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Revisada por: Júpiter

Última Atualização: 08/08/2024

“With all the risks they were taking,
love was probably the most dangerous choice of all.”


O programa de talentos The Chosen One era um sonho de Shawn Mendes desde que Andrew Gertler, seu gerente de carreira, o havia oferecido um contrato de 10 anos com a gravadora Island Records, após seu grande sucesso na plataforma de vídeos precursora do TikTok, Vine. Com a sua vida sendo completamente transformada por essa chance, Shawn se tornou repetidamente o artista masculino mais jovem a alcançar grandes marcos com sua carreira na música: o mais jovem artista a esgotar The Rogers Centre, em Toronto, e o Madison Square Garden, em Nova York, com somente um disco lançado. O cantor canadense mais jovem a esgotar uma turnê de proporção mundial em estádios e arenas. O artista mais jovem a entrar no top 10 nas paradas da Billboard com cada um de seus álbuns lançados.
Ele nem se lembrava mais em que momento viver de música havia se tornado o seu sonho, o que sabia era que foi ao assinar com a gestão de Andrew que esse sonho se tornou alcançável. Desde então, quando não estava dentro de um estúdio ou em cima de um palco, estava de alguma forma buscando mais visibilidade para artistas independentes. Foi assim que, junto com Andrew, The Chosen One finalmente saiu do papel.
Concebido atipicamente em comparação a outros programas de talento, TCO, como fora carinhosamente apelidado, consistiu em etapas sigilosas para a escolha da próxima aposta da Island Records. Os participantes foram ativamente escolhidos por um comitê técnico em carreira musical, passando pela aprovação do Comitê Executivo da gravadora, para que somente após a aprovação de Shawn, como líder da iniciativa, fossem convidados a participar.
As etapas do processo envolveram desde a avaliação de gravações em vídeo de covers e submissão de versões em estúdio autorais, com evolução para uma extensa semana de entrevistas remotas com as equipes multidisciplinares de teoria musical, relações públicas, psicólogos comportamentais e equipe médica para histórico de saúde. Tudo isso para que, por fim, os finalistas se apresentassem ao vivo na cidade de Nova York, onde seriam avaliados pela banca examinadora, da qual faziam parte Andrew, Shawn e Sabrina Carpenter — amiga pessoal de Shawn e artista convidada do quadro de cantores da Island Records para compor o olhar artístico da última fase do processo.
O participante escolhido assinaria um ano de contrato com a gravadora, exigindo moradia na cidade de Nova York por um período mínimo de 12 meses, para lançamento e consolidação da carreira. Somente após toda a seleção, o programa lançaria os bastidores do processo seletivo com um documentário de 04 episódios, que apresentaria o nome escolhido em seu último episódio, através de um lançamento oficial à indústria musical.
Com mais de um ano de planejamento e preparo para que The Chosen One fosse conduzido com excelência e tivesse o impacto que esperava no desenvolvimento da carreira de um jovem artista na música, Shawn estava confiante de que o programa seria capaz de mudar tudo para alguém. Ele só não poderia prever o quanto as coisas ainda poderiam mudar também para ele.
Na vida de , a música sempre preencheu todos os momentos. Sua mãe costumava dizer que ela nasceu e viveu todos os dias até então dentro de um musical. sempre descreveu cada momento, sentimento e situação através da música e, para ela, aprender a cantar foi mais natural do que começar a falar.
O amor de pela música era a primeira coisa que qualquer pessoa aprendia sobre ela, sentia que, ao cantar, podia contar qualquer história apenas com o som da sua voz. E, mais do que sentir, sabia que podia transmitir exatamente o que sentia a quem a ouvia.
Quando a equipe da gravadora norte-americana, Island Records, conhecida por nomes como Shawn Mendes, Demi Lovato e Sabrina Carpenter, entrou em contato através do e-mail profissional nada movimentado que mantinha disponível na sua conta do Instagram somente por desencargo de consciência, ela achou que era algum tipo de pegadinha da irmã ou do namorado. Mas, ao se certificar de que estava realmente conversando com um de seus correspondentes por chamada de vídeo, que a explicou pacientemente o motivo de seu contato, ela sabia que precisava ao menos tentar.
O programa The Chosen One era o que enxergava como sua maior chance de trabalhar exclusivamente como cantora, uma vez que, após se formar no curso de Música da Universidade Estadual Paulista (UNESP), nunca havia passado de apresentar alguns shows em bares e festas isoladamente e abrir para bandas independentes da cidade de São Paulo, tendo como sua principal fonte de renda as aulas particulares de canto que dava para alunos indicados por seus professores da graduação e amigos.
Nos últimos anos, a paixão pelo universo musical inevitavelmente a uniu a Diego, que logo se tornou seu namorado e passaram a gravar covers, escrever músicas e se apresentar juntos como uma dupla. Foi com ele que havia passado por todas as fases da seletiva e, finalmente, chegado à audição presencial.
Ao pisar na sala de preparação do dia da audição, poucos momentos antes do momento em que ela e Diego se apresentariam, sentiu todo o seu corpo ser tomado por uma energia que a dizia que aquele momento mudaria toda a sua vida. Ela estava certa. Mas a verdade é que, não importa o quanto estivesse preparada e mesmo ansiando por mudanças, absolutamente nada poderia prepará-la para a dimensão em que tudo mudaria. Ela. Sua rotina. Seus sentimentos. E tudo o que ela acreditava ser importante.
— Isso não pode estar acontecendo — repetiu pelo que parecia ser a centésima vez no último minuto enquanto andava de uma extremidade à outra do estúdio pequeno com meia luz quente onde ela e Diego deveriam estar se preparando para a apresentação final para a bancada avaliadora das seletivas de TCO.
havia calculado todas as possibilidades — até as mais remotas — do que poderia dar errado naquele dia e se certificou de eliminar cada uma delas. Mas nem em seu pior dia sua mente ansiosa poderia ter antecipado as palavras que Diego disse antes de sair daquele estúdio sem olhar para trás.
Desde que chegaram à Nova York, uma semana antes, tentou de todas as formas animar o namorado, que estava mais calado do que o normal, alegando nervosismo pela apresentação. Criou roteiros turísticos e o levou para conhecer restaurantes veganos que encontrou pelo TikTok. Mas nada parecia tirar Diego da prisão dentro da sua própria cabeça e isso estava começando a preocupá-la. Mas foi só quando ele se levantou do sofá em que estava balançando as pernas inquietamente enquanto repassava os passos que haviam combinado para a apresentação, a olhou com os olhos marejados e pouca cor no rosto, o deixando ainda mais branco do que o normal, e disse “, me perdoa. Eu não sabia como te dizer isso, mas esse não é o meu sonho, é o seu.”, que todo aquele comportamento evasivo fez sentido.
Ela parou de andar de um lado para o outro abruptamente, sentindo a falta de ar arrebatadora tomar conta de si, notando que seu rosto e suas mãos estavam começando a ficar dormentes enquanto seus lábios tremiam, anunciando a chegada de uma crise de ansiedade. Em um mecanismo de resgate, apertou as unhas nas palmas de suas mãos com força suficiente para machucar, se obrigando a focar sua atenção na dor, uma sensação concreta que sempre a ajudava a retomar o controle do próprio corpo. Sem muito sucesso, tentou afastar as lágrimas que rolavam indiscretamente, deixando um rastro de rímel na sua maquiagem impecável, que, pela falta de prática, levou tempo demais para ficar pronta.
No prédio da Island Records, na sala de controle no andar dos estúdios, Shawn Mendes fazia o que tinha descoberto ser sua segunda coisa preferida naquele dia, perdendo somente para o momento em que via uma chavinha virar no olhar dos finalistas e eles perdiam a inibição do nervosismo, se transformando em suas versões de palco. Ele observava, através das câmeras, o estúdio em que os participantes aguardavam o seu momento e assistia ao ritual de cada participante nos minutos que antecediam cada apresentação.
Segundo a programação, a última apresentação seria de e Diego Ferrero, uma dupla brasileira que apresentaria um dueto de Don’t Stop Believin’, da banda de rock dos anos 70, Journey. Mas, havia alguns minutos, Diego havia deixado a parceira sozinha na sala, parecendo bastante agitada, após uma conversa que, mesmo sem som, pareceu desagradável. Shawn continuou observando até o momento em que a viu sentar no sofá, abraçando as próprias pernas. Ele se inclinou na direção do monitor que projetava a imagem da câmera e notou que estava chorando e tremendo. Mesmo sem um plano em mente, ele decidiu sair de onde estava e ir até a finalista para oferecê-la ajuda.
Quando Shawn abriu a porta, ele encontrou a mesma cena, apenas de um ângulo muito mais vívido, e o som que preenchia a sala eram os soluços do choro estrangulado da garota, que tentava respirar ruidosamente com a cabeça apoiada entre os joelhos. Ele se aproximou dela, se abaixou à sua altura sem sequer ser notado e cuidadosamente levou uma das mãos ao ombro de . — Você precisa de alguma coisa? — ele perguntou, hesitante, e recebeu em resposta o sobressalto de , vendo-a perder toda a cor de seu rosto avermelhado e inchado pelo choro, dizendo algo que Shawn não conseguiu identificar.
— Porra! — ela disse, em português, levando imediatamente as duas mãos à boca, tampando-a.

