Codificada por: Cleópatra
Última Atualização: 20/02/2025Sim.
Podia ser pior.
George sabia que a maioria das pessoas gostava mais do seu irmão gêmeo Fred, que o achavam mais bonito (o que era debatível para o garoto) e mais engraçado (isso ele concordava em partes). Ele não se ressentia com isso, ou ao menos tentava não se ressentir, porque Fred era, de longe, a melhor coisa de sua vida. Amava seu irmão mais do que qualquer outra coisa e sabia que a recíproca era verdadeira. Eles viviam juntos há tanto tempo que George achava difícil conseguir ser diferente algum dia.
Não, o fato de não ser o favorito das pessoas não costuma incomodá-lo. Não sempre. Quer dizer, há coisas que não temos como mudar, não é? E ter nascido com um irmão gêmeo consideravelmente mais carismático que você aparentemente era uma delas. Fred nunca agia como se fosse melhor do que ele, só que havia uma razão para serem Fred e George e não George e Fred e ele estava bem com isso. A única coisa que sempre conseguia alcançar os seus nervos eram as garotas.
Era muito comum as garotas gostarem primeiro de Fred, algo totalmente compreensível e sem tanta importância assim… Se elas não tentassem algo com George depois de serem rejeitadas pelo irmão. Não. Isso para o Weasley era demais, começando pelo fato deles não serem a mesma pessoa e como uma pessoa individual, George ter sentimentos, sentimentos estes que poderiam ser machucados por esse tipo de tratamento. Algo que nem todo mundo parecia sequer cogitar. Ele tentava ignorar isso e achava que se saía bem na maioria das vezes.
Bem, isso até o Caso Angelina acontecer.
Angelina Johnson é (ou era) uma grande amiga dos gêmeos desde que eles entraram em Hogwarts. Eles entraram no time de quadribol ao mesmo tempo e sempre foram próximos. Não era preciso dizer que George passou a gostar da artilheira, não é?
Ele não se lembrava de quando havia acontecido. Talvez naquele ano em que Angelina se tornou capitã do time e passou mais tempo ainda com ele. Ele realmente não sabia. Mas para encurtar essa missa triste, Angelina não sentia o mesmo. Pelo menos não por aquele gêmeo específico. Angelina tentou algo com Fred, que prontamente disse não, não por saber dos sentimentos do irmão, mas porque Angelina era sua amiga e Fred sabia que não namoraria com ela (Fred dizia não querer namorar ninguém e que este era o seu mantra), o que era a vontade da garota e toda a Grifinória sabia.
George não sabia disso. Ele realmente não sabia sobre os sentimentos de Angelina pelo seu irmão. Nunca havia notado e Fred não contou rápido o suficiente que havia acabado de rejeitar a amiga, então, quando, três dias depois, a capitã do time procurou George pedindo para que saíssem porque ela "queria aliviar a mente", George apenas aceitou. Tirou a garota do castelo pela sua passagem secreta favorita.
Sua passagem secreta favorita! Ele fez isso por ela!
E quando ela o beijou no meio do Três Vassouras, George correspondeu!
George deveria ter notado que tinha algo de errado, mas gostava de Angelina há tanto tempo que só conseguiu ficar feliz por estar acontecendo. Então eles voltaram para Hogwarts e quando George foi até o irmão contar o que aconteceu, Fred não conseguiu acreditar no que estava ouvindo. Enquanto dizia o quanto aquilo havia sido asqueroso, péssimo e totalmente irresponsável, George não conseguia sentir nada porque a garota de quem pensava gostar há tanto tempo gostava do seu irmão e havia o beijado... por que? Para preencher o buraco?
Saber que eles eram gêmeos e esse poderia ser o motivo da escolha de Angelina fez o estômago de George embrulhar.
– Ela vai ouvir algumas verdades, ah, se vai! – Exclamou Fred, despertando George de seus pensamentos. O garoto puxou o irmão pelo pulso antes que ele se levantasse e saísse do dormitório deles.
– Não – Disse George – Está tudo bem, Freddie. Quer dizer, ela não tinha como saber.
– George, foi errado!
– Ela não sabia dos meus sentimentos. Assim como você. Não tinha como ninguém saber. Vamos deixar isso entre nós.
– Mesmo assim foi errado. Mesmo sem saber, George, as pessoas não podem sair por aí usando você. Você não pode deixar que façam isso!
– Eu sei, eu sei – disse George desesperado para controlar a impulsividade do irmão – Sei que foi errado. Mas eu posso resolver isso sozinho. Você não precisa se meter, cara.
Fred suspirou e assentiu. Ele era muito rápido quando se tratava de defender os irmãos, principalmente quando sentia que George estava sendo injustiçado, mas o garoto não queria mesmo que aquilo aumentasse. Não queria que Angelina soubesse dos seus sentimentos, só queria esquecer que mais uma vez não havia sido o escolhido, pois daquela vez havia se machucado muito mais do que nas outras.
George era bom em esconder esse tipo de coisa, então no dia seguinte quando Angelina o procurou, ele tratou de encerrar o assunto. Não seria nenhum tipo de estepe, nem pra ela e nem pra ninguém. A garota tentou falar alguma outra coisa, pedir desculpas, mas já era tarde demais. Acabou perdendo os dois amigos. Perdeu George por ter sido extremamente inconsequente com os sentimentos de outra pessoa e perdeu Fred por ter magoado o seu irmão. O quinto ano terminou e o sexto começou e Angelina estava bem enterrada no fundo da memória de George. E assim ele se esforçava em manter.
Contudo, a situação acabou sendo um baque maior do que ele imaginava para sua autoestima. Ele começou a evitar garotas que não fossem a irmã, Hermione ou suas amigas realmente próximas quando estava sozinho, e tudo que fazia era algumas pegadinhas com o irmão quando tinha tempo, pois sua rotina passou a ser dividida entre produção para a futura loja de logros e quadribol.
Sim, essa era a melhor parte. Amava jogar quadribol e se tornava facilmente a melhor parte de sua semana. Até mesmo quando tinha que lidar com Diggory.
ou , como as pessoas costumavam chamá-la, era a batedora do time de quadribol da Lufa-Lufa.
