Revisada por: Lightyear 💫
Finalizada em: 12/06/2025— Ah, pobre Jace… — suspirou ela, enquanto bordava sem parar.
Olhou para a figura que se formava dos movimentos ágeis de sua mão. Apesar do grande uso da linha vermelha, não era nada Targaryen que ela fazia, e sim algo nortenho. Nunca gostou da ideia daquele casamento, nunca quis partir para o Norte. No início da guerra entre Verdes e Negros, nunca desejou viver ali. E foi assim que a maior ironia de sua vida se construiu. A mãe havia morrido, assim como seus irmãozinhos Velaryon. A maldita guerra havia tirado tudo dela. De sua família, restava o pequeno Aegon — agora rei Aegon III — e o fofo Viserys, que agora já não era um bebê de colo — como na última vez que o vira —, mas que, felizmente, estava vivo e bem. Ainda assim, estavam em Porto Real, e ela, no longínquo Norte.
Tudo o que tinha agora era Winterfell, seus deuses estranhos e o senhor, seu marido. Mas Cregan e ela não sabiam muito bem como lidar um com o outro. Eram opostos em muitas coisas. A comunicação entre os dois costumava ser complicada. Por isso, todo o contato conjugal que tiveram fora a consumação do casamento. Depois, ou ele estava ocupado com políticas — as do reino, na época da guerra dos Targaryen, ou as locais — ou estavam mantendo sua comunicação habitual, que nunca ia muito longe. No entanto, não podia reclamar. A vida ali era boa. Fria, mas boa. E, ao menos, seus vestidos eram quentes.
O som da porta a trouxe de volta de seus sonhos sobre tudo o que perdeu e o pouco que agora possuía. Sua criada chamava aquilo de “devaneios da costura da senhora ”, já que sempre os tinha quando estava bordando. E bordava muito.
— Minha senhora — Cregan Stark cumprimentou-a respeitosamente; sempre a tratara com o devido respeito. Para os outros, ela era “minha princesa” ou “Lady Stark”; para Cregan, sempre “minha senhora”. Mais íntimo, mesmo com a distância entre eles.
ergueu o olhar de seu trabalho para o homem que fechava a porta, suas sobrancelhas erguidas. Ainda era dia; vê-lo ali tão cedo era uma surpresa. Inclinou levemente a cabeça em uma saudação carregada de um respeito que, a cada dia mais, acreditava que ele merecia.
— Meu senhor — cumprimentou de volta.
Cregan não respondeu de ímpeto, mas já estava acostumada com as breves ou longas pausas que seu marido costumava fazer. Seus olhos cinza-escuros recaíram sobre ela.
— Por favor, , não precisa curvar a cabeça para mim — falou baixinho. — Você é minha esposa. Tal formalidade não é necessária, muito menos dentro de nossos aposentos.
— Minhas desculpas, então, meu senhor. — Ela quase sorriu, pensando em como passara a gostar de verdade de ouvir aquele sotaque nortenho. — As coisas aqui no Norte são diferentes, e sou uma dama do Sul, afinal de contas. — Um vislumbre do calor de Pedra do Dragão brilhou em sua mente, mas um segundo bastou para se apagar. Cada vez pensava menos no que havia deixado para trás. — Eu gosto da paz daqui, confesso, mas é frio. — Esfregou o braço, como que para enfatizar. — E, mesmo não sendo uma cavaleira de dragão e carregando o nome do meu pai, ainda sou uma Targaryen, com fogo correndo em meu sangue.
— A paz é um luxo raro para a maioria de nós — comentou de modo solene, sem o menor traço de humor, porém aproximou-se até parar na frente de . — Vai se acostumar com o frio. Eu lhe manterei aquecida.
— Eu agradeço, de verdade, mas não precisa se preocupar com isso, meu senhor. — Ergueu a cabeça para olhá-lo. — As palavras da casa de meu pai são “O Antigo, o Verdadeiro, O Valente”, mas as de minha mãe são “Fogo e Sangue”.
Ele riu baixinho, um suspiro de diversão em seu rosto soturno, e o risinho se transformou em um pequeno sorriso.
— Fogo e Sangue… Você tem bastante fogo, sim. — Seu olhar percorreu o rosto dela, lá embaixo, sentada em sua confortável poltrona, com um belo sorriso dançando em seus lábios. — E, ainda assim… você ainda treme às vezes.
— Como você costuma dizer: “O Inverno Está Chegando”. É impossível não tremer. — Abaixou a cabeça ao sentir as bochechas esquentarem. — Dizem que gelo e fogo não combinam, mas eu acho um arranjo bonito.
olhava para outro canto qualquer dos aposentos, mas Cregan lançava-lhe um olhar minucioso. Para ele, era óbvio que ela se referia aos dois. Ele mesmo sempre fora cético em relação àquela união. Após passar mais de um ano ao lado de Velaryon, porém, passou a apreciar sua companhia. Ela era doce, gentil e muito bonita. Seu jeito de ser, de algum modo, o conquistou.
— Fogo e gelo, sim. — Levou a mão até o rosto dela, segurou seu queixo e inclinou sua cabeça de maneira delicada para que voltasse a olhar para ele. — Eu também acho um arranjo muito bonito.
Ela fechou os olhos em resposta ao toque delicado e deixou um suspiro escapar de seus lábios entreabertos. Até agora, não sabia o quanto tinha sentido falta disso, do toque. Após a noite de núpcias, os dois tinham vivido uma vida normal. Pequenas conversas aqui e ali. Jantar juntos. Dormir na mesma cama. Nada de sexo. Nada de relacionamento romântico. Nada de beijos. Apenas sendo o Lorde e a Lady Stark quando precisavam ser.
