dois dias que eu tinha coragem de meter a cara no meu próprio quarto, depois do fora que levei, nesses dois dias dormi no colchão no chão do quarto das minhas amigas, agora estava deitada com a cabeça no colo de Wendy, que tentava me convencer a voltar para o meu quarto.
- Você não pode fugir pra sempre, bola pra frente gata. – Falou a avermelhada me olhando com pena, bufo e me sento na cama.
- Como vou olhar pra cara dela depois dela literalmente dizer que não gosta de garotas? – Choraminguei esfregando minhas mãos no rosto totalmente aflita, maldita hora que flertei com uma mulher hétero.
- Simples entra no quarto, cumprimenta ela e depois segue como se não tivesse acontecido, isso não é o fim do mundo Maya. – Faço biquinho, ela já estava impaciente.
- É o fim do mundo sim, eu falei pra vocês que não era uma boa ideia investir nela, agora olha aí. – Minha voz saiu mais exagerada do que o normal, talvez eu estivesse fazendo uma tempestade em um copo d’água.
- A culpa é sua por ter ido com muita ‘sede ao copo. – A loira saiu do banheiro com uma toalha no cabelo e uma mascara verde no rosto, vejo Wendy secar a namorada, eram mesmo duas boiolinhas.
- Eu só segui o conselho de vocês, e agora levei um fora, nunca vou superar isso. – Era drama e elas sabiam.
- Isso se chama ego ferido, gata. – As duas disseram em unisso e sorriram boba uma para a outra, revirei os olhos.
- Quer saber de uma coisa, vou deixas as pombinhas aí namorarem e vou dar uma volta. – Calcei os chinelos e vesti um moletom azul com as mangas brancas e saio do quarto das duas começando a caminhas sem rumo pelos corredores.
Eu não era tímida longe disso, mais era primeira vez que levava um fora, ainda mais da minha crush, foi bem traumático escutar da boquinha linda dela que ela não gostava de garotas, era um desperdício para o mundo sapatão Alicia Spencer ser uma mera hétero. Estava tão focada em andar que quando percebi estava de frente para as grades portas do prédio de natação, ali com certeza era um lugar proibido naquele horário da noite, mas eu também estava pouco me importando.
Abri a porta dupla de vidro que dava acesso a área da piscina, caminhei a passos lentos ate a borda dela, com calma tirei os chinelos e dobrei as calças até a panturrilha, me sento na borda e coloco os pés na água sentindo o geladinho arrepiar meu corpo, olho meu reflexo na água.
Cabelos soltos até os ombros largos, olhos ridículos, nariz grandinho e sardas espalhas por ali, boca um pouco pequena, eu não era lá menina de capa de revista, era só uma garota normal de cidade pequena querendo conhecer o mundo e quem sabe o amor, eu dizia não ser alguém romântica, mas as vezes eu queria alguém sim pra compartilhar meus momentos, beijar, me sentir segura quando a chuva cair, mais era melhor manter a máscara de não romântica do que de bobona.
Dei um pulinho ao sentir alguém sentar do meu lado, engulo em seco reconhecendo as pontas rosadas e cacheadas dos cabelos roçando no meu moletom.
- Então é aqui que você se esconde? – Perguntou a rosada com a voz suave como sempre, não me atrevi a olha-la, mais pelo reflexo vejo que ela estava me olhando e estava bem pertinho, pertinho o suficiente pra dar de sentir o cheirinho de morango vindo dela junto de um perfume não tão doce.
Céus se ela cheirava a morangos será que o gosto dos lábios dela eram do sabor da fruta? eu iria enlouquecer,
- Assim como você tenho meus lugares, a diferença que eu não tenho problema algum em levar pessoas legais até eles. – Coloco a língua contra a bochecha não queria desmanchar a pose, mais por dentro eu estava surtando, principalmente quando o pé dela toca o meu dentro da água.
- Estive pensando melhor e acho que posso te levar em alguns dos meus lugares secretos, se ainda quiser, é claro. – Mordi o lábio inferior pra não sorrir, finalmente levantei meus olhos para ela, e merda ela era tão linda assim de pertinho, engoli em seco sem conseguir desviar meus olhos do rosto dela, era hipnotizante.
- Eu posso até pensar. – Falei em dois tons mais baixos, a cacheada, piscava os olhos de forma rápida aproximando meu rosto do dela, era como um imã, eu não estava pensando em nada a não ser na garota a minha frente.
As coisas aconteceram muito rápido no momento a seguir, a garota parecia ter acordado do transe, ela foi levantar mais acabou resbalando pra dentro da piscina e me puxou junto, agora estávamos encharcadas de água.
- C-Ceús....eu meu deus, foi sem querer. – Ela diz tirando o cabelo rosa do rosto agora todo molhando, apesar do frio eu tive que rir da situação, era cômica.
- Você é doida isso sim, não queria se molhar sozinha e me puxou junto, essa porra está fria sabia? – Batia os pés na água pra me manter submersa, a garota joga água em mim com a mão, fico boquiaberta e faço o mesmo.
- Foi a primeira cosa que segurei pra não cair, eu ia imaginar que você iria cair junto, sua besta. – Rio pelo tom emburrado da garota. – Por sua causa agora tô encharcada.
Olho pra ela totalmente chocada pela fala ousada, onde já se viu jogar a culpa em mim quando foi ela mesma quem caiu sozinha e ainda me arrastou junto pra essa água gelada.
- Você quis dizer sua causa né, você que praticamente se jogou. Pra quem não gosta de garotas você ficou bem mexida pela a nossa aproximação. – Provoquei vendo-a nadar pra borda pra sair da piscina, mais algo chamou nossa atenção, ou melhor, barulhos de passos. – Sai logo, se o guardinha nos pega aqui a gente está encrencada.
Nos apressamos em sair da piscina, pegamos nossos chinelos e em seguida entrelaço minha mão na da garota e puxo ela comigo correndo pra longe dali toda molhadas em uma noite fria, em quanto a voz do guarda no fundo era ouvida.
- Eu juro que da próxima vez que eu ver vocês aqui de novo, VOCES estão encrencados, bostinhas de merda. – Continuamos correndo pelos corredores, sem nos importarmos com nada.
Era tão bom se sentir livre, a rosada estava com um grande sorrisão no rosto, a respirando ofegante pelo esforço que fez pra correr, só paramos quando finalmente estávamos perto do nosso dormitório, me apoio nos joelhos e ela na parede ao meu lado.
- Acho que tô te devendo uma. – Ela falou com a voz um pouco falha, os cabelos e as roupas pingando água, mais ao menos estávamos bem.
- Por isso você vai ceder o chuveiro pra mim primeiro. – Falei com um sorrisinho convencido, e ela cruza os braços não gostando nada, nada da ideia. – A não ser que você queira tomar banho comigo.
- Você é insuportável garota. – Pisquei um dos olhos pra ela e entrei correndo do quarto direto pro banheiro.
Tirei a roupa molhada toda felizinha, de uma coisa eu tive certeza hoje, Alicia Spencer teve um gay panic na minha presença, então ela mentiu ou omitiu a verdade porque não quer ter nada comigo, mais o que ela não sabia era que eu adorava um desafio, e se ela era a barreira que eu precisava vencer pra dar um beijo nela, então seria um grande prazer passar pelas barreiras postas por ela.
Quando eu queria muito alguma coisa eu não cansava ate finalmente conseguir, e eu queria, queria muito me aproximar da rosada e desvendar cada pedacinho que ela esconde por trás daquele rostinho de princesa.
Depois de um bom banho quente saio enrolada em um roupão, a garota já estava de banho tomando, provavelmente havia tomando banho no banheiro comunitário, ela estava com um grande bico nos lábios enquanto lia um livro que era difícil ler o nome pela luz fraca do abajur.
- Não fica assim, vai, foi até legal. – Comecei a revirar meu lado do guarda roupa em busca da minha camiseta comprida de pijama e pego uma calcinha qualquer, coloco a peça intima por de baixo do roupão e com um pouquinho de dificuldade coloco a camiseta, tiro o roupão, pendurando na porta do banheiro, sinto a cacheada me olhar e sorrio convencida era isso mesmo que eu queria.
- MEU DEUS você vai dormir desse jeito? – Perguntou ela quase tapando os olhos com o livro, rio baixo pelo surto dela.
- Ué, o quarto também é meu durmo como eu quiser. – Dou de ombros, a camiseta era de uma banda antiga ia até metade das minhas coxas, coloquei minhas meias de arco-íris e me ajeito na cama.
- Mais a diferença é que agora você divide o quarto, tem como ter respeito? – ela largou o livro na mesinha de cabeceira e virou pro lado da parede pra dormir ou ao menos tentar.
- Tudo o que eu tenho você também tem. – Me deitei também e virei de lado olhando as costas e cabelos rosa escuro dela, sorrio. – Boa noite, Alicia Spencer.
Mesmo sem responder a rosada do outro lado sorriu para aquilo de forma involuntária, achava sua colega de quarto uma figura e muito provocativa, e ela não podia negar que gostava, e muito.




“Se envolver com garotas é um ato de coragem tão real quanto colocar uma coroa na cabeça a diferença é que o amor tem gosto de perigo e poder.”
-Bruna Martins

ALICIA SPENCER
   Chá e chuva são combinações ótimas, junto de um bom livro de romance que te causa aqueles sorrisos involuntários, já havia me apaixonado por diversos personagens, vai ver eu tenha nascido pra viver de amores vividos por pessoas não reais, que graça teria casar com alguém e ser infeliz pro resto da vida? E mesmo que eu tentasse nunca me apaixonaria, nunca sentiria o amor, porque nem um homem me causaria a euforia que uma mulher provavelmente me faria sentir. 
A biblioteca nessa hora era quase inativa, a maioria estava mais focada em enfrentar a fila da cantina do que vir devorar livros, mas eu por outro lado preferia estar aqui lendo um bom livro, com um bom chá enquanto do lado de fora a chuva caia sem parar, estava naquela famosa parte do livro que a tensão rolava a solta, mais o barulho irritante da cadeira sendo arrastada pelo lugar silencioso me fez perder toda a concentração na leitura, bufo assim que olhei por cima do livro e vi Mayara Cristina ali sentada bem a minha frente largada na cadeira de forma desleixada, eu quis tanto arrancar aquele sorrisinho besta dela com minhas próprias mãos.
- Então você se esconde aqui? – A voz da acastanhada parecia tão chata nesse momento quis reviras os olhos, mas me contive e tentei voltar meu olhar para as paginas amareladas do livro,
O que era uma missão impossível já que os olhos tão diferentes e a sardas pareciam ser algum tipo de imã me fazendo querer ficar admirando por horas sem desviar, e aquilo era bizarro.
- Parabéns você encontrou um dos meus trilhões de lugares escondidos por aí. – Falei baixo com uma falsa animação, vejo a garota me analisar e segurei com mais firmeza o livro.
- Acho legal esse lance de esconde e esconde com você. – Ela parecia se divertir com minha infelicidade até sorri grande, me fazendo notar o dentinho da frente meio tortinho, era uma graça.
- Um esconde-esconde que só você está brincando. – Fechei o livro e coloquei sobre a mesa e apoio a cabeça na mão fazendo alguns cachos rosas caírem sobre meu rosto.
- Ouso dizer que essa brincadeira é sem saída. – Ela piscou um dos olhos de forma sapeca, vejo ela abrir a mochila e tirar um pacote de salgadinho de dentro da mochila, céus ela iria comer aquilo na biblioteca?
- Você está doida, aqui é uma biblioteca sabe o barulho que isso vai fazer e a sujeira, de jeito nem um você vai fazer isso aqui. – Me espichei sobre a mesa pra puxar o pacote, mas nesse cabo de guerra a mão dela bate no copo de chá fazendo o liquido quente cair sobre minhas roupas e o livro na mesa.
- Antes de surtar saiba que a culpa é toda sua. –  Eu olhava das minhas roupas para o livro, com a língua contra a bochecha, eu queria esganar essa menina sem me importa se iria presa no final.
- Olha o que você me fez fazer, você só me causa problemas. – Peguei o livro sobre a mesa e vejo o mesmo pingar, fechei os olhos com força, iria precisar contar até 1000 umas três vezes pra não surtar. – Era o meu livro favorito, mas você parece não ter noção das coisas, mesmo.
A acastanhada não se conteve e começou a rir alto, em um ato de impulsividade joguei o livro molhado sobre a garota acertando o objeto no ombro dela que caiu no chão fazendo um barulho muito mais alto.
- Você é maluca, poderia ter me machucado! É apenas a porcaria de um livro. – Ela levantou assustada, faço o mesmo mais cheia de raiva.
- Se era um livro ou não, era o meu livro e você está me devendo um novinho em folha. – Mesmo que eu tivesse dinheiro de sobra eu faria questão de fazê-la me pagar um novo, céus eu iria enlouquecer.
Ela estava preste a rebater mais a presença de uma terceira pessoa no ambiente nos fez virar, a bibliotecária, uma mulher que beirava lá seus 55 anos estava olhando para toda aquela bagunça com uma cara nada boa, eu e Maya abrimos um sorrisinho pequeno e amarelo.
- Eu saio por poucos segundos e quando volto as coisas estão assim, eu posso saber quem foi que causou isso? – Sem demorar aponto o dedo para a garota que apontou para mim, a mulher nos olha. – Não importa, as duas vão limpar e mais uma coisa, tem um carrinho cheio de livros prontos para serem guardados nos seus devidos lugares, depois de tudo em ordem você podem sair.
- Isso é brincadeira, barbara foi a culpa dela, ela molhou meu livro, eu não vou passar nem mais um minuto do lado dessa assassina de livros. – Falei cruzando os braços a acastanhada riu e a mulher me olhou seria.
- Se você não colaborar vou ser obrigada a falar sobre isso com a diretora, e eu acho que você não iria querer que seus pais soubessem disso, né? – Mordo o lábio inferior e concordo com a cabeça e olho para o chão, vejo a mulher se afastar.
- Nem fala comigo sua assassina! – Falei até parecendo uma criança birrenta, vejo Maya se afastar e ir até um canto pra pegar o carrinho de limpeza.
- Você quem surtou e eu é que sou culpada por ter matado o seu livro, você é tão cumplicie desse assassinato quanto eu. – Vejo ela espirrar um produto na mesa e pegar um pano passando sobre a mesa, fazendo o mesmo na minha caneca.
- Eu estava tentando salvar livros desse pacote horrível de salgadinho. – Pego o pacote e jogo em direção da garota que pegou e guardou na mochila que se encontrava sobe a cadeira.
- Tentou salvar todos os livros e matou seu próprio livro com seu próprio chá, gata você é a tão culpada quanto eu. – Ela levantou as mãos em rendição vejo ela abaixar pra pegar o livro, mas fui mais rápido e peguei.
- Depois disso a gente vai enterrar ele. – Maya colocou as mãos na cintura e riu desacreditada pelo que escutou sair da minha boca.
- Você só pode está de brincadeira com minha cara. – Ela piscou e esperou que eu risse mais eu continuava seria. – Você está me falando que quer fazer um enterro pra um livro, isso só pode ser brincadeira.
- Ele merece, Maya o tenho deus dos meus 13 anos de idade, é importante pra mim e já que você matou ele é seu dever me ajudar a enterrar o meu livro. – Ela esfregou as mãos sobre o rosto totalmente descrente daquilo.
- Você mantou ele, mais beleza depois a gente enterrar ele, eu ainda acho que jogar no lixo seria mais jogo. – Abraço mais o livro e mexo a cabeça em negação logo colocando o livro sobre a mesa.
- Sabe eu acho que você precisa de uma hora de terapia com a Wendy minha amiga, esse lance não é normal. – A garota já passava o esfregão no chão pra limpar o liquido caído, eu não sabia bem o que fazer, vejo ela se escorar no cabo do objeto e me olhar.
- Faz alguma coisa também não sou a sua empregada, princesa. – A ultima palavra me fez rir sem humor, peguei o esfregão da mão dela e comecei a passar pelo chão, demonstrando minha raiva pelo momento e pela palavra usada. 
A palavra princesa me causava desconforto, um peso nos ombros que ninguém entenderia, queria poder fazer e ficar com quem quiser sem medo do julgamento de todo um povo, nunca foi escondido de mim o meu dever, eu sempre fui ciente que teria que cumprir meu papel na realeza como a única sucessora ao trono, eu já sentia minha liberdade sendo tomada aos poucos.
Estava tão focada em limpar mesmo o chão estando um brilho, mais estava com a cabeça cheia, mais ao sentir as mãos um pouco gélidas da acastanhada sobre a minha me fazendo parar os movimentos ate um pouco bruto, a olho um tanto envergonhada.
- É pra limpar o chão não pra tirar ele do lugar. – Não me contive e soltei uma risada baixa com a fala da garota, que riu também baixo.
- Pelo menos já da pra se olhar nele, está quase um espelho de tão lustroso. – Me gabei, a garota pegou o objeto da minha mão e colocou no carrinho de limpeza e o empurrou para o cantinho que havia ali.
- Tão lustroso que é até um perigo alguém escorregar aqui e bater as botas. – Arregalei os olhos já imaginando uma manchete com aquilo e tremi só com a imagem que me venho a mente. – To brincando, estou só de zoação com tua cara.
- Você é tão engraçada que o circo tá perdendo uma grande palhaça. – Finjo rir e logo caminho até o carrinho cheio de livros.
- E é por isso que a biblioteca é o ultimo lugar da face da terra que eu costumo vir. – Ela me empurra com cuidado paro o lado com os quadris e toma o controle do carrinho começando a empurrar pelos inúmeros corredores do lugar.
- Então porque você veio até aqui se não gosta? – Perguntei pegando três livros da sessão de história da arte colocando nas devidas partes leiras.
- Porque eu imaginei que aqui seria um dos lugares que você costuma se esconder. – Ela deu de ombros se debruçando sobre o carrinho.
- Eu sou mesmo previsível. – Murmurei olhando os livros, eu amava o cheiro que a biblioteca tinha era por isso que ali era um dos meus lugares favoritos.
- Não é que você seja previsível, eu só juntei A+B e chutei esse lugar. – Continuamos a caminhar entre as partes leiras, estávamos em silêncios, mais ao chegar na sessão de astrologia, a garota pareceu se interessar bastante, olhei com um olhar de questionamento para a acastanhada.
- Então além de gostas de moda você curte astrologia? – Indaguei como quem não queria nada, Maya mordeu a pontinha da língua ponderando se contava ou não.
- Sou uma garota apaixonada por estrelas e planetas e principalmente a lua, quando estou muito pensativa eu sempre vou até o telescópio no telhado pra ver o céu noturno. – Guardei aquela informação, tenho certeza que seria útil em algum momento.
- Eu sei tocar piano e violão e crio músicas. – Também resolvi compartilhar alguma curiosidade com a garota, que sorriu tão lindo que por um momento me perdi ali.
- Você é uma artista completa, vou ser fã 0 stan do seu trabalho. – Ela piscou pra mim e dou um soquinho fraquinho nela que fez biquinho.
- Aí doeu. – Sabia que aquilo era drama então rio, já havíamos terminado de guarda os livros agora estávamos voltando pra onde meu livro “morto” se encontrava.
- Isso é pela morte do meu livro. – Coloquei a língua pra acastanhada que revirou os olhos para aquilo que era tão infantil.
- Preparada pra fazer o enterro do seu querido livro? – Ela foi até a mochila dela e pegou o celular dela e começou a mexer, estranhei aquela ação.
- O que você está fazendo? – Resolvi perguntar e pego o livro da mesa.
- Chamando meus amigos para o enterro do seu livro, não tá obvio? – Ela perguntou e logo guardou o celular na mochila e a pegou colocando nas costas.
- Não precisa de tudo isso também né. – Ela bufou e pegou no meu pulso, só deu tempo de pegar minha caneca e mochila, assim que chegamos perto da barbara consigo ter tempo de guarda minha canequinha favorita.
- Prontinha minha linda Barbi está tudo no devido lugar, já podemos ir? – Quem falou foi Maya se debruçando sobre o balcão piscando os olhos em inocência.
- Podem, só espero que isso não aconteça de novo meninas. – Ela sorriu aliviada olhando de mim para a garota que tentava jogar seu encanto para cima da mulher mais velha.
- Nunca mais vai acontecer, prometemos. – Antes de irmos Maya manda um beijinho no ar para a Barbara que não se conteve e riu pela gracinha da garota.
Agora caminhávamos para fora da faculdade a chuva já havia cessado só estava cheios de nuvens cinzas espalhadas pelo céu, em nem um momento eu deixei de abraçar o livro, podia ser uma cena cômica chegar nos fundos da biblioteca e encontra um trio de pessoas desconhecidas por mim ali esperando pra ver um enterro de um livro, eu até comecei a me sentir uma besta e estava quase dando uma meia volta.
Tinha um garoto que estava com cara de poucos amigos enquanto mantinha nas mãos um tipo de espátula, a morena de cabelos vermelhos, estava encostada na arvore enquanto fumava um cigarro, a loirinha por outro lado tinha um pequeno buque de flores amarelas em mãos, céus quem olhasse aquilo de fora riria.
- Pensei que vocês iriam demorar bem mais. – Quem falou foi o garoto com os olhinhos de gato, que agora estavam mais para olhos de um felino furioso. – Mayara Cristina você já sabe um mês de lanche pago pra mim por eu ter que colaborar com essa coisa de doido.
- Deixa de ser insensível Cleber, estamos em um enterro. – Quem falou foi a loira de óculos que sorriu mínimo pra mim.
- Você pode só secar o livro com o secador acho que não precisa disso tudo. – Quem falou foi a avermelhada que mantinha o cigarro entre os dedos, era a logica mais eu queria aquilo.
- Eu preciso disso. – Falei olhando o livro, a capa já se encontrava meio inchada.
- Cleber pode começar a abrir o buraco. – Quem falou foi Maya ao meu lado, o garoto nos olhou e fez ‘Puff’
- E por que diabos tem que ser eu? – Ele cruzou os braços nada feliz, reviro os olhos e entrego o livro pra Maya chego perto do garoto e pego a espátula das mãos alheias e me ajoelho no chão sem ligar se minhas roupas iriam ficar sujas.
Comecei a abri o buraca, os quatro ali deviam me achar maluca, mais enterrar aquele livro era me libertar um pouco do que me prendia, havia ganhado ele de aniversario, dos meus pais da realeza, aquilo era como me desprender um pouco de todo o peso que ultimamente eu estava sentido e só estou me dando conta disso em quanto estou aqui cavando esse buraco, como eles haviam feito comigo uma vez, me mataram, me afastaram tiraram metade de mim e eu estava cansada de seguir ordens e não aproveitar, eu podia aproveitar sem deixar que meus pais descobrissem, eu podia ter meus dias de liberdade contados, então estava na hora de aproveitar.
O buraco já estava fundo o suficiente, então assim que pedi o livro em silencio Maya me deu com cuidado coloquei ele ali, a loirinha me deu uma das flores, coloquei dentro do “tumulo” e logo voltei a tapar o buraco com a areia, me levantei depois de fazer.
- Aqui eu enterro hoje meu medo e faço daqui um novo capitulo da minha nova fase. – Falei alto e em bom som a loira distribuiu o resto das flores pra cada um ali.
O primeiro a jogar a flor foi o garoto, que não fez muita questão, a segunda foi a morena avermelhada que colocou a flor no tumulo, logo se afastando, a loira de óculos fez o mesmo e me deu um abraço confortável e agora foi a vez de Maya, que cravou o caule da flor no tumulo e antes de se afastar disse:
- Descanse em paz livrinho querido. – O restante riu e eu também, era cômico e importante pra mim, jogo a florzinha e finalmente sorrio grande sentindo o peso sair um pouco dos meus ombros.
O medo dando lugar a coragem que a um tempo eu não sentia, aquele livro foi o primeiro contato direto que tive com meus pais, então vê-lo era sempre como um lembrete do que me esperava, e no fundo bem lá no fundo eu agradecia a Maya por ter me feito estragar o livro.
Talvez a partir dali eu poderia finalmente me permitir mais, como Joaquim sempre vinha me aconselhando e eu nunca seguia, era momento de agir antes de seguir um legado que me faria mais infeliz do que feliz,
Afinal eu estava em um círculo sem saída pela eternidade.




“Tem rostos que se tatuam na mentem com tinta permanente e não se desgruda nem quando a gente quer.”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
Eu adoro uma boa noite de bebedeira, ainda mais quando essas noites tenho a presença dos meus amigos por perto, tudo faz mais sentido, tudo tem gosto e sabor de liberdade, tem as risadas soltas, as danças e piadas sem sentido, noites em bares com os meus amigos são sempre as melhores noites. É bom observar o Cleber tentando flertar com os caras apenas com o olhar, é engraçado ver a forma como Kate é fraco com bebida e dois copos de cerveja já faz ela perder a linha e querer subir em alguma mesa, gosto de ver o modo como a Wendy sempre fica toda preocupada com a namorada e qualquer a um de nós, sempre dando uma de mãe do grupo.

Eu por outro lado sou a amiga que fica em um canto observando as pessoas, era ótimo ficar imaginando o que faz aquelas pessoas estarem ali, cada motivo, afinal nem sempre todos vão para bares porque querem se divertir alguns só querem esquecer dos problemas outros querem conhecer pessoas novas e por aí vai, e eu estava em um canto afastado observando tudo como sempre, com um garrafa de cerveja na mão, era um canto escuro, nem mesmo meus amigos sabia onde eu estava, e também eles nem faziam questão de saber, Cleber estava mais ocupado com a língua na boca de um garoto baixinho e ruivo, já Wendy e Kate estavam dançando juntinhas na pista de dança, cada um em seu próprio mundinho fazendo o que bem queria e entendia e isso era ótimo, muito bom.
Logo uma outra pessoa encostou na parede fria ao meu lado, pelo canto de olho eu pude notar ser uma garota, ela estava de capuz e não olhou para mim em nem um momento se quer, tentei fingir que não estava curiosa, bebendo um pouco do conteúdo da minha garrafa, a pessoa ao meu lado nem se moveu, então tentei fingir que não tinha ninguém ali, talvez a pessoa só quisesse fazer como eu e ficar observando as pessoas a sua volta, era melhor eu ficar na minha e não me intrometer.
– Aquele homem na mesa perto da janela deve ser casado, chuto que ele está esperando a amante dele que provavelmente é a secretária gostosa que trabalha para ele. – Gelo no lugar ao reconhecer a voz da garota ao meu lado, alicia Spencer, mordo o lábio inferior agora virando meu rosto para olha-la melhor. – E ele vive iludindo a pobre coitada da secretaria dizendo que vai pedir divórcio do relacionamento conturbado mais a verdade é que isso nunca vai acontecer.
Alicia estava com um moletom branco simples, agora noto que os fios rosados do cabelo dela estão presos em duas tranças longas, uma calça jeans preta e um tênis rosa bebê, estava simples mas bonita, ela nunca ficava feia nem mesmo quando dormia ou acordava, o que dificultava meu pobre coração de garota que gosta de garotas, que gosta de alicia Spencer, que quer beijar a boca dela, era difícil, mas eu até que fingia muito bem não me sentir afetada por ela.
Eu e Alicia não nos falamos direito a algumas semanas, mais especificamente deus do dia do enterro do livro dela, não sabia se ela estava me evitando ou ainda estava com raiva de mim por causa do Benedito livro, eu até andei pesquisando quanto o livro era, e apesar de ser um pouco caro eu comprei só pra me redimir, estava guardado, só estou esperando o momento certo para dar para ela, mais nunca temos mais de dez minutos juntas, talvez seja um aviso de que alicia e eu nunca vamos estar na vida uma da outra definitivamente, e vai ver seja melhor deixar essa ideia de a proximidade de  lado.
Mas ter Alicia Spencer falando comigo agora, me fazia pensar que talvez eu não estivesse tão certa assim.
– O que te fez pensar nisso? – Perguntei agora olhando para o cara, que olhava da janela para o celular quase de meia em meia hora.
– O anel dourado que ele tem no dedo grita que ele é casado. – Com um pouco de dificuldade estreito o olhar, e consigo notar a aliança em uma das mãos dele. – E ele parece muito nervoso para estar apenas esperando a esposa, vê a forma como ele olha da janela para o telefone? Ele está claramente esperando alguém que ele não pode ser visto em público.
E ela estava certa, deixo um sorriso de canto escapar com toda a analise da rosada ao meu lado.
– Você é boa nisso, muito boa, quase me deixou de queixo caído. – Ela desvia o olhar do homem para mim e sorri de forma convencida. – Para de sorri assim parece uma doida prestes a me desovar e vender meus órgãos no mercado negro.
– Quem sabe eu faça isso, imagina só quanto dinheiro vou ganhar com seu rim, seu coração. Vou ficar rica. – Reviro os olhos para a fala da garota que continuou sorrindo feito doida, cheia de dentes dando um ar jovial para ela. – Sua vez, escolhe alguém e cria uma história.
Mordo a pontinha da língua olhando para todo o lugar até ver uma mulher sentada na banqueta do bar, cabisbaixa, parecia triste.
– Aquela mulher ali. – Apontei discretamente com a cabeça, a rosada olhou com curiosidade, apenas continuei. – Ela perdeu o emprego, e está se sentindo perdida e fracassada, está pensando em ligar para os pais para pedir ajuda, mais não quer se sentir um fardo mas costas deles, então só está cogitando ligar, tentou vir para cá para se distrair e não conseguiu, ela quer ir embora para casa, mais assim que ela chegar ela vai se sentir pior então ela prefere continuar aqui.
Terminei de falar, alicia voltou a me olhar com uma pitada de orgulho nas orbitas castanhas.
– E porque você acha isso?
– Eu não sei se ela perdeu o emprego, mais a forma que ela fica olhando o telefone sobre a bancada claramente mostra o quanto ela quer ligar para alguém, ela quer ir embora, a postura dela claramente grita isso, mais ela não vai, e tem o fato dela não estar bebendo nada, mesmo estando péssima. – Falei por fim, alicia pareceu gostar da minha resposta, porque concordou, ela saiu do meu lado e fico na minha frente, me olhou por inteira e então sorriu grande.
– Estava na dúvida se fazia ou não essa proposta para você. – Olho para ela com um olhar confuso. – Mais acho que você pode me ajudar e eu posso ajudar você.
– Do que diabos você está falando? – Ela estala a língua no céu da boa e coloca as mãos no bolso do moletom branco. 
– Podemos ajudar uma a outra nós trabalhamos finais, você pode desenvolver um vestido para mim e eu posso fazer minha arte inspirada em você, acho que isso pode funcionar. – Eu estou confusa, ela por outro lado estava toda certa, como se tivesse planejado aquilo tudo a semanas, e talvez estivesse mesmo. 
– Isso tudo por acaso foi algum tipo de teste? – Murmurei, vejo ela sorrir de canto e ir se afastando de costas aos poucos.
– Precisava testar nossa compatibilidade de alguma forma, e você se saiu muito bem, mal posso esperar para ver o vestido que você vai fazer pra eu usar no baile. – Ela piscou para mim e sem esperar qualquer reação boa ou negativa da minha parte, ela saiu do bar.
Pisquei os olhos ainda confusa, Alicia Spencer era tudo menos normal, uma hora ela me queria longe outra hora me queria por perto, aquilo era uma loucura de fato, mais era a chance perfeita para me aproximar dela, a vida estava me dando uma oportunidade, eu não posso desperdiçar por medo, e tudo aquilo ainda iria me render uma boa nota e uma possível aprovação.
As coisas estavam caminhando para algum caminho, eu só não sei ao certo se é para um caminho bom ou um caminho ruim, isso só o tempo dirá.




