Tamanho da fonte: |

Revisada por Selene 🧚‍♂️ (Mia)

Última Atualização: Set/2024

"Walkin' out of time

Lookin' for a better place

Something's on my mind

Always in my headspace"


— Lovely, Billie Eillish 
 

A vida é mesmo uma coisa doida. Com todas as minhas décadas de vida e tudo o que já presenciei, nunca imaginei que chegaria a esse momento. Nunca pensei que encontraria em minha antiga casa, castigada pelo tempo, as respostas que tanto procurei. Meus pais me deixaram cedo demais. Você deve estar pensando, como assim cedo? Bem, hoje fazem 150 anos que perdi meus pais tragicamente. Nesse momento, estou aqui, sentada no chão do sótão da minha casa. Cômodo este que desconhecia a existência até 5 minutos atrás. 

Meus pais sempre foram muito amorosos, mas tinham também muitos segredos. Esse é o motivo de terem sido brutalmente assassinados. Aparentemente, o local em que estou abriga todos eles. Pego em minhas mão a caixa de madeira com meu nome, já está muito deteriorada pelo tempo, mas está inteira. Nota-se que pensaram com antecedência em deixar tudo que precisaria um dia, todas as minhas respostas estavam aqui? Só há um jeito de descobrir.

Com delicadeza, abri a caixa. Há uma leve camada de poeira dentro do compartimento. Junto com duas cartas e dinheiro. Uma caixa tão trabalhada para ter apenas isso dentro dela? Abro uma das cartas, prestando muita atenção ao que parecem ser as ultimas palavras de meu pai.

, se está lendo essa carta, é porque eles nos encontraram. Estamos mortos e você está sozinha no mundo para entender os seus poderes e controlar sua natureza. Tenho velhos amigos que poderão te ajudar, no verso desta carta está o nome do líder do Clã. Espero que consiga encontrá-los apenas pelo nome dele. Como fazem décadas desde que nos encontramos pela última vez, não tenho ideia de onde podem estar residindo. Eles são como eu, então não representam nenhum perigo para você. Leve esta carta com você quando encontrá-los. Sabemos que vai conseguir, confiamos em você, . Não deixe que eles te achem, lembre-se disso. Somos parecidos, sei o que está sentindo, você quer vingança. E terá, mas não agora. Tenha paciência, treine, se aperfeiçoe. Você não veio de onde veio em vão. Seus genes são poderosos, e por isso que não pudemos ficar com você por muito tempo. Você é valiosa demais para ter o mesmo fim que nós. Não se esqueça de viver. Chore, sorria, viva e, principalmente, ame. Espero que encontre o seu prometido, como eu e sua mãe nos encontramos. Pode não gostar da ideia, mas não resista a ela mais, pare de bloquear a magia. Deixe-a fluir, não sabe o que está perdendo. Permita-se amar e ser amada. Assim como nós amamos você. Fique bem.

- Com amor, papai.

 Terminei de ler a carta com lágrimas nos olhos, que logo secam - Ótimo Bjorn, me deu várias informações hein, muito obrigada. - Disse para o além, afinal, estava sozinha naquela casa. Deixei a carta de lado, para poder procurar na internet em que lugar aquele homem estava, esperando que, quando fosse ao seu encontro, ele me aceitasse e me ajudasse a treinar. Deixo a carta de lado e vou para a segunda, ela é breve, está mais para um bilhete do que uma carta em si.

Olá, filha, acredito que já tenha lido a carta de seu pai. Só queria te dizer que eu me orgulho muito da mulher que se tornou. Você é forte, é guerreira, herdou e muito, diga-se de passagem, os genes do seu avô. Fico feliz em saber que consegui passar para você, pelo menos essa parte, uma vez que você é uma copia de seu pai. Tenho apenas um conselho para te dar: Lembre-se quem é, de onde veio. Você pode muito mais, pode unir os dois mundos. Seu nome não foi dado ao acaso, você sabe de suas origens. Minha terra natal sempre será o seu lar, chegou a hora de ir atrás de suas origens. Saberão quem você é quando chegar lá, a magia é muito forte. Lembre-se das histórias que te contei. Provavelmente, no século em que estiver lendo essa carta, elas não passaram de lendas. Está na hora de voltar para casa, , ficaremos bem. 

- Amo você, mamãe.

Peguei o dinheiro que estava na caixa e coloquei em minha mochila, como se eu fosse precisar, meus pais conseguiram acumular uma quantia exorbitante no decorrer dos séculos. Aparentemente, eles estavam se preparando para o pior há muito tempo. Minha casa está muito destruída, só vou conseguir reunir informações em uma biblioteca, não tem internet aqui. Acho que está na hora de me despedir de vez desse lugar. Começo a arrumar minhas malas, pego o máximo de roupas que consigo, até encher minhas malas. A cada roupa que dobro cuidadosamente e guardo, sinto como se um pedaço do meu coração se despedaçasse. Sempre vivi aqui, ainda não superei. 

Pego a caixa e percebo um fundo falso, sem muita dificuldade abro-o, fazendo mais uma carta cair. Ela tem a caligrafia de minha mãe. Confusa e curiosa, começo a ler a carta. Não consigo imaginar o que minha mãe pode ter escrito aqui. 

A magia ainda vive, ela está adormecida no momento, mas sei que nosso povo conseguirá acordá-la. Por enquanto, não deixem que saibam quem você é, isso pode causar represálias, ainda mais por conta do que fiz. Mostre-se apenas quando for preciso. Não deixe que a peguem. Sinto muito não poder ter treinado você do jeito que esperava, mas fiz o meu melhor. Em minhas viagens, acabei descobrindo algumas coisas muito interessantes. Se, em sua jornada, precisar de ajuda e não souber em quem confiar, confie nos Black. Confio em você, una a todos, sei que consegue. 

- Tala Uta

Essa carta me deixou muito confusa, quem são essas pessoas? Eu nem mesmo sei onde ficam nossas origens, ela nunca me disse. Tala sempre foi assim, cheia de mistérios. Não a culpo, ela já sofreu muito na vida. Sua mãe se sacrificou para ajudar sua aldeia. Seu pai, enlouqueceu com a perda de seu grande amor, e saiu vagando pelo mundo, nunca mais sendo visto. Ao encontrar meu pai, se odiaram no início, não aceitando a magia que os rondava. Quando finalmente ficaram juntos, demoraram séculos para conseguir me ter, tanto que sou filha única. Eles nunca conseguiram repetir tal feito.

Depois de um longo tempo, termino de arrumar todos os meus pertences e começo a colocar as malas em meu carro. Preciso saber ainda hoje se vou precisar deixar meu carro para trás ou se vou poder ir dirigindo, caso estejamos no mesmo continente. Entro em meu carro e vou em direção à biblioteca. 

Com a carta de meu pai em mãos, começo a procurar pelo nome da pessoa que vai me ajudar. Fico horas procurando, uma vez que tenho apenas nome e sobrenome; mais nenhuma informação. O que faz sentido, uma vez que, sendo quem é, não é muito seguro ter informações na internet. Vejo vagamente que reside nos Estados Unidos. Ótimo, são vários quilômetros, mas poderei ir com meu carrinho. Gosto de dirigir, posso pensar no que direi para ele quando chegar. Procuro um hotel em uma cidade próxima, uma vez que a que ele reside é minúscula. Assim que tenho tudo pronto, vou em direção ao meu carro. Está na hora de ir para o meu destino, aprender a controlar minhas naturezas.



Ain't runnin' from myself no more

I'm ready to face it all

If I lose myself, I lose it all


— Runnin, Naughty Boy

Segundo meu GPS, demoraria pouco mais de dois dias. Durante o caminho, vou pensando no que falar. Não posso simplesmente chegar e falar: “oi, tudo bem, meu pai disse que você poderia me ajudar”. Preciso chegar com calma, explicar as coisas. Só preciso acostumar-me com o cheiro, muito tempo sem conviver com eles. Sei que vou precisar ficar por muito tempo em sua companhia. Nesses anos, eu só desenvolvi as minhas outras habilidades, sendo que uma delas nem sei se funciona, já que eu estava sozinha todo esse tempo. 

