Codificada por Aurora Boreal 💫
Atualizada em: 12/06/2025
Every weekend with your friends
Every weekday when it ends
Damn it's all good, I guess
This is what it feels like when you become one of the drunks
Every weekday when it ends
Damn it's all good, I guess
This is what it feels like when you become one of the drunks
— Tá onde, sua piranha? É melhor estar a caminho.
Suspirei para o telefone, afrouxando o nó do lenço e apertando a nuca. Depois de doze horas de voo, até a echarpe azul-marinho pesava no meu pescoço rígido e meus pobres pés queimavam como fogo dentro do scarpin, roçando pela meia-calça abrasiva e implorando pela libertação de um par de chinelos — coisa que aconteceria assim que eu pisasse novamente em terra firme, abrisse a bagagem de mão e desse aos meus sofridos dedinhos o merecido descanso de um slide fofinho e macio.
— Que linguajar é esse, hein, Diedra? — respondi minha amiga boca suja enquanto fechava os últimos compartimentos superiores.
— Vai se ferrar, ! A gente passa o dia inteiro mostrando os dentes e fazendo pose de miss, eu preciso xingar em qualquer oportunidade que eu tenha.
— Eu ainda estou na aeronave. — atravessei o corredor até a estação da tripulação para pegar minha mala.
— Então sai logo daí! — uma voz diferente e chorosa pediu. — Eu conheço você, vai inventar alguma checagem extra ou se oferecer para cobrir o turno de alguém. Vem logo, ! Eu estou com saudades!
— Harper? — reconheci. — Já está bêbada?
— Já. E quase subiu no balcão pra fazer uma dança sensual. — Diedra voltou a falar do outro lado da linha. — Mas aí lembrou que tem um noivo, ainda bem. Por favor, vem logo e me ajuda a segurar essa vadia.
— Vou me trocar e chego em vinte minutos. Prometo.
— E ? — Diedra chamou dramaticamente antes de desligar.
— Que foi?
— Se você aparecer aqui de crocs eu arranco elas dos seus pés e faço você comer.
Eu estava pronta para listar todos os benefícios ergonômicos do controverso calçado e como ele era a melhor pedida para combinar com minha calça jeans e minha camiseta do Aerosmith (a guerreira que eu comprei num show há anos), mas minha amiga desligou antes e a ameaça dela ficou no ar. Um checklist mental rápido me lembrou que a outra opção que eu tinha comigo era um All Star, tão confortável quanto a crocs, mas significativamente mais seguro; assim, já que o repúdio da Diedra era apenas ao chinelo de borracha, eu não correria o risco de acabar jantando meus tênis à força.
Dei uma última olhada por cima das cadeiras antes de assinar o relatório e entregá-lo ao comandante. Foi uma viagem tranquila, sem ocorrências nem falhas técnicas dignas de nota, a não ser, é claro, por mais um caso de mãe sem noção com criança mimada exigindo a poltrona da janela. Infelizmente, essas situações se tornaram as mais comuns, perdendo apenas para os passageiros nervosos que vomitavam no assento ou para os fãs da franquia Premonição, que juravam que havia algo de errado com as turbinas.
— Comandante Garcia. — acenei com a cabeça e estendi o documento. — Tudo pronto. Gostaria de adicionar algo?
— O sinal do voltímetro está um pouco fraco. — ele avisou e eu imediatamente marquei a caixa correspondente no campo.
— Vou pedir que verifiquem.
— Perfeito. Tripulação dispensada.
— Até que enfim. — a copiloto saiu da cabine, batendo nos ombros de Garcia. — Não aguentava mais esse cara aqui. — ela fez uma careta.
— Senhora Jones, boa noite.
— Samantha, . — ela corrigiu e começou a caminhar pelo acesso em direção ao tubo para, enfim, deixarmos o avião. — O Garcia já dispensou a tripulação, pode sair do modo comissária de bordo.
— Eu bem que gostaria, mas leva um tempo. — confessei, sendo encoberta pelo som das rodinhas das nossas malas contra o ferro da estrutura. — Eu devo continuar sorrindo no automático até entrar no táxi daqui até o bar.
— Bar, é? As meninas estão de folga?
Sorri em confirmação, achando graça de como “as meninas” tinha assumido um significado comum para todos que me conheciam no trabalho. Entre pilotos, operadores de máquinas, agentes, controladores de tráfego e dezenas de outras comissárias de bordo que faziam parte da minha rotina intensa, “as meninas” foram as únicas pessoas que eu quis trazer para a minha vida particular (ou o que quer que seja que restou dela). Harper e Diedra tornaram-se minhas melhores amigas, aliás, minhas únicas amigas, uma vez que o plano de carreira que eu estabeleci para mim mesma tomava 60% do meu tempo, 30% da minha energia e 5% da minha vontade de viver. Nos 5% restantes, eu me recuperava para fazer tudo de novo. Ou saía para tomar todas as margaritas de 8 dólares que colocassem na minha frente, como era o caso daquela noite.
