Revisada por Selene 🧚♂️ (Mia)
Última Atualização: Set/2024"Walkin' out of time
Lookin' for a better place
Something's on my mind
Always in my headspace"
— Lovely, Billie Eillish
Lookin' for a better place
Something's on my mind
Always in my headspace"
— Lovely, Billie Eillish
A vida é mesmo uma coisa doida. Com todas as minhas décadas de vida e tudo o que já presenciei, nunca imaginei que chegaria a esse momento. Nunca pensei que encontraria em minha antiga casa, castigada pelo tempo, as respostas que tanto procurei. Meus pais me deixaram cedo demais. Você deve estar pensando, como assim cedo? Bem, hoje fazem 150 anos que perdi meus pais tragicamente. Nesse momento, estou aqui, sentada no chão do sótão da minha casa. Cômodo este que desconhecia a existência até 5 minutos atrás. Meus pais sempre foram muito amorosos, mas tinham também muitos segredos. Esse é o motivo de terem sido brutalmente assassinados. Aparentemente, o local em que estou abriga todos eles. Pego em minhas mão a caixa de madeira com meu nome, já está muito deteriorada pelo tempo, mas está inteira. Nota-se que pensaram com antecedência em deixar tudo que precisaria um dia, todas as minhas respostas estavam aqui? Só há um jeito de descobrir. Com delicadeza, abri a caixa. Há uma leve camada de poeira dentro do compartimento. Junto com duas cartas e dinheiro. Uma caixa tão trabalhada para ter apenas isso dentro dela? Abro uma das cartas, prestando muita atenção ao que parecem ser as ultimas palavras de meu pai.
, se está lendo essa carta, é porque eles nos encontraram. Estamos mortos e você está sozinha no mundo para entender os seus poderes e controlar sua natureza. Tenho velhos amigos que poderão te ajudar, no verso desta carta está o nome do líder do Clã. Espero que consiga encontrá-los apenas pelo nome dele. Como fazem décadas desde que nos encontramos pela última vez, não tenho ideia de onde podem estar residindo. Eles são como eu, então não representam nenhum perigo para você. Leve esta carta com você quando encontrá-los. Sabemos que vai conseguir, confiamos em você, . Não deixe que eles te achem, lembre-se disso. Somos parecidos, sei o que está sentindo, você quer vingança. E terá, mas não agora. Tenha paciência, treine, se aperfeiçoe. Você não veio de onde veio em vão. Seus genes são poderosos, e por isso que não pudemos ficar com você por muito tempo. Você é valiosa demais para ter o mesmo fim que nós. Não se esqueça de viver. Chore, sorria, viva e, principalmente, ame. Espero que encontre o seu prometido, como eu e sua mãe nos encontramos. Pode não gostar da ideia, mas não resista a ela mais, pare de bloquear a magia. Deixe-a fluir, não sabe o que está perdendo. Permita-se amar e ser amada. Assim como nós amamos você. Fique bem.
- Com amor, papai.
Terminei de ler a carta com lágrimas nos olhos, que logo secam - Ótimo Bjorn, me deu várias informações hein, muito obrigada. - Disse para o além, afinal, estava sozinha naquela casa. Deixei a carta de lado, para poder procurar na internet em que lugar aquele homem estava, esperando que, quando fosse ao seu encontro, ele me aceitasse e me ajudasse a treinar. Deixo a carta de lado e vou para a segunda, ela é breve, está mais para um bilhete do que uma carta em si.
Olá, filha, acredito que já tenha lido a carta de seu pai. Só queria te dizer que eu me orgulho muito da mulher que se tornou. Você é forte, é guerreira, herdou e muito, diga-se de passagem, os genes do seu avô. Fico feliz em saber que consegui passar para você, pelo menos essa parte, uma vez que você é uma copia de seu pai. Tenho apenas um conselho para te dar: Lembre-se quem é, de onde veio. Você pode muito mais, pode unir os dois mundos. Seu nome não foi dado ao acaso, você sabe de suas origens. Minha terra natal sempre será o seu lar, chegou a hora de ir atrás de suas origens. Saberão quem você é quando chegar lá, a magia é muito forte. Lembre-se das histórias que te contei. Provavelmente, no século em que estiver lendo essa carta, elas não passaram de lendas. Está na hora de voltar para casa, , ficaremos bem.
- Amo você, mamãe.
