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Revisada por: Lightyear 💫

Finalizada em: 06/05/2025

Era para ser somente uma aposta qualquer.
O objetivo? Quem conseguiria o telefone daquela linda garota, porém, eu acabei sendo conquistado por seu sorriso gentil e acabei me esquecendo de pegar seu número. No final, perdi a aposta, pois meu rival conseguiu na minha frente, mas não queria dizer que eu tinha perdido a chance com a garota.

— Olha o cara da aposta. — Brincou ela ao se aproximar de mim assim que entrei na cafeteria onde trabalhava. — Qual a de hoje? — Seu tom de voz era um tanto debochado.
— Ainda não acredito que aquele cretino teve coragem de conseguir seu número contando a verdade — comentei, desviando meu olhar para o cardápio.
— Pelo menos ele foi corajoso. — Ela deu uma risada maldosa.
— Meus sentimentos estão sendo feridos neste momento. — Dei um suspiro fraco. — Aquele lá é um idiota… Idiota que conseguiu seu número.
— Isso é verdade, ele é um idiota… — ela riu mais um pouco, com sarcasmo. — Mas só entreguei um número; quem te garante que é o meu? Quando quiser algo, me chame.

Ela saiu rindo ainda mais da minha cara…
Além de linda, era divertida, o que me deixava ainda mais desejoso em conhecê-la melhor e me aproximar. Fiz meu pedido ainda envergonhado, mas sua espontaneidade era tão grande que me fazia sentir à vontade sem perceber. Como estrategicamente havia me sentado na mesa do canto, a vista era panorâmica e podia segui-la com meu olhar discreto — ou não tão discreto assim.

— Se continuar assim, vou começar a cobrar — comentou ela, ao passar por minha mesa.
— Cobrar o quê?! — perguntei, curioso.
— Gorjeta para ficar me olhando. — Ela pegou minha xícara de café expresso, colocou-a em sua bandeja e fez uma pose formal, olhando-me séria. — Deseja mais alguma coisa, senhor?
— Essa é a minha vigésima vez aqui, por que só hoje fez questão de me atender? — aquela era uma boa pergunta.
— Você está contando? — Ela segurou o riso. — Interessante.
— Qual torta sugere? — perguntei de forma aleatória.
— Temos uma torta de limão maravilhosa, cai muito bem com cappuccino Nutella. — respondeu ela, de forma profissional — É a minha combinação favorita.
— Então, vou querer — respondi.

Assim que ela se afastou da mesa, a ficha caiu.
“É a minha combinação favorita.”
Ela poderia ter omitido essa parte, mas não o fez. Isso poderia significar algo? Senti meu coração acelerar com esse pensamento. Daquele momento até o final do seu expediente, permaneci na cafeteria, sempre inventando mais e mais pedidos para ter uma chance de falar com ela.

— Finalmente — ela riu assim que saí da cafeteria. — Achei que pediria um emprego ao dono.
— Não seria uma má ideia — sorri de leve. — Mas já tenho um emprego.
— E pretende gastar todo o seu salário aqui? — Aquela tinha um tom irônico. — Não seria mais fácil pedir meu número?
— E correr o risco de você me dar um falso?! — olhei-a tranquilamente. — Além do mais, gosto do caminho mais difícil e tenho a chance de te ver pessoalmente.

Ela começou a rir mais de mim, como se eu fosse um bobo; talvez estivesse sendo, mas, se ela quisesse, eu seria o seu bobo com o maior prazer.

— Boa noite — disse ela, se afastando.
— Posso te acompanhar? — perguntei no impulso, já que ela havia dado um pouco de espaço; eu queria aproveitar a oportunidade.
— Não estou indo para casa — ela pensou por um tempo. — A propósito, como descobriu que eu trabalhava na cafeteria?
— Tenho meus informantes — brinquei, dando um sorriso malicioso.
— E seus informantes são próximos de mim?! — ela olhou para a vidraça da cafeteria como se estivesse procurando pistas.
— Talvez. — Fiz-me de misterioso, já que até agora era ela quem estava no controle.
— Boa noite. — Ela se afastou mais uma vez.
— Espera. — Segurei levemente sua mão. — Não posso mesmo te acompanhar?
— Cara da aposta, não sou como as garotas com quem está acostumado a lidar. — Ela me olhou séria, mesmo assim seu olhar tinha um brilho incomum. — Então, acho melhor você desistir enquanto ainda tem seu salário.
— Eu sei disso — insisti, soltando sua mão. — Mas não vou desistir.
— Então deveria arrumar outro emprego que te pague melhor. — Ela se virou e seguiu.
— Aish, garota difícil. — Coloquei a mão na altura do meu coração, que pulsava forte.

