Tamanho da fonte: |

Revisada por Selene 🧚‍♂️

Última Atualização: Fanfic Finalizada

A xícara de chá fumegante havia sido depositada com cuidado sobre a mesa, e dois cubos de açúcar foram acrescentados à mistura. Com cuidado e paciência, a pequena colher agora fazia seu papel de unir os dois ingredientes, tornando o sabor do líquido mais agradável ao paladar. Uma coloração avermelhada denunciava uma combinação de cascas de frutas, e o cheiro agradável fazia com que um sorriso de satisfação se esboçasse nos lábios de Frederick Winstead.

O fogo crepitava na lareira, disposta a poucos metros da confortável poltrona, e produzia ruídos que se uniam ao delicioso som da chuva torrencial, que sacudia as árvores devido à força dos ventos. A temperatura naquela época do ano devia estar em uma média de 6ºC, o que Frederick apreciava profundamente. Mal podia esperar pelo rigoroso inverno, que ameaçava estar cada vez mais próximo, o que fazia o homem ansiá-lo ainda mais. Quanto mais neve caísse dos céus, mais tempo ele teria para apreciar a dança das chamas em sua lareira. Era fascinante a sinuosidade com que se mexiam, tão brilhantes, tão perfeitamente desenhadas ao lançarem-se ao ar. Sentia vontade de tocá-las, de deixar com que lambessem cada extremidade de seu corpo. Quem sabe, se se juntasse a elas, poderiam partilhar do poder que emanavam, infestando e se alastrando assim que recebiam passagem.

Mais um pequeno sorriso se formou nos lábios de Frederick quando, ao romper o som ambiente que agraciava seus ouvidos, o barulho de batidas ansiosas em sua porta pôde ser ouvido. Ele então deixou a colher sobre o pires ao lado da xícara intocada de chá, levantou-se e caminhou tranquilamente até a entrada de sua residência, abrindo a porta sem se dar o trabalho de identificar através do olho mágico quem havia decidido lhe importunar.

Seus olhos pareceram um tanto surpresos ao identificar uma jovem loira, com seus cabelos e vestes encharcados e os olhos verdes suplicantes, ao lado de um rapaz, poucos centímetros mais alto, igualmente loiro e de olhos verdes.

— Posso ajudar? — Encarou-os com curiosidade e os avaliou dos pés à cabeça, sem o mínimo de discrição, já que não havia sido ele o responsável pela ideia de bater à porta de um estranho.

Os lábios da jovem pareceram tremer quando ela decidiu que seria a porta-voz.

— Senhor, desculpe incomodá-lo, mas… Tivemos um problema com nosso carro na estrada e esta foi a primeira casa que encontramos. Será que podemos usar seu telefone? — A voz dela havia soado um tanto esganiçada no primeiro momento, mas, conforme as palavras eram ditas, ela parecia se sentir menos nervosa. Frederick voltou a avaliar os dois jovens, e franziu o cenho ao passar a língua pelos lábios.

— Não quero parecer indelicado, senhorita, mas e quanto ao seu celular? — Não poderia deixar de questionar em um tom desconfiado.

— Acredite, foi a primeira coisa que tentamos, mas não conseguimos encontrar sinal. — Ela torceu a boca, num claro gesto de constrangimento.

Antes que Frederick pudesse responder, o rapaz se pronunciou, em um tom que beirava a irritação.

— Vamos embora, , ele não irá nos ajudar. — Uma de suas mãos segurou o braço direito da garota e a puxou para que o seguisse. imediatamente o sacudiu e voltou a fixar seus olhos brilhantes em Frederick.

— Calado, William — ela ralhou, em tom sussurrado. — Por favor, senhor. Não iremos lhe fazer nenhum mal. Nós precisamos da sua ajuda — implorou e sentiu sua voz voltar a soar esganiçada.

Mais uma vez, Frederick lançou um olhar minucioso na direção dos jovens, com a necessidade de confirmar a boa índole dos dois, já que, naquela época, não se podia confiar em nenhum estranho que batesse à sua porta. Ele então soltou um longo suspiro, se afastou e deu espaço para que entrassem em sua casa.

— Tudo bem, mas vocês fazem a ligação e dão o fora. — Viu assentir freneticamente às suas palavras.

— Oh, muito obrigada. Por Deus, muito obrigada! Não se preocupe. Nós só precisamos usar seu telefone mesmo e… obrigada! Sou Callmon e esse é meu irmão, William. — Ela vomitou as palavras tão rapidamente que Frederick precisou piscar os olhos algumas vezes para fazer seus pensamentos voltarem aos eixos.