Peguei o dinheiro que estava na caixa e coloquei em minha mochila, como se eu fosse precisar, meus pais conseguiram acumular uma quantia exorbitante no decorrer dos séculos. Aparentemente, eles estavam se preparando para o pior há muito tempo. Minha casa está muito destruída, só vou conseguir reunir informações em uma biblioteca, não tem internet aqui. Acho que está na hora de me despedir de vez desse lugar. Começo a arrumar minhas malas, pego o máximo de roupas que consigo, até encher minhas malas. A cada roupa que dobro cuidadosamente e guardo, sinto como se um pedaço do meu coração se despedaçasse. Sempre vivi aqui, ainda não superei.
Pego a caixa e percebo um fundo falso, sem muita dificuldade abro-o, fazendo mais uma carta cair. Ela tem a caligrafia de minha mãe. Confusa e curiosa, começo a ler a carta. Não consigo imaginar o que minha mãe pode ter escrito aqui.
A magia ainda vive, ela está adormecida no momento, mas sei que nosso povo conseguirá acordá-la. Por enquanto, não deixem que saibam quem você é, isso pode causar represálias, ainda mais por conta do que fiz. Mostre-se apenas quando for preciso. Não deixe que a peguem. Sinto muito não poder ter treinado você do jeito que esperava, mas fiz o meu melhor. Em minhas viagens, acabei descobrindo algumas coisas muito interessantes. Se, em sua jornada, precisar de ajuda e não souber em quem confiar, confie nos Black. Confio em você, una a todos, sei que consegue.
- Tala Uta
Essa carta me deixou muito confusa, quem são essas pessoas? Eu nem mesmo sei onde ficam nossas origens, ela nunca me disse. Tala sempre foi assim, cheia de mistérios. Não a culpo, ela já sofreu muito na vida. Sua mãe se sacrificou para ajudar sua aldeia. Seu pai, enlouqueceu com a perda de seu grande amor, e saiu vagando pelo mundo, nunca mais sendo visto. Ao encontrar meu pai, se odiaram no início, não aceitando a magia que os rondava. Quando finalmente ficaram juntos, demoraram séculos para conseguir me ter, tanto que sou filha única. Eles nunca conseguiram repetir tal feito.
Depois de um longo tempo, termino de arrumar todos os meus pertences e começo a colocar as malas em meu carro. Preciso saber ainda hoje se vou precisar deixar meu carro para trás ou se vou poder ir dirigindo, caso estejamos no mesmo continente. Entro em meu carro e vou em direção à biblioteca.
Com a carta de meu pai em mãos, começo a procurar pelo nome da pessoa que vai me ajudar. Fico horas procurando, uma vez que tenho apenas nome e sobrenome; mais nenhuma informação. O que faz sentido, uma vez que, sendo quem é, não é muito seguro ter informações na internet. Vejo vagamente que reside nos Estados Unidos. Ótimo, são vários quilômetros, mas poderei ir com meu carrinho. Gosto de dirigir, posso pensar no que direi para ele quando chegar. Procuro um hotel em uma cidade próxima, uma vez que a que ele reside é minúscula. Assim que tenho tudo pronto, vou em direção ao meu carro. Está na hora de ir para o meu destino, aprender a controlar minhas naturezas.
Ain't runnin' from myself no more
I'm ready to face it all
If I lose myself, I lose it all
— Runnin, Naughty Boy
I'm ready to face it all
If I lose myself, I lose it all
— Runnin, Naughty Boy
Segundo meu GPS, demoraria pouco mais de dois dias. Durante o caminho, vou pensando no que falar. Não posso simplesmente chegar e falar: “oi, tudo bem, meu pai disse que você poderia me ajudar”. Preciso chegar com calma, explicar as coisas. Só preciso acostumar-me com o cheiro, muito tempo sem conviver com eles. Sei que vou precisar ficar por muito tempo em sua companhia. Nesses anos, eu só desenvolvi as minhas outras habilidades, sendo que uma delas nem sei se funciona, já que eu estava sozinha todo esse tempo. Depois de muito dirigir, chego em meu destino. Como já havia reservado um hotel para ficar, vou direto para ele, deixando grande parte de minha bagagem no carro, uma vez que o hotel é minúsculo e pretendo alugar uma casa para ficar, caso ele aceite me ajudar. Assim que estou no quarto, vou direto tomar um banho demorado para poder relaxar. Coloco uma roupa quente para sair, por mais que eu não precise disso. Saio do hotel e vou na lanchonete que fica em frente, afinal, uma parte de mim precisa comer comida. Como rapidamente e volto para o hotel, preciso dormir para me acostumar com o fuso. Por mais que tenha sido poucas horas de diferença.