Porque ela era da Lufa-Lufa. George sabia. Havia assistido sua seleção. Sim, George sabia. E ainda assim, sempre que trocava uma palavra com a irritante bruxa do bastão, ele tinha dúvidas. Nunca havia conhecido uma lufana como ela. Todos diziam que os lufanos eram gentis, doces, educados e carinhosos. George gostava dessas características e podia dizer com toda certeza do mundo que Diggory não possuía nenhuma delas.
era exagerada, barulhenta, exibida, um pouco maldosa às vezes e não muito educada – George já havia ouvido a garota xingar no meio do campo vezes demais para concordar com essa última parte. Mas não o entendam mal: George gostava de . Era difícil para George procurar uma memória de infância onde não estivesse. Cedric e costumavam passar muito tempo n'A Toca já que seus pais, Arthur e Amos, eram muito amigos e foram vizinhos durante toda a vida. Então os quatro sempre haviam sido próximos. Eles eram amigos, não tanto quanto Fred e , mas eram.
Fred dizia que tudo que tinha com era amizade, mas George duvidava. Sabia que mais cedo ou mais tarde confessaria gostar do irmão. Era sempre assim com ele.
Pensar que gostava de Fred ajudava George a entender porque a lufana sempre o evitou. Quer dizer, ela não o evitava de verdade, eles ainda saíam juntos e conversavam, mas tinha que admitir que de todo o grupo que estava sempre junto, era a que mais se distanciava dele. Mesmo sempre o provocando e soltando piadas. George tentava não pensar muito nisso, mas quando pensava, sempre via algo um pouco artificial.
Mas não tinha o que fazer: George estava acostumado com as pessoas escolhendo seu irmão. E se havia escolhido Fred desde que tinham uns oito anos, tudo bem. As provocações gratuitas e a rivalidade em campo eram suficientes para George.
Diggory gostava de propagar o absurdo de que era uma jogadora melhor do que George e isso o irritava, o fazia rir e o motivava a ser melhor em cada jogo. Tudo na mesma medida.
– Georgie, eu estava pensando... e se colocarmos um pouco de Aletônia na fórmula do Incha-Língua? Talvez equilibre um pouco dos efeitos colaterais, que acha?
George avaliou por um tempo e depois balançou a cabeça.
– Podemos testar, mas talvez deixe muito amargo. As pessoas não vão querer comer.
Fred suspirou enquanto se sentavam na mesa da Grifinória. Era sábado de manhã e o primeiro jogo de quadribol da Grifinória naquele ano aconteceria em poucas horas.
– E aí, Harry, como está hoje? – perguntou Fred sorrindo para o garoto que apenas deu de ombros. Harry sempre ficava mais nervoso do que eles antes dos jogos, mesmo agora, quando já estava no time há uns bons anos – Escute, acha que consegue pegar o pomo-de-ouro um pouco mais rápido hoje? Marquei de...
– FRED! – Exclamou Spinnet na ponta fazendo uma careta para o ruivo – Não peça essas coisas a ele – Ela balançou a cabeça – Harry fará tudo no tempo dele.
– Que é um tempo muito rápido. Não se envergonhe, Harry, pode dar uma de apanhador mais jovem e mais talentoso o quanto quiser. Estou morta de preguiça hoje... – Katie Bell deu uma piscadinha para Harry e Fred apontou para ela com um sorriso.
– É só a Lufa-Lufa, não devemos ter problemas… – começou Ginny e George quase engasgou. Ergueu a mão para fazer a irmã parar de falar, mas foi tarde demais.
O furacão lufano chegou.
George não fazia ideia de como isso acontecia, mas toda vez que falavam mal do time da Lufa-Lufa, Diggory surgia como um bicho-papão atrás de você. Sempre. Principalmente nos dias de jogos.
– Aí é que você se engana, Ginevra – disse a garota com um sorriso empurrando um garoto da Grifinória para o lado e se sentando ao lado de Fred sem pedir licença uma vezinha sequer – Lufa-Lufa será um problema sim, como tem sido desde o ano passado. Estamos mais do que prontos para chutar a bunda de vocês.
– Você se sentou aqui só para compartilhar suas alucinações, Diggory? – questionou George.
– Me sentei aqui para ficar perto de você – ela piscou e George revirou os olhos – Não gostou?
estava sempre flertando como piada por aí e na maioria das vezes George escolhia ignorá-la. O que, ele já havia percebido, apenas a incentivava ainda mais.
– Parece que alguém aqui acordou de mau humor – disse ela – Se você aceitasse meus convites, talvez acordasse melhor.
– Que convites? – perguntou Fred, curioso.
– De dormir comigo, é claro.
Os irmãos e amigos de George riram com a garota e ele arqueou uma sobrancelha, resolvendo respondê-la a altura. Ele fazia isso algumas vezes.
– Sabe, você nunca fez esse convite – disse ele, pensativo – Tenho certeza que se tivesse, eu teria aceitado. Que tal hoje? Posso te deixar cansada em outros lugares senão o campo hoje.
Fred soltou uma risada mais alta ainda e Lee bateu as mãos na mesa fazendo Hermione Granger olhar de cara feia. por sua vez apenas sorriu mais ainda porque ela nunca se dava por vencida em absolutamente nada.
– Espero que você não tenha dito essas coisas para a minha irmã mais nova, Weasley – disse Cedric aparecendo ao lado do garoto. George abriu um sorriso para o amigo e deu de ombros.
Cedric era o capitão do time da Lufa-Lufa e um apanhador fenomenal, assim como um amigo muito bom também. Ele sim era o tipo de lufano com qual George estava acostumado. George percebeu quando as meninas da mesa pararam de comer para olhar o garoto que havia acabado de chegar e revirou os olhos com um ar de riso.
Era sempre assim. George apenas podia supor que acontecia o mesmo com também, já que, bem, ela era um pouco irritante sim, mas George não era cego. Ele sabia o quanto era bonita. Ela não era tão alta quanto o irmão, na verdade sua cabeça batia no ombro de George. Seus olhos eram , muito mais que os de Cedric, mas seu cabelo não era loiro como o do irmão, era de um castanho amendoado. Quem não estivesse acostumado com ela e a visse ao ar livre sob o sol poderia pensar que era apenas um loiro mais escuro do que o normal, mas George sabia que não. Ele sabia muito bem disso, porque sempre pensara que seu cabelo era muito bonito e que funcionava bem nela. Combinava com sua pele constantemente bronzeada de tanto treinamento e suas expressões nada doces ou confiáveis quanto as do irmão mais velho.