— Vamos tomar uns drinks no Barneys. — atravessamos a seção do duty free do aeroporto, fazendo o caminho conhecido até a área dos comissários. — Quer vir com a gente?
— Fica pra próxima. Ainda preciso escrever um discurso para a homenagem ao Miles e eu não tenho nada de bom pra dizer sobre essa pessoa.
Samantha foi se arrependendo da frase à medida que ela foi saindo e eu fui perdendo a cor.
Discurso de homenagem ao Miles?
Edward Miles?
— Desculpa. — Samantha pediu quando chegamos ao vestiário. — É pro jantar de centenário da companhia, eu não tive escolha.
— Eu sei. — cortei com uma amargura inesperada. — Eu também fui intimada a participar da cerimônia e ler a abertura do evento, faz parte. — caminhei até o meu armário, abrindo e fechando a porta com força na tentativa de descontar minha frustração na pancada. Sem sucesso. Eu ainda me sentia consumida por um vulcão e as palavras seguintes foram cuspidas como uma erupção de lava. — É sério? Homenagem ao porco do Miles?
— Condecorado. — Samantha deu de ombros. — Mas, ei. Otários são condecorados toda hora na aviação. Não deixa isso estragar sua noite, ok?
— Não estragou. — descalcei o primeiro salto e apertei ele na mão feito uma arma, de modo que se o Miles se materializasse ali na minha frente, seria acertado em cheio no olho esquerdo. — Essa informação colocou o ódio necessário no meu coração para trocar as margaritas por doses de tequila.
— Desde que você esteja viva amanhã de manhã, eu dou o maior apoio.
— Não se preocupe, senhora copiloto. — tirei o outro sapato, extasiada pela sensação de alívio que a manobra causou. — Eu sou extremamente resistente ao álcool.
O terceiro shot de tequila provou que eu não era tão resistente assim. Uma vertigem escureceu minha visão e o bar inteiro rodou quando eu cheguei de volta ao meu lugar.
— Vocês sabiam que o banheiro daqui gira? — enfim acertei a cadeira. — Sério mesmo, assim que eu sentei no vaso sanitário, o negócio todo rodopiou que nem um carrossel.
— Provavelmente foi só a sua cabeça, . — Diedra riu dos meus olhos pesando e dos meus movimentos levemente descoordenados. — Que tal uma pina colada sem rum? É doce, vai cortar o efeito do álcool… A não ser que você queira mesmo ficar embriagada.
— Na verdade, eu queria a minha cama. — falei, arrastado. — E um banho bem quentinho, mas meu chuveiro está quebrado.
— É, há uns dois meses. — Harper disse num tom embolado, segundo sinal de que estava ficando bêbada (o primeiro era querer rebolar em cima do balcão). — Eu já te disse que meu vizinho faz-tudo pode dar uma olhada nisso pra você, é só me dizer quando vai ter um dia livre e eu marco.
— A última vez que eu tive um dia livre foi em 2019. — estalei os dedos, chamando a atenção do garçom, que prontamente apareceu. — Uma cina polada. — ri. — Desculpa. Uma pina colada.
— Sem álcool, por favor! — Diedra completou.
— 2019? — Harper ainda processava a minha última fala em atraso. — Em 2019 houve a porra de uma pandemia, ! Todo mundo foi obrigado a ficar em casa!
— E ainda assim ela deu um jeito de inventar trabalho marcando aqueles treinamentos remotos… — Diedra entornou a cerveja.
— Mas foi por causa disso que a nossa equipe se destacou e todo mundo ganhou um belo bônus. — rebati e o garçom chegou com a minha bebida. — De nada.
— Ok, ok, você foi o orgulho da OMS nos passando as novas normas sanitárias para viagens internacionais, mas aquela loucura pandemia acabou faz tempo, . — Diedra disse, séria, ou tão séria quanto o barulho do meu canudinho sugando um pedaço de abacaxi da pina colada permitia que ela fosse. — Você pode relaxar um pouco agora.
— Relaxar? — quase gritei, desbloqueando meu celular que estava esquecido ao lado do porta-guardanapos. — Olha a minha agenda. — mostrei a tela. — Amanhã eu tenho que dar uma palestra sobre primeiros socorros para os novatos, participar de uma simulação de voo, estudar aquele artigo que saiu sobre turismo sustentável, fazer minhas lições de alemão e... — uma notificação surgiu enquanto eu lia. — Ih, olha só, aula de italiano cancelada! Parece que eu tenho uma brecha. Quer avisar o faz-tudo?
— Amanhã? Mas é sábado, . — Harper arregalou os olhos, como se tivesse acabado de perceber algo ainda mais ultrajante que agendar um conserto num sábado à noite. — E é dia dos namorados! Você não tem planos?
— Claro que tenho. Esses aí que você acabou de ouvir.
— Tá, eu vou ver se ele pode. — ela encheu a boca com um punhado de batatas fritas. — Mas você precisa fazer sexo. Urgentemente.
