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Revisada por: Sagitário

Última Atualização: 4/1/25
O dia


Com as mãos firmes no volante do automóvel, dirigia pelas ruas desertas de uma Los Angeles na madrugada. Passou por alguns sinais amarelos, quase ficando vermelhos, mas não se importou. Seu foco estava em seu destino. Piscou algumas vezes, apoiando o cotovelo no encosto do vidro e levou as costas dos dedos até a boca, mordendo o local e sentindo o seu coração bater de um jeito mais rápido.

O loiro era acostumado com isso, receber uma ligação ou uma mensagem, avaliar o pedido, planejar e finalmente sair. Assim que chegava ao local, tudo era muito rápido. Pegava a arma que estava no cós da sua calça e invadia, colocando uma bala na cabeça da pessoa, que era o seu trabalho. Ele era o melhor, ele sabia disso.

— Que merda! — resmungou ao dar um tapa na direção e imediatamente sua mão ardeu.

Acelerou querendo chegar ligeiramente. Se pudesse, o rapaz mentalizava e gostaria de se teletransportar. Engoliu em seco, negando com a cabeça e pensando em como ele deixou as coisas chegarem a esse ponto. não se apaixonava, apenas dormia uma noite com a garota e, no dia seguinte, saía antes que ela acordasse.

Virou a direção, fazendo uma curva mais acentuada e os pneus cantaram. Segundos depois, estacionou bruscamente em frente ao hotel e deu uma olhada na entrada. Pegou o celular que se encontrava no banco do passageiro, e ao lado, sua pistola favorita, silenciosa e ágil. Checou as balas. Tudo perfeito.

“Oi, cheguei!”

Enviou ao soltar um suspiro baixo. Abriu a porta e logo que colocou os pés pra fora, guardou a pistola na parte de trás da sua calça jeans preta. Da mesma forma que a parte debaixo, usava uma camisa de manga comprida da mesma cor. Passou as mãos pelos cabelos loiros, levemente ondulados, os jogou pra trás.

“Oi. Estou na recepção. Pode vir.”

Caminhou em passos apressados até a entrada do hotel e deu uma olhada no prédio, era alto. Conteve outro suspiro, as portas automáticas se abriram, e adentrou pelo hall. O saguão era enorme. Com sofás espalhados pelas laterais, paredes brancas e altas. Elevadores panorâmicos, um lustre que com certeza custava uma quantia que demoraria a vida para juntar.

— Você demorou — o rapaz do outro lado do balcão disse, ele usava o que parecia ser o uniforme do hotel.

— Oi, Milan. — O outro deu um sorriso rápido, sentindo os músculos do rosto doerem. — Você tem a chave?

O cartão foi colocado em cima da bancada e o pegou sem pensar duas vezes, caminhou em direção ao elevador, sem esperar que o amigo falasse qualquer coisa. Há horas, havia recebido uma proposta em seu celular e, devido aos acontecimentos dos últimos meses, ele precisava fazer aquilo. Apertou o botão, ouvindo um soar e as portas se abriram, entrou e olhou para o cartão em suas mãos.

Apertou o 12º andar.

Mordeu o próprio lábio inferior enquanto as portas se fechavam diante dos seus olhos e respirou fundo. Enquanto seu corpo era carregado pra cima, naquela caixa metálica, tudo em que conseguia pensar era em como seu coração estava na boca, seu estômago enjoado e a boca seca. No entanto, acabaria com aquilo em questão de segundos.

Ao chegar no andar indicado no cartão, pegou a pistola do cós da calça e caminhando pelo corredor, checou se ela estava carregada novamente. Não poderia cometer erros, de maneira nenhuma poderia cometer erros.

Engoliu seco e respirou fundo, se aproximou mais da porta e se preparou para passar o cartão e abri-la. No entanto, se encontrava um pouco aberta, encostada. Franziu o cenho e colocou um pé pra frente, seu instinto gritou. Uma das suas mãos foi pra baixo da outra, e manteve a arma em punho apontando para onde seu nariz também apontava.

Um passo pra dentro, o breu. Virou o corpo para a esquerda, corredor. Não conseguiu visualizar muito, afinal, estava escuro. Deu mais um passo, tentou ao máximo controlar a respiração.

E de novo se moveu para a direita, ao seu lado um espelho e viu que a porta dava para um quarto, provavelmente. Um passo, e sentiu algo bater em seu nariz com tanta força que cambaleou pra trás, e no mesmo instante levou uma das mãos até o local, tendo a sensação de que estava molhado.

Bateu as costas na porta, a fechando com rapidez. Não teve tempo de pensar. Punhos foram direcionados a sua face, de um lado, do outro, as maçãs do rosto doeram, os olhos do rapaz fecharam. Com o mínimo de concentração, chutou o pé da pessoa, a ouvindo gemer de dor e foi a vez de ele partir pra cima. Levou as mãos no pescoço e dessa forma, cambaleou até a cama, caindo por cima do outro corpo.

— Sai de cima de mim! — gritou.

caiu pro lado, a luz do cômodo foi acesa. Seus olhos doeram, seu rosto doía e sabia que o nariz estava sangrando. Engoliu seco a vendo ali, por mais que tivesse certeza de que a encontraria. Ela era a sua missão.

?




3 meses antes



— Finalmente chegamos. Você estava louco pra sair de casa, né? Eu também. — Assim que desligou o Jeep, olhou para o dálmata ao seu lado e acariciou a cabeça do cão, que estava com a boca aberta. — Vamos!

Saiu pela porta do motorista e esperou pelo cachorro, pegou a guia em mãos e o segurou firmemente. Por mais que tivesse ensinado Harvey a fazer tudo, e ele era bem obediente e comportado, não confiava em outras pessoas que traziam os seus cachorros ao parque.