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Com a sua crise de choro interrompida por Shawn, os 20 minutos que se seguiram foram categorizados por mentalmente como “os 20 minutos mais improváveis da sua vida”. A crise de ansiedade se transformou em choque quando ela levantou a cabeça e encontrou Shawn, perguntando se ela precisava de ajuda. Ela soltou um palavrão em português, como reação universal de todo brasileiro, e, ao observar a confusão no olhar dele, ainda fez questão de traduzir sua reação com um “I mean… fuck!”, o que fez com que ele soltasse uma risada curta anasalada, coçando a cabeça sem jeito.
— Me desculpa — ela disse, envergonhada, voltando a chorar, mas dessa vez de forma mais controlada.
— Não precisa pedir desculpas. — Ele se levantou, sentando-se ao lado de , que se endireitou no sofá, se sentindo intimidada pela presença de um dos cantores de maior destaque da atualidade. — Eu estava vindo chamar vocês e… — ele começou a improvisar, para que não demonstrasse que, na realidade, estava a observando. — Te encontrei chorando. Eu quem peço desculpas pela invasão.
tentou explicar da forma mais contida possível, mas sem conseguir evitar as malditas lágrimas e uma pontada de fúria que começou a aparecer quando se deu conta de que a evasão de Diego tinha como consequência que ela não conseguisse se apresentar, uma vez que estavam inscritos como uma dupla.
— Só… não é justo… eu nunca mais vou ter uma chance como essa. — Desabafar com Shawn Mendes naquele estado não era só surreal, mas, também, vergonhoso. Mas que escolha ela tinha, afinal? Depois disso, não é como se eles fossem se encontrar novamente. — Eu só queria pelo menos tentar. Era tudo o que eu queria. Se não desse certo, pelo menos eu teria tentado.
— Eu sinto muito pelo seu companheiro — comentou, respeitoso e sincero. — Eu não posso te ajudar com isso, mas talvez eu consiga te ajudar a continuar no programa como artista solo, se você quiser — finalizou sem muita certeza, preocupado em estar sendo insensível com o momento de , mas, ao vê-la arregalar os olhos com um brilho, logo emendou: — Não é mesmo justo você perder essa oportunidade depois de chegar até a final. Fique aqui e se prepare. Quanto à escolha da música... você acha que consegue cantar toda ela, inclusive as partes que seu parceiro cantaria? — ele sugeriu e imediatamente se arrependeu, quando seus olhos, que mal haviam secado, se encheram de lágrimas novamente enquanto ela assentiu quase imperceptivelmente, em silêncio. — Mas para isso, você vai precisar parar de chorar.
— É só que… — respirou fundo antes de continuar. — Ele não é só meu parceiro musical... Ele é, ou era… não sei mais, meu namorado há 2 anos. — Ela tornou a chorar, perdendo um pouco do controle novamente e Shawn a olhou com compaixão, calculando se confortá-la tornaria as coisas ainda mais estranhas do que aquele momento em si já era. — Ótimo, além de tudo Shawn Mendes está com pena de mim — reclamou, revirando os olhos e tentando secar as lágrimas com as costas de uma das mãos, inclinando ligeiramente o rosto na direção contrária ao olhar de Shawn, evitando encará-lo.
— Eu não estou com pena de você — ele riu, balançando a cabeça negativamente. — Eu só não sei o que fazer quando alguém chora, nunca sei o que dizer e não costumo abraçar pessoas que eu acabei de conhecer, a não ser pelos fãs… Além disso, pela minha experiência, quando eu abraço uma garota chorando, ela só costuma chorar mais. — Foi a vez de rir.
— Não me entenda mal, Shawn, mas eu não sou sua fã. — Ele se sobressaltou, surpreso, pensando quão pretensioso fora assumir aquilo sobre alguém e se apressou em complementar: — Calma, quer dizer, eu gosto muito do seu trabalho, adoro as suas músicas e minha irmãzinha é completamente alucinada por você. Mas eu não vou tipo… chorar de emoção por ser abraçada por você, sabe? — Notando o que deu a entender, tratou de se corrigir: — Não que eu esteja te pedindo um abraço, você entendeu! — desistiu simplesmente, pois aquilo estava se transformando em uma bola de neve embaraçosa. Só que tarde demais, pois Shawn a puxou para um abraço lateral desajeitado, ao qual não viu outra opção a não ser corresponder.
— Agora você precisa se recompor. — Shawn a segurou pelos ombros, buscando seu olhar. — Eu assisti pessoalmente a todos os vídeos das seletivas e, infelizmente, vocês eram ótimos juntos. Mas confie em mim quando digo, você é ainda melhor sozinha e eu não estou falando isso só para te consolar, todo esse programa é muito sério para mim e eu não falaria algo em que não acredito. Você só precisa trazer para o palco aquela mesma emoção do cover de All of The Girls You Loved Before da Taylor, que você enviou na primeira fase, para preencher o pré-requisito de versões solo.
— Merda! Shawn Mendes assistiu aos meus vídeos cantando e falou que eu vou ser ótima. — Ela hiperventilou e Shawn gargalhou ao observá-la falar seu nome acompanhado do sobrenome mais uma vez. — Quem precisa do Diego?
— Você pode me chamar só de Shawn, sabia? — ele pontuou de forma que arqueou uma sobrancelha como se a resposta fosse tão óbvia. — Vou te deixar se preparar, você tem... — checou o horário em seu relógio de pulso — 8 minutos até que alguém da produção venha te chamar. Fica tranquila, todos os avaliadores já estarão na mesma página sobre a situação da sua candidatura quando você entrar no palco. Eu estarei lá e serei um dos caras que julga — brincou, piscando, divertido, e sorriu, sinceramente grata por ele ter aparecido.
Ele finalmente a deixou, e abriu a câmera frontal do celular, revirando os olhos ao encontrar seu rosto completamente vermelho e inchado. Como não tinha sequer tempo para fazer uma nova maquiagem, apenas limpou o rosto com um lenço demaquilante que tinha em sua bolsa e precisou acreditar que seu talento fosse o suficiente para convencer os jurados da forma que deveria.
Para , a música sempre foi algo muito grande e presente em sua vida. Desde muito pequena, amava cantar. Não somente músicas que existiam, mas também músicas inventadas que falavam sobre o que quer que ela estivesse fazendo no momento, desde uma simples atividade da escola, até lavar a louça e arrumar seu quarto, todas as coisas pareciam uma boa razão para cantar. Nos últimos dois anos compartilhou — ou pelo menos acreditou que compartilhava — esse amor com Diego, após se conhecerem na casa de um amigo em comum, e foi com ele que começou a gravar covers de forma profissional e publicá-los nas redes sociais.
Eles conversaram muito sobre o que fariam caso fossem escolhidos pelo programa, já que uma das exigências era residir pelo tempo que durasse o contrato na cidade de Nova York. Por meses tiveram essa conversa e, em nenhum momento, Diego se opôs ao plano que, etapa após etapa, se tornava cada vez mais concreto. Assim, vê-lo pular fora do barco no momento em que ela mais precisou dele para realizar seu maior sonho parecia algo pelo que nunca poderia perdoá-lo e pensar naquilo doía, principalmente porque, até aquele dia, ela achou que o sonho era também dele. Eram esses os pensamentos que a assombravam quando ela entrou no auditório grande demais para a dúzia de pessoas que ela já sabia que a esperavam lá dentro.
— Bom… Seja bem-vinda, — Andrew pronunciou seu nome de maneira completamente americanizada. — É um prazer finalmente conhecê-la pessoalmente — ele sorriu, caloroso, em uma tentativa de incentivá-la, enquanto ela se posicionava no “x” vermelho que marcava o meio do palco, onde havia também um microfone, além de um holofote de luz bem direcionado para ela.
— Bem-vinda, . — Reforçou quem ela reconheceu imediatamente como Sabrina, fazendo seu coração palpitar. A loira era ainda mais bonita e imponente pessoalmente, apesar da pouca altura, perceptível mesmo quando sentada. — Estou muito ansiosa para ver o que você nos trouxe. — Ao final da frase, sentiu um arrepio percorrer seu corpo e puxou o ar pelo nariz de forma controlada, procurando pelos olhos amigáveis de Shawn, que a encarava atentamente, lhe entregando um sorriso sereno e um aceno de cabeça discreto.
— É um prazer estar aqui, mesmo! — Ela seguiu para sua apresentação pessoal, seguindo as instruções recebidas por e-mail, que havia lido dezenas de vezes desde que as recebeu. — Eu sou , sou brasileira, nascida e criada em São Paulo. Tenho 24 anos e, no final do ano passado, me formei no curso de música na melhor universidade do país. Mas eu canto desde… sempre. Literalmente. — Ela tentava alternar seu olhar entre Sabrina, Andrew e Shawn, que, de alguma forma, a passavam confiança de que estava indo pelo caminho certo. — Conforme vocês já sabem, as coisas estão sendo um pouco diferentes do que planejei para o dia de hoje, mas estou feliz para mostrar um pouco mais do que posso fazer ao vivo.
Com isso, Andrew fez um sinal rápido com a mão para a produção e o instrumental acústico de Don’t Stop Believin’ ecoou no ambiente.

