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Codificada por: Saturno 🪐

Última Atualização: Julho/2024.

Eu poderia começar essa história com o clássico "Era uma vez", mas não saberia como continuar, por simplesmente se tratar da minha história. Meu nome, você pergunta, é Amarili Snow, sou princesa de Kalinka, aqui não é muito popular, não recebemos visitas de estrangeiros devido ao medo constante que eles possuem das nossas terras, afinal, gigantes são mesmo assustadores e infelizmente, eles vivem em nossas florestas, impedindo outras pessoas de entrar e todos nós de sair. Para nossa sorte, não são muitos e eles realmente só ficam na floresta, isso quando não enjoam da carne dos animais e atacam a vila, aterrorizando a todos.
Meu pai, o rei, já tentou atacá-los de todas as formas, fomos vitoriosos algumas vezes, resultado disso, é que agora existem poucos, mas os que restaram são os mais brutais e difíceis de derrotar. Eu nunca os vi, o que eu sei foi o que ouvi às escondidas, meu pai já desabafou comigo uma vez, dizendo que gostaria que um herói forte, poderoso e destemido, aparecesse e matasse os gigantes. Sobrevivemos das plantações e da caça, mas tememos que chegue o dia que isso não será suficiente.

...


Naquela noite algo estranho aconteceu, todos da vila e do castelo sentiram a mesma coisa, o medo se instaurou, um grito pôde ser ouvido ao longe, vários gritos, um grande estrondo, seguido do silêncio, naquela noite o reino inteiro ficou acordado, pensando que sofreriam novamente o ataque dos gigantes.
A manhã surgiu como um sonho bom depois de um dia ruim, os mais corajosos saíam de suas casas para ver se estava tudo em ordem na vila, foram surpreendidos apenas pela imagem de um desconhecido adentrando os portões do reino, com suas roupas simples e aparência que entregava que ele era um estrangeiro, segurando a alça de uma bolsa de couro que ele carregava nas costas. O misterioso homem seguia até o palácio com um sorriso confiante, sendo seguido pelos olhos dos moradores locais, que ao ver aquele jovem sentiam, além da surpresa, uma sensação de esperança que eles até temiam. "Quem era aquele homem? Como ele chegou ali? O que foi aquele estrondo? Ele tem algo a ver com isso?", ninguém sabia ao certo, mas todos sentiam que a partir daquele dia, as coisas iam mudar.

...