— Estava bordando a árvore-coração — mostrou-lhe seu trabalho. — Achei que você gostaria.
Desviou os olhos dos dela para dar atenção ao pedaço de tecido em seu colo. A figura ainda estava pela metade, mas já tomava forma. Eles haviam se casado em frente ao represeiro, no coração do Bosque Sagrado de Winterfell, diante dos deuses antigos, os deuses de Cregan e dos Stark… Talvez agora fossem os deuses dela também. Os Sete jamais haviam respondido suas preces, de qualquer modo — a morte de quase todos de sua família provava isso.
— Está se saindo maravilhosamente bem — disse ele. — Você é muito talentosa.
— Eu sou. — Empertigou-se, orgulhosa do trabalho ainda não concluído. — Escuta… Não sei por que veio aos nossos aposentos tão cedo, se foi só para cumprir algum dever de marido ou algo do tipo, mas… — levantou-se e olhou para ele. Tinha de arriscar. Cregan, os Stark, o Norte; era tudo o que lhe havia restado. — Você, por acaso, teria algum tempo livre agora, antes do crepúsculo cair?
Cregan, de fato, não sabia por que tinha vindo. Ia dizer alguma coisa trivial a ela, com certeza, mas fora pego desprevenido por … Pelo modo como a vira enxugar uma solitária lágrima assim que ele adentrou os aposentos — provavelmente pensando nos entes queridos que perdera na tola guerra que, felizmente, havia acabado. E então o modo como reagia à presença dele, como respondia a ele, ao seu toque…
— Sim, tenho um tempinho. — Limpou a garganta. — Por quê?
— Gostaria de me acompanhar até o Bosque Sagrado, meu senhor? — convidou-o. — Sei que gosta muito do lugar, e mesmo que ainda seja um pouco estranho para mim, olhar para a árvore-coração pode ajudar no meu bordado.
Cregan refletiu. Ela queria sua companhia; ela e suas palavras apressadas de sempre. era rápida, ele, devagar. Ela era enérgica, e ele era mais quieto. Ela também costumava ser bastante impulsiva. Mas isso não era necessariamente ruim. não era o tipo de mulher tímida, quieta e dócil como a maioria. Às vezes ele se perguntava se eram mesmo opostos ou apenas complementares.
— Se você acha que isso pode ajudá-la, então que assim seja. — Segurou a mão macia de e entrelaçou seus dedos calejados nos dela.
— Ótimo! Leve-me lá. — sorriu em resposta; adorava a prontidão do marido para com ela. Além do mais, se seus momentos de marido e mulher eram sempre breves, ela estava decidida a tornar este mais interessante. — Gostaria de saber mais sobre você e suas crenças, meu senhor. Se importaria em me contar?
— É só perguntar, minha senhora. — Com um suave aperto de suas mãos, ele a conduziu para fora de seus aposentos em direção a um dos muitos salões longos, escuros, sombrios e com correntes de ar de Winterfell. — Pergunte o que quiser, e farei o meu melhor para responder.
— Seus deuses não julgam tanto quanto os meus, certo? Os Sete são todos sobre culpa e punição — falou sem parar. — Uma garota não pode sair do caminho nem um pouquinho e já é como se fosse acabar no mais fundo dos sete infernos.
Cregan não pôde evitar um suspiro de divertimento.
— Sim, os deuses antigos não julgam tanto quanto os Sete — disse ele. — Eles não se importam se você não diz as palavras certas ao rezar, nem se não jejua e nem se comete um pecado contra o seu rei e senhor.
Ao saírem para os pátios, o ar frio do Norte a fez estremecer, bem como Cregan disse mais cedo. O calor dele ao seu lado manteve os estremecimentos sob controle, ao menos por enquanto.
— Graças aos deuses! Aos antigos, no caso. Nunca gostei desse negócio de jejum antes da oração e todas essas coisas — retorceu os lábios. — Suponho, então, que a justiça contra esses pecados venha dos homens.
— Sim, essa justiça parte de nós. Embora… — Ele parou, um murmúrio baixo e contemplativo escapou de seus lábios. — Quando um nortenho faz mal a outro, não recorremos ao rei em busca de justiça. Os deuses nos deram outro meio: os resolvemos entre nós. E os vassalos costumam recorrer a mim para mediar os conflitos deles.
— Em parte, é como se eu estivesse vivendo em outro mundo — admitiu , mas seu tom não era triste, era apenas… normal.
Cregan riu outra vez. Estar perto dela e de seus comentários tinha esse efeito nele. Apertou mais a mão da senhora, sua esposa, e puxou-a mais para perto. Com os braços e ombros colados, seguiram caminho. O movimento era demasiadamente ousado quando comparado às breves e raras interações físicas.
— Não é um mundo tão diferente assim — murmurou Cregan. — Ainda temos conflitos, brigas e políticas que parecem não fazer sentido. Só temos maneiras diferentes de fazer as coisas.
— Eu posso me acostumar com esse mundo e suas “maneiras diferentes de fazer as coisas” — declarou. — Às vezes, encaro isso como uma aventura de um livro antigo.
— É mesmo? — perguntou. — Um livro antigo de onde? Algo do tomo Targaryen?
— Por que não da biblioteca de Winterfell, meu bom marido gelado? — Ela arqueou as sobrancelhas. — Pensa que não gosto de vocês e suas coisas nortenhas?