— Frederick Winstead — ele respondeu, por pura cortesia, já que não tinha o menor interesse em saber mais sobre aqueles que haviam atrapalhado a hora de seu chá.

William manteve-se calado. Era o completo oposto de sua irmã, que, quando ficava nervosa, falava muito mais do que deveria.

deu então alguns passos para dentro da casa e parou no pequeno corredor, lançando um olhar para o chão coberto por um tapete de aparência cara, que ela havia acabado de molhar e encher de lama. Ficou completamente sem jeito, mas não sabia como pedir ainda mais desculpas ao homem.

— O telefone fica em minha sala. — Frederick soltou um pequeno pigarro, fechou a porta e então os conduziu até o local.

Até William deixou uma baixa exclamação escapar de seus lábios quando chegaram ao cômodo. Vista de fora, aquela casa não possuía nada demais; era apenas uma casa grande e comum. Os cômodos eram espaçosos e impecavelmente decorados, com uma mobília cara e requintada, tudo extremamente organizado e limpo, como se Frederick passasse seus dias na função de manter o local sempre daquela forma, o que causou um certo espanto no rapaz. Apesar dos modos um tanto ultrapassados, ele não tinha aparência de quem de fato colocava a mão na massa para organizar alguma coisa.

— Mora nessa casa enorme sozinho, senhor Winstead? — William ouviu sua irmã questionar ao olhar a sala ao seu redor, com o mesmo tom de admiração que ele tinha certeza que estava estampado em suas feições, e provavelmente chegando à mesma conclusão.

Era incrível a ligação que os dois tinham, aquela coisa de gêmeos que não tinha explicação. Desde sempre compartilhavam pensamentos parecidos, e um sempre agia em reflexo ao outro, ainda que tivessem personalidades diferentes.

— Tenho alguns empregados. — Frederick parou ao lado da mesa do telefone e o indicou para . — Mas eu costumo dispensá-los nos finais de semana.

— Não tem esposa? Filhos? — A jovem evidentemente não se importava em soar invasiva. Sua pergunta fez Frederick arquear a sobrancelha enquanto a analisava com curiosidade. Por que ela fazia tanta questão de lhe perguntar todas aquelas coisas? Ela só precisava usar a porcaria do telefone! Será que com aquela atitude ela esperava hospedagem ou algo do tipo?

, só faça a porcaria da ligação e vamos embora! Não tá vendo que ele não quer conversar? Nós estamos atrapalhando as coisas dele. — William se fez ouvir novamente, com a voz irritada pela mania incontrolável da irmã de não calar a boca.

A loira o encarou indignada no primeiro momento, abriu a boca para protestar e a fechou, sem dizer nada. Encarou Frederick por poucos segundos ao adquirir uma expressão de quem pede desculpas, então suspirou, deu alguns passos até chegar ao telefone e o pegou das mãos do dono da casa, que se afastou para aguardar que ela fizesse a ligação.

O barulho da chuva ao lado de fora pareceu aumentar ainda mais, ricocheteando as gotículas de água nas janelas e no telhado da casa com tanta força que pareciam se transformar em pedras de gelo antes de tocarem a superfície.

Frederick permaneceu no local e deu apenas alguns passos silenciosos, se afastou de e se aproximou de William, que, ao se sentir incomodado com o ato, fez uma careta e tentou não retribuir os olhares do outro quando ele os sentia sobre si.

— O quê? Mas o senhor não entende, nós… E quanto precisamos pagar para conseguir adiantar esse serviço? — Ela parecia ficar cada vez mais agoniada, e lançava alguns olhares nervosos na direção de Frederick, o que fez com que William franzisse o cenho ao tentar decifrar o que estava acontecendo. — Tudo bem então, obrigada. — Ela voltou a colocar o telefone no gancho e passou a língua pelos lábios, os apertando com seus dentes antes de levar suas mãos aos cabelos e desviar o olhar do dono da casa. — Temos um problema, William. — Voltou-se para o irmão, uma careta formada em seu rosto.

— Como assim? O que foi, ? — Ele se aproximou da irmã e tocou um de seus braços, a olhando com genuína preocupação.

— O mecânico mais perto fica a 8 quilômetros daqui, e com essa tempestade ele não vai arriscar ir buscar nosso carro. Teremos que esperar até a chuva passar. — Lançou outro olhar de relance a Frederick, que então entendeu tudo. Se ele tinha alguma esperança em finalizar seu chá, isso agora era apenas uma doce lembrança. — E agora, irmão? O que iremos fazer? Ele não vai nos deixar ficar aqui e… — Diminuiu o tom de voz.