No palácio, o rei ansioso ouvia seu conselheiro Alisso, seu braço direito. O rei não tomava uma decisão sem antes consultá-lo, quando então, são interrompidos pelo som das portas da sala do trono se abrindo e pelos sons dos passos de alguém desconhecido, aquele mesmo homem que, com um ar confiante, adentrou em Kalinka. Despertando o interesse daqueles presentes na sala do trono, este quebrou o silêncio causado pela surpresa de todos, ao anunciar:
– Foram sete num golpe só, o reino está livre de sete dos gigantes.
Alisso o encarava, sua testa franzida deixava nítido a sua desconfiança, seus olhos mediam o estrangeiro. Ele não parecia ser forte por baixo daquelas roupas, aliás, todas sujas, que fez Alisso imaginar que ele era um mendigo, uma pequena espada amarrada à cintura, uma bolsa que ele apostava ter coisas sem nenhum valor, mas apesar disso apreciava sua altura elevada e postura confiante.
– O que quer dizer com "sete num golpe"? – Os pensamentos julgadores de Alisso cessam ao ouvir a pergunta do rei.
– "Sete num golpe" quer dizer, exatamente o que diz, sete mortos num golpe só. – O jovem explica, trazendo mais dúvidas que respostas. – Creio que ouviram um grande estrondo durante a noite...
Ele olha para o rei, que confirma perguntando se o estrangeiro sabia a causa do grande som.
– O barulho foi de uma grande pedra caindo por cima de sete dos gigantes, o som que vocês escutaram a noite, foi o som de suas mortes.
Novamente o silêncio se manifesta, como saberiam se era verdade, ele poderia estar mentindo, mas se mente mesmo, então o que foi de fato aquele som?!, esses eram os pensamentos que o rei fazia a si mesmo. Não sabia dizer também, se o estrangeiro queria uma recompensa pelo feito, se é que havia feito.
– Qual o seu nome? – O rei se endireitou no trono e olhava fixamente para ele.
– Hayato.
– De onde você veio?
– De nenhum lugar, sou um viajante. – Hayato olha para Alisso que continuava a encará-lo com desconfiança.
– Parece que você é do leste da Ásia. – O conselheiro real toma a fala, andando até o jovem com o objetivo de ler suas reações, não gostava de mentirosos, apesar de saber que no secreto, ele próprio era um poço de mentiras, mas não gostava de ser feito de bobo.
– De fato… Nasci nessa região, mas saí de lá para explorar novas terras. Também acho que o passado deveria ficar no passado. – Hayato falava enquanto Alisso o rondava, em nenhum momento desviando o olhar do rapaz.
– Entendo, mas compreenda nossa situação. – Ele para na frente do jovem. – Somos um povo prisioneiros de gigantes, mas de repente chega um estrangeiro em nosso reino depois de vinte anos… Não nos julgue por querer saber mais coisas de você.
Hayato apenas assentiu, podia ouvir uma voz na sua cabeça falando para tomar cuidado com aquele homem, algo no modo como Alisso falava incomodava o rapaz, o jeito lento e cheio de sarcasmo, o modo como os olhos dele o analisavam com um certo nojo escondido por um sorriso falso, o nariz pontudo e empinado que mostrava o quanto aquele homem se sentia superior, Hayato notou que ele falava daquele jeito até com o rei.
– Já que não podemos saber de onde você é, nos explique a história dos gigantes, como passou por eles, quero saber como você os derrotou com um golpe só, como você diz. – O rei fala mandando um sinal para Alisso parar de encarar o rapaz.
– Não derrotei todos, pelo que eu vi existiam doze deles, a pedra esmagou apenas sete, só consegui fugir devido o desespero que eles sentiram ao ver os companheiros mortos.
– Desculpe-me se pareço um tanto incrédulo, mas como poderia um jovem como você, esmagar sete gigantes com uma enorme pedra?
– Alteza, não quero parecer rude, mas como estaria eu aqui se não tivesse, de certa forma, derrotado os gigantes?! – Todos ficam quietos, ainda esperando que ele falasse. – Posso voltar… Trazer uma comprovação do meu feito.
– Explique.
– Voltarei até lá, trarei algo comigo que comprove as mortes dos gigantes.
– Ótimo, faça isso! – Clamou Alisso.
– Espere Alisso, não fale isso. – O rei olha para Hayato com piedade. – Não assine sua sentença de morte, sua coragem ou o que quer que tenha feito a noite passada, pode ter salvo sua vida, mas não posso permitir que você volte para lá. Os gigantes que ainda estão vivos são os mais brutais que já pisaram nessas terras, se você matou mesmo sete deles como diz que matou, eles estarão mais sedentos por vingança, não posso deixar que você vá.
Hayato percebe o olhar que o conselheiro lançou para o rei, podia imaginar exatamente o que ele pensou “está louco?”, o rapaz insistiu na ida até os gigantes, mas o rei era teimoso.
– Pelo menos passe algumas noites no reino, posso ceder um dos quartos do castelo, você disse que é um viajante, tenho certeza que está cansado de tanto andar de terra em terra. Até lá, pense bem em voltar para enfrentar os gigantes, aceite. – Hayato percebeu que o rei estava dando uma ordem ao invés de um pedido, como se estivesse fazendo o rapaz não ter escolha, no fim ele concordou.
Quando enfim, já estava sendo enviado para o quarto que ele iria ficar hospedado, da entrada da sala do trono surge a princesa, prendendo a atenção de Hayato, ela era uma imagem que ele jamais vira, seria por seus cabelos loiros, quase brancos, cacheados, seus olhos verdes ou até seu vestido branco com verde que a fazia parecer uma flor… Uma flor, foi isso que ele viu nela, parecia que ela tinha sugado toda a beleza de uma Snowdrop.
Ele seguiu ela com o olhar e ela fez o mesmo, assim como ele só a via naquele momento, ela só via a ele, não pelos mesmos motivos, a princesa notou sua aparência estrangeira e no fundo ela sentiu curiosidade e esperança por ver alguém de fora, entusiasmo e ansiedade, foi então que ela parou de olhar para ele e com passos rápidos foi até seu pai, esperando que ele respondesse suas dúvidas. Hayato adoraria ter ficado alí mais um pouco, mas foi logo apressado para ir ao seu dormitório temporário.


Continua...


Nota da autora: Sem nota.


🪐

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