— Isso não foi bem uma resposta, minha senhora. — Um meio sorriso brincou em seus lábios. Ao entrarem no Bosque Sagrado, Cregan diminuiu o passo até parar. Seus olhos pousaram sobre o rosto da garota. — Como você passou a gostar do Norte?
— Bem, não é como se eu amasse este lugar. É que… eu não sei, na verdade. É o meu lar agora — reconheceu. — Fui enviada para cá, para os braços de um marido que nunca tinha visto antes, um nortenho alto e robusto. E me casei bem aqui, neste Bosque Sagrado, seguindo uma religião sobre a qual não sabia quase nada. Fui para a cama dele na nossa noite de núpcias. E então vivi aqui por todo esse tempo. Tive que me acostumar com algumas coisas, é claro, mas as outras… — Olhou ao redor e então para os olhos cinzentos dele. — As outras despertam curiosidade em mim.
Cregan não conseguia tirar os olhos dela. O modo como cada pequena mudança em sua expressão se dava quando comentava as coisas… A maneira como as palavras e a voz melódica e expressiva o contagiava. Ele ficou surpreso como aquela grande diferença entre eles não o incomodava mais. Mas havia algo… algo no jeito como ela mencionara a primeira noite deles…
— O que foi? — perguntou ao notar o cenho franzido dele.
— Você… Você disse que veio para a minha cama na nossa noite de núpcias. Uma escolha de palavras curiosa — comentou devagar, tentando fazer sentido para ela. — Por que disse isso assim em vez de dizer que fomos para a nossa cama?
— Porque não éramos próximos, acho — disse lentamente e envolveu ambas as mãos dele. — Era tudo dever, não era? Eu simplesmente fui lá, nós fizemos o que tínhamos de fazer, e depois eu fui embora. — Ela franziu o cenho. — Quer dizer, não que eu tenha literalmente ido embora, porque eu dormi lá, durmo lá até hoje. Bem, isso não vem ao caso.
Cregan permaneceu em silêncio durante a verborragia dela. Aquelas palavras não estavam exatamente erradas, mas algo o incomodava. Ele deu um leve e gentil aperto nas mãos de .
— Foi só isso para você? — perguntou. — Dever?
— Não. Se quer mesmo saber, foi melhor do que eu esperava que fosse a minha primeira noite com um homem. — Ela soltou um longo suspiro. — Você foi gentil comigo o tempo todo.
Até percebeu o quanto a expressão de Cregan se suavizou ao ouvir aquilo. O homem não pôde evitar as lembranças daquela longínqua noite. O corpo dela sob o dele, o atrito de sua pele macia, seus suspiros e arquejos. Cregan ergueu uma das mãos e abarcou o rosto de sua bela esposa, o polegar deslizando em um carinho terno. Percebeu que gostava de Velaryon mesmo quando ainda acreditava que apenas cumpria o seu dever de marido.
— Foi apenas dever para você, meu querido marido? — devolveu-lhe o questionamento.
Ela sempre soube que Cregan gostava da ideia desse arranjo tanto quanto ela. Era estranho para os dois, por isso não o julgava pelo habitual afastamento… Por isso, e porque era o que funcionava relativamente bem para os dois na maior parte do tempo. Cregan hesitou para responder pelo mesmo motivo. Nunca havia parado, de fato, para pensar sobre isso. Mas naquele momento, tudo o que o assunto despertava nele era um borrão de sensações calorosas a respeito dela.
— Não — respondeu, por fim. — Não, não era só dever.
— Que bom. — O canto da boca dela curvou-se levemente para cima quando um pequeno e aliviado suspiro escapou por entre seus lábios. — Então espero que este casamento possa se aquecer um pouco mais.
Ela tornou a andar em direção ao lago e à árvore-coração, que repousava ao seu lado. Cregan a seguiu através de sentinelas, carvalhos e paus-ferro. Seus passos ecoavam nas folhas caídas pelo chão. O Bosque Sagrado de Winterfell tomava vida ao seu redor e parecia abraçá-los, como se aquela fosse a casa deles, seu lar, um lugar seguro — ainda que fosse um tanto sombrio e fizesse estremecer vez ou outra. A garota, porém, estava determinada a mergulhar de cabeça no mundo de seu marido. Era o mundo dela agora, afinal de contas. Era tudo o que tinha.
— É tão lindo e assustador ao mesmo tempo. — Ela quase riu ao tatear com a mão sobre o antigo rosto que os Filhos da Floresta haviam esculpido eras atrás. A seiva, tão vermelha quanto suas folhas, começava a acumular-se outra vez nos sábios olhos da árvore-coração. — Lembra-se de como ela parecia chorar sangue no dia em que nos casamos? Pensei que pudesse ser um mau presságio, mas nosso casamento nunca foi ruim.
— Não? — indagou, sem tirar os olhos do rosto no represeiro. — Você não foi infeliz nenhuma vez em todo esse tempo?
— Bem, fui. — Ela olhou para o chão, onde as raízes se cravavam naquela terra mais antiga do que sequer podia imaginar. Era isso o que a deixara infeliz; acreditar ter perdido suas raízes ao se mudar para tão longe e, depois, ter visto o Estranho reivindicar quase toda a sua família naquela guerra sem sentido. No entanto, suas raízes ainda eram suas para fazer o que desejasse, só precisava fincá-las em outro lugar… aqui. — Minhas infelicidades não foram por sua causa, meu senhor marido. Como eu disse: foi gentil comigo o tempo todo. Não apenas naquela noite, mas em todo o resto.