Os dias foram se passando...
Realmente, ela não se deixava impressionar fácil, principalmente com minhas aparições repentinas na cafeteria — lugar que eu já havia transformado em escritório particular. A parte boa de tudo isso era seu riso discreto e descontraído, que sempre dava ao me ver chegando. Certamente, não era coincidência. Mas, com a ajuda de Deus, seu primo ser o namorado da minha meia-irmã. Porém, não contaria isso a ela tão cedo, já que meu informante me contou inocentemente, sem saber do meu interesse por ela.

— De cara da aposta, vou passar a te chamar de cara do cappuccino. — brincou ela, assim que saí da cafeteria; curiosamente, ela sempre me esperava sair após seu expediente.
— Pode me chamar de , se quiser. — disse meu nome.
— Hum... — Ela se virou para ir embora.
— Espera — disse, pegando em sua mão novamente e a fazendo se virar para mim.

Logo soltei sua mão e me ajoelhei de leve, para amarrar o cadarço do seu tênis, que estava desamarrado. Certamente minha atitude a havia deixado impressionada.

— Você precisa tomar cuidado. — sussurrei, de forma natural, mostrando minha preocupação. — Isso pode te fazer cair.
— Tenho certeza de que você me seguraria antes de chegar ao chão. — retrucou ela, com confiança.

Sim, ela tinha todo o direito de ser confiante; eu desejava segurá-la com maior prazer em qualquer que fosse a situação, se assim ela quisesse.

. — disse ela, ao se aproximar da mesa onde eu estava sentado.
— O quê? — Me levantei, olhando-a confuso.
— Meu nome é . — Ela sorriu de uma forma diferente, mais gentil que o costume. — Acho que, após quatro meses me seguindo, você merece saber meu nome.
— Eu não estava te seguindo. Eu gosto do café deste lugar — disse, referindo-me à cafeteria.
— A propósito, sei quem é seu informante — Ela riu — Mundo pequeno, não é?!
— Eu juro que ele não sabe de nada. Seu primo somente comentou da cafeteria e mostrou uma foto em que você estava — expliquei.
— Imaginei, meu primo não é de contar sobre minha vida para outras pessoas — Ela se espreguiçou. — Boa noite.
— Posso te acompanhar hoje?
— Acha que saber meu nome lhe dá esse direito? — ela cruzou os braços.
— Não, sei que não tenho direito a nada. — Toquei em seus braços e peguei sua mão de leve. — Mas posso ter a oportunidade de ser teu amigo.
— Somente amigo?! — ela perguntou num tom de aparente decepção.
— Dizem que antes do amor, vem a amizade. — Eu pisquei de leve para ela, fazendo-a rir.
— Hum, interessante a sua teoria. — Ela suspirou fraco. — Eu moro a duas ruas daqui, não dá apenas dez minutos de caminhada.
— Tenho certeza de que são dez minutos de qualidade! — sorri, de forma tímida.

Sim… Finalmente, ela havia aceitado minha companhia, mesmo sendo somente dez minutos; foi um tempo precioso em que eu poderia conhecê-la ainda mais e mostrar meus sentimentos a ela.