Se bem que, George pensou, piscando em direção a garota, a pele dela não estava tão bronzeada quanto de costume, no máximo um pouco vermelha ao redor do nariz. Ela não havia treinado tanto para esta temporada quanto costumava fazer.
– Deixe de incomodar o time dos outros e vamos tomar café – disse Cedric, puxando a irmã e fazendo com que ela se levantasse da mesa da Grifinória.
– Não estava incomodando!
– Estava, sim – Intrometeu-se Fred, recebendo um tapa forte no ombro em resposta.
– Ninguém te perguntou, Fredinho – ela sorriu falsamente e depois se virou para Ginny – Te vejo depois do jogo?
Sua irmã assentiu e ela se virou para ir para a própria mesa com Cedric.
Pouco tempo mais tarde o time da Grifinória já caminhava confiante em direção ao campo com Angelina Johnson os liderando. Os sete jogadores se posicionaram em frente aos jogadores da Lufa-Lufa enquanto Madame Hooch recitava as regras de sempre no meio deles. Quando a mais velha se afastou para buscar as bolas do jogo, Fred e George sorriram um para o outro.
– Só para vocês saberem, não importa quem ganhe ou perca – começou o irmão, chamando atenção dos colegas em volta.
– O castelo ainda vai pegar fogo hoje à noite – completou George com um sorriso de lado.
O sorriso tomou conta das faces ao redor deles, especialmente de Diggory, que não poderia perder a chance de uma piada.
– Vai ser ótimo comemorar a derrota de vocês.
– Vai ser ótimo ver você cair desse pedestal, – disse George e o sorriso tremeu no rosto da garota.
– Já disse para não me chamar assim, Weasley.
George apenas riu.
– No lugar de sempre? – Questionou Cedric não querendo deixar que sua irmã se empolgasse na discussão.
– No lugar de sempre. A senha vai ser o número e nome do apanhador que terminar o jogo de hoje.
– Vocês querem parar? – Interrompeu Angelina de repente, bufando em direção aos gêmeos – Se concentrem no jogo!
George se forçou a não revirar os olhos enquanto a professora voltava. Ele assistiu quando subiu na vassoura com atenção e jogou o bastão em cima do ombro. Sempre foi uma surpresa para ele como uma garota tão pequena conseguia ter tanta força.
Assim que o apito soou, todos estavam no ar e o ruivo deixou que todos seus pensamentos voltassem para o jogo. George se aproximou do irmão e gritou, tentando se fazer presente mesmo com o vento forte que os atacava.
– Por que você não fica perto do gol hoje? – Fred arqueou a sobrancelha – Dean ainda está pegando o jeito e você é mais rápido! Acho que é mais seguro! – Gritou.
Fred assentiu sem muito esforço. Quando se tratava de quadribol, sempre ouvia os conselhos de George. A estratégia dos gêmeos era quase sempre a mesma: George ficava perto do gol para defender o goleiro e Harry, quando precisava, e Fred ficava com as artilheiras do time, mas George sabia que por ser o primeiro jogo de Dean como goleiro o time rival não pegaria leve com ele. Conhecia o bastante para saber que a garota nem sequer piscaria se tivesse a chance de derrubar Dean Thomas da vassoura para que seus artilheiros marcassem alguns gols. Então Fred, que sempre fora um pouco mais rápido, seria a melhor opção para ficar perto dos aros. George foi depressa em direção ao meio de campo, ficando de olho nos movimentos rápidos das três artilheiras de seu time.
– Faz apenas dois minutos que o jogo começou e a goles já entrou como um raio dentro do gol da Grifinória! – Narrou Lee.
George deu um forte impulso na vassoura, chegando bem a tempo de ficar à frente de Angelina e rebater o balaço que vinha seguindo a garota. A capitã sorriu em sua direção, mas ele fingiu não notar, mirando o balaço na direção de Cedric enquanto Lee anunciava:
– O jogo está acontecendo rápido demais! 40 x 50 para Lufa-Lufa! Parece que hoje o Pomo não vai se fazer de difícil: O camisa 7 da Grifinória já o avistou!
Antes que o balaço de George pudesse chegar perto do apanhador da Lufa-Lufa, surgiu na frente. Ela tinha um sorriso desafiador no rosto enquanto erguia o bastão e olhava para o jogador que havia acabado de lançar o balaço em direção ao irmão dela. George se preparou para receber o objeto com o dobro da força que havia lançado, porque essa era a , mas ele não se importava. Arqueando as sobrancelhas, ele retribuiu o sorriso enquanto se preparava para rebater quando fosse a hora. Porém, congelou no lugar, e George percebeu. Parecia que ela havia levado um grande susto, como se não esperasse encontrar George ali, mas ele era o batedor do time. O que mais ela esperava?
O balaço continuava se aproximando e a garota não se mexia, fazendo com que George começasse a se perguntar o que estava acontecendo com ela. Será que estava passando mal? George estava a ponto de impulsionar a sua própria vassoura e tirar a rival do caminho do balaço quando Thomas Orwell, o outro batedor da Lufa-Lufa, apareceu e o rebateu na direção de Katie Bell. George viu quando Thomas se virou para e disse alguma coisa, mas não pôde dar mais atenção do que isso, pois agora precisava proteger Katie.
– Parece que o trio de artilheiros da Lufa-Lufa não está para brincadeiras hoje! – gritou Lee – Summerby, Mcmanus e Cadwallader acabaram de fazer a manobra Hawkshead e estão se encaminhando em direção a Dean Thomas! Que Merlin o proteja! Ou Fred e George Weasley, dá no mesmo!
Ao ouvir isso, George trocou um olhar com Angelina e correu em direção ao irmão que já rebatia o primeiro balaço em direção a Summerby. Diggory, que agora parecia ter acordado de seu transe, o devolveu a Fred com toda força que possuía. George reprimiu um sorriso, agradecendo mentalmente pelo que quer que fosse que fez a garota parar minutos antes. Odiaria ser o receptor do balaço de Diggory.
Fred impulsionou a sua vassoura, mirando dessa vez em Mcmanus e o acertando na nuca. A vassoura do garoto rodopiou, mas não o derrubou, porém foi o bastante para interromper a formação que o time utlizava para avançar em direção aos aros.