— Alivia-me saber que não fui o causador de seus momentos ruins, minha senhora esposa — falou devagar. — Ainda assim, nosso casamento tem sido… frio.
— Sim, isso é inegável. E talvez as lágrimas de sangue representassem justamente o que nos faltou em todo esse tempo, tanto que agora se foram, o que pode ser um bom presságio do que nos aguarda. — Tocou a escassa seiva nos olhos do represeiro. — Mas o fato de não termos tido um relacionamento carnal após a noite de núpcias não significa que nossa relação conjugal tenha sido ruim… Não foi. — Ela olhou bem para a árvore-coração e respirou fundo. — Deuses, isso me dá arrepios na espinha.
— É uma sensação intimidadora, não é? — Cregan observava o modo como as mãos de deslizavam sobre a casca branca como osso da antiga árvore, de maneira tão delicada e reverente que aquecia o coração dele. Desviou o olhar da face pálida e solene do represeiro e repousou-o sobre a dela. — O modo como te observa o tempo todo.
— Exatamente! Eu sinto um tipo de assombro dentro de mim. — Estremeceu de novo e tirou a mão do represeiro. — Mas é uma sensação ardente que me faz querer conectar-me a ela e ao momento.
Cregan riu baixinho do claro tremor de sua esposa. Aproximou-se e puxou-a contra si em um abraço por trás, acalentando-a em seus braços enquanto ambos ainda observavam a árvore-coração.
— Tem esse efeito mesmo. — Repousou o queixo sobre o topo da cabeça dela. — Você não é a única a sentir essa conexão ardente.
— Faz parecer que tudo o que acontece sob os olhos vigilantes da árvore-coração é eterno, registrado para sempre nos livros dos deuses ou algo do tipo — murmurou ela, pensativa até demais. — Como o nosso casamento.
— Sim. — A mão de Cregan subiu por seu tronco para acariciar delicadamente a pele exposta acima da gola do vestido. — Dizem que tudo é registrado pelos deuses antigos.
— Tudo, em todo lugar? — perguntou, seus olhos postos no rosto do represeiro enquanto se mantinha a salvo nos braços de Cregan Stark. — Ou tudo o que acontece sob a árvore-coração?
— Tudo o que esses olhos veem. — Ele ficou em silêncio por um momento, as palmas das mãos deslizando devagar pelo corpo dela, como se estivesse tentando acalmá-la… ou talvez estivesse se acalmando. — A maior parte das coisas, eu diria, ao menos aqui no Norte.
Quando os ândalos atravessaram o Mar Estreito e guerrearam com os Primeiros Homens, tinham cortado tantos represeiros quanto fosse possível. Era por isso que os deuses antigos não pertenciam mais ao Sul.
— Mas não a nossa noite de núpcias, porque isso costumamos fazer na privacidade de nossos aposentos, e lá não há árvores-coração. — fechou os olhos, permitindo-se derreter aos poucos sob o toque gentil de seu marido. — Mas estamos aqui agora, na frente deles…
Cregan riu baixinho, quase malicioso.
— Estamos aqui agora — repetiu ele. Sua mão escorregou lentamente pela lateral do corpo dela, puxando a saia do vestido para cima e mais para cima, até que sua mão pudesse deslizar por baixo dela e tocar a pele de sua esposa. Sua palma subiu sem nenhuma pressa pela pele da garota.
— Cregan… — sussurrou como se fosse um alerta, mas o suspiro que escapou de seus lábios a denunciou.
— Shhh… — Deslizou seus dedos corpo acima, o vestido e seus laços apertando a mão dele contra o corpo dela. — Só tem a gente aqui.
— E os deuses antigos — comentou.
— Precisamente, minha senhora — murmurou, a respiração quente contra o pescoço dela. Escorregou suas carícias para baixo até retirar a mão da pele nua sob o vestido e envolver a mão de . — Eu, você, os deuses… São os únicos que importam para mim.
Moveu o corpo um pouco, forçando-a a ficar ainda mais próxima dele. Ela respondeu pressionando os quadris contra os dele e levando a mão aos seus cabelos, puxando seu rosto para mais perto. Em um movimento rápido, quase desesperado, levou a mão que jazia entrelaçada na sua até o seu peito.
— Eu quero você, Cregan da Casa Stark — confidenciou. — Sem obrigação, sem dever. Apenas desejo ou… ou… outra coisa.
— Outra coisa…? — repetiu, os lábios esbarrando no pescoço dela. Acariciou levemente seu seio, em silêncio, pensativo. Queria que ela falasse. — Fale.
— Amor, talvez? — resmungou baixinho. — Eu não sei. Nunca senti isso antes, meu senhor.
— Amor… — Cregan deslizou demoradamente os lábios pelo seu pescoço. — Você sabia… Sabia que os homens do Norte têm um ditado quando se trata das esposas que eles amam?
— Sério? — questionou, interessada. — E o que é?
— Dizem que dariam todo o ouro de Rochedo Casterly, a generosidade de Jardim de Cima e as colheitas de Correrrio… — hesitou, misterioso. — Tudo por um único sorriso dos lábios de sua senhora.
— Você acabou de inventar isso — acusou-o, sorrindo. — Ainda assim, eu amei.
Cregan sorriu também. Seu peito apertou ao ver o sorriso nos lábios dela, seu coração bateu mais rápido. Era a reação automática de seu corpo por saber que fora ele quem a fizera sorrir daquele jeito. Moveu os lábios, então, para depositar beijos leves como plumas em sua pele aquecida.