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good
— Feeling Good, Nina Simone
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good
— Feeling Good, Nina Simone
Ao chegar na residência dos Cullen, não pude deixar de notar o quão arejada e transparente a casa era. No meio da floresta não precisavam se esconder, o sol poderia entrar sem se importarem com a exposição ao mundo humano. A casa era realmente muito bonita, a arquitetura moderna que mesclava o concreto com a madeira de forma harmoniosa era realmente impressionante. A casa era tão grande que não era possível ver se havia movimentação. Ao sair de seu carro, Carlisle vem em velocidade vampírica abrir a porta do meu. Eu saio do carro, ainda olhando maravilhada para a casa. Ele rapidamente abre a porta da grande residência e me convida a entrar. Deixo meu sobretudo no carro, afinal, não preciso fingir sentir frio aqui. Assim que entro na casa, sou recebida por 6 vampiros, que me olham com curiosidade. É como se soubessem o que eu sou e o que estou fazendo aqui. Senhor, o cheiro, se controle, , não é a hora de se mostrar, penso; fazendo o vampiro de cabelos cor de bronze olhar para mim com curiosidade. Saia da minha cabeça, digo enquanto faço um grande esforço para bloquear minha mente. Realmente, vou precisar de ajuda para treinar. Quando seu olhar fica confuso, percebo que consegui. Sorrio de lado com esse feito. — Pessoal, essa é , ela é filha de um velho amigo meu. Ele deixou uma carta para mim, pedindo para que cuidasse dela caso acontecesse alguma coisa. E de fato aconteceu, os Volturi descobriram seus pais. Ela é extremamente especial. Ele a descreve como Única de sua espécie. — introduziu ele. — , essa é minha família: Esme, minha esposa; Alice e Jasper, eles são casados; Emmet e Rosalie, também estão juntos; por último, temos Edward. — Assenti e dei um sorriso tímido a eles. Não posso negar, mas que família bonita. Claro, é charme de vampiro. Mas principalmente Rosalie e Edward são extremamente bonitos. — Quando você diz filha... — começa Jasper, deixando a frase no ar. — Biológica, sim. Acho que dá para ouvir meu coração batendo. — digo, dando um sorriso sem graça enquanto coço a cabeça. — Isso é muito legal! — diz Emmett animado, recebendo um tapa no ombro de Rosalie. — Ei! Isso é legal mesmo, nunca achei que vampiros pudessem ter filhos. — Ok, mas isso não explica o porquê você se incomodou com nosso cheiro. — diz Edward, atraindo todos os olhares caramelo para mim, menos Carlisle, que já sabia o motivo da leve repulsa. — Lê mentes? — Ele assente. Eu bufo. Vou ter que aperfeiçoar esse dom sozinha, aparentemente. — Bem, isso é porque minha mãe é uma loba. — Eles ficaram calados, esperando eu continuar. — Bem, eu não esperava falar isso de cara, não sabia que vocês tinham dons também. — Jasper ia falar alguma coisa, mas eu o interrompi antes de fazê-lo. — Eu vou explicar tudo. Isso não pode sair daqui, pois envolve o segredo de mais pessoas; eu não os conheço, mas sei que existem. Não estou preparada para lidar com duas naturezas ao mesmo tempo. Vou aprender a controlar os meus dons e depois eu penso no que fazer com a outra parte. Mas enfim. Eu sou meio vampira, meio humana. Sou metade vampira e metade metamorfa. — Como assim? Eles não deveriam querer se matar? — perguntou Emmett, confuso como os demais. Menos o chefe do clã, provavelmente em sua carta meu pai explicou tudo. — Minha mãe e meu pai se apaixonaram à primeira vista, como se isso realmente pudesse acontecer. — Sim, pode acontecer, infelizmente. — Eles foram inimigos mortais, brigaram muito e tentaram resistir, mas acabaram ficando juntos e, anos depois, eu nasci. Foi uma gravidez