– Fred e George Weasley derrubaram a formação da Lufa-Lufa! Não sei vocês, mas me parece que hoje o castelo pegará fogo!
Ao contrário do que pensavam, Summerby e Cadwallader continuaram avançando. Cadwallader recebeu a goles e quando George mirou o balaço que recebera na direção do jogador, ele sorriu e jogou a goles para Summerby antes de desviar. Summerby enterrou a goles bem no canto do aro e George xingou, frustrado.
– E é ponto da Lufa-Lufa! Estamos empatados com 70 a 70, enquanto Potter e Diggory brigam pelo pomo-de-ouro.
se ajustou na vassoura e foi em direção onde os balaços passeavam perto de Cedric. Sem pensar muito, a garota ergueu o bastão e enviou um deles em direção a Angelina Johnson com toda força que conseguia. George voou em direção a capitã, mas não chegou a tempo: O balaço acertou na traseira da vassoura dela, fazendo com que Angelina voasse para a tenda que cobria os alunos da Corvinal, batendo suas costas e escorregando até o chão.
George deu um soco no ar. Havia sido lento demais e agora o time estava com uma pessoa a menos!
– Não se preocupe, Georgie – disse uma voz suave acima dele – Não faz diferença.
Ele respirou fundo antes de se virar para . Quando o fez, percebeu que ela não olhava para ele, mas sim em frente. Quando seguiu seu olhar, George franziu os lábios em frustração. Cedric estava muito à frente de Harry, sua mão já esticada enquanto uma pequena bola brilhava perto de seus dedos.
– Cedric Diggory acabou de pegar o pomo-de-ouro! A vitória de hoje é da Lufa-Lufa! Como eu previ, o fogo tomou conta do castelo e foi pelas mãos do apanhador Diggory, número 7!
– Vejo você mais tarde, Georginho – disse . Seu sorriso suave fazendo com que George não conseguisse não retribuir mesmo após a derrota. Era algo nela. Era impossível não gostar dela, mesmo que conseguisse ser extremamente irritante quando queria. E ela sempre queria quando se tratava de George.
virou a vassoura, indo em direção ao resto de seu time que comemorava, mas não antes de virar uma última vez e jogar um beijo no ar para George como despedida.
Essa garota ainda seria a perdição de alguém. George apenas agradecia por não ser ele.
Cedric era o seu irmão e melhor amigo e ela o amava, mas ele havia criado um padrão inalcançável que os pais insistiam que ela deveria seguir. E mesmo quando ela seguia, não era tão impressionante assim, afinal, Cedric já havia feito isso antes.
Em Hogwarts ela não era só a irmã mais nova de Cedric, em Hogwarts ninguém esperava que ela tirasse notas tão altas quanto as do irmão, ninguém esperava que ela fosse tão boa quanto ele em absolutamente tudo e ela gostava disso. Ninguém se importava se era uma Diggory ou não.
Quando era criança costumava fazer tudo ao contrário do irmão mais velho: Se Cedric torcia para o Chudley Cannons, ela torceria para as Holyhead Harpies, se o doce favorito de Ced eram feijõezinhos de todos os sabores, o de seria sapinhos de chocolate. Era automático. Ela queria tanto mostrar aos pais que deviam parar de esperar que fossem a mesma pessoa que não conseguia evitar. Contudo, isso mudou depois de entrar em Hogwarts. Ela pensou que seria ruim ir para a mesma casa do irmão, que todos começariam a dizer que eles eram iguais, que era algo de família e a esperar coisas grandes dela também, mas não foi isso que aconteceu.
Na Lufa-Lufa, percebeu que ninguém esperava que ela fosse igual a Cedric. Na Lufa-Lufa, se sentiu aceita exatamente como era. Seus colegas e professores começaram a apontar as diferenças entre os dois, mas não de um modo ruim como o pai costumava fazer, mas a elogiando. Não diziam que Cedric havia aprendido aquilo três anos antes, como Amos Diggory, mas sim que aperfeiçoou a sua habilidade.
Não há nada no mundo que se orgulhe mais do que ser lufana. Ser lufana permitiu que ela se enxergasse e gostasse do que via. Claro que as pessoas que conheceu durante o caminho também ajudaram nisso, especialmente sua melhor amiga sonserina, Black.
e se conheceram na aula de Poções durante o primeiro ano quando explodiu a poção morto-vivo que Severus Snape havia passado para os alunos reproduzirem. Um garoto da Corvinal ao seu lado acabou sendo atingido minimamente pelo resultado da poção e ficou extremamente furioso.
nunca foi muito boa em conflitos diretos. Ela era boa em ironias, sarcasmo e coisas do tipo, mas não se sentia bem brigando com alguém de fato. Ela só gostava de brincar, principalmente quando era mais nova. Foi nesse momento que apareceu. Black nunca teve problema com conflitos, sejam eles diretos ou não, muito menos aqueles que provocava sem querer.
Elas viraram amigas naquele momento, e desde então, propagava a palavra de que todos deveriam ter ao menos um melhor amigo sonserino.
Aos poucos, conforme crescia entre centenas de crianças diferentes, percebeu que tudo bem gostar do mesmo doce que o irmão, terem a mesma disciplina favorita ou a mesma paixão pelo quadribol, porque eles eram, sim, bastante parecidos e aprendeu a apreciar isso da melhor maneira possível. Embora seus pais ainda fossem um problema nas férias, ela agora estava muito melhor.
Foi por isso que quando Fred contou a o que Angelina Johnson havia feito com George durante o quinto ano, ela mal conseguia acreditar. Não era preciso ser muito inteligente para saber o quanto George Weasley era um cara legal. Simplesmente não entrava na cabeça de porque alguém o trataria daquela forma. E sabia que George gostava de Angelina, o garoto nunca escondeu isso muito bem. Tinha certeza que Angelina sabia disso também, porque a capitã da Grifinória nunca foi burra.
Era o que pensava, e também foi por isso que a garota usou um pouco mais de força do que o normal ao mirar o balaço em direção a Johnson no primeiro jogo Grifinória contra Lufa-Lufa no início do campeonato quando eles voltaram para o sexto ano.