— Você está corando — provocou-a com suas palavras e o modo como beliscava seu mamilo de maneira delicada através do tecido grosso do vestido.
— É o que você faz comigo, meu senhor. — mordeu o lábio para esconder um sorriso envergonhado. — Quer saber o que me fez gostar um pouco mais de você neste ano? Além, é claro, do jeito que está me tocando agora.
— Conte-me — murmurou. — Apesar do seu costume de falar demais, eu até que gosto de te ouvir.
— Foi quando você me deixou aqui e foi para o Sul lutar na guerra idiota da minha família. E então o modo como ajudou o meu irmãozinho Aegon, agora nosso rei. Eu agradeci aos deuses, aos antigos e aos novos, quando soube que executou os traidores. — Umedeceu os lábios. Além da excitação que o toque dele a proporcionava, estava um tanto melancólica. Não era fácil recordar todos que se foram. — Estou quase sozinha no mundo, Cregan. E eu amei tanto o fato de você ter ido lá e acabado com aqueles desgraçados.
Cregan não pôde deixar de notar o modo como o chamara pelo nome. Era algo que raramente fazia; na maior parte das vezes, preferia chamá-lo apenas de “marido” ou “meu senhor”. Ele gostou daquilo.
— Nunca estará sozinha, — lembrou-a. — Você ainda me tem.
— Tenho mesmo? — perguntou aos ventos, aos deuses que os observavam através dos olhos da árvore-coração e, por fim, ao senhor seu marido. — Conversamos tão pouco e mal nos tocamos desde a consumação.
Cregan suspirou, seu hálito quente contra a pele dela. Apertou-a com mais força contra si em um abraço. Uma de suas mãos acariciava-lhe o torso enquanto a outra afastava os cabelos do ombro dela para poder beijar sua pele macia.
— Você sabe por quê — disse, enfim.
— Sei? — Ela virou-se de frente para ele. — Por que não me diz?
— Eu não queria me precipitar em nada. Foi por isso — confessou, sem a olhar nos olhos, mas uma de suas mãos seguia firme nas costas dela. — Eu sei que é nossa obrigação, mas…
Levou sua mão ao rosto dela e agarrou seu queixo para que inclinasse a cabeça. Seus olhos cinzentos fitaram-na, tentando expor a ela tudo o que as palavras batalhavam para conseguir dizer.
— Mas…? — incentivou-o, bem baixinho, com medo de estragar o momento enquanto seu coração perdia o ritmo das batidas.
— Mas… — prosseguiu, porém, foi pego pela tempestade de pensamentos fervilhantes dentro de sua mente, que borbulhava furiosamente por ela e apenas ela. — Como posso te tocar… se nem sei se você quer realmente que eu te toque?
— Isso é muito gentil da sua parte, mesmo. Mas, como você disse, é parte da nossa obrigação. Consumamos o casamento, e nenhum novo herdeiro veio disso. Sei que você estava lutando a guerra da minha família e tudo mais, e eu amo você pela sua dedicação ao dever. — Aproximou seu rosto do dele ainda mais. estava muito ciente de que não havia falado sobre querer ou não o seu toque. Ela tentava com afinco pensar em qualquer outra coisa. — É só que… as pessoas falam. E há outros deveres a cumprir.
As mãos dele continuavam a suave massagem em suas costas e nas laterais de seu corpo. Simplesmente não conseguia mantê-las paradas em um só lugar. Seu coração batia forte com a expectativa da proximidade… a expectativa do que ela não havia dito. Precisava que ela dissesse. Era a única coisa capaz de mudar tudo.
— E você? — indagou em um suspiro. — Quer que eu te toque?
— Se eu não quisesse, você saberia. Eu já teria pegado o punhal que me deu e te obrigado a ir embora — falou, desafiadora. — Mas eu não o peguei, peguei?
— Não, não pegou. — Ele riu baixinho. Gostava de vê-la assim, feroz. — Em vez disso, só esteve aqui, se derretendo sob meu toque. — Escorregou a mão pelas costas dela até a curva do quadril e apertou o local em uma clara provocação. — Você só esteve me deixando te tocar.
— É porque eu gosto da sensação. — Umedeceu os lábios e alternou o olhar entre a boca dele, tão próxima da sua, e os seus lindos olhos cinzentos que a faziam querer mergulhar e se perder neles. — Você vai me beijar ou me deixará esperando para sempre, Lorde Stark? Meu senhor.
Cregan observou cada movimento no rosto dela, cada pequena mudança na expressão e no olhar. Então, quase findou a distância entre seus rostos. Quase.
— Paciência, minha linda princesa — murmurou, os lábios esbarrando nos dela. — Eu mal cedi às exigências de outros Targaryen, o que te faz pensar que eu vou ceder às suas, hein?
— Vai ceder porque eu sou sua senhora. Eu sou sua, e você é meu — referiu-se aos votos do casamento. — Meu fogo está muito forte. Preciso de um pouco do seu gelo para apagá-lo, meu senhor.
— Ah, sim, é claro, minha senhora. — Observou-a como um lobo fazia com sua presa. Deslizou as costas dos dedos pela lateral do rosto dela, sua mente acelerada. — Nossos votos… nosso dever… nosso…
Não conseguiu terminar sua fala, acabando com a distância. Seus lábios chocaram-se contra os dela em um beijo possessivo e tão desesperado quanto um homem faminto experimentando comida pela primeira vez em muito tempo. E o beijo foi bom. Tão, tão bom. O primeiro desde a noite de núpcias. Mais ainda, o primeiro que não era apenas sobre deveres a cumprir.
