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Revisada por: Saturno 🪐

Última Atualização: 12/06/2025

Estava tudo pronto para sua viagem. estava verificando a casa temporária que iria ficar, era pequena e aconchegante pela foto, e, como já era maior de idade perante os dois continentes, sua ansiedade estava mais atacada do que nos outros dias, mais do que no dia de seu Trabalho de Conclusão de Curso. Com tudo arrumado e suas blusas de rock dentro da pequena mochila vinho, tudo para apenas um ano na Itália, ela e sua família foram para o aeroporto de São Paulo.
Andava de um lado para o outro na sala de espera, olhando seu celular de cinco em cinco minutos. Quando seu voo foi anunciado por uma das mulheres que trabalhava no aeroporto, se encaminhou para o portão nove de embarque e se despediu de seus pais.
— Vai com Deus, filha. — Sua mãe a benzeu. — Tome cuidado por lá, viu? E me envia uma mensagem quando chegar.
— Pode deixar. — A abraçou com os olhos marejados.
— Qualquer coisa você liga para a gente. — Seu pai começou a falar. — Esse é seu cartão reserva se precisar de algo, está bem? — A menina concordou com a cabeça. — Nosso banco também atende no exterior, não esqueça.
— Não me esquecerei, pai, muito obrigada. Eu vou sentir muitas saudades de vocês, mas prometo trazer muita coisa de Milão.
— Nós também, minha pequena. Até daqui um ano.
— Até.
A senhora deu um beijo no topo da testa de sua filha, e o homem acompanhou o gesto. seguiu feliz, nervosa e ansiosa. Sentou em sua cadeira ao lado da janela e colocou seus fones de ouvido. A viagem foi tranquila para o seu primeiro voo de avião, poucas turbulências, e conseguiu se distrair com o filme que havia escolhido.

Milão estava tão linda de cima que seu fôlego se perdeu por um instante. As luzes dos prédios a deixaram admirada, não via a hora de passear por cada pedacinho de Milão.
Já com o cartão carimbado para intercâmbio de um ano, ela seguiu rumo ao seu pequeno lar temporário. Uma conversa breve com sua mãe no celular, e logo foi ajeitar sua casa. Ficou em sua casa com a sua colega de quarto, apenas apreciando e descansando depois do voo cansativo.

O ar da liberdade era inexplicável. Ela fazia as despesas sozinha, comprava mais guloseimas do que alimentos naturais, trabalhava e ainda passava semanalmente na central da sua escola de italiano, a mesma que forneceu o intercâmbio.
Seria um ano longo para ela, tudo com a sua primeira vez. sempre foi uma garota caseira, que gostava de sair com suas amigas e ir a lugares mais calmos e tranquilos. As noites mesmo eram regadas pelos shows de rock, tanto das bandas locais, quanto das mais famosas, e isso não passou a ser diferente para ela em Milão.
Na verdade, tudo estava sendo novo e ao mesmo tempo difícil, sozinha, alugando um lugar para seu período de estadia e trabalhando. Não que no Brasil fosse mais fácil, entretanto, lá as contas eram divididas em três pessoas, e hoje sua realidade era diferente.
Nesse tempo, passou a trabalhar em uma livraria local, era pequena, aconchegante, com grandes poltronas para poder ler e com uma cafeteria quase que no centro dela. Não era um trabalho muito puxado. Trabalhava meio período, e o resto do seu dia dedicava aos cursinhos, séries e ir aos barzinhos de rock com sua amiga gaúcha.