O céu estava limpo, uma brisa amena balançava as folhas das árvores. O parque se encontrava cheio, no entanto, era um movimento apreciável. caminhava com seu cachorro ao seu lado, passou por todo o estacionamento até que chegasse na grama, riu ao ver Harvey cheirar alguma coisa e erguer o rabo pra ele.

— Você fez xixi antes de sair de casa. Qual é o seu problema? Podia não ter feito no meu all star favorito — resmungou o loiro.

Enquanto o cachorro cheirava a grama e parecia estar entretido em alguma coisa, o humano sentiu o vibrar do celular no bolso da sua bermuda e tirou o aparelho, vendo uma mensagem no visor.

, aceita ou não trabalho? É hoje!”

Já havia feito algo ontem. Suspirou, mas a curiosidade era muito maior. O desejo de sentir a adrenalina correr pelas suas veias, a sensação de estar colocando o fim na vida de alguém que merecia.

“Aceito”

— E aí, vamos? — Ouviu uma voz e levantou o rosto ao guardar o telefone.

Harvey latiu e riu, concordou com a cabeça, indo em direção ao dono da voz e o viu com algo nas mãos.

— Trouxe um frisbee pro Harvey hoje. Ele sempre rouba a nossa bola de vôlei. Oi, Harv!

cumprimentou Theo com um aperto de mão rápido, seguido de toques ligeiros com os seus polegares e depois a junção dos seus mindinhos. Faziam isso desde o Ensino Médio.

E Theo não fazia ideia do que o melhor amigo era de verdade.

sempre mentiu. Dizia que trabalhava com computadores em casa para uma empresa internacional. Ótimo. Nunca precisou responder muitas perguntas.

Caminharam lado a lado e soltou Harvey da guia, viu o cachorro abanar o rabo pra ele e olhar para Theo, que estava com o frisbee nas mãos. Deu risada disso, deixando a guia do cão próxima a árvore e notou o amigo jogar o brinquedo distante e o cachorro saiu em disparada.

— Ele adora o tio Theo — brincou e viu o amigo fazer uma careta rápida.

Na maior parte do tempo, brincavam de toquinho no vôlei, algo bem simples. Começaram jogando a bola um pro outro e por diversas vezes, Harvey trouxe o frisbee até Theo fazendo com que ele jogasse.

— Vou jogar uma séria agora — Theo anunciou.

— Não. — Riu.

A força que Theo colocou na bola, fez com que fizesse o mesmo. Deu um corte com o punho fechado, fazendo com que a bola tomasse força e velocidade através de um destino desconhecido.

— Cacete! — o loiro disse mais alto ao ver a bola bater na cabeça de uma garota.

Se aproximou ligeiramente e quase tropeçou nos próprios pés. Quando deu por si, se encontrava ao lado dela, a vendo passar uma das mãos na parte de trás da cabeça e ela fazia uma careta linda. Suas covinhas apareciam, seu cabelo escuro se encontrava em movimento e a forma como as bochechas estavam coradas.

— Desculpa. Você está bem?

Harvey se colocou ao lado de e deu um latido. A garota tirou os olhos de um ponto qualquer e sorriu ao ver o dálmata que se aproximou mais dela, pronto para receber um carinho entre as orelhas, como gostava.

— Ele é seu? — Seus olhos vieram até o loiro.

— Sim. Harvey. Harvey... essa é...

Queria muito saber o nome dela.

O riso da mulher na sua frente tomou conta do ambiente e ela agachou para que pudesse acariciar Harvey melhor.

. Oi, Harvey. Eu sou a . — Fez uma voz fina ao falar com o cachorro.

mordeu seu próprio lábio inferior de leve contendo uma risada fraca. Observou-a se levantar e entrelaçou os dedos.

— Me desculpa pela bolada. De verdade. — Se abaixou a fim de pegar a bola.

— Tudo bem, valeu a pena. Seu cachorro é legal.... — Deu uma piscada antes de se virar.

O rapaz ficou parado por alguns instantes apenas a observando, acabou rindo.

. Pode me chamar de . — Riu ao falar mais alto.

fez positivo com o polegar, porém continuou andando em direção a sua amiga, perto de uma árvore e se sentou ao lado dela, dando um suspiro profundo.

— Quem é aquele loiro gostoso? — a outra indagou após beber um gole de água.

— O nome dele é . Levei uma bolada na cabeça, você não viu? — A olhou com o cenho franzido.

— Desculpa. Eu estava respondendo uma mensagem. — Mostrou o celular e riu — Vou sair com o Tyler hoje — disse ela, animadamente.

— Yaay! Mais uma noite sozinha no apartamento. — A morena fingiu desânimo, mas de fato estava, nem que fosse um pouco.

— Você pode sentar naquele loiro ali, amiga. — Piscou e imediatamente abriu a boca e gargalhou.

— Você não presta!

————



Cerca de três dias depois, acordou atrasado para uma consulta no oftalmologista. Há meses vinha adiando, tendo em vista que odiava qualquer coisa com olhos. Lavou o rosto na velocidade da luz, assim como escovou os dentes e colocou uma roupa qualquer.

Deixou Harvey dormindo na sua cama quentinha, e saiu em disparada em direção ao consultório do médico, que o atendia desde pequeno. Assim que chegou, percebeu que não estava tão atrasado quanto achou, de acordo com a secretária.

— Senhor pode se sentar, por favor. Nós chamamos — uma delas falou, sorridente.

Apenas concordou com a cabeça e se direcionou a um dos sofás, observou pessoas folheando revistas, mexendo em celulares ou tablets. Esperou pacientemente ser chamado, e fez o exame como sempre fazia. Pingou o colírio da morte, como ele chamava, pelo menos duas vezes e depois fez tudo que o médico havia mandado.