— Dever… — Ela riu contra a boca dele. — É assim que chama essa conexão, Cregan?
— Não — respondeu, beijando-a várias e várias vezes, como se quisesse compensar o longo tempo sem o fazê-lo. — Eu não insultaria essa… essa conexão chamando-a de “dever”.
— Parece a mim que não chamaria isso de “conexão” também — notou. — Do que chamaria, Cregan?
— Não é só uma conexão. — Segurou-a firme contra si. — É amor.
— Amor…? Jamais pensei que seria amada em um casamento, já que tudo é sempre político — refletiu. — Amor…
Deixou a palavra pairar entre eles, testando o gosto dela em sua língua. Cregan, como que em resposta, aumentou as carícias em seu corpo, acalentando-a. Enquanto a respiração dele se tranquilizava um pouco, a dela ficava mais pesada. Ele levou os lábios à lateral do rosto dela e percorreu a pele suave com uma série de beijos reverentes.
— Você nunca pensou que seria amada? — perguntou.
— Não. Como mulher, tudo o que eu poderia esperar era um marido gentil, e isso eu encontrei em você desde o primeiro dia. Amor, por outro lado… — Mordeu o lábio, um tantinho nervosa. — Eu nunca me permiti ter essa esperança de amor.
— Jamais se permitiu esperar por isso? — investigou, um toque genuíno de tristeza em sua voz. Afagou os cabelos dela em um ato acalentador. — Achou que tudo o que tinha para você, Velaryon, era um marido gentil, mas sem nenhum amor?
— Exatamente. — Acenou com a cabeça, de olhos fechados para apreciar cada pequena sensação. — E agora estou me derretendo em suas mãos, ansiando por mais e mais de seu toque.
— Você quer o meu toque, é? — Ele riu, e o som foi maravilhoso aos ouvidos de . Cregan segurou o queixo dela e deslizou o polegar sobre o seu lábio inferior. — Quer que eu te toque, amor?
— Sim, meu amor — declarou. — Além do mais, o dever também chama… O Lorde e a Lady Stark têm um novo herdeiro a fazer.
— Ah, o dever, é claro… — Escorregou a mão até sua nuca em um carinho gostoso, os dedos enredando-se em seus cabelos. Pressionou a boca em seu pescoço, beijando, cuidando, reclamando-a para si. — Você quer que eu reivindique o meu dever, princesa?
— Sim, eu quero. Esse Bosque Sagrado é tão silencioso, não é? Poderíamos trazer um pouco de barulho para cá. — Ela levou as mãos aos cabelos dele. — Eu sou sua senhora, não sou? Então me mostre o quanto.
Seus beijos no pescoço dela ficaram mais e mais famintos, sedentos. Seus lábios, língua e dentes reivindicavam o local enquanto suas mãos apertavam e puxavam contra ele. Parou com os beijos e mordiscadas apenas para aproximar a boca de sua orelha.
— Peça de novo — sussurrou em seu ouvido.
— Faça-me sua, meu Lobo do Norte. — Afastou o corpo do dele apenas o suficiente para começar a desamarrar os cordões do vestido. — Meu marido… Meu amor.
Cregan foi à loucura. A necessidade dentro de si fervilhou mais e mais a cada palavra que ela dizia. Cada som alimentava-o mais e mais, atiçando o fogo escondido em seu interior. A voz de era o combustível que ele queria deixar queimar. Suas mãos agarraram os quadris dela com força, puxando-a de volta para si. Seus lábios voltaram à terra já reivindicada de seu pescoço em beijos ávidos e intensos. Ela riu, em deleite. Na urgência do momento, fez com que Cregan a ajudasse a se despir e então deu um passo atrás, esperando que ele se despisse.
— É isso que é o amor? — perguntou. — Esse sentimento…?
— Essa sensação? — Ele parou e respirou fundo. — Sim, essa sensação… essa desesperada, possessiva e carente… essa… sensação consumidora.v — Carente, sim. Que me faz ter necessidade de te tocar, de estar perto. — Ela ergueu a mão e tocou seu largo peito exposto. — Então quer dizer que você me ama?
Cregan envolveu o rosto dela em suas mãos em um toque terno e delicado, suas mãos grandes e fortes mantendo-a no lugar.
— Amo. Eu amo você, minha doce esposa. — Seu peito subia e descia em sincronia com o dela e, mesmo que ela estivesse despida, seus olhos só conseguiam fitar os dela. — Amo mais do que imaginava ser possível.
— Acho que eu também passei a te amar com o tempo, mesmo com os escassos toques — acrescentou. — Sou toda sua, Cregan. Agora me faça sua esposa, sem deveres e sacrifícios envolvidos, apenas amor. Faça-me sentir amada.
Ele agarrou o seu quadril e o trouxe ao encontro do dele, em uma resposta consumida pela emoção, pelo sentimento. Reivindicou, então, os lábios dela, como se fossem uma longínqua terra nunca antes explorada. Suas mãos percorriam seu corpo nu em um carinho provocante, sem nunca deixar de ser gentil. Aquela era a sua esposa, de fato. Seu amor. Ele precisava dela, e só agora percebia isso.
— Minha esposa. — Mordiscou-lhe o lábio inferior. — Meu amor.
— Você precisa terminar de se despir. — Seu sorriso genuíno misturou-se com uma pequena risada. — Eu quero sentir você, meu amor, por inteiro.