Depois de muito dirigir, chego em meu destino. Como já havia reservado um hotel para ficar, vou direto para ele, deixando grande parte de minha bagagem no carro, uma vez que o hotel é minúsculo e pretendo alugar uma casa para ficar, caso ele aceite me ajudar. Assim que estou no quarto, vou direto tomar um banho demorado para poder relaxar. Coloco uma roupa quente para sair, por mais que eu não precise disso. Saio do hotel e vou na lanchonete que fica em frente, afinal, uma parte de mim precisa comer comida. Como rapidamente e volto para o hotel, preciso dormir para me acostumar com o fuso. Por mais que tenha sido poucas horas de diferença.

———————

No dia seguinte, acordo por volta das 9 horas da manhã. Gostaria de ter dormido mais, mas estava muito ansiosa e nervosa pelo encontro com o amigo de meu pai. A cidade em que residem é bem nublada e pequena. Pelo que aprendi em minhas pesquisas, a cidade tem menos de quatro mil habitantes e é extremamente nublada e chuvosa. Perfeito para eles, penso. Escovo meus dentes e meus cabelos. Coloco uma calça jeans, uma blusa branca de gola alta e mangas compridas e um sobretudo marrom (tem que disfarçar o frio) com um coturno preto. Entro em meu carro e vou em direção ao hospital local, afinal, ele trabalha lá. O que é levemente estranho, levando em conta a natureza deles.

Chego no hospital e estaciono meu carro do outro lado da rua. Respiro fundo, criando coragem para encarar essa nova fase. Pego a carta de meu pai, colocando-a no bolso do agasalho, e caminho até a recepção do hospital. Ao entrar, me deparo com uma recepção super vazia, tendo apenas a recepcionista e eu no local. Ela deve ter cerca de 25 anos, ela lê uma revista de moda que não tive curiosidade de ver qual é. Ao notar minha presença, levanta o olhar levemente. 

— No que posso ajudar? — pergunta ela com um tom de voz entediado, não deve existir muitas emergências em uma cidade tão pequena.

— Gostaria de falar com o Doutor Carlisle Cullen, ele está? 

— Está sim, vou chamá-lo. Qual o seu nome?

, — respondo. A recepcionista assente e vai atrás do médico. Nossa, vai ser fácil assim? Essas pessoas têm que ser um pouco mais curiosas, e se eu fosse uma assassina de aluguel e estivesse aqui para matá-lo?

Fico alguns minutos na recepção esperando o Cullen chegar, o que não demora muito. 

No final do corredor, avisto a mulher voltando, sendo seguida por um homem extremamente pálido. Ele devia ter quase 1,80 de altura, com uma aparência de no máximo 30 anos, cabelos loiros penteados cuidadosamente para trás. Não podia negar, ele era bonito. Todos são, é o charme do predador. Olho para seu rosto, e não posso deixar de notar seus olhos. São extremamente caramelos, mais claros que os meus até, porque essa é 100% da formação deles. Ele usava um sapato social preto, calça chino também preta, uma camisa social azul com uma gravata da mesma cor. Por cima da roupa estava com seu jaleco branco, e um estetoscópio em volta do pescoço. Quanto mais perto ele chega, mais consigo sentir o cheiro doce que só eles têm. Preciso me controlar para não torcer o nariz, afinal, 150 anos sem conviver com vampiros é muito tempo.

— Senhorita ? — Assinto. — Estava à sua espera, me acompanhe, por favor. — Oi, ele me esperava? Ou isso é apenas para ela não desconfiar? Ele mostra o corredor com uma de suas mãos, esperando eu ir na frente. Assim que o faço, andamos juntos e em silêncio até o final do corredor, entrando em uma porta à direita. Ele mostrou uma cadeira em frente à mesa do consultório enquanto sentava-se na cadeira do outro lado.

— Desculpe vir assim sem avisar, você nem sabe quem sou eu — falei enquanto me sentava na cadeira. — Meu pai me deu o seu nome e disse que você poderia me ajudar. O nome dele era Bjorn . — Nesse momento ele pareceu recordar de meu pai, e me olhou com curiosidade.

— Pai? — Assinto. — Você diz, filha biológica? — pergunta, curioso. — Nós somos amigos de longa data, tem cerca de 200 anos que não o vejo. Não sabia que tinha uma filha. Mas —, ele para de falar, como se as peças estivessem encaixando — você é muito parecida com ele para… e seu coração bate. Como você é humana e tem pelo menos 200 anos? 

— Eu tenho 169 anos. — Dou de ombros. — Sou uma híbrida, fui gerada como uma criança normal. — Entrego a carta que meu pai fez para Carlisle. Como não era endereçada a mim, não li a carta, afinal, privacidade é bom e eu gosto. O médico leu atentamente à carta, parecia interessante, pois ele franzia as sobrancelhas conforme seus olhos passavam pelo papel. 

— Certo, o que seu pai disse é no mínimo interessante. Então os Volturi descobriram que seus pais estavam juntos. — Assenti, essa história ainda era muito complicada pra mim. Só de pensar nisso, meu ser era tomado por um ódio indescritível. — E, por conta disso, você tem pouquíssimo treinamento de seus dons, por conta de sua natureza. — Assenti novamente.

— O único que eu tenho total controle são as viagens espirituais, se é assim que posso chamar. Se eu me concentrar bem, meu espírito deixa meu corpo e posso vagar para o lugar que eu quiser. Foi assim que vigiei aqueles assassinos por 150 anos — falei com raiva, sentindo meu corpo tremer. Preciso me controlar, não é a hora de me mostrar, por mais que ele provavelmente saiba por conta da carta.

— Entendo, seus dons são muito poderosos. Compreendo completamente o medo de seu pai. 

— Posso perguntar umas coisas? — Ele assente. — Quando disse  que estava à minha espera, você disse isso apenas para não levantar suspeitas da recepcionista, não é?

— Não, eu sabia que você viria. Óbvio que não sabia o porquê nem nada, mas sabia que você me procuraria — respondeu ele calmamente.

— Mas, como? 

— Não sei se sabe, mas não vivo sozinho. Eu tenho uma família, claro, todos vampiros, até hoje não sabia que um ser como você poderia existir. Então, uma das pessoas que moram comigo prevê o futuro. Ela viu que você viria, foi com dificuldade, era como se estivesse borrado, ela diz. Mas conseguiu saber que alguém viria me procurar. E aqui estamos.

— Entendo…. outra coisa, dessa vez eu paro. Seus olhos, não são vermelhos. Sangue animal? — pergunto, praticamente já sabendo a resposta.

— Sim, e suponho que mantenha a mesma dieta. Ou não se alimenta de sangue humano?

— Bem, isso depende da minha outra forma. Se eu me manter humana por muito tempo, sentirei sede como qualquer outro vampiro. Se não, sinto fome e sono como um humano normal. É como se uma natureza balanceasse com a outra dependendo da situação.

— Certo, isso é muito interessante. Claro que vamos aprender mais, já que espero que fique conosco — disse ele, enquanto pegava o celular e digitava alguma coisa. — Claro que vou ajudá-la. 

— Eu não sei como agradecer, eu não saberia nem por onde começar a treinar sozinha sem ajuda — respondo, aliviada. Escrevo meu número em um papel e entrego a ele. — Esse é meu número, quando pudermos nos falar melhor, me ligue, gostaria de treinar o mais rápido possível.

— Certo. — diz ele enquanto salva meu número em seu celular. — Gostaria de conhecer minha família? Alice está louca para te conhecer. — Quem?

— Mas, e o plantão? — digo enquanto me levanto, não gostaria de ser incômodo a ninguém.

— Está muito tranquilo ultimamente, garanto que a doutora Sullivan da conta do plantão de hoje — respondeu ele, enquanto guardava seu material em sua mala, cuidadosamente. — Vamos? — Assinto. Sigo-o para fora do hospital, ele avisa para a recepcionista que iria resolver um problema de família. Ele foi em direção ao seu carro.

— Só tem um problema, eu vim de carro para cá, e agora? — Aponto para o meu mini cooper vermelho. 