rápida, uma vez que sou metade vampira. Pelo que eles falaram, foi uma gestação de aproximadamente 4 meses. É isso. Quando o Sr. Cullen disse que sou única é verdade. Pelo que sabemos e procuramos, sou a única híbrida que existe. — Terminei de contar minha história, todos ficaram calados. Estava pronta para represálias e julgamentos, mas quando Emmett soltou uma gargalhada e começou a falar algo sobre ter um cão de guarda, levando um tapa de Rosalie e fazendo todos rirem da situação, suspirei aliviada. — Então, quais dons você tem? — perguntou Jasper, pude notar um ar de curiosidade em seu olhar. — Me proponho a te treinar com todo prazer. — Dou um sorriso de alivio, eles me olham de um jeito tão amistoso que já me sinto em casa. — Olha, eu tenho alguns, meus pais achavam que isso se deu por conta da mistura de raças. Eu consigo bloquear meu pensamentos. — Pisquei para Edward. — Crio ilusões na cabeça das pessoas, posso fazer você pensar que algo aconteceu, sendo que você só viveu isso na sua cabeça; e controlar sentimentos, por exemplo, posso fazer uma pessoa deixar de gostar da outra e vice-versa; e o melhor de todos, consigo apagar memórias. — Todos me olharam assustados. — Claro que não sei fazer isso direito, só fiz duas vezes, foi um leve treinamento com minha mãe. Eu consigo fazer elas voltarem, caso eu queira. — E como foi isso de você ser meio vampira? Como foi o crescimento? — perguntou Carlisle dessa vez. — Eu parei de crescer quando atingi 10 anos de idade. Não envelheço desde então. Além disso, eu me transformei em lobo pela primeira vez aos 17 anos. E sigo assim. — E como se alimenta? — Dessa vez foi Emmett. — Aliás, quantos anos você tem? — Dou uma leve risada com a segunda pergunta. — Isso depende do meu modo de vida. Caso eu fique muito tempo sem me transformar, sinto sede como qualquer vampiro. Sono eu sinto independente do que eu fizer. Ah, tenho 169 anos. — Faço um esforço e desbloqueio minha mente. Quase 170 anos e estou muito gata. Edward olhou para mim assustado. Dou de ombros. — Então você come? — pergunta Esme; assinto. — Vou poder estrear minha cozinha finalmente — completa ela, animada. Oi? — Nossa, vamos fazer várias compras. Ver muitos filmes juntas. — diz Alice animada, tirando um sorriso tímido de Rosalie. — Mal posso esperar para começar a treinar você, aposto que consegue evoluir rapidamente. — disse Jasper. — Você vai morar aqui, né? Podemos decorar o seu quarto hoje mesmo. — disse Alice novamente, dando pulinhos. — Rose é maravilhosa decorando, podemos fazer isso bem rápido. — Gente, o que está acontecendo? Todo esse tempo, todos falavam, menos Edward, ele apenas me olhava com curiosidade. — Calma, gente, calma. , você gostaria de morar aqui? Imagino que esteja ficando em um hotel. A casa é grande, temos quarto de sobra. E como vamos treinar você, ficaria mais fácil de você sair de casa sem levantar suspeitas, sabe como é, cidade pequena. — Como assim? — Nós somos vistos como um casal que adotou vários adolescentes, porque a esposa não pode ter filhos. Estava pensando em dizer que você era filha de um casal de amigos nossos de longa data, e que seus pais morreram em um acidente de carro, onde só você sobreviveu. — ele conta a história. Parece colar, já que eu não me pareço em nada com os vampiros que me encaram. Pondero por uns instantes. Esses rostos desconhecidos me passaram uma segurança que nenhum outro lugar conseguiu me passar em muito tempo. Acho que vai ser uma boa, como meus pais me aconselharam, eu precisava viver. Dessa vez, de verdade. — Eu topo. — disse, dando um sorriso sincero para todos, sendo retribuída imediatamente. Pela primeira vez em mais de 150 anos, me sentia em casa.