— Bom, o Miles já realizou meu fetiche de transar na cabine do piloto. — o nome infame ressurgiu, junto com uma memória dolorosa em processo de cicatrização e um gosto de fel nos meus lábios. — Ele só esqueceu de fazer isso comigo.
— Ah, não! — Diedra protestou. — Não tínhamos concordado que o embuste do seu ex tinha morrido?
— Infelizmente eu ainda tenho que aturá-lo no trabalho. E sabem o que mais eu tenho que aturar? O fato de que ele vai ser condecorado no jantar de centenário da companhia. — revelei, enjoada pela notícia e pelo leite condensado do drink. — Acreditam nisso? Condecorado! Agora eu pergunto: condecorado por qual feito? Me trair com uma passageira aleatória e gozar em dois minutos a 30 mil pés de altura?
— Dois minutos é um tempo impressionante. De tão ridículo, mas impressionante.
— O Miles é um cretino. — Harper sentenciou. — Não acredito que você não denunciou ele pro conselho.
— Eu sou comissária de bordo com três anos de experiência e ele é um piloto com quinze. — olhei para o copinho com sal na borda que descansava na mesa, decidida a voltar para a tequila. — Quem você acha que a empresa ia mandar embora se eu fizesse um escândalo?
— Ah, foda-se o Miles! — Diedra praguejou. — Você é gostosa demais pra ele.
— Era exatamente a desculpa que ele dava para a ejaculação precoce! — peguei o shot e o ergui, orgulhosa da minha piada hilária.
— Um brinde! — Harper espelhou meu movimento e levantou a margarita. — Aos pênis que nos fazem gozar!
— Brinda você que tem um em casa! — bati meu copinho em protesto e virei a tequila. — Faz muito tempo que eu não sei o que é isso…
— Se tá ruim assim, eu posso te ajudar… — Diedra piscou.
— Tá querendo tirar a minha calcinha, é? — bradei. — Você não vai me deixar tão bêbada assim, Di. — sacudi o copo para aproveitar até a última gota. — Eu gosto de homem! Homem com H maiúsculo! — a essa altura, até o garçom já estava olhando.
E parecia interessado!?
— É disso que eu tô falando! A gente podia contratar um cara pra dormir com você. É totalmente legal, sabia?
Diedra e eu trocamos um olhar de pânico porque a sugestão partiu da Harper. Sim. A Harper-futura-senhora-Quinn, aquela adorável mocinha loira de anel de diamante no dedo que, quando sóbria, só falava de enxoval e preparativos para o casamento.
— E como é que você sabe disso, hein, dona noiva? — arqueei uma sobrancelha.
— Digamos apenas que o stripper que esteve na minha despedida de solteira trabalha numa agência. — ela escondeu o rosto atrás da margarita. — E que a agência tem rapazes que fazem trabalhos extras…
— Harper!
— Não foi pra mim! Foi pra uma amiga! — ela se indignou por uma fração de segundo e repensou. — Se bem que, se todos forem como o stripper da minha festa, eu não recusaria...
Outro olhar trocado com Diedra, mas sem pânico dessa vez. Era um olhar nostálgico que dizia: “Ela tem razão. Eu cometeria qualquer crime só para ser presa por aquele policial falso”.
— Ele estava demais naquela fantasia… — Diedra assobiou com a lembrança.
— Que fantasia? Só tinha uma calça embalada a vácuo, um quepe e um monte de peito pra fora. — suspirei. — Saudades, aliás.
— Minha amiga ainda tem o contato dele! — Harper cantarolou como se fosse uma ópera. — Você bem que podia contratar o vendedor de amor pra dar um jeito nesse seu estresse.
— Isso! — Diedra bateu palmas. — E pede pra ele ir fantasiado! De bombeiro dessa vez!
— Vocês estão malucas? — girei o dedo na cabeça. — Eu não vou ligar pra uma agência e dizer “oi, eu queria um homem gostoso, de preferência um moreno, sexualizando uma profissão honrada e digna com uma tanguinha apertada. Pra viagem, por favor!”
Foi a vez de Harper e Diedra se entreolharem. E quase deu pra ver o diabinho no ombro delas.
— E se a gente mandar um pra você? Como presente de dia dos namorados?
Meu estômago deu uma pirueta e minhas paredes internas vibraram, animadas com a possibilidade. As meninas tinham um ponto: eu estava num ritmo tão frenético de trabalho que vinha negligenciando meu sono, meu lazer e até minha saúde sexual. Esse súbito diagnóstico se agravou quando eu o aliei ao fato de que Miles-goza-rápido tinha sido minha última aventura no quarto, o que fez eu me sentir ridícula e totalmente em falta. Meu time estava perdendo, não dava pra negar. Fazia seis meses que ninguém marcava um gol de placa por aqui.
Uau.
Seis meses.
Tudo isso?
Tinha seis meses inteirinhos que eu não via o pipi de um homem?