“O mundo pode ser ruim, pessoas são ruins, mas tudo se tona mais fácil quando se tem alguém para segurar sua mão no final do dia.”
- Bruna Martins

ALICIA SPENCER
Eu sempre fui mais de agir pela razão do que pela emoção, vai ver a culpa disso tudo fosse a forma como sempre fui ensinada a agir, afinal minha mãe, a atual rainha de eternal, vivia me lembrando que sentimentos só atrapalham tudo, e minha responsabilidades como princesa e futura rainha era bem mais importante que qual quer tipo de emoção boba, por anos a fim, eu só agia pela razão pensando no meu povo, no futuro do meu reino, nunca de fato pensado sobre como eu me sentiria tendo que fingir ser alguém que eu não era e que eu não queria ser, até mesmo afogava meus medos e dores só para não sentir, porque não sentir sempre foi mais fácil, mais agora, agora todo era diferente. Estava sentindo muitas coisas ultimamente, deixando a razão de lado, e agindo pela emoção.
Quando eu propus aquilo para Maya foi a coisa mais impulsiva que já fiz na vida, quando percebi as palavras já estavam flutuando para fora da minha boca, minha razão gritou comigo, que aquilo era errado, que fazer aquilo era loucura, e que alguém sairia ferido no final daquela história, mais minha emoção falou mais alto, ela gritou na minha cabeça de forma potente.
No fundo não dava para fugir de algo que eu queria, e eu queria muito me aproximar de Mayara Cristina, queria muito aquilo, deus do dia que vi ela caindo na escada depois de tropeçar nos próprios cadarços, dês de então venho observando ela de longe, desejando secretamente ter mais do que apenas ‘oi pelos corredores, eu queira ser uma boa monarca para o meu povo mais também admitia que queria Maya, e mesmo que ter as duas coisas na minha vida seja uma ilusão, eu queria sonhar, queria me permitir, mesmo que no final aquilo de errado, eu precisava, e ela também.
Aquele acordo era bobo e muito perigoso, eu sabia melhor que ninguém, mais era minha chance de talvez viver algo que um nunca mais possa viver, pode ser que esse tipo de pensamento seja egoísta, mais eu queria, queria aquilo, queria me jogar naquele conto de fadas, poder me sentir normal e livre, Maya me fazia sentir isso, fazia eu sentir e eu gostei de sentir, gostei da sensação que a garota me causou, se ela me causava coisas estranhas só estando longe, ela estando perto intensificava muito.
Sabia que quebrar aquelas barreiras que criei durante anos poderia significar o fim, poderia ser um erro, sabia que deixar Maya entrar poderia não só me machucar mais machucar ela também, então, eu tinha duas escolhas me aproximar e contar meu segredo ou ficar longe, e definitivamente ficar longe não era mais uma opção, mesmo sendo arriscado contar a verdade sobre mim, era melhor assim, porque se ela se envolver comigo ao menos ela vai se envolver sabendo que um futuro para mim e para ela pode nunca existir, e que ela quis fazer parte da minha vida mesmo sabendo que as coisas comigo não são nada fáceis, e se ela se machucar vai ser porque ela escolheu ficar mesmo sabendo da verdade. 
Era uma terça a noite, Maya e eu estávamos sentadas uma de frente para a outra em cima do tapete felpudo, comíamos uma pizza de quatro queijo enquanto bebíamos refrigerante, a garota volte e meia parecia se perder com os olhos bicolores sobre meu rosto, me deixando cada vez mais nervosa, sempre era estranho quando ficávamos sozinhas, o clima que pairava sobre nos duas me deixa desconcentrada, ficar muito perto dela era um perigo, minha mente só piscava em uma grande placa vermelha, para beijar ela, para descobri o gosto dela, então eu sempre tentava manter uma distância segura entre ela e eu, como agora, sem nem encostar nela.
- Tenho uma ideia de como vou fazer o vestido. – A voz aveludada dela e meia rouca me tirou dos meus devaneios, levanto o olha da caixa de pizza para o rosto da garota. – Estou pensando em algo com glitter, um vestido mais jovial, que não seja tão tradicional.
- Já posso dizer com convicção que vou ser a garota mais linda do baile só pelo vestido. – Mordo o lábio com um tiquinho de força sentindo uma descarga elétrica sobre meu corpo quando ela sorriu de forma boba, como era possível todos os sorrisos de uma pessoa serem perfeitos?
- Você já é a mais lindas de todas, o vestido só vai realçar sua beleza. – O olhar que ela me lançou me fez sentir a pessoa mais atraente do mundo todo, e aquilo era novo para mim, muito novo, senti um formigamento estranho no pé da minha barriga, mas apenas ignorei.
- Você tem que parar de dizer essas coisas... – Murmurei passando a língua sobre os lábios, sinto um tremor quando a garota larga o copo e se aproxima do meu corpo ficando com o rosto próximo do meu, eu podia sentir a respiração dela bater contra o meu rosto, prendo a respiração.
- Você quer mesmo que eu pare? – Sinto a respiração dela bater agora contra minha orelha e a voz grave soar de forma baixinha nos meus tímpanos, nem notem quando fechei os olhos, então sem ter controle do meu corpo mexo a cabeça em negação, respondendo de forma muda a pergunta da garota, fecho os olhos com mais força ao sentir a respiração dela bater contra a pelo do meu pescoço.
Estremeço, minhas mãos agora estavam apertando com força minha calça moletom, meus lábios estavam sendo maltratados pelos meus dentes, era impossível não se sentir fraca ao ter o nariz da garota pela pele do meu pescoço, minha mente logo foi para longe, estava a um passo de jogar tudo para o alto e pedir um beijo, estava prestes a agarrar ela e grudar minha boca na dela e..
Acordo do transe quando sinto a boca dela contra o meu pescoço, eu sentia meu corpo em chamas, quente por cada parte que a boca dela tocou no meu pescoço, mais com uma força que eu não sei de onde tirei, afastei a garota pelos ombros, ela me olha meia confusa, até respirar parecia uma tarefa difícil, meu coração batia forte, mais eu precisava dizer a ela antes de qualquer contanto intimo acontecer entre nos duas, era melhor do que ver ela se arrepender depois.
- P-preciso... preciso te contar uma coisa...importante. – Minha voz saiu mais baixa do que eu realmente queria que saísse, se Maya não estivesse tão perto acho que ela não teria escutado.
- Tudo bem, não vai me dizer que você já namora alguém. – Ela brincou, até riu baixinho, mas a risada dela foi morrendo aos poucos quando ela me viu ainda seria, então ela se afastou deixando uma sensação fantasma pairando sobre mim. – Ai meu deus, agora tudo faz sentido, por isso você me deu um fora aquela vez quando flertei com você.
- Não, não é isso. Na verdade, é bem pior que uma namoro(?) – Minha resposta saiu mais em um tom de pergunta. – Eusouaprincesadeumumreino.
Falei tudo de uma vez só e rápido, Maya pareceu ainda mais confusa que antes.
- Como assim Alicia, não estou te entendendo muito bem. – Vejo ela sentar melhor no chão, cruzando os braços esperando por uma explicação melhor.
- Sou uma princesa, ninguém sabe sobre minha existência porque me deram como morta assim que nasci, sou filha da rainha e rei de eternal a única sucessora ao trono. – Maya me olhou com um sorriso de canto claramente não acreditando em mim.
- Olha não precisa inventar algo assim só porque não quer ficar comigo. – Ela revirou os olhos e levantou, fiz a mesma coisa um pouco desesperada, carambolas era tão difícil assim acreditar nisso?
- Não estou inventado, estou falando a verdade, quando eu nasci tinham pessoas me querendo morta, então para proteger o futuro do reino meus pais forjaram minha morte e me mandaram para uma família temporária, e dês de então tenho que fingir ser apenas uma garota normal, depois de completar meu aniversário de 23 anos todos vão saber da minha existência, é por isso que tento passar despercebida, é por isso que tento te evitar, porque minha vida já tem um caminho traçado Maya, minha vida toda já foi escolhida, me ter é ter só metade de mim, então não posso deixar você me beijar ou se aproximar de mim sem antes saber quem eu sou sem antes saber se é realmente isso que você quer, porque eu não posso te prometer um pra sempre, só apenas um breve momento. – Falei sem dar tempo da garota na minha frente me interromper, ela me olhou, me olhou por minutos em silencio que pareciam horas, já estava ficando nervosa com ela parada ali sem esboçar reação alguma. – F- fala...fala alguma coisa por favor.
Ela riu de forma irônica e travou a mandíbula logo em seguida, já estava feito, era melhor assim.
- Você quer que eu te diga oque? Eu preciso de um tempo para processar tudo isso, eu não quero ser o seu segredo, preciso pensar. – Engulo em seco, Maya pegou a mochila e uma muda de roupa e se aproximou da porta. – Mais preciso fazer isso longe de você.
Ela saiu batendo a porta com força, me encolho e deixo meus ombros caírem, junto das minhas lagrimas que eu nem sabia estar prendendo, eu estava com raiva, raiva de não poder escolher meu futuro e como viver ele, raiva de ter que aceitar calada, raiva por não poder ser eu mesmo por não ser aceita, raiva por sempre afastar todos de mim, e naquele momento eu odiei ser quem sou, naquele momento desejei ter morrido assim que nasci, odiei minha mãe por nunca ter me ensinado a sentir as coisas, e como doía sentir tudo de uma vez só, como era sufocante guardar tudo por muito tempo.
Me arrastei até minha cama e me deitei ali, encolhida, me sentindo um erro cósmico, que grande piada ser uma princesa que gosta de garotas, que grande piada nunca poder me apaixonar por uma por ser fadada a seguir um destino já escrito para mim, era uma piada maior ainda estar desejando que Maya volte e aceite isso tudo, que aceite só o breve momento que posso dar a ela, eu era a maior piada do universo.
Era também o erro que meus pais colocaram no mundo, que grande rainha serei um dia, eu era uma farsa e sempre iria continuar sendo.




“Muitas vezes vale apena arriscar tudo por alguém, só se esse alguém valer realmente apena.”
- Bruna Martins.

MAYARA CRISTINA
Eu nunca fui a garota de acreditar em conto de fadas, nunca acreditei que um príncipe em um cavalo branco um dia viria me salvar, sempre fui muito realista dês de muito nova, também nunca achei que o amor fosse para mim, então nunca sonhei em achar o amor verdadeiro, meu foco sempre foi nos estudos e em sair de casa o mais rápido possível, porque eu nunca fui alguém de ficar presa, nunca gostei de fingir ser o que não sou, e por isso fiz o possível e o impossível para fugir da casa dos meus pais, porque estar com eles era o mesmo que estar presa em uma jaula, eu tinha que ser alguém que eu não era só para agrada-los, e as vezes parece que a vida sempre me colocava de frente pra situações assim. E agora eu estava odiando tudo e todos.
Posso só desistir de Alicia Spencer e fingir que nada sinto até de fato não sentir, só que aquela garota parecia fazer todas as coisas que sempre odiei serem balançadas como se não fossem nada, eu odiava mentira, odiava ter que esconder quem sou, mais ela entrou de uma forma na minha vida como ninguém já mais entrou, tudo que escutei da boca dela foi demais, apesar de eu saber que ela me quer tanto quanto eu quero ela, as coisas não era fácil, as coisas nunca eram fáceis pra mim.
Talvez seja só mais um dos meus dramas, mais na verdade saber sobre a verdade sobre ela me assustou, ela não era só uma simples garota normal e aluna de artes, ela é a porra de uma princesa, futura rainha de um reino, e eu até podia ser lerda mais não era burra, sabia que se eu aceitasse aquilo eu estaria indo contra tudo o que odeio, estaria aceitando só metade de alguém, o problema é que ser intensa é sempre querer mais e mais, e eu nunca vou poder ter mais, também sei que se aceitar entrar nesse envolvimento, tenho grandes chances de sair machucada e apaixonada, a realidade é que Alicia sempre esteve aqui e agora estava quase o tempo todo dentro de mim, e isso era perigoso, era arriscado e um jogo sem saída.
Mais eu desejei Alicia por tanto tempo, desejei tê-la por algumas horas ou uma noite, agora poderia ter a chance mas teria que ter só metade dela, terei que me conter, terei que conter o que sou, e isso era o que mais me afetava, a pergunta que não quer calar, será que vale apena ter só metade de alguém? Com um fim escrito bem antes de começar, aceitar aquilo era loucura, estava me deixando louca, minha mente borbulhava a todo segundo, as palavras dela ecoavam pelo minha mente sem parar, só queria que tudo fosse diferente, que ela fosse uma aluna normal, tenho quase certeza que ela deseja o mesmo, mas as coisas nunca eram como queríamos, e cada um podia dar o que podia dar, eu queria dar tudo de mim, queria que ela pudesse me ver como alguém em potencial para estar ao lado dela, mais ela por outro lado não podia se doar por completo, seria um envolvimento de alguns meses, até ela ter que seguir com as obrigações dela, já eu terei uma vida longe da vida dela e nunca mas veríamos uma a outra.
E eu não queria ser só o passa tempo de alguém que estava se sentindo entediada.
- Fala logo tô sentindo que seu cérebro já, já vai pegar fogo, estou vendo a fumacinha dos teus neurônios torrando daqui. – Só estava eu e Wendy sentadas em um dos banquinhos ao ar livre, soltei um suspiro e foquei meus olhos nos meus calçados que já estavam pedindo para serem lavados.
- Como foi se envolver com a Kate, sabe no começo? – Pelo canto dos olhos pude ver Wendy se ajeitar melhor no banco e sorri triste.
- Foi difícil pra caralho, apesar de eu saber o que eu gostava e queria, Kate ainda tinha muitas questões para resolver, antes de assumir nosso relacionamento para o mundo, tive que ter muita paciência e aceitar que nem tudo é na hora e no momento que queremos, tive que esperar o tempo dela, e foi a melhor decisão de todas porque namoro a garota mais linda, inteligente e fofa dessa faculdade. – Desvio meus olhos dos sapatos para Wendy vendo o sorriso grande e apaixonado com covinhas e tudo.
- E como você sabia que devia esperar por ela, porque aceitou ter só metade dela quando você queria muito mais? – Vejo ela passar a língua pelos lábios e prender os fios vermelhos em um coque frouxo, alguns fios cacheados caindo sobre o rosto largo e bonito de pele negra que parecia reluzir brilho próprio, ela era perfeita.
- Eu não sabia, sendo sincera eu só estava agindo por impulso, porque por maior que fosse o meu medo de me machucar meu amor por ela era enorme, então me agarrei nisso. – Mordo o lábio inferior absorvendo as palavras da minha amiga. – E a gente sempre sabe quando vale apena ou não esperar por alguém ou estar na vida de alguém, pare um minuto e apenas se deixei pensar.
Ela piscou pra mim, logo pegando o celular, vejo ela rir e revirar os olhos ao ver a mensagem.
- Preciso ir tem uma loirinha manhosa querendo comer, preciso alimentar meu dragãozinho. – Solto uma risada baixa, vejo ela levantar e começar a se afastar. – Não esquece disso Mayara Cristina e aceito dinheiro pelo conselho que acabei de te dar.
Reviro os olhos e coloco o dedo do meio pra ela, vendo-a sumir dentre as varias pessoas andado pelo campus cada um em seus próprios mundos.
Eu podia fugir disso tudo, poderia ter só a amizade da Alicia, mais pela primeira vez na vida eu poderia viver algo diferente em anos, sabia que não era o que eu desejava, mais também sabia que ficar não era um namoro, e vai ver eu só precisasse dar uns beijos nela pra toda essa confusão ir embora, afinal era só um crush não uma paixonite, eu vou estar no controle da situação, e daqui alguns meses irei me formar e ela ira ser a futura rainha de um reino e a gente nunca mais vai se ver, eu poderia lidar com isso, eu posso lidar com isso,
Minha situação é diferente da situação da Wendy ela estava apaixonada, eu apenas só sentia um louco desejo por Alicia Spencer e não passaria disso, e ainda tínhamos o acordo de nos ajudar com os trabalhos para o final do ano, daria tudo certo, era só manter tudo no sigilo, era só manter uma amizade com benefícios, eu não tenho porque estar pensando tanto, acho que está na hora de agir sem pensar, de fazer o que eu quero mesmo que para isso eu tenha que aceitar ter só metade de alguém.
Por hora eu terei que deixar de pensar e só ir, quem sabe depois de Alicia eu poderia tentar me envolver com alguém menos complicada e que me assumisse sem medo do julgamento, por hora aquilo bastava.
Mais no fundo bem no fundo eu sentia como se tivesse traindo tudo o que sempre prezei, tudo por desejo, tudo por capricho, me senti por alguns segundos aquela adolescente que prendia o que queria por medo dos pais, por medo da sociedade, mais também entedia que me envolver com Alicia era ter que abdicar dos meus princípios, pra caber no mundo dela, porque ela nunca poderá caber no meu mundo, se já era difícil ser aceita, imagina ser aceita por todo um povo, muitos com pensamentos fechados.
Eu poderia sim conviver com isso por alguns meses, não seria difícil, afinal eu estaria beijando a boca de uma garota bonita, estaria fazendo um das coisas que mais gostava, estaria saindo com uma menina, mesmo que fosse as escondidas, mais se o que realmente dizem por ai sobre o proibido ser mais gostoso então vai ver eu goste, e goste bastante.
Estava decidido eu iria aceitar a proposta de Alicia Spencer.




“Amar é ser livre, amar é crescer juntos e sozinhos. Amor é sinônimo de liberdade e não de prisão.”
- Bruna Martins.

ALICIA SPENCER
 O azul era a minha cor favorita, mas com o tempo fui associando ele ao mundo da realeza, agora olhando a tinta já no pincel, me pergunto se ela vai fazer sentindo em toda a minha pintura, se realmente combinara com o restante do que estou querendo pra minha arte e principalmente vida. A cor azul em si é belíssima, faz lembrar o céu e o mar, uma das minhas coisas prediletas da vida e algo que aproveitei de fato pouquíssimas vezes, mas azul também representa um sangue que corre nas minhas veias, um lembrete que minha liberdade é provisória, que minha cabeça sempre esteve em jogo, que meu coração deve se manter fechado a sete chave e que meu destino já está traçado.
um suspiro sai entre meus lábios, aquele famoso suspiro cansado e cheio, como se fosse um desabafo para o grande silencio que se encontrava dentro do quarto pouco iluminado, levo o pincel sujo do azul claro para a água no copo, vendo a cor se diluir no liquido antes incolor agora cheio do azul, e ali eu me vi, um copo cheio de água cristalina loucamente doido pra ser preenchida pela cor amarela que Maya parecia carregar, porque pra uma pessoa tão cheia de vida o amarelo solar parecia ser perfeito pra ela, perfeito pra preencher meu incolor.
Sorrio para o nada prestes a afundar o pincel no amarelo, mas meu telefone tocou tão alto que aos meus ouvidos acostumado com o silencio do quarto que derrubei o pincel no chão, faço um bico nada feliz e pego o celular esquecido ao meu lado atendendo a ligação sem nem ver de quem se tratava, coço a nuca e olho para o quadro ainda em branco, eu só queria terminar o trabalho logo e me ver livre de mais uma responsabilidade.
- Quanto silencio, cadê minha menina tagarela. – Voltei a sorrir de forma larga ao reconhecer a voz amorosa e calma da minha mãe de criação, Ângela.
- Pensei que tinha esquecido de mim. – Brinquei, podia imaginar direitinho ela revirando os olhos, acontece que Ângela tinha acabado de ter um bebe, chamada Ellie, uma garotinha muito fofa o que tomava muito tempo tanto dela quanto do Andrew.
- Culpe sua irmã, ela adora ter atenção toda pra ela, tenho certeza que vocês vão se dar bem. – Mordo a pontinha da língua já imaginado onde ela queria chegar. – Bem que você poderia tirar um dia para vir aqui nos ver.
- Eu posso ver um dia aqui disponível na minha agenda super hiper mega lotada e passar aí. – Minha voz saiu em puro divertimento, escuto uma risada e um grito fino de bebe do outro lado da chamada.
- Que honra a nossa vai ser receber uma princesa na nossa humilde casa. – Reviro os olhos para a fala do Andrew, ele nunca perdia a oportunidade.
- Angel, só me diz um dia que o Andy não esteja, ele é muito chato, sem tempo pra ele. – O sorriso não deixou meu rosto, falar com eles era sempre bom, deixava sempre um quentinho familiar no meu coração.
- Garota eu troque suas fraldas mijadas por anos você me respeite viu, nem vou fazer o seu bolo predileto já que não quer me ver. – Abri a boca em um perfeito ‘O’ chocada com a ousadia dele, mas logo rio e ele faz o mesmo do outro lado da linha. – Estou brincando, papai sempre vai fazer seu bolo favorito mesmo quando você já souber fazer ele.
Ângela era uma negação na cozinha, já Andrew tinha mãos divinas, o bolo do amor foi uma criação repentina depois que cai e ralei o joelho, Andy sem saber como fazer eu parar de chorar fez um bolo de chocolate com calda de laranja, lembro que por vários anos o bolo era meu refúgio, sempre que me sentia triste tinha Angel, Andy e o bolo do amor para curar onde doía.
- Mesmo que um dia eu aprenda a fazer ele nunca vai ter os mesmos efeitos de curar onde doí. – Meu coração se aqueceu com todas as lembranças que invadiram minha mente, uma das únicas coisas boa que toda a situação havia me trazido era essa família, a família onde eu cresci, que me amaram e me amam até hoje como filha mesmo eu não sendo de fato deles, mas eu os amos da mesma forma.
Daria tudo pra poder ser realmente filha deles, as coisas seriam mais simples, eu seria mais feliz.
- E as namoradas, hein? – Revirei os olhos e sinto minhas bochechas esquentarem, mesmo eu estando sozinha no quarto, olhei em volta só pra ter a certeza que ninguém além de mim estava no cômodo.
- Não tem namorada, mas tem uma garota...- Minha voz foi diminuindo à medida que fui falando.
- Sabia que tinha coisa nesse silencio, espero que você a traga pra gente conhecer quando vir nos ver, ouviu Alicia Spencer!? – Solto uma gargalhada e escondo o rosto com minha mão livre, céus esses dois um dia irão me matar.
- Nem nos sonhos mais profundos de vocês, isso só vai rolar se ela for a garota certa. – Murmurei olhando para a cor amarela tão chamativa, parecia brilhar assim como Maya.
- Ela é a garota certa, vai desembucha qual o nome dela? – Quis tanto desligar, já podia sentir minhas bochechas quentes, céus elas deviam estar tão vermelhas agora.
- Mayara Cristina, ela é minha nova colega de quarto. – Dei de ombros, como se isso pouco importasse, mais no fundo eu estava surtando, finalmente podia falar disso em voz alta.
Sabia que podia confiar nos dois, eles praticamente sempre souberam sobre minha sexualidade e sempre me apoiaram mesmo eu sendo quem eu era, os dois eram maravilhosos, Ellie tinha tanta sorte de ter pais tão amorosos e bons.
- Já sabe né, você só vai entrar nessa casa de novo quando ela vier também. – Passei a língua no interior da bochecha, meu ciúmes falou mais alto, eu não era muito fã de dividir pessoas com outras, eu era um pouquinho mimada, vale ressaltar.
Não sei bem quanto tempo passei no telefone conversando com os dois, mais a lua já estava beijando o céu a um bom tempo, o breu ficou maior, quando a chamada se findou, levantei da cadeira desistindo de pintar, minha barriga roncou alto me lembrando que ainda não havia comido nada, fui até o lado do meu quarto e peguei algumas notas de dinheiro, iria pegar um lanche em uma das maquinas que ficava do lado de fora do dormitório. Corri pra fora do quarto, meus fios rosas e cheio de cachos estavam soltos, eu vestia um casaco preto de tricô grande o suficiente, quase cobrindo meu pijama de bolinhas brancas e rosa, minha pantufa de coelhinho que faziam barulhinhos a cada passo que eu dava, por incrível que pareça a noite estava boa, não muito fria, o céu cheio de estrela e a linda lua prateada.
Estava andando distraída olhando para cima, naquele horário quase ninguém saia muito, então nem me preocupei, leve doce engano assim que trombei o corpo no de alguém, me fazendo quase cai pra trás, mas a pessoa foi mais rápida em impedir minha queda, eu me senti nas típicas cenas de filmes e livros, ainda mais quando meus olhos finalmente encontram os olhos bicolores de Mayara Cristina, céus, aquilo era algum tipo de alucinação maluca, ela continuou com as mãos sobre meu corpo, minhas mãos estava sobre os ombros largos da garota, as sardas salpicavam o rosto dela como as estrelas salpicavam o céu.
Senti que podia desmaiar ali mesmo, afinal não é todos os dias que você cai nos braços da garota que você tem uma queda, estávamos tão próximas que eu podia sentir o hálito de hortelã dela se misturar com o meu, tremi, eu não tinha o controle sobre nada muito menos sobre as reações que meu corpo tinha, quando o rosto dela se aproximou mais do meu, fechei os olhos com força.
Céus ela iria me beijar?
Me senti como a água cristalina, e assim que ao lábios dela tocaram os meus mesmo com os olhos fechados eu pude ver todas as cores, era só os lábios dela encostados no meu em um selinho, um encostar de bocas, mas eu podia ver e sentir tudo mesmo não vendo nada e não podendo em hipótese alguma sentir alguma coisa, mais eu sentia a liberdade correr sobre minhas veias, mesmo ela sedo provisória, mesmo sabendo que isso não podia durar para sempre, eu me permiti sentir, assim que senti a língua dela entre abrir a minha boca para aprofundar o beijo, eu percebi que havia me perdido no devasto amarelo que Maya era, e aquilo era um problema, um grande, bonito e gostoso problema.




“Existe beijos e beijos que te levam até a lua sem precisar sair do lugar”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
Eu havia feito mil cenários diferentes de como as coisas com Alicia iria rolar, pensei em mil conversas diferentes, mas em hipótese alguma pensei que nosso primeiro contato fosse um beijo, mas não era qualquer beijo, é aquele típico beijo que te tira de orbita, e embora ela pareça está seguindo os meus passos e esteja meia perdida, não deixava de ser um beijo bom, daqueles que você não quer parar e que parece que o tempo pausa e só exista você e a pessoa ali. Era bom, era cheio, leve e molhado, as mãos dela apertavam nervosamente meus fios de cabelos pela nunca.
Senti como se cada partícula minha tivesse indo até o espaço, até a lua, mesmo meu corpo estando ali no mesmo lugar, nem todo mundo tem esse tipo de beijo, nem todo mundo consegue te tirar de orbita sem precisar  sair do lugar, era sentimentos não explorado e que por hora eu preferia não me aprofundar e só aproveitar, porque alicia era uma caixinha de surpresas e eu não sabia o que esperar dela quando o beijo chegasse ao fim.
O beijo foi ficando mais lento, mas não menos intenso, suspirei em deleito antes de deixar uma mordidinha nos lábios cheinhos da rosada, logo deixando alguns selares nos lábios dela até afastar minha moca minimante da dela, deixo minha testa contra a da alicia, nem uma das duas teve coragem o suficiente em abrir os olhos, por parte eu entendia, o medo estava ali nos envolvendo, medo do que poderia estar por vir, medo do agora e manter os olhos fechados dava aquela falsa sensação de controle, fazia tudo ser menos real.
- Porque isso? – A voz dela saiu quase inaudível, se eu não estivesse tão próxima dela eu nem teria escutado, e caramba a voz de alicia naquele tom era uma delícia, era belo.
- Isso é a resposta que estava te devendo. – Murmurei finalmente abrindo os olhas, alicia ainda mantinha os olhos dela fechados com força, quase prendi a respiração com a visão dela assim, com os lábios cheios sendo maltratados pelos dentes branquinhos, a bochecha dela corada pelo beijo e pelo frio a pequena pintinha ali perto do olho esquerdo dela, uma beleza surreal, uma beleza real. – Eu aceito fazer parte da sua vida mesmo que isso signifique ter só metade de sua.
Engulo um punhado de saliva, nervosa pela falta de resposta dela, pisquei os olhos várias vezes, ela se afastou do meu corpo, quase soltei um resmungo em reprovação, era boa, muito bom ter o corpo dela tão perto do meu, mas agora ela estava a paços distantes de mim, braços cruzados, olhos abertos agora focados na grama verde do campus meia úmida.
- Não f-foi desse jeito que imaginei meu primeiro beijo. – Pisquei os olhos confusa, era daquilo que eu estava falando, alicia era uma caixinha de surpresa não dava pra prever os próximos passos dela.
- E você acha que estamos dentro de um livro de romance por acaso? – revirei os olhos quando ela me lançou um olhar nada feliz. – Caramba Alicia esse beijo é um 10 e facilmente entraria no guines de beijos bom para um livro de romance.
- Eu daria um 7 nem seria um beijo lembrado por muitos leitores. – Bufei, caramba meu beijo valia um 7.
- A gente acabou de se beijar e só isso passou na sua cabecinha? – Vejo ela sorrir e logo rir com minha careta.
- O beijo foi bom, meu primeiro beijo, foi bom porque foi com você. – Ela declarou por fim, sorrio ao ver ela corar com agilidade.
- Eu prometo de compensar com um beijo nota 10 e digno de livro. – Ditei, ela parecei gostar porque sorriu com o rosto todo, os olhinhos brilhando assim como as estrelas a cima da nossa cabeça.
- Obrigada. – Lancei um olhar confuso a ela, que não demorou em voltar a falar. – Obrigada por ficar mesmo sabendo que estou rodeada de confusão.
- Eu não ia, mas tenho uma melhor amiga incrível, ela me disse pra seguir o meu coração. – Passo a língua sobre os lábios e abro os braços sorrindo pra ela. – E aqui estou eu.
- Então preciso agradecer a sua amiga e ao seu coração também por ter sido tão bom comigo. – Eu tentei deixar para lá, mas o meu coração errou uma batida, quase levei minha mão até o peito, mas me contive, e contive qual quer pensamento a mais de vir.
- Não fala bobagem, tá tudo bem, eu gosto muito de você, obrigada também por ter confiado em mim, deve ser uma barra guardar esse segredo todo por tanto tempo. – Minha voz saiu calma, mas minhas mãos estavam suando frio e tremendo e antes que ela pudesse perceber, coloquei minhas mãos dentro do bolso do meu moletom.
- É sufocante pra caramba as vezes dá vontade de fugir pra longe de tudo isso. – Alicia parecia cansada quando falava disso, mesmo ela não querendo passava de relance nas orbitas castanhas dela uma tristeza, um medo profundo, mas só se olhasse muito, e era difícil tirar os olhos do dela então se tornava fácil ler a garota.
- Então vamos fugir! – Quando percebi minha voz já havia saído, nem dando tempo de polir ou formular algo mais coerente, ela moveu a cabeça para o lado me olhando confusa, um riso nasal escapou dela.
- E pra onde a gente vai fugir? – Alicia falou baixo, meu corpo arrepiou com o olhar dela sobre mim, tão intenso, que dizia tudo e ao mesmo tempo nada.
- Pra onde você quiser. – Vejo ela prender um sorriso de escapar, eu só estava deixando rolar.
- Eu vou pensar em um lugar para a gente fugir. – Concordei com a cabeça, então um sorriso animado e sapeca surgiu dentre os lábios cheios dela. – Mas enquanto não temos um lugar, você aceita fugir por algumas horinhas comigo do mundo real pro mundo dos filmes do crepúsculo? 
Eu quis tanto dizer não eu até tentei, mas meu corpo agiu no automático, e antes de me dar conta um ‘sim’ saiu dos meus lábios, mesmo odiado crepúsculo, eu não conseguiria negar nada pra ela, porque ver ela sorrir era muito melhor, eu poderia suporta algumas horas de crepúsculo só pra ver ela sorrir pra mim assim, só pra fugir com ela da realidade difícil.
Deixei que ela me arrastasse pra dentro da área de dormitório,  antes passamos em uma maquina e pegamos alguns salgadinhos e refri, andamos lado a lado juntas pelo corredor pouco iluminado, não falamos nada, não por falta de assunto só estamos cada uma em nossos próprios mundo, e o silencio não era incomodo algum, era confortável, as coisas com Alicia eram tranquilas, até mesmo o silencio tinha sua calmaria. Alicia era como o mar, uma hora calma, as vezes parece cheio, as vezes tem ondas grandes e as vezes tem ondas pequenas, sempre intensa e forte.
Assim que entramos no quarto ajeito algumas almofadas no chão e separo um coberto felpudo cheio de cacto, Alicia pegou o notebook dela e logo sentou-se na almofada desligo as luzes deixando apenas o LED com luzes vermelhas acesas, me sento ao lado dela e cubro nossas penas, Alicia coloca o notebook no nosso meio e logo da play no primeiro filme da saga crepúsculo, olho de escanteio ela mantinha um sorrisinho de canto, então me deixo sorrir também, mesmo eu odiando crepúsculo, deixei me envolver pela atmosfera acolhedora, quentinha e tranquila que era estar ao lado de Alicia Spencer.
E mesmo sentindo meu coração errar algumas batidas assim que ela encostou a cabeça no meu ombro, a sensação boa continuou nos rodeando, o filme não era o meu favorito, mas eu estava gostando de fugir da realidade.

