Revisada e Codificada por: Selene 🧚♂️
Última Atualização: Agosto de 2024.1° de Setembro, 1971.
— Certo, querida, agora vá até aquela plataforma e me encha de orgulho. — disse Celine, fazendo a filha sorrir, a menina de 11 anos estava nervosa, mas queria parecer confiante para a mãe. A passagem estava bem ali, e ela sabia que poderia ser tudo uma grande mentira, ainda assim, correu contra a parede de tijolos, esperando pelo momento do impacto e das risadas das pessoas em volta. Para sua surpresa, não houve impacto, e ela abriu os olhos, sorrindo para o local diferente do anterior. Tudo era novo e tão diferente. A plataforma estava cheia de pessoas e tudo era tão mágico que se viu tentada a beliscar a si mesma, para garantir que não estava sonhando.Ela andou em meio a todas aquelas pessoas, outras crianças se despedindo dos pais antes de entrar no trem, queria que a mãe pudesse estar ali também. Em meio a algumas malas flutuantes, ela viu um homem alto — provavelmente o mais alto que já havia visto na vida — ajudando as pessoas com umas bagagens. A menina resolveu pedir uma ajudinha antes de embarcar.
— Com licença, senhor. Este é o único trem, certo? — ela perguntou, e Rúbeo sorriu. Não eram todos que o tratavam respeitosamente sendo apenas o guarda-caça de Hogwarts. Antes que ele pudesse responder, ela continuou. Hagrid notou que ela parecia nervosa e, como não a conhecia, suspeitou que fosse o primeiro ano dela. — O que vai pra Hogwarts, correto?
— Sim, apenas este. — ele respondeu, e ela suspirou aliviada. Sem que a menina precisasse pedir, Hagrid se encarregou de embarcar as bagagens dela, que sorriu agradecida.
— Obrigada, senhor. — agradeceu antes de embarcar, carregando apenas uma pequena bolsa.
Anteriormente ao Expresso Hogwarts, apenas havia usado o trem como meio de locomoção algumas vezes no verão, para visitar seu tio em Paris. Apesar de não ser tão bem-vinda na casa do homem, por sempre ter sido um pouco excêntrica; o companheiro de seu tio não gostava dela. Mas não dava tanta importância a isso.
Ela estava em busca de uma cabine vazia, onde poderia sentar perto da janela e observar a paisagem. Ainda faltavam 10 minutos para o trem deixar a plataforma. Quando finalmente encontrou uma cabine vazia, outra mão sobrepôs à abertura da porta antes que ela pudesse tocá-la. deu um sorriso tímido, o menino abriu a porta e se afastou para que ela entrasse primeiro.
— Espero que não se importe em dividir a cabine. — ele disse, e sentou ao lado da janela, onde havia planejado desde que chegou.
— Não mesmo. Me chamo . — ela se apresentou e o garoto fechou a porta, sentando-se de frente para ela.
— Remus Lupin, é um prazer. — respondeu. notou que ele segurava um livro, e logo lembrou-se que também carregava um livro em sua bolsa.
Remus abriu o livro em seu colo e começou a folhear as páginas, parando onde havia lido pela última vez. O barulho da porta chamou a atenção dos dois para uma menina ruiva, que sorriu e entrou.
— Olá, sou a Lily. Posso ficar aqui? — ela disse. e Remus assentiram, sorrindo amigáveis. A ruiva fechou a porta e se sentou ao lado de Remus, notando o livro na mão dele. — Ah, ótimo. Eu venho procurando um lugar calmo para ler, mas as outras cabines estão cheias de gente barulhenta.
Assim que a ruiva abriu o livro, a porta foi escancarada.
— Sirius, achei uma! — gritou o menino que abriu a porta. Ele usava óculos, e quase deixou-o cair de seu rosto, mas logo ajeitou e encarou Lily. — Tem uma menina aqui!
rolou os olhos e encostou a cabeça na janela de vidro, a fim de observar as despedidas das famílias. Já estava acostumada a passar despercebida, então não faria diferença tentar uma aproximação. Lily, por sua vez, parecia bastante irritada com a presença do recém-chegado. A ruiva levantou e olhou para os dois, que mal conhecia ainda.
— Eu vou procurar meu amigo Severo, querem vir? — ofereceu, e negou, não iria abrir mão da cabine. Remus também rejeitou a proposta, e Lily deu de ombros.
— Oi, linda, eu sou James. Como você se chama? — Potter parou na frente dela e Lily rolou os olhos antes de passar por ele, quase o derrubando. — Você viu isso? Ela me ignorou, estou sem palavras.
estava olhando para a janela, mas segurou o riso.
— Vem, vamos sentar. — Sirius disse e entrou na cabine, notando a presença dos outros dois. — Eu achei que você disse ter apenas uma garota na cabine, não três pessoas. — comentou.
— Ah, eu não os vi. Olá! — tirou os olhos da janela e encarou os dois meninos de pé. Ela estava tentando decidir se falaria ou não com eles após ter sido ignorada, decidiu por não arrumar inimizades em seu primeiro dia. Remus estava um pouco incomodado, mas acenou para os dois. — Sou o James.
— Nós ouvimos — sorriu, concluindo que o menino era um pouco avoado.
— Eu sou Sirius. — o outro disse.
— , — os dois meninos assentiram. Nunca ouviram aquele sobrenome antes. — e esse é Remus Lupin. — Ela apontou para o menino sentado à sua frente.
Assim que os dois meninos se sentaram novamente, começaram a conversar sobre Hogwarts. Tal assunto chamou atenção de Remus, que lia A História da Magia, de Bathilda Bagshot. O trem abandonou a plataforma, e — apesar do gosto por ver a paisagem passando rápido por ela — deixou a janela e se juntou a eles, para saber mais sobre aquele mundo que tão pouco conhecia.
Ela explicou aos meninos que sua mãe era trouxa e o pai bruxo, mas este não pôde ensiná-la sobre magia, pois havia morrido quando tinha três anos. Minutos depois, um menino chamado Peter se juntou a eles na cabine, e logo estava envolvido no assunto também.
Após ter sido recrutada para uma escola de magia que ela não fazia ideia da existência, pensou que nada mais a surpreenderia tanto.
Porém, a cada palavra dita sobre Hogwarts, a menina sorria imaginando se o pai estaria orgulhoso dela.
[…]
Desde as roupas até a decoração, tudo era muito para assimilar. Quando chegaram ao destino final, Rúbeo Hagrid — o homem alto que havia lhe ajudado mais cedo — organizou filas para entrar nos barcos que atravessaram o Lago Negro.
Ela e a maioria dos outros alunos ficaram boquiabertos com a visão do castelo à noite.
Logo que chegaram ao castelo, Hagrid ficou com eles em frente a uma porta e pediu que aguardassem.
Ela e Remus conversavam sobre como o castelo era bonito quando Sirius voltou a comentar sobre as casas.
— Ouvi algumas pessoas dizerem que vamos passar por uma seleção, mostrando o que sabemos sobre magia. — James acrescentou.
— Então eu não vou ficar em nenhuma das casas, já que eu não sei absolutamente nada de magia fora o que vocês me contaram. — resmungou.
— Claro que você sabe, ou não estaria aqui! — Remus a encorajou. — Não me diga que você nunca pensou tanto em algo e essa coisa simplesmente aconteceu. — ele apontou, e lembrou dos vários incidentes em casa. Livros flutuando, o quarto nevando…
— Você tem razão, eu acho.
Logo uma mulher de vestes na cor verde-esmeralda se aproximou, e todos se calaram. Hagrid a apresentou como Minerva McGonagall, e a mulher o agradeceu, logo dispensando o guarda-caça.
Lembrando de tudo o que falaram no trem, seu único receio era ser da Sonserina. Era claro que ela era ambiciosa, mas Sirius e James lhe contaram antes que a maioria dos estudantes da casa eram obcecados por pureza de sangue, e não gostava nem um pouco desse fato.
— Sejam todos bem-vindos. Atrás dessas portas, cada um de vocês será selecionado para uma casa. — Ela parecia ser durona, tinha pose de durona, mas podia ver em sua expressão que era uma boa pessoa. A menina se perguntou se ela tinha decorado o discurso. — Sua casa será a sua família durante sua estadia em Hogwarts. Elas são Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. Agora, venham comigo.
As portas se abriram, e alguns alunos ficaram admirados. não estava muito diferente. Não importava o quanto ela tentasse, não conseguia parar de encarar tudo com devoção. De algum jeito, o teto não estava lá, e havia inúmeras velas flutuando. Os alunos estavam sentados nas mesas de suas casas, pareciam felizes em estar começando um novo ano escolar.
Ao contrário do que James e Sirius ouviram falar, não havia desafio nenhum para saber em qual casa ficariam. Apenas um chapéu velho que cantava. Aquilo sim era algo que ela não esperava. Após ele cantar, McGonagall começou a chamar os estudantes aleatoriamente.
Vendo de onde estava, parecia aterrorizada.
A primeira menina a ser chamada também parecia tão temerosa quanto ela, mas sorriu ao ouvir o chapéu gritar sua casa. Algumas pessoas depois e se preparava para o momento em que chamariam seu nome.