Just a small town girl
(Apenas uma garota de uma cidade pequena)

Livin' in a lonely world
(Vivendo em um mundo solitário)

She took the midnight train going anywhere
(Ela pegou o trem da meia noite indo para qualquer lugar)


A voz de soou tranquila como se ela fizesse aquilo todos os dias quando não havia ninguém olhando, segura como se ela não estivesse chorando com toda a força há apenas alguns minutos e algo se acendeu no olhar de Shawn. Ele imediatamente buscou pelos olhos de sua amiga, Sabrina, e viu o mesmo brilho surpreso em seu olhar, como se tivessem acabado de descobrir algo muito bom.

Just a city boy
(Apenas um garoto urbano)

Born and raised in South Detroit
(Nascido e criado no Sul de Detroit)

He took the midnight train going anywhere
(Ele pegou o trem da meia noite indo para qualquer lugar)


Porém, no verso em que Diego deveria cantar, os dois amigos notaram como a voz de vacilou por um milésimo de segundo, e ela foi tomada pelo pânico ao pensar que não conseguiria alcançar os pontos altos da música sem o namorado, ainda que já o tivesse feito milhões de vezes antes. Ela engoliu em seco e perdeu o tempo da música, dando um passo para trás, se afastando do microfone.
— Desculpem, pessoal, mas preciso fazer isso — Shawn falou baixo, olhando para o time de agentes musicais atrás dele, e subiu ao palco mais rápido do que qualquer pessoa naquela sala conseguiria entender o que ele estava fazendo. retornou a si quando escutou a voz do cantor cantar a estrofe seguinte, no mesmo microfone que ela usava apenas segundos atrás:

A singer in a smoky room
(Um cantor em uma sala esfumaçada)

The smell of wine and cheap perfume
(O cheiro de vinho e perfume barato)

For a smile, they can share the night
(Por um sorriso, eles podem compartilhar a noite)

It goes on and on and on and on
(Isso continua e continua e continua e continua)


Sabrina se ajeitou mais confortavelmente em seu lugar, cruzando as pernas e observando a cena completamente admirada, alternando entre olhar para o palco onde seu amigo acabara de subir com uma completa desconhecida e o seu agente. Quando ela pensou que Andrew teria um ataque nervoso pela imprevisibilidade do ato de Shawn, ele apenas olhou para o assistente de palco com um grande sorriso em seus lábios e sinalizou para que os câmeras satélites começassem a gravar de todos os ângulos, além da câmera padrão central, única a gravar os demais finalistas.
fechou os olhos, e seguiu seus instintos e seu coração, quando ambos cantaram juntos o próximo verso da música:

Strangers waiting
(Estranhos esperando)

Up and down the boulevard
(Subindo e descendo a avenida)

Their shadows searching in the night
(Suas sombras procurando na noite)

Streetlights, people
(Luzes da rua, pessoas)

Living just to find emotion
(Vivendo apenas para encontrar emoções)

Hiding somewhere in the night
(Escondidos em algum lugar pela noite)


Para quem estava assistindo, aquela era uma cena única, rara e característica de uma grande artista sendo descoberta: havia se soltado completamente na presença de Shawn como se uma luz se acendesse dentro do peito dela e fosse crescendo, se expandindo para todo o ambiente. Andrew agora se balançava em sua cadeira, acompanhando o ritmo da música enquanto Sabrina fazia questão de permanecer estática assistindo ao show, no sentido literal da palavra, capturando da melhor forma possível a essência daquele momento. A dupla resolveu, como se houvessem ensaiado aquela apresentação por noites e noites a fio, revezar cada verso da estrofe que se seguiu, com iniciando:

— Working hard to get my feel… Everybody wants a thrill.

Ela cantava olhando diretamente nos olhos de Shawn e se afastando do microfone para dar vez ao cantor, com um sorriso brincalhão em seu rosto.

— Paying anything to roll the dice, just one more time.

Mendes cantou em seguida, tirando o microfone da base e andando na direção da garota conforme o ritmo da música. , por sua vez, se aproximou do microfone que ainda estava sendo segurado por Shawn para voltar a cantar:

— Some will win.

Ela cantou sozinha, com a voz de Shawn misturando-se à dela logo em seguida:

— Some will lose. Some were born to sign the blues.