— Se eu sou o cara da aposta, como você chamava o John? — aquela era uma das minhas maiores curiosidades.
— John? Então esse era o nome do babaca? — ela riu — O idiota da aposta. — Faz sentido. — Eu ri junto.
— Vocês são amigos? — perguntou ela.
— Éramos, até ele mexer com minha meia-irmã e mostrar que realmente era um babaca. — respondi — Mas, não gosto de falar sobre isso.
— Jenny é uma pessoa muito divertida — disse ela, se referindo à minha meia-irmã — Meu primo teve muita sorte, ele sempre teve um dedo podre para namoradas.
— Por quê?
— Eram todas sempre chatas e, de alguma forma, todas arrumavam de sentir ciúmes de mim — explicou ela. — Bem ridículo, por sinal.
— Talvez porque você provavelmente é bem mais linda que elas. — disse, em forma de elogio.
— Agradeço sua sinceridade. — Ela riu, sem a menor modéstia — Mas, o fato é que fomos criados juntos, o considero mais meu irmão do que primo.
— Imagino.
— Bem, chegamos. — ela parou em frente ao prédio — Obrigada pela companhia.
— Tenha uma boa noite. — Eu me aproximei um pouco mais dela e lhe dei um beijo suave na testa, demonstrando respeito.
— Hum… — ela sorriu assim que me afastei — Parece que eu não sou a única diferente.
— Para ser sincero, queria que esse beijo… — analisei minhas próximas palavras — Bem, te conhecendo um pouco mais como conheço hoje, não quero apressar as coisas e acabar levando um tapa.
— Você é o homem mais fofo que já conheci. — Ela sorriu de leve e, se aproximando um pouco de mim, beijou minha bochecha. — Boa noite, volte em segurança.

Assim que ela entrou e eu me afastei do seu prédio, senti uma mão me puxar pela camisa e logo um punho fechado veio em direção ao meu rosto. O impacto do soco foi tão forte que me fez cair no chão.

— O que é isso?! — sussurrei.
— Achou mesmo que iria se dar bem às minhas custas?! — disse uma voz, num tom alto. Era John — Vocês dois brincaram comigo, é?!
— Você é louco?! O que acha que está fazendo?! — gritei, me levantando.
— Só vou te avisar uma vez, vai ter volta — intimidou ele. — Vocês dois vão se arrepender.

Ele saiu furioso. Eu já não estava entendendo nada, mas só sabia de uma coisa, se John encostasse um dedo em , ele seria um homem morto.

- x -


— Olha só quem apareceu. — disse ela, ao se aproximar da mesa onde estava — Pensei que tivesse desistido, logo agora que sabe meu nome.
— Desistir?! — Eu a olhei tranquilamente — Jamais.
— Bem, após uma semana sem aparecer… — disse ela, desviando o olhar para a mesa ao lado.
— Olha só quem está contando agora. — Ri baixo, mantendo meu olhar nela — Tive que viajar a trabalho.
— Então trocou mesmo de emprego?! — ela me olhou, admirada.
— Não, somente fui promovido por ser o funcionário do ano. — brinquei, falando a verdade.
— Estabilidade financeira. — Observou ela — Feliz a mulher que se casar com você.
— Você gostaria de ser essa mulher?! — Intensifiquei mais meu olhar.
— Que ousado. — ela sorriu. — Já escolheu o que vai pedir hoje?
— O mesmo de sempre. — respondi, sorrindo de volta.

Assim que ela se afastou da minha mesa, a pessoa mais desagradável do universo entrou pela porta. John estava com mais dois amigos e se sentou na mesa bem ao centro. Como estava sozinha atendendo e o dono do lugar estava presente, ela teve que respirar fundo e se aproximar da mesa dele.
Automaticamente, respirei fundo também, controlando minha raiva pelo soco surpresa que ele havia me dado há dias atrás. Porém, não foi impedimento para que eu mantivesse meu punho fechado por um tempo.
O tempo foi passando até que ele terminou o café que havia pedido. Percebi que ele jogou algumas cantadas em , além de várias indiretas para mim, o que me deixou ainda mais nervoso com a situação. Neste dia, fiz diferente: paguei a conta e saí da cafeteria antes do expediente de terminar. Assim que ela saiu, segurei sua mão sem medo do que pensaria.

— Não precisa fazer isso — disse ela, tentando soltar. — Seu “amigo” não está mais aqui.
— Me deixe fazer?! — olhei-a com segurança. — Apenas essa vez, se quiser.

Ela pensou por um tempo e assentiu, dando um sorriso. Seguimos os dez minutos do caminho em silêncio, até que obtivemos outra surpresa: John e seus dois amigos parados em frente ao prédio dela.

— Olha só, se não é a garota do telefone e meu amigo . — Ele deu um riso sarcástico.
— Não somos amigos. Não mais — disse com uma voz mais firme — E acho que deveria ir embora.
— Você quem deveria ir embora. — Ele desviou seu olhar para ao meu lado — Meu assunto é com ela.
— Eu não tenho nenhum assunto com você — disse , naquele seu tom autoritário que fazia meu corpo arrepiar. — Acho que sua presença aqui está nos incomodando.