Era a acidez da tequila ou a história do bombeiro estava começando a soar como uma ótima ideia?
— Que tal, ? — as duas riram o riso das vilãs de novela. — Um cara bem quente para uma moça incendiária?
Seis meses…
Harper e Diedra continuaram gargalhando e tagarelando, mas o meu celibato semestral era tudo o que eu conseguia assimilar. A demarcação de tempo ecoava na minha mente embriagada como uma buzina de avião — e qualquer pessoa que já tenha ouvido uma sabe que é um barulho em alta frequência ensurdecedor e desesperador na mesma medida.
Seis fodidos meses, !
Você tem que sair dessa!
— Quer saber? — espalmei as duas mãos na mesa. — Eu aceito. Mas me manda mensagem 1 hora antes pra eu poder me preparar…
Is it still me that makes you sweat?
Am I who you think about in bed?
When the lights are dim and your hands are shaking
As you're sliding off your dress?
Am I who you think about in bed?
When the lights are dim and your hands are shaking
As you're sliding off your dress?
O YouTube carregava mais um vídeo de gramática alemã enquanto eu lutava para manter os olhos abertos. As horas de procura por uma boa videoaula sobre conjugações foram mais exaustivas do que passar a noite inteira com a sensação de que meu crânio estava rachado ao meio, cortesia de toda a tequilada que ainda causava seus efeitos e me presenteava com uma ressaca mal curada. Ao menos a moça da aula gravada parecia simpática e não tinha uma voz irritante que poderia piorar a minha enxaqueca.
— Oi! Eu sou Karen Müller, professora de alemão, e hoje você vai aprender tudo sobre verbos modais.
— Duvido. — falei para o notebook como se ele pudesse me responder e abri meu caderno numa folha em branco. — Mas você parece bem confiante, então vamos lá.
— Os verbos modais podem expressar necessidade, vontade, permissão ou habilidade de realizar alguma ação. Vamos ver alguns exemplos?
— Manda a ver, Karen. — escrevi um título para as anotações, mesmo sabendo que eu não entenderia muita coisa.
— Tente repetir depois de mim: könen…
— Não, valeu. Te assistir vai ser o máximo de esforço que eu vou conseguir fazer hoje. — preenchi a data no canto superior esquerdo da página e ela me levou a uma epifania.
— Dürfen… — a professora seguia como se eu estivesse prestando atenção.
— Hoje é dia dos namorados. Dia dos namorados e eu tô aqui com você, Karen.
— Wollen…
— E fica pior. Faz seis meses que eu não transo, sabia?
— Mögen...
— Como se diz “perdedora” em alemão?
— E, por último, müssen…
Suspirei, desistindo da aula e de conversar com o computador. Sozinha e contemplativa como eu estava, não demoraria muito até eu começar a discorrer sobre meus dilemas pessoais com o ChatGPT, então, antes que eu fosse chorar as minhas pitangas para uma inteligência artificial, peguei o celular para pedir uma pizza, um pote enorme de Ben&Jerry’s de caramelo triplo e encerrar meu sábado do jeito oficial dos solteiros amargurados: largada no sofá com a boca doce de sorvete.
— Não me olha assim, Karen. — pedi para a tela pausada na cara dela. — Eu sei, uma comissária de bordo precisa manter o peso e essa lambança toda vai acabar indo direto para os meus quadris, blá blá blá. — sacudi o aparelho. — Mas eu tô de jejum sexual, garota. Eu tenho que ter alguma fonte de prazer ou eu vou ficar maluca.
O celular apitou e, por um momento, eu achei que fosse a Karen me mandando mensagem diretamente da Alemanha para incutir algum senso na minha cabeça oca, mas era apenas a Harper checando como estava a amiga encalhada, solitária e triste:
Harpie 🩷:
já está livre?
Eu:já está livre?
sim. e prestes a fazer amor com uma pizza de pepperoni.
Harpie 🩷:
então espera eu mandar o bombeiro resolver aquele problema. ele pode ir?
então espera eu mandar o bombeiro resolver aquele problema. ele pode ir?
Oi? O bombeiro sensual/stripper/garoto de programa? Ela e a Diedra estavam mesmo falando sério ontem no bar? Tudo bem que de manhã eu tinha me depilado toda no banho, mas não foi nada intencional, e definitivamente não foi com esse objetivo. Receber aquele tipo de visita não estava nos meus planos, porém, considerando a natureza dos planos que eu tinha…
Não era de todo ruim?
— Que é isso, ? Você tá mesmo cogitando sexo pago? — balancei a cabeça, me repreendendo. — Na frente da Karen, ainda por cima!
Meu monólogo existencial foi interrompido quando o telefone bipou descontroladamente, acusando uma série de mensagens e denunciando a impaciência do outro lado.
Harpie 🩷:
oi!
Harpie 🩷:
responde
Harpie 🩷:
rápido
Harpie 🩷:
ele tá aqui
Harpie 🩷:
esperando você confirmar
oi!