Say something,
I'm giving up on you
I'm sorry that I couldn't get to you
Anywhere, I would've followed you
Say something, I'm giving up on you
— Say Something, Christina Aguilera
I'm sorry that I couldn't get to you
Anywhere, I would've followed you
Say something, I'm giving up on you
— Say Something, Christina Aguilera
"Fuja, saia daqui. Eles não podem te encontrar. Não se preocupe conosco. Você merece uma vida longa e bela, seja feliz. Não volte tão cedo, tivemos sorte de que Aro não veio com eles, senão, iriam caçar você até o inferno. Vá, e não volte. Amamos você, nunca se esqueça disso. Com essas palavras, meu pai parou de transmitir seus pensamentos, me deixando no escuro, sem saber o que estava havendo. No momento que ouvi o grito da minha mãe, corri para a direção oposta e fiquei lá, escondida até o anoitecer. Quando estava escuro o suficiente para nenhum humano estar na floresta, voltei para a minha casa." ”Havia uma fogueira, perto da porta dos fundos, onde meus pais estavam antes de eu correr. No centro do fogo, vi de relance a mão esquerda de meu pai. Sua aliança começava a derreter pelo calor. Ele estava morto, isso era um fato. E, pelo jeito, fazia tempo. O corpo de minha mãe jazia próximo da fogueira. Acho que nunca chorei tanto na minha vida; eu apaguei a fogueira e os enterrei juntos, na entrada da floresta. Coloquei algumas roupas em minha mochila, peguei uma parte de nossas economias e saí de casa. Voltei 50 anos depois para pegar o dinheiro e depositar em um banco. Depois, voltei apenas no dia em que descobri a carta." Quando percebi, meus olhos estavam cheios de lágrimas, e minha voz embargada. Tenho que respirar fundo pra fazer com que elas não escorram. 150 anos se passaram e ainda dói como se fosse ontem. Edward coloca a mão em meu ombro, em uma tentativa de me confortar. — Desculpe ter que fazer você relembrar isso. — Disse ele, enquanto tirava sua mão. — Está tudo bem agora, já faz um tempo. E foi bom poder contar isso para alguém. Guardei para mim por um longo tempo. — Dou um sorriso triste para ele. Ficamos mais uns minutos em silêncio. — Sabe, aquela hora que Carlisle falou para eu ir com você, ele pensou que você poderia vir a ser minha parceira. — Disse ele, rindo pelo nariz. — Mal cheguei e já estão me empurrando para você. — Dei risada. — Não que você não seja bonito, não me leve a mal. Você é um gato. — Ele gargalhou. — Mas olha, o máximo que pode rolar entre a gente são uns beijinhos, não estou a fim de me envolver tão cedo, obrigada. — Por quê? Alguma desilusão amorosa? — Bem longe disso... Nunca cheguei a me apaixonar perdidamente por alguém. Acho que essa mistura toda de gene fez de mim uma pessoa incapaz de se apaixonar. — Dou de ombros enquanto rio pelo nariz. — Na sua casa você ficou todo calado e agora parece outra pessoa, desatou a falar, por quê? — Você é a primeira pessoa que eu vejo, em toda a minha existência, que consegue bloquear o meu dom. — Disse ele, olhando para a estrada. — Mantenha-se à direita, virando no próximo cruzamento. Bem, eu fiquei assustado no início. Agora, estou curioso. — Rio pelo nariz. Aproveito para desbloquear minha mente de vez, já estava ficando muito cansada de ficar barrando-o. Até que você não é ruim, Ed. — Bom saber que gostou de mim também, prevejo o início de uma grande amizade. — Sinto seu olhar sob mim, retribuo rapidamente e pisco para ele, fazendo-o gargalhar. — Você ficar dando em cima de mim vai ser engraçado. — Paro quando pedir para parar, penso. — Relaxa, pode continuar. — Dessa vez, ele piscou para mim, fazendo com que eu gargalhasse. — Chegamos. Saio do carro rapidamente e vou até a recepção, fazer o check-out. Pego minhas malas, com a ajuda de Edward — para não dar na cara que não precisava de ajuda —, e colocamos a bagagem no carro. Entro no lado do motorista antes que ele me impeça, e logo dou partida no carro, dirigindo em direção à casa dos Cullen. Não gostava de admitir, mas eu sentia que gostaria muito dessa nova fase da minha vida. Quem sabe eu não fico com eles? Isso eu só vou conseguir saber com o tempo.