— — ela ouviu McGonagall chamar e foi até o banco, sentando-se em seguida. podia jurar que seu coração sairia pela boca.
— Oh, você. — o chapéu disse baixo, num tom nada animado, e ela olhou para os outros, percebendo que eles não conseguiam ouvir. se perguntou se ele estava cansado de todo o lance de seleção. — Hum… Você não para de pensar, não é mesmo? Não é como as outras meninas da sua idade, eu presumo. Muito excêntrica para isso. — quase levantou e tirou o chapéu. Até ele iria começar a zombar dela? — Muito ambiciosa, e cheia de bravura.
— Acabou, senhor? — ela acabou perguntando, em um tom nada educado.
— Está certo, criança. Então vai ser… — ele começou, e pareceu ter suspirado — GRIFINÓRIA!
A mesa da Grifinória comemorou, e ela se levantou após McGonagall tirar o chapéu de sua cabeça. Estava aliviada por eles estarem felizes com sua chegada e por serem tão amigáveis até então. Ela viu alguns rostos familiares do Expresso Hogwarts, todos estavam felizes com suas casas.
A sorte estava ao seu lado, afinal. Os amigos que havia feito no caminho para Hogwarts foram sorteados para a mesma casa. Os quatro meninos e até mesmo Lily Evans eram seus novos colegas de casa. não poderia estar mais feliz em começar o ano letivo tão bem.
21 de outubro, 1973.
estava aproveitando a tarde após a aula de feitiços no primeiro período, sentada na mesa da Grifinória junto de Marlene e das colegas de quarto da loira. O salão principal estava completamente decorado, já que o Halloween seria em uma semana. pegou duas panquecas em seu prato, comendo enquanto lia o Profeta Diário, quando alguém se sentou no banco à sua frente, ao lado de Lily.— Lily, você quer sair comigo? Vai ser nossa primeira vez em Hogsmeade, pensei que poderíamos ir juntos. — James perguntou com um sorriso galanteador, apesar de estar nervoso como quando McGonagall descobriu que ele e os amigos haviam tingido o cabelo de Filch de vermelho.
— E o que te faz pensar que eu iria com você? — a ruiva respondeu, rolando os olhos. Lily não odiava James, mas a insistência dele estava estressando a garota, e ela já estava estressada ao tentar dar conta de todas as suas matérias; apesar de ainda estarem no início do semestre.
— Porque somos almas gêmeas? — James supôs, e a garota bufou.
— Sai fora, Potter. — Foi apenas o que ela disse, e ele se levantou depressa, a expressão dela não era uma das mais agradáveis. notou que, apesar de sorrir para Lily, os olhos de James não refletiam tanta felicidade assim. Marlene e Mary conseguiram conter as risadas até o menino estar longe da mesa, indo de encontro aos amigos como se nada tivesse acontecido.
— Ele parece triste. — ela cutucou Marlene. — Porque ela não aceita sair com ele?
Apesar de ter conhecido Lily no primeiro ano, e a ruiva não eram muito fãs uma da outra. Elas se encontravam ocasionalmente quando Marlene estava por perto. não tinha problema nenhum com a ruiva, apenas não encontrava nada em comum com Evans, e então não tentava forçar uma amizade. Às vezes Lily a ajudava com algumas lições, mas era apenas isso. Lily era toda estudiosa e não era a mais dedicada à própria educação. Mary, por sua vez, era doce e gentil até que alguém falasse de Quadribol. lembrava de uma vez no segundo ano quando ela socou o braço de um garoto da Sonserina que ousou falar mal da Grifinória. costumava trocar algumas palavras com ela quando Marlene propositalmente as deixava a sós.
Apesar de ser um pé no saco às vezes, Marlene era a melhor pessoa que havia conhecido em Hogwarts. Ela falava de garotos, música, arte e nunca incomodava quando estava atrasada com alguma lição, até mesmo emprestando algumas para que copiasse. Marlene olhou para a amiga, lançando um olhar estranho sobre James e logo voltando a encarar .
— Ele parecia bem pra mim. — pontuou a loira, sussurrando. — Eu não sei, quero dizer… Eu acho que ela gosta dele, mas Potter fica sempre a rodeando. — tinha uma pequena ideia, já que todos os dias James se encontrava indo e vindo atrás de Lily. — É meio assustador.
— Eu acho muito fofo. — respondeu sem hesitar, mas logo percebeu que talvez tivesse falado demais. — Eu trocaria a por alguém que falasse comigo ou olhasse para mim do jeito que James a olha.
— Mas sua coruja é tão fofa. — Marlene disse, rindo.
— Só quando você está por perto. — a garota retrucou.
— De qualquer jeito, você é uma romântica incurável, . Aposto que tem alguém por aí louco pra chamar sua atenção e você não vê. — Marlene disse, mais para consolar a amiga. Ela nunca havia visto ninguém demonstrar interesse em , ao menos não em Hogwarts. — E além disso, seu tio é famoso, aposto que várias adolescentes trouxas queriam ser você.
— Eu adoro seu otimismo, McKinnon. — sorriu, grata pelos comentários da amiga, mesmo sabendo que a outra estava tentando agradá-la. Até então, não se lembrava de ter sido convidada para o passeio por ninguém. Nem mesmo Marlene e as meninas. — E você, vai a Hogsmeade?
— Sim, acho que tenho um encontro. — Marlene disse um pouco mais alto, a fim de trazer as outras amigas para o assunto; Lily e Mary curiosas como sempre. estava um pouco triste em saber que não teria a companhia de McKinnon em sua primeira visita ao vilarejo.
— Quem é? — as outras duas quase gritaram juntas ao mesmo tempo. Marlene engasgou com o suco de abóbora, mas logo se recompôs, franziu o cenho e então pediu que as amigas não fizessem alarde, gesticulando para as amigas se aproximarem.
— Um terceiranista da Corvinal, ele veio me convidar e eu achei uma gracinha. — disse antes de tomar mais um gole do suco de abóbora.
As outras sorriram; estava feliz pela amiga. Havia indícios de uma guerra, e a família McKinnon estava saindo prejudicada. Eles estavam constantemente mudando para outras cidades, já que os seguidores do até então conhecido como "Lorde" Voldemort foram encarregados de recrutar o pai e irmão de Marlene.
Era bom ver que a amiga não estava deixando de viver por conta de algo que não tinha nenhuma parcela de culpa. Só de pensar que alguém se achava no direito de matar inocentes por considerá-los inferiores sentia calafrios. Ela voltou a comer, dando a última mordida em um sanduíche, e se despediu de Marlene com um tapa no ombro dela, apenas acenando para as outras duas. Andando depressa para o segundo período da aula de feitiços com o professor Flitwick.
Era cedo, ela sabia. Nem mesmo Lily — que era conhecida por ser pontual — havia chegado tão cedo quanto ela. A ruiva apenas aproveitava o café da manhã enquanto andava depressa pelos corredores rumo à torre sul, onde ocorria a aula de feitiços. Quem passasse por ela, poderia achar que a garota só estava atrasada. No entanto, estava empenhada em encontrar um lugar vazio para fazer seus desenhos e, de quebra, ainda conseguiria sentar em qualquer lugar longe dos Marotos — com exceção de Remus, que era conhecido por gostar de estudar. Apesar de ser apaixonada por James, ela sabia que ele não levava os estudos tão a sério quanto os outros, e ficar babando por ele nas aulas não seria algo bom para as notas.
Poucos minutos depois, o professor Flitwick chegou, junto aos demais alunos. Assim como , Lily também queria sentar próxima ao professor e garantir que escutaria toda a aula, pois as duas gostavam muito da aula de feitiços.
Quando viu o lugar vazio ao lado de , a ruiva andou depressa para se sentar. Era isso ou sentar-se com alguém da Sonserina.
Ao fazer o caminho até o lugar vazio, ela percebeu dois rostos familiares na mesa de trás, e hesitou. Lily parou onde estava e olhou em volta, apenas para ver que todos já estavam devidamente em seus lugares.
— Precisa de ajuda, senhorita Evans? — Flitwick disse, e a garota negou, andando vagarosamente até a mesa de , ignorando o sorriso idiota de James para ela. Assim que sentou, sorriu tímida para e deixou de lado todo o resto, focando apenas na explicação do professor.
Apesar de estarem conseguindo ouvir uma boa parte da aula, não demorou muito para Sirius e James atrapalharem a cada dois minutos.
James tentou chamar atenção de Lily pela milésima vez naquele dia, puxando um cacho daquela cabeleira ruiva. Sirius se controlava para não rir.
Potter era seu melhor amigo, mais que isso, era seu irmão. Entretanto, a expressão dele após as rejeições de Evans não tinham preço. Obviamente havia momentos em que James ficava realmente chateado, e nesses momentos, Sirius, Remus e Peter eram os responsáveis por planejar inúmeras pegadinhas contra sonserinos, a fim de ver James feliz novamente. E apesar de sempre ouvir Lily dizendo que nunca sairia com James, toda vez que ela tentava não sorrir diante dos galanteios de Potter ele tinha certeza que no fim ficariam juntos.