Harpie 🩷:
responde
Harpie 🩷:
rápido
Harpie 🩷:
ele tá aqui
Harpie 🩷:
esperando você confirmar
Mas já?!
Tinha um homem seminu na casa da Harper esperando minha resposta?
Um bombeiro sem camisa? Esperando… por mim?
Minha mente hiperativa começou a elencar um milhão de perguntas e em menos de meio segundo eu fui de “eu realmente vou entregar minha flor para um profissional do sexo?” para “eu acho que vou sim, mas será eu deveria deixar a polícia avisada ou algo do tipo?”.
Ok, a polícia era exagero, afinal de contas, o cara estava vindo fazer um trabalho, pelo qual ele deveria ganhar muito bem, a propósito. Quem sabe até estivesse cobrando um adicional por ser dia dos namorados. Se eu pensasse bem, nós dois estaríamos nos ajudando. Além disso, não era um homem aleatório que foi achado na rua, ele fazia parte de uma agência, Harper estava ciente da situação, era a mandante da operação toda junto com a Diedra, e ter as duas avisadas sobre o estranho na minha casa me deixava um tanto mais segura. Então… Por que não?
Encarei meu celular e fui tomada por um surto de coragem súbita.
Eu:
harp…
como é que ele é? 👀
Harpie 🩷:
ele é ótimo, não se preocupa
Harpie 🩷:
super caprichoso, trabalha bem e chega rápido quando precisa
ele é ótimo, não se preocupa
Harpie 🩷:
super caprichoso, trabalha bem e chega rápido quando precisa
Se eu estivesse em perfeito juízo, eu questionaria como Harper sabia das habilidades do rapaz, mas meu juízo não estava ali. Pelo contrário, meu juízo já estava calculando se eu tinha lençóis limpos na cama e se era a época do meu período fértil, o que, a propósito, explicaria perfeitamente a loucura que eu estava prestes a cometer. Felizmente, um temperamento ansioso como o meu não me deixaria perder o controle do meu ciclo menstrual, assim, meu anticoncepcional estava sempre em dia. E nem era preciso dizer que não engravidar do bombeiro sexy era uma coisa a menos com o que se preocupar.
Olhei em volta sem focar em nada para organizar minha linha de raciocínio. As possíveis catástrofes foram listadas com sucesso, e uma solução alternativa para cada uma delas também. Era o que eu fazia de melhor: pensar, antecipar eventos, criar cenários nos quais cada coisinha passível de dar errado tivesse uma saída de emergência (eu fazia isso o tempo todo no trabalho!). Muita gente costumava se equivocar e achar que estar sempre preparada era a parte difícil, mas não era. A parte difícil não era a iminência, era a que vinha a seguir. Era quando estava, de fato, acontecendo algo, como uma turbulência mais forte e um apagão temporário na cabine, por exemplo.
Ou um garoto de programa batendo na sua porta a qualquer momento.
A familiar sensação de gravidade zero pré-decolagem se apossou do meu corpo, no entanto, apesar dela e da voz da minha consciência gritando “doida, doida!”, meus dedos gelados de nervosismo digitaram uma resposta antes que houvesse tempo de me arrepender.
Eu:
ok, ele pode vir.
me liga em uma hora pra saber se deu tudo certo?
Reconsiderei por um breve instante.
Eu:
quer saber? duas horas. tem muito serviço.
Recebi dois emojis de joinha e um de beijinho, confirmando meus pedidos.
— Bom, já que é tanto serviço assim, é melhor eu passar meu hidratante de morango da Victoria’s Secret. — olhei para baixo, encontrando uma camiseta larga e velha no corpo. — E trocar de roupa. Qual a sua opinião sobre a lingerie, Karen? Vermelho? Oncinha? Pretinho básico?
Obviamente a Karen congelada não respondeu.
— Tem razão. A ocasião pede um vermelho escândalo. Você sabe das coisas, viu, Karen? — fechei o notebook e fui me preparar.
Psicologicamente, sobretudo.
Olhei no espelho com o robe aberto, satisfeita com o que estava vendo. Até arrisquei umas poses, mas rapidamente refiz o laço em volta da minha cintura, fechando-o.
— Assim também é exposição demais. — apertei o nó, escondendo meu conjunto de calcinha e sutiã de renda. — Não vai entregando o ouro logo de cara, .
Não havia um manual de etiqueta em pdf para situações como aquela (nem em qualquer outro formato, eu pesquisei), mas algo me dizia que me vestir para ir direto ao ponto era a escolha mais adequada, assim como algo me dizia que era cortês e educado ter uma garrafa de vinho separada, afinal de contas, oferecer uma bebida era um ótimo protocolo a seguir em qualquer ocasião social, mesmo as inusitadas. Uma boa bebida servia como um catalisador de conversas, um gerador natural de assuntos, quebrava o gelo e aquecia o clima, e era exatamente isso que eu queria, certo?