'Cause I, I'm in love
With my future
Can't wait to meet her
And I (I) , I'm in love
But not with anybody else
Just wanna get to know myself
— My Future, Billie Eilish
With my future
Can't wait to meet her
And I (I) , I'm in love
But not with anybody else
Just wanna get to know myself
— My Future, Billie Eilish
Duas semanas se passaram desde que eu cheguei a Forks. Nunca achei que fosse encontrar um lugar em que me sentisse tão bem como aqui. Eles até estão aprendendo a cozinhar para que eu possa comer, precisavam estrear a cozinha, palavras de Carlisle. Como eu prefiro comida do que sangue, nem reclamei, afinal, eu não sei cozinhar um ovo. Todos me tratam extremamente bem, é até engraçado às vezes, pois é como se eu fosse a irmã caçula de todos, o que não faz sentido, já que só sou mais nova que Carlisle. Rose e Alice redecoraram o meu quarto, deixando bem a minha cara. Eu insisti em pagar, uma vez que tenho bastante dinheiro sobrando, mas foi em vão. O treinamento vai bem, consigo controlar meus pensamentos como ninguém, o que deixa Ed uma pilha de nervos. Hoje vamos tentar entender como o dom das memórias funciona. Todos estão receosos, se eu me descontrolar posso fazer a pessoa esquecer quem é. Jasper teve a ideia da minha "cobaia" escrever em um caderno a informação que eu vou apagar de sua mente, para o caso de eu não conseguir devolver a memória. Mas que louco iria se voluntariar? Emmett, é claro. — Você tem certeza? Eu posso fazer merda. — Pergunto para o brutamontes que caminha ao meu lado até a sala. Nesse pouco tempo, nós desenvolvemos uma amizade extremamente fraternal. É como se Emmett fosse o irmão mais velho que eu nunca tive. Ele pode ser bem insuportável às vezes, mas é só ameaçar morder ele enquanto estou em forma de lobo que ele para. — Maninha, é claro que eu tenho, vai ser muito louco. E outra, sei que você não vai fazer eu ficar babando verde pra sempre. — Responde ele, piscando para mim e passando os braços pelos meus ombros, bagunçando todo o meu cabelo. Dou um empurrão nele, que obviamente não faz nem cócegas. — Ih, tá fraquinha, hein, tá na hora de caçar. — Mostro o dedo do meio para ele. — Eu vou fazer você babar verde de propósito. Não me provoque. — Uiaa, muito medo de você, viu, estou até me tremendo. — Reviro os olhos para ele. — Vocês tem quantos anos? — Pergunta Rosalie, irritada. — Parecem duas crianças. — Olho para Em, recebendo um olhar do vampiro no mesmo instante. Nos encaramos por alguns segundos. Olhamos para Rose e mostramos a língua ao mesmo tempo, fazendo com que nós dois gargalhe, enquanto ela faz um sinal de negação com a cabeça. — Chega, vamos, Emmett, senta no sofá que eu vou tentar fazer você esquecer de como se anda. Acho menos pior do que esquecer uma lembrança. — Ele me obedeceu e sentou-se no sofá. Sento-me na poltrona em sua frente para que eu possa me concentrar. Olho para seus olhos, pensando nos movimentos de suas pernas se movendo. Como ele estava disposto a cooperar, foi até que fácil achar o comando e apagá-lo de seu cérebro. Quando dou uma leve vasculhada em sua mente, tentando achar algum resquício da memória em sua mente, sinto minha cabeça doer levemente. É o sinal de que devo parar; desvio o olhar do vampiro e encosto na poltrona, enquanto solto um ar que nem sabia que eu estava segurando. Nossa, como isso cansa, pensei. Claro que Ed não ouviu. Por mais que eu confie nele, gosto de ter privacidade em minha mente. — Funcionou? — Perguntou Jasper. Ele sempre acompanhava meus treinamentos, pois, já que consegue manipular as emoções também, pode me ajudar caso eu perca o controle. — Não sei. Emmett, tente andar. — Oi? O que é isso? — Ele pergunta, confuso. Será que deu certo? — Andar, sabe? Vai até a Rose, por favor. — Nesse instante, percebemos que ele não tinha a mínima ideia de como chegar até ela, que estava a menos de 2 metros de distancia dele. Ele fica alguns segundos pensando em como fazê-lo. Então tenta ficar de pé, mas cai com força no chão, fazendo todos gargalharem, obviamente, menos ele. — O quê? Sei que você tem alguma coisa a ver com isso. Desfaça, por favor. — Ele estava claramente desesperado. Jasper senta Emmett desajeitadamente no sofá enquanto me concentro em devolver as lembranças dele. Isso é bem mais difícil do que roubá-las. Quando percebo que todas as memórias estão de volta em sua cabeça, sinto uma gota de suor descer por minha testa e uma grande tontura. Quando dei por mim, estava deitada em minha cama. Levanto com dificuldade, minha cabeça