— Lily... — ele ouviu James sussurrar. se esforçou muito para não olhar para trás, ao invés da ruiva. Sabia que era apenas James tentando chamar atenção.
— Eu não consigo focar. — Lily sussurrou para , que não sabia o que fazer, já que ambas não eram tão amigas. — Você pode pedir que ele pare, por favor, ?
Se já estava desacostumada a falar com Lily, a situação só ficou mais confusa ao ouvir a ruiva chamando-a pelo apelido e a encarando como um filhotinho. O desespero dela era real.
sorriu para a ruiva e assentiu, logo se virando para trás e colocando uma das mãos no encosto da cadeira. Flitwick estava ditando algumas habilidades necessárias para lançar um feitiço de banimento corretamente. Ela hesitou e olhou para Lily, que felizmente estava anotando tudo, e olhou novamente para a mesa de trás, onde James já não mais importunava Lily e anotava as falas de Flitwick. Mas Sirius estava desocupado e a olhava com curiosidade.
— Oi, . — ele disse, e ela arqueou as sobrancelhas, um pouco surpresa por ele lembrar dela. Afinal, apenas Remus costumava encontrá-la na biblioteca durante o primeiro e segundo ano para ajudar com as lições e, sempre que os outros estavam por perto, ficava tão feliz que não a via. Ela espantou os pensamentos aleatórios e foi direto ao assunto.
— Oi, Sirius, se importa de impedir que o James atrapalhe a Evans? Ela precisa se concentrar. — pediu gentilmente, e James largou o que estava fazendo assim que ouviu seu nome.
Ao contrário do que esperava, James apenas sorriu e se aproximou da cadeira de Lily.
— Eu te deixo nervosa, é? — ele disse, e Lily bufou.
Ao ver rolando os olhos, Sirius riu, quase alto o suficiente para atrair a atenção de Flitwick, e se aproximou dela.
— Não se preocupe, linda. Vou manter o pequeno Potter aqui bem ocupado. — Ele se afastou, e aproveitou o momento para envolver o pescoço de James com o braço e bagunçar o cabelo dele. Black continuava sorrindo gentilmente, e suspeitou que ele estava com um ótimo humor. Ela sorriu agradecida e voltou a assistir à aula, torcendo para que Flitwick terminasse logo.
[…]
Aurora era uma mulher bondosa, e ver bombando em sua matéria não era exatamente o que ela esperava. Ela conseguia ver o esforço que a menina fazia, mas sabia que sozinha não conseguiria melhorar. Por isso, quando viu a jovem socando um monte de pergaminhos na bolsa antes de deixar a classe, Aurora pediu que ela ficasse um pouco mais.
nem se importou tanto, era a última aula do dia. Marlene se ofereceu para ficar com a amiga, mas a abandonou logo que viu Lily e Mary passeando ali perto.
— Senhor Black, será ótimo se puder ficar também.
olhou para trás, nas últimas cadeiras, e encontrou Sirius guardando as coisas dele também, pronto para ir embora. Após alguns segundos, não havia ninguém na sala além dos três. estava segurando um de seus livros, a alça da bolsa quase escorregando de seus ombros. Sirius parou ao lado dela, esperando Aurora terminar de guardar suas coisas e começar a falar.
— Ok… — Ela olhou para os dois e desejou que estivesse fazendo a coisa certa. — , eu vi que você está tendo alguns problemas com a matéria. Sei que você não gosta muito de pedir ajuda, então estou fazendo por você.
mordeu o lábio inferior, ela queria enfiar a cabeça em um buraco. Queria chorar, mas não iria fazer perto de um garoto, muito menos perto de Sirius, que era melhor amigo de James. A garota permaneceu em silêncio.
— Sirius, você é o meu melhor aluno apesar de sempre atrapalhar as aulas, e eu quero que ajude a a alcançar notas melhores. Se fizer isso, eu posso tentar te tirar de algumas detenções.
Sirius não precisava pensar duas vezes. Era claro que ele era o melhor da turma, tudo o que sabia sobre astronomia ele havia aprendido em casa. E se existisse uma chance de escapar de algumas detenções, ele ajudaria quem fosse.
— Vocês dois, fiquem à vontade, eu preciso falar com a Minerva. — ela disse, e deixou o lugar.
— Você não precisa ajudar. — disse. Ele estava surpreso em descobrir que ela estava indo mal em astronomia. Apesar de não saber muito sobre ela, nunca pensou que ela fosse ruim naquela matéria. Ainda que se conhecessem desde o primeiro ano, nunca foi muito de falar sobre si, e, desde então, aquele dia estava sendo o mais estranho para os dois. — Eu tenho certeza de que vou falhar de qualquer maneira.
Sirius não conseguia sequer pensar em desistindo tão facilmente. Ela era uma das melhores em poções e transfiguração, como poderia desistir daquela maneira em astronomia?
— Eu te ajudo. — ele disse, e ela o olhou como se ele tivesse falado o maior dos absurdos. — Se você quiser, obviamente.
— Você tem certeza? Marlene diz que eu sou uma causa perdida. — ela avisou, e ele sorriu. Seus pais sempre diziam que ele era uma causa perdida por ter valores distintos de sua família. Em seu ponto de vista, ele estava indo muito bem. Por isso, o garoto revirou os olhos, e ela riu.
— Começamos amanhã à noite, me encontre na sala comunal. Traga seu livro e um cobertor também, fica muito frio à noite.
16 de janeiro, 1974.
Remus foi o primeiro a acordar durante a noite do dia seguinte, observando sua cama curiosamente enquanto Sirius trocava de roupa. Não era incomum o amigo andar pelo castelo durante a noite, mas o garoto estava saindo até demais. James acordou também, colocando os óculos e logo prestando atenção na mesma coisa que Remus. Lupin cutucou Peter para que ele acordasse.Sirius passou as mãos pelos cabelos; os amigos não sabiam se era para arrumar ou bagunçar ainda mais.
Potter estava prestes a dizer algo, mas Lupin fez sinal para que ele ficasse em silêncio, esperando algum sinal de que algo estava realmente errado. Então, como o esperado, Sirius pegou um vidro de perfume e o borrifou contra si.
Para Peter, aquilo não tinha a menor importância, então ele voltou a dormir sem hesitar. Remus ainda estava imaginando se Sirius iria continuar saindo às escondidas. James só conseguia pensar que se o amigo estava se perfumando, ele estava prestes a encontrar alguém. Se estivesse certo, porque Sirius guardaria segredo sobre? Ele precisava saber.
— Quem é ela? — Potter questionou, fazendo Sirius se assustar e pular de onde estava, como se tivesse sido pego durante uma de suas pegadinhas.
— Merlin! Eu pensei que vocês estavam dormindo — ele disse, olhando para as camas e constatando que apenas Peter dormia tranquilamente.
— Nós estávamos — Remus começou —, mas pra quem está saindo escondido, você é a pessoa menos sorrateira do mundo.
James assentiu, achando um ótimo argumento, e logo disse:
— Então, você pretende dizer pra onde vai?
— Eu…
Aquele era o problema, Sirius não sabia como explicar que estava se encontrando com . Se ele o fizesse, talvez ela pudesse ficar constrangida e o afastasse. Ele não queria arriscar. — É só uma garota, não sei porque todo esse alarde.
— E por que não contou pra gente? Ao invés de sair escondido? Nós a conhecemos? — James continuou, ignorando o incômodo do amigo. — Ela é sonserina? Sem julgamentos.
— Não, e eu não diria se conhecessem, porque não faz diferença. — ele respondeu, calmo, e olhou para a capa de James, em cima do armário. Ele apontou para o tecido e sorriu. — Posso pegar emprestado?
— É toda sua. — James deu de ombros.
— Então você não vai nos contar? — Remus insistiu, e Sirius sorriu para ele.
— Não tem nada pra contar. — respondeu e pegou a capa, junto com um cobertor e o livro de astronomia. Remus não deixou o último detalhe passar despercebido. — Agora estou indo, não me sigam.
Os garotos assentiram, deixando o amigo se retirar em silêncio.
— Você vê por que precisamos terminar o mapa? — James sussurrou indignado, e Remus balançou a cabeça, se recusando a acreditar que Potter fosse tão desleixado a ponto de não observar as mesmas pistas que ele. O livro de astronomia e um cobertor, era óbvio que ele estaria na torre de astronomia.
— Não se preocupe, James. Eu sei para onde ele vai, só não sei com quem.
Em seu dormitório, pegou o livro de astronomia e alguns doces. Suas colegas de quarto estavam dormindo, e se achava muito boa em sair de fininho.
Ao olhar para o cobertor grosso e quentinho, lembrou-se dela e de Sirius dividindo o cobertor dele na noite anterior. Um sorriso bobo apareceu em seu rosto, e por mais que estivesse se achando uma idiota, ela mordeu o lábio inferior, tentando decidir se levaria o tecido ou não.
Dorcas, uma das garotas com quem dividia o quarto, se mexeu em sua cama, e tomou aquilo como o empurrão que precisava para finalmente sair do quarto; sem o cobertor.
desceu as escadas depressa, encontrando nada mais que a sala comunal iluminada apenas pela luz da lua, a lareira apagada. Pegou a varinha entre suas coisas e foi para o meio da sala.