As famílias Diggory e Weasley sempre foram próximas. Amos e Arthur eram muito amigos e vizinhos, se lembrava de Cedric segurando sua mão e a levando para casa da família de ruivos quase todos os dias ao final da tarde quando eram menores. Então a amizade com os gêmeos e toda a família não era algo novo. Eram todos próximos. Para , às vezes, próximos até demais, o que fez com que, durante a infância, tivesse tido uma quedinha por cada um dos irmãos de seus amigos.
Aos dez anos, ficara encantada com Bill Weasley, seu longo cabelo ruivo, sua autoridade de Monitor-Chefe e jeito suave de falar; aos onze foi Charlie que chamou sua atenção, o apanhador mais talentoso e popular da escola na época, tão descolado e gentil ao mesmo, especialmente quando estavam perto de criaturas mágicas; aos doze anos não conseguiu evitar ficar um pouco obcecada por Percy, que a cativou com os infinitos fatos aleatórios de História da Magia que compartilhava com ela, assim como os livros que a emprestava e o ar inteligente que os óculos finos o traziam.
Mas então, é claro, ela cresceu, e com a idade percebeu que embora Bill fosse muito legal, ele também era velho demais pra ela, Charlie foi para Romênia, e o ar inteligente e fofo de Percy deu lugar a um comportamento um pouco esnobe e arrogante que não agradou em nada a lufana.
Por muito tempo, achou essas fases de criança engraçadas. Quer dizer, que criança nunca havia tido uma queda pelo irmão mais velho do amigo?
Fred e George não tinham culpa de terem irmãos legais e ter sido uma criança muito influenciável. Depois de Percy, a lógica apontava que iria gostar de um dos gêmeos, seus amigos, e isso ela não podia permitir, então decidiu que depois de Percy e sua evolução nada agradável colocaria um ponto final nas paixonites que cultivava pelos Weasleys ao longo dos anos. Principalmente porque já no terceiro ano, haviam poucas garotas na Torre da Grifinória que não haviam beijado um dos gêmeos. E só de ouvir as histórias que Fred e George contavam, como amiga, já a incomodava, imagine se fosse idiota o suficiente para sentir algo por eles? Não, muito obrigada.
seguiu à risca essa regra. Seguiu mesmo… o máximo que deu.
Tudo mudou naquele dia durante o quinto ano.
Fred e George organizavam festas em Hogwarts desde que estavam no terceiro ano. No começo eram apenas alguns amigos próximos como ela, Lee, Cedric, , Angelina e alguns outros colegas, a maioria eram jogadores de quadribol do mesmo ano que eles, porém, conforme foram ficando mais velhos, as festas foram aumentando. No quinto ano eles começaram a trazer bebida. O local era sempre o mesmo: uma sala abandonada no sexto andar, mas eles nunca foram achados.
Era tudo muito organizado, tinha que admitir. Eles sempre sabiam se tinha algum professor por perto graças ao Mapa do Maroto, e o aviso era sempre o mesmo: O castelo pegará fogo... insira aqui o dia marcado pelos garotos. Tinha uma senha, é claro, que as pessoas só ficavam sabendo no dia do evento. Às vezes eles conseguiam transmitir por Lee durante as narrações dos jogos, mas era mais difícil. Geralmente Fred e entregavam bilhetes que se autodestroem depois de um minuto com a palavra secreta.
No começo as festas eram mais reuniões clandestinas na madrugada que poderia ocasionar um beijo ou três entre alguns alunos, mas quando George roubou a primeira garrafa de hidromel, eles souberam que tudo mudaria. Cedric aprendeu a fazer o Abaffiato apenas para silenciar a sala, e quando foi convidada por sua prima, Nymphadora Tonks, a passar uma semana na casa da sobrinha trouxa de Ted Tonks durante a páscoa e insistiu em levar , as coisas mudaram para sempre. Em todos os sentidos.
se lembrava de ter ido correndo até a sala do sexto andar quando voltou, louca para mostrar a engenhoca trouxa que ela e haviam comprado. Assim que viu, soube que George e Fred iriam adorar.
– Freddie! – disse, animada fechando a porta atrás de si – Você não vai acreditar no que eu com... – ela parou de falar quando o ruivo de costas se virou, sua voz caindo alguns decibeis de surpresa – Ah, oi, George.
– Sim, apenas eu – respondeu ele com um sorriso irônico e franziu o cenho – Sinto muito.
– Não foi isso que eu quis dizer – se aproximou, sentando-se na mesa atrás de George e sendo acompanhada por ele – Fred disse que estaria aqui, mas não falou de você. Só fiquei surpresa.
Ele apenas deu de ombros, mas continuou se sentindo incomodada com a expressão no rosto do Weasley.
– Estou falando sério, George – insistiu, avaliando o rosto dele – Aconteceu alguma coisa?
– Não – Ele tentou sorrir – Está tudo bem. Só estou brincando com você. Se continuar sendo tão legal, eu vou estranhar, .
– Você sabe que sempre sou legal com você, Georgie – piscou e George revirou os olhos – Agora, olhe só isso. Quando comprei, pensei imediatamente em você e Fred.
– E o que diabos é isso? – Quis saber quando tirou da mochila um objeto de plástico redondo cinza com alguns botõezinhos em cima e dois fios enrolados em volta dele.
– É um discman – respondeu confiante.
George suspirou, esperando uma explicação que nunca veio.
– E o que diabos é um discman, ?
A lufana riu da expressão do amigo.
– Vai ser o ponto alto da sua pequena festinha de hoje à noite.
A exasperação no rosto de George sumiu na mesma hora e ele se aproximou. , que já havia desenrolado os fios do fone de ouvido, pegou um deles e o encaixou no ouvido de George. Ele fez menção de tirar, mas a garota respondeu com um tapa em sua mão, o mandando ficar quieto.
– A prima trouxa de Tonks me ensinou como usar – disse – É nisso aqui que os trouxas ouvem músicas hoje em dia. Quer dizer, existem uns maiores, mas eu achei que esse seria mais fácil de esconder, sabe?
puxou o que agora conhecia como um CD de áudio de dentro da mochila, como se estivesse acostumada a fazer aquilo a vida toda. Abriu o discman e o colocou lá dentro. George observava tudo com atenção sem dizer uma palavra. gostava disso. Fred sempre fazia mil e uma perguntas, mas George sempre esperava o momento certo para falar.