— Vai me seguindo então, assim não deixa o carro na rua. — Assinto e vou até o meu carro. Ele logo dá a partida, começando a dirigir até sua casa.

Em pouco tempo eu já estava dirigindo em direção à casa do Dr. Presas.



It's a new dawn

It's a new day

It's a new life

For me

And I'm feeling good


— Feeling Good, Nina Simone 

Ao chegar na residência dos Cullen, não pude deixar de notar o quão arejada e transparente a casa era. No meio da floresta não precisavam se esconder, o sol poderia entrar sem se importarem com a exposição ao mundo humano. A casa era realmente muito bonita, a arquitetura moderna que mesclava o concreto com a madeira de forma harmoniosa era realmente impressionante. A casa era tão grande que não era possível ver se havia movimentação.

Ao sair de seu carro, Carlisle vem em velocidade vampírica abrir a porta do meu. Eu saio do carro, ainda olhando maravilhada para a casa. Ele rapidamente abre a porta da grande residência e me convida a entrar. Deixo meu sobretudo no carro, afinal, não preciso fingir sentir frio aqui. Assim que entro na casa, sou recebida por 6 vampiros, que me olham com curiosidade. É como se soubessem o que eu sou e o que estou fazendo aqui. Senhor, o cheiro, se controle, , não é a hora de se mostrar, penso; fazendo o vampiro de cabelos cor de bronze olhar para mim com curiosidade. Saia da minha cabeça, digo enquanto faço um grande esforço para bloquear minha mente. Realmente, vou precisar de ajuda para treinar. Quando seu olhar fica confuso, percebo que consegui. Sorrio de lado com esse feito.

— Pessoal, essa é , ela é filha de um velho amigo meu. Ele deixou uma carta para mim, pedindo para que cuidasse dela caso acontecesse alguma coisa. E de fato aconteceu, os Volturi descobriram seus pais. Ela é extremamente especial. Ele a descreve como Única de sua espécie. — introduziu ele. — , essa é minha família: Esme, minha esposa; Alice e Jasper, eles são casados; Emmet e Rosalie, também estão juntos; por último, temos Edward. — Assenti e dei um sorriso tímido a eles. Não posso negar, mas que família bonita. Claro, é charme de vampiro. Mas principalmente Rosalie e Edward são extremamente bonitos.

— Quando você diz filha... — começa Jasper, deixando a frase no ar. 

— Biológica, sim. Acho que dá para ouvir meu coração batendo. — digo, dando um sorriso sem graça enquanto coço a cabeça.

— Isso é muito legal! — diz Emmett animado, recebendo um tapa no ombro de Rosalie. — Ei! Isso é legal mesmo, nunca achei que vampiros pudessem ter filhos.

— Ok, mas isso não explica o porquê você se incomodou com nosso cheiro. — diz Edward, atraindo todos os olhares caramelo para mim, menos Carlisle, que já sabia o motivo da leve repulsa.

— Lê mentes? — Ele assente. Eu bufo. Vou ter que aperfeiçoar esse dom sozinha, aparentemente. — Bem, isso é porque minha mãe é uma loba. — Eles ficaram calados, esperando eu continuar. — Bem, eu não esperava falar isso de cara, não sabia que vocês tinham dons também. — Jasper ia falar alguma coisa, mas eu o interrompi antes de fazê-lo. — Eu vou explicar tudo. Isso não pode sair daqui, pois envolve o segredo de mais pessoas; eu não os conheço, mas sei que existem. Não estou preparada para lidar com duas naturezas ao mesmo tempo. Vou aprender a controlar os meus dons e depois eu penso no que fazer com a outra parte. Mas enfim. Eu sou meio vampira, meio humana. Sou metade vampira e metade metamorfa. 

— Como assim? Eles não deveriam querer se matar? — perguntou Emmett, confuso como os demais. Menos o chefe do clã, provavelmente em sua carta meu pai explicou tudo.

— Minha mãe e meu pai se apaixonaram à primeira vista, como se isso realmente pudesse acontecer. — Sim, pode acontecer, infelizmente. — Eles foram inimigos mortais, brigaram muito e tentaram resistir, mas acabaram ficando juntos e, anos depois, eu nasci. Foi uma gravidez rápida, uma vez que sou metade vampira. Pelo que eles falaram, foi uma gestação de aproximadamente 4 meses. É isso. Quando o Sr. Cullen disse que sou única é verdade. Pelo que sabemos e procuramos, sou a única híbrida que existe. — Terminei de contar minha história, todos ficaram calados. Estava pronta para represálias e julgamentos, mas quando Emmett soltou uma gargalhada e começou a falar algo sobre ter um cão de guarda, levando um tapa de Rosalie e fazendo todos rirem da situação, suspirei aliviada. 

— Então, quais dons você tem? — perguntou Jasper, pude notar um ar de curiosidade em seu olhar. — Me proponho a te treinar com todo prazer. — Dou um sorriso de alivio, eles me olham de um jeito tão amistoso que já me sinto em casa.

— Olha, eu tenho alguns, meus pais achavam que isso se deu por conta da mistura de raças. Eu consigo bloquear meu pensamentos. — Pisquei para Edward. — Crio ilusões na cabeça das pessoas, posso fazer você pensar que algo aconteceu, sendo que você só viveu isso na sua cabeça; e controlar sentimentos, por exemplo, posso fazer uma pessoa deixar de gostar da outra e vice-versa; e o melhor de todos, consigo apagar memórias. — Todos me olharam assustados. — Claro que não sei fazer isso direito, só fiz duas vezes, foi um leve treinamento com minha mãe. Eu consigo fazer elas voltarem, caso eu queira.

— E como foi isso de você ser meio vampira? Como foi o crescimento? — perguntou Carlisle dessa vez.

— Eu parei de crescer quando atingi 10 anos de idade. Não envelheço desde então. Além disso, eu me transformei em lobo pela primeira vez aos 17 anos. E sigo assim.

— E como se alimenta? — Dessa vez foi Emmett. — Aliás, quantos anos você tem? — Dou uma leve risada com a segunda pergunta.

— Isso depende do meu modo de vida. Caso eu fique muito tempo sem me transformar, sinto sede como qualquer vampiro. Sono eu sinto independente do que eu fizer. Ah, tenho 169 anos. — Faço um esforço e desbloqueio minha mente. Quase 170 anos e estou muito gata. Edward olhou para mim assustado. Dou de ombros. 

— Então você come? — pergunta Esme; assinto. — Vou poder estrear minha cozinha finalmente — completa ela, animada. Oi?

— Nossa, vamos fazer várias compras. Ver muitos filmes juntas. — diz Alice animada, tirando um sorriso tímido de Rosalie. 

— Mal posso esperar para começar a treinar você, aposto que consegue evoluir rapidamente. — disse Jasper.

— Você vai morar aqui, né? Podemos decorar o seu quarto hoje mesmo. — disse Alice novamente, dando pulinhos. — Rose é maravilhosa decorando, podemos fazer isso bem rápido. — Gente, o que está acontecendo? Todo esse tempo, todos falavam, menos Edward, ele apenas me olhava com curiosidade.

— Calma, gente, calma. , você gostaria de morar aqui? Imagino que esteja ficando em um hotel. A casa é grande, temos quarto de sobra. E como vamos treinar você, ficaria mais fácil de você sair de casa sem levantar suspeitas, sabe como é, cidade pequena.

— Como assim?

— Nós somos vistos como um casal que adotou vários adolescentes, porque a esposa não pode ter filhos. Estava pensando em dizer que você era filha de um casal de amigos nossos de longa data, e que seus pais morreram em um acidente de carro, onde só você sobreviveu. — ele conta a história. Parece colar, já que eu não me pareço em nada com os vampiros que me encaram. Pondero por uns instantes. Esses rostos desconhecidos me passaram uma segurança que nenhum outro lugar conseguiu me passar em muito tempo. Acho que vai ser uma boa, como meus pais me aconselharam, eu precisava viver. Dessa vez, de verdade.

— Eu topo. — disse, dando um sorriso sincero para todos, sendo retribuída imediatamente. Pela primeira vez em mais de 150 anos, me sentia em casa.