— Lummus. — ela sussurrou, e a varinha iluminou o local. arqueou as sobrancelhas, em dúvida se voltava para o dormitório ou não, já que Sirius parecia ter decidido não aparecer.
Ela ouviu passos, e estava pronta para correr de volta para o dormitório caso fosse algum monitor. Mas Sirius apareceu em seu campo de visão e sorriu para ela.
— Nox. — ela sussurrou, e guardou a varinha novamente.
— Hey, pronta para detonar em astronomia? — ele perguntou, e sorriu.
— Ou ela pode me detonar, nunca se sabe. Eu trouxe o livro de feitiços, assim podemos testar aquela azaração que você falou. — respondeu, e estava prestes a sentar na poltrona quando ele a impediu.
— Eu tive uma ideia diferente pra aula de hoje. — disse, e continuou em silêncio, esperando que ele explicasse. — Primeiro, você precisa prometer que não vai dizer nada a ninguém sobre hoje. Nem pra Marlene.
— Marlene não soube nem das aulas, Sirius. E outra, por que eu iria contar a alguém?
— Só estou sendo precavido. — ele reclamou.
— Tudo bem. — Ela cruzou os braços. — Vamos nos meter em problemas, não vamos?
— Só se formos pegos, o que não vai acontecer. — ele pontuou, e ela deu de ombros.
— Eu prometo não contar pra ninguém. — ela disse, e Sirius sabia que não era da boca pra fora.
— Então agora eu te apresento um dos segredos para o sucesso dos marotos. — ele disse, desdobrando o que ela pensou que era um cobertor extra. assistiu Sirius cobrir a si mesmo com o tecido e, em um piscar de olhos, ele não estava mais ali.
Ela esfregou os olhos, para ter certeza de que o sono não estava brincando com ela.
— O quê? Para onde você foi? — Ela olhou em volta, buscando Sirius, mas não o viu. Então esticou o braço e sentiu algo; ela logo puxou a capa, revelando um Sirius sorridente.
nunca havia visto uma capa da invisibilidade, elas eram super raras. Empolgado com o sorriso contagiante dela e seu olhar curioso sobre a capa, Sirius pediu que ela segurasse o cobertor e seu livro, enquanto ele jogava o tecido em cima dos dois.
— Vamos lá, temos que ser rápidos. — Ainda que um pouco nervoso, a mão dele buscou a dela, e segurou-a antes de saírem da sala comunal.
[…]
— O quê? — Ela afastou o rosto do telescópio, sentindo o rosto arder enquanto Sirius a olhava. Ele sorriu ao ser pego no flagra, voltando a olhar para o céu em seguida. — Não ouse disfarçar, o que foi?
— Nada demais, só te acho bonita. — respondeu e apoiou as costas na parede, ficando um pouco mais longe dela. fez uma careta. — O quê?
— Você não precisa dizer essas coisas. — virou-se para ele, também apoiando a cabeça no braço para que pudessem conversar.
— Eu digo porque é o que acho. — ele retrucou, ainda um pouco confuso, e ela assentiu.
— Por quê?
— Porque você é.
— Olha, eu não me importo que você me ache bonita. — Ela riu quando Sirius concordou. — Mas isso não faz sentido. Você é o primeiro garoto que realmente fala comigo desde o primeiro ano, sabia? — Ela afastou o cobertor e sentou-se de frente para ele. Sirius permaneceu calado. — Vamos ser honestos, se não fosse pela professora Sinistra pedindo que me ajudasse, nós nem seríamos amigos hoje.
O garoto ficou um pouco incomodado, porque infelizmente a última frase dita por ela era verdade. Mas estava errada, sempre a achou bonita. Não era algo que ele havia notado semanas atrás, ele tinha certeza. Sirius se aproximou, tentando garantir que ela enxergasse a verdade em seus olhos.
— Eu sei, nós não seríamos amigos se a Sinistra não pedisse pra te ajudar. E nós nos conhecemos no primeiro ano, mas nunca como agora, eu sei. — ele começou, e mordeu o lábio inferior, tentando ao máximo não desviar o olhar enquanto ele falava. — Mas eu acho você linda e não é algo que digo porque somos amigos. Você é inteligente, engraçada e uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci. E qualquer um que não veja isso é um tremendo idiota. Talvez, um dia, eu tenha sido um idiota também.
Sirius finalizou, os olhos dele encarando os dela. estava confusa e abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Ela observou Sirius mais uma vez, mordendo os lábios por causa do nervosismo. Ele queria beijá-la. Não era a primeira vez e estava certo de que não seria a última, mas tinha certeza do que queria. No entanto, era incrível, e ele não queria arriscar a amizade dos dois.
Passaram-se alguns segundos em que os rostos dos dois estavam mais próximos do que deveriam, podia sentir o cheiro da colônia dele; e como se tivesse sido inebriada pelo aroma, ela se aproximou, unindo os lábios aos dele num beijo calmo e que era o seu primeiro.
Uma das mãos de Sirius foi parar no rosto da amiga, enquanto a outra puxava o corpo da garota para si.
Não demorou para se afastarem. parecia estar prestes a correr dali, e de fato era o que ela desejava fazer.
O olhar de Black seguia cada movimento da garota, que, sem dizer nada, pegou seus livros e pergaminhos e o deixou ali. Sirius não demorou muito tempo repensando o que havia acontecido, ele pegou os próprios pertences e a capa, preocupado que fosse pega andando pelos corredores da escola fora do horário permitido. A encontrou não muito longe da entrada para a sala comunal, ela não o via por causa da capa, mas o garoto foi rápido e jogou o tecido em cima dela antes que a mulher do quadro a visse.
— Cabeça de dragão. — o garoto sussurrou, e a Mulher Gorda reclamou algumas vezes antes de finalmente abrir a porta. Antes que pudesse dizer algo, se afastou dele e correu para o dormitório feminino. — Boa noite, .
Naquela noite, Sirius entrou em silêncio no dormitório, com um sorriso de orelha a orelha. Ele tinha certeza que não fazia o tipo que pediria ajuda apenas para conseguir um beijo dele, mas se fosse, talvez ele não se importasse em repetir. Mal sabia ele que a cena não se repetiria tão cedo.
28 de janeiro, 1974.
Para a felicidade de , aquele dia havia começado maravilhosamente bem. Ela havia dormido como um bebê e estava de bom humor, mesmo acordando cedo para a aula de Poções. Slughorn, no entanto, não parecia tão simpático quanto nos outros dias. Ele entrou na sala com pressa, pedindo que todos fizessem silêncio para a aula começar.Hestia, sua colega de quarto, ocupou a cadeira ao seu lado. Das meninas que dividiam o quarto com ela, sempre achou Hestia uma das mais simpáticas. Elas não se falavam sempre, mas Jones muitas vezes pedia sua opinião ao se vestir. A garota era tão simpática que tinha certeza que, se o chapéu não a colocasse na Grifinória, Hestia certamente seria uma verdadeira lufana.
Era a primeira aula do dia, e todos esperavam que terminasse para tomar café no salão principal. agradecia mentalmente por estarem todos preocupados em estudar para os exames finais, assim não seria flagrada olhando para Sirius.
Depois do beijo, ela decidiu evitá-lo em todos os lugares possíveis, morrendo de vergonha por ter sido quem tomou a atitude. Por alguns dias, eles trocaram olhares em algumas aulas e se esbarraram nos corredores do castelo, mas em momento nenhum conseguiram conversar sobre o ocorrido.
Ele e James sempre sentavam próximos à Lily.
Potter não tinha olhos para nenhuma garota além da ruiva, e sabia o quão difícil era se sentir invisível, porque imaginava que era isso que James sentia ao ver Evans sendo tão gentil e adorável com todos menos ele.
Um empurrão em seu ombro quase a fez pular na cadeira e encontrar um sorriso divertido no rosto de Hestia.
— Perdeu alguma coisa no fundo da sala? — Hestia sorriu, e olhou na mesma direção que agora evitava. Ela piscou para e voltou a anotar algo no pergaminho — Não se preocupe, você não é a primeira a cair no charme dos marotos. Qual deles é?
— Eu não faço ideia do que você está falando. — disse, e também copiou o que havia na lousa.
— Okay, vamos copiar as instruções, então. — ela disse, fazendo menear a cabeça, totalmente de acordo com a ideia. — Não queremos ficar atrasadas na matéria porque você fica encarando os dois, não é mesmo?
A garota deu um meio-sorriso e um empurrãozinho em Hestia, que não escondia o quanto estava se divertindo com a situação. Sirius tirou os olhos do pergaminho em suas mãos por alguns segundos, apenas para dar uma espiada na mesa de .
— O que você tanto olha, Sirius? Temos que combinar a pegadinha de primeiro de abril e você nem me escuta. — James reclamou, fazendo Sirius revirar os olhos e apoiar o rosto na mesa.
— Qual é, cara, eu estou cansado.
Era compreensível que Sirius estivesse com sono, mas todos estavam.