A não ser que as preliminares não fizessem parte do pacote…
De repente, um arrepio na espinha. Regar meu primeiríssimo desfrute carnal insólito com o suco da felicidade de Dionísio soou um tanto perigoso e arriscado.
— Eu tô fazendo um grande caso disso, né? — argumentei para o espelho. — É só um sexo. Normal. Eu tenho que parar de pensar tanto em tudo. Se a Karen estivesse aqui agora, ela ia concordar comigo.
A Karen, coitada, sem a menor ideia da proporção que seu papel de conselheira silenciosa tinha tomado em um intervalo tão diminuto, deveria estar lá do outro lado do mundo fazendo qualquer coisa muito mais inteligente do que a coisa que eu estava por fazer: abrir a garrafa de vinho antes que o rapaz chegasse com a desculpa de me desinibir. Caminhei até a cozinha, incerta até dos meus próprios passos, e peguei o saca-rolhas deixado propositalmente em cima da ilha junto com duas taças e um vinho tinto, abrindo a garrafa no automático. Estudei o vidro, tentando tirar dali alguma média que fosse proporcional ao meu nervosismo e à minha ansiedade, e o cálculo da dose necessária levou a um único resultado.
— Não sei se isso é coragem líquida ou burrice fermentada, mas saúde! — virei a garrafa e bebi direto do gargalo, três goles bem generosos de uma vez.
O vinho ainda descia queimando a minha garganta quando a campainha tocou e levou meu espírito para fora da carcaça por uns dois segundos, até eu finalmente atender e dar de cara com…
Puta que pariu, o homem mais lindo que eu já vi na minha vida?!
Um moço alto e bem-feito escorava o braço na soleira da porta, e uma única mecha de cabelo caía por entre olhos rasgados, que se harmonizavam com um nariz afilado e uma boca rosada, carnuda na medida certa. Tinha um sorriso bonito estampado no rosto, aliás, mais, muito mais que bonito, era um sorriso fácil. Largadão mesmo. Como se o mundo inteiro não pesasse um grama pra ele.
Bom, o trabalho do cara era literalmente transar em troca de dinheiro. Era de se esperar que ele andasse rindo para as paredes se fosse gozar toda vez que batesse o ponto.
Ele acenou timidamente, sem nunca deixar de exibir os dentes perfeitos, e eu pude reparar que as mãos eram bem delicadas, o que era óbvio, já que ele não era um bombeiro de verdade; embora o fato de ele carregar uma caixa de ferramentas e estar vestido com uma regata branca e uma calça cargo conferissem uma credibilidade impressionante ao papel — que, a essa altura, eu já nem sabia mais qual era. O figurino estava um pouco confuso, mas a verdade era que eu aceitaria aquele espetáculo de homem até se ele estivesse fantasiado de palhaço.
— Er, oi. Pode entrar. — pigarreei e ele me obedeceu. — Você é tipo o quê? Um bombeiro?
— Na maioria das vezes, sim, bombeiro hidráulico. — mais um sorriso. — Mas eu também posso ser eletricista, marceneiro, mecânico, o que precisar.
Ouvir a voz dele pela primeira vez já era o suficiente para fazer meu útero se contorcer, porém, como se não bastasse o timbre doce e sensual ao mesmo tempo, ele continuava segurando a caixa de ferramentas que parecia bem real e bem pesada, porque o esforço que ele usava para levá-la evidenciava todas as veias e músculos do braço nu.
Acho até que eu salivei um pouco.
— Você quer… beber alguma coisa?
— Não, obrigado, eu não quero incomodar, só fazer o que tem que ser feito e ir embora. — ele deu uma piscadinha adorável e descontraída. — Eu deixo tudo limpinho depois, tá?
Deixar tudo limpinho? O que ele queria dizer com isso? Será que ele ia fazer um número antes? De repente jogar um balde de água nele mesmo, tipo Flashdance? Eu particularmente preferia algo mais na pegada Magic Mike, mas não estava em condições de exigir nada, então só concordei com a cabeça e fui mostrando o caminho.
— Ok, é a primeira vez que eu faço isso. — confessei. — Eu pago você agora ou só no final?
— Ah, não se preocupe, a Harper já cuidou de tudo. Se houver algum valor extra vai ser pouca coisa, uma peça ou duas, é baratinho.
Peças? Ele ia usar, sei lá, brinquedos?
— Tá. — meu estômago já estava dando piruetas em antecipação quando meu cérebro cortou a onda ao me lembrar de um detalhe importante. — E você tem proteção, certo?
— Claro, eu sempre tenho. Segurança é tudo na minha profissão. Mesmo com a mangueira pronta, sempre há risco de incêndio.
Queria dizer “por favor, eu estou contando com isso”, mas eu já estava com um robe mínimo, a um lacinho imoral de cair. Não queria dar o atestado de desesperada, então o melhor que eu consegui esboçar foi uma reiteração evasiva:
— Sério? Um incêndio?
— Bom, começa com uma faísca, mas logo logo pega fogo, pode ter certeza.