— Oh, the movie never ends, it goes on and on and on and on.

pegou o microfone das mãos de Shawn e ele sabia que o trabalho dele naquele palco havia acabado. Sorriu, satisfeito, se direcionando para a lateral do palco. Quando olhou para seu agente, encontrou um Andrew totalmente espantado, mas com uma excitação no semblante que, após tantos anos de trabalho juntos, Shawn já conhecia muito bem.
finalizou a música sozinha, ainda contagiada pela eletricidade de ter Shawn Mendes no mesmo palco, e, para finalizar sua apresentação com chave de ouro, resolveu mostrar toda sua potência vocal encerrando a música de forma não planejada em “Hold on to the feelin” com um grande e longo agudo e colocando toda sua alma naquele único verso; fechou os olhos e apenas deixou-se levar pelo momento. Aquela poderia ser a única vez que teria a oportunidade de se apresentar daquela forma para equipes profissionais, para os melhores daquela indústria e para duas estrelas da música, mas sairia dali sabendo que fez o seu melhor e se entregou completamente àquele momento.
Quando abriu os olhos novamente, encontrou Sabrina dando pulinhos e palminhas em pé, completamente empolgada, e Andrew Gertler ainda sentado em sua cadeira, mas batendo palmas lentas e assentindo com a cabeça, parecendo muito satisfeito. Olhou para a direção por onde Shawn tinha saído e o encontrou andando em sua direção, batendo palmas com um sorriso que faria qualquer pessoa sorrir junto com ele. Ele sussurrou quando passou ao lado dela em seu caminho para unir-se aos outros dois jurados: — Eu falei que você seria ótima.
Independentemente do resultado que aquela apresentação trouxesse, sua vida já havia mudado, ela só não imaginava que estava por mudar ainda mais.

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— É ela, não é? — Andrew falou quando finalmente estava sozinho com Sabrina e Shawn, após assistirem ao vídeo da apresentação pela 5ª vez. O restante da banca havia se retirado para discutir suas considerações e apenas os três ficaram no prédio da gravadora. — Eu não sei o que deu na sua cabeça, mas seja lá o que tenha motivado essa sua atitude impensada, você fez essa garota nos mostrar algo que, talvez, nós não teríamos a chance de ver. Então, obrigado.
— Eu só vi potencial nela, depois do que aconteceu mais cedo, da forma como a encontrei. Eu queria ter certeza de que não estaríamos perdendo a nossa escolha pela atitude de um idiota — ele afirmou, dando com os ombros despreocupadamente. — E parece que eu estava certo, afinal. Pelo que vimos ali, aquele tipo de potencial, Andrew... — ele se limitou a dizer.
— Eu sei... A forma como vocês iluminaram o palco juntos. Ela se acendeu ao seu lado, e depois apenas brilhou sozinha. A última vez que eu vi algo assim acontecer foi com a Sabrina, e já faz muitos anos. Você tem alguma ideia do poder que um single em parceria de vocês faria? — Shawn riu, sabendo que Andrew costumava ir muito longe em seus devaneios quando ficava empolgado sobre um novo trabalho. — Eu vou me reunir com o restante da equipe dentro de duas horas para ouvi-los. Se tudo se encaminhar como estou esperando, você quer ser o responsável por dar as boas notícias a ela?
Quando Andrew perguntou, tanto Shawn quanto Sabrina arquearam as sobrancelhas, sabiam muito bem que Andrew Gertler gostava de cuidar ele mesmo desse tipo de negócio.
— Agora eu quem me pergunto o que deu em você — zombou Sabrina, com concordância de Shawn.
— Eu só fiquei inspirado, vocês, jovens… às vezes fazem isso comigo.
Com a oportunidade em mãos, Shawn queria, inclusive, parabenizar pela performance incrível e queria vê-la com uma boa notícia, diferente de como a conheceu.
— Pode ser, você marca a reunião? — O mais velho apenas assentiu e disse a Shawn que enviaria mais detalhes por mensagem quando estivesse tudo certo.

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Depois de sua apresentação, foi diretamente para o hotel. Estava em êxtase, sentia tantas coisas ao mesmo tempo que mal podia nomeá-las, mas sabia, com certeza, que nenhuma delas era ruim. Ao pensar em Diego, não sabia o que falar para ele quando o encontrasse no quarto do hotel, mas com certeza precisaria falar alguma coisa.
Ao menos, era o que pensava, pois, ao entrar no quarto, encontrou-o muito mais arrumado do que tinha deixado. Vasculhou todo o quarto em busca de qualquer rastro do namorado, mas, quando estava finalmente aceitando que ele foi embora sem sequer dá-la o direito e a consideração de esclarecer como estariam as coisas entre eles, ouviu seu celular vibrar com uma mensagem no WhatsApp:

Di ❤: Espero que um dia você possa me perdoar, mas cada dia que eu acordava desde que tivemos a notícia de que iríamos para Nova York, eu percebia que essa não era a vida que eu queria para mim. Foram somente 7 dias e eu senti falta de tudo no Brasil, mas principalmente, de ter uma vida que não girasse somente em torno da música. Tive medo de encarar o significado disso no nosso relacionamento. Acredite em mim quando digo que eu te amo, e por isso, sabia que não poderia ficar entre você e seu sonho. Estou voltando para o Brasil ainda hoje, nos vemos quando você voltar. Se você voltar. Você merece conquistar tudo o que quiser, , sendo através do The Chosen One ou não, eu acredito em você. Mas também sei que mereço sonhar meus próprios sonhos.

Com aquela mensagem, a tristeza que ela havia sentido quando Diego a deixou sozinha voltou com toda força. Como ele poderia ter sido tão frio ao simplesmente ir embora sem sequer ser corajoso o suficiente para dizer tudo o que aparentemente já vinha formulando há tanto tempo bem debaixo do seu nariz? Seus dois anos juntos não haviam significado nada? Ela, então, se permitiu deitar na cama e chorar e sentir toda a tensão que envolveu aquele dia se acumulando bem na sua cabeça, presságio da enxaqueca que seria sua única companhia pelo resto daquele dia. Tomou um remédio e se enfiou debaixo de mais cobertores do que a temperatura pedia, chorando até dormir.
Eram por volta das 18h quando acordou com seu telefone tocando, apertou os olhos quando a luz da tela do aparelho lhe atingiu em cheio e encontrou um número de telefone de NY. Na mesma hora, sentou-se na cama e arrumou o cabelo, como se alguém pudesse vê-la através de uma chamada telefônica.
— Alô — atendeu de forma contida e prestou atenção no que diziam do outro lado da ligação. — Claro. Ainda hoje? — levantou-se, apressada, acendendo todas as luzes do quarto e encontrando uma caneta em sua bolsa. — Certo, Hotel Conrad New York, às 20h00. Perfeito. — Ela continuou ouvindo. — Não, eu me viro! Consigo chegar lá de metrô sem problemas. — O homem do outro lado da ligação era Andrew, que se despediu, dizendo “aproveite a normalidade”.