 Alicia e Maya, garotas de gostam de garotas assistindo a uma saga de filme duvidosa rodeadas por uma luz de LED vermelha, longe da realidade cruel, longe de pais conservadores, longe de responsabilidades de princesa, apenas duas jovens adultas querendo viver, por hora aquela realidade falsa parecia a mais certa.



“Minha mãe te adora como minha amiga mal sabe ela que te adoro e te beijo como namorada.”
- Bruna Martins.

ALICIA SPENCER
O início da primavera era sempre os melhores, os preparativos do baile sempre rolavam nessa época de ano, mas o inicio da primavera também indicava o dia do meu aniversário, para muitos esses tipo de data era importante, pra mim era mais um lembrete que faltava pouco para mim assumir o meu cargo na realeza, quando eu era mais nova eu adorava fazer aniversario, adorava bolos e ansiava pela ligação dos meus pais da realeza, mas depois de me entender e entender o que tudo isso significava, eu parei de comemorar, parei de me importa com bolos e principalmente com as ligações que antes era divertidas mas agora não passava de lembretes sobre minha coroação.
A única coisa que estava indo bem na minha vida, era a presença constante de Maya, nossa amizade era tranquila, apesar dos beijos constantes que rolava entre nos duas sempre que ficávamos sozinhas entre quatro paredes ou meu coração que passou a bater acelerado toda vez que vejo ela, era tudo estranho, mas é aquele estranho que te tira de orbita, que te faz fugir da realidade e não querer voltar, é aquele sonho bom que você não quer acabar, é como aquele livro que te conforta em um dia triste ou seu filme favorito que você não cansa de ver, Maya é o tipo de amiga que todos precisam, mesmo me deixando confusa e com sentimentos estranhos ela era uma parte boa do meu dia.
Eu também estava conseguindo ter inspiração pra pintar o quadro pro meu trabalho, ele estava lindo, com um significado gigantesco, mesmo que por hora eu esteja ignorando o que tudo possa significar, eu só pintava, deixando meu corpo transbordar de sentimentos que eu deixo na gaveta, porque pintar era isso, um desabafo silencioso, a minha parte mais crua e viva, a parte que não costumo deixar transparecer.
Maya não tinha noção que hoje é meu aniversário, eu até que prefiro desse jeito, mas a vida estava longe de ser da forma que queríamos, eu estava sentada na cadeira da minha escrivaninha de frente para o notebook, minha mãe iria me ligar, coloquei um vestido simples amarelinho de alcinha, meus cabelos rosas estavam presos em um penteado para trás deixando meu rosto bem visível, e mesmo que eu odiasse estar assim, minha mãe adorava, dizia que isso me deixa mais feminina, e pra não escutar ela falar muito até me maquiei, não queria perder tempo de conversa com a mulher que gerou minha vida.
Não demorou muito até que o rosto impecável de Jasmim Spencer aparecesse na tela do computador, postura ereta, boca em um vermelho chamativo, mesmo com os olhos cansados ela não parecia nada acabada, vestia um vestido vermelho carmim, os cabelos pretos presos em um penteado cheio de gel sem nem um fio fora do lugar, diferente do meu, ela não falou nada apenas me analisou, aquilo sempre gelava minha espinha.
- Seu batom tá borrado. – Foi a primeira coisa que ela falou, segurei a vontade de revirar os olhos, olho para o espelho atrás do meu notebook e limpo o lugar borrado com o meu dedo. – Tá um pouco melhor agora.
- Deve ter borrado quando fui beber água, sei lá. – Falei tentando não me mostrar afetada pela cara de desgosto dela.
- Quantas vezes vou te dizer que amarelo não combina com você. – Aperto as mãos em punhos por baixo da mesa, meu sorriso mesmo forçado não saia do meu rosto, era quase robótico, era treinado a anos. – Esse seu cabelo precisa mudar urgentemente Alicia, sua coroação já é daqui alguns meses.
- Eu vou mudar ele, mas não vejo necessidade de fazer isso agora. – Murmurei, a mulher não gostou da resposta, fez uma careta.
- Você é uma adulta Alicia não uma criança pra ter cabelo colorido, sua fase rebelde já deu o que tinha que dar. – Cutuquei o interior da minha bochecha com a língua. – E vê se joga fora esse vestido, você não ficou nada bonita nele.
Eu já estava pronta pra rebater, mas a porta da quarto abriu e fechou, gelei assim que senti o corpo de Maya se curva sobre minhas costa e colar a bochecha na minha com uma intimidade grande, minha mão notou, olhou de mim para a garota, com uma cara de poucos amigos.
- Quem é essa, Alicia? – A voz da mulher se fez presente pelo quarto silencioso, mas por dentro eu estava borbulhando, meu coração retumbado dentro dos meus ouvidos, estava até pensando se era possível Maya escutar.
- E-ela... ela é minha colega de quarto e amiga, Mayara Cristina. – Falei quase no automático, sinto meus pelos arrepiarem assim que Maya riu baixo bem próximo do meu ouvido, quase fechei os olhos.
- Até que enfim você fez uma amiga pra passar seu aniversário. – Minha progenitora falou e sorriu até um pouco verdadeiro para a garota, pela primeira vez ela parecia ter gostado de alguém do meu convívio.
- Então quer dizer que hoje é seu aniversário? – Virei meu rosto apenas pra encarar ela nos olhos e vejo que foi um erro, minha boca se movia, mas nada saia, meu cérebro parecia ter pifado por ter ela assim tão perto.
E com a porra de glitter roxo escorrendo pelos olhos bicolor dela e o maldito hálito de maça verde que batia contra minha boca que parecia muito convidativo nesse momento.
Assim que meu cérebro voltou a funcionar, voltei a olhar para a câmera, minha mãe nos olhava de forma desconfiada, apenas dei um sorrisinho pra ela, mesmo que passe mil coisas na cabeça da mulher, ela não falaria, pelo menos não agora, ela era esperta, e sabia me ler melhor do que ninguém.
- Eu não tive tempo pra te falar. – Falei a primeira coisa que me veio à mente, aquilo era mentira, Maya e eu tínhamos nos vimos pela manhã, eu até li uma parte de um livro que estava lendo pra ela em voz alta.
Antes que minha mãe pudesse dizer mais alguma coisa, alguém bateu na porta.
- Bom garotas tenho que desligar agora, Alicia não esqueça do que conversamos, Mayara adorei conhecer uma amiga da minha filha. – A mulher apenas sorriu, acenamos pra ela e ela logo desliou nos deixando ali sozinhas.
- Ela pareceu gostar de você e ela quase não gosta de nem uma amizade minha. – Falei agora olhando para meu colo, quase engasgo com a saliva assim que ela gira a cadeira de rodinha me fazendo ficar frente a frente com ela, vejo ela se ajoelhar em minha frente.
- Será que ela ainda vai gostar de mim mesmo sabendo que beijo a filha dela na boca? – Mordi o lábio inferior e por instinto fecho os olhos assim que os lábios dela tocam o meu em um selar singelo, só um tocar de lábios.
- Ela provavelmente surtaria. – Minha voz saiu em um sussurro, nossos narizes fazendo um carinho um no outro em um famoso beijo de esquimó, agora as borboletas pareciam voar por todos os cantos dentro de mim.
- Então ela que lute, porque vou continuar te beijando. – Ela sussurrou de volta, soltei uma risadinha frouxa, nossas mãos estávamos entrelaçadas nossos dedos fazendo carinho nas áreas.
- E eu vou adorar.
- Okay beijoqueira, agora levanta, temos um aniversario pra comemorar. – Choraminguei assim que recebi o ultimo beijinho dela, ela me levantou da cadeira.
- Que tal a gente só ficar aqui. – Tentei até jogar charminho, mas não deu certo, Maya apenas me jogou um moletom dela para mim vestir e assim o fiz.
Até tentei não sorrir boba, mas era confortável usar o moletom dela, o cheiro também era aconchegante.
- Tarde demais boneca, Wendy e Kate já foram comprar um cupcake pra você na cantina, e o Cléber até cedeu uma vela colecionável dele pra você. – Mesmo contra gosto, deixei a garota entrelaça os dedos no meu e me arrastar para o lugar que ela queria.
Não demorou pra chegarmos no lugar, era no terraço da faculdade, assim que subimos encontramos os três amigos de Maya ali, em cima de um caixote velho tinha uma cupcake de chocolate com granulados coloridos e em cima uma vela da hello kitty, sorriu para eles em agradecimento.
- Esse era o ultimo cupcake na cantina, se a gente soubesse do seu aniversário teríamos encomendando alguma coisa melhor, - A loirinha com óculos redondo falou, a voz dela era fina, dava um ar infantil pra ela, mas ela era muito bonita.
- Eu quase bati no garoto por esse cupcake. – A mulher de cabelos vermelhos e pele negra que se chamava Wendy falou com um isqueiro na mão, logo vejo Cléber se aproximar com o pequeno bolinho.
- Gata não se pode passar um aniversario sem fazer um pedido. – Vejo Wendy ascender a velinha.
Logo os quatro se juntaram e começaram a cantar parabéns pra mim com direito a palma e tudo, olhei para eles ali na minha frente, eu não queria uma aniversario, mas Maya sempre conseguia me fazer desfazer de todas as minhas amarras, eu não só tinha ganhado uma amiga eu havia ganhado uma família, aquilo tudo tinha aquele típica sensação familiar, era libertador, me sentia uma pessoa normal, comemorando um aniversario com amigos, era aquilo que eu queria pra minha vida toda.
Então fechei os olhos e assoprei a vela, desejei do fundo do meu coração, desejei que se realizasse mesmo que parecesse infantil, continuei desejando mesmo depois de apagar a vela e dar uma mordida no bolinho.
Desejei a liberdade pra mim, desejei a liberdade para mim poder escolher, desejei a liberdade de poder amar quem quiser, desejei a liberdade pra poder me entregar completamente para essas quatro pessoas na qual agora eu abraçava com força.
Desejei pode ter Maya mais do que apenas minha amiga.




“Quem disse que gostar de garota é fácil é porque nunca nem se envolveu com uma.”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
 Garotas, gosto delas dês de que me entendo por gente, gosto dos beijos, dos cheiros, dos corpos, dos cabelos, eu amo amar garotas, amo ser lésbica, mas lidar com mulheres é complicado pra caramba, quase sempre tem um drama, não que eu não goste, longe disso, eu amo lidar com meninas, me apaixonar e amar garotas.
Mas Alicia Spencer era uma garota com uma carga emocional cheia, eu nunca sei o que ela quer de verdade, uma hora ela me beija e diz que gosta de me  beijar, e que sente muitas coisas por mim, outro momentos ela me afasta e nem fala comigo direito, as vezes ela pode estar nos dias dela e não querer falar comigo, mas era chato pra caramba querer se aproximar e ser afastada.
Eu e Cléber estávamos em uma sorveteria a duas quadras da faculdade, mas minha cabeça estava em uma garota de cabelos rosas, que vinha me tirando o sono a alguns dias, dês do aniversario dela ela vem agindo de forma estranha.
Então não, não tinha nada de fácil em gostar de meninas, é tão complicado, tão complexo.
- Tem como prestar atenção em mim Mayara Cristina. – A voz do Cléber me tirou do mundo dos pensamentos com Alicia Spencer.
- Foi mal. -Murmurei meio cabisbaixa.
- Desembucha o que está pegando? – O garoto me olha de forma preocupada as unhas pintadas de roxo batendo contra a madeira da mesa, postura desleixada, olhos de gatos atentos.
- To pensando na Alicia. – Vejo Cléber bufar e cruzar os braços em frente ao peito.
- Se eu fosse você eu caia fora, de complicada já basta você. – Solto um suspiro cansado, estava cansada de as pessoas dizerem o que eu devia ou não fazer.
Já tinha meus pais do outro lado da cidade que fingiam que minha sexualidade não existia, e quase sempre me perguntavam sobre namorados mesmo sabendo que é de garotas que gosto, era cansativo.
- Ela só precisa de um tempo pra pensar. – Falei de modo automático e logo sugo o canudo pra beber um pouco do meu milkshake de chocolate e Nutella.
- Olha não é que eu não goste da Alicia, só fico preocupado dela te machucar, e qualquer pessoa que tenha esse poder vira um nome na minha lista negra. – Sorrio com o rosto todo para aquilo, levo minha mão ate a mão dele e uno nossas mãos.
- É por isso que eu te amo. – Mandei um beijinho no ar, com a mão livre ele finge que pega e coloca contra o peito, logo começamos a rir. – Idiota.
- Mas é esse idiota que tá te fazendo rir. – Ele piscou pra mim de forma brincalhona.
Nego com a cabeça rindo, ficamos ali batendo papo, falamos sobre as provas finais que estava vindo, falamos sobre garotas e garotos, quando foi de tardezinha, a gente se despediu e eu logo caminhei para o meu quarto, nas minhas mãos tinha um saco de papel com um milkshake de morango e uma rosquinha, quem sabe eu seja um pouco trouxa por estar levando um lanche pra Alicia que está me ignorando? Talvez.
Mas sempre que via algo rosa me lembrava a garota ou quando sentia cheiro de morango, me lembrava do hálito e cheirinho dela, não estava apaixonada, amigos também sentem esse tipo de coisa, não é?
Olho para porta do nosso quarto, fecho os olhos e suspiro antes de abrir a porta, e lá estava Alicia, pintando o quadro dela, ela nem mesmo me olhou assim que escutou a porta bater.
- Rumrum – Forço um som do fundo da garganta pra chamar a atenção dele que no mesmo segundo me olhou com olhos repleto de confusão testa franzida e tudo mais. – Você já comeu?
- Não comi não, porque? – A voz dela saiu rouquinha fazendo minha nuca arrepiar, droga odiava me sentir tão afetada por ela.
Passo meus olhos de forma calma sobre o corpo dela, calça de moletom preta, camizetão grande cheio de mancha de tinta, ela estava descaça e sem meia, os cabelos presos em um coque solto preso por um dos pinceis, ela estava perfeita como sempre.
- Te trouxe um lanchinho. – Levantei o saco pra ela olhar, ela piscou e logo abriu um sorrisinho mínimo e se levantou vindo a passos vacilantes até mim.
Eu poderia ter me afastado quando ela chegou perto, poderia, mas ao senti os dedos dela na minha bochecha em um carinho e um selar doce e casto, meu cérebro pifou, meu corpo parou.
- Você não cansa de se perfeita? – A voz de Alicia saiu baixinho como um segredo por conta da nossa aproximação.
Ela encosta a testa na minha e esfrega o nariz no meu em um beijo de esquimó, minha mão livre logo vai de encontro com a dela e entrelaço.
- Não quero que se afaste de mim, eu estou contigo nessa. – Deixei vários beijinhos nos lábios cheinhos dela, que sorria boba em cada um.
- Desculpa. Minha mãe vem pegando no meu pé dês do meu aniversário, ela está com uma ideia que eu comece um namoro falso com um cara, isso me deixou pilhada. – Faço um carinho no dorso da mão dela com meu polegar.
-  Mesmo assim não me afasta, quero fazer parte da sua vida, me deixa entrar aí no seu coração, só deixa fluir. – Falei em um fiapo de voz, estava totalmente rendida pela rosada.
E não tinha como me parar, me assemelhando a um trem desgovernado prestes a bater com tudo.
- Você já entrou no meu coração. – Levantei uma sobrancelha em questionamento.
Mas antes que eu pudesse formular alguma palavra a garota tirou o saco de papel das minhas mãos e colocou sobre a mesinha da sala, ela logo colou a boca na minha com urgência, as mãos delas prenderam na minha nuca,, levo minhas mãos pra cintura dela, colando nossos corpos um no outro, a língua dela brinca com a minha, ela mordisca meu lábio, chupa minha língua com volúpia, em meios as suspiros e arfares ela empurra meu corpo pro sofá, e sobe no meu colo, o beijo foi parando aos poucos, assim que ela afastou a boca com um sorrisinho bonito no rosto.
- Eu nunca vou cansar de te beijar é sempre uma montanha russa. – Minha voz saiu baixa e ofegante, minhas mãos agora estavam por baixo da camiseta dela mais especificamente na cintura dela, a pele arrepiando com meus dígitos ali.
- Eu também gosto, na verdade você me faz sentir muitas coisas por você. – Mordo o lábio com a resposta dela.
- Você também me faz sentir muita coisa. – Lancei e deixo um selar nos lábios dela, em seguida vários outros.
- Eu vou comer porque estou morrendo de fome. – Ela deixa um último selar nos meus lábios antes de levantar e ir até o saco de papel espiando o conteúdo de dentro. – Obrigada amor, você é incrível.
Ela nem percebeu que me chamou de ‘amor, apenas sentou do meu lado como uma criança feliz e começou a comer e a beber, meu coração por outro lado errou uma batida, minhas mãos suaram, minha boca secou e meu estômago pareceu revirar.
- E..eu vou tomar um banho. – Falei quase correndo direto pro quarto, tentando fugir daquela sensação boa e estranha.
Tem tantas garotas nesse mundo mais só me interesso pelas erradas, talvez eu goste de sofrer, porque sei que Alicia é um problemão, sei que sentir coisas por ela não vai me levar a lugar nem um, ela tem deveres e eu sou apenas uma mera distração.
Mas eu também não quero me afastar, talvez se eu fingir não sentir essas coisas elas passem a não existir mais, quem sabe pode dar certo, mas no fundo, no fundo sei que o trem já bateu contra o muro.
Eu poderia lidar com isso, poderia lidar com o fato de Alicia Spencer ser uma princesa, de sentir coisas demais por ela, de querer beijar ela o tempo todo, eu poderia lidar com tudo isso, até mesmo com uma possível paixão.

Era melhor se alto engar do eu surtar.



“Papo de futuro é brega, mas todas nós queremos conhecer a família de alguém que gostamos e ser vista como uma boa escolha.”
- Bruna Martins

ALICIA SPENCER
Sempre que tinha um feriado, as pessoas iam  passar nas famílias, eu sempre passei meus feridos como minha não família, que era mais minha família do que a minha própria, acontece que dessa vez eu prometi que levaria a minha crush, essa sendo Maya, acontece que eu nem tinha falado com ela, não sabia nem se ela iria querer o se já tinha planos de passar com a família dela.
Minha mochila já estava com uma muda de roupa, agora só faltava falar com a garota de olhos bicoloro.
Me assunto assim que sinto braços envolverem meu corpo em um abraço por trás, Maya esfrega o nariz no meu pescoço descoberto deixando um beijinho ali.
- O que você está fazendo, docinho? – Me arrepio ao escutar a voz dela bem no meu ouvido, quase fechei os olhos com isso.
- Hoje é feriado, vou pra casa dos meus pais só volto daqui a dois dias. – Percebo que ela murchou, ela estava prestes a sair da posição que estava, mas a seguro no lugar e me viro ficando de frente pra ela.
- Eu não tô em um bom momento com meus pais, na verdade nunca vou estar, a não ser que um dia eles resolvam me aceitar como sou. – Ela piscou e abaixou a cabeça, meu coração doeu com aquilo, adiava ver a estilista pra baixo.
Entrelaço meus dedos nos dela e fico balançando nossos braços de um lado pro outro só pra fazê-la rir, e deu certo, suspiro aliviada.
- Sabe meus pais de consideração querem te conhecer... você bem que podia vir comigo. – Quase coro de timidez, mordo o lábio com força, vejo a garota virar a cabeça de lado, parecia ponderar se aceitava ou não, os olhos atentos em mim.
- Não sei, não quer atrapalhar você e sua família, assim como nos anos eu posso ficar por aqui mesmo, dona Cecilia faz uns bolinhos de arroz deliciosos e... – Antes dela terminar de falar, roubo um selar dela, a boquinha dela fez um perfeito ó, fofa demais.
- Não aceito não como resposta Mayara Cristina! – Exclamei, ela revirou os olhos e rio.
- Okay espero que ao menos eles gostem de mim. – Enrolo uma mexa do cabelo dela no meu dedo.
- Eles já te amam. – Pisquei pra ela de forma sapeca ela me olhou desconfiada.
- Você por acaso fala de mim pra eles?
- Em todas as ligações que faço com eles, eles te amam sem te conhecer. – A garota arregala os olhos chocada, rio da cara que ela fez.
- Espero que só coisa boa. – Deixo um selinho na ponta do nariz dela.
- Só de bem, agora vai arrumar suas coisas, meu pai já, já vai vir nos buscar. – Vejo o quanto ela está surtando mentalmente, rio movendo a cabeça em negação, pego meu telefone e digito a mensagem no grupo da minha família de criação.
Família reunida por um bem maior <3
Eu: Ela vai ir também, pelo amor de deus
Não falem nada comprometedor.
Amo vocês
Papai querido: Sua mãe já tá separando
Os álbuns de fotos pra mostrar pra
Sua namoradinha.
Eu: Ela não é minha namorada
Mamãe coruja: Ainda não, mas vai ser
Eu: Vocês não valem nada.
Mamãe coruja: Seu pai acabou de sair daqui
Até daqui a pouco, beijinhos
Vou fazer um bolo bem gostoso
Pra minha nora comer 😉
Eu: Vê se não vão mimar ela muito
Tenho ciúmes,
Até já mamãe
Beijinhos <3
Saio do aplicativo de mensagem e largo o aparelho em cima da cama, vou até a Maya e abraço ela por trás, deito minha cabeça nas costas dela, fecho os olhos sentindo o cheiro dela invadir meus sentidos, ela faz um carinho nos meus braços descobertos com as mãos, me fazendo arrepiar.
- Você cheira tão bem sabia? – Murmurei a beira do ouvido dela, deixo um beijinho logo abaixo da orelha dela.
- Se você continuar agindo assim, vou acabar achando que você tá apaixonada. – Solto uma risada baixa e reviro os olhos aperto ela contra meu corpo, só pra fazê-la rir o que deu super certo
- Eu não sou de me apaixonar, eu só gosto de muitas coisas em você, e seu cheiro é um deles. – Pisco pra ela através do reflexo do espelho.
Ela ia me responder mas o barulho da notificação nos fez sair da bolha que sempre se criava quando estávamos juntas e sozinhas, desfiz o abraço e fui até meu celular, o pego e logo vejo uma mensagem do meu pai dizendo que estava nos esperando em frente ao campus da faculdade.
- Vamos?
Peguei minha mochila e ela pega a dela, fechamos o quarto e caminhamos lado a lado em silencio, mas aquele silencio cheio de barulho da próprias mentes, olho de escanteio para a garota ao meu lado, a boca dela estava contraída em uma linha reta, as mãos apertadas em punho, ela parecia nervosa, não que eu não estivesse, eu estou tão nervosa quanto ela, afinal iria apresentar minha crush para a minha família de criação.
Assim que chegamos em frente ao campus pude ver meu pai lá parado em frente do carro, com os braços cruzados, mas assim que ele me vê ele desfaz a postura seria e abre os braços, apresso os passos até ele e o abraço, ele me tira do chão em um abraço bem apertando e cheio de saudades.
- Sempre que te vejo você continua uma baixinha anã de jardim. – Ele deixa um beijinho em minha testa. – Estava com saudades.
- Eu também estava com saudades papai. – Murmurei sorridente, logo ele olha pra trás de mim e só então me lembrei de Maya me viro de frente pra ela. – Pai essa é a Mayara Cristina.
- Então você é a famosa Maya. – O homem logo estendeu a mão para ela apertar e assim ela o fez. – Minha menininha só sabe falar de você, fico cheio de ciúmes.
- Deixa de drama papai. – Ele e o drama infinito dele.
- Famosa eu não sei, mas que bom te conhecer! – A voz dela me causou vários arrepios.
- Já te aprovei viu, faça a minha garotinha feliz. – Minhas bochechas logo ficam vermelhas, céus que mico.
- Okay chega papai, vamos entrar vamos. – Empurrei ele pelos ombros em direção a porta do motorista.
Os dois logo riram, meu pai entrou no carro, abro a porta do veiculo para a Maya entrar e assim ela o fez, faço o mesmo me sentado ao lado dela no banco de trás.
- É oficial fui trocado, minha garotinha não quis vir nem na frente pra ficar com a namoradinha atrás. – Maya e eu quase nos engasgamos com a saliva ao escutar a fala do homem.
Nos resolvemos ficar em silencio, meu pai colocou uma musica das antigas, sinto os dedos da Maya nos meus, logo entrelaçamos nossos dedos um no outro.
Era bom, bom se sentir parte de algo, bom me sentir importante para alguém, Maya me faz sentir muitas coisas, coisas que tinha um nome, mas nomear é perigoso, nomear seria aceitar, e aceitar é tudo que não posso, porque infelizmente o mundo que vou viver não aceita o que sou, o que quase somos.
Mas por hora eu podia fingir, fingir que sou uma pessoa normal, que está levando a crush pra conhecer os pai, que eu sou apenas uma aluna normal de artes visuais, que estava vivendo um sentimento bom, que estava feliz, por alguns dias valia a pena se iludir, depois eu poderia voltar para o mundo real.
Deixo um carinho no dorso da mão da garota ao meu lado, logo olho para nossas mãos e depois pra ela, ela já estava me olhando, então sorrimos, coração disparado no peito, boca seca e muitas borboletas voado pelo meu estômago, a palavra paixão pulsava junto do meu coração, e olhando no fundo dos olhos dela, pude ver o mesmo, mas não, não podíamos viver o que queríamos viver, que mesmo existindo um sentimento, não podíamos lapidar, pelo menos não agora, talvez nunca.
Mas por alguns dias eu poderia fingir e me iludir.




“Não se perca no olhar de alguém, pode ser perigoso se perder no abismo que a pessoa é.”