Ah, obrigada por tudo, Harper!
— Então, por onde você quer começar? — perguntei, animada.
— Ahn… Pelo chuveiro? — ele soltou uma risada fofa e coçou a pontinha da orelha. — A não ser que tenha serviço em outros lugares da casa.
“Tem, mas vai com calma, bonitão. Eu estou meio enferrujada, ainda preciso pegar no tranco”, pensei.
— O chuveiro parece bom. — concordei e avançamos pelo corredor em direção ao banheiro do meu quarto.
Entramos no cômodo sem trocar nenhum tipo de contato físico, o que já estava me deixando apreensiva e impaciente, especialmente porque ele guardava uma distância quase segura de mim. Apesar de meio frustrante, gostei da ideia de ele esperar consentimento claro antes de fazer qualquer coisa (imagina se ele já chegasse dançando com o bilau pra fora?), porém, quando ele entrou no banheiro eu percebi que haveria uma esquete de cena, porque ele se agachou embaixo do chuveiro e começou a mexer na caixa de ferramentas.
Todos os utensílios eram reais, para a minha surpresa. Ele levava o roleplay a sério mesmo: além dos adereços, ele tinha aquele ar másculo de quem sabia bem o que estava fazendo, de quem era capaz de acender uma lareira ou trocar um pneu sem pesquisar no Google, coisa muito rara entre os homens, criaturas que, em geral, eram bem limitadas. Havia uma virilidade nos ombros largos e definidos, quebrada por sinaizinhos espalhados que lembravam uma constelação. Uma gracinha, robusto no corpo e esguio nas extremidades, tudo nele era afiado, desde os traços do rosto até o perfume sutil que impregnou o box, e a linha fina de uma corrente de prata perdida no peitoral imenso distraía tanto quanto encantava.
Ele era todo feito de uma agudeza hipnotizante.
E o conjunto da obra estava fazendo o vinho me subir à cabeça numa velocidade vertiginosa.
— Pode me mostrar onde é o problema? — ele pediu gentilmente, me encarando.
— Problema? — acordei do transe. — Ah, claro, entendi. Tenho que fazer o teatrinho, né? Hã… Senhor bombeiro, por favor, dê um jeito no meu encanamento interno…
— Ah, é isso? Isso é muito simples de resolver. Vai ficar novinho em folha, eu só preciso pegar aqui a…
Ele voltou-se novamente para as chaves de fenda e eu aproveitei a ocasião para rapidamente abrir e me livrar do robe.
— Uou! — ele derrubou um monte de parafusos e se pôs de pé num pulo quando me viu de lingerie. — O que é isso, moça?
— Tô facilitando pra você, baby. — embolei o tecido numa mão e atirei no rosto alheio.
— Facilitando o quê, exatamente? — ele apanhou o pedaço de seda como se estivesse se livrando de um bicho peçonhento, bancando o assustado. Bancando muito bem, por sinal. Era um excelente ator.
— Como o quê? Você não é o bombeiro gostoso? — desenhei a figura dele no ar.
— Sou. — ele sacudiu a cabeça. — Quer dizer, o que eu ser gostoso tem a ver com-
— Não está aqui para um servicinho?
— Estou, mas-
— Então não precisa bancar o tímido, gato. — avancei um passo, encurralando-o contra a parede.
Ele, por sua vez, fechou os olhos com força e quase se fundiu aos azulejos de tanto se encolher.
— Moça, moça, pelo amor de Deus! Eu só vim trocar a resistência.
Ok. Ele estava atordoado demais para estar fingindo, e estava cerrando os dentes e os punhos num claro sinal de tensão. Eu com certeza estava entendendo alguma coisa errada.
— Olha, você pode pular essa parte, essa conversa toda de caixa de ferramentas e de resistência é muito… — eu ia falar “chata”, mas, como de costume, minhas sinapses atropelaram umas às outras e chegaram a uma conclusão totalmente diferente. — …muito específica. Desculpa, você pode me esclarecer aqui? — me afastei, esquecida da minha nudez parcial. — O que exatamente você veio fazer na minha casa hoje?
— Consertar seu chuveiro. — ele abriu um dos olhos apenas para fechá-lo novamente. — Minha vizinha me pediu, ela disse que uma amiga estava com problemas com a água quente e precisava de um bombeiro.
Puxei o ar bem fundo, atordoada. Agora tinha uma vizinha na história? O enredo estava ficando complicado demais para mim, que me importava saber quem era a vizinha do-
Oh.
Meu.
Deus.
Harper.
O vizinho faz-tudo da Harper!
Tudo se encaixou violentamente e quase me derrubou no chão.
— Você é o vizinho? — perguntei, processando a informação.
— Sim. — ele arriscou abrir os olhos outra vez, e eles se encontraram com os meus brevemente.
— O vizinho da Harper? — repeti, ainda sem acreditar.
— Sim.
— O faz-tudo?
— Sim.
— A Harper que te mandou aqui…
— Sim.