“Sometimes it’s the smallest decisions that can change your life forever.” – Keri Russell


Quando a ligação foi finalizada, ficou paralisada com seu telefone ainda em sua orelha, se perguntando o que Andrew quis dizer com “aproveite a normalidade”. Sua primeira reação foi correr para ligar para sua mãe e atualizá-la sobre o dia, que sozinho já acumulava mais acontecimentos do que em uma semana inteira da sua vida normal, enquanto aproveitava a próxima hora para pedir algo para jantar no próprio quarto do hotel e se arrumar para a reunião onde ela saberia finalmente seu destino. Sua mãe não poupou elogios para a filha que, segundo as palavras de Marta , havia impressionado Shawn Mendes o suficiente para que ele subisse ao palco em meio a uma audição apenas para que ela continuasse a cantar.
“Eu sempre soube que sua voz te levaria longe, filha. Mas, ao que parece, agora Shawn Mendes também sabe.” A mãe da garota parecia mais empolgada com o dueto da filha com um cantor famoso do que preocupada com seu mais recente término de namoro, mas sabia bem que, na realidade, essa era somente a forma de sua mãe de respeitar o seu espaço. Desde que era muito nova, , sua irmã, Olívia, e sua mãe, Marta, sempre foram muito próximas, o que fazia com que sua mãe fosse a pessoa que mais a conhecesse no mundo inteiro. Bem o suficiente para saber que ela falaria mais sobre Diego quando se sentisse à vontade para aquilo.
“Mãe, vai com calma”. Ela riu ao telefone, enchendo o coração de Marta de felicidade com o som da sua risada. “Eu preciso ir, tudo bem? Te mando uma mensagem assim que souber mais detalhes. Mas das duas uma, ou eles vão falar: parabéns por chegar até aqui, mas escolhemos outra pessoa, adeus. Ou eu vou ter um contrato com a Island Records, mãe. Você tem noção de o que isso significa?” se exaltou ao falar sobre a possibilidade e sua mãe acompanhou a excitação da filha pelo outro lado do telefone.
“Filha, desde que acordei, eu tive o pressentimento de que você só voltará ao Brasil de passagem. Coisa de mãe, sabe? Meu coração se encolheu em saudade, não só por esse último mês inteiro longe, mas por saber que provavelmente esse é só o começo. Mas logo ele se encheu de orgulho por você não ter desistido nem por um segundo do seu sonho, não importa o quão improvável ele fosse. O que eu quero dizer, , é que independentemente do que te disserem nessa reunião, sei que você vai continuar fazendo o seu melhor, e você já sabe que, para mim, você já é uma estrela.” Os olhos de marejaram com a fala da mãe, não podia negar que também estava morrendo de saudades e sabia que era uma possibilidade real que ela só voltasse ao Brasil a passeio, pelo menos pelo próximo ano inteiro, mas toda a saudade era ofuscada pela felicidade de ouvir sua mãe falando dela com tanto orgulho, mesmo antes de saber o resultado.