James, Peter e ele tiveram a ideia de revezar entre si para acompanhar as aulas de Remus, que mais uma vez estava doente. Na mesa à frente, Marlene ouviu os resmungos de James, e deixou as anotações por conta de Lily, se apoiando no encosto da cadeira para falar com Black.
Slughorn bufou. Toda vez que olhava para a mesa de algum grifinório, ouvia risadas ou encontrava alunos dormindo enquanto os outros faziam o trabalho duro sozinhos. Lily Evans, inclusive, estava tomando todas as anotações enquanto Marlene estava virada para trás, conversando.
O homem já sabia que pelo menos a maioria dos alunos da casa vermelho e dourado eram menos estudiosos, mas se perguntava o porquê de não serem todos como Lily, sua aluna preferida, ou Severus, que também era ótimo em poções. Ele se levantou, atraindo a atenção de todos, e olhou para os alunos, que o encaravam confusos enquanto ele decidia o que fazer.
— Antes de começarmos a poção de hoje, creio que precisaremos de uma mudança para atingir bons resultados sem os alunos da Grifinória atrapalhando o progresso. — ele disse, e todos ouviram risadas de alguns sonserinos. — Senhorita McKinnon, troque de lugar com o senhor Potter. Flint, — ele apontou para Teodora, a única sonserina que conversava normalmente com — assuma o lugar ao lado da senhorita Evans. Senhorita Jones, — Hestia e se entreolharam, sabendo que aquela seria a despedida das duas. quase segurou o braço da garota para impedir que ela se levantasse. — pode se juntar a Severus Snape. Aos que continuaram em seus lugares, peço que permaneçam em silêncio ou serão os próximos. Esses serão seus assentos até o fim da classe.
"Alguém está naqueles dias", pensou enquanto assistia aos alunos se levantando e trocando de lugar.
— Eu devo ficar de pé? — James sussurrou para o amigo, vendo que McKinnon já estava em seu lugar. Sirius suspirou, perguntando a si mesmo se o amigo conseguiria ser mais lerdo.
— Tem um lugar vago ao lado da . — Marlene bufou, James a irritava fácil e, mesmo sem saber, ela causava o mesmo efeito no garoto. Potter não demorou a revirar os olhos e se direcionar à sua nova mesa.
[…]
Em sua mesa, Slughorn lia o Profeta Diário, enquanto os alunos seguiam às instruções que ele havia fornecido anteriormente a fim de prepararem a Poção Polissuco. Segundo ele, levaria quase um mês para ficar pronta, e era dividida em quatro etapas.
— Você não é de falar muito, né? Essa aula 'tá um saco, eu queria dormir — James comentou, e sorriu tímida.
— Sinto muito, só não consigo parar de pensar em terminar isso e ir comer. — ela explicou, arrancando uma risada do menino. James não riu escandalosamente como sempre fazia, e isso deixou mais tranquila, assim Slughorn não teria motivos para tirar pontos da casa.
— Você leu minha mente. — Ele sorriu, e tinha certeza que suas bochechas estavam coradas. Era estranho demais falar com James, já que ele nunca havia realmente notado sua existência antes. — Você é amiga da Marlene, não? — James perguntou, lembrava de ter visto a garota sentada com Lily e as amigas, e também de como se conheceram no Expresso Hogwarts. assentiu. — Eu lembro de você no primeiro ano. Como vocês se tornaram amigas? Não me leve a mal, você é toda tímida e ela… — James olhou para sua mesa anterior, o que levou a fazer o mesmo, e observar McKinnon e Sirius tentando cortar uma espécie de planta que não conseguia identificar. A dupla voltou a olhar para os ingredientes na própria mesa. — Ela é a Marlene.
Eles riram, e contou sobre seu segundo dia no castelo, quando esbarrou em Marlene no caminho para a aula de Herbologia e elas acabaram formando uma dupla durante a aula.
Desde aquele dia, em que quase desmaiou ao ouvir o grito dos bebês mandrágoras sendo arrancados da terra, foi McKinnon quem rapidamente ajustou os abafadores de , mas não cedo o suficiente para impedir o grito que a garota dera.
— Ah, eu me lembro desse dia! — James disse, e mexeu a poção quatro vezes no sentido horário. — Peter ficou confuso quando ouviu você gritar, ele achou que os abafadores não estavam funcionando.
— Pobre Peter. — Ela riu e voltou a olhar para o caldeirão, balançando a varinha em seguida. — Acho que terminamos. Aqui diz que a poção deve fermentar por 80 minutos.
apontou para a informação citada no livro de poções, ficando um pouco desconcertada quando James se aproximou mais do que ela estava acostumada. Ele apoiou o braço na cadeira em que ela estava sentada e também leu a mesma informação no livro. tentou se afastar discretamente, mas James percebeu o pequeno deslize e sorriu culpado. Nenhum dos dois falou novamente até o fim da aula, quando se despediram.
[…]
Ler as notícias, nas palavras de sua mãe, a fazia lembrar dos dias em casa, nos quais acordava cedo apenas para ler o jornal enquanto tomava café. Celine nunca aprovou que — em suas palavras — seu "bebê" tomasse café forte logo pela manhã, mas não dava muita importância. Uma vez que terminou de ler a carta, ela pegou o jornal do mundo trouxa, que sua mãe enviou junto. Circulado em vermelho, o nome de seu tio em um artigo sobre moda contemporânea a fez sorrir orgulhosa.
olhou para Marlene, pronta para contar a notícia, mas o sorriso morreu ao notar os olhos marejados da loira enquanto lia o Profeta Diário. Os ataques às famílias bruxas e trouxas estavam aumentando, o que preocupava não só Marlene, mas praticamente todo o mundo bruxo. Estava tentada a confortar a garota, no entanto, sabia o quanto a amiga odiava os olhares de pena. Mary e Lily pareciam ter tido a mesma impressão, e, para tentar distrair Marlene de seus problemas, Mary sabia exatamente o que dizer.
— Me conta tudo. — a morena disse, e Marlene parou de mastigar o que estava comendo por alguns segundos, encarando a amiga.
— Eu os vi conversando e eles estavam incrivelmente fofos, uma pena que ele é da Corvinal. — se juntou ao assunto, sorrindo para Mary em agradecimento.
— Você acha que ele vai te convidar pra um passeio em Hogsmeade no dia dos namorados? — Lily ficou animada também. Marlene respirou fundo, agradecendo a Merlin por elas não parecerem ter notado o quanto estava chateada.
— Espero que não. — Ela sorriu, e as outras três se entreolharam, voltando a encarar a amiga como se tivesse nascido um chifre de unicórnio em sua testa. — Ele é legal, mas leva muito a sério a rivalidade entre nossas casas. Dá pra acreditar que ele tentou apostar comigo que a Sonserina venceria nosso time no próximo jogo?
— Como ele ousa? — Mary saiu em defesa da amiga, não só pelo fracasso do encontro, mas também porque havia realmente ficado irritada. não conhecia ninguém tão apaixonado por quadribol quanto Mary. Talvez James, mas ele não chegava a tanto. — Não se preocupe, Marlene. Ele não é a pessoa certa pra você.
— Ah, não estou nem um pouco chateada. Eu já segui em frente. — ela disse como se não fosse nada, mas, conhecendo as amigas, sabia que não era daquele jeito. — Tenho uma paixonite desde o primeiro ano, mas não sei como agir perto dele. Somos meio que amigos e não quero estragar as coisas.
Ouvindo a amiga falar daquele jeito, quase não a reconhecia. Marlene era a mais extrovertida entre elas e tinha muita facilidade falando com qualquer pessoa, independente do gênero.
— Mas vocês precisam mesmo saber é o que eu vi na aula de poções hoje. — ela disse, sorrindo para a amiga. — falando com o Potter e os dois rindo. Vocês sabem que ela é a fim dele, né?
— O quê? Não! — Mary se recusava a acreditar, ela era a única das meninas que não teria aula de poções naquele semestre. bufou.
— Isso não tem graça, Marlene. — avisou, deixando de lado o bom humor. — Ele é minha dupla, não tem nada demais nisso.
— Você não negou. — Marlene zombou da amiga, que voltava a comer, ignorando os olhares das outras duas, que também estavam direcionados a ela.
— De onde você tirou essa ideia? — ela questionou, fingindo estar entediada com a afirmação da amiga. Já havia gostado de James, sim. Mas agora outra pessoa estava tomando conta de seus pensamentos, e não sabia como parar, também não sabia como contar para a amiga.
— Você é sempre gentil com ele, e eu vi vocês conversando ontem.
— Eu sempre sou gentil com todos. — apontou, e Marlene cruzou os braços, reconhecendo que ela estava certa. — Eu sou gentil até com o Avery, e ele é um babaca.
— Seja como for — Lily falou —, fico feliz que ao menos ele vai parar de me perseguir. — Ela forçou um sorriso para , que apenas resmungou novamente.