Uns meses depois daquela correria toda e já se sentindo mais tranquila, ela e sua amiga decidiram ir a um pequeno show que teria em Milão. Naquela noite, não tinha planos para séries e filmes, pretendia ir ao show de uma banda não tão famosa em um bar local.
Com seu moletom surrado e sua boa e velha calça jeans, ela esperou sua amiga do lado de fora de casa.
— Demorei? — A menina abriu a porta do táxi.
— Não — a cumprimentou com um abraço. — Eu acabei de chegar aqui fora.
— Menos mal. — Abriu o sorriso. — Vamos. Nós dividimos daqui até o bar. — A amiga se referiu à conta.
— Certo, certo. — Riu.
Os olhos cor de mel decoravam cada cantinho que o motorista passava até chegar ao bar. Estava apaixonada pela cidade, por todos os detalhes, era tudo como ela imaginou que seria. Não em nível de filme, mas no nível da fanfic mental dela.



O bar estava cheio, praticamente não havia nenhum lugar para sentar. O local estava bem iluminado, com o palco centralizado. Quase que de frente para a porta de entrada, estava o bar bem cuidado e com alguns barmen. As meninas procuraram por uma mesa, ou até mesmo duas banquetinhas vazias perto do bar para aproveitar o show.
Naquela noite, a banda Side iria se apresentar.
— Ali, amiga — falou. — Tem dois lugares ali.
— Reserva eles que eu já vou. Você quer cerveja?
— Não, aceito só uma água com gás se tiver. — Ela riu. Andou rapidamente para os lugares vazios e sentou, já segurando a outra cadeira.
— Aqui sua água. — Entregou uma garrafinha. — Eu ouvi que a banda vai cantar músicas mais conhecidas, então você não vai ficar sem cantar nada.
— Isso é maravilhoso. E você não contou como conheceu a banda, Mika.
— Ah, é! Foi andando por perto desse bar de rock que conheci. Vi um papel colado na parede e procurei por eles na internet, gostei do som e com isso passei a curtir a banda.
— Hm, bom, você devia ter me apresentado, né?
— Perdão, amiga, eu juro que, ao sair daqui, eu passo tudo para você. Esse show não vai começar logo? Sei que chegamos tarde, mas já era para ter começado.
— Tenha calma, logo vai começar.
E foi apenas ela dizer que alguns segundos depois a banda já estava no palco, acompanhada do solo do guitarrista. As meninas curtiam o som da banda, que chegava contagiar a ponto de batucarem as unhas na mesa, balançarem a cabeça sutilmente e cantarolarem junto.
— Mi scusi, podemos sentar aqui? — dois homens perguntaram, na verdade, apenas um questionou. — O bar está todo cheio, e meu amigo aqui precisa relaxar um pouco. — Sorriu.
— Claro. — Mika deu a permissão. Ao olhar para sua amiga, viu a expressão confusa e indignada da garota.
— Sou , e esse é o Donatello. — O rapaz meio abatido apenas cumprimentou com um aceno.
se aproximou mais de sua amiga e tentou curtir o show da banda como se não estivesse preocupada com os dois estranhos junto a elas. Com o passar do tempo, já havia mais bebidas não alcoólicas na mesa — dos rapazes, o garoto que não estava muito bem havia se recuperado da pressão baixa, mas permaneceu na mesa junto delas.
Sentada ao lado de , Mikaella percebeu os olhares que deixava escapar por . De uma forma discreta, a amiga pegou seu celular e enviou uma mensagem, queria ser discreta e que não deixasse explícito que estava falando dele para a amiga.
trocou o olhar entre a mensagem e na direção que estava sentado. Instantaneamente, suas bochechas começaram a ruborizar ao perceber os olhares de . Segurou o riso e tomou o fôlego para conversar com Mikaella.
— É sério isso? — questionou e só viu a amiga concordar. — Eu mereço. — Revirou os olhos.
A garota começou a prestar mais atenção no rapaz. Ele não era o homem mais lindo do mundo, como seu ator favorito. Os fios loiros bagunçados, os olhos azuis e a roupa de banda mostrando-se a mais usada por ele. estava bem errada sobre ele, era muito lindo, a ponto de perceber que não parava de olhá-lo.