Quando disse que topava, todos se mostraram bem animados. Parece que não acontecia muita coisa de diferente em suas vidas havia tempos.

— Ótimo, agora você precisa pegar suas malas no hotel, para ficar com a gente. — disse Carlisle. Por um momento, ele ficou pensativo. — Edward, por que não a acompanha? Ela não sabe o caminho de volta para Forks.

— Claro. — Disse Edward. Me despedi de todos com um aceno e fui em direção ao meu carro, com Edward ao meu encalço. Andamos em silêncio até o carro. Percebo que os dois estão indo para o lado do motorista.

— Onde você pensa que vai? — Pergunto, colocando a mão na cintura. — Meu carro, eu dirijo. Pode ir dando a volta. — Indico o lado do passageiro. Ele bufa e entra à contragosto no carro. Do lado de fora, consigo ouvir Emmett gargalhar de dentro da casa. Vou ter que me acostumar a ser ouvida cem por cento do meu tempo. Entro no carro e começo a dirigir, sendo guiada por Edward.

— Então, o que houve com seus pais? — pergunta ele, depois de termos ficado grande parte do caminho em silêncio. Respiro fundo, tomando coragem para contar algo que não penso há 150 anos. — Não precisa contar se não quiser. Posso perguntar ao Carlisle depois.

— Relaxa, já faz muito tempo. — Digo, acalmando-o. — Foi no meu aniversário de 19 anos. Minha mãe e eu corríamos pela floresta, ela estava me treinando. Não estávamos muito longe de casa, morávamos em uma parte bem arborizada, mas ainda era perigoso sermos vistas. Estava tudo bem, até minha mãe sentir uma sensação de que meu pai estava correndo perigo. Ela me deu uma ordem de alfa que me fazia ficar longe de casa. Não sei se você conhece alguma coisa dos transformos, mas quando o alfa nos dá uma ordem, é praticamente impossível desobedecer.

"Quando minha mãe me deu a ordem, ela rapidamente correu até minha casa e se destransformou, fazendo com que eu ficasse sozinha na floresta por um longo tempo. É um pouco difícil saber o quanto eu fiquei ali, exatamente. Porém, senti um grande aperto em meu peito, como se meus pais estivessem mal. Com muito esforço, consegui me livrar da ordem dela e corri até minha casa com toda a velocidade. Quando estava chegando, meu pai me envia seus pensamentos. Ele diz para eu não me aproximar ou eles poderiam sentir meu cheiro ou me ouvir. Claro, eram os Volturi, conseguia ver pelos olhos de meu pai. Nunca havia os visto, Bjorn apenas comentava sobre eles. Tentaram recrutá-lo diversas vezes por conta de seus dons. Ele conseguia ler e transmitir pensamentos. Para eles, seria muito útil.”

"Por meu pai, consegui ver minha mãe, ela estava imobilizada por um vampiro com um manto cinza-escuro. Ela tentava de todas as formas se livrar dos braços dele. Mas ele era muito mais forte que ela, alimentava-se de sangue humano, era possível perceber por conta de seus olhos vermelhos. Uma vampira baixinha, de cabelos loiros presos perfeitamente, estava falando algo com meus pais. Ela vestia um manto totalmente preto. Aparentemente, quanto mais escuro o manto, mais importante a pessoa era. Ela estava julgando meus pais, o relacionamento deles era proibido, sabíamos disso. Eles eram inimigos mortais, não deveriam se amar. Meu pai parou de me transmitir sons no momento em que ela disse a sentença.”

Say something, I'm giving up on you
I'm sorry that I couldn't get to you
Anywhere, I would've followed you
Say something, I'm giving up on you


— Say Something, Christina Aguilera

"Fuja, saia daqui. Eles não podem te encontrar. Não se preocupe conosco. Você merece uma vida longa e bela, seja feliz. Não volte tão cedo, tivemos sorte de que Aro não veio com eles, senão, iriam caçar você até o inferno. Vá, e não volte. Amamos você, nunca se esqueça disso. Com essas palavras, meu pai parou de transmitir seus pensamentos, me deixando no escuro, sem saber o que estava havendo. No momento que ouvi o grito da minha mãe, corri para a direção oposta e fiquei lá, escondida até o anoitecer. Quando estava escuro o suficiente para nenhum humano estar na floresta, voltei para a minha casa."

”Havia uma fogueira, perto da porta dos fundos, onde meus pais estavam antes de eu correr. No centro do fogo, vi de relance a mão esquerda de meu pai. Sua aliança começava a derreter pelo calor. Ele estava morto, isso era um fato. E, pelo jeito, fazia tempo. O corpo de minha mãe jazia próximo da fogueira. Acho que nunca chorei tanto na minha vida; eu apaguei a fogueira e os enterrei juntos, na entrada da floresta. Coloquei algumas roupas em minha mochila, peguei uma parte de nossas economias e saí de casa. Voltei 50 anos depois para pegar o dinheiro e depositar em um banco. Depois, voltei apenas no dia em que descobri a carta."

Quando percebi, meus olhos estavam cheios de lágrimas, e minha voz embargada. Tenho que respirar fundo pra fazer com que elas não escorram. 150 anos se passaram e ainda dói como se fosse ontem. Edward coloca a mão em meu ombro, em uma tentativa de me confortar.

— Desculpe ter que fazer você relembrar isso. — Disse ele, enquanto tirava sua mão.

— Está tudo bem agora, já faz um tempo. E foi bom poder contar isso para alguém. Guardei para mim por um longo tempo. — Dou um sorriso triste para ele. Ficamos mais uns minutos em silêncio.

— Sabe, aquela hora que Carlisle falou para eu ir com você, ele pensou que você poderia vir a ser minha parceira. — Disse ele, rindo pelo nariz.

— Mal cheguei e já estão me empurrando para você. — Dei risada. — Não que você não seja bonito, não me leve a mal. Você é um gato. — Ele gargalhou. — Mas olha, o máximo que pode rolar entre a gente são uns beijinhos, não estou a fim de me envolver tão cedo, obrigada.

— Por quê? Alguma desilusão amorosa?

— Bem longe disso... Nunca cheguei a me apaixonar perdidamente por alguém. Acho que essa mistura toda de gene fez de mim uma pessoa incapaz de se apaixonar. — Dou de ombros enquanto rio pelo nariz. — Na sua casa você ficou todo calado e agora parece outra pessoa, desatou a falar, por quê?

— Você é a primeira pessoa que eu vejo, em toda a minha existência, que consegue bloquear o meu dom. — Disse ele, olhando para a estrada. — Mantenha-se à direita, virando no próximo cruzamento. Bem, eu fiquei assustado no início. Agora, estou curioso. — Rio pelo nariz. Aproveito para desbloquear minha mente de vez, já estava ficando muito cansada de ficar barrando-o. Até que você não é ruim, Ed. — Bom saber que gostou de mim também, prevejo o início de uma grande amizade. — Sinto seu olhar sob mim, retribuo rapidamente e pisco para ele, fazendo-o gargalhar. — Você ficar dando em cima de mim vai ser engraçado. — Paro quando pedir para parar, penso. — Relaxa, pode continuar. — Dessa vez, ele piscou para mim, fazendo com que eu gargalhasse. — Chegamos.

Saio do carro rapidamente e vou até a recepção, fazer o check-out. Pego minhas malas, com a ajuda de Edward — para não dar na cara que não precisava de ajuda —, e colocamos a bagagem no carro. Entro no lado do motorista antes que ele me impeça, e logo dou partida no carro, dirigindo em direção à casa dos Cullen. Não gostava de admitir, mas eu sentia que gostaria muito dessa nova fase da minha vida. Quem sabe eu não fico com eles? Isso eu só vou conseguir saber com o tempo.