MAYARA CRISTINA
Eu vejo a vida como uma grande impulsividade, que nós pega sempre de surpresa, nunca dá de saber o que vem depois, porque ela sempre dá um jeito de nós surpreender seja uma surpresa boa pra ruim, nesse caso era uma experiência que nunca pensei que poderia acontecer comigo, não no presente, não no agora, conhecer os pais de criação de Alícia Spencer era uma coisas que nunca se passou na minha cabeça, mas cá estou eu no carro junto dela e do pai dela.
Os dois passaram quase a viagem toda cantando músicas, até cantei junto, me senti acolhida como a muito tempo não me sentia, aquele gostinho familiar, àquele gosto de ser aceita, de poder ser quem sou de verdade que não teria olhar torto nem comentários desagradáveis.
Eu nunca precisei da aprovação dos meus pais, mas as vezes sentia falta, sentia falta de contar sobre os meus amores, de chorar por ter tido um coração partido sem medo, sempre tive que me curar sozinha, me cuidar sozinha, porque mesmo que meus pais respeitassem eles não gostavam, não me aceitavam de verdade.
E os pais de criação de Alícia era tudo aquilo que eu queria, que Alícia queria e precisava, sem julgamentos, apenas amor, apenas aceitação.
Não sei quanto tempo demorou pra chegar mas o carro parou em frente a uma casa amarela com um jardim bem cuidado e bonito, sorrio, passavam aconchego.
- Meus pais amam flores, espero que você não seja alérgica. – Alicia sussurrou bem pertinho do meu ouvido logo sinto um beijinho dela na minha bochecha, tentei não pensar no meu coração batendo feito um doido.
- Ainda bem que não sou alérgica a flores. – Pisquei pra ela, a rosada revirou os olhos e empurrou meu ombro.
- Vamos sair antes que minha mãe venha nos tirar daqui a base de gritos e surtos. – Concordei com a cabeça, vejo a rosada abrir a porta do carro, o pai de Alícia já havia saído.
A garota saiu e eu logo saio também, ficamos lado a lado, sinto Alícia entrelaçar o dedo mindinho no meu, olho pra baixo e prendo um sorrisinho besta de sair, céus eu não podia me apaixonar por ela, não podia me entregar pra alguém que não podia dar tudo de si, que já  tinha todo um destino traçado, tinha tudo pra dar errado. 
Começamos a caminhar até a entrada da casa, e antes de entramos uma mulher de cabelos escuros e olhos grandes apareceu e abraçou Alicia quase levantando a rosada do chão, deduzi que era a mãe dela, a moça era linda e gentil, assim que ela me olhou por cima do ombro e me viu ali parada atrás de Alícia ela largou da filha e logo veio até mim e me abraçou apertado.
- Bem vinda a família meu bem, tô tão feliz em finalmente te conhecer pessoalmente. – Rio baixinho abraçando a mulher. – Eu sou a Ângela!
- Prazer em te conhecer também. – Falei meia encabulada, céus eles eram sempre assim, amorosos e gentis, cheio de sorriso?
- Entrem, entrem, Ellie vai ficar muito feliz em te ver filhota. – entramos na casa, a sala era cheia de cores, quadros de quando Alícia era pequena, desenhos de criança pendurados e emoldurados.
O sofá era em um azul escuro as almofadas por outro lado eram coloridas, os móveis brancos, era tudo muito feliz, familiar e aconchegante.
Quando entramos logo o pai de Alicia apareceu com uma garotinha no colo, parecia ter entre três a quatro anos, os cabelos com alguma falsas mechas rosa presa nos fios.
- Licie, Licie! – Assim que ele viu a rosada ela começou a abrir e fechar a mão pedindo colo, Alícia logo atendeu o pedido da irmã e a pegou.
- Nossa como você cresceu. – Sorrio pra cena, Alícia dando beijinhos na bochecha da Ellie, apertando ela em um abraço de urso, a garotinha rindo.
Eu sempre quis ter irmãos, mas era filha única de pais quase conservadores.
- Ellie quero que você conheça a Maya. – A garotinha que até então estava olhando pra irmã, olhou por cima do ombros pra mim, os grandes olhos castanhos me olhando com curiosidade.
- Oi...- A voz infantil soou baixinha e tímida.
- Oi princesinha, você é muito fofinha! – Exclamei e sorrio, Ellie logo sorriu pra mim também.
- Voxe é muito ‘monita. – A pronúncia saiu errada, mas foi fácil sabe que ela me achou bonita, agradeci tímida. 
- Ellie não deixa a nossa convida tímida. – O único homem falo falou, nos tirando boa risadas.
- Vem comigo queria, quero te mostrar as fotos da Alicia quando era bebê. – Concordei rindo, Ângela logo enlaçou o braço no meu e me arrastou casa adentro.
- Você tá vendo Ellie, fomos trocadas. – Só escuto alicia choramingando atrás de nós.
Só em uma hora de conversar eu já sabia de quase toda a vida de Alicia, as fotos dela quando criança era uma fofura, a rosada ficou toda tímida com isso, mas estava adorando ser bajulada pelos paisz Ellie venho pro meu colo logo depois da gente começar a conversar sobre princesas e Disney.
Agora estávamos na mesa, jantado e rindo das piadas péssimas que Andy o pai de Alícia contava.
- Ainda bem que você abandonou o sonho de ser piadista papai. – Alicia comentou tirando boa risada de nós.
- Isso é inveja, eu seria um piadista ótimo. – Ele se gabou, arremangou as mangas da blusa de frio e se preparou toda pra mais uma piada. – O que a galinha falou para o galo?
- O que ela falou pra ele? – Quem perguntou foi angel, prendendo a risada, a mulher sempre ria das piadas do marido mesmo sendo péssimas.
- Ela não falou ela só cacarejou. – Ele rio alto, a risada dele era contagiante logo todo mundo riu também.
- Viu só, péssimas piadas. – Ele colocou a língua pra Alícia, parecia mais uma criança do que um adulto.
- Okay, agora chegou a hora da sobremesa, eu fiz especialmente pra minha nora. – sorriu ao escutar o que ela falou, tão natural sem forçar nada.
- Meu deus! – Alicie exclamou.
Como estávamos lado a lado na mesa logo entrelacei minha mão junto da dela por debaixo da mesa, ela logo tira a atenção dela dos pais e me olha, sorrimos uma pra outra, meu coração batendo rápido, borboletas voando pra todos os lados, borboletas rosas e com cheiro de cereja.
Era bom se sentir parte de alguma coisa, era bom sentir sentimentos bons quando se olhava pra alguém, era tão bom que doía, porque sabia que uma hora ou outra teríamos que acordar pra realidade, e ela não era boa, não era legal, era cruel, era real, e nossa realidade estava bem distante de ser perfeita, não era digna de livros ou filmes.
Então mesmo querendo que isso continuasse, mesmo querendo com todo o coração que as coisas fossem diferentes elas não eram, mas podia me iludir por agora, poderíamos fingir que está tudo bem e deixar sentir.
- Eu espero que você goste de bolo de chocolate com coco ralado, é o famoso bolo cura coração partido e sara machucados. – Angel logo apareceu com um bolo, Andy logo atrás com os pratinhos pra colocar as fatias do bolo.
- Eu gosto sim, sogrinha. – Lancei, todos logo me olharam chocados, pisco um dos olhos para a rosada ao meu lado.
- Por isso que eu amei essa garota, sério perfeita! – Ela exclamou e logo cortou um pedaço do bolo e me deu.
- Eu tô ficando é com ciúmes. – A garota faz biquinho e tudo, rimos, deixo um beijinho sobre a bochecha dela que logo ficou vermelha de vergonha.
- Não fica, você sempre vai ser a filha deles e a minha garota favorita.
- Essa daí é atacante, amei. – Andy quem falou, ajudando a esposa a dar os outros pedaços de bolo.
- Vocês são terríveis. – Alicia quem murmurou.
O resto do jantar foi regado por piadas ruins, risadas, perguntas e respostas, estava adorando a dinâmica familiar, Ellie foi a primeira a dormir. Depois do jantar fui tomar um banho, coloquei um pijama de bolinha e logo segui para o quarto de Alicia, assim que entrou dou de cara com a rosada sentada na cama terminando de secar o cabelo com secador, o que não passou batido foi a cama de casal, céus iriamos dividir a cama?
Olhei em volta, o quarto de Alicia era tão colorido quanto o resto da casa, moveis brancos, paredes em um lilás meio rosado, vários desenhos e polaroids presas na parede, tudo era a cara da rosada, estava adorando estar mais um pouquinho dentro da vida da garota.
- Vem aqui vem, vou secar o seu cabelo. – Assenti em concordância e caminho até a cama da de fios rosas, me sentei de costas para o corpo dela.
- Vamos dormir juntas?
- Eu achei que você não se importaria, mas se quiser posso te conseguir um outro quarto. – Nego com a cabeça de forma rápida, sinto o ar quentinho nos meus fios junto das mãos delicadas de Alicia.
- Por mim tá tudo bem!
- Que bom, porque conhecendo meus pais eles iam te perturbar até você voltar pra cá.
- Eu gostei bastante deles, queria que meus pais fossem assim.
- Problema familiar também?
- Digamos que meus pais respeitam, mas não acetam que a filha querida deles goste de garotas. – Murmurei brincado com um fiapo solto da minha roupa.
-Eu entendo, queria que meus verdadeiros pais acetassem, mas se eu contar sei que eles não entenderiam.
- Ainda bem que você tem pessoas maravilhosas como seus pais de criação.
- Olha a gente pode fazer daqui nossa fuga da realidade. – Me virei de frente pra ela assim que o secador é desligado.
- Então você quer fugir comigo, princesa? – Levei minhas mãos até a cintura dela e puxo o corpo dela pra mais perto, ela estava um pouquinho mais alta que eu por estar ajoelhada na cama.
Ela encosta a testa na minha e soltou uma risada nasal.
- Com você eu fugiria sem pensar duas vezes.
- Que bom porque quero te roubar pra mim!
- Acontece que você já me roubou.
Molho a boca com a língua, o hálito de cereja dela me atingindo com força, tirei uma das minhas mãos da cintura dela e levo até o rosto dela, colo meus lábios nos dela em um selar, mas não demorou muito, pedi espaço com minha língua na boca dela, o beijo foi ganhado forma, não era afobado, era calmo, daqueles que não da vontade de parar, chupo a língua dela com avidez, logo mordisco a boca dela com meu dente e puxo devagarinho o lábio inferior, deixo três selinhos antes de afastar minha boca da dela, sorrimos uma pra outra.
- Rumrum. – Quase pulamos de susto ao escutar o picareto da Angel atrás de nós. – Não queria atrapalhar as lindinhas, mas já estamos indo dormir, se precisar de qualquer coisa é só gritar.
Estávamos com as bochechas prendendo fogo, mas concordamos, ela piscou pra gente e fechou a porta nos deixando sozinhas, olhamos uma para cara da outro e caímos na risada deitadas na cama agora.
- Sua mãe deve me achar uma depravada.
- Pelo ao contrário, ela deve estar amando tudo isso.
- Eu também estou amando tudo isso. – Entrelacei minha mão na dela, estávamos de frente uma pra outra, sorrisos bobos ornado nos lábios.
Era uma sensação maravilhosa se sentir em casa, se sentir bem, de poder fazer as coisas sem medo, de beijar e dizer coisas sem medo, porque aqui dentro do quarto era Alicia e Maya duas jovens adultas normais que gostam de garotas e se gostavam muito.
- É bom ficar assim, não quero sair nunca daqui.
- Ainda tá de pé o lance de fugirmos juntas.
- Olha que eu vou mesmo Mayara Cristina.
- Por mim tudo bem Alicia Spencer.
Ficamos conversando e nos beijando, Alicia foi a primeira a pegar no sono, eu fiquei acordada apenas olhando a rosada dormir, ela fazia biquinho e parecia um bebe dormindo, era a coisa mais fofa, peguei meu celular e tirei uma foto dela, sorrio largado o celular no criado mudo em seguida.
- Boa noite, minha princesa.
Murmurei baixinho, logo deixo um selar na testa dela, passo meus braços em volta do corpo dela e logo fechos os olhos me entregando ao sono.
Por mais que eu tentasse fingir, o sentimento estava crescendo, ficando enorme, e uma hora não caberia mais em mim de tão grande que ele era,
Estava me apaixonando por Alicia Spencer.




“É demorado sentir, mas quando acontece não tem como fugir.”
- Bruna Martins.

ALICIA SPENCER
 A paixão tende a ser um perigo pra mim, porque me apaixonar era tudo que eu não podia, mas fugir já não era uma opção, tentava não pensar pra não surtar, pra não sentir, pra fingir que não era real, mas estava aqui, correndo pelo meu corpo, a cada toque, cada beijo, cada olhar, estava pulsando por toda a parte, por tudo dentro de mim, fugir já não daria.
Aceitar eu não podia ou melhor dizendo, aceitar eu não queria.
Hoje era o ultimo dia do feriado, Maya e eu estávamos cada vez mais próximas, cada vez mais beijos aconteciam, mais olhares e mais e mais toques, e todos me faziam sentir como se eu estivesse em brasa, em puro fogo, em puro vermelho, do mais vivo e bonito vermelho.
Essa manha eu acordei pensativa, meu corpo e mente pesando uma tonelada, como se eu tivesse bebido a madrugada toda, esfreguei os olhos com o dorso da mão, olho em volta e percebo que Maya já havia acordado bem antes de mim, me destapo, coloco meus pés descalço no piso frio de madeira escuro, me espreguiço antes de levantar.
Coloco uma pantufa, vou até o banheiro e escovo os dentes, saio dali e ando a passos demorado até a cozinha assim que chego no cômodo, minha irmãzinha e Mayara estava sujas de farinha.
- O que vocês tão aprontando, hein?
- Sua irmã me obrigou a fazer cookies pra ela. – A voz de Maya preencheu todo o ambiente da cozinha, os olhos bicolores me olhando por inteira, mordico o interior da bochecha, uma mania minha quando ficava nervosa.
- May e Ellie ‘Fizelão cookies. – Sorrio pra garotinha e caminho até ela, pego a pequena no colo e encho as bochechas dela de beijinhos.
- Você já tá perturbando a coitada da Maya, é. – Ellie apenas rio alto quando fiz cosquinha nela, largo ela no chão e ela logo corre pra sala onde meus pais deviam estar.
- Eu queria irmãos, estou adorando sua irmã, ela é uma fofa.
- Que bom porque agora ela vai ficar no seu pé, ela é pior que chiclete quando gruda. – Rimos, caminho até ela e enlaço meus braços em volta da cintura dela.
Meu coração logo bateu com força dentro da minha caixa torácica, as borboletas voado a solta no meu estômago.
- Bom dia, linda.
- Bom dia coração. – Deixo um selar nos lábios rosados dela, quando ela ia aprofundar o beijo me afasto sorrindo. – Sem beijos hoje.
- Você é malvada comigo, viu?
- Se você continuar assim vou acabar achando que você está apaixonada. – Lancei a mesma frase que ela tinha me falado alguns dias atrás.
- E se eu estiver apaixonada por você, o que acontece? – Ela me perguntou e levantou uma das sobrancelhas em questionamento.
Estava prestes a rebater quando meu pai entrou na cozinha, ele nos olhou e sorriu pra nos duas.
- Nunca prometam nada pra uma criança de três anos, ouvirão meninas. – Andy soltou um suspiro cansado e se escorou no balcão da pia enquanto bebia um copo d’água.
- O que você prometeu dessa vez?
- Prometi que ia levar ela no parquinho aqui perto, mas preciso sair pra resolver umas coisas no trabalho. – Vejo ele lavar o copo e colocar no escorredor de louças.
- Se quiser eu e Alicia podemos levar ela, tô querendo sair um pouco. – Maya que até então estava calada falou.
- Olha fico devendo uma pra vocês. – Ele sorri grande.
- Vai logo, vai. – Andy vem até mim e deixa um beijinho na minha testa, fez o mesmo com Maya e logo saiu da cozinha.
Antes que ela falasse o forno apitou indicando que os cookies estavam prontos, me sento em uma das bancadas, enquanto, minha irmã e Maya conversavam sobre tudo e ao mesmo tempo nada, era fofo a forma como a garota de olhos bicolores falava e arregalava os olhinhos quando algo a surpreendia, toda vez que ela terminava de falar ela fazia um biquinho, balança as mãos a cada frase, ela era perfeita sem fazer nada.
Tentei desviar minha atenção dela, mas minha mente só roda ela, só da ela dentro da minha mente, só ela dentro do meu coração, eu não fazia ideia do que fazer com esse sentimento todo, era assustador, mas tinha uma beleza profunda, uma beleza oculta, minha mente parecia borbulhar o nome dela.
Tudo parecia ter ela, até mesmo nos post das redes socias, nos vídeos, no cheiro, tudo, não dava de fugir da paixão que havia me pegado, que havia me enlaçado, e eu nem sabia se era reciproco, não sabia de nada, não podia ficar com ela.
Por causa da droga de um legado familiar, porque as pessoas eram preconceituosas com o diferente, o novo assustava as pessoas, mas dentro de mim, algo gritava pra continuar, gritava que estava tudo bem sentir, que estava tudo bem amar, que não tinha nada de errado nisso, e não tinha mesmo.
Mas pra sociedade tudo era errado, pras pessoas isso não passava de um erro, mas não tinha nada de errado em ser feliz, não tinha nada de errado em beijar na boca, em amar.
Mesmo que a parte racional do meu cérebro gritasse, a sentimental estava gritando mais, estava se sobressaindo, me fazendo querer soltar esse amor sem medo, só ir, só me deixar levar sem medo do resto, e era tão bom sentir isso, que eu buscava pelo mesmo nos olhos da Maya.
Porque no fundo eu não queria sentir sozinha, queria que fosse reciproco, que ela também sentisse o mesmo, que gostasse de mim mesmo que fosse difícil me amar, mesmo no final não pudéssemos ficar juntas. Era egoístas pensar assim, mas no fundo eu só queria poder viver um amor, não precisava ser um conto de fadas, porque não era, mas queria viver um amor com Maya.
- Terra chamando Alicia. – Maya estala os dedos em frente ao meu rosto me tirando do mundo dos pensamentos.
Beberico um pouco do café no meu copo, mas faço uma careta ao sentir o liquido gelado, céus quanto tempo eu fiquei pensando? Balanço a cabeça em negação e foco meus olhos e atenção na garota de sardas e olhos bicolores.
- Desculpa estava pensado. – Me levanto da cadeira e vou até a pia, lavo o copo, sinto braços envolverem minha cintura.
- Um beijo por cada pensamento seu, que tal? – Sinto ela beijar minha bochecha várias vezes, rio.
- Cadê a Ellie? – Perguntei me virando de frente pra ela, ficando cara a cara, olhos transbordando conexão.
- Sua mãe foi arrumar ela, vamos no parquinho. – Esfrego meu nariz no dela entrelaço nossas mãos, sorrimos bobamente uma para a outra.
Estávamos prestes a nos beijar quando uma mine querida venho correndo e abraçou minha perna, nos afastamos, pego a pequena no colo e deixo um beijinho na bochecha dela.
- Podemo ‘ir agola maninha e May. – Sorrio ao escutar a voz infantil dela, as palavras embolando na língua.
Concordamos, coloco a menina no chão, seguro uma das mãos dela e Mayara pega a outra, logo saímos de casa, caminhamos pela calçada, pulando os quadradinhos do piso junto da Ellie, ela ria toda feliz.
Era nostálgico estar ali, um filme passou na minha mente, quando tudo era mais fácil, quando eu tinha meus quatro anos, dentes de leite faltando, cabelos bagunçados porque não gostava muito de petear. Assim que chegamos no parquinho, Maya e Ellie correm na minha frente até o balanço, caminho até um banco de concreto que havia ali e me sento.
Fico olhando as duas, Maya empurrando a garotinha de cabelos amarrados em maria Chiquinha, era bonitinho ver, saquei meu celular do bolso e bato uma foto, dou zoom na imagem vendo o sorrisinho da Maya, meu coração logo bate feito um doido dentro do peito.
Ela é linda, os olhos lindos, a boca beijável, o rostinho cheio de sardas, era tão perfeita mesmo tendo as imperfeições dela.
Mesmo tentando fugir dos sentimentos eles me pegavam toda vez que via Maya, toda vez que nos beijávamos meu corpo reagia, quando nos olhávamos meu coração batia feito um doido, cada toque seja eles os mínimos faziam as borboletas voar a solta.
Não tinha como fugir do obvio, eu estava apaixonada por Mayara Cristina.
Olhando-a agora tudo parecia estar mais claro, tudo parecia mais cheio de vida, sorrio, porque estar apaixonada por ela era bom mesmo tendo todas as dificuldades que viriam com isso, mesmo que no meu mundo a gente não podia ficar juntos, mas sentir era bom, era bom admitir estar apaixonada.




“Sentir é ser corajoso, é ter medo, mas mesmo assim buscamos sentir.”
- Bruna Martins.

MAYARA CRISTINA
 Amor é uma palavra boa pra definir a família de criação de Alicia, Angel e Andy eram pais maravilhosos, tanto na criação da Alicia como na de Ellie, não tinha olhares tortos e nem piadinhas desagradáveis, e era bom, muito bom ter pessoas assim no nosso meio de convívio, estava meio incerta de aceitar vir com Alicia, mas agora a vontade era de ficar pra sempre.
Depois do parquinho que fomos com a Ellie, voltamos pra casa dos pais das garotas e tomamos café com o famoso bolo cura coração e sara ferimento, que Angel fez questão de me ensinar pra mim fazer quando estivesse doendo em algum lugar, o bolo era uma delícia e parecia mesmo ser mágico e curava onde doía.
Agora estávamos no carro do pai de Alicia, voltando para a faculdade, a de cabelos rosados estava um pouco estranha, até pensei que tinha feito ou falado algo de errado, mas não lembrava de nada que eu pudesse ter feito pra afetar Alicia de forma negativa.
- Ei tá tudo bem? – Perguntei temendo um pouco o que ela responderia, ela me olhou e sorriu.
- Relaxa, só estou cansada. – Ela falou tão baixo quanto eu.
Resolvi levar uma mão até o rosto dela e em seguida deixo um selar nós Lábios dela e um carinho com o polegar na bochecha da garota.
Meu coração disparou dentro do peito, era sempre uma montanha russa de sensação estar com Alicia, ela era uma pessoa maravilhosa, engraçada e cativante, estar com ela me tirava suspiros e deixa meu coração batendo feito um doido dentro do peito, famosas borboletas rosas voando a solta dentro do meu estômago, era bom, tão bom que chegava a dar um medo enorme.
Eu sempre fui a amiga conhecida como a anti amor, anti romance, como Cléber me chamava as vezes, e agora cá estava eu sentindo até demais, chegava ser amedrontador sentir tudo tão intensamente, da aquele frio na barriga, aquela sensação gostosa de estar gostando de alguém.
Mas era perigoso, gostar de Alicia não é simples, e eu sei disso e ainda sim tô jogando tudo pros ares por conta de uma garota, mas ela não uma garota qualquer ela é A GAROTA, a minha garota, valia a pena sentir mesmo que nosso fim já esteja escrito em algum lugar.
No fundo o que mais quero é que ela sinta o mesmo, que esteja tão à vontade quanto eu estou, que me queira tanto quanto eu a quero.
Não sabia se podia nomear esse sentimento como paixão, mas talvez estivesse perto de se tornar, se continuássemos com esse lance todo, eu estava em perigo, porque era perigoso sentir tantas coisas por Alicia.
- Estão entregues meninas! – Acordo dos meus devaneios quando a voz do Andy se fez presente dentro do veículo.
- Valeu papai, você é o melhor. – Alicia se espichou até o banco do motorista e deixou um beijinho na bochecha do pai.
- Vou falar pra sua mãe que sou o preferido. – Rio com a careta de chocada que Alicia fez.
- Você não ousaria! – Ela quase gritou.
- Ousaria sim, você sabe que eu ousaria.
Alicia bufou porque sabia que tinha perdido no argumento, apenas rio com a provocação dos dois, acontece que eles passam a maior parte do tempo nessas briguinhas bobas, eram duas crianças no corpo de adultos.
- Não vai rindo muito Maya, sei que também virei o seu preferido. – Rio alto, céus ele era muito legal.
- Andy a minha preferida foi a Ellie. – Pisquei pra ele que fingiu chorar.
- Não se fazem mais noras como antigamente!
- Pelo amor de deus papai, deixa de drama. – Alicia deu um ultimo beijinho no mais velho. – Dirige com cuidado, manda mensagem quando chegar.
Não demoramos mais, pegamos nossas mochilas no porta malas assim que saímos, damos tchau a ele, que nos fez prometer que em outros feriados iriamos dormir lá mais vezes, e não tinha nem como nega um pedido desses, porque era a fuga de realidade que eu e Alicia tínhamos e precisávamos
Entrelacei minha mão na dela e sorrimos uma pra outra, sorrisinhos bobos e cumplicies, deixo um carinho no dorso da mão dela com meu polegar, começamos a andar pra dentro do prédio dos dormitórios femininos, lado a lado, o silencio não era incomodo era aquele silencio reconfortante, bom e aconchegante que não dá vontade de sair.
Assim que chegamos em frente da porta de madeira escura do nosso dormitório, Alicia soltou minha mão para abrir a porta, quase choraminguei ao sentir o frio de não ter a mãozinha dela na minha, a rosada abre a porta e sorri sapeca pra mim.
- Primeiro as damas. – Reviro os olhos e solto uma risada nasal e entro no quarto depois de fazer uma referência pra ela.
Larguei a mochila em cima do pequeno sofá que havia ali.
Ela ri também e entra no quarto coloca a mochila no chão mesmo, fecha a porta e logo me abraça por trás, ela me beija na bochecha, esfrega o nariz no meu pescoço em um carinho me fazendo arrepiar.
- Você é tão boba e me deixa boba. – Murmurei virando meu rosto e ela logo rouba um beijinho meu.
- É que você me deixa assim, você me faz sentir muitas coisas, tenho vontade de te beijar o tempo todo. – Me viro de frente pra ela ficando com rosto a centímetro do rosto dela.
- Pode me beijar, eu amo seus beijinhos. – Esfrego meu nariz no da Alicia em um beijinho de esquimó.
- Por isso que hoje a gente vai acampar juntinhas. – Ela sorriu com o rosto todo, cheio de dentes, olhinhos quase fechando, uma lindeza.
- Acampar como, coração? – Perguntei franzido a testa, confusão estampava meu rosto todo.
Ela não me respondeu com palavras, Alicia pegou minha mão e me arrasto pro pra perto das nossas camas, ela me larga e logo vai até nossas camas, jogou alguns lençóis no chão e nossos travesseiros, olhei pra tudo aquilo com o nariz franzido.
- Nosso acampamento provisório, sempre quis acampar. – Ela juntou as mãos uma na outra em frente ao corpo, sorriu de forma tímida, bochechas vermelhinhas e tudo, uma fofa.
- Céus você inventa cada coisa. – Dei passos até ela e enlaço a cintura dela com minhas mãos, aproximo minha boca da dela e encho a boquinha rosada dela de selinhos.
- Foge comigo da realidade de novo, meu bem. – Ela sussurrou contra minha boca.
- Nem precisa pedir muito.
Sussurrei contra a boca dela, esfreguei meu nariz no dela, nossas respirações em unisso, e os problemas pareciam sumir nesses momentos, tudo parecia magico, aos tropeços caímos nas camas improvisadas que Alicia fez, rimos e nos deitamos uma de frente pra outra.
- Eu prometo te levar pra acampar de verdade algum dia. – Minha voz saiu baixinha, levei meus dedos até os fios de cabelos dela, enrolo meu dedo nos fios rosas.
- Vou cobra, viu! – Ela exclamou em um sussurro, os olhos castanhos observando cada parte do meu rosto, ela leva uma das mãos dela até meu rosto e acaricia minha bochecha em um carinho.
Meu coração bateu forte contra a minha caixa torácica, borboletas voando à solta dentro do meu estômago, tantos os olhos dela quanto o meu brilhando em paixão ardente e pura, era a primeira vez ficávamos assim tão conectadas ao ponto de olháramos apaixonada uma pra outra.
Não tinha como negar o óbvio, estava apaixonada por Alicia Spencer, é um sentimento real, sentimento bom de senti e ao mesmo tempo dava medo, medo porque sabia que isso não acabaria bem, eu poderia ter meu coração partido, mas agora já era tarde.
Entrei nisso sabendo que poderia me machucar, eu tive a escolha de fugir e resolvi ficar na vida de Alicia.
- Você é tão linda, tem certeza que você é real? – Aproximei meu rosto do dela, nossas respirações se misturando uma a outra, meus dedos escorregaram para o pescoço dela.
- Sou tão real quanto você.
Findei o espaço entre nossas bocas e deixei vários selares na boquinha dela.
- É você é mesmo real. – Sorrio grande, ela solta uma lufada de ar.
- A única pessoa não real é você, você é perfeita demais pra existir nesse mundo. – Ela esmagou minhas bochechas com as mãos, me fazendo ficar com biquinho de peixe.
- Eu sou real, até beijo você. – Minha voz saiu abafada e estranha por conta do aperto.
- Ainda sim acho que você é só uma mera e doce alucinação minha. – Alicia aproxima o rosto do meu e deixa um selar no meu biquinho. – Linda, você é tão linda, esses seus olhos, essas suas sardinhas te deixam tão encantadora.
- Posso ser o que você quiser que eu seja para você, coração. – Falei abafada, ela logo soltou meu rosto e encostou a testa na minha, nossas respirações colidindo uma com a outra.
- Quero que você seja só minha. – Alicia murmurou baixo como um segredo, um segredo perigoso e amedrontador.
- Posso ser só sua então! – Exclamei e encostei minha boca na dela em selar demorado, sinto ela sorrir boba contra minha boca.
Faço uma careta engraçada pra fazer ela rir, olhos vesgos biquinho, Alícia logo riu baixinho, sinto ela abraçar minha cintura por de baixo do cobertor, em seguida bocejando e pisando os olhos lentamente.
- Tô com sono, mais quero ficar acordada com você. – A voz de alicia saiu baixa e calma, era visível o tanto que ela estava tentando relutar contra o sono, mas era uma batalha perdida já.
- Tá tudo bem, pode dormir meu bem. – Minha voz saiu sussurrada apenas pra ela escutar, vejo ela fechar os olhos e concordar com a cabeça, deixo um beijinho na testa dela. – Boa noite minha princesa.
Alicia apenas sorriu fraquinho, não demorou muito pra respiração dela pesar e o corpo dela relaxar e se entregar pro sono, fiquei olhando ela dormir, rosto sereno, respiração calma, um biquinho adorável nos lábios rosados e gorduchos.
Quando me entreguei ao sono, sonhei com Alicia, sonhei que estava tudo bem nos amarmos e ficarmos juntas, no fundo do meu âmago eu queria que fosse real, que estaria tudo bem ficarmos juntas, sem medo.
Mas nossa realidade estava bem distante desse mero doce sonho. 




“Sempre quis viver um amor daqueles de novela, dançar na chuva, viver um belo amor.”
- Bruna Martins

ALICIA SPENCER
 O trimestre estava cada vez mais perto do fim, o fim, algo que já está escrito, já vem pronto, uma coisa que já está escrito no caderno da vida, e meu trabalho ainda estava na metade, metade, fica entre o começo e o fim, entre a vida e a morte.
No dia seguinte acordei sozinha, na cama improvisada no chão, por volta de umas oito horas da manhã, meu horário estava vago, então aproveitei para ficar deitada no emaranhado de cobertores quentinhos e fofinhos, quando eu era mais nova meus pais faziam uma cabaninha pra mim, e lá eu passava hora do meu dia, com meus ursos de pelúcia, era o meu lugar de refúgio de imaginação, onde eu contava pras minhas boneca que um dia seria uma rainha grandiosa.
Acontece que agora olhando bem, não me vejo sendo a rainha grandiosa que eu tanto dizia que iria me tornar, sou uma futura rainha assustada, apavorada, com medo de um fim talvez já escrito.
Me levantei do chão enrolada na manta térmica, afinal estava um tempo meio frio, agradável, vou até a pequena cozinha que tinha no dormitório e faço um café forte para ver se o sono abandona meu corpo de vez, afinal eu tenho um trabalho pra terminar.
E aproveitando do meu tempo vago, era hora de por a mão na massa, ou melhor dizendo na tinta.
Arrasto meus pés pelo piso de madeira escura até a salinha do dormitório, solto um suspiro já casado, conto mentalmente;
Um;
Dois;
Três
E puxo o lençol de cima do cavalete, analiso o que já tenho pitado na tela ainda com partes em branco, era bonito, colorido, e demostrava tudo o que eu vinha sentido no decorrer dos dias, era a arte pura, a beleza das cores e dos sentimentos mais vivos em forma de arte, era o jeito de eu me expressar, te falar que amo em silencio.
Beberico o café, fiquei tanto tempo divagando sobre o quadro, que meu café de quente passou a ficar morno, faço uma careta e coloco a caneca de café em cima da mesinha da sala, volto a me aproximar do quadro, me sento na banqueta em frente do cavalete, olho mais de perto.
Sabia que esse quadro seria polemico, seria confusão na certa, mas foi a forma que achei pra me expressar, era o puro sentimento em cores vibrantes, como meus sentimentos estavam ultimamente alegres e felizes.
Pego a tinta rosa e mergulho o pincel nela, um rosa tão intenso quanto o do meu cabelo, mergulho no copinho de água e passo as cerdas do pincel no esboço do quadro.
Afasto o objeto do quadro e sorrio satisfeita com o resultado do rosa na tela.
Limpo o pincel e mergulho na tinta branca, passos os dedos sobre as cerdas do pincel fazendo pequenos pontos brancos atingirem o quadro, como se fossem pequenas estrelas sobre a tela, sorrio satisfeita.
Quase jogo tudo para o alto pelo susto ao escutar a  porta ser aberta com força e uma Maya chorosa passa pela mesma correndo para o quarto, arregalo os olhos e logo largo tudo e levanto com pressa, nem ligado se o quadro estava coberto ou não, entro no quarto logo em seguida e vejo a garota virada para o lado da parede corpo tremendo pelo choro silencioso.
Me ajoelho ao lado da cama dela e passo uma das minhas mãos nas costas dela, em um mudo sinal de carinho, odiava ver ela chorar, me sentia uma inútil nesse tipo de situação.
- Ei estrelinha, me conta o que aconteceu? – Murmurei depois de um tempo em silencio, Maya se vira de frente pra mim, rosto vermelho pelo choro, fugava ao me olhar, isso doeu meu coração.
- Não quero encher sua cabeça com isso. – Ela fala desviado o olhar do meu, entrelaço minha mão na dela e deixo um beijinho no dorso dela, encosto o queixo nas nossas mãos unidas, e a olho com cuidado.
- Você nunca vai me encher, Estrelinha. – Falo em um sussurro apenas pra ela escutar, ela deixa um sorriso em meios as lagrimas surgir.
- Você é tão boa pra mim, tão boa pra ser real. – Os olhos dela brilham, um brilho diferente, aquilo colou no meu cérebro como cola, como chiclete.
- Que tal eu te dar um beijo e você me contar porque está chorando? – Questionei com uma sobrancelha levantada. – Garotas bonitas não choram.
- Garotas bonitas também choram. – A voz dela saiu chorosa, ela soltou uma risada nasal. – E eu posso pensar se vou aceitar falar ou não, mas eu aceito o beijo.
- Sua pilantra. – Aproximo meu rosto do dela, e colo meus nossos lábios um no outro, em um selar gostoso, sinto ela suspirar apenas com isso, grudo minha testa na dela, olhos fechados respirações em unisso. – Me conta, vai, tô aqui para te escutar.
- Meus pais me ligaram mais cedo, como sempre eles me colocaram pra baixo, dizem que o curso que faço não vai levar a lugar nenhum, que eu devia voltar para casa, deixar de fazer essas coisas que deus desaprova. – A ultima frase saiu cheia de nojo e ironia.
- Eles não sabem de nada, deviam estar orgulhosos da filha maravilhosa que eles têm. – Murmurei fazendo um carinho com meus dedos na bochecha dela.
- Talvez eles estejam certos. – Revirei os olhos com a resposta, desaprovando a fala dela.
- Mayara Cristina retire agora mesmo o que você disse. – Falei e logo ataquei ela com cocegas, a garota ri alto e tenta afastar minhas mãos do corpo dela. – Retire o que disse e eu paro.
- E-eu me rendo, retiro...o que disse. – Sorrio de forma sapeca e deixo um selar nos lábios rosados dela, ela riu de forma nasal, lagrimas secas no rosto bonito.
- Acho bom mesmo. – Maya sentasse na cama e eu fico ajoelhada no meio das pernas cobertas pela calça de roupão que ela estava usando.
- Você é mesmo um ser humano incrível. – Ela segura meu rosto com as mãos, meu nariz toca o dela, meu coração bate feito um doido dentro da minha caixa torácica, céus essa garota me encanta de todas as formas.
- Você tem certeza que existe? – Passo meus olhos pelo rosto coberto de sardas, os olhos bicolores percorrendo cada cantinho do meu rosto, os lábios dela entre aberto em uma respiração calminha.
- Claro que existo sua boba. – Maya deixa um selar demorando em meus lábios, fecho os olhos me deixando levar, ela puxa meu lábio inferior com os dentinhos, me fazendo arrepiar. – Eu sinto tantas coisas por você.
- Eu também sinto muitas coisas por você Mayara Cristina, você me cativa. – Sussurro contra a boca dela.
Antes que ela pudesse falar qualquer coisa um trovão cortou o céu e uma chuva fina começou a cair do lado de fora, sorrio como se tivesse tido a melhor ideia do mundo todo, Maya me olhou desconfiada assim que levanto cheia de pressa e entrelaço minha mão na dela a puxando pra se levantar.
- O que você está pensado aí, hein? – Não respondo de imediato.
- É surpresa, você confia em mim? – Perguntei enquanto levantava uma sobrancelha em questionamento.
- Cofio minha vida em você. – Não me contive, segurei o rostinho dela entre as mãos e enchi a boca dela de beijos, céus ela sabia mexer com meu coração como ninguém jamais mexeu.
Volto a segurar a mão dela e a puxo para fora do dormitório, enquanto corríamos para fora do prédio as pessoa corriam pra dentro, tentando a todo o custo não se molhar, Maya pareceu entender minha ideia, assim que chegamos do lado de fora, a chuva começou a molhar nos duas, rimos em unisso.
- Me concede essa dança? – Perguntei me curvando a ela, coloco uma mão atrás das minhas costas, postura ereta e minha outra mão estendida em direção a Maya, já podia sentir a água da chuva escorrer por meu rosto, mas naquele momento não importava.
- Será uma honra. – Ela fingiu segurar um vestido e fez uma reverencia, rimos alegremente.
Segurei uma mão dela a outra mão coloquei na lombar de Maya e a garota colocou a outra mão no meu ombro, começamos a dançar uma valsa totalmente fora de ordem, volte e meia pisando no pé uma da outra, roupas já encharcadas pela água da chuva, mas nem era um problema no momento, estávamos mais uma vez presa na nossa bolha, fora do mundo real, uma bolha onde apenas Maya e Alicia viviam com sentimentos ainda desconhecidos, já conhecidos.
Maya me rodopia e puxa meu corpo contra o dela, rimos juntas, rostos molhados, respirações descompassadas pela recente dança nada profissional.
- Você é uma péssima dançarina! – Exclamei de forma baixa, mina boca roçando na dela. – Mas tem um sorriso lindo e o melhor beijo.
- Tu não és a melhor dançarina desse mundo, mas da pro gasto. – Ela brinca, reviro os olhos. – Mas é uma pessoa maravilhosa, cheia de luz e apaixonante.
Seguro o rosto dela com as duas mãos, as mãos dela seguram com força minha blusa já molhada, deixo um beijo na boca dela, entreabro meus lábios deixando a língua dela explorar cada cantinho da minha boca, solto um suspiro pelo beijo cheio de sentimentos escondidos, tanto da minha parte quanto da parte dela.
Um beijo molhado pela chuva que cai sobre nossas cabeças e corpos, um beijo igual de filmes, brega e tão confortável. Acontece que fazer breguice com a pessoa que você gosta, passa a ser menos brega e mais bonito. 
- Se continuarmos assim, vou me apaixonar. – Mais do que já estou, pensei comigo mesma.
- Pode se apaixonar, coração. – Me arrepio com a voz rouquinha dela rente a minha boca, sorrio grande, cheia de dentes, caramba, ela não facilitava, deixa meu coração como uma escola de samba, batendo rápido sem parar por um segundo.
Segurei as mãos dela, afasto meu corpo do de Maya e logo começamos a girar, olhos fechados sentido a água da chuva cair sobre nossos rostos, estávamos nos divertindo, quem nos visse de fora, nos achariam doidas, mas pouco me importava, a única coisa importante era manter o sorriso de Maya no rostinho dela, nada além daquilo importava. Eu já estava apaixonada por Mayara Cristina, nem tina como não me apaixonar por ela.
Eu lutaria contra tudo pra ficar com ela, até mesmo contra minha mãe, contra a realeza.




