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Atualizada em: 24.11.2024

Seul, 17/04/2017
? ?? — uma voz não identificável me chamava alto, parecendo estar a alguns metros de distância. O som alto das sirenes e outras vozes gritando me deixavam completamente desnorteado. Eu sentia falta de ar e minhas pálpebras pareciam pesadas demais. — Socorro! Alguém me ajude!
A pessoa, seja quem fosse, entrelaçou os seus dedos aos meus.
— Você não vai morrer, ok? Eu não vou deixar isso acontecer! — percebi que a voz se aproximou do meu ouvido. Com toda a certeza, era uma voz feminina.
Tentei abrir os olhos, mas algo tampava a minha visão.
— Não se esforce muito, hm? Tente ficar acordado, por favor... — ela tinha a voz embargada em choro, saindo quase como um soluço.
Percebi que algo quente escorria em meu rosto, que chutei ser sangue, e tampava minha visão. Senti minha cabeça dar alguns rodopios e o som da sirene começou a soar cada vez mais distante. Eu queria dormir.
, aguenta mais um pouco... — a voz desconhecida, pouco a pouco, tornava-se um sussurro.
Forcei meus olhos se abrirem mais uma vez e, felizmente, obtive êxito. Durante meus últimos dez segundos lúcido, minha visão se focou em nossas mãos entrelaçadas. Apesar do sangue espalhado pelo chão, enxerguei um cordão fino preso em seu pulso. Uma pulseira simples, com um pingente em formato de quebra cabeça, marcado pelas iniciais .
Depois de gravar essa imagem em minha mente, tudo ficou escuro.

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Seul, 29/05/2017
Um barulho irritante me acordou e uma dor de cabeça insuportável me atingiu. Meus olhos se abriram e tentei me localizar. Paredes brancas, uma poltrona azul no canto, uma planta que parecia artificial e... Máquinas.
Era um hospital.
? Você acordou? — alguém abriu a porta, chamando minha atenção.
— Ah... Oi, mãe. — respondi baixo, tentando não forçar nenhuma parte do meu corpo. Certo, eu estava em um hospital. Mas, por quê?
— Ai meu Deus! — sua voz subiu alguns tons, deixando evidente sua animação. — Enfermeira! Enfermeira!! O meu filho acordou, ai minha nossa, graças a Deus! Graças a Deus! — minha mãe se virou com a voz agora chorosa. Há quanto tempo eu estava naquele lugar?
Rapidamente, duas pessoas entraram na sala. Eles se apresentaram como doutor Han e enfermeira Shin.
— Bom, , como está se sentindo? Consegue falar tranquilamente? — o médico me perguntou depois de avaliar-me superficialmente e observar meu eletrocardiograma.
— Muita dor de cabeça.
— Compreendo... — ele anotou na própria prancheta, concentrado. — Certo, você sabe por que está aqui?
Tentei lembrar-me de como fui parar no hospital, mas minha mente parecia vazia. Senti como se algo estivesse faltando, algo muito importante.
— Não me lembro de nada... — respondi cabisbaixo. Eu tinha me esquecido de tudo? — Doutor, que dia é hoje?
— Hoje é dia 29 de maio, . Você passou mais de um mês em coma depois de um acidente. A perda de memória é normal, você pode recuperá-la com o tempo.
Meus olhos arderam, mas não permiti que nenhuma lágrima escorresse. O que tinha acontecido? E o pior, por que eu me sentia tão vazio?
— E eu posso saber o que aconteceu?
— Filho, eu acho melhor... — minha mãe se pronunciou pela primeira vez desde que os médicos chegaram.
— Não, mãe. Eu quero saber. — a enfermeira me ofereceu um copo de água e um comprimido. Minha mãe e o doutor se entreolharam. Uma lâmpada se acendeu em minha mente e minha espinha estremeceu. — Alguém morreu?
— Não! Filho, não fala uma coisa dessas...
, você sofreu um acidente. — o doutor começou, depois de soltar um suspiro e olhar para a prancheta algumas vezes, como se avaliasse se era melhor me contar, ou não. — Mais especificamente, te atropelaram. O motorista fugiu, mas te socorreram a tempo. Você bateu a cabeça e desmaiou. Sua vida estava por um fio.
Soltei a respiração que nem mesmo sabia que prendia.
— Como isso aconteceu? — voltei a questionar depois de um tempo em silêncio. Ninguém respondeu. — Eu estava voltando de algum lugar? Indo para casa ou, não sei, para a escola?
— Ham... Bem, você tinha saído e estava voltando para casa. — minha mãe respondeu com a voz trêmula. Uma luzinha de desconfiança surgiu na minha consciência, mas tentei ignorar.
— Para onde eu tinha ido?
— Não sei. Você não me disse.
— Certo... — falei com os olhos cerrados, ainda desconfiado. A dor de cabeça era tamanha que não me permitia fazer uma sinapse sequer para pensar no porquê minha mãe parecia tão esquisita. Me virei para o médico, que permanecia calado. — Como faço para me lembrar das coisas?
— As memórias voltam naturalmente. Não é bom forçar-se a lembrar, pois elas podem vir em enxurrada e sua mente acaba não aguentando. Se isso acontecer, você pode se lembrar de tudo, mas vai esquecer novamente e voltar à estaca zero.
Mordi o lábio, sentindo minha esperança se esvair. Eu queria me lembrar, seja lá o que eu tivesse esquecido. Algo em meu coração me dizia que eu precisava me lembrar.
— Tem uma forma de fazê-las voltar mais rapidamente?
— Já disse: elas voltam de forma natural, com o tempo. Enquanto você estiver na escola, com seus amigos, por exemplo, pode ter um flashback de algo que você passou com eles no colégio. Mas, lembrando, não é bom forçar.
De forma singela, um fogo se acendeu em meu peito, como se a esperança estivesse voltando. Eu poderia me lembrar no futuro, independentemente do que fosse que meu coração sentia tanta falta.
— Mais alguma pergunta? — minha mãe questionou, parecendo levemente nervosa. Neguei com a cabeça e a mulher soltou um suspiro aliviado.
Ela estava me escondendo alguma coisa.
— Certo, vamos fazer alguns exames e, se estiver tudo bem mesmo, te dou alta em três dias.

As I try to fit in a world that keeps getting bigger
A feeling of emptiness and vacancy comes to me
But I can't recognize which part is missing




FIM.


Nota da autora: Espero que você tenha amado essa fic tanto quanto eu. Para saber mais do meu mundinho de fics, me siga no insta!

.xo


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