'Cause I, I'm in love
With my future
Can't wait to meet her
And I (I) , I'm in love
But not with anybody else
Just wanna get to know myself


— My Future, Billie Eilish

Duas semanas se passaram desde que eu cheguei a Forks. Nunca achei que fosse encontrar um lugar em que me sentisse tão bem como aqui. Eles até estão aprendendo a cozinhar para que eu possa comer, precisavam estrear a cozinha, palavras de Carlisle. Como eu prefiro comida do que sangue, nem reclamei, afinal, eu não sei cozinhar um ovo. Todos me tratam extremamente bem, é até engraçado às vezes, pois é como se eu fosse a irmã caçula de todos, o que não faz sentido, já que só sou mais nova que Carlisle. Rose e Alice redecoraram o meu quarto, deixando bem a minha cara. Eu insisti em pagar, uma vez que tenho bastante dinheiro sobrando, mas foi em vão.

O treinamento vai bem, consigo controlar meus pensamentos como ninguém, o que deixa Ed uma pilha de nervos. Hoje vamos tentar entender como o dom das memórias funciona. Todos estão receosos, se eu me descontrolar posso fazer a pessoa esquecer quem é. Jasper teve a ideia da minha "cobaia" escrever em um caderno a informação que eu vou apagar de sua mente, para o caso de eu não conseguir devolver a memória. Mas que louco iria se voluntariar? Emmett, é claro.

— Você tem certeza? Eu posso fazer merda. — Pergunto para o brutamontes que caminha ao meu lado até a sala. Nesse pouco tempo, nós desenvolvemos uma amizade extremamente fraternal. É como se Emmett fosse o irmão mais velho que eu nunca tive. Ele pode ser bem insuportável às vezes, mas é só ameaçar morder ele enquanto estou em forma de lobo que ele para.

— Maninha, é claro que eu tenho, vai ser muito louco. E outra, sei que você não vai fazer eu ficar babando verde pra sempre. — Responde ele, piscando para mim e passando os braços pelos meus ombros, bagunçando todo o meu cabelo. Dou um empurrão nele, que obviamente não faz nem cócegas. — Ih, tá fraquinha, hein, tá na hora de caçar. — Mostro o dedo do meio para ele.

— Eu vou fazer você babar verde de propósito. Não me provoque.

— Uiaa, muito medo de você, viu, estou até me tremendo. — Reviro os olhos para ele.

— Vocês tem quantos anos? — Pergunta Rosalie, irritada. — Parecem duas crianças. — Olho para Em, recebendo um olhar do vampiro no mesmo instante. Nos encaramos por alguns segundos. Olhamos para Rose e mostramos a língua ao mesmo tempo, fazendo com que nós dois gargalhe, enquanto ela faz um sinal de negação com a cabeça.

— Chega, vamos, Emmett, senta no sofá que eu vou tentar fazer você esquecer de como se anda. Acho menos pior do que esquecer uma lembrança. — Ele me obedeceu e sentou-se no sofá. Sento-me na poltrona em sua frente para que eu possa me concentrar.

Olho para seus olhos, pensando nos movimentos de suas pernas se movendo. Como ele estava disposto a cooperar, foi até que fácil achar o comando e apagá-lo de seu cérebro. Quando dou uma leve vasculhada em sua mente, tentando achar algum resquício da memória em sua mente, sinto minha cabeça doer levemente. É o sinal de que devo parar; desvio o olhar do vampiro e encosto na poltrona, enquanto solto um ar que nem sabia que eu estava segurando. Nossa, como isso cansa, pensei. Claro que Ed não ouviu. Por mais que eu confie nele, gosto de ter privacidade em minha mente.

— Funcionou? — Perguntou Jasper. Ele sempre acompanhava meus treinamentos, pois, já que consegue manipular as emoções também, pode me ajudar caso eu perca o controle.

— Não sei. Emmett, tente andar.

— Oi? O que é isso? — Ele pergunta, confuso. Será que deu certo?

— Andar, sabe? Vai até a Rose, por favor. — Nesse instante, percebemos que ele não tinha a mínima ideia de como chegar até ela, que estava a menos de 2 metros de distancia dele. Ele fica alguns segundos pensando em como fazê-lo. Então tenta ficar de pé, mas cai com força no chão, fazendo todos gargalharem, obviamente, menos ele.

— O quê? Sei que você tem alguma coisa a ver com isso. Desfaça, por favor. — Ele estava claramente desesperado. Jasper senta Emmett desajeitadamente no sofá enquanto me concentro em devolver as lembranças dele. Isso é bem mais difícil do que roubá-las. Quando percebo que todas as memórias estão de volta em sua cabeça, sinto uma gota de suor descer por minha testa e uma grande tontura.

Quando dei por mim, estava deitada em minha cama. Levanto com dificuldade, minha cabeça latejava. Será que consegui? Acho que sim, o esforço foi tanto que apaguei. Vou ter que caçar antes de tentar fazer isso de novo. Saio do cômodo e vou até a sala, onde escuto vozes animadas. Assim que percebem minha presença, algo que não demora muito, visto que ouvem meu coração batendo, Carlisle logo vem em minha direção para ver se estou bem. Como me recupero rápido, apenas a dor de cabeça permanece, então o pessoal fica mais aliviado.

— E aí, consegui? — Pergunto enquanto sento em uma poltrona, e Esme me oferece um chá. Quando digo que eles estão felizes em usar a cozinha, eu não estava brincando. Pelo cheiro, estavam cozinhando alguma coisa nesse instante. Tudo é motivo para me enfiarem comida. Emmett veio ao me encontro, andando perfeitamente, e bagunça meu cabelo. — Aparentemente, sim. Que bom. Como se sente, grandalhão?

— Muito bem, ainda bem que você devolveu com a adição do que houve no meio tempo. Se não eu ia ficar com cara de ué, por que a Rose e o Jasper não paravam de rir dizendo que eu parecia um desesperado por voltar a andar?

— Ótimo, da próxima vez eu faço você me esquecer, só para ver a confusão de ver uma híbrida pela primeira vez de novo. — Dou risada em imaginar a cena, automaticamente Edward também ri. Ué, minha mente está desbloqueada? Ele afirma com a cabeça. — Esse negócio de memória me deixa mais vulnerável do que pensei. Saia da minha cabeça, Ed.

— Não posso fazer nada se você está vulnerável. — Disse ele em um tom zombeteiro. Com um rolar de olhos, bloqueio minha mente novamente. Ele olha pra mim, com uma falsa expressão de raiva, enquanto eu mostro a língua para ele. — Mas uma coisa temos que dizer, você é mais poderosa do que pensa. — Todos olham para mim em aprovação.

— O cheiro está ótimo, o que vocês estão inventando agora? — Pergunto, finalizando o assunto antes que ele comece.

———————

Estávamos todos na sala conversando quando Carlisle chega do trabalho. Ele parecia levemente preocupado. Algo provavelmente aconteceu.

— Sinto muito em interromper, mas eu acabei me esquecendo de um fato importante. Como você sabe, , até porque é um deles, temos transmorfos na região. Fizemos um acordo com eles, décadas atrás, para que não fôssemos atacados.

— Sim, vocês me contaram quando decidi ficar aqui.

— Então, cidade pequena, você sabe como é. Eles ficaram sabendo que você chegou e eu acabei esquecendo totalmente de deixá-los a par da situação.

— O que isso quer dizer? — Perguntou Alice.

— Eles querem conhecer a . — Respondeu Edward, lendo os pensamentos do médico.

— Mas, pelo que eu entendi, vocês não podem cruzar a fronteira do acordo.

— Não podemos mesmo, sem autorização. — Ele suspira. — Como eles querem te conhecer, autorizaram.

— Vamos, então. — eu disse, me levantando e sendo seguida por Ed e Emm; finjo que não percebi.

— Só nós dois. — Disse Carlisle, fazendo as minhas duas sombras pararem no meio do caminho. Eles quiseram protestar, mas o "pai" deles tratou de os interromper. — Ela estará em boas mãos, fiquem tranquilos.

— Temos que cuidar da caçula, sabe. — Disse Emmett, bagunçando meu cabelo. Reviro os olhos e olho para ele como quem diz eu sou bem mais velha que você. — Isso não importa, você chegou depois, é mais nova.

— Socorro. Vamos? — Viro-me para Carlisle, que assente para mim. Entramos em seu carro e damos partida, estou indo para La Push, a terra de minha mãe. Nunca imaginei que visitaria esse lugar tão cedo. Ainda mais por conta do tratado.