— Daremos um jeito, — ele a cortou, porque não queria ouvir a irmã se humilhar novamente e pedir desta vez por um abrigo. — Agradecemos sua ajuda, senhor Frederick.

Era estranho para ele chamá-lo daquela forma, porque o homem honestamente não parecia muitos anos mais velho que os dois. William acenou com a cabeça na direção do outro, então puxou a irmã sutilmente em direção à saída da casa. lançou um sorriso fraco para Winstead, que bufou segundos depois, quando os dois jovens alcançavam a soleira da porta.

— Esperem. — Não demorou a se aproximar, a passos largos. — Creio que há um quarto disponível para que passem a noite… uma noite! — frisou, ao ver um sorriso largo tomar as feições da moça, que praticamente se jogou em seus braços ao ouvir aquilo.

— Muito, muito obrigada! Você salvou nossas vidas, senhor Winstead! Que Deus lhe abençoe! — William precisou segurá-la para que não segurasse em suas mãos e as beijasse como se fossem as de um padre.

— Obrigado, senhor. — O rapaz fez um esforço para também dizer, por mais desconfortável que aquela situação lhe deixasse.

— Muito bem. Vou levá-los até um dos quartos. Ali, encontrarão tudo o que precisam, e acredito que também posso lhes arrumar roupas secas. — Indicou os trajes encharcados que os irmãos vestiam. — Estão com fome? — A resposta era bem óbvia, e Frederick até se questionou se não estava exagerando na hospitalidade, mas aquilo não importava.

— Estamos famintos — deixou escapar, e recebeu um olhar feio de seu irmão, o ignorando.

— Certo. Venham comigo — Frederick chamou, e seguiu em direção às escadas na extremidade da sala.

Eles seguiram por um corredor comprido e passaram por mais portas do que haviam imaginado. Por que viver sozinho em um lugar tão grande? Voltaram a se questionar, mas dessa vez permaneceram em silêncio, com receio de irritar Frederick e perder o abrigo.

Quando chegaram ao quarto de hóspedes, o anfitrião lhes entregou tudo o que precisavam para tomar um banho quente, e, após se certificar de que não precisavam de nada, pediu que descessem quando estivessem prontos, pois ele arrumaria algo para comerem.

Alguns bons minutos haviam se passado. Frederick havia preparado um caldeirão de sopa relaxante, e a mesa estava posta quando e William adentraram a cozinha com uma expressão perdida e curiosa. A moça bateu palminhas em aprovação e praticamente se jogou sobre a cadeira, olhando ansiosa para seu prato.

— Como o senhor adivinhou que eu amo sopa? — comentou, com uma expressão adorável, e Frederick abriu um sorriso de lado, desviando o olhar para William quando este se sentou no lugar oposto ao de .

— Digamos que tenho uma boa intuição. — Winstead pegou o prato da garota e a serviu com conchas generosas de sopa. Fazia o mesmo com o prato de William, quando, mais uma vez, ouviu a pergunta curiosa da jovem.

— Como pode viver sozinho em uma casa como essa? Onde estão seus filhos? Esposa? — Ele riu baixinho da insistência dela, e sua expressão então mudou para uma séria quando ele lhe respondeu.

— Não tenho filhos. Minha esposa faleceu há algumas semanas. — Então um estrondo fez William se assustar quando deixou cair a colher em cima do prato e espalhou sopa pela camiseta branca que vestia. Agora fazia sentido ele ter roupas femininas para lhe emprestar. Isso queria dizer que eram da…

— Eu sinto muito, senhor — William soltou, antes que sua irmã pudesse dizer alguma besteira.

— Não precisam me chamar de senhor o tempo inteiro. Creio que sou apenas alguns anos mais velho que vocês. — Embora sua expressão ainda estivesse travada pelo assunto, seu tom era mais ameno.

— Sinto muito, Frederick. Não nos conhecemos, mas se tiver algo que possamos fazer… — O rapaz sentiu compaixão pelo homem, entendendo agora por que ele havia agido de maneira tão arisca ao recebê-los em sua casa.

— Vocês podem comer essa sopa de uma vez. Deu trabalho, porque fazia eras que eu não cozinhava. — soltou uma risada escandalosa e levou uma colherada à boca, que foi seguida de outra, e mais outra. Ela não fazia ideia do quanto estava faminta até sentir algo de fato tocar seu estômago. Nos primeiros segundos, ficou até enjoada, mas logo depois não conseguia mais parar, porque seu organismo implorava por mais.