— Está tudo bem, . Aqui a receita para um novo par de óculos, se quiser, pra leitura. — O médico colocou um papel sobre a mesa e apoiou as mãos. — E a sua mãe, como está?

— Ótima. — Guardou o papel no bolso, sem conseguir ler uma palavra sequer. — Hã, nos vemos ano que vem, doutor.

Apertou a mão dele e em passos rápidos, e cambaleantes, deixou o consultório. Se apoiou na parede antes de chegar à porta e notou uma conversa na recepção. Continuou caminhando e se direcionou à saída, mas seu corpo foi de encontro à porta fechada.

do Harvey?

Uma voz conhecida ecoou em seus ouvidos e ele se virou vendo a garota que encontrou no parque dias atrás.

— Oi. Sim.

— Obrigada por marcar tão em cima da hora assim. Até.

O rapaz caminhou para fora e fechou os olhos, tropeçando no canteiro e quase caindo pra frente, mas pode segurar em um poste de luz. se aproximou rindo e o olhou.

— Tá tudo bem?

— Sempre que eu dilato a pupila, fico totalmente inútil. — A olhou sorrindo.

Ela correspondeu ao sorriso dele no mesmo instante, fazendo com que o coração de triplicasse os batimentos.

— Você está dirigindo? Quer ajuda?

— Não precisa. Sim, estou. Eu vou... nem pensei nisso. — Uma careta se formou no rosto do rapaz e riu.

Notou as sardas no rosto dele, como eram evidentes e chamavam a atenção. Eram tão fofas.

— Larga de ser doido. — A mulher bateu na mão do rapaz, fazendo com que a chave pulasse e fosse para a mão dela, ficou intrigado. — Eu te levo pra casa. Ou pra onde você quiser.

Sem pensar muito, o loiro olhou no relógio de pulso e soltou um suspiro exacerbado fazendo com que a garota a sua frente gargalhasse.

— São mais de meio dia, senhor .

— Ótimo. Você almoça comigo.

— Pelo jeito não tenho escolha. — Foi a vez de ela fazer uma careta e os dois riram juntos.

Trocaram olhares assim que se aproximou de e tocou na pele dele. Fez com que seus braços se entrelaçassem e dessa forma, andaram pela calçada até que ele os guiasse em direção ao seu automóvel. Uma vez dentro do carro, o loiro colocou o cinto e a morena deu a partida, mas seus olhos foram em direção ao painel.

— O que... O que é isso? — riu.

— O que? Não. Não olha.

— Não, espera. ? Shakira? Britney? Eminem? O que você ouve?

Tirou o carro dele da vaga com uma manobra rápida enquanto ria, e o rapaz apenas negou com a cabeça, com um sorriso nos lábios sem saber o que falar.

— Onde quer almoçar?

Notou ela parar atrás de uma van branca e suspirou, fazendo um biquinho.

— Five Guys? Espera, nosso primeiro encontro não pode ser no Five Guys.

Manteve um sorriso sapeca nos lábios assim que se virou para olhá-lo e recebeu um tapa, nada dolorido, no ombro. Ela voltou a dirigir e a música de Britney Spears tomou conta do ambiente.

Talvez a escolha para o primeiro encontro, de acordo com ele, poderia ter sido outra. Várias crianças se encontravam dentro do local, junto com as suas respectivas famílias, falavam alto, gritavam e corriam pelo estabelecimento enquanto comiam.

e sentados um de frente para o outro, com as suas bandejas, não conseguiam se ouvir enquanto tentavam conversar sobre qualquer coisa. A mulher riu, tapando o rosto com as mãos e mordeu o lábio inferior de leve, o fitando logo depois.

— Você é péssimo.

— Desculpa.

Uma batata frita foi jogada na direção do loiro, ele tentou abrir a boca e comê-la, mas acabou batendo no queixo e caindo em seu colo.

— Batata frita é ouro, ! — protestou ele ao pegar o alimento em seu colo, e trazer até a boca.

— Dramático. Certeza de que você é pisciano! — Ela apontou pra ele com uma batata em mãos.

Comeu ligeiramente ao passo que pegava o hambúrguer e dava uma mordida generosa.

— Então... — Sabia que aquela pergunta seria feita mais cedo ou mais tarde, ele preferia começar. — O que você faz?

Observou a forma como ela colocou a mão em frente à boca, terminando de mastigar, e bebeu um pouco do refrigerante em seguida.

— Meus pais são donos do N’Cookies e trabalho com eles, atendo clientes, mas também lido com a parte mais burocrática. Até com a matemática.

— Espera! — o loiro levantou uma das mãos.

Piscou algumas vezes antes de voltar a falar.

— Seus pais são donos do N’Cookies? Eu comia lá uma vez por semana, aí acabei me mudando e... — Fez uma careta rápida. — Enfim, os cookies são incríveis.

— Eu sei. Os melhores. — Antes de morder o hamburguer novamente, o fitou — E você?

— Trabalho em uma empresa internacional, na área de construção de sites. É o tempo inteiro no computador, mas eu gosto. — Deu de ombros e comeu mais da batata.

Estava tão acostumado em mentir que não sentia mais nada. Arrependimento? Jamais.

— Parece ser superdivertido — brincou — Mas falando sério, você tem cara de nerd, então... faz sentido.

Sustentaram o olhar por longos segundos. Ambos estavam gostando da companhia um do outro e queriam que, aquele primeiro encontro, como chamava, pudesse durar um pouco mais.

O celular de vibrou em cima da mesa e a morena pegou, após deixar o hamburguer no fim por ali ao lado das batatas.