Fazemos todo o trajeto em silêncio. Posso perceber que, por mais que não demonstre, ele também está nervoso. O que aconteceria caso eles não me aprovassem? Será que eu teria que ir embora? Eu não apresento perigo algum, muito pelo contrário. Caso eu me junte a eles um dia, eu seria de grande ajuda. Mas será que eles me aceitariam?

? — Carlisle me chamou, tirando-me de meus pensamentos. — Chegamos.

Descemos do carro apreensivos. Afinal, esse não era nosso território. Por mais que eu pertença a esse lugar, não está nem um pouco na hora de mostrar quem eu sou. Minha mãe era a única mulher, e foi muito rejeitada por acharem que ela era fraca. Caminhamos até uma casa de madeira de aparência simples, porém muito aconchegante. Não precisamos bater, provavelmente sentiram nosso cheiro. A porta se abre e revela um homem de aparência mais velha do que eu imaginei que um metamorfo teria, uma vez que eu me transformei com 17. Era extremamente alto e de músculos definidos. Seus olhos eram negros assim como seus cabelos, cortados bem baixo para facilitar a movimentação na forma de lobo, acredito eu.

— Samuel, boa noite.

— Carlisle. — Sam o saúda, seca e rapidamente, claramente incomodado com a nossa presença ali. Ele olha para mim, esperando alguma coisa.

— Sam, essa é . Recém-chegada em nossa família. — Carlisle nos apresenta cuidadosamente. Assim que cruzo meu olhar com o de Sam, sinto meus pelos se arrepiarem levemente. Então, você é o alfa. Sei que ele não vai estender a mão para mim, então apenas aceno com a cabeça, recebendo o mesmo movimento de volta. Seu olhar para mim é de desconfiança.

— Vamos entrar, o concelho está esperando. — Ele abre a porta para nós, dando espaço para que entremos na casa.

No centro da sala havia 5 pessoas, além de nós 3. Apenas Quil Atera, ou Velho Quil, Harry Clearwater e Billy Black faziam parte do concelho. Os demais eram membros da alcateia; eram eles: Paul Lahote e Jared Cameron. Confesso que fiquei um pouco mexida ao mencionarem o Black. Lembrei claramente das palavras de minha mãe, dizendo-me para confiar nos Black. Assim que sou apresentada a todos, que me recebem com um olhar de desconfiança, começam as milhões de perguntas.

— Seu coração bate e você não tem o cheiro deles. — Afirma Paul. Ele tem cara de esquentadinho, ah, se eu pudesse…

— Sou metade humana.

— Como você se alimenta? — Pergunta Quill.

— Comida normal e sangue. Mas, prefiro comida.

— Então, pela cor dos seus olhos, posso supor que não se alimente de sangue humano. — Dessa vez é Harry quem fala.

— Não. — Mais.

Eles fazem mais algumas perguntas, como o motivo de eu aparecer ali ou a minha idade, nada demais. A única pessoa que não falou foi Biily, ele apenas me encarava, como se procurasse alguma pista em meu rosto. Sorte que não puxei minha mãe em nada, senão, estaria ferrada. Após ponderarem, eles concordam em me deixar ficar, o que foi um grande alívio. Eu só gostaria que deixassem eu frequentar a reserva, mas isso já era pedir demais. Carlisle e eu nos despedimos rapidamente, não tínhamos a intenção de ficar, já testamos o autocontrole de ambas as espécies por tempo demais.

Vamos para casa em silêncio. Dessa vez não era o mesmo que fomos, era mais confortável. Os dois estavam aliviados, dava para perceber. Não saberíamos o que fazer caso me rejeitassem. Não demoramos muito para chegar, mal podia esperar para contar a novidade para todos. 



Ladies and gents, this is the moment you've waited for

— Panic! At The Disco

— Sério que vou ter que ir para o colégio?

— Sim. Como já viram você na cidade e você aparenta ter 17 anos, caso você não for, vão estranhar. — Edward respondeu. Estávamos voltando da caça. Apenas nós dois. Fazemos isso regularmente. Aposto que todos achavam que estávamos juntos.

— Só falar que eu estudo em casa, problema resolvido.

— Você sabe que não é bem assim. Além do mais, como vamos justificar que apenas a filha mais nova do casal não frequenta a escola? — Reviro os olhos, ficando emburrada. — E vai ser legal. Sei que você adora uma atenção. — Dou um meio sorriso. — Carlisle gosta que frequentemos o colégio. É bom para o nosso controle com sangue humano também. Falando nisso, você não me contou sobre aquele pensamento que teve na reserva.

— Como você sabe?

— Você desbloqueia sua mente quando está dormindo. Você ficou pensando que não se alimenta de sangue humano mais.

— Faz muito tempo. — Tento deixar o tom de voz como quem diz: não quero falar sobre isso. — E então… parece que a Ali teve uma visão com a sua futura companheira, é isso? — Tentei mudar de assunto.

— Parece que ela chega no começo do ano letivo. — Ele olha para a floresta, pensativo. Senta-se em um tronco caído no chão, e eu sento-me ao seu lado. — Fico preocupado com o que posso fazer. Dizem que às vezes o cheiro do sangue da pessoa destinada a ficar conosco é muito chamativo. — Ele olha para mim. Seu olhar é de preocupação. — E se eu acabar me descontrolando e atacá-la?

— Bem, isso não vai acontecer. Nem com sede você vai estar, vamos caçar até esses olhos ficarem caramelo-brilhante. — Dou uma piscadinha para ele, que dá uma risada pelo nariz.

— Sabe, por um momento eu acabei achando que ficaríamos juntos. — Sua face é séria e calma. Ele me encara, esperando uma resposta. Confesso que fui pega de surpresa. Fico sem palavras, olhando para seu rosto. Sinto-o se aproximar de mim lentamente.

— Você sabe que seríamos muito mais carnais do que sentimentais, né?

— Eu sei, mas pra mim, basta. — Ele estava cada vez mais perto. Um beijinho não faria mal, não? Fecho meus olhos na medida que ele se aproxima e também fecha os seus. Quando nossos lábios estão quase colados, um animal se move, fazendo barulho nas árvores ao redor. Ele se afasta rapidamente. — Desculpe, eu não sei onde estava com a cabeça. Você deve achar que eu sou um garanhão, não é mesmo? Me perdoe.

— Ei, tá tudo bem. Não que eu me arrependa. Mas você é à moda antiga. Vem, vamos para casa, ainda tenho que arrumar as coisas para ir para o colégio amanhã. — Termino a frase revirando os olhos com a palavra colégio.

— Você é mais velha que eu. Como assim moda antiga?

— Olha, você provavelmente cortejaria alguém e tudo mais. Eu já passei dessa fase faz tempo. O que me lembra que preciso ir até Seattle. Abriu uma casa noturna ótima. — Edward ri da minha fala, como se fosse algo super aleatório de se fazer. — Querido, não é só porque não me apaixono que eu não vou viver a vida, viu...

————————————

Foi horrível começar no final do ano letivo. Tive poucas semanas de aula apenas. Mas bem que Ed tinha razão, cidade pequena o pessoal fica todo animado com uma cara nova. Ficaram em cima de uma maneira que, quando pararam por conta da chegada de Isabella, admito que fiquei feliz. Edward, por outro lado, está extremamente preocupado. O fato de ter a chance de atacar sua futura amada é doloroso para ele.

Caçamos por um bom tempo até que ele se sentisse preparado para encarar esse encontro. Estávamos indo até o refeitório, sentar mesa de sempre, enquanto as pessoas nos encaravam maravilhadas. Sabe como é, aquela "aura" de vampiro que faz como que fiquemos bem mais atraentes.

— Ei, você tem que se acalmar. Todos vocês. Esses olhos pretos aí não vão ajudar em nada.

— Você diz isso porque nunca provou sangue humano. - zomba Jasper. Edward olha de relance para mim, como quem sabe que está presenciando uma mentira.

— Você consegue, Jas, confio em você - diz Alice, confortando-o.

— Prontos? — pergunta Rosalie. Olho para ela, confusa.