— Impaciente, minha senhora? — Ele sorriu e afastou-se um passo para continuar a se despir devagar, quase como se estivesse brincando com ela. Ainda assim, amou perceber que, mesmo quando o sorriso deixou os lábios dele, seus olhos cinza-escuros ainda sorriam para ela. Só para ela.
— Minhas desculpas. É o fogo Targaryen em mim. Deveria se acostumar com isso, sabia? Agora que estamos realmente nos tornando marido e mulher. — Piscou para ele e lhe estendeu a mão. — Venha, Cregan. Faça de mim sua esposa, para os deuses testemunharem.
Cregan não apenas aceitou a mão estendida, como a puxou, trazendo de encontro a ele.
— Se esse fogo se manifestou assim, então talvez eu deva garantir que ele queime, de fato. — Usou os pés para ajeitar as peças de roupas abandonadas no chão e deitou-a sobre elas, cobrindo-os com seu grande manto. — Para os deuses testemunharem.
— Precisamos mesmo de um pouco de fogo aqui — sussurrou em seu ouvido enquanto Cregan a acariciava com ternura. — O inverno está chegando.
Cregan soltou um rosnado baixo e a fitou com intensidade. O inverno já estava ali, eles sabiam, mas aquelas eram as palavras Stark, e ouvi-la dizê-las assim, como se fossem dela também… Aquilo significava o mundo para ele.
— O inverno está aqui. — Pressionou o corpo contra o dela em uma clara necessidade, seus lábios encontrando o ponto mais sensível do pescoço dela.
— E essa é mais uma razão pela qual devemos ficar juntos. — Impeliu os quadris contra os dele. — Juntos como um só.
— Como um. — Sua mão deslizou pelo corpo dela até a tocar entre suas coxas, e recebeu um arfado de prazer em resposta. — Nós somos um. Sempre.
Ele percebeu de imediato que ela já estava mais do que pronta para ele. Ainda assim, queria acariciá-la um pouco mais, mostrar o quanto se importava. Cregan deslizou suavemente os dedos pela maciez de sua pele, desejando encontrar cada pedacinho que a fazia se contorcer, gemer. A sensação de seu calor contra ele apenas fazia o desejo ardente inflamar-se em seu peito.
— Cregan… — suspirou seu nome e envolveu seu rosto entre as mãos. — O que você… está fazendo comigo?
O sorriso nos lábios de era tudo, e ele não pôde evitar sorrir também. Inclinou-se e aproximou o rosto do dela até que seus narizes se encostassem.
— O que parece que estou fazendo…?
— Parece que… — Ela arquejou, e então selou seus lábios por um breve e desesperado segundo. — Parece que está me amando.
A mão dele subiu pela extensão do corpo dela e pousou em seu queixo. E lá estava ele sorrindo outra vez enquanto acariciava a região de sua mandíbula. Seus olhos acinzentados a examinavam, afetuosos e apaixonados.
— Amando você? — disse ele. — Talvez, acho que seria mesmo isso para aqueles que não entendem, minha querida esposa. Estou fazendo muito mais do que isso.
— Bem, eu sou apenas uma jovem garota. — Escorregou sua mão pela lateral do rosto dele, como se estivesse tocando a coisa mais preciosa que já vira, e talvez fosse. — Não muito ingênua, como bem sabe, mas um tantinho inocente.
— Você é muito mais do que uma jovem garota, meu amor. — Ele desceu a mão até seu quadril. Com um aperto suave e firme em seu corpo, puxou-a mais para perto, encaixando-a nele, devagar e com cuidado, como fizera na noite de núpcias. — Você é o meu coração, .
Ela soltou um arfado com a pressão e fechou os olhos. Enfim havia chegado ao ato de novo, e desta vez não era por causa de dever ou qualquer outra coisa que, naquele momento, parecia bobagem.
— O coração de gelo que ninguém pensava que poderia derreter? — provocou, com um sorriso enorme no rosto. — E você é tudo o que me resta agora. É o meu tudo, Cregan Stark.
— Sou tudo o que você tem e tudo o que precisará, meu amor. — Cregan observava a feição dela, o modo como ofegava, os sons suaves e doces que deixavam seus deliciosos lábios. Ela era linda, cada pedacinho dela.
— Você é — sussurrou contra a boca dele e começou a mover lentamente os quadris, acompanhando-o. — Disse que não estava me amando…
— Não apenas, meu amor. — Ele cravou os dedos em seu quadril, desejando sentir mais e mais dela. — Estou te amando, mas não apenas isso.
Ela fechou os olhos, sentindo-o, mergulhando nas sensações que lhe causava. Cregan amou vê-la daquele jeito; amou perceber o modo como se fechava para tudo que não fosse ele. Moveu-se contra ela um pouco mais rápido, criando um ritmo bom, sem nunca tirar os olhos dela. Queria absorver cada instante de sua magnífica esposa perdida no momento enquanto sua mão explorava os contornos e linhas do corpo dela, como se fossem um inestimável mapa.
— O que está fazendo comigo, então, Cregan? — sussurrou em seu ouvido.
— Estou… lhe mostrando… o quanto eu preciso de você, meu amor — respondeu, enfim.
A pegada em seu corpo tornou-se mais e mais necessitada. derretia-se sob ele, seus toques e movimentos; derretia-se com suas palavras. Cregan precisava dela. Deuses, e como precisava! E ele estava, de fato, a amando. Amor… Aquilo fizera recordar de como Cregan já tivera uma esposa a quem amava muito. Arra Norrey morrera ao dar à luz seu herdeiro Rickon, o agora enteado de . Sempre pensara que seu marido devia tê-la amado de muitas e muitas maneiras.