“Mikey Petersen está na cidade. Quer o serviço ou devo pedir a outro?”

“Aceito. Me passa os dados depois”

Mordeu a parte interior da sua bochecha e olhou para o loiro a sua frente. que tinha o canto da boca sujo de ketchup, e deu risada disso.

— Você está...

Ele franziu o cenho sem entender. A morena levou o dedo até o local indicado, limpando com delicadeza e sorriu o encarando.

— Me conta, como está o Harvey?


Algumas horas mais tarde a visão de estava melhorando, mas ainda sim insistiu que dirigisse até a residência do rapaz. Foram conversando o caminho inteiro sobre assuntos fúteis e chegaram a uma conclusão que o verão era muito melhor do que o inverno em diversos aspectos.

— É aqui — ele disse ao apontar para fora.

Prontamente a garota encontrou uma vaga para o automóvel dele. Estacionou, e assim os dois saíram ao mesmo tempo e se aproximaram da entrada do prédio. recebeu as chaves do carro em mãos e sorriu.

— Foi muito divertido hoje, . Apesar de que eu odeio exames no oftalmo!

— Fico feliz!

O coração dela batia forte como nunca havia batido. O dele também. Talvez os corações de ambos batessem no mesmo ritmo, mas eles nunca iriam saber. A mulher mordeu seu próprio lábio inferior, sentindo certo nervosismo tomar conta do seu corpo, no entanto, deu um passo em direção ao loiro.

Sem pensar duas vezes, se curvou e fechou os olhos. Torceu para que não estivesse passando de nenhum limite. Ele queria beijá-la, queria beijá-la desde a primeira vez que se viram no parque.

O selinho foi delicado de início. Todavia, levou as mãos até os ombros do rapaz após se colocar na ponta dos pés, ele era um pouco mais alto do que ela. Assim, abriu a boca, sentindo a língua dele encostar na sua e, dessa forma, entregaram-se ao beijo intenso e demorado. Era como se estivessem combinado de fazer aquilo.

se sentia nas nuvens. Seu coração batia descompassado, e suas mãos demoraram um pouco para firmar na cintura da garota, mas assim que conseguiu, o beijo fluiu como se fizessem isso há tempos. Ao partir o beijo, ainda de olhos fechados, demorou pra se afastar dela.

— Preciso ir...

— Você não quer... — Engoliu seco ao abrir os olhos e apontou para a entrada do seu prédio.

Em um gesto rápido, pegou o aparelho que estava no bolso dele, pediu que ele destravasse e assim que ele o fez, adicionou seu nome na lista de contatos: “Minha motorista favorita” e devolveu o aparelho nas mãos dele.

— Você pode me ligar quando quiser fazer de novo.

gargalhou com o aparelho em mãos e concordou com a cabeça enquanto observava ela se afastar pela calçada, em poucos passos, não conseguiu mais vê-la, deu um suspiro, tombou a cabeça pra trás e abriu uma conversa com ela.

“Ei, só checando que você me passou seu número e não de outra pessoa. É o !”
Se achou a pessoa mais idiota do mundo, e enquanto entrava no prédio e subia as escadas, recebeu uma notificação que fez com ele parasse de andar no mesmo instante e olhasse para a tela do celular.

do Harvey ou o que beija muito bem?”

Um arrepio percorreu a sua espinha ao ler a mensagem dela falando que ele beijava bem. Riu e subiu as escadas ligeiramente, querendo chegar em casa logo. Prontamente, ao abrir a porta, Harvey correu até ele e pulou em sua perna, lambendo a sua mão.

— Oi, filho. Tá com fome? — Guardou o aparelho no bolso da calça jeans.

O acariciou na cabeça e caminhou até o armário onde guardava a ração do cachorro, mas fez tudo isso com um sorriso bobo nos lábios. O que estava acontecendo com ele? Decidiu deixar que o dos próximos minutos lidasse com isso.



1 mês antes




Cerca de dois meses depois de terem se conhecido, e não conseguiam se desgrudar, a não ser que fosse extremamente necessário, algo relacionado ao trabalho de ambos.

Faziam tudo juntos — dormiam na maior parte do tempo na casa dele, faziam o café da manhã juntos, iam passear com Harvey juntos e acabavam fazendo compras para o dia também juntos. O casal se encontrava apaixonado, eram aquele casal que andava de mãos dadas ou sempre estava com o braço ao redor da cintura de .

— É sério isso? — Theo franziu o cenho ao olhar para , que estava parado próximo ao aparelho que usava na academia.

O loiro apenas concordou com um aceno rápido.

— Você vai pedi-la em casamento?

— Vou. Hoje. No nosso restaurante favorito.

— Five Guys? — O outro franziu o cenho.

nunca poderia contar a o que realmente fazia pra viver. A mulher jamais saberia que ele recebia por colocar o fim na vida de pessoas que mereciam morrer e a companhia para qual trabalhava que designava os nomes e ele somente fazia a parte suja. A parte que ele achava que era bom fazendo, tendo em vista que nunca tinha sido capturado e nem tinha passado perto de ser considerado suspeito pela polícia.

— Lá mesmo.

Enquanto o amigo terminava o exercício, se virou de costas e tirou o aparelho celular da bermuda e suspirou antes de teclar a mensagem.

“Quer jantar no Five Guys hoje?”

Sentiu uma dor no pescoço e ombros como se toda a tensão estivesse dando as caras naquele momento depois da tensão de colocar para fora, contando ao melhor amigo, a respeito do que queria fazer. No entanto, sabia que não era só isso.

Na noite passada, ele havia feito um trabalho na cobertura de um magnata que trazia armamento para o país, e os seguranças do velhote lhe deram mais trabalho do que ele imaginava.