“Com a pessoa certa você viaja por vários luares dentro do próprio sentimento sem precisar sair do luar.”
-Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
 Muitos dizem que amar te cura, te ajuda, por um lado pode até ser verdade, mas entretanto para mim o amor era uma droga, eu me apaixonei pela pessoa que não poderei ter um futuro comigo, amo uma pessoa que ao menos pode me amar de volta, e se ela me ama nem poderia ficar comigo, afinal o destino dela já estava todo escrito,
Eu sou uma mera estudante de moda, uma formiga perto do que a Alicia era e se tornaria daqui alguns anos, eu veria ela casar, veria ela ter uma família, veria ela com alguém que não seria eu, embora isso seja doloroso, eu sabia do risco ao me envolver com ela, agora estava pagando.
Sentir era uma droga.
Mesmo querendo odiar esse sentimento todo, não daria, porque um sentimento genuíno não devia ser odiado dessa forma, não mesmo.
Odiava a forma como as coisas eram, como toda a realidade era uma droga, eu gostava de viajar por momentos irreais com Alicia, gostava de fazer ela rir, adoro fazer ela experimentar coisas novas, mas odeio o fato de acordar para a realidade e ver que tudo não passa de um conto de fadas criado por nos duas, porque Alicia nunca poderia ser a minha garota por completo não quando ela tinha todo um proposito.
- Se continuar com a boca aberta via entrar mosca. – Quase dou um salto quando sinto dedos longos fecharem meus lábios, rio ao ver Cleber ali, com suas roupas coloridas, unhas pitadas de vermelho e acessórios.
- Vai catar coquinho, ashi. – Apoie minha cabeça na minha mão, com a mão livre mexo o canudo dentro do copo de milk sheik.
Era o intervalo para algumas turmas, kate foi pra biblioteca, Wendy ainda estava em aula e Cleber aparentemente também estava com o intervalo vago.
- Conta pra mim o que você está pensando aí, gatinha? – Ele logo roubou alguns docinhos meus, reviro os olhos e rio.
- Ei são meus!
- Deixa de ser olhuda, agra me conta, ou será que serei obrigado a te fazer cocegas para te fazer
falar? – Chego mais pertinho dele, rosto centímetros de distância um do outro, ele levanta uma sobrancelha em questionamento.
- Eu estou apaixonada pela Alicia. – Falei de forma rápida. – Mas eu não posso ficar com ela...bom ela..ela é herdeira de uma fortuna, nos duas não podemos ficar juntas.
Sério que eu inventei isso? céus como sou burra, devia ter mantido minha boca fechada.
- Liga o foda-se e foge com ela para as montanhas, simples. – Ele falou tão sério que quase acreditei, mas logo o sorrisinho sapeca dela surgiu entre os lábios dele. – Olha se vocês se gostam, passem por cima disso juntas, eu sei que você é uma pessoa decidida, não deixa que algo assim atrapalhe o que vocês duas vem construindo.
Quem dera que fosse fácil dessa forma, as coisas eram complicadas, ela não era só uma futura herdeira com uma mãe homófobica, ela era um princesa, futura rainha, logo ela assumiria o trono, e eu só veria ela de longe, por tv, ou quem sabe eu seria a estilista que fara o vestido de casamento dela, para ela casar com alguém que a sociedade achasse “aceitável” por que infelizmente eu não seria uma opção boa para o povo.
- É complicado, não quero ser uma pedra no sapato dela. -Cleber levanta do lugar dele e sentasse ao meu lado, ele abraça meu corpo, encosto minha cabeça no obro dele.
- Você nunca vai ser uma pedra no sapato de ninguém, você é o sol na vida de todos que você entra na vida, e se ela não ver isso, então ela não é pra você. – Fungo ao escutar a fala do garoto, abraço ele de forma apertada, sem ligar se esmagaria ele ou não, era tão bom escutar aquilo.
- Obrigada por continuar aqui e ser um dos melhores amigos do mudo. – Cleber deixa um beijinho na minha testa.
- Mesmo você sendo chatinha as vezes eu nunca conseguiria ficar longe de você por muito tempo. – Reviro os olhos e dou um soquinho na perna dele. – Acho que você diva falar pra ela o que sente de uma vez por todas, não é saudável ficar guardando para si mesma.
- Vou falar, mas tenho quase certeza que não é reciproco, não tem nada em mim que possa ser tão interessante assim, sou apenas uma garota normalzinha. – Dei de ombros, e resmunguei de dor ao sentir um tapa na minha cabeça, nem havia doido, mas eu gostava de fazer o meu drama.
- Para de se rebaixar agora mesmo Mayara Cristina! – Ele exclamou quse em um grito, faço bico.
- Okay não está mais aqui quem falou. – Levantei as mãos em rendição.
- Para sua sorte preciso voltar para o dormitório, tenho que pegar umas pastas para a minha próxima aula. – Ele levantou e eu fiz o mesmo pegando meu milk shake.
- Tenho dois horários vagos, vou é dormir. – Murmurei vitoriosa, caminhando lado a lado de Cleber.
- Sortuda do caralho. – Sorrio convencida e mando beijinho no ar para o mesmo.
Assim que chegamos em frente aos dormitórios nos despedimos, eu logo subi os degraus da escadaria, meu milk shake nesse momento já estava virado em água, faço uma careta, solto um suspiro antes de entrar no quarto, tudo estava nos conformes, sem sinal de ninguém, quando cheguei próximo da minha cama vejo um bilhete em cima dela, amarelo e cheio de corações rosa.
Pego o papel e leio:
- Me encontre as três horas no estacionamento, quero te levar em um lugar, com amor e carinho Alicia Spencer. – Sorrio besta e cheiro o papel que contém o cheirinho dela. – Tão clichê e tão cara dela.
Deixo o copo de milk shake em cima na mesinha de cabeceira, me apresso a sair do quarto, já era três e cinco, estava cinco minutos atrasada, provavelmente a garota já tinha até ido, corro pelos corredores da faculdade, volte e meia esbarrando em algumas pessoas, assim que chego no estacionamento, olho para todos os cantos, até ver uma cabeleira rosa, camiseta de botões com ETS, uma calça jeans e um conturno preto encostada em uma moto.
Caramba que gata, quase tropeço nos meus pés com a visão, sorrio amarelo, minhas roupas estavam tão simples, uma blusa de manga comprida cheia de listras das cores da bandeira lésbica, uma jardineira jeans e tênis branco da vans, droga devia ter trocado de roupas ao menos.
- Pensei que ia levar um bolo, já estava quase indo embora. – Tento não esboçar reação alguma, mas por dentro tudo em mim estava pifando, sempre me sentia elétrica por dentro quando o assunto é Alicia Spencer.
- Eu até pensei em te deixar plantada, mas queria muito te ver. – Brinquei, chego mais pertinho dela, envolvo minhas mãos na cintura dela, a puxo para mais pertinho de mim.
Não demoro para colar nossos lábios em um selar longo, chupo o lábio inferior dela e deixo uma mordidinha logo em seguida, suspiro em deleito, era sempre gostoso beijar ela, sabia que era arriscado fazer isso em público, mas estava pouco ligando e ela também parecia não ligar, e naquela hora ninguém costumava passar pelo estacionamento.
- Preparada para uma aventura? – Ela segura uma das minhas mãos e balança de um lado para o outro.
- Não sei se quero subir nesse troço, imagina se você nos mata. – Falei referente a moto, era preta com alguns decalques em rosa. – Des de quando você sabe dirigir moto?
- A primeira coisa que eu ganhei quando completei a maior idade foi essa belezinha. – Ela aponta para a motocicleta toda orgulhosa. – Maya essa é a tigresa, tigresa essa é a Maya minha garota.
Pisco os olhos com a palavra que ela usou para se referi a mim, meu coração deu um solavanco, escondo meu rosto na curvatura do pescoço dela toda tímida.
- Para de ser assim, tenho o coração fraco.
- Parar de ser como, meu bem?
- Perfeita assim, meu coração não aguenta dessa forma. – Vejo ela sorri grande, sorriso peculiar, quadradinho com dentes alinhados, era apaixonante demais.
- Espero que você goste do lugar que vou te levar, pensei com muito carinho e cuidado. – Ela sussurrou no meu ouvido, mordisco o lábio tentando não esboçar reação, o que era difícil, afinal meu sorriso bobo queria por que queria escapar.
Alicia se afastou de mim e logo colocou um dos capacetes, subiu na moto, ela logo estendeu uma das mãos me ajudando a subir, me entregou o outro capacete, coloquei e circulei meus braços em volta do corpo quentinho dela, meu coração batendo rápido, minhas mãos suadas e centenas de borboletas voado a solta dentro do meu estômago.
As ruas passavam pela minha visão como borrões, cabelos ao vento, solto uma das minhas mãos do corpo da garota e deixo ele aberto, fecho os olhos sentindo a liberdade percorrer por cada poro meu, o cheirinho de Alicia deixava as coisas mais gostosas, com mais sabor de verdade, nesse momento tudo poderia explodir, eu morreria feliz.
Não demoramos para chegar no local, assim que ela parrou a moto, desci, olhei em volta, era um lugar afastado da faculdade, tinha duas arvores em frente do lugar, era uma arquitetura meia antiga, era um prédio, olho confusa para o local, só havia um guarda na entrada.
- Que lugar é esse? – Murmurei a pergunta, a curiosidade me correndo aos poucos, Alicia me ajuda a tirar o capacete da minha cabeça, sorrio em agradecimento, ela logo rouba um selar meu.
- Você já vai ver, mas primeiro fecha os olhos. – Faço o que ela disse, sinto a mãos dela segurar na minha e começar a m puxar para algum lugar que eu não fazia a menor ideia onde estava indo. – Não vale olhar hein.
Estava achando tudo muito divertido e fofo, sinto quando corpo dela para faço o mesmo, franzo a testa em confusão ao não sentir a mão dela mais na minha.
- Pode abrir. -E assim o faço.
No começo tentei me acostumar com a claridade, olhei em volta e abro a boca em choque, era uma sala ampla, era como estar no espaço, vários pontos brilhantes para todos os lados, uma lua bem grande meia amarelada, a sala era parcialmente escura, mas era tudo lindo, eu adorava tudo referente ao espaço, amava a lua, Alicia apareceu no meu campo de visão, bem enfrente da lua com as mãos para trás e um sorriso bobo ornando nos lábios.
- Gostou? Reservei esse lugar inteirinho para você. – Pisco os olhos em choque. – Quero falar o que tenho para te falar em um lugar bonito e que você se sentisse bem, achei perfeito te trazer aqui, lembrei que você comentou que gostava da lua, então juntei o útil com o agradável, achei uma ótima ideia te trazer até a lua.
- Isso tudo é lindo! – Exclamei girando nos calcanhares, caramba ela realmente saiu de um livro de contos de fada, só podia ser isso.
- Não mais lindo que você. – Alicia se aproximou do meu corpo, estávamos agora a centímetro de distancia uma da outra, sorrio de forma fraca.
- Olha eu sei que tenho todo um legado familiar, e fazer parte da minha vida talvez não seja o que você queira, mas eu não posso mais esconder isso, não posso guardar isso para mim, sinto que estou me afogando, que cada dia mais tudo se intensifica, eu tentei, tentei de tudo Maya, tentei correr disso, mas adivinha só eu não consegui, cai na sua lábia, sou encantada pelas suas sardas que parecem milhares de estrelas pelo seu rosto, seus olhos são apaixonantes, cada parte que te compõe me conquistou e continua conquistando, e diante desse cenário, diante de você eu confesso que estou perdidamente apaixonada por ti. – Minha respiração estava descompassada, meu coração só faltou sair correndo de dentro do meu corpo, quase foi possível ver as borboletas voando em volta de Alicia quando ela falava e falava sobre o que sentia, eu estava nervosa, mas estava feliz, sentia que nada poderia dar errado, mesmo ainda existindo um grande barreira no meio de Alicia e eu.
Nesse momento só existia eu e ela, o mundo real podia esperar um pouco mais lá fora.
- Uau,,.isso, caramba, eu tinha te escrito uma carta falando dos meus sentimentos, ia deixar de baixo do seu travesseiro, mas como sempre você me surpreende, e aqui estou eu, a pessoa que menos sabe como expressar em palavras o que sinto, sou mais do toque. – Puxei o ar para os pulmões e continuei. – Alicia eu tentei, tentei não me apaixonar, mas você é encantadora, é maravilhosa e como eu quero ter você só para mim, como quero viver um romance clichê e bobo com você, cada dia mais te quero mais e mais, e aqui estou eu apaixonada por você, você é a minha garota Alicia e vai sempre continua sendo mesmo quando você não puder mais ser minha. Quero viver essa fase com você mesmo que nosso fim esteja escrito.
Ela sorriu grande e quadradinho para mim, Alicia se ajoelhou na minha frente e tirou uma caixinha de veludo roxo de dentro do bolso da calça, assim que ela abre, duas alianças de prata brilharão, coloco a mão enfrente do rosto, meu olhos já lacrimejando, meu corpo todo entrando em gay panic, ela me olhando com grandes olhos cor de mel.
Ela ia me pedir em namoro? Céus eu definitivamente não esperava por isso.
- Eu quero viver isso com você, quero ser sua e quero que você seja minha, quero poder te chamar de amor sem parecer emocionada, quero segurar suas mãos sem medo de você não gostar, quero poder te beijar a hora que eu quiser. – Fungo, Alicia tira uma das alianças de dentro da caixinha. – Mayara Cristina, você aceita namorar com essa princesa perdidamente apaixonada por você?
Me ajoelho ficando na altura dela, as lagrimas já rolavam à solta pelo meu rosto, encosto minha testa na da garota, e encho a boquinha dela de selares.
- Eu aceito, claro que eu aceito. – Com cuidado ela coloca a aliança no meu dedo faço o mesmo com a outra aliança colocando no dedo dela, entrelaço nossas mãos, sorrio com lagrimas nos olhos.
- Eu te amo. – Alicia falou em um sussurro, boca rente a minha.
- Eu te amo, - Sussurrei de volta pra ela, rimos em unisso, lagrimas escorrendo por ambas as bochechas.
E de baixo de uma lua e estrelas holográficas a gente dançou uma música boba e clichê, grudadas em uma dança lenta, sem se importar com o resto de mundo lá fora.
Porque nesse momento a única coisa que importava era o amor que transbordava de cada passo de dança, de cada beijo dado e cada palavra dita e não dita.
Alicia e eu estávamos namorando e nada poderia estragar esse nosso momento, era bom se permitir amar, mesmo que no final meu coração não saísse inteiro de tudo isso.
- Isso sim foi digno de livro.
- Idiota. – falei rindo ela riu também e assim ficamos dançando juntinhas, sem ligar para o mundo lá fora.




“Quando duas garotas se amam é poesia na certa.”
-Bruna Martins

ALICIA SPENCER
Quando duas garotas se amam vira poesia na certa, amar Maya me causava centenas de borboletas no estômago, deixa meu coração pior que escola de dança, amar Mayara era me sentir livre, como se nada no mundo pudesse nos parar, dá vontade de escrever mesmo não sendo lá boa com palavras, eu gostava da sensação que é amar uma garota, é libertador é único.
O amor entre duas garotas tem sabor de liberdade, transborda sentimento, doçura, amar garotas é majestosamente lindo, com uma pitada de “foda-se o mundo, só quero amar, porra.” Era exatamente o que eu estava sentindo, queria apenas amar Maya sem julgamentos, sem medo de segurar a mão dela ou beijar ela em público, quero poder ser livre com ela fora de quatro paredes.
E embora existisse uma parte minha que vive me alertando sobre ir devagar, de ter cautela e correr para longe, eu não dei ouvidos e nem dou, queria viver com Maya tudo o que o mundo nos permitir vivenciar, quero amar ela, quero estar com ela mesmo que o futuro ainda seja um incógnito, queria estar com ela e ponto final.
Isso devia bastar, não? Minha felicidade devia ser o meu princípio, não queria virar uma futura rainha frustrada com a vida, quero viver aquilo que não vivi e provavelmente não vou viver.
Olhei pra aliança mais uma vez, sorrio tão grande com isso, eu estava namorando a garota mais perfeita do mundo, estou namorando a minha garota, estou namorando minha crush de corredor, sinto que nada no mundo pode estragar isso que temos.
Leve doce engano.
- O que você tanto sorri, o que está pensando? – Estamos deitadas sobre uma cama improvisada no terraço do prédio onde eu havia pedido Maya em namoro.
Estávamos uma de frente para a outra, olhando cada parte uma da outra sem medo, nossas mãos estavam entrelaçadas no meio dos nossos corpos, a luz da lua sobre nos duas, as estrelar brilhando á cima das nossas cabeças, era um cenário lindo de se ver, eu poderia pintar um quadro sobre isso, nunca cansaria de ver, porque ao menos passaria o resto da minha vida olhando o grande amor da minha vida.
Poderia pintar Maya penduraria ela do lado da minha cama, porque ela é perfeita, e eu admiro ela demais, agora ela é minha namorada, minha garota, eu poderia dizer isso sem medo, eu poderia beijar cada canto do corpo dela sem medo, Mayara era a minha liberdade, e vivenciar certas coisas com ela era maravilhoso.
- Pensando em pintar um quadro seu. – Lancei sem tirar os olhos dela por um minuto.
- Serei a sua musa, então? – Maya sorriu sapeca, aproximo meu corpo do dela.
- Você já é minha musa, desde que te vi pela primeira vez. – Murmurei, minha testa colada na dela, esfrego meu nariz no dela em um beijo de esquimó.
- Você sabe mesmo como me fazer sorrir feito besta. – Deixo um beijinho na testa dela.
- Te fazer sorrir virou o meu passa tempo favorito. – Virei o corpo dela passei minhas pernas uma de cada lado pela cintura dela, as mãos dela vão direto pra minha coxa, sorrio.
- Você faz isso muito bem, coração. – Aproximo meu rosto do dela, planto um selar nos lábios cheinhos da garota.
- voce tem certeza que é real? – Perguntei passando meus dedos por cada cantinho do rosto corado dela.
As sardinhas salpicando cada cantinho do rosto dela, deixava Maya angelical, grandes olhos, um verde e outro castanho, combinava tanto com ela, que chegava a ser injusto ela ser tão linda, a beleza dela, me encantava a cada segundo, era apaixonante, e fugir já não era uma opção.
- Sou tão real quanto você, amor. – Mordo o lábio inferior, tentando esconder o sorriso besta que insistia em sair.
- O sol já vai nascer. – Lancei, sorrimos cumplice, Maya sai de cima do meu corpo e se acomoda ao meu lado.
Maya deitou a cabeça no meu ombro, nossas mãos estavam entrelaçadas, coloquei uma mantinha sobre nossos corpos, o sol logo começou a nascer  no horizonte.
-  Se eu soubesse pintar eu ia pintar tanto o nascer do sol. – Rio baixinho. – Mas já que não sei pintar deixo pra minha namorada super hiper mega talentosa fazer isso por mim.
Não me contive e deixei vários beijinhos sobro as bochechas da garota, droga ela é tudo o que eu preciso, o que eu mais iria querer se não ela? ela era tudo pra mim, o sol da minha lua.
- Então você que vai fazer nossas roupas do casamento. – Pisquei um dos olhos para ela que sorriu. – Porque você é talento puro, tô doidinha para usar o vestido que você está fazendo para mim.
- Só tá ficando lindo porque minha modelo é você. – Maya se enfio no meio das minhas pernas ficando com as costas encostada no meu peito, fico com a cabeça apoiada na dela.
- Você é meu sol Maya.  – Sussurro contra o ouvido dela, ela se encolheu e rio boba.
- E você é minha lua. – Murmurou ela, entrelaço nossas duas mãos.
Ficamos caladas apenas vendo o sol começar a nascer no horizonte, uma das minhas mãos estava bem em cima do peito dela, senti o coração dela bater tão rápido quanto o meu.
Aproveito para pegar o celular e tirar um foto de nos duas, sorrimos para foto, tiro outra beijado a boca dela, uma fazendo careta e uma rindo toda tremida, estávamos felizes, sem se importar com o mundo lá fora, sem se importar com meu papel dentro da realeza, sem se importar com pessoas homofobicas, sem se importar com nada nem ninguém.
- Vamos dançar. – Maya saltitou para longe, pegou o celular e logo colocou uma música para tocar She de dodie era bonita. – Essa musica eu dedico para você amor.
Me levanto também, circulo minhas mãos na cintura da garota, Maya entrelaça os braços em volta do meu pescoço e começamos a balançar o corpo juntos, encosto minha testa na dela, sorrisos cumplices ornando nossos lábios.
- Você sabe mesmo como conquistar uma garota.
- Eu queria te conquista é diferente.
- E conseguiu.
- É eu consegui.
Estava prestes a responder a garota, quando meu telefone apitou, era uma mensagem, me afasto da garota e pego o aparelho eletrônico, bufo, estava bom de mais para ser verdade.
Rainha mãe @~~@:
Você está maluca em sair por aí
Com aquela moto velha Alicia?
Volta agora mesmo para o campus
Não me faça te tirar dessa escola antes do previsto,
Entendeu mocinha?
Nem me dei ao trabalho de responde ela, solto um suspiro e guardo o celular no bolso, Maya me olha preocupada, sorrio para mostrar que estava tudo bem e que não havia nada para se preocupar.
- Aconteceu alguma coisa? – A garota perguntou, volto a me aproximar dela, seguro o rosto dela com minhas mãos e deixo um beijinho na boca dela.
- Nada que você precisa se preocupar.
Não demoramos muito ali, pegamos as coisas que trouxemos na mochila, caminhamos lado a lado para fora do prédio, assim que saímos, dei um capacete para Maya colocar, ajudei ela a subir na garupa, não demoro para colocar meu capacete, sorrio contida ao sentir os braços da garota em volta da minha cintura para não cair.
- Se segura!
Exclamei e acelerei a moto, Maya grita adorando a sensação de adrenalina correr por nossas veias, caramba era tão bom mostrar um pouco do meu mundo para ela também.
- Abre os braços amor. – Falei alto, a garota logo fez o que pedi, sorrio orgulhosa.
- Isso é muito legal. – Ela gritou de volta.
Liberdade é isso, viver sem medo, sentir tudo intensamente, garotas quando se amam vira poesia melosa, vira aquele famoso clichê, quando duas garotas se amam tudo parece magico, tudo parece ganhar mais cor, mais sentindo, amar Maya me faz desejar amar ela pelo resto da minha vida.
Meu proposito é ela, meu proposito é a coroa, meu propósito é ter coragem e passar por cima de tudo para ficar com Mayara, mesmo que isso signifique passar por cima da minha mãe.
Mas pela minha garota valia a pena fazer isso.




“Não existe nada de errado duas garotas se amarem, porque continua sendo amor igual.”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
Paixão uma palavra forte assim como o sentimento em si, paixão são pequenos gostar, gostar da voz de pessoa, gostar de estar com ela, gostar do som da risada da pessoa mesmo sendo esquisita, gostar de cada beijo de cada toque, paixão era vários gostar em conjunto, e eu gostava muito de Alícia Spencer, de tocar e passar horas afim com ela sem me importar com o mundo lá fora, gostava de estar com ela, tudo parecia se alinhar, tudo parecia certo, porque é certo amar Alicia, cada dia perto dela era sinônimo de paixão ardente, daquelas que te tira do chão mesmo que você não tenha nem sido do lugar.
Eu sempre ouvi falar de amor, li sobre mas nada se comparar com a realidade, amar é um sentimento intenso, te faz submeter a certas coisas que você nunca faria só pra ver o outro sorri, só pra ver o outro feliz, é como se der repente algo novo ligasse no seu cérebro e você quer fazer as vontades da pessoa apenas para ver ela feliz.
Tudo que eu podia fazer pela Alicia eu faria, ver ela sorrir era mágico, era apaixonante, me faz perder todas estruturas, faz cada partícula minha se apaixonar mais por cada partícula dela. 
E agora era um desse momentos, estávamos a duas semanas namorando, e para mim isso já era bastante coisa, estávamos na cantina, junto com meus amigos, Alicia estava querendo meu bolinho, dei para ela, só para ver ela feliz, e dito e feito o sorriso que ornou os lábios dela foram únicos.
- A primeira vez que eu vejo a Maya dar a comida dela para alguém sem reclamar como uma velha ranzinza. — Reviro os olhos e jogo um pedaço de batatinha frita na garota que desviou rapidamente.
- Para ela eu dou o que ela quiser. — Deixo um beijinho na bochecha da garota, uma das minhas mãos estava na coxa de Alicia acariciando a área.
- Que safadinha, não sabia que vocês já estavam nessa parte. – Cléber falou cheio de malícia, reviro os olhos e coloco o dedo do meio para o garoto que apenas ignorou e voltou a comer.
- Agora só falta o Cléber arrumar alguém pra todos nós sair em casal. – Kate Murmurou de boca cheia, faço uma careta.
- Vai ser difícil gatas, talvez só para o próximo ano. – O garoto falou enquanto fazia pose para a selfie que ele resolveu tirar.
- Eu conheço uma pessoa perfeita pra você Cléber. – Minha namorada perfeita como sempre falou, olho para ela totalmente encantada, quase babando pela beleza dela.
Ela é o sol e eu um planeta rodando em volta dela.
Cleber iria responder a ela, mas a presença de um garoto algo, postura inabalada, rosto sério, mãos para trás do corpo como se fosse o todo poderoso, ele olhava diretamente para Alicia, que quase não piscava, o garoto nem mesmo desviou o olhar para o restante do grupo na mesa.
Com cuidado tentei pegar na mão de Alicia mas ela afastou rapidamente e levantou-se, deixando a todos confuso menos o cara em pé, roupas bem passadas, cabelo cheio de laque, nem um fio de cabelo escuro pra cima, olhei para a rosada esperando qualquer resposta mas ela nem ao menos retribuiu o olhar.
- Vem comigo. – Ela murmurou para o garoto e logo segurou na manga do moletom dele e saiu puxando o mesmo para um lugar afastado de nós.
- Okay isso foi estranho pra cacete. – Wendy murmurou e começou a fazer trança no cabelo de Kate.
- Na verdade ela já é bem estranha. – Cleber deu de ombros comendo uma batata frita.
- Da para vocês pararem de falar da minha namorada. – Reviro os olhos, mas por dentro eu estava mais confusa que eles.
Olho para a direção dos dois, alicia mantinha o rosto sério, postura ereta e brancos cruzados, ela não parecia nada feliz em ver o rapaz que estava na frente dela, se eu fosse deduzir ele era alguém da realeza, alguém que ela não gosta muito.
- Eu vou para meu quarto, preciso costurar algumas peças. – levantei pegando minha mochila e colocando uma alça dela no ombro.
- Vê se não some. – Cléber sorriu para mim, deixo um beijinho em cada bochecha e logo saio dali.
Ser negada de segurar a mão de Alicia me deixou deveras pensativa, será que ela tinha vergonha de mim? Olho para o anel de namoro e mordo o lábio inferior com força, não era bom tirar conclusões precipitadas, mas meu coração havia murchado na hora, doeu ser um segredo.
Caminho a passos lentos até o quarto, quando finalmente chego jogo a mochila no chão e caminho até a minha máquina de costura na escrivaninha, me sento na cadeira, amarro o cabelo.
Tiro da sacola plástica as peças para costurar, o barulho da máquina era o único barulho no quarto, o vestido que estava fazendo para Alicia estava ficando impecável, eu consigo reconhecer o quanto sou boa no que faço, e fazer algo que eu gosto para quem eu gosto se torna mais fácil.
Cantarolo uma música baixinha em quanto a máquina ia fazendo o trabalho, era melhor manter a cabeça ocupada para não pirar e não pensar demais, eu precisava de respostas e não demais dúvidas, então esperar era minha única opção, mesmo que a ansiedade por uma resposta estivesse palpitando dentro da minha mente
Não sei quanto tempo fiquei ali costurando, mas só me dei conta da hora quando sinto dois brancos contornando meu pescoço, e sinto um beijinho ser depositado na minha cabeça, sorrio jogo a cabeça para trás, alicia deixa um selar nós meus lábios.
- Desculpa ter saindo feito doida de lá. – A voz dela saiu baixinha, giro a cadeira para frente, deixando a garota no meio das minhas pernas, passo meus dedos pelos passadores da calça jeans dela, deixo um carinho na lateral da cintura dela com meus dedões.
- Quem era aquele? – Perguntei olhando para cada pedacinho do rosto dela, me apaixonando mais e mais a cada olhada.
- Não importa.
- Importa sim, anda me conta.
- Ele é meu noivo, minha mãe o mandou como um lembrete do que sou e só que preciso fazer. – Ela mordiscou o lábio inferior, solto um suspiro e me levanto ficando com o rosto bem próximo do dela, levo uma das minhas mãos para o rosto dela e deixo um carinho ali.
- Não vai ser ele que vai fazer eu desistir de você, de nós. – Minha voz saiu em um sussurro, boca rente a dela, olhos fechados respirações descompassadas.
- Eu só não quero que você pense que não te quero, eu te quero, te quero muito, a vontade que tenho é de jogar tudo prós ares e ficar com você, apenas com você. – Deixo um beijinho sobre a testa dela.
- E a gente vai ficar juntas, tudo no seu tempo meu amor, estou aqui com você e não vou embora. -  Sorrio ao fazer ela sorrir, os olhinhos dela brilhando em puro amor, meu coração batendo rápido contra minha caixa torácica.
- Desculpa não ter segurado sua mão, aquilo me pegou de surpresa. – Mesmo que eu demonstrasse estar calma minha mente gritava.
Um noivo, alicia tinha um noivo, alguém “certo” para ela, alguém que daria um filho a ela, alguém que era “certo” para sociedade, e eu, eu e ela éramos um “erro” para quem visse de fora, aquilo doeu, doeu não poder ser uma pretendente adequada para estar do lado dela.
- Ei, não pensa demais, você é a pessoa certa, é a pessoa pela qual vou lutar para ficar. – A garota pareceu ler minha mente, sorrio contida.
- Eu não quero atrapalhar seu legado. – Alicia leva as mãos para meu rosto, e me olha de forma séria. 
- você nunca vai atrapalha nada, nunquinha, você é tudo o que eu sempre quis, é minha namorada perfeita, pra mim, e isso já basta. – Ela deixa um selar forte em meus lábios, demonstrando toda a frustração e amor através dele. 
- Eu te amo. – Murmurei aquilo pela primeira vez em voz alta e foi liberado.
Alicia ficou alguns minutos em silêncio e logo soltou uma fungada de choro que foi ouvida pelo quarto, era um soluço.
- Você está chorando? – perguntei segurando o rosto dela, os olhos dela estavam cheio de lágrimas. 
- São lágrimas de felicidades. – Ela falou chorosa, abraço o corpo dela com força. – Eu também te amo meu amor, vou fazer de tudo para te assumir para o mundo todo, não ligo se as pessoas me odiarem, ao menos vou estar feliz com você.
- Sua bobinha. – Sorrio feliz da vida e encho o rosto dela de beijinhos, até ela parar de chora e rir. – Gosto mais de você quanto você ri assim, fica a coisa mais perfeita do mundo, até mesmo chorando.
- Já te disseram o quanto você é gay? – Solto uma gargalhada.
- Sou gay por você meu bemzinho. – Finjo que vou beijar ela na bochecha e a mordo.
- Sua canibal. – A risada dela era tão gostosa, dá vontade de escutar sempre, gravar um áudio e colocar como toque no meu celular. 
Talvez eu estivesse muito apaixonada e tudo nela parecia perfeito, mas ela era linda, mesmo ela tendo os defeitos dela, ela não deixava de ser perfeita, não deixava de ser divina, amar Alicia era bom, muito bom.
E mesmo que no final a gente não fiquei juntas, ao menos estou vivendo momentos incríveis com ela, meu coração aguentaria um coração partido, mesmo ele sendo quebrando pela pessoa que mais amo.
- Quem manda você ser gostosa? – Deixo uma mordida nela, mas dessa vez no ombro.
- Sou todinha sua.
- Todinha minha. – Deixo um beijo casto nos lábios rosados dela, sorrio apaixonada. 
- Você me desculpa mesmo por mais cedo, eu entrei em desespero quando vi ele. – Ela murmurou fazendo biquinho logo em seguida, obvio que cai na dela.
- Te perdoa, agora deita comigo, quero ficar abraçadinha na minha namorada linda. – Me deitei na cama, alicia toda sorridente deitou-se ao meu lado, deitou a cabeça no meu peito e circulou os braços dela em volta do meu corpo.
- Eu amo quando você me chama de namorada. – Ela falou sonolenta.
- Eu te amo meu amor. – Falei alguns minutos depois, a respiração dela pesada e fraca, provavelmente ela dormiu de cansada, sorrio.
A verdade que saber sobre tudo isso me fez sentir uns sentimentos duvidosos, ciúmes, medo e raiva por não ser a pessoa “certa” para estar ao lado dela, que pro mundo nosso amor parecia errado, e não devia ser assim, não tem nada de errado em amar, não tem nada de errado em ser feliz, e ao lado dela eu me sentia uma das mulheres mais felizes do mundo.
Valia a pena o medo, a injustiça se no final do dia eu a teria ao meu lado como agora, valia a pena ir contra tudo e a todos que não nos aceitava, valia a pena, mesmo que nosso final feliz fosse mais incerto do que certo.