— Rose ama entradas triunfais quando há alunos novos, assim as pessoas prestam atenção em nós. E você sabe como ela ama chamar a atenção. - diz Emmett, passando um braço pelos ombros de Rose.

— Ok, vamos. — Rosalie vai na frente. Podemos ouvir que as conversas ficam mais baixas. Alguém está nos apresentando para Bella, por sorte, consegui decorar os nomes rapidamente.

— Quem são? - Bella pergunta com curiosidade, assim que vê Rose cruzando a porta do refeitório.

— Os Cullen. — Angela sussurra.

— São filhos adotivos do Dr. Cullen e sua esposa. Se mudaram para cá do Alasca há alguns anos. — Dessa vez é Jessica quem fala.

— Eles ficam muito na deles. — Angela complementa.

— É, eles estão sempre juntos. — diz Jessica. Bem fofoqueira ela. — Tipo, juntos mesmo. A garota loira é a Rosalie, e o cara com ela é o Emmett. São uma coisa só. Eu nem sei se isso é legal. — Maluca.

— Jessi, eles não são parentes — Angela defende.

— É, mas eles moram juntos, é estranho. — ela responde. — Tudo bem, a baixinha de cabelo escuro é a Alice, ela é bem estranha. Ela está com Jasper, que parece sempre estar com dor. — Ela abaixa para sussurrar mais, como se não pudéssemos escutar: — O Dr. Cullen é pai adotivo e casamenteiro.

— Ele podia me adotar — Angela comenta. Confesso que ri em pensamento. Ah, se ela soubesse.

— E ele? — Bella pergunta, assim que vê Ed entrar no refeitório. Consigo perceber, por mais que ele tente disfarçar, que está tenso e nervoso. Ele nem conhece a garota e está nervoso dessa maneira? Que trouxa.

— Aquele é Edward Cullen. — Jessica anuncia. — Ele é um tremendo gato. Mas parece que ninguém aqui é boa o bastante para ele, quer dizer, uma pessoa só, mas você logo vai ver. Mas eu nem ligo, sabe. — bufa. Sei, não liga. Foram incontáveis vezes que ela deu em cima dele. — Sério, não perca seu tempo.

— Eu nem pensei nisso. — Bella, claro que pensou, xuxu. Bem, está na hora de entrar, penso.

Não sei muito bem como agir em relação a isso, então apenas caminho com confiança até a mesa que estamos acostumados a sentar. Claro que não deixo de prestar atenção na introdução que dão de mim.

— A última é . Ela chegou tem cerca de 6 meses. Ela não foi adotada pelo casal; parece que seus pais sofreram um acidente de avião e ela ficou sozinha. Seus pais eram amigos do Dr.Cullen, então ele perguntou se ela não queria ficar com eles. — Dessa vez, quem me apresentou foi Angela, ela havia feito uma mini entrevista comigo para o jornal da escola.

— Nossa, ela é linda. — sussurra Bella. Obrigada, querida, penso.

— Pior que é. E o Cullen solteiro fica seguindo-a como se ela fosse a última garrafa de água do deserto. — debocha Jessica. Já falei que ela é fofoqueira? Tá bom. — Ela não parece dar muita bola para ele. — Ignoro a conversa que elas iniciaram quando finalmente me sento à mesa.

— Você foi ótima, maninha — brinca Emmett. Reviro os olhos para ele.



— Ei! — Tentei pará-lo. — Por que agiu desse jeito? Você não é assim.

— Você não entenderia — Edward estava transtornado. Dirigiu feito um louco até em casa. Não falava com ninguém. — Você não sabe o quão difícil foi ficar na mesma sala que ela.

— Realmente, eu não entenderia mesmo.

— Então por que diabos está brigando comigo?

— Porque, como eu já disse, você não é assim. Você é todo cordial e educado com todos e com ela foi extremamente grosseiro e mal-educado!

— Eu não sabia como agir, tá legal!? O cheiro dela é tão... Eu não sei. — Estava genuinamente desesperado. Ninguém sabia como agir. Todos observavam calados. Carlisle não estava em casa para ajudar a lidar com um vampiro com uma sede dessa maneira.

— Olha, só vai caçar. Não importa que você acabe com toda a fauna desse lugar. Vai logo e só volte quando estiver com a cabeça no lugar. Pelo amor dos deuses, Edward. — Dou as costas para ele, indo até meu quarto. Sei que fui dura com ele, mas, independentemente dela ser humana ou não, ele a tratou como lixo. Tadinha.

Edward realmente seguiu minha "ordem". Há dias que ele não aparece. Sei que ele está bem, mas temo por seu autocontrole. Quando foi transformado, demorou para aceitar a dieta “vegetariana", e matou muitas pessoas. Só espero que ele fique bem. Bella, aparentemente, percebeu algo errado, ela não para de procurá-lo. Confesso que isso já estava me deixando de saco cheio. Ela ficou obcecada muito rápido, sei que temos uma espécie de charme com os humanos, mas nunca vi algo assim.

Cá estou eu, fazendo meu mantra diário para aguentar mais um dia naquela escola, quando sinto uma brisa gelada entrar em meu quarto, o que é estranho, pois deixo minha janela fechada o tempo todo. Tento voltar a dormir, mas percebo que tem uma claridade estranha entrando pela janela do meu quarto também. Quando viro para me levantar, percebo que tem alguém sentado na borda da minha cama. Não é preciso ao menos abrir meus olhos para saber quem se encontra em meu quarto.

— Caramba, até que enfim, Hein? – digo enquanto abro meus olhos lentamente.

— Nossa, esperava uma recepção mais calorosa vinda de você. — Reviro meus olhos enquanto mostra a língua para ele.

— Vai, sai daqui que eu preciso me arrumar para a aula. E aposto que você também, imagino que mal vê a hora de vê-la.

Optei por usar uma camisa de um tecido levinho, com uma jaqueta de couro marrom. Vesti uma calça preta, colocando uma parte da camisa para dentro, dando um ar despojado. Penteei meus cabelos, fazendo uma nota mental de que deveria cortá-lo quando quisesse me transformar, ou vou ficar parecendo um shih-tzu gigante.

Hoje estava nevando levemente, então coloquei um gorro branco e botas para neve, assim ninguém desconfiaria de meu equilíbrio e da falta de capacidade de sentir frio, como se minha temperatura fosse normal. Rolo os olhos com o pensamento. Claro, minha temperatura beirava os 38 graus, por conta da parte lupina, mas não era quente como minha mãe, que passava dos 40 fácil, ou congelante como meu pai.

Acabo indo para Forks School no carro de Ed. Confesso que acho até melhor que eu não vá dirigindo hoje, pois adoro observar a paisagem coberta de neve. O caminho até o colégio é demorado, mas nem ligo, já que fico o caminho todo olhando para a janela.

O dia passa tranquilo e bem engraçado, pois os humanos não têm o melhor equilíbrio do mundo, então me divirto com vários tombos que o pessoal leva ao tentar mudar de prédio. Estamos sentados na mesa do refeitório, observando Jasper e Emmett tentando secar seus cabelos, acabaram entrando em uma guerra de bolas de neve; quando percebo que Bella está olhando para nós com curiosidade.

— Você tem uma admiradora, viu, Ed? – Chamei sua atenção para a humana. Ele retribuiu o olhar para ela. Nesse momento, voltei minha atenção para a algazarra dos meus dois “irmãos”.

Estávamos no estacionamento, conversando antes de irmos para a próxima aula, quando ouço um carro freando com força. Olho na direção do barulho e percebo que uma mini van se aproxima rapidamente de Bella. Preparo-me internamente para o que vai acontecer.

Porém, como se tudo passasse em câmera lenta, Edward corre em direção ao quase acidente. Joga Bella para baixo e para o carro com uma das mãos. “Fudeu”, penso. As pessoas vão fazer perguntas e teremos que nos mudar. Sempre fazia isso quando começavam a suspeitar da minha idade, então suponho que façam o mesmo por aqui. Olho de relance para os meus “irmãos”, e suas faces só confirmam meu pensamento.

Para a nossa sorte, todos ficam preocupados demais com Isabella para pensar no que realmente aconteceu ali. Logo uma ambulância é chamada, já que o cara que dirigia se machucou e Bella bateu a cabeça.