Ao se virar para Theo, viu que o rapaz conversava com uma garota ao lado do aparelho e riu disso, negou com a cabeça e seu celular vibrou em sua mão.

“Five Guys? Com crianças chorando, berrando e vomitando? Tá marcado. Que horas, ?”

riu e seu corpo se arrepiou com a forma que ela usou seu apelido. Mordeu a parte interna do lábio e ligeiramente digitou a resposta.

“Posso passar pra te buscar às 20h?”

Minutos depois, ao pegar uma garrafinha de água ne geladeira, recebeu a confirmação em seu celular a respeito do encontro de logo mais com . Seu coração batia forte e sabia que precisava se preparar para o pedido, afinal, seria a noite mais importante da sua vida.

Ao chegar em casa, depois de jogar as chaves do apartamento dentro de um bowl que ficava na bancada da cozinha, sentiu seu celular vibrar e pegou o aparelho pensando ser .

Era uma notificação avisando que um dos seus maiores alvos estava chegando na cidade e se dirigindo para um hotel famoso no centro. Engoliu seco e tombou a cabeça para o lado.

— Merda!

Apertou dois números na tela e colocou o celular próximo a sua orelha. Do outro lado, uma voz masculina atendeu.

.

— É ele? — Caminhou para o interior do apartamento.

Acariciou Harvey que veio correndo, abanando o rabo e se abaixou, sentindo o cachorro lamber a sua mão.

— Vamos te mandar a localização e o horário. Esteja lá.

— Droga! — resmungou assim que a chamada foi desligada.

Imediatamente pensou em . Qual desculpa usaria? Nunca havia desmarcado com ela. Não gostava disso. No entanto, pensou: como se casaria com alguém sem que ela soubesse o que ele faz? Seu maior segredo?

E se ele contasse?

Colocou a ração pro cachorro enquanto pensava no que faria nas próximas horas. Ainda não havia mandado nenhuma mensagem para , todavia recebeu a localização e o horário dos seus superiores.

Quinze minutos antes do horário previsto, parou o carro no estacionamento ao lado do hotel, um prédio comercial igualmente alto. Olhou pelo retrovisor e o local parecia deserto, observou o arredor e mordeu o próprio lábio inferior enquanto saia do carro e se dirigiu até o porta-malas.

Tudo separado. Sorriu com a inteligência e sagacidade do do passado, que fez com que o do futuro deixasse tudo pronto. Colocou a mochila nas costas, ajeitou as alças e em passos calmos andou até a porta de trás, próxima aos lixos, no entanto elas estavam fechadas. Tirou de dentro do bolso da calça, um grampo e colocou na fechadura, um clique depois, a porta se encontrava aberta.

No instante em que entrou, percebeu a escuridão e engoliu seco. Se moveu lentamente, tentando não fazer barulho com os pés e notou que era uma cozinha. Passou entre fogões, as mesas e viu que haviam deixado utensílios domésticos que se caíssem, fariam barulho. Ao chegar na porta que estava apenas encostada, a abriu e olhou para os dois lados. Era um corredor escuro.


Andou por ali, não havia nenhuma câmera na parte superior da parede, chegou na parte do fundo e no lado esquerdo viu a porta que provavelmente era das escadas, mas essa porta era pesada. Quando se aproximou, fechou os olhos e puxou a porta, ouvindo um rangido e entrou. Podia ouvir a própria respiração e passou a língua pelo lábio superior, foi pra se movimentar e subir as escadas e um barulho fez com que ele parasse.

— Merda — resmungou e pegou o aparelho dentro do seu bolso.

O barulho parecia mil vezes maior por estar em um local com escadas, o eco fez com que seu coração batesse mais forte. Viu uma mensagem de .

“Oi, lindo. Vou me atrasar!”

Franziu o cenho e se preparou para teclar a resposta, mas os pontinhos apareceram e ela estava digitando algo. Esperou.

“Prometo te recompensar.”

Um riso fraco saiu entre os seus lábios, digitou ligeiramente e colocou o aparelho no silencioso.

“Tudo bem. Vou cobrar.”

voltou a subir as escadas e não demorou para chegar no andar pretendido. Inspirou fundo várias vezes, tentando normalizar a respiração e riu de si mesmo ao abrir a porta e se deparar com outro corredor. Olhou para os lados, um pouco distante havia uma janela, porém fechada e do outro um quadro enorme na parede que não conseguiu distinguir.

Checou a placa, vendo em qual andar estava e era o correto. Saiu pelo corredor, colocou a mochila de lado em seu corpo e dentro de um dos bolsos pegou o grampo e pela segunda vez naquela noite conseguiu abrir uma porta sem maiores problemas.

O escritório era gigantesco, com uma mesa comprida no meio dele, janelas igualmente grandes e espaçosas, era exatamente isso que ele precisava. Fechou a porta e empurrou um dos móveis que estava por ali a fim de, se alguém aparecer, ele tivesse mais tempo pra conseguir sair. Se aproximou da janela, a abrindo e permanecendo no escuro.

Armou o tripé para o rifle, que foi montado em questão de minutos e posicionou-se atras dela, conseguindo uma boa visão do quarto no outro prédio e sorriu com isso. Colocou a mão dentro do bolso da calça jeans, tirou um chiclete e jogou o doce dentro da boca. Novamente, olhou no local correto, que dava uma visão do quarto do outro lado.

Engoliu seco e mastigou o chiclete, seu dedo se encontrava no gatilho e seu corpo posicionado pra frente.

— Cadê você, seu puto? — murmurou baixo.