Valia a pena todo o esforço se no final ficássemos juntas.



“Para ser feliz é preciso agir, plantar coisas boas para no final colher só coisa boas.”
-Bruna Martins

ALICIA SPENCER
  Sabe aquele ditado “esta bom de mais pra ser verdade” era isso que eu sentia, as coisas estavam boas de mais para ser verdade, sabia que no fundo minha mãe já desconfiava que Maya não era apenas minha amiga, a rainha era esperta, e apesar de não ter sido a mãe mais presente do mundo ela me conhecia melhor do que ninguém, porque ela era assim, uma mulher observadora, fria e calculista, o tipo de pessoa que descobre tudo, talvez a culpa disso seja ela ser de escorpião, mas eu também não sou de acreditar em signos.
- Da para parar de me seguir pra cima e para baixo, que saco. – Falei parando no meio do corredor, totalmente brava com Edward que estava grudado em mim a semana toda, ele havia se infiltrado na minha vida como um carrapato, fazia as mesma matérias que eu, me deixava na porta do meu quarto todos os benditos dias, eu quase não ficava com minha namorada a não ser a noite no quarto.
- Sua mãe me mandou exatamente para isso alicia, para ficar perto de você e para nós dois nos conhecermos melhor. – Bufo e coloco as mãos na cintura, olho pra cima querendo que um raio caísse na minha cabeça para eu desaparecer do mundo.
Ainda por cima estava nos meus dias, o que era um saco, e esse garoto já está torrando minha paciência.
- Eu não quero te conhecer, não dou a mínima se você é meu noivo, só quero a porra da minha privacidade e espaço pessoal. – Quase gritei, ele arregalou os olhos azuis.
- Não precisa me xingar, se não gostou dessa decisão da sua mãe, então ligue para ela e fale, simples. – Ele chegou mais perto de mim com um sorriso convencido. – A não ser que você tenha medo do que sua mãe vai falar e achar, do seu namorinho.
Ele falou a ultima parte baixo só para mim escutar, com a boca grudada na minha orelha, eu quis vomitar, empurro ele pra longe de mim e olho para ele com cara feia.
- Eu vou ligar mesmo e reclamar. – Passei pelo lado dele e dei um encontrão no ombro dele e antes de seguir para meu quarto me viro e falo. – Seu cuzão.
Cleber tinha razão xingar é libertador, sorrio e coloco o dedo do meio para o rapaz e logo ando para meu dormitório.
Minha mãe sabia como acabar com mina felicidade, sabia como estragar tudo com o jeito dela, sabia me destruir em segundos era disso que eu tinha medo, tinha medo dela fazer qual quer coisa pra me afastar da Maya, mas eu tentaria lutar por ela.
Entrei no cômodo e tranco a porta com minha chave, Mayara estava em aula só voltaria lá pelo final de tarde, pego meu celular e antes de ligar para a mulher que me gerou, respiro fundo e ligo por chamada de vídeo, ela não demorou para atender, logo o rosto impecável dela apareceu na frente da câmera, cabelos escuros presos lindamente em um coque bem preso, vestido azul marinho, ela era elegante sem precisar de muito.
Era engraçado, porque eu era praticamente a cópia dela, a única coisa que mudava era o cabelo, isso, isso puxei do meu pai, cabelos enroladinhos, e eu amava meus fios de cabelo.
- Quero que o Edward volte da onde ele saiu. – Ditei sem dar tempo de ela falar, a mulher do outro lado da linha riu, uma risada falsa e enjoativa, aperto minha mão em um punho.
- Ele é seu lembrete diário do que você é e do que você deve fazer. – Coloco a língua contra o interior da minha bochecha, era cansativo tudo isso.
- Eu não preciso de um lembrete, eu sei quais são meus deveres. – Murmurei olhando-a sem desviar, rosto sério.
- Eu acho que você se esqueceu no momento que começou a se envolver com sua “amiguinha” – O tom da voz dela no final ficou entre dentes, e me deu raiva, mas me contive.
- Agora não posso ter amigas? – Perguntei impaciente.
- Alicia não se faça de boba, eu tenho olhos e ouvidos por todas as partes, eu sei tudo o que você faz ou deixa de fazer, você achou mesmo que iria deixar tudo por conta sua, eu só estava esperando um deslize seu. – Pisco os olhos, ela estava me espionando, todo esse tempo?
- Como você quer que eu confie em você depois disso, eu tento todos os dias ser a filha perfeita, ser a princesa que você quer que eu seja, para você simplesmente estar me espionado. – As lagrimas já escorriam pelo meu rosto, aquilo era demais pra mim.
- Seu esforço não vale de nada enquanto você estiver com essa garota. – Ela parrou por um momento. – Te quero longe dela.
- Não, não mesmo, você já controla tudo ao meu redor, me deixa ser feliz apenas um pouco. – Sussurrei em lamentação, fraca pra discussão.
- Escuta o que vou te dizer, ou você para de falar com ela, ou eu mesmo a faço sumir da sua vida, destruo qual que oportunidade na vida dela, você sabe que eu faço mesmo. – Aquilo era crueldade, era maligno.
- Eu nunca vou te perdoar. – Falei em meio as lagrimas.
- Você pode estar me odiado agora, mas vai me agradecer no futuro, agora pare com seu drama. – Ela parecia cansada de debater sobre isso.
- Eu te odeio. – Desliguei a chamada e jogo o celular na cama.
Me sento no tapete e abraço minhas pernas, escondo o rosto e começo a chorar, as vezes eu só queria ser uma pessoa normal como todas as outras, ser princesa e futura rainha de um reino era muita preção, tudo parecia pesar mais dez vezes, tinha que abrir mão da minha felicidade, porque a pessoa que eu amo não é bem aceita pela porra da sociedade, isso era um saco.
Nem me movo quando a porta se abriu e Maya entrou.
- Porque a porta estava trancada, vim mais ce.. – Ela parou de falar assim que me viu. – Amor o que houve.
Ela joga a bolsa dela no chão e senta do meu lado e abraça meu corpo, comecei a chorar mais, queria tanto ser normal para poder ficar com ela, era injusto tudo isso.
- Eu odeio o mundo, se eu pudesse salvar alguém só seria você e minha família de criação. – Murmurei em meio as lagrimas, sinto o carinho dela nos meus fios de cabelos.
- Meninas bonitas não choram, eu odeio te ver assim. – Levantei meu rosto todo choroso, encosto a testa na dela e seguro na lateral do rosto dela.
- Eu te amo Maya, nunca duvide disse, eu sou tão fodidamente apaixonada por você, que eu iria contra tudo e a todos nesse mundo, só para ficar com você, mas não quero destruir sua vida. – Maya me olhou confusa.
- Meu bem, está tudo bem, eu também te amo, você não vai destruir nadinha, vamos ficar juntinhas pra sempre. – Deixo um beijo forte nos lábios dela.
Um beijo cheio dos mais sinceros sentimentos, um beijo que falava tudo e ao mesmo tempo nada, um beijo que transmitia carinho e paixão, um beijo regado de lagrimas minhas.
- Aconteça o que acontecer eu prometo voltar correndo para você. – Maya não estava entendendo nada, mas eu também não podia falar para ela, mas o medo de estragar tudo para era maior que nos duas.
Eu conhecia minha mãe o suficiente para saber que ela era capaz de tudo, que ela podia destruir a vida da Maya em segundos apenas com uma ligação e eu não queria ser a causa de tudo, me sentiria a pior pessoa do mundo.
Eu já estava me sentindo, mas eu precisava resolver toda a confusão que minha vida, precisava de tempo.
Maya ficou ali comigo no chão, e naquele momento ela era tudo o que eu precisava, ficamos ali sentas no tapete por muito tempo, juntas como devia ser.




“Há escolhas que devemos fazer para o nosso bem mesmo não sendo uma das escolhas mais fáceis.”
- Bruna Martins.

MAYARA CRISTINA
 Eu nunca fui a garota bobinha apaixonada, com minhas duas ex namoradas que tive que embora tenha sido um rolo de menos de uma semana, nunca fui a garota boiolinha, apaixonadinha, mas agora cá estava eu tentando fazer uma surpresa para Alicia, que embora andasse estranha comigo, eu estava boba e apaixonada de verdade por ela.
Qual quer hora do meu dia eu penso nela, eu vejo algo e lembro dela, eu como algo lembro dela, tudo parece ter ela, e caramba agora entendia que paixão é uma coisa intensa, é algo que foge do nosso controle, quando vemos já é tarde demais.
- Nunca pensei que você seria o tipo e namorada que gosta de dar presentinho. – Kate murmurou, chamei a loirinha porque ela melhor nessas coisas de presentes do que eu.
- Já estou me arrependendo. – Falava cortando mais uma borboleta rosa choque.
- Confia no processo, ela vai amar, talvez isso ajude no jeito estranho que ela tem agido. – Faço um biquinho ao lembrar disso, caramba só queria que tudo saísse perfeito, queria que as coisas melhorassem entre a gente, faltava pouco para um mês de namoro.
- Como foi com a Wendy, sabe, vocês tão a tanto tempo juntas e ainda mantém a chama acesa. – Kate sorri boba os olhos brilhando apaixonada.
- Olha nem tudo é perfeito, tem várias vezes que eu e a Wendy brigamos, mas o segredo, é ser sincera uma com a outra, Wendy além de namorada é minha melhor amiga, confio nela minha vida, tudo é questão de tempo e paciência. – Ela terminou com um sorriso ainda mais enorme.
- Você e a Wendy são minhas mães. – Brinquei e a loira colou mais uma borboleta no palito.
- Sou muito nova pra ser mãe, nem vem. – Rimos juntas, coloco a língua para ela.
O que eu mais prezava nessa vida era minhas amizades, são as minhas pessoas preferidas e isso inclui alicia, eu daria minha vida por eles, porque eles são as pessoas mais incríveis que conheço, então prezava elas, gostava de passar meu tempo com eles, era sempre divertido.
Não sei quanto tempo passamos ali recortando e colando borboleta, mas quando acabamos já era fim de tarde, sorrio com o resultado, era m buque de borboletas rosas com glitter, e uma caixinha com doces.
- Ela vai amar, tenho certeza.
- Espero que você esteja certa, quero fazê-la sorrir.
- Você já faz isso mesmo sem dar presentes, ela te ama da de ver nos olhinhos dela o quanto ela te ama. – Sorrio ao lembrar dela, minha namorada era uma das coisas mais perfeita desse mundo. – Você está muito lésbica, credo.
- Besta. – Dou um soquinho no braço a loira que colocou a língua pra mim.
- vou mandar mensagem pra ela me encontrar no terraço dos dormitórios.
Eu: Amor me encontra
No terraço dos dormitórios
Quero te dar algo.
Amor <3: Quer me jogar lá do alto é
Olha que sou a princesa de um reino inteiro
Eu: Talvez eu joguee mesmo
Brincadeira amor, você vai gostar
Amor <3: Tudo bem
Também tenho algo para falar com você...
Eu: Aconteceu alguma coisa?
Amor <3: Quero falar isso pessoalmente
Até daqui a pouco
Te amo <3 <3 <3
Eu: <3 te amo também.
Desligo o celular e coloco no bolso, pego os presentes, queria chegar primeiro no terraço do que ela, pra organizar tudo.
- Boa sorte, depois conta tudo. – Kate me abraçou apertada tomando cuidado pra não amassar nada do que estava em meus braços.
- Eu ligo.
Deixo um beijinho na bochecha dela e logo saio do quarto de Kate, começando a caminhar até o terraço do dormitório, eu quase sempre ia lá e ficava escutando música olhando para a vista do lago que ficava quase perto da faculdade, eternal era um lugar bonito, tinha muito verde, muita luz, muita cor, bem ao longe dava de ver a pontinha do castelo, em pensar que eu namoro uma princesa e futura rainha.
Até alguns meses atrás eu era solteira com um crush gigantesco pela garota misteriosa do cabelo rosa, e agora ela é minha colega de quarto e namorado e tinha um grande segredo, que para muitos era impossível, afinal todos sabem ou acreditam que a princesa morreu no parto, mal sabe eles que ela era uma mera estudante escondida de tudo e todos.
Assim que chego no terraço levo minha mãos pra trás do corpo, esperando Alicia entrar no terraço, estava ansiosa, não fazia a menor ideia se ela ia gostar, minha curiosidade era imensa sobre o que ela queria falar comigo, mas acreditava fielmente que não era nada demais.
Leve doce engano.
Sorrio grandão quando ela passou pela porta do terraço, ela olhou para todos os cantos antes de sequer olhar para mim, ela caminhou em minha direção a passos vacilantes, parecia incerta com alguma coisa, isso aguçou mais minha curiosidade, ela parecia nervosa, as mãos não paravam quietas, os dentes brancos maltratando os lábios rosados.
- Você veio. – Falei com os olhos totalmente vidrados nela, ela baixou o olhar para os próprios pés.
- Você me chamou. – A voz dela saiu em um quase sussurro, mordisco o lábio inferior.
- Tenho algo pra te dar.
- Antes tenho que te falar algo.
Dissemos as duas juntas, faço bico e concordo com ela, minhas mãos estavam atrás do meu corpo escondendo os presentes que havia feito.
- Antes quero que saiba que eu te amo, que não estou fazendo porque quero. – Solto um suspiro, estava ficando ansiosa com o rumo daquela conversa.
- Tudo bem, eu te amo, sempre vou te amar, o que aconteceu? – Pergunto toda confusa.
- Maya, não dá mais...e-eu não posso....a gente não pode ficar juntas. – Pisquei os olhos tentando entender o que aquilo significava, não queria acreditar naquilo.
- O que você tá querendo dizer com isso? – Eu não queria acreditar naquilo, não queria mesmo, mas o rosto dela entregava tudo. – Ao menos fala isso olhando nos meus olhos.
- A gente não pode ficar juntas Maya, não dá, isso tudo é muito maior do que eu e você. – Agora ela falou olhando diretamente para os meus olhos, com uma postura rígida, aquilo doeu.
Rio de forma irônica, logo jogo em direção a ela a caixa de doces e o buque de borboletas rosas, ela olhou para aquilo sem esboçar reação nem uma, nem parecia a garota amável que ela sempre era, parecia outra pessoa, parecia a mãe dela, a futura rainha de eternal.
- Eu pensei que você me amava o suficiente para lutar por nós. – Murmurei, não iria chorar, embora eu quisesse muito, mas não iria dar esse gostinho a ela, não mesma.
- Maya você não entende, as coisas são complicadas. – Murmurou ela, lábios em uma linha resta.
- São complicadas porque você complica elas, quer saber, só vou voltar pra você se você lutar por nós, se você lutar para a sua felicidade, ao invés de seguir ordens, como você tá fazendo agora. – Ditei de forma seria, não queria ser mais uma peça no quebra cabeça de alguém que nem ao menos tinha voz para lutar.
- Tudo bem, você quem sabe.
Ela falou tão friamente, que por um momento me perguntei se ela realmente me amava, mas ao olhar em direção aos olhos castanhos dela falavam o quanto fazer aquilo estava machucando tanto ela quanto a mim, mas por algum motivo ela não queria que eu soubesse sobre aquilo, bufo.
Passo por ela caminhado de forma rápida de volta para dentro do prédio de dormitórios, não iria conseguir ficar por mais tempo ali, queria chorar, então apenas volto para o quarto da Wendy e da Kate, bato na porta e ela logo se abre, a de fios loiros me olhou e logo desmanchou o sorriso ao me ver com os olhos úmidos pelo choro.
- O que aconteceu? – Ela perguntou, mas não respondia, apenas abracei ela chorando copiosamente sem me importar se aquilo me tornava vulnerável.
- P-posso... dormir aqui essa noite. – Kate nem falou nada apenas me arrastou para dentro do quarto e fechou a porta.
Fiquei ali chorando sem parar, meu coração doía, sentia como se um pedaço dele tivesse sido arrancado de dentro do meu peito, meu ar faltava, meu coração batia lento e torturante como se a qualquer momento ele fosse parar, queria gritar, gritar e gritar, a dor era grande, mas o mais grande que a dor era a decepção, estava decepcionada com a forma que Alicia quis resolver as coisas, como ela nem mesmo lutou, me contou, ela fez a escolha dela, ela escolheu me machucar do que tentar resolver as coisas junta comigo.
Ninguém morre de coração partido, falava mentalmente para mim mesma pra tentar me convencer daquilo, embora eu ache que podia morrer de tanto chorar, de tanto sentir dor.




“Nosso amor virou cinzas e foram espalhadas pelo mar de memória que minha mente é.”
- Bruna Martins

ALICIA SPENCER
Talvez alguém fosse me jugar, pelas escolhas que fiz, e tudo bem, mas embora tenha sido uma escolha dolorosa, eu não confiava o suficiente na minha mãe para acreditar que ela não faria nada, porque ela fazia, ela fazia e deu, eu não queria ser a causa da Maya ter o futuro arruinado, uma de nós tinha que ter um final feliz, e ver Mayara feliz era o que eu mais queria na vida, ela merecia e muito, então era melhor ter o ódio dela do que nada.
O que acontecia quando o amor chegava ao fim, foi a pergunta que fiz a semana toda, quando o amor chega no fim você não quer lembrar da pessoa mas ela nunca sai da sua mente, quando o amor chega ao fim você não quer ver a pessoa mas parece que o universo não colabora, quando o amor chega ao fim você sorri por pura obrigação querendo mostrar que está tudo bem mas nada estava bem realmente, quando o amor chega ao fim você sente falta do beijo, da voz e dos carinhos.
- Você está destruída. – Edward falou após sentar na minha frente com uma bandeja com lanche, eu estava apenas sentada pensando, olhando descaradamente para a mesa que Maya e os amigos estava, o que me confortava era saber que ela estava tão destruída quanto eu.
Olho pra mim mesma, faço uma careta, meus cabelos estavam presos em um coque frouxo, vestia uma roupa de moletom simples e cinza, como eu me sentia, olheiras de baixo dos meus olhos por não dormir direito, eu estava um verdadeiro caos.
- Vê se me esquece. – Murmurei escondendo meu rosto com as mãos, queria sumir.
- Toma trouxe para você, você não comeu nada a manhã toda. – Edward colocou um todynho e um bolinho na minha frente, tento empurrar de volta para ele, mas ele continuou insistindo, bufo e aceito.
- Como você sabe que não comi nada? – Pergunto mordiscando o bolinho, de fato estava com fome.
- Sua namoradinha me contou. – Ele falou em pura ironia, só em escutar a menção dela meu coração saltou dentro do peito.
Então meus olhos vão diretamente para ela, que por incrível que pareça ela me olhou de voltar, mordo o lábio inferior com força, céus aquilo era demais pra mim, me levanto.
- E-eu preciso terminar meu quadro, valeu pelo lanche Ed. – Falei fingindo um sorriso, mas a verdade é que eu estava fugindo para chorar.
Porque doía, doía pra cacete você querer estar com alguém e simplesmente não poder, era uma droga, saio apressada da lanchonete, indo para o único lugar que ninguém me incomodaria;
Biblioteca.
Entro no local e caminho entre as prateleiras, vou para a última estante e me sento no chão, abraço minhas pernas e escondo minha cabeça entre minhas pernas as lagrimas logo se fizeram presentes.
Só queria que as coisas fossem diferentes, que eu fosse apenas a droga de uma pessoa normal, que eu pudesse ser apenas filha dos meus pais de criação, queria poder ser uma jovem adulta normal, que está na luta de terminar a faculdade, que tem problemas com namoradas, mas eu era a futura rainha de eternal, futura rainha de um pais inteiro, tinha pessoas que dependiam da minha responsabilidade, e apenas de eu ser nova ainda tive que amadurecer muito rápido, pra me tornar quem fui treinada pra ser a vida toda.
Pego meu celular e abro a galeria, começo a ver fotos minha e de Maya, tinha dela sozinha e distraída, tinha nos duas nos beijando na frente do espelho, minhas lagrimas rolavam a solta nas minhas bochechas.
A saudade de escutar a voz dela que parecia poesia pura, ela é tudo o que preciso só queria ela, queira poder amar ela sem medo, beijar ela em publico sem ligar para ninguém, eu queria poder ficar com ela, mas a vida parecia injusta.
Desligo o celular de forma rápida ao escutar passos, assim que levanto o olhar vejo a bibliotecária ela me analisa.
- Quanto tempo você não aparecia por aqui. – A voz calma dela soou pela biblioteca. – Por que uma garota tão linda está chorando hein?
- Posso te perguntar uma coisa?
- Claro que pode meu bem. – A mulher logo sentou-se na minha frente com as pernas cruzadas.
- Você acha certo eu fazer algo que alguém quer e deixar minha felicidade lado? – Perguntei fungando baixinho, ainda abraçava minha perna como se aquilo pudesse me proteger.
- Em primeiro lugar essa pergunta nem devia passar na sua cabecinha, nunca deixe alguém comandar a sua vida, só você pode decidir o que é melhor para você. – Mordo o lábio inferior, olhava com um pingo de esperança para mulher.
- Mas e se isso envolve mais pessoas, que foge do meu controle? – Voltei a perguntar.
- Não importa, sua felicidade tem que ser a sua prioridade, se nem jesus agradou todo mundo quem somos nós pra agradar pessoas, priorize sua felicidade, isso que deve importar. – Ela sorriu para mim, um sorriso aconchegante.
Não me contive e abracei ela apertado, ela tinha razão, eu daria um jeito de ficar com Maya, nem que a minoria nos acetasse, mas eu iria lutar pela minha liberdade pela minha felicidade, não deixaria minha mãe ditar o minha vida, não deixaria ela tomar conta de tudo que ela já vinha tomando ao longos dos anos.
Eu lutaria pela Maya, lutaria por mim.
Porque o amor não chega ao fim, ele continua retumbando nos nossos ouvidos, continua correndo entre as veias, continua nas lembranças, na mente e no coração, o amor ele não foge de uma hora para outra, ele fica por muito tempo, e eu não estava disposta a ficar sem a minha garota, eu não iria perder ela, não deixaria ela escorrer dentre meus dedos não mesmo.
Eu lutaria pelo nosso amor, lutaria para ser feliz, não queria casar com o Edward, não queria viver uma vida infeliz, queria ter minha felicidade e dar coisas boa para o meu povo, porque gostar de garotas não fazia de mim menos competente, me faz humana, eu cuidaria bem dos meus súditos.
Eu só precisava de tempo, e esperava que Maya realmente me queira depois de tudo isso, espero que ela me ame, mesmo depois do que rolou no terraço.
Porque pra mim o amor nosso não chegou no fim, ele continua aqui dentro, retumbando nos meus ouvidos, me fazendo lembrar dela dia e noite, me fazendo dormir na cama dela só para sentir o cheiro dela que já estava sumindo, porque ela nem coragem tinha para voltar para o dormitório para mim, então eu iria lutar, lutaria por nós duas e pelo meu povo também;
E por mim.




“Chega um momento na vida que só queremos paz e nada além disso.”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
Eu nunca fui a garota de usar vestido, quando eu era menor minha mãe fazia questão de me fazer usar desde laços no cabelo até vestido brilhoso, e no final eu sempre estragava os peteados e rasgava as roupas brincado, não que eu não goste de vestido, só que eu nem ao menos sei me comportar usando um, gosto de roupas confortáveis, largas e que eu me sinta segura.
Por muito tempo minha mãe projetou em mim a filha perfeita “a princesinha dela” como muitas vezes ela me chamou, até meus treze anos ela controlava tudo desde o meu guarda roupa até meus calçados, mas teve um dia que me rebelei, virei uma versão de mim que sempre me vi no espelho, era agradável para mim mas não para ela, e tudo bem, se nem jesus agradou à todos eu também não precisava agradar ela só porque ela era minha mãe.
Olhando para o Manequim na minha frente tudo o que rodeava na minha cabeça era, alicia vai ficar uma lindeza nesse vestido, sorrio com o pensamento, mas logo desfaço o sorriso, afinal não devia pensar nela quando ela fez questão de me deixar e nem lutou por nos.
E mesmo que eu soubesse que essa era a única opção dela, no fundo bem no fundo desejei que fosse diferente, que ela lutasse pelo nosso amor, que não tinha nada de errado com a gente, que não tinha nada de errado em amar alguém do mesmo sexo, que estava tudo bem.
Mas ela fez a escolha dela quando ela resolveu me deixar sem nem pensar duas vezes.
- Caramba amiga, o vestido tá lindo. – Kate falou abraçando meu pescoço por trás, sorrio abertamente com o abraço dela, Kate era assim, um amorzinho. – Você, sabe, vai entregar o vestido para ela?
- To pensado seriamente em por fogo nele e ganhar um zero na matéria da professora Darcy. – Murmurei soltando um suspiro, a loira da um peteleco na minha testa, rio.
- Não seja bobinha, está perfeito, ela vai amar e ela vai ficar muito linda com esse vestido, uma verdadeira princesa. – Bufo, porque a palavra princesa tinha sempre que me persegui.
- É ela vai mesmo, mas sei lá, sabe, será que o nosso acordo ainda tá de pé, não quero parecer uma idiota. – Kate agora parou na minha frente e levantou mina cabeça segurando no meu queixo.
- Levanta essa cabeça mulher, mostras para Alicia a mulher maravilhosa que ela perdeu. – Após a falar ela deixou um beijinho na minha testa.
- Você acha qu...
- Eu não acho eu tenho certeza. – Ela jogou os fios loiros para trás como se fosse a mulher que mais sabia de tudo e todos, reviro os olhos rindo.
- Eu não me sinto pronta para ver ela ainda. – Murmurei mordicando o interior da minha bochecha.
- Uma hora voce vai ter que voltar para o quarto de vocês, eu sei que é difícil...
- Não voce não sabe, você e a Wendy são praticamente casadas. – Fungo.
- Mas a gente já passou por muitas barreiras também Maya, não foi fácil. – Ela deixou um carinho na minha bochecha.
- A diferença é que a Wendy não desistiu de voce nem voce dela, Alicia nem pensou, apenas me deixou. – Sorrio de forma triste.
- Chega desse assunto triste, voce vai sair daqui, vai pegar esse vestido e entregar para ela, vai levantar essa cabeça e vai mostrar que voce é forte e que nada te abala. – Kate bateu palminha e me puxou para levantar, me rodopiou.
Ela era assim, sempre alto astral, sempre distribuindo sorrisos para todos, sempre sendo um amor de pessoa, mas quem a tirar do sério é melhor correr, porque ela é uma baixinha brava.
- Okay, voce tem razão eu consigo. – Falei e peguei o vestido da manequim com cuidado para não amassar nem estragar, afinal aquilo era minha nota.
Darcy estaria na festa avaliando todos as roupas feitas pelos alunos de moda, cada roupa teria o nome do aluno em uma pequena plaquinha, nervosa era apelido, afinal eu não fazia ideia se realmente estava tão bom assim. 
Antes de sair da sala, deixei um beijinho no rosto de Kate, que me mandou energias positivas, saio pelo corredor como se tivesse dançando uma valsa com o vestido, eu ia conseguir, era só entregar o vestido a ela e sair, não tinha nada demais, a gente nem ia precisar nos falar e..
Ao parar em frente a porta do quarto que eu e alicia dividimos, entro em pânico.
Abortar missão, eu não consigo.
- Vai Maya você consegue, é só dar o vestido para ela e sair. – Falei baixo apenas para mim, coloco a mão na maçaneta e giro, abro a porta e não havia ninguém apenas um quarto vazio.
Menos mal.
Okay pensa, preciso de papel e caneta, deixo o vestido em cima da cama dela, bem aberto e bonito, sorrio ao olhar para um quadro dela com a família de criação dela, ela sorria grande, solto um suspiro apaixonado ao lembrar dela, cada parte dela é tão perfeita para mim, ela chega a ofuscar o brilho do sol até mesmo da lua só em sorrir, só em falar, só em existir.
Vou até minha escrivaninha e pego um postit lilás, pego uma caneta.
“Para você ficar linda no baile
 - Com amor Maya.”
Colo o papel em cima da plaquinha onde meu nome fica, sorrio com o bom trabalho que fiz, imagino como vai ficar lindo nela, como vai cair nas acentuada curvas dela, como cada parte desse vestido foi pensado exatamente nela em mais ninguém, ela era a princesa, mas ainda era a minha garota.
Não é de um dia para noite que se esquece alguém, muito menos alguém que você projetou toda uma vida juntos, ainda mais alguém que seu coração bata feito doido só por estar perto da pessoa, só pela pessoa existir e embora ela tenha me machucado, eu ainda assim não conseguia odiá-la, mesmo que eu quisesse muito isso.
E tudo bem amar alguém mesmo depois de acabar tudo, tudo bem ainda querer a pessoa depois de tudo, tudo bem querer beijar ela de novo até o amanhecer, tudo bem ainda continuar apaixonada pela pessoa, tudo bem amar intensamente.
Mas não da para se perder em alguém se isso significa se perder de si mesmo.
Olho uma última vez para o quarto, um filme se passou na minha cabeça de todos os nossos momentos juntas entre essas quatro paredes, fungo, eu não ia chorar não de novo, eu não podia, não dessa vez.