14 de fevereiro, 1974 - Valentine's Day.
podia ser a menina mais educada de sua idade e, como todo ser humano, ela precisava de algumas horas de um sono em paz. No entanto, acordou em pleno fim de semana com gritos animados vindos de suas colegas de quarto. Aparentemente, uma das meninas foi convidada para ir à Hogsmeade. Num encontro. No dia dos namorados.não podia evitar sentir um pouco de inveja. Ela mal conseguia olhar para Sirius e, desde o beijo, ambos não se falavam. Por um lado, estava envergonhada em ter saído correndo naquela noite e, por outro, sentia o estômago dar voltas toda vez que o via. Havia sido seu primeiro beijo e apesar de achar que ocorreu razoavelmente bem, sua insegurança falou mais alto.
Ela podia vê-lo encarando aqui e ali, mas evitava Sirius como a praga, agradecendo aos céus por estar bem em astronomia e não precisar mais da ajuda dele.
— Sinto muito por te acordar, . Tamara foi convidada a um encontro por um menino do sexto ano e as meninas estão enlouquecendo. — Hestia explicou, sorrindo envergonhada.
— Tenha um bom encontro, Tamara. — disse, e Tamara sorriu agradecida. Dorcas e ela deixaram o dormitório para não incomodar as duas.
estava prestes a deitar novamente e dormir pelo resto do dia quando Hestia saiu de sua cama para pular na dela, como se fosse algo costumeiro.
— Posso te ajudar em algo? — perguntou divertida. Hestia estava sorrindo mais que o normal. — Você 'tá me assustando.
— Eu espero estar. Quando você vai me contar? — perguntou, e a olhou confusa. — Qual deles é, ? Tenho minhas teorias, mas prestando atenção nos dois, não consegui nada.
— Merlin, do que você está falando? — tentou se fazer de desentendida, mas Hestia Jones não era nenhuma amadora.
— Ah, entendi. Essa é sua cara quando está mentindo. Não se preocupe, não vou contar pra ninguém que você tem crush no Sirius.
Como se fosse fazê-la ficar em silêncio, se jogou em cima da amiga, tentando tapar a boca de Hestia assim que a garota disse o nome.
— Merlin! É ele mesmo? — se afastou, revirando os olhos, mas não negou. — Garota, eu achei que você fosse a fim do James ou do Remus.
— Remus? De onde tirou essa?
— Vocês têm coisas em comum, tipo livros e essas coisas.
— Uau, acho que talvez eu deva namorar com a Pince. — debochou, fazendo Hestia reagir com uma careta. — Mas, sim, eu até gostava do James. Agora o problema é outro.
— Black?
— Black.
— Você sabe que ele é sinônimo de problema, né? Ele é gato e todo mundo na escola já começou a notar. — Hestia disse, não para assustar , mas porque era verdade. — Mas relaxa, eu te dou cobertura.
— Bom saber. — riu e puxou o edredom para cima, voltando a se cobrir. Acordaria em meia hora, talvez. Só tinha certeza que precisava descansar.
Hestia se levantou da cama da amiga e voltou para a própria cama, onde sentou, pegou uma almofada e jogou em , que já estava quase cochilando novamente.
— A propósito, feliz aniversário, .
— Obrigada, Jones.
[…]
O dia começou agitado, e Sirius obrigou-se a levantar-se da cama. Eles iriam a Hogsmeade no feriado, e todos estavam um pouco eufóricos. Black quase não conseguiu a permissão para visitar o vilarejo, devido à sua relação com os pais.
Ele não havia tido uma infância tão agradável até então. Desde que passou a enxergar a ignorância de seus pais e o chapéu seletor o colocou na Grifinória, ele era a desgraça da família. Regulus, seu irmão mais novo, estava seguindo o mesmo caminho desastroso do qual Sirius havia fugido, então o mais velho tentava ao máximo ignorar a existência do irmão, apesar de desejar que Regulus enxergasse Walburga e Orion por quem realmente eram.
No começo, ele esperava que os pais entendessem tudo de seu ponto de vista, mas desistiu com o tempo, e então sua verdadeira família tornara-se seus amigos e os pais de James, e era isso o que lhe dava esperanças de um futuro longe da residência dos Black.
Sirius olhou para Remus, que comia chocolate enquanto jogava Snap Explosivo com Peter. Remus parecia estar mais quieto e abatido ultimamente.
— Está melhor hoje, Remus? — ele perguntou sorrindo, e o amigo assentiu. A lua cheia estava chegando e Lupin já sentia-se doente, no entanto, seus amigos não sabiam de seu pequeno problema.
Alguns estudantes passaram por eles na sala comunal, animados para passar o dia em Hogsmeade. Uma cabeleira passou com pressa e logo voltou, cumprimentando os garotos.
— Cadê as suas amigas? — Peter perguntou, e Sirius estava mais que satisfeito com a atitude do amigo. Se ele perguntasse por seria estranho, mas perguntas como aquela eram algo esperado de Peter.
— Lily e Mary estão me esperando lá fora. ainda está deitada, os pais dela assinaram a permissão, mas acho que ela desanimou. — a garota respondeu tudo depressa. — Só parei pra dar um oi, tenho que ir. Beijos.
— Tchau, Marlene! — Peter e Remus responderam em uníssono.
— Talvez eu compre mais chocolates em Hogsmeade, meu estoque está chegando ao fim. — Remus começou. — Isso se chegarmos a tempo, né?! — reclamou, se referindo à demora de Potter.
— James, vamos chegar atrasados! — Sirius gritou mais uma vez antes de digerir que o esperassem no pátio. Black, vez ou outra, olhava para a entrada do castelo, esperando o momento em que apareceria.
E assim ela o fez. Saiu praticamente correndo. Suas colegas de quarto haviam saído mais cedo, tagarelando sobre comprar poções do amor na Zonko’s, e ela estava frustrada, pois sabia que teria que procurar McKinnon ou ficaria só.
— Olá! Vocês viram a Marlene? — perguntou a um grupo de grifinórios, respirando fundo. Ela havia corrido todo o caminho do salão comunal até o pátio de Hogwarts, na pressa de encontrar Marlene e perguntar se ela queria ir à Dedos de Mel após o encontro. O grupo negou ter visto a garota, e repetiu a pergunta para duas lufanas, que também negaram. Remus e os meninos não estavam muito longe dali e ouviram .
— Ela já foi com Lily e as meninas — Remus disse sem graça, e assentiu. Não seria a primeira e nem a última vez que Marlene dispensava a companhia de . Lupin sempre pensava que talvez estivesse sendo amiga pelas duas. De fato, ela estava sempre em segundo plano para McKinnon.
Sirius estava sentado perto de Peter, e olhou ansioso para onde a garota estava. O trio já não aguentava mais esperar por James, que mais uma vez estava se arrumando para parecer bonito quando "acidentalmente" encontrasse Lily durante a visita à Hogsmeade.
— Ah, sim, obrigada, Remus. — disse, evitando contato visual com Sirius, nem mesmo se aproximando do grupo antes de começar seu caminho de volta para o dormitório.
— , espera! — Black disse e se levantou, andando depressa até a garota. Remus e Peter assistiram àquela cena totalmente confusos, se perguntando desde quando e Sirius tinham qualquer assunto. A garota parou e esperou que ele a alcançasse. estava nervosa, mal conseguia olhar nos olhos dele, não com Remus e Peter os vigiando de longe. — Oi.
Estava decidida a ficar no castelo pelo resto do dia caso não encontrasse Marlene. Embora soubesse que inicialmente não era para serem vistos juntos, Sirius estava pouco se importando, e ela decidiu seguir os passos dele.
O garoto sorriu e fez o mesmo, lhe dando o pouco de coragem que precisava para dizer algo. Não muito distante de onde eles estavam, James estava voltando para os amigos, quando viu apenas Remus e Peter ali. Os dois olhavam descaradamente para a entrada do castelo, e James acabou por seguir o exemplo dos amigos, tendo uma visão de Sirius e conversando.
Ela nunca pensou que seria amiga de um dos meninos, muito menos ter um carinho tão grande por Sirius. Ela adoraria que fossem amigos, mas toda vez que o via, sentia um frio na barriga que antes não costumava sentir, nem mesmo ao ver James. Às vezes ela nem lembrava da existência de James. Naquele dia, entretanto, ela acordou se perguntando quando o veria novamente, porque sabia que, onde Potter estivesse, Sirius estaria também.
As mãos dele suavam tanto que Black estava quase se arrependendo de ter ido até ela.
Eram dois pré-adolescentes confusos e medrosos.
— Você não vai? — ele perguntou, apontando para a saída do castelo, referindo-se à ida dos alunos ao vilarejo. O único motivo que teria para ir era comprar alguns doces na Dedos de Mel e talvez ver de perto a tão famosa Casa dos Gritos, mas sem companhia ela imaginou que fosse melhor ficar no castelo.
— Acho que não. — Ela deu de ombros, um pouco sem graça — Marlene já deve estar na metade do caminho e eu não tenho muitos amigos além dela.