— Isso está ótimo! O que tem aqui? — ela soltou após engolir um bocado de sopa, e voltou a enfiar mais uma colherada na boca.

Frederick sorriu de canto em agradecimento, porém notou que William não havia tocado em seu prato, apenas observava a irmã com uma reprovação estampada em suas feições.

— Não se preocupe, não estou julgando vocês — expressou em voz alta os pensamentos do rapaz, assentindo com uma expressão cordial. — Vá em frente.

William então suspirou e se rendeu. Levou um pouco de sopa aos lábios, e arregalou seus olhos em genuína surpresa ao sentir o sabor. Realmente, era deliciosa, tinha algo a mais, algo que não sabia explicar, mas atiçou ainda mais sua fome.

Enquanto comia, com aquela necessidade urgente de limpar o prato e quem sabe pegar mais um pouco, o rapaz se perguntava se, de fato, Frederick cozinhava muito bem, ou se na verdade era a fome que fazia tudo parecer melhor do que realmente era.

De qualquer forma, a sensação de estar cada vez mais alimentado era maravilhosa. William sentia cada poro de seu corpo se esquentar e o deixar com um excelente humor. Aquele calor delicioso então lhe abraçava, como se ele fosse um bebê, e o embalava de forma tão relaxante que seus olhos pesaram.

Estava tudo tão sereno, tão tranquilo. E quando ele ouviu o pequeno estrondo vindo da direção de sua irmã, percebeu que, por mais que lutasse, não conseguiria manter seus olhos abertos.

Mas qual seria o problema em se render? Uma pequena soneca não faria mal a ninguém, faria?

☕️

Quando voltou a abrir os olhos, William se deparou com a figura de Frederick Winstead sentado à sua frente, bebericando de uma xícara de chá, enquanto seus olhos estavam fixos nele, agora deitado sobre algo macio.

Seu primeiro instinto foi se mover e se levantar, para que pudesse entender o que estava acontecendo ali e onde estava sua irmã, mas, quando tentou fazer isso, uma dor lancinante irradiou de seus dois pulsos.

Virou seu rosto para o lado direito e soltou uma exclamação de surpresa ao perceber o que estava acontecendo. Seus braços estavam abertos, um de cada lado de se corpo, e seus pulsos estavam cortados, enquanto seu sangue escorria e pingava no que pareciam ser duas tigelas abaixo deles.

— Que… Que merda é essa? — Sua voz soou quase sussurrada. Ele não sabia por quanto tempo havia ficado daquela maneira, mas a fraqueza era tanta que o sono voltou a tentar dominá-lo.

William sabia que se apagasse dessa vez, não voltaria a acordar.

! Onde está minha irmã? — Se esforçou, e a irritação tomou conta de si quando Frederick deu mais um longo gole em seu chá, como se não ouvisse uma palavra sequer que saía dos lábios de William. — Porra! Responde, seu filho da puta!

Então finalmente conseguiu arrancar algo dos lábios de Winstead. Uma risada sádica, que transformou a expressão antes pacífica do homem em uma completamente sádica.

está nos aguardando para o chá. A encontraremos assim que você estiver pronto. — Então largou sua xícara e se levantou, para pegar um segundo conjunto ao lado do bule. — Diga-me, William, como gosta de seu chá? Com açúcar? Leite? — Olhou rapidamente para o rapaz, esperando por uma resposta.

William voltou a se contorcer e soltou exclamações que se transformaram em grunhidos quando a dor em seus pulsos continuou a aumentar.

— Que tipo de doente você é? Vá para o inferno! — retrucou, mal-educado, e viu Frederick apenas sorrir, assentir e pegar uma pequena colher para mexer o chá após colocar alguns cubos de açúcar, como se aquela fosse a resposta do rapaz.

— Açúcar então. — Terminou de mexer e deixou a colher de lado, se aproximou do rapaz e levou a xícara até seus lábios. — Beba isso, vai fazer você se sentir melhor. — Um olhar rápido para o conteúdo da xícara fez William se sacudir mais ainda, levar sua cabeça para frente e tentar acertar Winstead de alguma forma.

— Se afaste de mim! ! — soltou o nome da irmã e tentou ouvir alguma resposta da parte dela, então sentiu sua bochecha arder e seu rosto ser lançado para o lado.

Frederick havia o acertado com um tapa.

— Eu disse beba isso! — frisou, em tom frio e irritado, então forçou o líquido na boca de William.