Por ser uma arma tecnológica, mesmo com as cortinas fechadas parcialmente no outro prédio, ele conseguia senti-lo. A arma dizia isso. Mas também sabia que outras pessoas se encontravam no quarto junto com ele, precisava ser direto e de forma alguma errar o seu alvo.

No entanto, algo chamou a sua atenção. O loiro franziu o cenho e direcionou a arma para o andar debaixo ao do seu alvo. Viu alguém subindo as escadas ligeiramente, tendo em vista que dali ele conseguia ver. Sentiu o bater do seu coração aumentar e mastigou o chiclete mais fortemente.

— Que merda é essa?

Focou no corpo da pessoa, a vendo subir mais um lance de escada e pôde perceber que era uma mulher, que usava uma máscara que cobria todo o seu corpo. A raiva predominou em seu corpo e não pensou duas vezes antes de atirar na direção dela, quebrando o vidro da janela em pedacinhos e atingindo a parede próxima a ela.

Quase instantaneamente, ela parou, sem ser atingida e fez o mesmo. O rapaz se abaixou, mas sentiu os cacos de vidro caindo em seu corpo e cabeça, a tapou com as mãos, tentando se proteger.

— Otária!

Agachado, andou até a sua mochila. Pegou a sua pistola favorita e colocou-se de costas para a parede, pronto pra se levantar. Mas, antes, pensou que os seguranças do homem que queria matar poderiam estar alertas por conta da troca de tiros, inclusive, os seguranças desse prédio no qual ele estava.

Não ligou de deixar o tripé, apenas guardou o rifle, da mesma forma que trouxera antes e a pistola. Colocou a mochila nas costas depois de engatinhar até a porta, empurrou o móvel que havia colocado na porta e saiu. Tudo tranquilo, caminhou novamente até as escadas.

A mulher fazia o mesmo, deixou a mochila que usava pra trás, jogando-a em um lixo qualquer e fez o mesmo com a roupa ao puxar o tecido, ficando com um vestido preto, colado em seu corpo e com um all star da mesma cor. Suspirou ao ouvir passos vindos do lado de fora, decidiu se sentar, pegou um cigarro no bolso e o acendeu com o isqueiro que estava no outro.

A porta das escadas abriu abruptamente, a mulher soltou a fumaça entre os seus lábios e viu vários homens portando armas, subindo as escadas, passando por ela. Até que um deles, parou e a olhou.

— Sabe que aqui não pode fumar, não é, senhorita?

— Mas fumar me excita — respondeu ela, antes de tragar novamente.

Soltou uma risada fraca e divertida, logo colocando-se em pé. Tocou o rosto do homem com o dedo indicador e concordou com a cabeça.

— Tem razão. Desculpa. Já vou. — Sua voz era calma e baixa, notou a forma como ele a olhava.

Mordeu seu próprio lábio inferior antes de sair e jogou o cigarro no chão, pisando e saindo do local. Seus olhos ficaram incomodados por uma luz mais forte no hall de entrada, olhou para os lados e notou a movimentação no hotel. Não sabia se teria outra chance. Pegou seu celular e colocou a mão na orelha, checando se usava a escuta.

— Oi. — Uma voz feminina atendeu.

— Não consegui.

Silêncio.

— E qual seria o motivo?

— Alguém me atrapalhou. Não sei, um rapaz. Ele estava no outro prédio, atirou em mim propositalmente, parece que ele sabia o que eu iria fazer, e... não sei — desandou a falar e mordeu a parte interior do seu lábio — Eu atirei nele, e acho que isso chamou a atenção. Há policiais aqui. Por toda parte.

Houve uma breve respiração pesada do outro lado da linha.

— Se infiltra por aí. Depois vemos isso. Mas...

A mulher foi pra desligar, no entanto esperou.

. Que não tenha próxima vez. Você precisa matá-lo.

dirigia com ambas as mãos no volante pensando no que havia acabado de acontecer. Nunca tinha passado por algo assim. Quem era aquela mulher? Muitos pensamentos passavam pela sua mente. Ligou a rádio, deixando que uma música qualquer tocasse no ambiente e o distraísse.

Distraidamente não notou o carro da frente parando no sinal vermelho e freou bruscamente, seu corpo foi jogado pra frente, mesmo com o cinto. Respirou fundo e viu a tela do seu celular acender na escuridão do interior do automóvel.

“Podemos remarcar? Uma amiga está precisando de mim.”

Era . apenas fitou o aparelho por longos segundos e ouviu uma buzina, desviou o olhar para o semáforo verde e acelerou. Novamente, suas mãos apertaram a direção e seu coração triplicou as batidas.




2 semanas antes



— Pode comer. — apontou para as comidas dentro da cesta, no piquenique que faziam em um dia ensolarado em um parque movimentado.

— O que é isso? — se curvou ao olhar dentro da cesta e franziu o cenho.

— Sanduíche de atum. Tem um só de queijo. Esse! — Apontou.

Sentindo o vento mais ameno bater em seu rosto e balançar seus cabelos loiros. observou a garota pegar um dos sanduíches, morder e fazer uma expressão engraçada com os olhos arregalados e as bochechas coradas.

— Você cozinha tão bem. Aliás, como você pode fazer tudo tão bem? — Deu outra mordida e riu.

— Lista as coisas que eu sou bom.

semicerrou os olhos e riu de si.

— Sexo. Brownies. Massagem. É o meu Top 3 — respondeu, o rapaz arqueou a sobrancelha, surpresa e ela não resistiu em engatinhar até ele e roubar um selinho ao rirem juntos. — O que quer fazer depois daqui? Já terminou seu trabalho?

Nessas semanas que se passaram não conseguiu fazer o pedido que estava planejado para aquele dia. Não que ele não quisesse mais, apenas estava confuso em começar a vida com uma pessoa que não poderia contar o que fazia.