— Você deveria ir. Quero dizer, acho que ir sozinha não deve ser tão ruim quanto pensa. E se você ficar entediada, podemos tomar uma cerveja amanteigada no Três Vassouras. — Sirius disse. Ele se sentia mal ao vê-la sempre sozinha quando Marlene se fazia ausente. — Quer saber? Você precisa aparecer. Eu não aceito um não como resposta! — ficou surpresa ao ouvir a última frase, um frio na barriga fazendo-a gritar internamente. Por fora, seu rosto ainda não havia reproduzido sua alegria interna. — E, se quiser, eu posso te acompanhar de volta ao castelo depois.
— Eu adoraria. — ela respondeu, e ele sorriu. — Só, para que fique claro, você me deve uma rodada de cerveja amanteigada.
— Tudo por minha conta, linda. — O rubor tomou conta das bochechas de , que sorriu boba apesar de estar tentando agir de forma natural.
— Eu vou entregar minha autorização à McGonagall e pegar minha bolsa no dormitório. — ela disse, e mordeu o lábio inferior, consequentemente atraindo o olhar de Sirius para sua boca. Malditos hormônios que estavam à flor da pele. — Vejo você lá?
— Pode apostar que sim. — Ele piscou para ela, e os dois seguiram seus caminhos.
[…]
Apesar de não gostar muito dos passeios, tinha que admitir que achava Hogsmeade um vilarejo adorável. Assim que chegou, a garota fez uma pequena tour, que teve início em uma livraria e terminou na Dedos de Mel. Embora tivesse ido para encontrar Sirius, ela tentou não criar expectativas e fez algumas compras para se distrair, era seu aniversário, afinal. Saiu da loja, e, alguns passos depois, viu Hestia numa discussão acalorada em seu encontro com o monitor lufano. sorriu ao ver que tudo parecia estar indo bem. Assim que voltou a andar, esbarrou em alguém e acabou por derrubar uma das três sacolas que carregava. Por sorte, era apenas a sacola com os dois livros que comprou.
— Me desculpe. — disse, apesar de não ser sua culpa, ela só era educada demais.
— Olhe por onde anda, .
— Eu pedi desculpas — resmungou, o olhar fixo no chão, onde um de seus livros caiu. A garota se abaixou, pegando-o e devolvendo para a sacola.
— Eu te disse, Sirius não perderia o tempo dele com ela. — ouviu alguém sussurrando e se levantou, tentando entender o que tanto diziam as duas meninas.
— Eu os vi, ele a chamou para vir. — disse a menina que supostamente esbarrou em . Ela não parecia nada amigável — Quer saber? Eu resolvo. Ei, você! — ela chamou , que a encarou confusa.
— Lidia Brown, não é? — tentou adivinhar, e Olivia cruzou os braços, tendo o gesto repetido por sua amiga, que estava parada atrás dela como uma sombra.
— Não haja como se não me conhecesse, . Todo mundo me conhece, você não seria diferente.
— Okay? — a garota respondeu, incerta do que Olivia esperava ouvir.
— Eu estava procurando por você. É melhor você ficar fora do meu caminho. — a garota disse, sendo um pouco agressiva. a encarou, indignada.
— Você está brincando, né? Foi você quem quase me derrubou, sua louca. — acusou, e Olivia rolou os olhos.
— Não literalmente, sua idiota. Eu quero que você fique longe do Sirius. — ela explicou, e não sabia o que dizer. — Vi vocês dois juntos. Desde quando vocês são amigos? Eu gosto dele desde o primeiro ano, não vou deixar ninguém ficar entre nós.
estava dividida entre rir da menina ou respeitar a pequena obsessão dela com Sirius, para não correr o risco de ser azarada ali mesmo. Estava prestes a dizer que havia entendido o recado, no entanto, não teve a oportunidade.
— E ele sabe disso, Olivia? — alguém disse atrás das meninas. repreendeu a si mesma por ter errado o nome da menina, mas quase sorriu por ao menos quase acertar.
— Olá, Potter. — falou, e o garoto sorriu. Ele se aproximou, ficando ao lado dela, enquanto as duas garotas sorriram, tentando disfarçar que haviam sido flagradas.
— Então… Suponho que você seja a namorada do Sirius? — Ele apontou para Olivia, cujo rosto ficou vermelho como um tomate. — Não, não é. Talvez você seja a mãe dele, certo? Tentando dizer quando e com quem ele deve falar. Estou certo? — ele provocou. Olivia estava borbulhando de raiva. Antes que a garota respondesse algo, interveio, sentindo-se mal pela garota.
— James, acho que ela já entendeu. — ela sussurrou para Potter, que parou de encarar as duas meninas como um cão raivoso. — Deixa pra lá, é sério.
Contra sua vontade, James meneou a cabeça, e as duas meninas se afastaram de imediato, entrando numa loja qualquer. olhou para ele, confusa em ver Potter sem a companhia dos amigos, só então notando o rosto vermelho dele. Conhecendo tão bem o garoto, ela sabia que ele estava chorando antes de encontrá-la.
— Você tá bem? — ela perguntou sem rodeios, e ele pigarreou, tentando se recompor.
— É, claro. Eu só encontrei com a Evans no caminho e… — ele parou de falar, e seus olhos já estavam marejados novamente.
— Entendo. — ela respondeu e sorriu, tentando confortá-lo. — Não se preocupe, acho que ela gosta de você.
— Você acha? — Os olhos dele transmitiam uma esperança que fez sorrir. Ela sempre soube que James gostava de Lily, mesmo que ele fosse sua paixonite desde o primeiro ano. E ela não tinha certeza se Evans sentia o mesmo por ele, mas, mesmo que tivesse, não era ela quem deveria dizer algo.
— Ela seria uma idiota se não gostasse.
Apesar de tentar ignorar, estava ciente dos olhares que alguns estudantes davam ao vê-la parada no meio da rua, conversando com James como se fosse algo corriqueiro. se sentiu incomodada. Ela já sofria bastante com as brincadeiras nada engraçadas que os alunos da Sonserina faziam, estava até acostumada. No entanto, ser confrontada por meninas que ela nem sequer sabia os nomes era o tipo de coisa da qual não sabia se estava preparada. Pré-adolescentes eram um saco, mas não os julgava, também era uma deles, afinal.
— Quer tomar uma cerveja amanteigada? Eu estou indo ao Três Vassouras. — ele convidou. — Eu pago uma rodada pra aniversariante. — disse, a pegando de surpresa. Poucas pessoas sabiam a data do aniversário de : sua mãe, seu tio, Marlene e Hestia.
— Na verdade, eu estava indo pra lá também. — Ela sorriu. — Precisei apenas comprar minhocas de gelatina na Dedos de Mel. — Ela mostrou uma das bolsas que carregava, com o logotipo da loja. — Vamos?
não era sempre tão confiante, mas em alguns momentos ela se deixava levar. E esses momentos, como ela gostava de pensar, eram as atitudes que comprovavam que vermelho e dourado realmente eram suas cores. Afinal, os grifinórios são mais conhecidos por sua bravura. E estar indo de encontro a Sirius, para ela, era seu ato de bravura.
Ela e Potter continuaram a caminhada até o pub. respirou fundo antes de adentrar o local, onde encontrou os meninos e — curiosamente — Marlene. Potter sentou ao lado do amigo e o acompanhou em seguida, fazendo com que James ficasse entre ela e Sirius.
Marlene sorriu para os recém-chegados, não entendendo o que fazia ali até ver James se oferecer para pegar as sacolas que ela segurava e colocar no canto da mesa. já imaginava as infinitas possibilidades de fugir.
James nunca foi muito amigo de Marlene, mas Sirius era, e Peter arrastaria um troll por Mary — a colega de quarto de McKinnon —, e logo Remus e ele já não se incomodavam tanto com a presença dela.
— Como foi com a Lily? — Peter perguntou; Remus e Sirius repreendendo-o silenciosamente. Marlene olhou para James, também esperando uma resposta. Ela poderia apostar que o casal ficaria junto até o fim daquele ano, mas vendo ele ao lado de , já não tinha tanta certeza.
— O de sempre, mas não quero pensar muito nisso. Seria bom me divertir com meus amigos por um momento. — ele disse, fazendo os amigos sorrirem, o que acabou por lhe dar ainda mais confiança. Se todos viam que ele e Lily eram um casal perfeito, por que a ruiva não conseguia enxergar?
Rosmerta foi até a mesa, e logo todos estavam tomando cerveja amanteigada.
— Ah, , se importa se eu contar o que aconteceu? — ele falou, e os outros ficaram curiosos, mas não teve tempo para responder, já que Marlene tinha outras dúvidas.
— Desde quando você e são amigos? — McKinnon perguntou sem rodeios, porque em sua mente eles chegarem a um lugar juntos era algo totalmente incomum. Sirius tentava agir normalmente e manter a pose de desinteressado em tudo e todos, o que não parecia possível toda vez que pensava em ou ouvia seu nome. Ele tomou um gole da cerveja, ignorando o incômodo por estar ali e não ao lado dele.
— Você diz como se fôssemos inimigos. — James começou, e ajeitou o óculos que escorregava pelo nariz. — Mas a questão é que Olivia Brown e mais uma lufana estavam a importunando, e eu convidei pra se juntar a nós. — Marlene parecia zangada, mas James não saberia dizer.
— Porque, em nome de Merlin, Olivia Brown estava importunando a ?