Estou no corredor do hospital com Rosalie, que está visivelmente alterada, já que Ed quase revelou nossa identidade. Logo ele aparece, seguido de Carlisle. Ela começa a brigar com ele, em voz baixa, mas percebo que estamos sendo observados. Edward vai até ela e nós três vamos embora.

— É questão de tempo para ela descobrir. – digo.

— Sim, ela estava questionando muito. — responde Carlisle, fazendo Rose bufar. — Ela vai aceitar bem. – Olho para Carlisle, confusa.

— Alice teve uma visão, eles vão ficar juntos. Não demorará a descobrir e vai questionar bastante, mas vai ficar tudo bem. – Assinto. Teremos uma nova integrante na família logo menos.

Estávamos caçando, como tem alguns meses que não me transformo, comecei a sentir sede. Edward e eu não estamos nos falando direito. É possível sentir a tensão no ar, um espera o outro dar o primeiro passo. Corremos por entre as árvores, em silêncio. Ouço um barulho, parecendo um cervo, e vou em direção ao som sem pensar duas vezes. Sinto a presença do vampiro atrás de mim. Assim que chego perto o suficiente do animal, viro para a direção de meu seguidor enquanto paro bruscamente, fazendo o peito de Ed chocar-se contra mim. No momento em que nossos corpos se chocam, cambaleio para trás, sendo amparada pelo vampiro, que me segura pela cintura. Nossos corpos estão próximos o suficiente para ele sentir minha respiração.

Tension is building with drinks

I wanna know what you're thinking

Hoping you're getting the hints

Getting more obvious with them

Who'll be making the move?

Feels kinda weird when it's you and I

And I


Sem pensar, nossos rostos se aproximam cada vez mais. Quando nossos narizes roçam um no outro, fecho meus olhos involuntariamente, ao mesmo tempo em que meus lábios se entreabrem. Não demora muito para que eu sinta seus lábios frios tocarem os meus. Uma de suas mãos vai até a minha nuca, trazendo-me para mais perto dele, enquanto aprofunda o beijo. Minha mão sobe instantaneamente para sua nuca, puxando levemente seus cabelos. A outra repousa em seu peito. Sinto meu corpo ser prensado com força em uma árvore, força essa que machucaria gravemente qualquer humano. Sua mão escorrega para dentro da minha blusa, dando um choque de temperatura, uma vez que eu sou levemente mais quente que um humano normal.

Our bodies tangled tight in the purple light

We're making love, passed out, we look so damn good tonight

And Sunday's shining in, feel the shame coming

You don't belong to me

Are you gonna tell her?


— Are u gonna tell her, Tove Lo


A mão livre desce pela minha perna, dando-me impulso para que eu possa entrelaçar minhas pernas em volta de sua cintura. Edward percebe que estou ficando sem ar, então decide separar nossos lábios e começa a beijar e morder meu pescoço, arrancando alguns suspiros altos de mim. Puxo seu cabelo com força, fazendo sua cabeça ir levemente para trás, quando trocamos um olhar cheio desejo. Seus olhos estão escuros como a noite, mas ao mesmo tempo em chamas pelo que estamos fazendo. Sem pensar duas vezes, puxo-o pela nuca, juntando nossos lábios novamente em um beijo ardente. Sua mão livre vai até a barra da minha blusa novamente, fazendo menção de levantá-la.

Nesse momento, foi como se uma chave fosse ativada em minha cabeça. Reúno todo o meu autocontrole e, com muita dificuldade, interrompo nosso beijo enquanto desço de sua cintura. Ele olha para mim com uma leve confusão estampada em seu rosto.

— Eu fiz algo de errado? – ele perguntou. Era possível ver que, apesar de ser um vampiro, ele estava levemente ofegante.

— Longe disso. — Mordi levemente meu lábio. — Mas, você tem a Bella. Posso adorar ficar me envolvendo com outras pessoas por uma noite, mas não aceito traição. Isso não pode continuar. Vocês podem não estar juntos agora, mas todos sabemos que isso vai acontecer, então prefiro encerrar isso agora. – eu disse, rindo pelo nariz. — Como eu vi uma vez em algum lugar, posso ser piranha, mas sou uma piranha com princípios. — terminei, dando uma risada sem graça enquanto arrumava minha roupa e meu cabelo. — Mas, se quer saber, você está no caminho certo. Aposto que ela vai adorar. – termino de falar, piscando para ele.

— Sabe, foi o meu primeiro beijo. – Ele ri de mim. Provavelmente estava com uma cara de descrença. Como era possível ser o primeiro beijo dele e já ter toda essa pegada? — Ei, não me olhe assim, eu sou da moda antiga, sabe. Você viveu sua vida de uma forma bem livre, por mais que sozinha, tem a mente aberta. Por isso quis que fosse com você. Eu estava pensando em fazer isso com Bella. Logo ela descobrirá tudo e poderemos ficar juntos. Sei que o beijo acabará acontecendo, mas estava com medo de perder o controle.

— Fico honrada em saber que confia em mim para isso. E não pense que fico chateada em saber que queria "praticar" antes de beijar Isabella, foi uma boa ideia, até porque, se você amassou o tronco da árvore comigo, imagina com ela. Tente se controlar, ou vai ficar sem namorada antes mesmo dos primeiros meses. — Andamos lentamente por entre as árvores.

— Será que posso pedir para que isso fique entre nós? 

— O quê, o beijo? — Ele assente. — Minha boca é um túmulo, vai ser o nosso segredinho, gato. — Pisco novamente, fazendo-o gargalhar. — Vem, vamos embora.


Continua...


Nota da autora: Sem nota.

Nota da bethinha 🧚‍♂️: O EDWARD PREOCUPADO EM MACHUCAR A BELLA ANTES MESMO DELA CHEGAR NA CIDADE, QUE FOFO! Adoro que a Mari mantém Beward canon tanto aqui como em She Wolf haushuahuhjs muito fofo!! Amo meu casal de sonsinhos.
Achei a atitude do Edward de querer beijar a pp muito lógica, by the way. Imagina ter 117 anos e não ficar com ninguém?! O coitado deve estar numa seca tremenda. Claro que ele ia tentar algo com a pp, até porque, ela é braba demais hahahaha. Eu também acharia que seria ela a pessoa destinada a mim se estivesse no lugar dele. Esperar deve ser um saco, viu. Me recuso a acreditar que ele passou esses anos todo sem pegar ninguém, só porque sentia que ia encontrar a alma gêmea querida. Eu não aguentaria isso não, misericórdia. Bem que o universo enviou uma parceira bem foguenta pro Edward, pq ninguém merece ter mais de 100 anos e ficar encalhado. Isso aí tá com nada. Sou igual a Bella, me humilho mas não passo fome. Amoh
Também achei fofo demais a pp preocupada que o Ed foi super grosso com a Bella na primeira interação deles hahahahaha ela dizendo que a menina não merecia aquilo foi fofíssimo, pelo menos alguém tem que pôr sensatez na cabeça desse menino, né?!
E, cara, fiquei CHOCADA com essa última cena. O QUE FOI ESSA PEGAÇÃO, MEU DEUS?! EU REAL NÃO ESPERAVAAAAAA KDJSKJKDJK! Mas confesso que AMEI, o jeito que a Mari escreve cenas românticas é muito bom. Consigo ver a cena claramente e ainda sentir a emoção junto dos personagens. E essa música de referência????????? “ARE YOU GONNA TELL HER?” EEEEITAAA QUE EU SENTI O CLIMÃO, HEIN?! Será que o Edward vai continuar tendo sentimentos pela pp mesmo depois de se envolver com a Bella? 👀 tô curiosíssima pra saber.
Ai, a pp puxando o cabelo do Ed e ele ficando todo ofegante foi 🫦 🫦 🫦 🫦 🫦 🫦 🫦 🫦 MUITO BOM. ADOREI! AHSUHASUHDSJDHAJ obrigada mesmo, Mari, por colocar uma cena de pegação desses dois antes do Ed virar cadelo da Bella, é tudo que eu poderia pedir 🙏🏻 vai que é tua, Eduardão


Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.