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chegou ao hotel um pouco mais cedo do que o horário combinado e, seguindo as instruções de Andrew, foi até a recepção, onde, ao informar seu nome, recebeu um cartão para acessar o quarto onde a reunião aconteceria. Ela estava tão nervosa que sequer conseguia prestar atenção à sua volta, como se estivesse no piloto automático. O coração da menina batia forte em seu peito, em antecipação, com a frase de Andrew Gertler ainda ecoando em seus ouvidos, dizendo-a para aproveitar a normalidade. Isso só poderia significar uma coisa, certo?
Chegando ao vigésimo andar, aproximou o cartão do leitor magnético ao chegar no quarto de número 2058 e, ao entrar, se deparou com um quarto que por si só era maior que o apartamento inteiro que morava com sua mãe no centro de São Paulo, com uma janela de vidro panorâmica, do chão ao teto, com uma vista maravilhosa para o Rio Hudson. Por ser a primeira a chegar ao local, aproveitou para tentar se acalmar, notando que suas mãos não paravam de tremer. Nessa tentativa, chegou o mais próximo possível da janela para contemplar a vista. As luzes dos arranha-céus no horizonte refletiam na água do rio, lhe dando a sensação de que qualquer movimento brusco faria com que tudo à sua frente desaparecesse e ela notasse que não passava de um sonho, porque aquela vista de tirar o fôlego parecia ter saído diretamente de um das centenas de filmes de comédia romântica americana que ela já havia assistido.
Ela ouviu o barulho da porta destrancando atrás de si e se virou em direção à porta, na expectativa de encontrar Andrew, com quem teve praticamente todos os contatos ao longo do programa. No entanto, foi pega completamente de surpresa quando Shawn Mendes entrou pela porta. Ele levou um tempo para notar que já estava ali, somente quando fechou a porta atrás de si e olhou em direção à vista panorâmica, um sorriso acolhedor imediatamente se espalhou pelo seu rosto. tentou sorrir de volta, da forma mais natural que pôde, ligeiramente intimidada pela presença de Shawn pela segunda vez naquele dia e ainda mais envergonhada ao se lembrar que eles acabaram dividindo o palco mais cedo, de forma totalmente não planejada, e ela sequer havia tido a oportunidade de agradecê-lo.
— Ei, você! — a cumprimentou casualmente enquanto andava na direção dela. — É muito melhor encontrá-la sorrindo do que chorando. — O sorriso de se alargou, relaxando ao ouvir o tom informal e brincalhão de Shawn.
— Ei! — cumprimentou de volta. — Nossa, eu tenho a impressão de que isso aconteceu há dias, quando, na realidade, foi um dos primeiros acontecimentos de hoje — respondeu, descontraída, andando até Shawn e o cumprimentando com um beijo rápido no rosto. Ele não pôde evitar um sobressalto, completamente desacostumado com aquele tipo de contato físico de uma forma tão natural vindo de uma pessoa desconhecida. Seu sobressalto não passou despercebido por , que apressadamente se desculpou, sem jeito.
— Droga, me desculpe, eu me esqueci completamente que não estou no Brasil por um momento.
Apesar do momento atrapalhado, ele riu e balançou a cabeça, a tranquilizando com o gesto.
— Eu não sabia que você estaria aqui, pensei que fosse só Andrew. Eu vou ser obrigada a criar uma lista de coisas que eu já fiz com Shawn Mendes, minha irmã vai ficar enlouquecida.
— Presumo que ela seja uma fã, então? — Shawn riu ao perguntar e fez um sinal para que ela o acompanhasse até um cômodo separado do quarto, com uma mesa de escritório. — Aliás, quantas coisas a gente precisa nessa lista até que você me chame só de Shawn?
— Ela é uma grande fã, pra falar a verdade. Ela tem 15 anos e quase entrou na minha mala quando eu mencionei que finalmente tinha descoberto que você estaria na avaliação ao vivo — disse, divertida, se lembrando da reação da irmã caçula. — E desculpa pelo Shawn Mendes o tempo inteiro, mas meio que… você é o Shawn Mendes. — Ele arqueou uma sobrancelha, rindo. Apesar de entender o que ela quis dizer, sendo essa uma reação bem comum às pessoas sobre ele, ainda assim não deixava de ser engraçado. — Meia dúzia de pessoas por metro quadrado pode ser Shawn no continente norte-americano, mas nem todo mundo pode ser o Shawn Mendes completou, sem qualquer filtro naquela declaração, se arrependendo no mesmo minuto e arregalando os olhos, o que fez a risada de Shawn aumentar.
— Tudo bem, isso vai ser divertido — constatou ao notar que facilmente dizia exatamente o que estava pensando. — E você, como prefere que eu te chame? — Shawn se sentou em uma das poltronas disponíveis e fez um gesto com uma das mãos para que se sentasse ao seu lado.
— Bom… Eu sou . . Eu sei que você já tem essa informação, mas parece educado da minha parte me apresentar oficialmente. — A espontaneidade de o fazia rir com muito mais facilidade do que o normal, considerando a presença de alguém que acabara de conhecer. Ele assentiu para que ela continuasse. — Eu tenho 24 anos recém completados e, na realidade, a convocação para a fase final foi meio que o meu presente de aniversário. Eu recebi o e-mail no dia anterior ao meu aniversário.
— Isso é demais, feliz aniversário atrasado! — ele comentou, sincero, se recostando para ficar mais confortável na poltrona, sem deixar de olhar para a brasileira ao seu lado, o que a incentivou a continuar.
— Como você também já sabe, eu sou brasileira, e você pode me chamar de .
— É um prazer finalmente te conhecer, . — Shawn tentou replicar o nome com a mesma pronúncia de , encontrando um pouco de dificuldade pela diferença do idioma, mas sorriu, satisfeito com o resultado. — é mais fácil.
— Mas você mandou super bem no sotaque quase brasileiro — ela brincou, o fazendo revirar os olhos, fingindo ultraje com a implicância gratuita implícita no tom da sua voz. — E, como você pode notar, eu sou uma grande engraçadinha quando fico nervosa.
— Acontece, e confesso que é reconfortante conversar com alguém que tem uma reação ao nervosismo tão oposta à minha. Conhecer pessoas novas costuma me deixar um pouco ansioso, você ser engraçadinha torna as coisas um pouco mais fáceis.
— Você está me zoando… certo? Shawn Mendes fica nervoso ao conhecer pessoas novas? Mas você deve fazer isso o tempo inteiro.
— Então você consegue imaginar como pode ser cansativo ser eu — ele dramatizou, mas havia um pouco de verdade naquelas palavras. Interagir constantemente com desconhecidos o tempo inteiro era exaustivo para ele, e era bom, para variar, falar com alguém que só fizesse a parte difícil de quebrar o gelo por ele. — Mas e aí, o que você achou da sua apresentação?
— Ah, levemente traumatizante, se eu puder ser sincera? — ela falou simplesmente, com um sorriso nervoso nos lábios. — Eu pensei que não iria conseguir, meu corpo inteiro tremia, nunca fiquei com a boca tão seca em toda a minha vida, eu juro.
— Eu posso imaginar, mas o resultado final foi um sucesso. Sabrina e Andrew ficaram impressionados com a sua potência vocal e eu também.
Instantaneamente, o coração de foi mais uma vez parar em sua garganta e, ao mesmo tempo, parecia bater dentro de seus ouvidos, tamanha a excitação em ouvir aquelas palavras, ainda mais da boca de quem vinham. Na primeira entrevista, a equipe fez questão de falar que toda a ideia e conceito do The Chosen One havia partido de Shawn, além de ser ele mesmo um músico altamente qualificado, então, saber que de fato o havia impressionado com o seu talento fazia com que seu coração batesse descompassado contra o seu peito.
Shawn estudou a expressão no rosto de , notando a ansiedade estampada em seu rosto, fazendo com que sua pele naturalmente bronzeada pelo clima do Brasil ficasse um pouco pálida. Em uma tentativa de acalmá-la, ele desencostou da poltrona e se inclinou na direção de , levando uma das mãos ao joelho dela, em um toque respeitoso e gentil, cessando o balançar nervoso de suas pernas.
— Eu falei que você seria ótima, não falei? — Ele trouxe de volta suas palavras de mais cedo naquele dia enquanto tentava encorajar a confiar em si mesma depois de toda a situação com o namorado. entrelaçou as próprias mãos, uma na outra, tentando conter a ansiedade, enquanto Shawn continuou. — Mas acho que nenhum de nós esperava que você fosse tão incrível. Não houve hesitação, de ninguém. Escolher você era a escolha óbvia — Shawn terminou de dizer e observou abrir e fechar a boca diversas vezes, mais uma vez sem palavras diante dele, e ele não pôde deixar de notar o quanto dar aquela notícia a alguém que claramente amava música fazia seu próprio coração palpitar, se enchendo de satisfação.