Fecho a porta com força e corro para longe daquele quarto e de tudo que lembrava alicia, de todos os momentos, de todos os beijos e principalmente dela.



“Mesmo que o mundo tivesse pegando fogo eu te salvaria.”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
Bailes, algo clichê, coisa de filme adolescente daqueles bem clichê, algo que nunca nem foi minha praia, mas cá estava eu com olhos fechados, esperando Wendy terminar minha maquiagem, que segundo ela iria combinar com meu terninho roxo brilhante, mordo o interior da bochecha.
- Já deu?
- Não, fica quieta, falta só mais um pouquinho.
- Por isso eu não deixo essa doida me maquiar. – Cleber falou com a voz transbordando tedio. – To bem afim de furar essa bobeira de baile.
- Nem pensar nisso, todos nós devemos ir, é importante, vai que eu e a Kate vencemos como rainhas do baile, vocês precisam estar lá para aplaudir para nós duas. – Kate murmurou, abro um dos olhos, Wendy deixou um tapa em resposta.
- Fecha esse olho caralho.
- Você é tão amável quanto uma porta. – Falo e arranco uma gargalhada do Cleber.
- Isso vão rindo da futura rainha de vocês. – Wendy falou, certeza que ela estava até fazendo biquinho.
- Vocês são mal com minha namoradinha. – Sinto uma aproximação e em seguida um estalo, elas haviam se beijado.
- Eca que nojo, tem criança no ambiente.
- Você é tudo menos criança Mayara Cristina. – Quem disse foi Cleber, abro um dos olhos e coloco o dedo do meio para ele. – Enfia no seu lugarzinho que não toma sol.
- Como você tá mal comigo Cleberzinho. – Fingi choradeira, logo nos quatro caímos na gargalhada.
- Vocês são péssimos. – Wendy murmurou entre risos, logo sinto ela afastar. – Pode abrir os olhos.
E assim o faço, minha visão ficou turva assim que abri os olhos, pisco minhas orbitas até finalmente enxergar meu reflexo no pequeno espelho, a primeira coisa que vi foi o tanto de glitter roxo e cinza que escorre como lagrimas pela minha bochecha, minha boca com um glos de sabor de cereja, nas minhas pálpebras um esfumado marro e branco e um gatinho com delineado preto.
- Caramba nem estou me reconhecendo, estou uma gata. – Murmurei sorrindo fraquinho.
- Hoje não tem ninguém que nos impeça de beber todas. – Cleber falou levantando da cama.
- Nem tem bebida alcoólica nesse tipo de festa.
- Minha cara Kate, pra isso existe isso aqui. – O garoto mostrou uma garrafinha de metal para todas nos.
- Você é um vadio mesmo. – Falei rindo e abraço ele de lado.
- Gata sem muito toque você vai amaçar minhas roupas. – Olho ele dos pés a cabeça, calça dourada, camiseta branca com uma gravata vermelha desamarrada, um sapato preto, cabelo em um topete, olhos esfumados com pretos que combinava com os olhos dele, e muito glitter também.
- Você está tentando impressionar quem hein? – Wendy que falou.
- Para mim mesmo né more, eu sou um gostoso. – Ele jogou o cabelo imaginário dele para o lado, rimos.
- Okay chega de papinho, bora para festa porra. – Saímos em filinha, logo nos quatro entrelaçamos os braços um no outro e começamos a andar para a festa.
A verdade é que eu estava ansiosa, afinal queria saber se Alicia usaria mesmo o vestido que fiz especialmente pensado nela, meu coração chegava estar batendo forte, tanto que sentia que a qual quer momento ele fosse sair correndo para fora do meu peito segurando um plaquinha “te amo Alicia Spencer” o que seria um desastre total.
Solto um suspiro assim que paramos em frente do ginásio da faculdade, tudo estava enfeitado, fitas de vários tons de roxo e azul enfeitavam a faixada com uma grande faixa pendurada “baile de primavera” tão clichê e previsível, adentramos no edifício, logo na entrada havia um lugar para tirar fotos, decorado com variedades de flores.
- Vem vamos nos quatro tirar fotos. – Não deu nem para contestar contra, Cleber já foi logo nos arrastando para o local. – Quero minhas meninas sorrindo grande ouvirão.
Coloco o queixo no ombro do Cleber e sorrio grande para a câmera, logo um fleche é disparado me deixando até tonta por segundos, sorrimos para o moço em agradecimento, ele logo falou que as fotos estariam reveladas no dia seguinte e que poderíamos pegar a fotografia na diretoria, Wendy e Kate ficaram para tirar mais fotos juntas, eu e Cleber seguimos para perto do ponche.
- Não olha agora, Alicia acabou de chegar. – E só foi ele falar para não olhar que virei nos calcanhares e minhas orbitas captaram o momento exato que ela entrou.
E tudo pareceu parar, tudo congelou assim que os olhos dela encontram os meus, prendo a respiração, parecia que um holofote havia parado sobre ela, porque só ela se destacava no meio das outras pessoas, ela conseguiu consumir meu ar só em existir, conseguia me deixar cheia de borboletas no estômago só por estar no mesmo ambiente que eu, ela era poesia na certa, dava vontade de virar poeta só para escrever sobre ela, viraria escritora só para escrever um livro inteiro sobre ela, que não me faltaria palavras e nem me cansaria, viraria pintora se ela fosse minha modelo, apenas minha, os cabelos rosas amarrado em um coque bonito, ela usava o vestido que fiz, que caiu tão bem nela e um maldito colar com o brasão do reino dela, me lembrando quem ela era, a princesa de eternal futura rainha.
Minha vontade era de sair correndo e tomar os lábios dela em um beijo casto, mostrar para ela tudo o que estava sentindo no momento, queira dançar com ela, falar o quanto ela estava bonita e que conseguiu minha atenção sem esforço algum.
Logo ao lado dela apareceu o Edward, que não demorou para puxar ela para o meio da pista para dançar, e para contribuir logo uma música lenta começou a tocar, nesse momento eu desejei tanto estar no lugar dele, queira tanto que fossemos apenas duas garotas normais, sem todo uma barreira para nos separar, queria poder amar ela na frente de todos, mas as coisas não eram tão fáceis assim.
No mundo real o amor verdadeiro não funciona como nos livros, ele não é o sentimento que salva e cura, na vida real ele não funciona dessa forma, ele destrói, faz você se questionar sobre tudo em si mesmo, te quebra aos poucos e te faz sangra, te faz desejar morrer e não sentir nunca mais, pelo menos era isso que eu estava sentindo vendo Alicia Spencer ali dançando com Edward no meio daqueles adolescentes cheios de hormônios.
De longe vejo ela me olhar com um olhar culposo, eu não poderia culpa-la, queria poder odiar ela, fazer meu coração bater menos toda vez que os olhos escuros dela se mantinham em mim, queria tanto não sentir, mas esse era o problema eu sentia, e sentia até demais, e isso não era um problema até eu me apaixonar pela princesa da faculdade.
Não podia ficar nem mais um minuto ali, não aguentaria vê-la por mais nem um segundo, então corri, corri para longe dali, saindo daquele lugar, só parei quando já estava no meio da estrada, na noite fria só sendo ilumina pelas luzes dos postes, virei meu corpo para trás quando a voz que tanto amo chega em meus ouvidos, e lá estava ela,
O cabelo rosa escuro e cacheados amarados em um coque agora com alguns fios soltos pelo rosto amorenado que parecia ter sido beijado pelo sol, mais bochechudo, a boca cheinha dela agora era maltratada pelos dentes banquinhos, os olhos castanhos escuros cheios de lagrimas prestes a serem derramados, a respiração descompassada indicando que ela havia corrido, o vestido longo cheio de glitter colorido e o maldito cordão real ali me lembrando que ela não era só uma simples e mera estudante.
- E-eu não queria que as coisas fossem dessa forma. – A rosada deu alguns passos mais para perto de mim.
- Mas elas são, e você sabe que pode muda-las e mesmo assim escolheu não mudar. – Minha voz saiu mais quebradiça do que fato eu queria que ela tivesse soado.
- As coisas não são tão simples assim. – Ela quase gritou tentou me tocar mais me afastei, um trovão cortou o céu escuro fazendo um barulho ensurdecedor soar pela noite fria.
- Com você nada é simples. – Falei já podendo sentir as lagrimas quentes correrem pelas minhas bochechas, sorrio triste. – E eu também já entendi que princesas não podem se apaixonar por garotas.
- Eu queria que nosso feliz pra sempre fosse tão real quanto o que sinto por você. – Os primeiros pingos de chuva começaram a cair sobre nós duas, era clichê, mais não um clichê bom.
- Feliz pra sempre não existe na vida real, muito menos entre nós duas. – Era doloroso falar aquilo, ainda mais doloroso ver as lagrimas escorrerem sobre o rosto tão bonito dela.
A chuva começou a apertar caindo sobre nós duas que estávamos perto o suficiente uma da outra, mas igualmente longe, eu já chorava, as lagrimas se misturavam com a água da chuva que caia, respirei fundo e dei um passo na direção da garota que continuou parada, olhei dentro dos olhos castanhos dela e findei o espaço entre nós duas colando nossos lábios e segurando o rosto dela com minhas mãos tremulas e geladas,
Adentrei minha língua na boca dela sentindo minha língua ser abraçada pela dela, costumava associar o beijo dela a uma dança lenta, um encontro de almas cheio dos mais diversos sentimentos, mais esse, esse tinha gosto de dor e despedida, pela primeira vez eu odiei sentir isso, pela primeira vez quis prolongar o beijo até todo o meu ar ser sugado, até todas as incertezas e dores irem embora, o medo de soltar ela era grande, sentia que se fizesse isso nunca mais iriai tela novamente, mas desgrudei minha boca da dela com um selar demorada e juntei nossas testas sem coragem de abrir os olhos e perceber que tudo isso não passa de um sonho e que esse beijo não passou de uma alucinação minha, minhas mãos continuavam sobre as bochechas da garota, nossas respirações estavam descompassadas, meu coração batia em desespero, ela não estava tão diferente de mim, estava agarrada na lateral do meu corpo com medo de me soltar e nunca mais poder me tocar, mais era inevitável, o nosso fim já estava traçado bem antes de tudo começar.
- Acho que isso é o nosso adeus. – Falei de forma sussurrada apenas pra ela escutar, era como um segredo e talvez fosse, porque era isso que o nosso amor era, um segredo e nunca ia passar disso, um dia seria esquecido pela garota a minha frente.
Quando ela ia falar a voz de Edward chamando pela Alicia de longe foi o suficiente para nos fazer sair da nossa bolha de sentimento, me afastei da garota aos poucos deixando que ela se virasse e caminhasse até o garoto, que assim que a viu tirou o casaco e colocou sobre os ombros dela, vendo ela caminhar pra longe, percebi que havia perdido ela, e talvez nunca mais iria ver Alicia Spencer de nono,
O amor não era como nos contos de fadas, quando tinha que acabar ele acabava e não tinha o que fazer a não ser deixar ir, mesmo que doesse.
Continuei ali parada as lembranças de todos os nossos momentos invadindo minha cabeça sem me deixar pensar de forma clara e coerente, era tantos sentimentos e pensamentos que precisei sentar ali na calçada, nesse momento eu já devia estar encharcada pela água da chuva, mais aquilo, aquilo nem era um incomodo, o incomodo real estava na minha alma, no meu coração que agora estava em pedaços, e desejando que a dor fosse embora logo, desejando não lembrar.
Só sobrou lembranças, era só o que sobrava quando tudo tinha um fim, memorias, e talvez era isso que significava o amor, ele acabava mais continuava nas lembranças, nos momentos, tudo ficaria rodando como um disco velho por vários dias, semanas, meses ou anos até um dia não doer mais e virar uma lembrança no álbum de amores que deram errado que as vezes voltamos para dar uma olhada.
E era isso que Alicia iria se tornar, uma memória no álbum de amores errados, agora as lembranças correm pela minha mente, me consumindo a cada momento e a saudade latente batendo no peito.
Mas era melhor assim é mais fácil fingir aceitar até uma hora de fato acreditar que um dia eu vou superar o que quer que tenha sido esse romance,
No fundo eu sabia, princesas não podem se apaixonar por garotas.




“Pintaria nos duas só para deixar eternizado em algum quadro o quanto te amo.”
- Bruna Martins.

ALICIA SPENCER
Sabe quando parece que o tempo costuma estagnar, melhor dizendo quando o tempo começa a andar de pressa, mas eu pareço que parei em algum momento ruim, e você fica revivendo esse momento como um disco velho, mesmo querendo voltar a tomar as rédeas da minha vida, eu não conseguia, enquanto por fora o tempo continua a correr normalmente, eu esta guinei no dia do baile, uma semana e eu continuo revivendo esse dia todos os malditos dias.
Lembro de cada palavra, do sabor do beijo, até mesmo sinto o beijo fantasma nos meus lábios, eu estava enlouquecendo, queria correr direto para os braços da Maya, ligar o foda-se para minha mãe, e fazer o que bem entender sem medo das consequências.
Olho meu reflexo no espelho, coloco a mexa rosa que caia em meu rosto para traz da orelha, parecia que eu não me conhecia, estava perdida no limbo de “quem sou eu, apenas a princesa e futura rainha de eternal?” queria ser mais que isso, queria poder encolher o que iria fazer com minha vida, algo que nunca pude fazer, porque tudo para mim já está mais que escrito.
Desço meus olhos para o cordão real, com o brasão do reino e então ele começou a parecer pesar uma tonelada, encho os olhos de lagrimas, aperto as mão em punho, cravando as unhas na palma da mão, respiro de forma tremula, queria chorar, gritar, correr para os braços de Maya e nunca mais sair, queria fugir para bem longe disso tudo, queria tantas coisas, mas nesse momento meus pés nem se moviam, era como estar presa em uma área movediça, estava com medo que a qualquer monto eu fosse afundar, a sensação de que a qual quer momento eu poderia morrer, que ninguém viria para me salvar, então as lagrimas grossas começarão a deslizar sobre meu rosto, eu estava chorando, estava tremendo, meu coração batia de forma rápida mas não de um modo bom, era ruim e doía, doía como inferno.
Com a mão tremula eu arranco o colar do meu pescoço e jogo para longe, me sento no chão do banheiro e abraço minhas pernas, respiro e inspiro com força, okay cinco coisas que estou vendo,
Papel higiênico,
Toalha,
Pasta de dente,
Escova de dente
E um tapete.
Minha respiração começou a se acalmar o choro era menos intenso agora, ainda respirava com dificuldade, meu coração ainda doía para bater, mas estava melhor, estava muito melhor, me levanto do chão com calma, para não cair, antes de voltar a me olhar no espelho, lavo o rosto, jogo bastante água gelada nele, antes de levantar a cabeça.
Okay, estava tudo bem, eu faria minha apresentação, tudo sairia como devia sair, não tinha nada para dar errado, tudo ficaria bem, era só seguir a vida idiota que tanto todos me lembravam, era só seguir com o plano.
Seco o rosto com a pequena toalha, abro a porta e saio do banheiro, corro até meu quadro e o pego, tinha meia hora para chegar no teatro a onde as apresentações iriam ocorrer, caminho apressada pelos corredores, quase correndo esbarando em algumas pessoas no caminho.
A apresentação seria aberta para quem quisesse ir ver, estava nervosa, não pela apresentação, mas sim porque depois de uma semana sem ver Mayara talvez ela possa estar lá, ela havia dito que estaria, nervosa porque o quadro significava tudo o que eu sentia por ela, todos nossos momentos juntas, era meu eu te amo em forma de arte.
Assim que chego no teatro já tinha muitas pessoas sentadas assistindo as apresentações que já rolavam.
- Graças ao bom deus você apareceu Alicia a próxima é você. – Clarissa a professora murmurou assim que me aproximei dela.
- Acabei perdendo a hora. – Murmurei de volta, olho em volta em busca de Maya, mas sem sucesso.
Logo escuto palmas, a apresentação de um colega meu havia acabado de terminar, respiro fundo.
- Sobe lá e arrasa estrelinha. – Rio com a empolgação que a professora Clarisse falou.
A passos vacilantes subi no palco, respiro fundo e colo o quadro no cavalete que estava em cima do palco, olho para frente, e então eu a vi, ela estava lá no fundo de pé com os braços cruzados, o rosto não esboçando reação alguma, meu coração começou a bater com força, meu corpo tremeu de ansiedade.
- Pode começar quando se senti a vontade. – Clarisse falou e sentou-se em uma das cadeiras vermelhas estofadas.
Faço uma contagem mentalmente antes de tirar o pano do quadro,
Um,
Dois,
Três.
E tiro o pano, revelando o quadro, pintei vários momentos meu e de Maya, tinha do dia da piscina, do dia na casa da minha mãe, nosso primeiro beijo e o pedido de namoro, todos com referências de galáxias.
- Todos esses momentos eu senti o amor, pra mim o amor é isso, um conjunto de momentos, sentimentos que vai se transformando em uma bola e quando você percebe quer colocar tudo para fora, sem medo, nesse últimos meses eu me apaixonei, por uma garota incrível, que me mostrou que o amor são momentos, então quis trazer isso para dentro do meu quadro, quis mostrar um pouco do que senti nesse últimos meses estando com ela. – Falei com o microfone em mãos, de longe posso ver Maya limpando as lagrimas da bochecha, vejo ela sair correndo, então faço o mesmo.
- Alicia onde você vai, volta aqui.
A professora gritou, eu nem liguei, corri para fora também, e assim que saio quase caio por cima de algo ou melhor alguém mais especificamente esbarro na Maya.
- Sabia que você viria atrás de mim. – Eu podia sentir minhas pernas tremendo, como gelatinas molengas, estava nervosa.
Não falo absolutamente nada, apenas circulo meus braços em volta da cintura dela e a abraço, encosto minha testa no ombro dela, o cheirinho dela que tanto senti saudades me abraçava também, nossos corações batendo no mesmo ritmo acelerado como um só.
- Eu senti tanto a sua falta. – Falei fungando, queria chorar de novo, mas dessa vez de alivio por estar nos braços da minha garota.
- Foi você quem escolheu me deixar. – Me afasto minimamente e encosto a testa na dela, nossas respirações se unindo, tremi.
- Minha mãe, ela disse se a gente não se afastasse ela ia acabar com seu futuro, eu entrei em desespero, não sabia como contar, fiz a maior burrada de não te contar antes. – Murmurei esfregando meu nariz no dela, queria tanto a beijar.
- Você devia ter vindo falar comigo, caramba Alicia estávamos juntas nessa. – Aperto mais ela em meus braços quando ela tentou se afastar. – Deixa de ser um coala, me solta.
- Eu sei, eu sei. – Deixo um beijinho na bochecha dela. – Mas eu não pensei na hora, agi por impulso.
- Eu quero te bater, mas também quero te beijar muito.
- Então me beija!
Não demoro muito, Maya segurou no meu rosto com as mãos geladas e selou meus lábios com o dela, suspiro quando ela adentra a língua na minha boca, era um beijo com urgência, com saudade, puxo mais o corpo dela para perto do meu, aperto meus dedos na cintura dela, nossas línguas dançando em pura sincronia pura, chupo a língua dela com avidez, mordisco o lábio dela antes de afastar minha boca da dela.
Então logo em seguida ela rio sapeca e mordeu minha bochecha, nem tão forte, mas não pude deixar de fazer meu drama.
- Caramba, porque você me mordeu, doida. – Massageio minha bochecha com minha mão.
- Isso é por não ter me contado sobre o lance com sua mãe, você
bem que mereceu, me fez chorar e tudo. – Entrelaço minha mão na dela e sorrio bobinha.
- Então estamos bem? Você quer voltar para mim, vamos enfrentar isso juntas, foda-se minha mãe. – Ela me olha e levanta uma sobrancelha, um sorriso bobo ornado os lábios rosados dela.
- Deixa eu pensar...hum. – Ela faz uma carinha de pensativa. – Quero, eu nem mesmo tirei a aliança.
Ela me mostrou a mão e lá estava a aliança brilhando no dedo dela, sorrimos bestas uma para a outra.
- Eu também não tirei a minha. – Mostrou meu dedo para ela, que pegou minha mão e deixou um selar sobre a joia.
- Nunca mais faz isso, ouviu Alicia Spencer. – Mordo o lábio inferior e volto a abraçar ela.
Não estava nem me importando em estar no meio do corredor me declarando para minha mulher, estava focada na nossa bolha, no nosso amor, que não tem nada de errado, nosso amor é tão bonito quanto qual quer outro e não seria minha mãe a me atrapalhar assim, não mesmo, eu não deixaria, iria lutar pela Maya, pela minha felicidade.




“Não importa o que digam sobre nosso amor, ele é tão certo quanto qual quer outro amor.”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
  Reconciliação é uma ótima palavra pra descrever Alicia e eu embolada nas cobertas juntinhas, sem ligar se o mundo lá fora está pegando fogo ou acabando, momentos assim são ótimos momentos para deixar o passado para trás, não estou falando de sexo, estou falando de só ficar com a pessoa em seu braços que você sente que tem o mundo inteiro dentro dele, me sentia exatamente assim vendo alicia nos meus braços, olhando para o filme que rodava na tela do computador, ela estava focada no filme, olhos castanhos presos na tela, metade do corpo em cima do meu, aquela caibra no braço mas sem total coragem de me mexer com medo que ela possa sumir, evaporar.
- Amor o ken está transformando a Barbie landea na cidade dele, por isso que não gosto de homens. – Alicia me olhou e sorriu boba. – Você nem ao menos tá prestando atenção no filme.
- É que estou olhando para alguém mais importante. – Desço meus dedos sobre o rostinho dela, deixo um selar casto nos lábios rosados dela. – Uma garota de cabelos rosa prendeu minha atenção do começo ao fim do filme, você conhece muito bem essa garota.
Alicia sobe em cima de mim, passando as pernas sobre meu corpo, rio baixinho quando ela tenta me beijar e eu escondo o rosto, a carinha que ela fez de chocada foi a melhor.
- Você é uma besta mesmo. – Ela foi fazer menção de levantar, mas seguro no pulso dela a impedindo de levantar, puxo o rosto dela para pertinho do meu e deixo um selar no bico enorme que ela tinha nos lábios fartos. – Droga não consigo ficar muito tempo brava com você, sorte a sua que sou apaixonada por ti ou te colocaria na forca por magoar meu pobre coração.
- Sorte a minha que tenho você todinha pra mim. – Enrosco meu dedo em um dos cachinhos rosa do cabelo da garota. – Eu te amo, coração.
- Quero te levar em um lugar hoje. – Franjo a testa e olho para ela confusa, ela deixa um beijinho estalado nos meus lábios e logo levanta de cima de mim. – Coloca uma roupa bem fresquinha e confortável.
- Vai me sequestrar princesa? – Vejo ela revirar os olhos e colocar o dedo do meio para mim, ela logo foi até meu guarda roupa e escolheu uma bermuda preta e uma camisa de botões com vários ETs verdes, uma meia e um tênis preto. – Que chique minha namorada até escolhe roupa para eu sair.
- Só escolhi dessa vez porque você não tem o menor senso de moda quando o assunto é se vestir. – Alicia ala enquanto começa a tirar a roupa de pijama e ficando de calcinha e sutiã na minha frente, sem o mínimo de vergonha, mordo o lábio inferior e sorrio safada. – Pode torando esse sorrisinho dai sua safada.
Não me contive e deixei um tapa na bunda dela, que quase faltou me matar apenas por olhar, vejo ela colocar short jeans de lavagem clara, uma cropped rosa e um suspensório e os all star rosa também, não conseguia desviar os olhos dela, alicia me lançou um olhar que dizia: “Porque você não se vestiu ainda?” então antes de ver minha namorada pirar comigo, visto a roupa que ela escolheu para mim.
- Como estou? – Perguntei e girei nos calcanhares só para me exibir.
- Você é a namorada mais linda desse universo todinho, sorte a minha ter você só para mim. – Sinto as mãos dela irem para minha cintura, ela é alguns centímetros mais baixa que eu, encosto minha testa na dela e sorrio boba.
- Então que tal me contar para onde você vai me levar?
- É surpresa se eu contar vai perder a graça, você vai amar tenho certeza.
Concordei com a cabeça e deixo Alicia me guiar para fora, fechamos a porta do quarto e seguimos para o estacionamento, e lá estava a moto da garota, estacionada em uma das vagas, caminhamos de mãos dadas até a moto sem ligar para o mundo, estávamos felizes e isso o que mais importava.
Ela sobe na moto e me entrega um dos capacetes.
- Comprei esse capacete apenas para você. – Não pude conter o sorriso, coloco o mesmo sobre minha cabeça Alicia logo fecha para mim e passa o dedo sobre meu nariz em um carinho.
- Você é muito lésbica, não sei com sua mãe não vê, ta praticamente escrito na sua testa. – Falo ao subir na moto, envolvo meus braços em volta do corpo dela.
Vejo ela dar partida e acelerar, sorrio ao sentir o vento no meu rosto, era libertador, me sentia um pássaro voado para longe de todos os problemas, alicia parecia sentir o mesmo, até ousou acelerar mais, não me contive e solto um grito animado, Alicia solta uma risada gotosa, daquelas que voce quer escutar varias e várias vezes como uma música boa, me aconchego mais no corpo dela, ficando com o peito bem grudado nas costas dela, minha cabeça encostada no ombro dela.
Fecho os olhos e me deixo ser levada, confiava minha vida na alicia, sabia que eu estava em boas mãos e seja lá o que ela estiver aprontando eu sei que vou amar, porque amo tudo que essa garota faz ou fala, ela me tem por completo sem precisar de muito, ela é minha garota, minha princesa e futura rainha de eternal, minha amiga e namorada.
Estar apaixonada por ela me causava paz, tranquilidade tudo parecia mais simples e belo ao lado dela, queria ficar para o resto da vida ao lado dela até ficarmos velinhas.
Não demoramos para chegar quando me dou conta a moto parou no estacionamento de um parque de diversão, desço da moto e com ajuda de Alicia ema desfivela a proteção do meu capacete assim que tiro ela deixa um selar nos meus lábios sem se importar com o pessoal que caminhava para dentro do parque, sorrio apaixonada e escondo meu rosto no pescoço dela.
- Porque um parque?
- Queria ter um dia normal com você antes da coroação, quero fazer coisas que namoradas costumam fazer, achei uma boa ideia te trazer aqui pra gente ter um dia juntas, sem se importar com nada nem ninguém. – Levo minhas mãos até o rosto dela assim que ela para de falar, deixo um beijo casto nos lábios dela, sem me importar para quem visse, só queria demonstrar o que sinto por ela, poque caramba Alicia é minha alma gêmea, a pessoa que quero estar para todo o sempre, mesmo que não exista um para sempre, eu faria durar, faria dar certo sem medo do amanhã.
- Você é incrível, sabia? – Falei com a boca rente a dela, sinto ela sorri bobinha.
- Não mais que você. – Ela logo segura em minha mão. – Vem, vamos nos divertir amor.
Me deixo ser levada por ela para dentro do grande parque de diversão, tudo cheio de cor brilhante, fomos até a bilheteria de mãos dadas, sem nos importar com os olhares julgadores, compramos varias fichas para brincar nos brinquedos, o primeiro que fomos foi na montanha russa, a fila estava enorme, mas com tempo a fila diminuiu e logo chegou nossa vez no brinquedo. A adrenalina começou a despertar quando o carrinho começou a subir para o topo e então ela desceu deixando aquele frio na barriga e espinha, alicia e eu gritamos bem alto, unimos nossas mãos e levantamos para cima.
Saímos da montanha russa de mãos dadas sem nos importamos com olhares julgadores, estávamos no nosso mundinho do jeito de devia ser, sem medo de aparece para o mundo, porque não havia nada de errado em amar, não estávamos fazendo nada demais, estamos apenas nos divertindo. Paramos na fila do carrinho bate-bate logo nossa vez chegou escolhi um dos carros e ela também, logo começamos a bater uma no carrinho da outra, Alícia gargalhava, era tão gostoso ver ela se divertindo dessa forma, tão solta, sem medo do mundo, apenas se divertindo como ela não fazia a tempos presa por um legado.
- Acho melhor você correr, vou te alcançar. – Ela gritou para mim rio e tento desviar do carro dela mas foi em vão, ela pechou em mim e rio alto. – Chupa mundo, eu sou demais
Coloco a língua para ela e bato no carrinho dela, alicia me mando beijinhos no ar e eu me derretia todinha, me deixou bobinha e logo pechou no meu carro de novo e saio de perto de mim rindo horrores.
Assim que saímos do brinquedo fomos até uma barraquinha de algodão doce e  compramos dois doces, caminhamos lado a lado conversado e rindo como duas bobas apaixonadas, sem ligar para nada, estávamos na nossa bolha enquanto comíamos algodão doce, Assim que acabou jogamos os palitos em uma lixeira próxima.
- Amor eu quero ir no carrossel! – Faço careta e ela logo segura em meu braço me virando de frente para ela. – Vamos, vamos, vai ser legal
- carrossel é coisa de criança, coração. – Murmurei me deixando ser levada pela garota de fios rosas que parecia uma criança toda feliz me puxando para a fila do brinquedo que ela tanto queria ir.
Quase fomos barradas na estrada do brinquedo mas após alicia pedir com carinho para o moço ele nos deixou passar, ela logo montou em um cavalinho, me sentei ao lado dela em outro cavalinho só que marrom, o brinquedo começou a girar, mas era calmo, olho para a garota que parecia estar se divertindo muito ali, sorrio boba, ver ela dessa forma era uma coisa maravilhosa, era apaixonante, eu não conseguia tirar os olhos dela por um segundo, então ela me estendeu a mão e eu logo a seguro, rindo junto dela.
Vejo ela pegar o celular e apontar a câmera frontal na nossa direção faço uma posse fazendo um V com os dedos sorrindo para a foto. Assim que o carrossel parou de girar saímos do brinquedo, segurando uma na mão da outra, procuramos por mais brinquedos para irmos, tinha tantas opções, e todas elas nos fomos.
Estar ao lado de Alicia seja onde ela estivesse era sem sombra de dúvidas uma das melhores coisas do mundo, ela conseguia me tirar de órbita apenas em me olhar, me sentia a garota mais sortuda do mundo por ter uma namorada tão incrível como a rosada, tudo que compõem ela é perfeito para mim, seja os defeitos e as qualidades, eu sou apaixonada por cada parte dela, amo cada poro dela e nunca cansaria de pensar dessa forma.
Paramos em frente a roda gigante.
- Vamos tirar uma foto bem bonita, quero postar. – Ela estava bem empolgada, alicia pega o celular e coloca na câmera, abraço ela pela cintura, ela passa um dos braços sobre meus ombros, deixo um beijinho na bochecha dela e ela logo tira a foto, bem nesse momento. – Ficou perfeita, você é perfeita.
Ela deixou um beijinho nos meus lábios, vejo ela entrar na rede social dela e postar a foto com uma legenda bem brega “Eu e minha namorada nos divertindo muito, te amo amor.” Ela tinha acabamos de me assumir no Instagram dela, não queria nem ver o que minha sogrinha “querida” iria fazer ou se iria surtar.
- Agora vamos na roda gigante, quero te beijar bem lá no topo. – Como mão tinha muitas pessoas na fila nossa vez chegou bem rápido. – Se ficar com medo pode olhar para mim.
Concordei com a cabeça, sentamos em uma das cabines e logo o brinquedo começou a girar de forma lenta, levo minha mão até a dela e entrelaço meus dedos no dela, sorrio ao ver nossas mãos unidas.
- Eu te amo tanto sabia? – Murmurei esfregando meu nariz na bochecha dela em um carinho. – Sou sortuda de mais por ter você como minha namorada, meu coração é todo seu Alicia Spencer.
A rosada leva a mão livre até minha bochecha e acaricia o local com os dedos gelados, ela encosta a testa na minha.
- Eu não mereço você, céus Maya você é a garota dos meus sonhos, eu li tanto sobre um amor de tirar o fôlego que agora entendo que amor, amor mesmo te deixa tranquila e em paz e é assim que eu me sinto com você, meu amor por você é tão certo e eu não ligo para quem achar o contrário, vou lutar por nós, eu prometo. – Ela entrelaça o dedo mindinho no meu e deixa um beijinho logo em cima.
Olho diretamente nos olhos dela sem desviar ou piscar, estava encantada, totalmente vidrada na garota a minha frente que nem percebi quando já estávamos no topo, mas nem mesmo a visão da cidade a noite era tão linda quanto ela, só ela importava nesse momento, apenas ela tinha toda a minha atenção, nada me faria parar de olha-la.
- Está com medo? – Ela perguntou baixinho, solto uma risadinha fraca.
- Não, apenas não consigo tirar meus olhos de cima de você. – Murmurei e antes que ela falasse qualquer coisa grudo nossos lábios um no outro.
No começo foi apenas um selar molhado, mas logo peço passagem com minha língua, me embebedando com o beijo tão bom que só ela sabia me dar, com o sabor que só ela sabia proporcionar, nossas línguas em uma dança lenta, sinto ela chupar minha língua com avidez, colo mais nossos corpos, quase suspiro entre o beijo, porque beijar Alicia era bom, era viciante, me fazia estremecer, fazia meu coração bater no ritmo do dela, nosso beijos era sempre tão intenso, tão verdadeiro, tão único, que nunca mais encontraria outra boca tão viciante quanto a de Alícia Spencer. 
Deixo vários selares na boca dela antes de afastar minha boca da dela, esfrego nossos narizes em um beijo de esquimó.
- Você é uma boba. – Ela empurra de leve meu ombro, sorrio.
- Por você eu sou tudo o que você quiser que eu seja. – Brinquei, logo o brinquedo parou indicando o fim do passeio, saio de mãos dadas apenas no nosso mundinho.
Porque amar Alicia era certo, não tinha nada de errado em ser apaixonada por ela, e eu continuaria a amando mesmo com toda a tempestade prestes a vir na nossa direção, eu estaria lá do lado dela mostrando todo meu apoio, porque eu tinha total noção que ela seria uma ótima rainha para eternal, eu sabia, eu sentia, e não importava a opção sexual dela, ela continuaria a futura rainha de todo um reino.
Iremos passar por tudo isso juntas.