— Já. — Pegou uma garrafinha na cesta e bebeu um gole depois de abrir. — O que acha de irmos naquele parque de diversões? Você uma vez me disse que gostava de montanha-russa.

— Sim, mas você disse que odeia. — A morena riu. Esticou o braço e pegou mais um mini sanduíche.

— Você vai estar lá. Segura a minha mão — o loiro respondeu ao dar de ombros e deixou a garrafinha de lado, a fitou e sorriu. — Sabe, eu gosto bastante do que temos.

— E o que temos? — Foi a vez dela de arquear a sobrancelha ao olhá-lo.

Riram juntos novamente e ficaram por longos segundos trocando olhares. O dia que passaram juntos foi bem aproveitável, mas uma ida ao parque de diversões deixou o casal bem animado pelas próximas horas.

encostou o carro em frente ao prédio onde morava exatamente às 20h. Foi pegar o seu celular, mas a mulher saiu pela porta e se aproximou do carro e não conseguiu conter um sorriso e um acelerar do seu coração. Era sempre assim ao vê-la.

— Oi.

— Hei.

Aproximou seus lábios dos do rapaz e deixou um selinho demorado, acariciou o rosto dele antes de se afastar.

— Você tá tão cheiroso.

— É sábado. — Deu de ombros rindo de si mesmo e arrancou uma gargalhada da mulher. A viu colocar o cinto e deu a partida no automóvel. — E você está linda. Como sempre.

— Obrigada.

Foram o caminho inteiro ouvindo uma música qualquer que gostavam e cantaram a plenos pulmões, rindo das partes que erravam a letra ao mesmo tempo. Ao chegarem, parou em um local vago e depois de sair do carro, pegou na mão de , entrelaçando os seus dedos e caminharam juntos até a bilheteria.

— Em qual brinquedo você quer ir primeiro? — Ele a olhou após passar um dos braços pelo pescoço dela e trazê-la mais pra perto.

— Montanha-russa.

se segurou para não revirar os olhos e ouviu uma gargalhada vinda de . Mordeu seu próprio lábio inferior enquanto sorria e a olhava.

— Você é uma palhaça mesmo.

— Vai, vamos. Por mim. — Ela fez um biquinho e passou o braço pelas costas do rapaz.

— Tudo bem. — Riu fraco e a encarou.

No entanto, algo chamou a atenção do rapaz um pouco distante. Era uma barraca de prêmios se você atirasse bem. Não soube dizer ao certo o porquê, mas a vontade de ir gritou em seu peito. A olhou e parou de andar.

— Vamos ali? Depois vamos na montanha-russa. Prometo.

A morena acompanhou o olhar dele até a barraca, logo voltando a olhá-lo e concordou depois de dar de ombros. Foram até o local, e o rapaz explicou as regras e pegou o que parecia ser uma espingarda.

— Você quer o urso maior? — Focou na mulher ao seu lado. A viu concordar com a cabeça e dar um sorriso.

Sua mira era perfeita. Em qualquer distância. Segurou a arma desajeitadamente, querendo disfarçar que sabia atirar. Não poderia dar tanto na cara, afinal, seu trabalho era com computadores.
Fingiu errar o primeiro tiro e segurou mais firmemente e engoliu seco.

— Se concentra, !

O arrepio que percorreu o seu corpo era incrivelmente gigantesco quando ela o chamava pelo apelido, em todos os momentos possíveis. Concentrou a sua respiração, da mesma forma que fazia ao atirar e na batida do seu coração, apertou o gatilho e atingiu a latinha. Uma. Duas. Três vezes.

— Você gostou desse? Não é o maior. — Pegou a pelúcia de cachorro que o rapaz entregava em suas mãos e riu.

— Amei. — abraçou o ursinho enquanto sorria. — Vou chamá-lo de cachorro porque é um nome criativo para dar a uma pelúcia de cachorro. — Deu de ombros e fez um bico rápido.

— Acho que posso tentar de novo, eu... — Foi pra dizer depois de rir fraco do nome que ela daria a pelúcia.

Algo cresceu no peito de e ela quis mostrar a ele que era muito melhor, não sabia ao certo o porquê, mas queria que ele entendesse que ela podia atirar e conseguir o melhor primeiro. Diferentemente dele. Pegou a arma usada por ele anteriormente e falou com o rapaz. Assim que ele a autorizou, deu tiros perfeitos. E sem errar nenhum.

que olhava o movimento do parque, se virou acompanhando a forma como a mulher atirava com precisão, sem errar e sem demonstrar nenhuma dificuldade. O jeito que ela segurava a arma não era de alguém que recentemente aprendeu a atirar.

— Pode escolher o seu prêmio. — O dono da barraca sorriu.

— Escolhe, Luc. — A morena se virou e o olhou.

Aquele fatídico dia ainda passava na sua mente como se tivesse sido ontem. A forma como aquela pessoa, no outro prédio, atirou nele a uma distância razoável e quase o acertou, o deixava impressionado. Era alguém que sabia atirar perfeitamente. Alguém que...

— Pode ser a girafa — respondeu rapidamente.

Andavam um ao lado do outro no parque e o olhou atentamente por longos segundos sem saber o que dizer. Não eram de ficar sem assunto por motivo nenhum.

— Está tudo bem?

— Claro. — a olhou assim que falou e suspirou. — Vamos na montanha-russa. — Levou uma das mãos no braço dela, a puxando de forma delicada em direção as filas que se formavam.

Com certeza, a sua mente estava lhe pregando peças daquela noite. A mulher, ou melhor, a pessoa que viu no outro prédio e atirou nele, não era . De forma alguma. Queria negar isso verbalmente. Sentiu vontade de perguntar a ela.

