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Revisada por: Hydra

Finalizada em: 23.02.2025 🪐
누가 내릴지 말진 서로 눈치 말고
(Não vamos olhar um pro outro pra tentar adivinhar quem vai descer ou não)
그저 맘 가는 대로 질질 끌지 말고
(Não vamos prolongar as coisas, seguir nossos corações)
이젠 내릴지 말지 끝을 내보자고
(Agora vamos decidir se vamos descer ou não)
반복되는 시소게임
(Uma brincadeira de gangorra repetitiva)



— Por que esse relógio tem que fazer um barulho tão irritante? De quem foi a ideia de comprar essa merda?
Não me lembro muito bem de qual dos dois foi a ideia de comprar um relógio de parede em pleno 2021. Talvez fosse para decorar o apartamento adquirido por mim no ano anterior, talvez fosse porque ela estava sempre atrasada e, convenientemente, nunca encontrava o celular quando precisava consultar as horas.
Ela também odiava relógios de pulso, mas um de parede resolveria o problema, disse ela na época. É isso, a memória veio fresca: quem deu a ideia. É de se imaginar que não ajudou, ela continuou se atrasando para todos os compromissos possíveis.
— Foi sua — falei depois de longos segundos em silêncio. Eu a encarei de volta quando recebi seu olhar de fúria.
Eu estava sentado na poltrona, sentindo-me exausto, apesar de estar sentado pelo que pareciam horas. Era exaustão mental, um acúmulo de meses preso naquela situação. estava em pé, com os braços finos cruzados como sempre fazia quando estava desconfortável, o que deveria ser o caso. Ela andava de um lado para o outro, com certa calma, apesar de não ser o sentimento dela no momento, pelo contrário. Fazia algum tempo que o sentimento que prevalecia em Mae era a impaciência.
— Foi uma pergunta retórica, ! Vai começar a me acusar até das compras que fizemos pra essa merda de apartamento?
Esfreguei minha testa enquanto suspirava. Quem também estava impaciente, há algum tempo, era eu. Estava cada vez mais difícil ter um diálogo com sem acabar em uma discussão. Antigamente, quando as coisas eram boas, ela jamais chamaria nossa casa de merda. Um ano e meio convivendo trancados naquele lugar e até mesmo eu estava começando a chamar o cubículo dos piores nomes possíveis. Porém, ainda era minha casa, e iria defendê-la, por mais cansado que eu estivesse de olhar para aquelas paredes cor de gelo.
Se é que gelo é uma cor.
— Essa merda tem sido seu lar há um ano, .
— Mas é seu, como fez questão de jogar na minha cara há algumas brigas atrás!
Brigas atrás, porque elas já se acumulavam no passado de tão recorrentes. Bom, ela não estava errada. Eu de fato joguei na cara dela em um momento em que estávamos discutindo sobre alguma nova besteira que ela enfiou na cabeça e tinha álcool demais no meu organismo para raciocinar direito. É claro que não falava sério, foi meio babaca da minha parte, mesmo que ela estivesse me estressando. Eu comprei o apartamento pensando em passar o resto da minha vida com ali dentro, quando nosso relacionamento ainda era uma novidade linda e tudo era novo e gostoso.
Não contávamos que um vírus mortal iria trancar o planeta em uma quarentena que não parecia ter fim e o fato de termos que passar 24 horas juntos, sem poder sair, sem conviver com outros seres humanos, nos mostraria que talvez não éramos assim tão compatíveis.
Ambos percebemos há um bom tempo, só não tínhamos coragem de confessar. Ali, um de cada lado da sala, ainda não estávamos com coragem de confessar que havíamos chegado a um fim há tempos, só precisávamos aceitar e seguir em frente.
Sua expressão passou de fúria para chateação. Seus olhos cheios de lágrimas entregavam que ela estava pensando o mesmo que eu.
— Você não me suporta mais, não é? — murmurei, afundando na cadeira.
— Eu… — ela começou, mas parou. Parecia escolher as palavras certas. — Não é isso…
— O que é então? — questionei, me levantando pela primeira vez naquela discussão. — Porque há meses você usa tudo como desculpa para brigar comigo!