– Ela gravou algumas dessas coisas com músicas trouxas para nós – disse com um enorme sorriso – Também fiquei surpresa com a facilidade deles. Quer dizer, música sem nenhuma vitrola mágica?! – ela riu, dando de ombros – Mas as músicas são boas. Muito boas. E isso aqui é fácil de esconder até mesmo nas roupas. Pensei que poderíamos escutar um pouco hoje à noite – dizendo isso, ela apertou o botão de play.
sorria enquanto assistia as reações de George irem de ceticismo a surpresa e depois pura admiração.
– , isso é incrível – disse ele, incrédulo e nas nuvens enquanto ouvia o que acreditava ser Tim McGraw. Sempre começava por ele.
sentiu seu corpo se arrepiar ao ouvir George a chamar de e não conseguiu evitar que seu sorriso aumentasse. Ela o chamava de Georginho para provocá-lo então George adotou “” para equilibrar as coisas. Desde o primeiro dia que George usou esse apelido, quis sorrir. Sabia que era algo irônico, afinal ele havia a chamado assim no meio de uma partida de quadribol depois de quase derrubá-la da vassoura. Ela queria dizer que havia odiado o apelido idiota, mas na verdade sentia que tinha gostado. Só que isso era absurdo, não é? Ela, gostando mesmo de um apelidinho idiota que George Weasley inventou apenas para encher o seu saco? Claro que não!
tentou muito fingir que nada estava acontecendo, mas foi ficando mais difícil, especialmente quando George a chamava de apenas por chamar, sem nenhuma ironia ou provocação, fazendo com que ela sentisse que seu coração podia parar de bater sem nenhuma razão plausível para isso.
pigarreou, sentindo que seu rosto entregava todos seus pensamentos, pronta para mudar de assunto e fingir que tudo isso não havia passado pela sua cabeça pelo que deveria ser a vigésima vez.
– O que está ouvindo?
George demorou um pouco para responder, estava com os olhos fechados e balançando a cabeça no ritmo da música.
– Could you be the most beautiful girl in the world? – Ele cantou baixinho, e antes que pudesse se assustar, ele colocou o outro lado do fone em seu ouvido com um sorriso que ia de orelha a orelha. Era Prince. O cantor favorito de Dora e sua prima, e o primeiro cantor trouxa que havia ouvido.
– Ah, essa é boa… – ela começou, mas George não estava ligando, porque havia levantado e levado consigo – O que está fazendo, George? – Quis saber com uma risada nervosa.
– , essa é a provavelmente a melhor coisa que você já fez na vida! – Ele exclamou – Esses trouxas sabem fazer música, não é?
– Sabem... – Murmurou em resposta, percebendo que George ainda não havia soltado sua mão. Ela apertou o discman contra o peito como se aquilo pudesse protegê-la, sentindo suas pernas ameaçarem falhar quando George a girou com cuidado para que o fone não saísse de seu ouvido.
– It's plain to see, you're the reason that God made a girl, ooh – ele cantava junto com a música, parado na frente de , estalando os dedos e balançando os braços ao lado do rosto.
Foi naquele momento, quando George abriu os olhos e cantou olhando diretamente para ela, com um sorriso brilhante no rosto e com os cabelos longos caindo perfeitamente ao lado de seu rosto o deixando ainda mais fino e lindo sob a luz do sol fraca que entrava pela janela que soube que havia se encantado por outro Weasley novamente. E não qualquer Weasley: seu amigo de infância, George Weasley, que ela irritava, brigava e até ameaçava com uma queda de vassoura vez ou outra.
E o pior de tudo: Não parecia nada como brincadeira de criança daquela vez.
George segurou os ombros de ainda se mexendo conforme a música.
– Isso sim é magia, ! Será que a prima de Tonks manda um para mim?!
riu fracamente, porque essa parecia ser a única resposta que seu corpo seria capaz de dar enquanto George Weasley ainda estivesse parado na sua frente brilhando como o próprio sol.
Mais tarde naquele mesmo dia, ela não conseguiu enganar a si mesma quanto ao que havia sentido na sala vazia mais cedo, mesmo tentando muito.
Os gêmeos eram a alma da festa depois que e Fred aprenderam a lançar um feitiço de alto-falante no discman, fazendo com que não precisasse dos fones de ouvido. Ao ver o garoto dançar ao lado do irmão como se deslizasse no meio da sala ao som de Tootsee Roll, teria sorte se ninguém percebesse que ela acompanhava cada passo ritmado que George dava, como se tivesse ensaiado horas e horas com o irmão – coisa que ela sabia que não havia acontecido.
não podia dizer que era boa com esse tipo de coisa, não. Muito menos quando sabia que o garoto que estava começando a gostar gostava de outra pessoa. Ela preferiu manter sua relação com George do mesmo jeito que sempre fora: eles eram amigos. E ela continuaria o provocando e competindo com ele em tudo que poderia. E assim seria até ela poder ficar longe dele definitivamente, o que com certeza faria essa pequena atração passar. Talvez até antes disso.
Então o quinto ano acabou, e ela agradeceu muito por isso. fez questão de ficar bem longe d'A Toca durante as férias naquele ano, dizendo a Fred que não podia ir por estar produzindo um projeto de férias para a Professora Sprout. Cedric sabia que era mentira, mas imaginou que a irmã devia estar passando por uma fase e resolveu deixá-la em paz. Ela agradeceu por isso, pois realmente estava passando por uma fase. Provavelmente a pior de sua vida, se perguntasse a ela.
realmente pensou que esse tempo longe a ajudaria. George não era o primeiro garoto que gostava e todos eles, sem exceção, ela havia conseguido esquecer mantendo uma pequena distância.
Que idiota! Era tudo que a garota conseguia repetir para si mesma, pois tudo que fez durante o verão foi pensar em George Weasley, pois tudo fazia com que lembrasse dele. Desde pelúcias antigas em cima de sua cama ou fotos em grupo coladas na parede a jogos do Puddlemere United: tudo fazia com que pensasse nele. Estava praticamente matando-a aos poucos não ter George ao seu lado comentando a performance do batedor do time que torciam.