— …pra consertar o meu chuveiro?
— Sim. — ele encerrou a sequência de emendar um sim no outro, cansado.
— Então você é um bombeiro? Um bombeiro de verdade?
— Eu já disse, eu sou de tudo um pouco, até bombeiro hidráulico. — ele baixou a vista, me medindo e percebendo que estava se dedicando um pouco demais à análise dos meus trajes. — Que outro tipo de bombeiro você achou que eu fosse?
As palavras dele foram seguidas do maior silêncio da minha vida. Logo depois, veio a febre ardente da mais pura vergonha e constrangimento. Esse tempo todo, desde o início, a Harper estava falando do vizinho! Ela certamente nem se lembrava da proposta indecente que surgiu ontem na mesa do bar, foi tudo mais uma épica façanha dos meus neurônios agitados e da amnésia pós-bebedeira, a receita perfeita para o desastre que se desenrolava ao vivo ali, na minha frente. O olhar atordoado do pobre rapaz fez o calor intenso irradiar pelo meu colo e pescoço, parecido com uma amostra grátis da menopausa ou do aquecimento global, e meu rosto esquentou de tal modo que eu achei que o alarme de incêndio ia acabar disparando.
Não ironicamente, o motivo seria um bombeiro.
— Bom, claramente houve um mal-entendido, tudo bem. — ele procurou se refazer, e procurou também o meu robe espalhado num canto do chão. — Eu deveria ter me apresentado direito. Lee Seokmin, aliás. — ele me devolveu a peça, evitando o contato visual. — O bombeiro hidráulico, faz-tudo, vizinho da Harper. — e enunciou cada palavra pausadamente, como se eu tivesse 5 anos de idade. — Você é a , certo?
Eu realmente cogitei negar e dizer um nome falso. Assim, eu não seria a louca tarada da história quando ele fosse contar o episódio na rodinha de amigos, pois, sim, ele com certeza iria contar pra todo mundo que ele conhecia. O riso preso nos lábios que eu achei tão desejáveis era o maior indicador de que ele estava se divertindo às custas do equívoco mortificante que eu havia causado. Foi ao notar isso que meus pensamentos comprometidos fervilharam feito os Divertida Mente perdendo o controle da sala de comando e eu disparei uma desculpa esfarrapada que, no momento de agonia, pareceu perfeitamente plausível.
— Olha, sobre o que acabou de acontecer, você não deve estar entendendo nada, né? — mexi no cabelo, trêmula. — Mas é que eu sou comissária de bordo, parte do meu trabalho é saber os costumes de diferentes países. — falei com uma convicção ridícula e vesti o robe em desespero, dando um nó por cima do outro. — Então, é isso, eu estava apenas praticando com você uma recepção tradicional lá de… De…
Meu cérebro ficou em branco, em parte pelo engano trágico e em parte pelo fato de Seokmin ter cruzado os braços na frente do corpo, colocando novamente os belos músculos em foco.
— De? — ele incentivou, e eu fiquei na dúvida se o sorriso que carimbou o rosto dele dessa vez era de educação ou de pena mesmo. — Não me leve a mal, eu estou curioso. Em que lugar do mundo é tradição receber as pessoas de calcinha e sutiã?
— Novosibirsk. — chutei. — Na Rússia.
Seokmin não pareceu nada convencido, mordendo a parte interna das bochechas para segurar a risada.
— Você acabou de inventar esse lugar, não foi?
— Não, ele existe mesmo, e é cheio dessas manias diferentonas. — balancei as pernas, agitada. E um pouco propensa a criar mais fake news sobre cultura internacional para sustentar a minha farsa. — As pessoas até se cumprimentam e se despedem com um beijo de língua, sabia? É o costume.
— Você vai me dar um beijo de língua quando for se despedir de mim, então?
Não, eu vou me trancar dentro da geladeira e sair de lá no próximo milênio, quando todos da face da Terra tiverem virado poeirinha cósmica e não restar mais nenhum resquício de vida humana capaz de me lembrar desse mico.
A expressão facial que ele fez junto com a pergunta foi totalmente indecifrável. Ele estava tirando uma com a minha cara ou fazendo um pedido sincero? Ele não parava de sorrir mesmo ou só estava me achando a maior piada que ele já viu? De qualquer forma, eu não queria ficar ali para descobrir a resposta.
— Eu… Eu vou deixar você trabalhar, ok?
Saí do banheiro e do quarto fugida, como se estivesse escapando de Alcatraz, sentei no sofá da sala e abafei um grito na minha almofada decorativa.
Parabéns, Dawson. Você acabou de tirar a roupa na frente do vizinho da Harper e praticamente implorou pra ele te comer. Simplesmente a gafe do século.
Feliz dia dos namorados pra mim!
Continua...
Nota da autora: Obrigada por acompanhar mais uma história! Essa deliciosa confusão está ganhando seus contornos enquanto você lê. Espero que você fique até o final para descobrir onde isso vai dar!
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