— Você está chateado porque consegui uma girafa pra você?

— Um pouco. Você conseguiu pra mim uma pelúcia melhor do que eu consegui pra você — murmurou ele ao fazer um bico rápido.

— Larga de ser besta, homem.

O loiro tentou de todas as formas aproveitar a noite com ela, mas a sua mente não dava descanso. Em todos os minutos possíveis que esteve com ela, se lembrou dela atirando e como o corpo da pessoa que atirou nele do outro prédio era uma mulher.

Deixou em casa por volta de meia noite, depois de dividirem um balde de frango frito gigantesco. Seus planos iniciais no começo da noite eram de dormir com ela, rolar em sua cama e fazer com que seus corpos suassem juntos, no entanto, não iria conseguir. A beijou nos lábios e riu quando ela disse que era pra ele dar um nome para aquela girafa.

As semanas foram passando e estava tendo problemas em seu trabalho. O alvo que ela deveria exterminar estaria na cidade em questão de 20 dias, mas a sua chefe queria que ela acabasse com aquele rapaz que teve que atirar no outro prédio.

Em um final de tarde, se encontrava no escritório diante de um enorme telão. Algumas garotas mexiam em computadores, e a morena estava em pé, com os braços cruzados e com imagens aparecendo nas telas. Não entendia muito bem daquilo, mas de alguma forma, haviam conseguido imagens dele. Se ela conseguisse descobrir quem ele era, poderia exterminá-lo.

Aos poucos, a imagem que se encontrava embaçada foi melhorando. Primeiro, ela conseguia ver a janela do outro prédio, de vidro transparente. Seu coração bateu mais forte, engoliu seco no instante em que um loiro brotou atrás da arma.

— Podemos descobrir o nome dele em questão de segundos — uma das meninas falou calmamente enquanto teclava.

sentia a garganta fechada e o coração batendo forte. Desfez os braços cruzados e movimentou os dedos, como se precisasse daquilo.

— Sua voz saiu baixa.

. — Ouviu uma voz distante contar.

A visão de ficou confusa, a fala de uma delas ficou longe, como se ela estivesse em outro ambiente e precisasse pedir pra pessoa falar mais alto pra que entendesse. Levou uma das mãos até a nuca, apertou a região com firmeza.

Suas pernas tremeram e procurou ligeiramente por uma cadeira.

— Está tudo bem? Você tá pálida.

Meneou a cabeça e seu olhar foi até o telão, a ficha dele com a sua foto estava ali, diante dela. Leu as informações, tudo. Não acreditava que ele era um assassino, como ela. Seus olhos começaram a encher de lágrimas e ela se levantou.

— Preciso ir.

— Mas a chefe...

Não deu bola, apenas saiu em passos rápidos. Não conseguia pensar, nem respirar e muito menos entender o que estava acontecendo naquele momento.

Da mesma forma que ela, passou as semanas seguintes investigando . Queria saber tudo sobre ela, e ele era muito bom nisso. Passou horas, dias em frente ao computador, juntando informações sobre a garota e o que encontrou não foi motivo da sua felicidade, no entanto, ele não estava 100% convencido.

Combinou algo com um amigo seu que trabalhava em um hotel. Deixou todas as informações sobre ela com ele, e ele saberia quando ela se hospedasse em qualquer hotel da cidade, mesmo usando um nome falso.




O dia


O pé da mulher estava em seu peito e o loiro tentou segurá-lo, mas ela foi rápida, tirou uma arma de não-sei-onde e apontou para o rosto dele. ergueu uma das mãos e a fitou.

— Você quebrou meu nariz.

— Você mentiu! — acusou.

Eu menti? Eu menti, ?

Afastou-se dele ainda com a arma em mãos e revirou os olhos. se colocou em pé e foi para se aproximar dela, mas voltou a apontar a arma para ele. Dessa vez, o rapaz bateu com força na mão dela, derrubando a arma e no mesmo instante foi para golpeá-la. No entanto, ela usou os joelhos nas partes sensíveis dele, fazendo com que loiro cambaleasse pra trás.

— Porra! — gritou.

— Por que você está aqui? — o olhou.

se sentou na cama e respirou fundo, estava desnorteado pela dor momentânea que sentia.

— Eu preciso ouvir de você o que você é.

— Eu sou como você. Ainda não percebeu? — Foi cínica.

A tristeza tomou conta do peito dele no mesmo instante e engoliu seco. No entanto, um barulho chamou a sua atenção e ele franziu o cenho. Levantou-se, sentindo certa dor em seu corpo e foi até a janela. Viu helicópteros.

— Eu tenho que te matar. — olhou por cima do próprio ombro e a fitou.

— Digo o mesmo. — colocou algumas balas na arma.

Algo passou pela mente dele.

— Quero me casar com você. Queria me casar com você. — Negou com a cabeça e se aproximou um pouco mais — Acho que somos melhores juntos.

...

— Podemos acabar com eles e viver nossas vidas.

Apontou a arma pra ele, o rapaz ergueu os braços e a mulher deu uma risada rápida.

— Viver nossas vidas juntos?

...

— Cala a boca, .

Ao ouvir seu apelido ele entendeu, teve tempo apenas de pular na cama, rolar uma cambalhota, cair no chão, pegar a sua arma enquanto ela atirava várias vezes em alguém que tentava entrar pela janela. Ligeiramente se virou, apontando para o mesmo local que ela vendo mais um chegando.

— Juntos? — Olhou para ela ao atirar.

— Juntos. — Ela concordou com a cabeça ao olhá-lo rapidamente.


Fim.


Nota da autora: -

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