— Você é meu primeiro e único — confidenciou. — Meu primeiro e único homem e marido… mas sou sua segunda. Pode me amar mesmo assim?
Cregan diminuiu seus movimentos a ponto de quase parar. Ele estava tão consumido por , pela sensação do corpo dela pressionado ao seu, encaixado ao seu com perfeição, e pelo amor que sentia por ela, que praticamente congelou com aquelas palavras.
— Você…? — Abarcou o rosto dela com a mão. — Você acha que não posso te amar porque não é a minha primeira?
— Não, não por isso. É mais sobre o fato de você ter perdido Arra Norrey e… e você a conhecia tão bem e há tanto tempo. — Desviou o olhar. — Enquanto você e eu… bem, nós nos conhecemos poucos dias antes de nos casarmos.
— Olhe para mim, minha senhora. — Acariciou o rosto dela, como se o ato fosse levar todas as suas preocupações embora. Era duro perceber que sentia-se como se ele não pudesse a amar, pois sua falecida esposa estava entrelaçada em sua vida desde o príncipio, e ela não. — Acredita que não sou capaz de te amar porque conheci Arra na infância, enquanto conheço você… há tão pouco tempo?
— Cregan… — Ela escondeu a cabeça no pescoço dele.
— Sabe que não tem como se esconder de mim quando estamos juntos desse jeito. — Moveu o quadril apenas levemente contra o dela, que soltou um suspiro.
— Eu sei… Também sei que estou parecendo uma garotinha tola — confidenciou, envergonhada. — Mas isso tudo é novidade para mim e… e… Você a perdeu, ela foi tirada de você.
— Não, não, não. Vem aqui. — Cregan a fez erguer o rosto e olhar para ele outra vez. — Você não está parecendo uma garotinha tola. — Tranquilizou-a ao afagar seus cabelos. — Só está expressando seus pensamentos, suas preocupações, seus medos… Tudo em um momento íntimo, que é algo que não temos desde a consumação do casamento.
— Ah, Cregan… — suspirou.
— De fato, conhecia a minha primeira esposa desde criança. O fato de eu ter te conhecido dias antes do nosso casamento, no entanto, não significa que eu não possa te amar como a amava — explicou, devagar como sempre. — Você, ela… É diferente, admito isso sem nem hesitar. Mas eu posso te amar. E eu amo. Eu amo você tão intensamente quanto a amei.
— Então, mesmo com toda a sua tristeza e sofrimento, você encontrou um jeito de amar de novo? — Moveu suavemente seus quadris, forçando-o a recomeçar aquela dança tortuosa de amor. — Encontrou um jeito de me amar?
— Sim, encontrei um jeito de amar você, Velaryon — confidenciou, voltando a reivindicá-la e a se entregar a ela. — Sempre.
— Sempre — repetiu ela.
puxou o rosto dele contra o seu e o beijou entre suspiros e gemidos que apenas o faziam querê-la mais e mais. Cregan desceu os lábios para o pescoço dela e mordiscou onde sabia que ela adorava. Seus movimentos ficaram mais intensos enquanto ele se entregava de corpo e alma ao momento e a ela, sempre a ela.
— Sempre. Sempre — murmurou.
— Eu amo você, Cregan Stark, o Lobo do Norte. — Ela arfou alto com o aumento de seu prazer. — Meu lobo.
— Seu — declarou em um suspiro. — Sou o seu lobo. Somente seu, meu amor.
— E eu sou o seu dragão. — Ela mordeu o lábio para segurar um gemido. — O fogo para o seu gelo, o verão para o seu inverno.
— O verão para o meu inverno — murmurou contra o pescoço dela e agarrou seus quadris com força. — O dragão para o meu lobo.
A onda de prazer atingiu , seu corpo estremecendo sob o dele. E foi incrível. Na noite de núpcias, ela também tivera algo parecido com isso, mas agora era diferente. Lá, era tudo uma questão de dever, da obrigação de consumar o casamento, querendo ou não, desejando ou não; era um sacrifício que tinha de ser feito. Agora, no entanto, ficaram juntos porque quiseram, porque sentiram a necessidade de se unir um ao outro dessa forma, de se amar mais e mais.
Cregan continuou para que pudesse se juntar a ela. Vê-la atingir seu clímax, fechar os olhos daquele jeito, o sorriso natural em seus delicados lábios… Tudo aquilo só fez o seu próprio prazer aumentar. Portanto, não demorou muito para que ele mesmo chegasse ao limite e o ultrapassasse. Uniu seu corpo ao de de todas as formas possíveis em um abraço desesperado, sua boca colada na dela, abafando os ruídos que ele próprio fazia. Então, deixou o corpo cair ao lado de sua esposa, sem nunca se afastar demais.
— Agora, sim, pertencemos um ao outro até o fim dos tempos. — Virou para observar o rosto do senhor seu marido. — E até os deuses antigos podem provar isso.
Cregan olhou bem para ela, uma expressão suave no rosto, então desviou o olhar apenas por um segundo para observar a árvore-coração.
— Os deuses antigos testemunharam — disse, por fim, abarcando o rosto dela com sua grande mão.
— E ninguém poderá ficar entre nós. — Aninhou-se nos braços dele, onde passara a se sentir segura, e declamou as sinistras palavras Stark: — O inverno está chegando.
— E estamos prontos para ele, você e eu. — Abraçou-a forte, prendendo-a contra si, e beijou-lhe o rosto. — Ninguém jamais poderá se interpor entre nós, minha Lady Stark.