— Puta merda! — Ela soltou o ar que nem sabia que estava preso em sua garganta em um suspiro. — Puta merda — ela repetiu, notando que seu corpo inteiro tremia e agradecendo no fundo da sua mente por estar sentada, pois tinha plena certeza de que cairia, caso não estivesse. Seu lábio inferior começou a tremer e ela levou uma das mãos até ele, tentando, em vão, controlá-lo, quando sentia que estava prestes a começar a chorar pela segunda vez na frente de Shawn, mas, daquela vez, de completa e genuína felicidade. Shawn a observava completamente admirado, sua mão ainda levemente apoiada no joelho de , vendo-a tremer, emocionada, e sabendo que, de certa forma, era responsável por aquela emoção. Enquanto respirava ruidosamente e tentava segurar as lágrimas, ele se lembrou do dia em que recebeu a própria proposta de contrato de Andrew, se identificando com os sentimentos da garota à sua frente, sabendo que, há pouco mais de 5 anos, era ele quem estava em uma posição muito parecida.
Algumas lágrimas escaparam pelo rosto de , ela tentou enxugá-las com as mãos, mas mais lágrimas continuaram rolando. O coração dela batia tão forte que sentia que poderia literalmente explodir dentro de seu peito. Algo mudou no rosto de quando ela encarou Shawn e seu próximo movimento o pegou completamente desprevenido: se inclinou para a frente e jogou seus braços em torno do pescoço do cantor em um abraço apertado sem parar de agradecê-lo, desistindo de segurar seu choro logo em seguida. Shawn não sabia o que fazer, então apenas a abraçou de volta, acariciando suas costas e tentando acalmá-la enquanto a garota chorava ruidosamente, balbuciando palavras de agradecimento.
Quando ela finalmente o soltou, depois do que pareceram ser 5 minutos inteiros de lágrimas, agradecimentos e soluços, disse:
— Eu abraço as pessoas, isso é algo que eu faço. Me desculpe se isso foi inapropriado.
— Não tem problema, — Shawn a reconfortou e alcançou seu rosto manchado pelas lágrimas com uma das mãos, afastando parte das lágrimas em uma bochecha com o polegar e repetindo o gesto na outra bochecha. Aquele tipo de contato físico não era algo que Shawn costumava fazer com frequência com pessoas que acabou de conhecer, mas tornava muito fácil sentir como se ele já a conhecesse. Ela era espontânea, engraçada e desbocada, e não tentava esconder isso perto dele, como a maioria das pessoas parecia tentar se conter à sua volta.
— Eu abraço quando estou triste porque sinto que preciso de conforto, abraço quando estou feliz porque sinto a necessidade de dividir o sentimento com alguém. Você é a única pessoa aqui e, de qualquer forma, acho que antes você do que o Andrew, certo?
A forma como disparou a falar e se explicar fez Shawn gargalhar, jogando a cabeça para trás, e puxá-la para outro abraço, dessa vez um pouco mais rápido.
— Meus parabéns, realmente acredito que você era a nossa melhor escolha. E, honestamente, eu sei o que você está sentindo. Quando Andrew me ligou, falando que tinha visto alguns dos meus covers e queria marcar uma reunião para conversarmos, eu sentia que poderia gritar e abraçar completos estranhos na rua no caminho até a reunião.
— Eu sinto como se… Não sei explicar. Parece que eu vou acordar a qualquer momento, no meu quarto, em São Paulo, e descobrir que os últimos dias foram um sonho.
— Eu te entendo, mas eu garanto, não é um sonho. E eu fiquei realmente feliz que Andrew me deixou te dar essa notícia, foi como fazer por alguém o que ele fez por mim anos atrás. — alcançou a mão de Shawn e a apertou, sorrindo, em um agradecimento silencioso enquanto falou:
— Você sabe que provavelmente eu teria travado se você não tivesse subido naquele palco, não sabe? — Shawn assentiu de forma contida. — Então você fez muito mais do que simplesmente me dar a notícia. Talvez eu devesse ser sua fã, afinal — ela brincou e empurrou o cantor com o ombro, recebendo outro empurrão de volta.
— Teria sido um desperdício se você tivesse travado, eu faria de novo se fosse preciso — ele disse, sincero, e sorriu largamente. — Mas acho que eu prefiro que você seja minha amiga do que minha fã. O que você acha?
— Parece justo, dada a forma que nos conhecemos. — Foi a resposta dela.
— Tudo o que você conhece sobre a vida está prestes a mudar, será incrível na maior parte do tempo, mas, às vezes, pode ser um pouco demais pra lidar sozinha, eu bem sei disso... Eu e Sabrina estamos sempre tentando nos ajudar a passar pela montanha-russa dessa indústria de forma mais leve, e sei que posso falar por ela também, então conte com a gente. — apertou novamente a mão de Shawn em um gesto de concordância e, só com o olhar, agradeceu sinceramente pelo apoio. No fim, talvez sua irmã estivesse certa em admirá-lo com tanta intensidade e talvez ela mesma pudesse admirá-lo a partir daquele momento.
Eles continuaram conversando pelos minutos que se seguiram, contou um pouco sobre a experiência dela com a cidade de Nova Iorque até o momento, e em algum ponto, atualizou Shawn sobre o desfecho de ter sido largada por seu agora ex namorado, que àquela altura deveria estar em um avião a caminho do seu país, e contou um pouco sobre como era sua vida no Brasil.
— Ele simplesmente… foi embora? — ele perguntou, incrédulo.
— Sim, quando voltei da audição, ele já não estava mais lá, me enviou uma mensagem no celular e foi isso.
— Então, vocês terminaram, eu assumo? — O tom de voz de Shawn era cauteloso. Apesar de curioso pela situação inusitada em que ele e se conheceram antes da apresentação dela, não queria ser invasivo sobre a sua vida pessoal. Mas não se importava, conversar com Shawn era tão fácil que ela estava começando a se acostumar com o fato de ele ser quem era.
— Ah, ele não falou nada sobre isso na mensagem, e eu ainda não respondi, mas sim… nós terminamos. Eu não conseguiria continuar depois da forma como ele agiu e… ao que parece, estou de mudança, certo? — falou, brincalhona, para aliviar o clima, mesmo com o assunto mais denso entre eles, em relação a Diego, e Shawn riu levemente, admirado pelo senso de humor da brasileira.
— Sim… você está de mudança, seja bem-vinda à Nova Iorque, . Espero que goste da cidade que nunca dorme.
Shawn emendou o assunto contando sobre a sua própria adaptação à cidade: nos primeiros anos de contrato, ele continuou morando em sua cidade natal, Toronto, no Canadá, mas, com sua agenda cada vez mais cheia nos Estados Unidos, morar em Nova Iorque se tornou a melhor opção, uma vez que ao mesmo tempo não ficava tão distante de Toronto.
— Faz tempo que você mora por aqui? — ela perguntou, genuinamente interessada no que ele estava compartilhando.
— Um pouco mais de um ano.
— E você gosta?
— Na maior parte do tempo, sim, só é um pouco intenso demais em comparação à Toronto quando se trata da mídia… Em Toronto eu conseguia andar pelas ruas tranquilamente. Sair em Nova Iorque sem ser seguido por um paparazzi é um pouco mais improvável, mas estou me acostumando, aprendi uma coisa ou outra sobre me manter low profile. Se você precisar, eu te ensino — ele terminou, brincando.
— Ah, como se eu fosse precisar disso — ela revirou os olhos, mas não deixou de sorrir.
— Não se subestime, é só uma questão de tempo até você sair por aí sendo fotografada pelas ruas nova-iorquinas — provocou Shawn.
Eles conversaram por algum tempo mais e acabaram por cair na conversa sobre a relação de Shawn com seus fãs. apenas o observava, admirada com o carinho com o qual ele falava sobre seus fãs, empolgado e grato sobre tudo o que eles o ajudaram a conquistar. Passado algum tempo, os dois ouviram o sinal eletrônico os avisando que a porta estava sendo aberta e sabiam que se tratava de Andrew.
— Aqui no escritório! — Shawn gritou para o agente, que logo se juntou a eles com uma pasta cheia de papeis. Ao notar o que Andrew segurava em mãos, Shawn cochichou para :
— Boa sorte, você passará as próximas 3 horas falando sobre contratos. Não recomendo, é a pior parte do nosso trabalho.
— Vejo que as crianças já estão se tornando amigas, então? — Andrew comentou ao apoiar a pasta na mesa e riu quando Shawn revirou os olhos. — , é um prazer vê-la novamente! Sei que Shawn já lhe deu as boas notícias, mas, meus parabéns! — ele estendeu a mão para que não demorou em cumprimentá-lo cordialmente.
— Eu já agradeci tanto a ele, mas sinto que devo começar a te agradecer também ou não conseguirei parar ainda neste século! — ela respondeu, animada, arrancando risadas dos outros dois.
— Será um prazer agenciar uma garota tão talentosa! Espero que você me dê menos trabalho do que esse aqui — Gertler apontou para Shawn com o polegar, que, de onde estava, apenas lançou o dedo do meio para o agente, que riu, balançando a cabeça negativamente. — Viu?
— Prometo que serei comportada e dedicada, meu foco é a música, é só por isso que estou aqui.
— É o que todos vocês falam no início, minha querida — Andrew sorriu e balançou negativamente a cabeça mais uma vez. — Mas, vamos começar falando de negócios, acho que temos muito o que conversar.
Shawn se despediu dos dois para que eles pudessem cuidar de toda a burocracia envolvida na contratação.