— Não se faz de inocente! — Mae apontou um dedo para mim, balançando a cabeça. — Quantas vezes você quem começou a discussão? Reclamando que falo alto, que demoro no banho, que deixo um copo na pia…
— Você certamente não vai morrer se lavar a porra do copo que usou uma vez já que depois vai pegar um limpo e sujar mais um!
— Ah, vai à merda, !
Ah, o sobrenome era golpe baixo. Sabia que, se estava usando o meu sobrenome, ela deveria estar puta da vida. Normalmente esse seria o momento em que um dos dois falaria “quer saber? Deixa quieto, esquece isso” e iriamos tentar viver normalmente até a próxima discussão, que seria em alguns dias, algumas horas ou alguns minutos.
Contudo, os dois estavam exaustos daquela gangorra repetitiva, um jogando o peso para o outro, sendo que o peso não ia embora quando a gangorra subia, ela despencava e ficava cada vez mais difícil de subir. Ambos estavam no chão.
— Acho que está meio claro que não dá mais, não é?
mordeu o lábio. Estava óbvio que ela tentava segurar o choro, eu mesmo falei a frase com a voz embargada. Não era fácil admitir que um relacionamento de 3 anos, que começou com dois melhores amigos, acabaria assim. Não queria de forma alguma viver minha vida sem a , nos conhecemos na adolescência, então não sabia como era viver sem ela. Nem ao menos tinha memórias dos meus dias antes de conhecê-la, como poderia imaginar o futuro sem ela?
Mas do jeito que estava, realmente não dava para continuar. Sentia que estávamos em uma corda bamba muito fina, quase impossível de manter o equilíbrio. A corda seria nosso relacionamento, e se tentássemos dar um passo, ela se romperia. Seria melhor, para ambos, se apenas saíssemos da corda e a deixasse como está, antes que ela estivesse arruinada.
Caminhei até e segurei seu rosto quando ela finalmente permitiu que as lágrimas caíssem. Seus ombros murcharam em derrota e cansaço.
— Está tudo bem — falei, tentando consolar a nós dois. — Eu ainda te amo…
— Eu também — ela retrucou de imediato, fungando. Com um sorriso triste, complementou: — Mas só amor não é o suficiente, não é? Não tem como ficarmos nessa gangorra de altos e baixos pra sempre.
— Não mesmo — respondi, assentindo, impressionado com o fato de nossos pensamentos estarem sempre tão sincronizados. — Mas é melhor acabar enquanto ainda nos amamos do que acabarmos também com nossa amizade.
assentiu e secou as lágrimas apressadamente quando dei um passo para trás, lhe dando um pouco de espaço e tentando engolir o nó formado em minha garganta. Não era fácil, jamais seria.
— Acho que é isso então… — ela murmurou, parecendo um pouco mais forte que segundos atrás. Suas mãos se enfiaram no bolso de trás da jeans clara. — Mas você não está me expulsando daqui, não é? Digo, claro que vou sair, mas preciso encontrar algum lugar para ficar…
Soltei uma risada alta, incrédulo por cogitar que a chutaria para a rua assim, do nada. Não sou um monstro.
— Óbvio que não! — respondi, ainda aos risos. — , eu jamais deixaria minha melhor amiga na rua.
Mae deu seu sorriso e abriu os braços como sempre fazia quando pedia um abraço. Nos últimos meses eu confesso que neguei alguns, o que me arrependo um pouco. Talvez, se eu a tivesse tomado nos braços como estava fazendo naquele momento, apertando-a com força, não precisaríamos descer da gangorra; talvez poderíamos ter tentado, os dois, se manter no alto.
— Leve o tempo que precisar — murmurei contra seus cabelos recém lavados.
— Obrigada — murmurou de volta, apertando os braços em volta da minha cintura.
Mas aquilo era melhor do que nada, pois ainda tínhamos um ao outro. O relógio não nos irritava mais.






Fim!


Nota da autora: Escrita com Min Yoongi do BTS, mas pode ser lida com qualquer um. Inspirada na música Trivia: Seesaw.

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