Direta e precisa, como sempre.

— Claro que temos. Você me deve um número verdadeiro, já que dividimos a grana. Ou melhor, quero bem mais que só o telefone. — Ele riu, voltando seu olhar para mim.
— Deixe de ser desagradável e vá embora enquanto pode.
— Ou o quê? Acha que pode me intimidar?
— Acha que está seguro com seus amigos aqui? — soltei de leve a mão de e fechei meu punho. — Acho que estou te devendo algo.

Tomei impulso e, sem que todos pudessem reagir, lancei-me contra John, socando sua cara e o derrubando no chão. Os amigos dele tomaram impulso para minha direção, mas assim que olhei para eles, de alguma forma a raiva que estava em meus olhos os fez recuar.

— Isso é entre mim e você, John. — eu o peguei pelo colarinho e o soquei novamente, sem medo do que ela pudesse pensar de mim depois. — Isso é pra você aprender a nunca mais tratar uma mulher como objeto, seu babaca.

Não resisti em dar mais alguns socos nele.

— Vamos, John. Não devíamos ter vindo. — disse um de seus amigos, pegando-o do chão.
— Isso, leve seu amigo. — concordei, dando alguns passos para trás. — E nunca mais ouse tocar nesta garota, sem que ela permita.

Assim que eles se afastaram, senti tocar em meu ombro.

?! — sua voz estava mais doce.
— Me desculpe. — Olhei para o chão, envergonhado. — Não queria ser violento perto de você.
— Confesso que estou surpresa e, ao mesmo tempo, acho legal alguém que me proteja. — brincou ela num tom sincero. — Mas estou mais curiosa em saber por que os amigos dele não o ajudaram.
— Bem, nós fizemos aulas de taekwondo juntos quando éramos mais jovens. — expliquei, meio tímido. — Eu era uma pessoa muito agitada que precisava controlar isso.
— Nossa — aquele tom era de surpresa.
— Me ajudou muito. Ao final de tudo, consegui ficar duas faixas acima dele. — continuei. — Mas não pratiquei para ser violento. Ao contrário do John, eu só queria ser mais disciplinado e descarregar minha hiperatividade.
— Interessante. — ela sorriu, mas ainda parecia preocupada — E quanto a ele? Pode te denunciar à polícia.
— Não vai. — Tossi de leve. — Sou advogado. Posso alegar legítima defesa, já que ele me socou primeiro há uma semana atrás, porém posso omitir a data.
— Advogado e legítima defesa. — Ela riu baixo — O que mais deveria saber sobre você?!
— Se me permitir, te apresentarei toda a minha vida, inclusive o Klaus.
— Quem é Klaus?!
— Meu gato persa. — sorriu naturalmente.
— Hum… — ela tentou ficar séria, mas acabou sorrindo de volta — Domingo às sete, então.
— O que seria isso? — a olhei confuso.
— Um convite para o jantar — disse ela — Talvez eu não queira ser somente a garota do telefone.
— Domingo às sete. — confirmei, sentindo meu coração acelerar com suas palavras.
— A propósito, meus amigos mais íntimos me chamam de . — Ela piscou de leve e seguiu até a porta de entrada do prédio.

Eu estava esperançoso. Sabia que, para ser minha garota, eu deveria conquistar não somente sua amizade e confiança, mas também o seu coração. E estava disposto a dar o meu melhor nisso.
Eu queria ser parte da sua vida, do seu dia e da sua felicidade! Meu desejo é que ela seja minha garota para sempre!


"Mas nós dois não podemos ter ela
Então, é um ou o outro
E um dia você irá descobrir
Que ela é minha garota para sempre e sempre
Não construa suas esperanças para ser desprezado."
— The Girl Is Mine (feat. Paul McCartney) / Michael Jackson




"Perseverar: Seja no amor ou em qualquer outra área da vida, a paciência é uma virtude e nos ensina a continuar perseverando até alcançar nossos sonhos. Não desista tão facilmente, persevere."
— Pâms



Fim


Qual o seu personagem favorito?


Nota da autora: Welcome to Pâms' Fictionverse!!!

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