A troca de olhares permaneceu até o final do show. Uns minutos depois que estava no balcão, esperando seu pedido de fritas, se aproximou, pedindo uma cerveja. O frio na barriga apareceu, suas mãos começaram a suar. Torcia que ele não puxasse assunto com ela enquanto esperavam seus pedidos chegarem, já que ela se sentia um pouco estranha ao falar com pessoas bonitas no geral.
— Me desculpa mesmo sentar na mesa com você e sua amiga. Donatello esqueceu de tomar o remédio de pressão dele, então tive que agir rápido.
— Sem problemas. Ele está melhor?
— Está, vou tomar mais uma cerveja e o levar para casa, é sem álcool — falou, ao saber que criaria dúvidas.
— Ah, sim. — Pegou a porção de fritas e esperou ele pegar a cerveja.
A garota pensava em formas de poder continuar o assunto, mas era como se aqueles olhos azuis apagassem tudo que estivesse em seus devaneios. Voltaram para a mesa em silêncio e só conversaram entre si — os quatro — até a uma da madrugada.
— Tá brincando — Mika comentou. — Chuva bem agora.
— Se desse, eu levava vocês, mas preciso entregar esse mala são e salvo. — Eles riram, menos Donatello.
— Não tem problema, a gente chama um carro.
— Eu vou fazer isso lá dentro, o sinal não está tão bom aqui — Mika avisou. — Usarei o telefone de lá, pode ser que eu demore, amiga.
esperou Donatello se afastar um pouco para poder conversar a sós com a garota, ou melhor, tentar flertar com ela.
— Espero vê-la novamente.
— Eu também, em uma condição mais tranquila.
— Com café, quem sabe? — Sorriu de lado.
— Aceitaria. Quem sabe nos encontramos por aí. — Retribuiu o sorriso.
— Até qualquer dia então.
Ela concordou com a cabeça e o abraçou. Por ser alto, precisou ficar nas pontas do pé. Pôde jurar que estava ficando louca, ou era a única gota de álcool que colocou na boca ao experimentar o drink da amiga, mas era o abraço mais reconfortante que ela já havia recebido em Milão. Ele deu um beijo suave na bochecha da garota e foi para seu carro, colocando a touca.
Mika, que viu tudo de longe, chegou quase explodindo pela amiga.
— Eu não acredito que você finalmente vai viver um amor de intercâmbio.
— Para. — Tentou esconder os olhos brilhando pelo garoto. — Eu só o abracei em forma de despedida.
— Ah, claro, um “espero vê-la novamente, com café, em um lugar tranquilo” é de despedida, sim.
— Você anda escutando a minha conversa agora, é?
— Claro que não, mas eu já estava saindo do bar e não pude deixar de ouvir.
— E quantos minutos para o carro chegar? — Mudou de assunto, ao olhar para a chuva intensa.
— Daqui dez minutos. Eu espero que vocês se encontrem.
não respondeu nada, mas também esperava poder encontrá-lo daqui algum tempo, quem sabe amanhã, ou na semana que vem, mas depois parou para pensar que não poderia acontecer nada, ela iria embora daqui três meses praticamente. Não queria se apaixonar, não queria sentir aquele amor verdadeiro com ele e no fim ter que ir embora e o deixar para trás.
Elas entraram no carro e não conversaram mais, apenas ficaram olhando a chuva cair e o motorista curtir a rádio dele em um tom baixinho.



já tinha deixado seu amigo na casa dele e agora dirigia cuidadosamente pelas ruas de Milão, afinal, ainda chovia. Nunca tinha visto tanta beleza em uma única mulher, e havia feito ele perder todo o foco que existia dentro de si.
Tomou um bom banho e preparou algo para comer enquanto preparava sua mesa de trabalho. era dono de uma loja de instrumentos e acessórios musicais. Mesmo não sendo exatamente o que ele desejava para o seu futuro, era o que ele fazia no momento. Sempre pensava em deixar o emprego e tentar seguir o rumo de seus sonhos. Gastronomia.


Continua...


Nota da autora: Espero que tenham gostado do capítulo. ❤

🪐



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