Acabou percebendo, com um misto de felicidade e irritação dentro de si, que o que aconteceu na sala 27 do sexto andar já estava para acontecer em algum momento, ela só não havia percebido antes. Para ser justa consigo mesma e com a verdade - e sempre era - a lufana se deu conta de que uma certa fagulha por George Weasley sempre havia existido dentro dela.
Como quando ele contou que havia dado o primeiro beijo com Katie Bell e ela se sentira subitamente enjoada, ou quando George pediu, cheio de sorrisos, que ela o apresentasse a Phoebe, sua colega de casa e em troca ele apresentaria um de seus amigos da Grifinória para ela, e quis desaparecer na mesma hora. O que foi totalmente o oposto do que havia sentido quando Fred pediu que ela falasse dele para .
Foi pior ainda quando de fato foi idiota o suficiente para apresentar os dois e eles começaram a sair, fazendo com que Phoebe insistisse em ir a encontros duplos – ou triplos, se Fred e quisessem participar. não sabia como dizer não pela sexta vez de uma maneira nova, pois não havia ninguém no mundo capaz de fazer com que ela saísse com George e Phoebe juntos. Ela nem sequer entendia na época porque odiava tanto a ideia, apenas odiava, e isso era o bastante.
A pequena chama também estava lá no segundo ano quando James Leerey, o antigo capitão da Lufa-Lufa, anunciou e Thomas como os novos batedores e se virou para arquibancada com um sorriso de orelha a orelha procurando os amigos e viu Fred e pulando e assoviando, e amou isso, mas amou ainda mais quando seu olhar pousou em George que tinha um enorme sorriso no rosto enquanto batia palmas e a olhava com admiração. George. A olhando com admiração!
Como ela não havia percebido? Estava na cara dela durante toda sua vida! Por Merlin, estava exposto em praticamente cada ação que ela tinha perto de George. Isso era terrível. Ela se sentia cada vez mais burra por nunca ter se permitido perceber.
Quando voltou para Hogwarts durante o sexto ano, teve a plena certeza que estava perdida. A primeira vez que viu Fred e George entrando no salão, quase engasgou com a própria comida. O cabelo de George agora estava muito mais curto, algumas mechas ruivas caíam teimosamente em sua testa e ele e Fred pareciam consideravelmente mais altos e fortes. não sabia se as férias haviam mudado os garotos como nunca antes ou se ela apenas havia se afastado por tempo demais para não acompanhar as mudanças em tempo real como sempre havia feito.
De qualquer forma, eles ficaram absurdamente mais bonitos. amava Fred, era o seu amigo mais próximo, seu melhor amigo, mas George... George era... bem, George. E isso já era bastante coisa.
Ela assistiu enquanto os pescoços das garotas viravam para acompanhar os gêmeos caminhando despreocupadamente em direção a mesa da Grifinória e se sentiu enjoada por saber que era uma delas agora. Era esse o seu destino? Ser uma das alunas eternamente apaixonadas por um dos gêmeos? queria abrir um buraco no chão e desaparecer. Era humilhante demais saber que estava sentindo tudo aquilo por um de seus amigos mais antigos.
Ela sempre soube que aquele dia na sala 27 do sexto andar era apenas George encantado pela engenhoca trouxa e por Prince. Ela não era a garota mais bonita do mundo. Mas, algumas vezes, geralmente quando se sentia muito pouco generosa consigo mesma, se deixava dormir imaginando como seria se George Weasley realmente a achasse a garota mais bonita do mundo como na música. Como a garota para qual Prince escrevera aquela música. Como seria ser essa garota?
Havia algo que não saía da cabeça de George. Ele já havia afastado todas as cadeiras e mesas para o canto da sala, quase montando um pequeno labirinto apenas para que os alunos que viessem para festa tivessem espaço para dançar mais tarde. Já havia até mesmo arrumado a mesa mais alta do local para controlar o discman e as músicas que ouviriam noite adentro, ainda assim, ele continuava se perguntando: O que diabos havia acontecido com durante o jogo? Por que ela havia congelado de repente? Por que não havia rebatido o balaço em direção a ele? Aquilo estava realmente o perturbando, pois nunca havia pensado tanto assim em .
Quer dizer, pensava o bastante, mas não com dúvidas. George não gostava de não entender as coisas.
– Eu ia perguntar a senha, sabe – disse Fred na porta que havia acabado de abrir após duas batidas precisas – Mas você eu deixaria entrar mesmo que fosse uma armadilha do Filch.
– Dá um tempo, Weasley – respondeu empurrando a porta e entrando junto de e Cedric, que riam.
– Eu não sei por que você pisa tanto em mim, – continuou Fred.
George reprimiu uma risada enquanto organizava a mesa de bebidas. Seu irmão estava sempre tentando algo com Black, mas a garota parecia ser imune demais aos charmes de Fred. Uma surpresa, pois as garotas raramente eram. Muito menos quando ele estava tentando tanto. Se bem que para ser justo com , na maior parte das vezes Fred parecia estar brincando.
– Deve ser porque eu te conheço há tempo suficiente – retrucou e ele colocou a mão no peito, fingindo-se ofendido enquanto a garota jogava os cabelos loiros para trás. Ela encontrou o olhar de George e sorriu, lançando um beijo no ar para ele. George sorriu de volta.
– Não fale assim com ele, , você sabe que Fred é sensível! – se intrometeu com um ar divertido.
George achava estranho que fosse tão tranquila sobre aquilo. Não parecia gostar tanto assim de Fred nessas horas.
revirou os olhos, resmungando algo como ser culpa de que Fred era tão mimado e ignorando os comentários dos amigos ao ir para a mesa onde ficava o discman, enquanto Cedric já havia começado a proteger a sala com feitiços. Em poucos segundos a música já estava tocando e as luzes ficaram baixas e coloridas. George sorriu, percebendo o quanto melhoraram com o passar do tempo.
Logo depois, o resto dos alunos começaram a chegar. Dessa vez, Fred e George haviam decidido começar a cobrar. Apenas Cedric, , e Lee não pagariam, pois eram seus amigos mais próximos e sempre ajudaram na arrumação. George havia dito que dividiria os lucros com os amigos, mas eles recusaram. foi a primeira a dizer que não, pois já sabia que a ideia de cobrar era para a loja de logros que ainda estava tomando forma. Quando ela disse que não, os outros apenas a seguiram.