latejava. Será que consegui? Acho que sim, o esforço foi tanto que apaguei. Vou ter que caçar antes de tentar fazer isso de novo. Saio do cômodo e vou até a sala, onde escuto vozes animadas. Assim que percebem minha presença, algo que não demora muito, visto que ouvem meu coração batendo, Carlisle logo vem em minha direção para ver se estou bem. Como me recupero rápido, apenas a dor de cabeça permanece, então o pessoal fica mais aliviado. — E aí, consegui? — Pergunto enquanto sento em uma poltrona, e Esme me oferece um chá. Quando digo que eles estão felizes em usar a cozinha, eu não estava brincando. Pelo cheiro, estavam cozinhando alguma coisa nesse instante. Tudo é motivo para me enfiarem comida. Emmett veio ao me encontro, andando perfeitamente, e bagunça meu cabelo. — Aparentemente, sim. Que bom. Como se sente, grandalhão? — Muito bem, ainda bem que você devolveu com a adição do que houve no meio tempo. Se não eu ia ficar com cara de ué, por que a Rose e o Jasper não paravam de rir dizendo que eu parecia um desesperado por voltar a andar? — Ótimo, da próxima vez eu faço você me esquecer, só para ver a confusão de ver uma híbrida pela primeira vez de novo. — Dou risada em imaginar a cena, automaticamente Edward também ri. Ué, minha mente está desbloqueada? Ele afirma com a cabeça. — Esse negócio de memória me deixa mais vulnerável do que pensei. Saia da minha cabeça, Ed. — Não posso fazer nada se você está vulnerável. — Disse ele em um tom zombeteiro. Com um rolar de olhos, bloqueio minha mente novamente. Ele olha pra mim, com uma falsa expressão de raiva, enquanto eu mostro a língua para ele. — Mas uma coisa temos que dizer, você é mais poderosa do que pensa. — Todos olham para mim em aprovação. — O cheiro está ótimo, o que vocês estão inventando agora? — Pergunto, finalizando o assunto antes que ele comece.
Ladies and gents, this is the moment you've waited for
— Panic! At The Disco
— Sério que vou ter que ir para o colégio?
— Sim. Como já viram você na cidade e você aparenta ter 17 anos, caso você não for, vão estranhar. — Edward respondeu. Estávamos voltando da caça. Apenas nós dois. Fazemos isso regularmente. Aposto que todos achavam que estávamos juntos.
— Só falar que eu estudo em casa, problema resolvido.
— Você sabe que não é bem assim. Além do mais, como vamos justificar que apenas a filha mais nova do casal não frequenta a escola? — Reviro os olhos, ficando emburrada. — E vai ser legal. Sei que você adora uma atenção. — Dou um meio sorriso. — Carlisle gosta que frequentemos o colégio. É bom para o nosso controle com sangue humano também. Falando nisso, você não me contou sobre aquele pensamento que teve na reserva.
— Como você sabe?
— Você desbloqueia sua mente quando está dormindo. Você ficou pensando que não se alimenta de sangue humano mais.
— Faz muito tempo. — Tento deixar o tom de voz como quem diz: não quero falar sobre isso. — E então… parece que a Ali teve uma visão com a sua futura companheira, é isso? — Tentei mudar de assunto.
— Parece que ela chega no começo do ano letivo. — Ele olha para a floresta, pensativo. Senta-se em um tronco caído no chão, e eu sento-me ao seu lado. — Fico preocupado com o que posso fazer. Dizem que às vezes o cheiro do sangue da pessoa destinada a ficar conosco é muito chamativo. — Ele olha para mim. Seu olhar é de preocupação. — E se eu acabar me descontrolando e atacá-la?
— Bem, isso não vai acontecer. Nem com sede você vai estar, vamos caçar até esses olhos ficarem caramelo-brilhante. — Dou uma piscadinha para ele, que dá uma risada pelo nariz.
— Sabe, por um momento eu acabei achando que ficaríamos juntos. — Sua face é séria e calma. Ele me encara, esperando uma resposta. Confesso que fui pega de surpresa. Fico sem palavras, olhando para seu rosto. Sinto-o se aproximar de mim lentamente.
— Você sabe que seríamos muito mais carnais do que sentimentais, né?
— Eu sei, mas pra mim, basta. — Ele estava cada vez mais perto. Um beijinho não faria mal, não? Fecho meus olhos na medida que ele se aproxima e também fecha os seus. Quando nossos lábios estão quase colados, um animal se move, fazendo barulho nas árvores ao redor. Ele se afasta rapidamente. — Desculpe, eu não sei onde estava com a cabeça. Você deve achar que eu sou um garanhão, não é mesmo? Me perdoe.
— Ei, tá tudo bem. Não que eu me arrependa. Mas você é à moda antiga. Vem, vamos para casa, ainda tenho que arrumar as coisas para ir para o colégio amanhã. — Termino a frase revirando os olhos com a palavra colégio.