— Aparentemente, Olivia tem uma queda pelo nosso amigo aqui — Ele apontou para Sirius —, e surtou porque ele estava conversando com a mais cedo. Acho que alguém é um pouquinho obsessiva. — James finalizou, rindo.
Olivia Brown não era pouco, mas sim muito obsessiva. Não era a primeira vez que ela tentava se envolver na vida de Sirius sem que ele pedisse. Desde que roubou seu primeiro beijo no segundo ano, vivia atrás dele na esperança de que Black a enxergasse como sua potencial namorada.
— É, mais cedo eu a convidei para beber conosco. — Sirius finalmente tomou coragem para dizer.
— Você tá saindo com a ? — Peter perguntou. Black encarou o amigo, imaginando como Peter havia chegado àquela conclusão. De todas as coisas que poderia absorver daquela conversa, tinha que ser apenas aquilo? Apesar dos meninos estarem curiosos, Marlene também tinha interesse na resposta para benefício próprio. estava começando a ficar bastante constrangida, encarando o copo em sua mão. As palavras de Peter a fizeram pensar no beijo entre ela e Sirius.
E ele pensava no beijo também, provavelmente mais do que ela. A ideia de estar saindo com ela não era tão ruim, mas precisava conversar com antes e talvez convidá-la para um encontro decente.
— Não, somos apenas amigos. — ele disse, e em seguida encarou Peter, quase implorando para que ele desse fim ao assunto. Marlene ficou muito satisfeita com a resposta. Para ela, estava ali com James. Ela e Sirius nunca foram amigos, afinal. sorriu com a resposta de Sirius e decidiu que era melhor distrair Marlene.
— Como foi seu passeio, McKinnon?
A garota começou a falar sobre como o encontro terminou mal e que seria muito diferente se o menino não bancasse o sabe-tudo pra cima dela, logo depois de falar mal do time de quadribol da Grifinória. Aquilo fez James e Peter se ofenderem, e ambos começaram uma calorosa discussão sobre o esporte. apenas ouvia tudo, concordando com algumas coisas e fazendo careta quando discordava de outras.
Remus se levantou para buscar mais cerveja e McKinnon se afastou dos outros, sentando no lugar dele, de frente para Sirius. Black havia parado de beber e observava a interação de com os amigos, apesar de não fazer nenhum esforço para se envolver no assunto. Ele se perguntava se as coisas ficariam estranhas e se diria não ao encontro. Seria uma pena, ela se dava tão bem com todos, e o restante dos marotos pareciam gostar dela também. A voz de Marlene o despertou de seus devaneios.
— Como você está, Black?
— Bem — ele forçou um sorriso —, obrigado por perguntar. E você?
— Estou ótima. — Marlene sorriu e olhou para . — Obrigada por convidar a , ela nem queria vir hoje. Parece que graças a você ela finalmente vai conseguir alguma coisa com o James. — Sirius balançou a cabeça, desejando ter entendido errado, mas Marlene se adiantou, não se importando em falar sobre assuntos que não lhe diziam respeito apenas para ter assunto com o garoto. — Você sabe, ela tem uma quedinha por ele desde o primeiro ano.
Sirius sentiu o estômago revirar e olhou para , que estava rindo de algo que James havia dito.
Quando voltou a olhar para a garota sentada em sua frente, não percebeu que estava olhando para ele. Ela o estava observando sempre que tinha certeza que ninguém estaria olhando. Black sorriu para Marlene e voltou a beber sua cerveja amanteigada, não querendo falar sobre o assunto. O sorriso de Marlene para o garoto não passou despercebido por , e a carranca de Sirius foi Remus quem notou quando voltava para a mesa. Marlene sorriu para Lupin e deixou que o garoto tomasse seu lugar de volta.
— Você 'tá bem? — Remus perguntou ao amigo, apesar de ter notado que ele não estava em seu melhor momento. Sirius deu de ombros. — Devo me preocupar?
O garoto nada disse, mas apenas um olhar para onde o grupinho conversava foi o suficiente para Remus criar algumas teorias.
No dia seguinte ao passeio, as meninas se reuniram na sala comunal da Grifinória, para conversar perto da lareira. Como se já fosse costume, Sirius e James se aproximaram de onde elas estavam sentadas, logo que deixaram o dormitório.
James sentou ao lado de Lily e Sirius sentou ao lado de Marlene, de frente para e Mary.
— Olá, garotas. — Potter sorriu, olhando para Lily, que revirou os olhos e proferiu a frase que mais usava com ele:
— Sai fora, Potter. — ela reclamou. — Não vê que estamos no meio de um assunto?
Um rubor tomou conta das bochechas de Marlene quando ela olhou para Sirius, e não precisou de muito para ligar os pontos. Por mais que McKinnon tentasse disfarçar, sabia exatamente o que estava acontecendo.
Repreendeu a si mesma, pois, em algum lugar, uma pequena parte dela se pegava pensando em Sirius. E ela sabia, uma vez que Marlene estivesse realmente gostando dele, que Black seria meio que "proibido". Amizade primeiro, garotos depois. Compartilhar que também tinha uma quedinha pelo garoto certamente iria abalar sua amizade com Marlene.
Peter desceu as escadas, ainda parecendo sonolento, e se juntou a eles. Remus veio logo em seguida, sua aparência era frágil, mas ninguém disse nada.
— Ei, . Boa sorte no exercício de hoje! — James tentou iniciar um assunto, mas tudo o que conseguiu foi um tímido "obrigada" da menina antes que ela voltasse a ler o jornal trouxa. Sirius assistiu à troca de palavras entre os dois e deu o máximo de si para não fazer cara feia, mal sabendo que James apenas havia achado amigável o suficiente para fazer parte de seu círculo de amizade.
— Que exercício? — Peter perguntou, já desesperado.
— Não se preocupe, é só pra . — Marlene acalmou o garoto. — Por falar nisso, você estudou? Eu nunca te vejo estudando.
Lily ouviu a pergunta de Marlene e encarou , do mesmo jeito que Celine costumava fazer com a filha. A garota revirou os olhos e sorriu. Sirius mordeu o lábio inferior, contendo a necessidade de contar para todos que ele estava a ajudando.
— Dorcas me contou que ela sempre saía durante a noite. — Mary, que até então estava em silêncio, decidiu adicionar aquela informação.
fez uma careta para a garota. Uma lâmpada se acendeu na cabeça de Remus.
— Para qual matéria, ? Se quiser, posso te dar umas anotações.
— Oh, obrigado, Remus. São para astronomia, mas não será necessário, tenho tudo que preciso. — ela disse sorrindo, e os olhos dele brilharam em realização. Antes que pudesse se conter, Remus olhou para Sirius.
O garoto, até então, estava discretamente olhando para sem que os outros notassem, e tomou um susto ao ver seu amigo o encarando. Black tentou disfarçar, iniciando um assunto com Marlene, mas era o suficiente para Remus tirar suas próprias conclusões.
— Tenho que ir, preciso falar com a professora Minerva antes das aulas de amanhã. Até mais.
buscou a professora por todo o castelo, até encontrá-la em frente à classe do professor Bins. Ela conversava com o fantasma, e se aproximou devagar, não querendo ser mal-educada. Assim que os olhos da mulher pousaram na mais nova, Minerva sorriu e se despediu do outro professor.
— Ah, eu estava lhe esperando, . Venha comigo — disse, já seguindo o caminho até a própria sala. Os passos de Minerva eram apressados, e tropeçava nos próprios pés para manter o ritmo da mulher. diminuiu os passos quando McGonagall abriu a porta, e entrou ainda acanhada. — Não seja tímida, sente-se ali. Eu tenho algo para lhe dar.
Obedecendo à professora, se sentou, e não precisou esperar muito até Minerva voltar. Tinha algo em mãos.
— Você pode não ser muito boa em algumas matérias, mas sei que o que não lhe falta é potencial. — começou Minerva. — Eu quero que fique com isso, tenho certeza que irá melhorar seu desempenho nos estudos.
McGonagall lhe entregou uma caixinha, a qual abriu com os olhos brilhando em curiosidade. não entendia como um colar iria ajudar nos estudos, e olhou confusa para Minerva, que sorriu antes de pegar um pergaminho que havia separado justamente para aquele momento.
— É um vira-tempo, . — Minerva explicou, mesmo sabendo que a garota sabia o que era um. No entanto, não acreditava que a professora estava lhe entregando algo tão fascinante e perigoso ao mesmo tempo.
— Mas como? — a garota perguntou. — Não precisaria ter aprovação do Ministério para usar um?
— Eu posso ter enviado algumas cartas. — Minerva sorriu para a garota; tinha como uma filha, assim como todos os outros alunos.
— Não sei o que dizer, professora. Você tem certeza que pode confiar isso a mim? É muita responsabilidade e isso é perigoso.
— , você é capaz de lidar com isso. — A mais velha tomou o colar da caixa que segurava e se aproximou, de modo que ambas estivessem com o colar em volta de seus pescoços. — Por hora, faremos sua primeira viagem juntas. Para cada hora que você deseja retornar, deve girar o vira-tempo. — Minerva disse, e assim o fez.