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Andrew seguiu a próxima hora praticamente falando sozinho, com exceção de algumas respostas curtas que ele precisava de , por exemplo:
— Qual é o nome com o qual você gostaria de se lançar ao mercado?
— ela respondeu, explicando que a pronúncia do apelido é universal e facilitaria o reconhecimento, diferentemente de , mas que não gostaria de deixar de lado suas raízes, então manter o seria realmente muito importante para ela. Andrew assentiu, fazendo anotações em seu notebook.
— Pelos seus trabalhos anteriores,presumo que você queira se lançar no pop, certo?
— Certo, eu gosto da ideia de me aventurar em algum momento pelo folk ou sad songs… mas pop definitivamente é o terreno onde me sinto mais confortável para criar. — Novamente Andrew assentiu, continuando a realizar anotações.
— Eu não sei se você sabe, mas, quando Shawn subiu ao palco hoje durante a sua audição, não pude deixar de notar como vocês facilmente conseguiram fazer um dueto perfeito de forma completamente improvisada, foi muito impressionante para todos nós, e confesso… eu não costumo me impressionar com facilidade, mas você, , você conseguiu me impressionar. E você cantando junto com o Shawn, ele acendeu algo que eu já sabia que existia em você… Como se ele tivesse te lembrado disso. Você sabe o que aconteceu?
— Eu… — hesitou, tentando pensar na melhor forma de responder. A realidade é que ela não havia tido tempo o suficiente para pensar sobre o que exatamente aconteceu com ela quando Shawn subiu ao palco para encorajá-la. — Não sei… Foi quase natural, quando ele subiu naquele palco, foi como se alguma coisa estalasse dentro da minha cabeça, me lembrando o que eu estava fazendo ali, o porquê de eu ter vindo até aqui. Eu só prestei atenção nas deixas, na postura corporal, e segui os meus instintos — ela balançou os ombros ao final, incerta.
— Isso só mostra que você tem ótimos instintos, não é qualquer artista maduro que faz o que você fez com ele, quanto mais um iniciante, como você. — O coração de acelerou ao ouvi-lo falar daquela forma. Andrew se virou para ela, antes de continuar. — Em nosso contrato, temos inicialmente a gravação de um álbum e uma turnê de 15 cidades. O número de cidades pode mudar se, no momento da turnê, as condições estiverem favoráveis ou desfavoráveis, isso também está explicado aqui — ele sinalizou a parte do contrato com a informação que ele estava mencionando, maneou a cabeça em acordo. — Mas nós sabemos que a gravação de um álbum é um processo complexo e demorado, com muitas variáveis, incluindo o seu próprio processo criativo, que nós ainda vamos conhecer… Mas, com a sua apresentação de hoje, pensei em algo…
Ele notou que apenas estava prestando atenção em tudo o que ele falava:
— O que você acha de começarmos a lançar o seu nome com um cover de Don’t Stop Believing em dueto… com o Shawn? — No momento em que Andrew finalizou a pergunta, não pôde evitar que seu queixo caísse. — Se você não estiver confortável com isso, seguimos com o contrato como está, mas eu realmente acho que a sinergia de vocês naquele palco precisa ser aproveitada de alguma forma.
— Uau... Isso é. Uau. — Foi tudo o que ela conseguiu falar, sua mente correndo a 200 km/h.
— Eu sei, uau, essa foi exatamente a reação da banca assistindo vocês cantarem juntos — ele falou com uma faísca em seus olhos.
— O que o Shawn acha disso? — decidiu perguntar antes de qualquer coisa.
— Eu ainda não falei com ele, na verdade, mas sei que ele vai topar, conheço meu garoto, e, se ele subiu naquele palco, foi porque, com o pouco material que tínhamos sobre você, ele acreditou em você, não vejo por que ele não toparia. Além disso, é bom para ele também, Shawn está fora dos estúdios e dos palcos há algum tempo, relembrar um pouco das origens com a gravação de um cover, voltar aos poucos aos holofotes, tenho certeza de que não só os fãs vão aprovar, como ele também.
— Eu tenho algumas preocupações sobre isso… — ponderou e Andrew acenou com a cabeça para que ela continuasse. — Eu me preocupo em associar muito a minha imagem à do Shawn antes de sequer ter uma imagem própria.
— Eu entendo sua preocupação e, caso vocês dois topem, vou levá-la em consideração. Mas existem formas de fazermos isso de uma maneira segura para que você não fique exclusivamente associada a ele. A primeira forma é: esse cover será registrado sob o seu nome, não sob o de Shawn. Uma boa promoção e um bom pré-marketing acerca do seu nome vai fazer toda a diferença.
ponderou as palavras de Andrew por um momento e acenou, sabendo que Andrew era um agente experiente e que jamais colocaria em risco o resultado de The Chosen One e, consequentemente, sua carreira.
— Tudo bem, fale com Shawn, se ele topar, faremos isso — respondeu, sentindo seu estômago revirar. Eram muitas informações ao mesmo tempo e, apesar de saber que um contrato dessa dimensão a faria ultrapassar um limite e que ela jamais poderia voltar atrás e ser simplesmente a , cantar com o artista que teve todos os seus álbuns em primeiro lugar em todas as paradas e ser lançada ao mundo ao cantar com ele com certeza não fazia parte dos seus planos. Era muito maior do que ela imaginara.
— Perfeito! — Andrew comemorou e digitou no mesmo minuto uma mensagem para Shawn com sua ideia, confiante de que o canadense toparia sem pensar duas vezes.
Ele continuou passando o contrato ponto a ponto e acompanhava atentamente, lendo sua própria cópia, fazendo perguntas quando dúvidas surgiam e concordando com cada cláusula. O contrato falava sobre comportamento, sobre atitudes encorajadas e desencorajadas, sobre os tipos de punição que ela poderia receber caso quebrasse as cláusulas comportamentais. Foi apresentada às cláusulas de assessoria e monitoramento de mídias sociais, isto é, a partir do momento da assinatura daquele contrato, qualquer pronunciamento oficial sobre temas polêmicos obrigatoriamente deveria passar pelas mãos de sua assessora, , que ela conheceria ainda aquela semana.
… Agora vamos conversar sobre relacionamentos, a próxima cláusula especifica explicitamente que você não pode assumir nenhum relacionamento em público sem meu conhecimento e o de . Existe algum relacionamento já existente em que precisemos ficar de olho desde já, para anteciparmos qualquer questão que o envolva?
— Não… Diego, com quem me inscrevi no programa, nós namorávamos. Mas não namoramos mais — explicou com um nó se formando em sua garganta, ligeiramente desconfortável por ter que discutir esse tipo de assunto em esfera profissional.
— Certo… Algum problema entre vocês que precisemos prestar atenção?
— Não, apenas terminamos.
— Ok… Isso é bom. Veja bem, nada nesta cláusula fala sobre você não poder ter relacionamentos românticos, sexuais ou amorosos, isso seria uma cláusula extremamente abusiva e a Island Records não tem essa abordagem. O ponto é, a partir do momento que você tiver maior visibilidade, se relacionar publicamente traz consequências para a sua imagem, para a imagem da pessoa envolvida, por isso somos extremamente cautelosos com esse tema e peço que a sua vida privada seja mantida dessa forma, privada. E, caso venha o momento de tornar público, eu e precisaremos estar preparados para monitorar a repercussão, é só.
Ela continuava apenas concordando com a cabeça, um pouco assustada ao notar que algo tão pessoal pudesse ter proporções tão grandes, a ponto de estar discriminado em uma cláusula contratual, mas, de qualquer forma, não era como se, após terminar um relacionamento de 3 anos e assinar um contrato com uma gravadora gigantesca, ela estivesse preocupada em começar um novo relacionamento, ela não teria qualquer tempo para isso.
— Ainda neste tema, você será a primeira de nossos agenciados a ter esta cláusula. Diante de acontecimentos recentes, essa é uma forma de nos protegermos de problemas e drama desnecessário entre nossos agenciados que, inevitavelmente, afetam a dinâmica de trabalho e a imagem dos artistas.
Ele pausou para verificar se estava prestando atenção e continuou: — Está vedado qualquer relacionamento romântico ou sexual, esporádico, pontual ou duradouro, entre artistas agenciados pela Island Records, enquanto durarem, simultaneamente, os contratos dos envolvidos.
riu quando Andrew terminou de ler. Diante de tantos “vedados”, “proibidos” e “desencorajados”, aquele era o mais fácil, certo? Afinal, se não estava preparada para se relacionar com qualquer pessoa no mundo, por que diabos escolheria justamente complicar as coisas se relacionando com outros artistas? Sem chances. Estava bem como estava. Não precisava de qualquer drama em sua vida.
Andrew terminou de repassar as cláusulas finais e, depois de confirmar se tinha dúvidas ou se estava de acordo com o formato do contrato, ela finalmente aceitou a caneta que Gertler lhe estendeu e assinou.
— Bem-vinda à Nova Iorque, , é um prazer contar com você no nosso time. — Andrew apertou a mão de uma última vez antes de se despedirem e partirem cada um para seu destino. estava exausta e não via a hora de uma longa noite de sono.
Era o começo da sua nova vida dos sonhos. O que poderia dar errado?



Continua...


Nota da autora: Olha quem voltou? Ele mesmo, o capítulo 2 desses queridos, revisitados, com mais interações entre eles, e com o retorno do mais temido: o contrato polêmico. Tenho uma notícias para os TesShawn shippers: nem tudo é fácil. Mas eu prometo que vai valer a pena. Espero que gostem!


Nota da beth: Eu me acabo com a certeza da de que os relacionamentos não vão atrapalhá-la hahahahahaha alguém avisa!!!! Cada interação deles me deixa mais animada pelo que ainda vem por aí, são muito queridos 💜

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