— Você é mais velha que eu. Como assim moda antiga?
— Olha, você provavelmente cortejaria alguém e tudo mais. Eu já passei dessa fase faz tempo. O que me lembra que preciso ir até Seattle. Abriu uma casa noturna ótima. — Edward ri da minha fala, como se fosse algo super aleatório de se fazer. — Querido, não é só porque não me apaixono que eu não vou viver a vida, viu...I wanna know what you're thinking
Hoping you're getting the hints
Getting more obvious with them
Who'll be making the move?
Feels kinda weird when it's you and I
And I
Sem pensar, nossos rostos se aproximam cada vez mais. Quando nossos narizes roçam um no outro, fecho meus olhos involuntariamente, ao mesmo tempo em que meus lábios se entreabrem. Não demora muito para que eu sinta seus lábios frios tocarem os meus. Uma de suas mãos vai até a minha nuca, trazendo-me para mais perto dele, enquanto aprofunda o beijo. Minha mão sobe instantaneamente para sua nuca, puxando levemente seus cabelos. A outra repousa em seu peito. Sinto meu corpo ser prensado com força em uma árvore, força essa que machucaria gravemente qualquer humano. Sua mão escorrega para dentro da minha blusa, dando um choque de temperatura, uma vez que eu sou levemente mais quente que um humano normal. Our bodies tangled tight in the purple light
We're making love, passed out, we look so damn good tonight
And Sunday's shining in, feel the shame coming
You don't belong to me
Are you gonna tell her?
— Are u gonna tell her, Tove Lo
A mão livre desce pela minha perna, dando-me impulso para que eu possa entrelaçar minhas pernas em volta de sua cintura. Edward percebe que estou ficando sem ar, então decide separar nossos lábios e começa a beijar e morder meu pescoço, arrancando alguns suspiros altos de mim. Puxo seu cabelo com força, fazendo sua cabeça ir levemente para trás, quando trocamos um olhar cheio desejo. Seus olhos estão escuros como a noite, mas ao mesmo tempo em chamas pelo que estamos fazendo. Sem pensar duas vezes, puxo-o pela nuca, juntando nossos lábios novamente em um beijo ardente. Sua mão livre vai até a barra da minha blusa novamente, fazendo menção de levantá-la. Nesse momento, foi como se uma chave fosse ativada em minha cabeça. Reúno todo o meu autocontrole e, com muita dificuldade, interrompo nosso beijo enquanto desço de sua cintura. Ele olha para mim com uma leve confusão estampada em seu rosto. — Eu fiz algo de errado? – ele perguntou. Era possível ver que, apesar de ser um vampiro, ele estava levemente ofegante. — Longe disso. — Mordi levemente meu lábio. — Mas, você tem a Bella. Posso adorar ficar me envolvendo com outras pessoas por uma noite, mas não aceito traição. Isso não pode continuar. Vocês podem não estar juntos agora, mas todos sabemos que isso vai acontecer, então prefiro encerrar isso agora. – eu disse, rindo pelo nariz. — Como eu vi uma vez em algum lugar, posso ser piranha, mas sou uma piranha com princípios. — terminei, dando uma risada sem graça enquanto arrumava minha roupa e meu cabelo. — Mas, se quer saber, você está no caminho certo. Aposto que ela vai adorar. – termino de falar, piscando para ele. — Sabe, foi o meu primeiro beijo. – Ele ri de mim. Provavelmente estava com uma cara de descrença. Como era possível ser o primeiro beijo dele e já ter toda essa pegada? — Ei, não me olhe assim, eu sou da moda antiga, sabe. Você viveu sua vida de uma forma bem livre, por mais que sozinha, tem a mente aberta. Por isso quis que fosse com você. Eu estava pensando em fazer isso com Bella. Logo ela descobrirá tudo e poderemos ficar juntos. Sei que o beijo acabará acontecendo, mas estava com medo de perder o controle. — Fico honrada em saber que confia em mim para isso. E não pense que fico chateada em saber que queria "praticar" antes de beijar Isabella, foi uma boa ideia, até porque, se você amassou o tronco da árvore comigo, imagina com ela. Tente se controlar, ou vai ficar sem namorada antes mesmo dos primeiros meses. — Andamos lentamente por entre as árvores. — Será que posso pedir para que isso fique entre nós? — O quê, o beijo? — Ele assente. — Minha boca é um túmulo, vai ser o nosso segredinho, gato. — Pisco novamente, fazendo-o gargalhar. — Vem, vamos embora.