“Gostar de garotas não te faz ser menos, pelo ao contrario te torna grande por ter que passar por coisas fodas só por amar meninas.”
- Bruna Martins

ALICIA SPENCER
Esse dia entraria para a historia de eternal com toda a certeza, afinal seria hoje, bem na festa que será para me apresentar para o mundo que falaria abertamente sobre meu relacionamento com Maya, sobre minha sexualidade e meu dever como rainha para todo um povo, eu estava uma pilha de nervoso, um carro havia ido me buscar na faculdade e agora estou a caminho do castelo, quase tendo um mini infarto, eu poderia contar nos dedos o tanto de vezes que vi minha mãe de sangue, e foram poucas as vezes, meu nervosismo se misturando com a ansiedade de ver minha mãe cara a cara.
É que esse dia parecia que nunca ia chegar e cá estou eu, prestes a enfrentar tudo pela minha felicidade, prestes a ir contra tudo o que minha mãe acredita e me ensinou como rainha, eu não só a decepcionaria como faria ela entrar em colapso, mas ela teria que me engolir, teria que engoli mesmo não me aceitando da forma que sou, ela aceitaria uma hora ou outra, mesmo que isso demore um pouco de tempo.
- Chegamos princesa. – Passei tanto tempo nos meus devaneios que nem vi quando chegamos, olho para fora da janela, minha barriga pareceu se revirar e gelar, o castelo era grande, era assustador de perto.
Quando eu era menor eu achava um máximo, eu corria pelos corredores, brincava, era ensinada sobre o que era certo ou errado, aulas de etiquetas, era magico na época, mas agora, agora me dava vertigem, um medo gigantesco, nada de felicidade entrou no meu corpo ao olhar para o edifício, não como antigamente.
Apenas concordei em silencio, quando fui abrir a porta ela abriu sozinha e do outro lado estava  Joaquim, me olhando com um sorriso gigantesco, nem ligo se seria falta de educação, apenas saio do carro e o abraço fortemente, Joaquim era o meu melhor amigo e conselheiro real, meu fiel escudeiro.
- Você parece ter crescido alguns centímetros. – Sussurrou ele em um abraço de quase me tirar do chão.
- A única parte boa de voltar aqui é você. – Deixo um beijinho na bochecha dele.
- Você tem muita coisa para me falar, quero saber de tudo depois. – Só me afastei quando escutei um som arrastado de garganta.
- Que tipo de modos são esse Alicia. – Isis a atual rainha de eternal conhecida como minha mãe estava no topo da entrada, com postura inabalável, rosto sem nem uma expressão, vestido longo e vermelho moldava o corpo esbelto dela.
- Estava com saudades de mim mamãe? – A ironia correu como veneno entre minhas palavras.
- Deus de quanto tenho tempo de sentir saudades suas alicia. – Ela se virou e antes de andar ela fala: - Venha logo não temos todo o tempo do mundo para banalidades.
Bufo, Joaquim me deseja sorte e eu logo subo os pequenos degraus da entrada, assim que passo pela enorme porta marrom escura, sorrio, não havia mudado nada, as coisas ainda continuam ali, quadros de todos os ancestrais com bordas banhadas a outro, grades cortina nas grandes janelas, as paredes de pedra rustica dava um ar de riqueza, já havia milhares de empregados andando de um lado para o outro, arrumando o grande salão para a festa, que seria aberto para todos os plebeus entrarem para conhecer a misteriosa princesa de Eternal.
É uma responsabilidade gigante, com as mãos para trás do corpo sigo Isis até a sala do trono, ela não parecia nada feliz, eu já até sabia o motivo dessa indiferença cruel dela comigo.
Isis já sabia sobre minha reconciliação com Maya, só podia ser isso.
- Eu te peço uma coisa e você não pode ao menos cumprir. – Vejo ela sentar no grande trono roxo com pedras cravejada no ouro. – Te pedi para ficar longe de confusão e você decide que seria uma ótima ideia se aventurar com uma menina.
- Não foi só uma aven...
- Calada, não mandei você falar ainda. – Pisco os olhos tentando afastar as lagrimas que queriam sair. – Não vem chorar para o meu lado, graças ao bom deus ninguém desconfia que você é a princesa, ou tudo estaria perdido, seria uma vergonha para nosso reino, uma rainha que gosta de meninas, isso seria o fim.
- Goste você ou não, eu gosto de garotas, eu amo amar meninas e não tem nada de errado comigo. – Lancei já com lagrimas escorrendo sobre minha bochecha.
- Tem tudo errado com você, eu sempre te disse que ser rainha é abrir mão de tudo, até mesmo de você mesma pelo povo, pelo reino. – Ela era cruel, realista ao mesmo tempo.
Eu tinha noção que Isis precisou largar toda a vida dela para virar rainha, na época ela era apaixonada perdidamente por um pessoa, mas ela não pode ficar com quem queria, sabia que por trás de toda a crueldade dela teve uma menina encantador, apaixonada pela vida que infelizmente teve que largar tudo pelo reino e pelo povo.
Mas eu não faria isso, eu escolheria minha felicidade e meu povo, eu iria lutas pelas duas coisas e conseguiria, estava na hora de quebrar esse ciclo de horror.
Sabia que não seria fácil, mas queria arriscar.
- As coisas não precisam ser dessa forma, não de novo. – Me aproximei dela de deixei um beijinho na bochecha dela me viro e saio, mesmo escutando a voz dela de longe, não voltei, e nem iria voltar.
Eu só iria sair do meu quarto na hora da festa e olhe lá, subo as escadas correndo, sem me importar se aquilo podia me machucar, assim que chego no andar do quartos vejo uma porta branca no final do corredor, lá ficava meu lugar que nunca de fato me pertenceu.
Caminho a passos vacilantes ate o local e abro a porta que range no processo, olho em volta, cama bem arrumada, cobertores brancos sem cor nem uma, paredes em um lilás, uma escrivaninha, um guarda roupa e dois bidês, olho para cima e vejo as estrelinhas florescentes que fiz questão que colocassem no teto quando eu apenas tinha sete anos, mas mesmo assim nunca me senti em casa, nunca me senti pertencente desse castelo, era como viver em um lugar sem realmente quer estar nele, mas você não tem muito o que fazer e precisa apenas segui com a vida, mesmo que seja uma sensação horrível morar em um lugar que você não consegue se encaixar.
Caminho até a cama e me jogo de costas nela, esfrego o rosto com as mãos, totalmente perdida em pensamentos, afundando meu bom humor como se fosse um navio quebrado e cansado de tanto viajar pelos mares, estava me sentindo esgotada, sem o menor animo para uma festa imensa, queria apenas me esconder de baixo dos cobertores e nunca mais sair, até todo esse pesadelo macabro acabar.
Escuto me telefone tocar no meu bolso me apresso em pega-lo, sorrio ao ver de quem se tratava, mordo o lábio inferior e atendo:
- A que devo a honra dessa ligação maravilhosa. – Passo a língua sobre os lábios que ressecaram no mesmo segundo que atendi.
- Deu saudade de escutar sua voz. – Prendo um sorriso besta ao escutar a voz rouquinha dela bem no meu ouvido.
- Queria que você estivesse aqui, tudo seria mais simples. – Quase choramingo e escondo o rosto no travesseiro.
- Eu vou fazer de tudo para ir te ver pessoalmente. – Ao escutar aquilo meu coração faltou só derreter. – Guarda a última dança para mim.
- Você sabe que nem mesmo precisa pedir.
- Estou doidinha para te beijar na frente de todo mundo.
- Eu estou doidinha pra isso também. – Sinto meu coração bete de forma rápida dentro do meu peito, rio baixinho.
- Tá rindo do que, amor? – A curiosidade transbordava das palavras dela.
- Que você não precisa de muito para fazer me coração bater feito doido. – Mordisco a ponta do dedão e sinal de nervosismos.
- Quem diria que uma garota tão comum como eu teria o coração de uma princesa e futura rainha. – Reviro os olhos para a fala dela.
- Estou revendo se você ainda pode continuar com meu coração.
- Não faz assim comigo não.
- Faço sim senhora!
- O que vai ser de uma mera camponesa como eu sem o amor da minha amada e belíssima namorada? – Foi impossível segurar a risada, logo rio alto, só Maya mesmo para me fazer rir e esquecer um pouco do mundo real fora desse quarto.
- Droga você sempre vence, como pode isso. – Murmurei em meio a um biquinho sem nem perceber.
- Está fazendo biquinho?
- Ashi, você me conhece bem até demais. – Resmungo e abraço meu travesseiro.
- É que eu gosto de te observar. – Tento prender um sorriso, mas tarde demais ele saiu sem eu nem perceber.
Estava prestes a responder ela quando escuto batidas na porta, me despeço da Maya que me mandou um beijo e prometeu estar aqui no baile essa noite, apenas grito um “entre” e logo a figura do Joaquim aparece, ele entra sorrindo safado e fecha a porta.
- Sua mãe me mandou vir aqui preparar as coisas para hoje a noite. – Solto um suspiro desgostoso e coço a nunca. – Mas também estou aqui como seu amigo, então desembucha me fala tudinho.
Enquanto ele arrumava meu vestido que eu iria usar pela noite, eu contava tudo para ele dês do inicio, detalhe por detalhe, ele ria da minha cara vez ou outra, me abraçava e chorava dizendo que eu havia crescido e me tornado uma verdadeira adulta.
- E foi isso.... – Terminei de falar e ele logo me abraçou mais uma vez.
- Você amadureceu tanto, meu deusinho. – Rio a sentir monte beijinho ser depositado na minha testa.
- A gente nem tem tanta diferença de idade seu, bobo. – Coloco a língua para ele que fez o mesmo e colocou a língua para mim também.
- Mas para mim você sempre vai ser minha bebezinha, crescendo, agora só falta mostrar para a rainha Mãe quem é que manda agora. – Pisco para ele. – Você por acaso tá me escondendo algo?
- Se eu contar deixa de ser um plano.
ӁӁӁӁӁӁ

Horas depois: Castelo de eternal.

O ar parecia faltar nos meus pulmões, era como estar espremida por milhares de pessoas, tudo isso para minha cintura ficar delineada.
- Encolhe mais a barriga princesa. – A criada fazia um grande esforço para fechar o corcel sobre minha cintura.
- Se eu encolher mais que isso vou desmaiar. – Eu já estava com a armação da saia cheia só faltava a mulher de meia idade fechar o corcel, o que estava sendo uma terrível luta.
- Eu ainda te disse para não comer tanta porcaria, era melhor nem mesmos ter ido para faculdade nem uma. – Isis estava em pé com a postura ereta bem na minha frente, enquanto eu me apoiava na cama para não perder o equilibro. – Dei-me licença.
De começo estranho, mas ela afastou as mãos da senhora e puxou com tudo a cordinha que prendia o corcel atrás, tusso quase sem ar.
- As vezes só é preciso fazer um grande esforço para ficar perfeita, ficaria mais perfeita se tivesse tirado essa cor horrível do seu cabelo. – Bufo, ela só sabia me criticar.
Deixo que a senhora continue me deixando de acordo de como minha mãe queria.
Passaram-se horas e assim que me olhei no espelho nem mesma me reconheci, meus cachos se perdiam sobre uma cascata de uma trança, uma maquiagem leve ornava meu rosto, corro os olhos para o vestido cheio, era de um rosinha claro, eu estava bonita e totalmente diferente, a única coisa que me incomodava em todo esse look são os sapatos altos.
- Você tá belíssima. – Minha mãe falou abraçado meus ombros e me olhando através do espelho.
- Estou exatamente do jeito que você queria que eu estivesse. – Lancei um olhar nada feliz para ela.
- Não me olha assim, só quero que você cause uma boa impressão para o povo, imagina só o baque que vai ser quando todo mundo olhar para a princesa que por muito tempo eles achavam que estava morta, vai ser um choque, mas quero que seja um choque bom. – Ela deixou um beijinho na minha bochecha, quase arregalei os olhos com isso, era uma das primeiras vezes em tempo que ela fazia isso.
- De o seu melhor.
E ela simplesmente saiu me deixando sozinha no quarto, antes de qualquer coisa jogo os saltos para longe e calço meu all star rosa, sorrio me sentindo extremamente melhor.
- Okay Alicia, você vai lá, mostra quem você realmente é. – Falava com meu reflexo no espelho.
A festa já estava começando, eu podia escutar a musica alta tocando.
Meu corpo todo estava em alerta, na minha cabeça tudo parecia mais simples, mas olhando agora isso é difícil, vou me assumir lésbica na frente de todo mundo, ou entrarei para os livros como a maior piada ou a pessoa que fez história.
Mas gosto de pensar que vou entrar para a história como uma lenda, porque eu iria me assumir, iria assumir meu namoro e quem sou de verdade, iria ser verdadeira com meu povo, era o que eles mereciam.
Se passou alguns minutos e logo um guarda real apareceu na minha porta e disse:
- Princesa está na hora. – Apenas concordei com a cabeça e o segui para fora do meu quarto, paro no topo da grandes escadaria, já podendo ver o tanto de pessoa, todas esperando para o grande triunfo da noite, vi amigos de faculdade, professores, confesso que isso me deixou morrendo de medo, com calma e toda graça possível desci as escadas sendo seguida pelo guarda, algumas pessoas me olhavam e se perguntavam se era eu a princesas, já outros nem deram tanta bola assim.
- Uou, então você que é a princesa misteriosa? – Levo o maior susto ao escutar a voz do Cleber bem próximo de mim.
- Meu deus, você quer me matar do coração? – Sussurro para o mesmo. – Bom sim, eu não podia contar.
- A Maya sabe? – Prendo os lábios em uma linha reta e concordo com a cabeça. – Meu deus que safadas, e esconderam isso da gente por todo esse tempo.
Solto uma risadinha baixinha.
- Falando nela onde ela se meteu? – Pergunto baixinho, olho em volta e não vejo nem sinal da garota de olhos bicolores e cabelo curtinho.
- Não faço a menor ideia, meu anjo ou melhor dizendo, alteza. – Ele se curva diante de mim deixo um tapa nele após ver que o que ele estava fazendo, estava chamando a atenção das pessoas.
- Para as pessoas estão olhando. – Cleber apenas ri do meu desespero.
Antes mesmo do garoto falar, engulo em seco ao ver minha mãe a rainha subir no pequeno palco, pegar um microfone.
- Então eu iria deixar para apresentar nossa misteriosa princesa no final, mas acho que já escondemos ela por tempo demais de vocês todos, e eu como a rainha de todos quero contar a verdade. – Ela estava majestosa no vestido verde esmeralda com dourado. – Então com vocês minha filha, princesa Alicia de Eternal.
Então um jogo de luzes branca me atingiu, todos balbuciavam surpresos, alguns pareciam estarem chocados, outros pareciam felizes em me ver já outros aborrecidos, caminho pelo mar de pessoas com a cabeça erguida mesmo estando morrendo de vergonha por dentro.
Subo no pequeno palco, minha mãe sorri para mim e me entrega o microfone, ela logo sai do palco me deixando sozinha.
- O-oi, é bom...bom eu. – Gaguejo respirando fundo, de repente respirar parecia difícil, parecia que corcel parecia mais apertado diante da minha cintura.
Passo os meus olhos por todas as pessoas presentes ali, vejo minha família de criação sorrindo orgulhoso de mim, vejo Cleber, Wendy e Kate me mandando boas energias de longe, e então eu a vejo, Mayara Cristina entrando no salão, os olhos bicolores presos em mim, os cabelos curtos soltos e um terninho preto com detalhes branco, então sorrio e respiro fundo.
Sabia que depois que eu fizesse isso não teria volta.
- Eu sou Alicia Spencer princesa e futura rainha de vocês, durante toda a minha vida eu fui treinada para esse momento, antes parecia fácil porque já estava tudo ensaiado, tudo programado, mas não seria eu, não seria real. – Vejo de longe Isis me olhar com os olhos pegando fogo, apenas rio amargamente. – Então aqui estou eu abrindo meu coração para todos vocês, eu sou uma princesa que se apaixonou por uma garota, sou uma estudante de artes.
“Mas nada disso me fara menos rainha, não me faz menos rainha me apaixonar por garotas, não me torna menos rainha eu ser lésbica, nada disso me torna menos rainha para todos vocês, então eu peço com todo o amor e carinho que já nutro por vocês, me aceite, nos aceitem.
Eu prometo que meu dever com vocês vai continuar o mesmo.”
Então as pessoas começaram a falar.
“Ela é corajosa, já gostei dela.”
“que absurdo.”
“ela vai nos levar a ruina.”
“que orgulho da minha bebe, isso aí linda arrasa.”
- Então Maya eu não ligo se o mundo acha o nosso amor errado ou se amanhã quando acordarmos as pessoas vão nos olhar com ódio, o que realmente importa é poder te chamar de minha na frente de todo mundo sem medo do que as pessoas vão pensar, porque estar com você é o que eu sempre quis e o que sempre eu vou querer. – Falo e largo o microfone, desço os pequenos degraus do palco e as pessoas vão abrindo espaço para eu poder passar.
Os grandes olhos bicolores dela estavam marejados, as pessoas se mantinham em silencio só observando meus passos, pego a mão dela e entrelaço nossos dedos um com o outro, sorrimos uma para a outra.
- Eu te amo. – Ela sussurra para mim e eu sussurro de volta para ela.
- Princesas também se apaixonam por garotas. – falei em alto bom som para todos ouvirem, o silêncio era ensurdecedor, mas nesse momento a única coisa que importava estava bem na minha frente me olhando com os olhos brilhando em lágrimas.
Mas não demorou muito para uma rainha furiosa entrar no meio da multidão e puxar meu pulso com força, ela estava furiosa,  tinha até medo dela me matar.
- Acabou a festa. – a mulher gritou, todos começarão a sair, enquanto isso Isis me arrastava para longe da multidão, para dentro de uma das milhares salas de dentro do castelo.
Eu sabia que estava ferrada mas pouco me importava, eu estava feliz, sabia que tinha escolhido a coisa certa.
- Você nos envergonhou, você destruiu todo um legado sua garota estúpida. – Ela me jogou em uma das salas nem ligando de iria me machucar. – Eu sempre soube que você seria a destruição disso tudo, queria tanto estar errada sobre você, mas olha o que você fez.
- Eu não fiz nada de mais, eu apenas confessei o meu amor pela Maya e disse a verdade, não tem nada de errado nisso. – Murmurei, nem dei tempo de pesar muito o tapa veio forte na minha bochecha, ela havia me batido.
- Você é uma vergonha para essa família, devia ter morrido ao invés de ser salva. – ela cuspiu as palavras duras na minha cara e saio pisando duro, mordo o lábio inferior e rio sem achar graça de nada.
Já estava feito, e eu não estava nem um pouco arrependida, eu me seria grandiosa, havia me confessado para todos, havia mostrando que princesas também se apaixonam por garotas e não tem nada de errado nisso.
Seguro a saia do vestido e corro para o salão de festa esperando fielmente que Mayara estaria lá me esperando, assim que adentro o local passo os olhos por todo o salão até ver ela encostada em uma pilastra, não tinha mais ninguém ali a mão ser eu e ela.
- Você ficou. – Caminho até ela e ela até mim.
- Você tá me devendo uma dança.
- Sabe que nem precisa pedir duas vezes.
- Então princesa você aceitar dançar com essa merda plebeia? – Mordisco o lábio inferior e concordo com a cabeça.
Vejo Maya correr até a caixa de som e por uma música lenta para dançarmos, ela caminha a passos lentos até eu, e assim que para em minha frente ela estende uma das mãos e a outra ficar nas costas dela.
- Me concede essa dança?
- Com todo o prazer. – Faço uma reverência e logo seguro na mão estendida dela.
Maya leva a mão dela para minha cintura e eu levo minha  mãos para os ombros largos dela, dançávamos por todo o salão, como se estivéssemos flutuando pelo local, sem ligar com o que aconteceria daqui para frente, estávamos felizes e isso que importava, faríamos um jeito em tudo juntas, seria eu e ela contra o mundo, contra tudo e todos.
Encosto minha testa na dela, nossas respirações ofegantes, sorrisos largos, olho no olho, os dois corações batendo rápido em dentro da caixa torácica de cada uma, seguro o rosto dela com as duas mãos e colo nossos lábios em um beijo forte.
A garota me puxa mais para perto do corpo dela, a música de fundo deixava tudo mais mágico, o beijo começou lento, cheio de amor, era doce, quente como o verão, confortável, mas logo envolvo minha língua na dela deixando o beijo mais afoito, chupo a língua dela com volúpia, mordisco o lábio dela e sugo em seguida, me afasto minimamente.
- Vamos passar por isso juntas.
- Juntas. – Ela entrelaçou o dedo mindinho dela no meu e deixou um beijinho em cima.
Sorrimos uma para outra, com coraçõezinhos tranquilos, sem medo apenas estávamos sendo duas garotas felizes e apaixonadas.
Lutaríamos contra tudo e todos se estivéssemos juntas, eu sabia que Maya e eu seria para sempre, meu amor por ela é incondicional, eu me declarei para ela na frente de todo um público e não me arrependo, faria mais mil vezes se fosse possível, queria ser feliz, poder escolher quem eu quero ou como quero que minha vida siga em diante.

Estava tudo bem ser uma princesa apaixonada por um garota, não tinha nada de anormal.



“O feliz para sempre nem sempre é o fim, ainda existe um devasto caminho para percorrer juntos.”
- Bruna Martins

MAYARA CRISTINA
Quatro meses tinham se passado, e junto dele a coração de Alicia Spencer, os conservadores ainda não acetavam o fato de ter uma rainha lésbica no poder, já os jovens até mesmo criaram um shipper para mim e Alicia e andavam por ai com camisetas estampadas com nossos rostos com a frase “Historia #MAYlice” com a bandeira lésbica por todas as partes, era bonitinho, era lindo na verdade, porque mesmo com pessoas maldosas ainda existia pessoas que sempre nos apoiariam seja como fosse, que estariam lá para nós, que abraçariam nossa causa.
Alicia é uma rainha maravilhosa, não falo isso porque sou apaixonada por ela, falo isso porque ela amadureceu muito desde que foi coroada, mas foi uma mudança boa, ela ajudava orfanatos, e sempre que podia ia a hospitais com crianças doentes para pintar quadros, e mostrar sua arte para todos que queriam ver.
A antiga rainha por outro lado decidiu se mudar, segundo ela, ela não ficaria no reino para ver Alicia levar tudo a ruina, o pai dela por outro lado decidiu mudar de pais, foi para bem longe mas males vem para bem, os pais de consideração de alicia veio morar com ela e ela estava realizada com isso.
Eu por outro lado arrumei um emprego de meio período em uma loja de costura, alicia quase foi contra isso usando o argumento que eu poderia ser a estilista dos vestidos dela, obviamente neguei, não porque não queria ficar por perto dela mas eu queria ter meu espaço também e trabalhar, não queria ser conhecida apenas como namorada de Alicia Spencer a rainha de eternal.
Apesar de tudo, tudo estava indo bem, poderia dizer que estávamos no feliz para sempre de algum livro de romance qualquer, mas não isso era a realidade, e o feliz pra sempre é apenas uma ilusão criada pelo patriarcado.
Sem deixar os guardas avisar minha chegada entro de fininho no quarto da garota de fios encaracolados e rosas, agora num rosa mais claro, sorrio e logo abraço o corpo dela por trás.
Eu tinha acabado de soltar da faculdade.
- Você quer me matar por acaso coração? – Sorrio com a voz dela, meu coração logo bateu rápido, levo meu nariz para o pescoço dela e cheiro o local com vontade quase me derretendo.
-Claro que sim meu bem, assim u fico com sua herança. – Ela se vira de frente para mim com um sorrisinho de canto e uma sobrancelha arqueada. 
- Coração você deixa disso, você nem vive mais sem mim. – Alicia se gabou e roubou um selar meu.
- Que saco você descobriu meu ponto fraco. – Faço bico em puro drama a rosada logo segurar minhas duas bochechas com os dedos dela fazendo ficar com boquinha de peixe.
- Eu sou sua criptonita sou sua fraqueza. – Reviro os olhos, ela logo me solta e deixa um beijinho na minha tenta. – Eu te amo coração.
Estava prestes a responder ela quando me lembrei de uma coisa que estava na minha mochila, era algo para alicia que estou devendo pra ela já tem um tempo.
- Tenho uma coisa para te dar. – Falei colocando a minha mochila em cima de uma cadeira aveludada que havia dentro do quarto luxuoso.
Abro a mochila os olhos de Alicia estavam presos em mim, logo tiro de dentro da mochila algo quadrado embrulhado em papel de presente. Estendo para ela.
- O que é isso?
- Abre que você vai descobrir.
- Odeio surpresas.
- Eu sei. – Sorrio com a carinha que ela fez.
Alicia começou a abrir o papel de presente e viu um livro, mas não era qualquer livro, era um livro novo do mesmo modelo daquele que eu estraguei com café dela na biblioteca uma vez.
- Eu gastei meu dinheiro todo nesse livro espero que você tenha gostado. – Murmurei de brincadeira, ela logo vem até mim e me abraça apertado.
- Isso já tem um tempo como você lembrou disso?
- Eu lembro de tudo que envolve você meu bem.
- Você não existe, não mesmo.
- Existo e sou todinha sua.
Ela gruda nossos lábios um no outro em um beijo lento, sem disputa apenas um beijo carinhoso, puxo a cintura dela para mais perto do meu corpo, vou descendo meus beijinhos da boca dela para todo o rostinho gorducho dela.
- Lembro que você enterrou o seu para recomeçar, agora esse é pra você continuar renascer todos os dias meu bem. – Falei com a boca rente a dela. – Acho melhor nos irmos tempos um piquenique a nossa espera.
Alicia coloca o livro sobre a cama dela bem arrumada, entrelaço minha mão na dela e logo saímos pelos corredores enormes do castelo, descemos todas as escadarias e logo fomos para a parte de trás do edifício, era um belo jardim.
De longe já vejo Wendy e Kate de chamego um com a outra, desvio os olhos dela e vejo Cleber deitado com a cabeça nas pernas de Joaquim, eles não falavam muito do lance que eles estavam tendo mas ficava na cara que estava rolando algo entre os dois, sorrio ao avistar os pais e a irmã emprestada de alicia a verdadeira família, a que sempre vai estar ali por ela e por mim também.
- Finalmente as margaridas apareceram. – Cleber quem falou, Joaquim estava focado em mexer no cabelo do “namoradinho”
- Eu precisava ter um tempinho sozinha com minha garota antes de vocês roubarem ela de mim. – Faço bico e alicia logo deixa um beijinho em cima do meu bico.
Logo nos sentamos junto com todos os outros na toalha de mesa.
O falatório começou, risadas, felicidade e paz, é tudo o que eu sempre desejei, e agora aqui estava eu com pessoas que me amam, que acreditam em mim.
Se alguém viesse me perguntar se o feliz para sempre é real a única coisa que me veem a mente é que o feliz pra sempre é construído todos os dias, é construído com calmaria, uma história não termina quando o feliz pra sempre é descrito em livros.
O feliz para sempre ele ocorre todos os dias, ele não acaba no final de um livro ele vai continuar, porque todas as histórias continuam.
Meu feliz para sempre estavam todos nessa toalha de mesa, Wendy, Kate, Cleber, Alicia os pais de Alicia e a irmãzinha dela, sabia que esses seria o fim perfeito para uma tarde perfeita.
Meu Feliz para sempre estava começando a começar.



FIM.


Nota da autora: Agradeço deus de já a quem for ler minha história e querer acompanhar o universo da Maya e Alícia. Beijinhos de luz 💜

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