Uma sensação de choque e pavor tomou conta de si, porque, embora a ânsia estivesse presente quando engoliu o conteúdo da xícara, o sabor que o fez devorar a sopa com tamanha vontade estava ali.

Quis vomitar, gritar e chorar ao mesmo tempo. Por que o sabor não lhe parecia ruim?

A coloração do chá era evidente e, ao parar para se dar conta, percebeu que a sopa também tinha a mesma cor.

A bile subiu pela garganta e ele sentiu uma vontade imensa de cuspir. Não importava quantas vezes ele tentasse, nunca mais esqueceria daquela experiência.

Frederick havia o obrigado a ingerir sangue.

E não somente ele, mas sua irmã também.

! — chamou pela irmã, ainda mais desesperado. — Por que está fazendo isso? — Chorou ao encarar o homem.

— Porque é divertido. — Frederick voltou a beber de sua xícara, terminou seu conteúdo e se voltou para pegar uma enorme faca de cozinha.

— Não, cara. Não faça isso! Se me deixar sair, não conto pra ninguém. — A voz de William era urgente, e Winstead se aproximou devagar, tomou um de seus pulsos e o cortou novamente, de forma que ficasse mais fundo e que mais sangue escorresse.

— Não é nada pessoal, William. Você e sua irmã parecem ser boas pessoas… O sangue de vocês é tão doce. — Sorriu diabolicamente, e a lâmina passou pela bochecha do jovem.

Frederick continuou trilhando o caminho, como se o fizesse em movimentos ensaiados, e, então, num movimento rápido, decepou um dos dedos de William.

Os gritos ecoaram por toda a casa, mas ninguém viria ao socorro daqueles dois irmãos. A casa, além de isolada, tinha seus sons abafados pelo barulho da chuva, que continuava derrubando o céu como se não houvesse amanhã.

Frederick passou a língua pela faca, lambeu o sangue de William e pegou a tigela para beber alguns goles, lambuzou seus lábios e riu quando notou os olhos arregalados em sua direção.

— Por favor. — Era um sussurro fraco e dolorido.

— É só um pouco de chá. — Winstead fez pouco caso e voltou a colocar a tigela no chão.

Dessa vez, William estava previamente preparado, mas aquilo não tornou tudo menos doloroso. A cada dedo que Frederick decepava, o ritual se repetia. Ele se fartava do sangue e voltava a mutilar sua vítima, rindo cada vez mais ao ouvir as lamúrias de agonia que escapavam de seus lábios.

O Estripador garantiu que cada parte do corpo fosse devidamente arrancada de seu devido lugar, enquanto o sangue o deixava cada vez mais cheio de vida.

Não havia nada mais sublime do que aquilo.

William se perdeu em meio à dor e foi levado pela agonia. Sua essência foi consumida, parte por parte, pelo sedento Frederick Winstead, que ao se saciar com a vida de William Callmon, voltou a encaixar cada peça em seu devido lugar, remontando a vítima em seu sofá, com a bela xícara de chá disposta na mesa de centro, ao lado do corpo também montado de Callmon.

Durante semanas, Frederick Winstead desfrutou do chá com seus novos amigos, da mesma maneira que havia feito com sua jovem esposa, e aguardou ansiosamente pelas novas companhias que lhe pediriam abrigo durante as chuvas.


FIM.


Nota da autora: Aposto que te fiz ver o Stefan Salvatore um pouquinho diferente, né? hehehehe.
Juntei ele com um pouquinho do meu conhecimento sobre serial killers vampiros e nasceu The Ripper.
Espero que gostem e comentem muito!
Happy Halloween!
Ste a.k.a. Saturno. ♥


Nota da bethinha 🧚‍♂️: SEJA BEM-VINDO DE VOLTA STEFAN SALVATORE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não preciso nem dizer que eu sou apaixonada pela escrita da Ste, né? Essa gata não decepciona quando o assunto é criar uma narrativa. AMO sua escrita, Ste, e revisá-la é a coisa mais gostosa e satisfatória do mundo. Mesmo não sendo muito fã de histórias com gore, devorei The Ripper, e confesso que adorei. A escrita flui e te prende tanto que não precisei nem me esforçar para lê-la. O William é um personagem muito interessante, gostei da maneira como ele foi narrado. E adorei a Alanis, que amor! Muito fofinho os gêmeos, pena que morreram (lol)
Se você leu e gostou, deixe um comentário pra Ste, hein? Estamos de olho, rum
Happy Halloween!
Beijos!
Att, Mia 🧚‍♂️



Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.



Barra de Progresso de Leitura
0%