George ficou muito grato por isso. Algumas vezes se mostrava mais gentil do que parecia. Com ele, pelo menos. Fred sempre a elogiava, mas George não tinha com o que comparar. Eram amigos, é claro, George a ajudaria no que precisasse sem pensar duas vezes, mas a relação dos dois sempre parecera ter uma barreira invisível erguida por ela que ele nunca conseguiu entender muito bem. Não que tivesse se dado ao trabalho de fazer isso, ele tinha que admitir.
Bom, mas porque precisavam de dinheiro, os alunos do quarto ano foram convidados também. Agora Harry, Rony e Hermione estavam em um canto mais afastado com Dean, Seamus e Neville. Até mesmo Draco e Pansy estavam lá. As festas dos gêmeos não eram exatamente um segredo, mas se você não fosse convidado, você não os acharia. Era simples assim.
Draco já havia pedido para participar, mas era muito novo e muito babaca. Dele e Pansy, Fred cobrou 10 galeões cada, o dobro do valor normal, apenas porque sim. , que era prima do garoto, também ameaçou fazer com que ele e sua amiga desaparecessem caso alguém ficasse sabendo. George achava muito engraçado como Draco obedecia a prima mais velha em tudo depois que se entenderam de vez há quase dois anos.
– Se vocês não conseguirem o dinheiro da loja até o fim do ano, algo definitivamente vai estar errado. Provavelmente caixa dois.
George riu enquanto entregava um copo de cerveja amanteigada a .
– Então é melhor eu ficar de olho em Fred?
– Ah, com certeza é.
O olhar de foi parar no gêmeo na pista de dança, que já estava cheia, mostrando às pessoas como se dançava Bad do Michael Jackson, um trouxa que fazia músicas muito boas e era quase sempre o sucesso de todas as festas que eles organizavam.
– Ela só coloca essa música por causa dele – disse com um sorriso – , eu quero dizer. Ela gosta de como ele fica animado.
George arqueou as sobrancelhas, surpreso. Isso era surpreendentemente carinhoso da parte de . E ela nunca era carinhosa com Fred.
– Ela devia dizer isso a ele.
soltou uma risada e deu um gole em sua bebida.
– Ela jamais faria isso – respondeu por fim – Mas a festa está ótima para comemorar a nossa vitória, sabia? Muito obrigada, Georginho.
George revirou os olhos, mas antes que pudesse responder foi interrompido.
– É – disse Angelina – O que me deixa a pergunta: por que ela está acontecendo?
George viu quando respirou fundo e deu mais um gole na própria bebida, um tão grande dessa vez que esvaziou o copo.
– O sentido da festa não é só comemorar a vitória da Grifinória, Angelina – respondeu George, indiferente.
A garota pareceu gostar de receber uma resposta com mais de três palavras dessa vez e, aproveitando o gancho, perguntou:
– George, eu posso falar com você?
– Eu prefiro que não – respondeu na mesma hora dando um gole em sua cerveja amanteigada. riu baixinho, atraindo um olhar nada amigável de Angelina.
– De repente aqui ficou muito cheio e Billie Jean começou a tocar, e você sabe que eu adoro essa. Vejo você depois, Georgie – disse com um sorriso e uma piscadela em direção ao amigo, surpreendendo tanto George quanto Angelina. Depois que a garota saiu, a capitã do time se virou para o ruivo.
– O que há de errado com essa garota? Eu nunca fiz nada com ela!
George não respondeu, apenas assistiu enquanto deslizava para o meio da pista jogando seu cabelo castanho-claro para trás enquanto passava as mãos suavemente pela sua saia azul-escuro, fazendo com que o tecido subisse e descesse milimetricamente.
Um segundo depois Thomas Orwell, seu parceiro de time, se projetou ao lado da garota, como se estivesse esperando a noite toda o momento em que ela pisaria na pista. Ele se curvou até estar a centímetros de seu ouvido e disse algo, apenas sorriu e assentiu com a cabeça. Os dois começaram a dançar juntos na mesma hora.
George terminou a própria cerveja em um só gole e desviou o olhar.
– É difícil saber, Angelina, já que você é alguém tão agradável, não é? – Respondeu displicentemente.
– George, eu realmente sinto muito. Eu não devia... não... foi errado, eu sei disso agora.
– Já disse que está tudo bem.
– Você diz isso, mas não fala mais comigo!
– Não posso te desculpar e querer ficar longe de você ao mesmo tempo?
– Pode, mas... – Ela deu um passo à frente, sua mão indo parar na gola da camisa do Weasley – Eu realmente gostei daquele dia, Georgie. Será que nós não...
– Não – respondeu categoricamente. George tirou a mão de Angelina de sua camisa, encheu seu copo de Whisky de Fogo e se virou, saindo o mais rápido que podia de perto de Angelina Johnson. O garoto não queria e não ouviria nada que a capitã do time tivesse para dizer.
O coração de George deu um salto com a proximidade dela, os olhos fixos nos seus fizeram o ruivo se sentir mal e perdido. Seria possível ainda gostar dela? Pelo amor de Merlin, isso era o que ele menos queria. Machucava o seu orgulho como nada nunca havia machucado ainda ter sentimentos pela garota que apenas o procurou porque seu irmão gêmeo a rejeitou.
Em menos de uma hora, George já havia bebido muito mais do que deveria. Ele soube disso quando, no meio de um beijo, se esqueceu de quem estava beijando.
não tinha ideia do que Angelina havia dito a George, mas queria jogá-la na parede e socá-la de qualquer maneira. Algo que a garota Diggory nunca sentiu vontade de fazer, então provavelmente queria dizer alguma coisa. dançou com Thomas, Fred, Lee e um garoto da Corvinal que ela havia esquecido o nome e quando Smooth Criminal começou a tocar, ela foi até Rony, Harry e Hermione e os trouxe para a pista de dança, fazendo com que os três também se divertissem como os outros. Era sempre assim quando alguém chegava lá pela primeira vez, pior ainda quando eram os mais novos.
Mas mesmo enquanto fazia todas essas coisas, ela não conseguiu deixar de reparar em George bebendo caneca atrás de caneca e dançando até ficar vermelho entre Katie e Alicia. Também não conseguiu deixar de reparar quando Claire, uma garota da Lufa-Lufa, se aproximou e em menos de dois minutos os dois se beijaram, e nem quando aconteceu a mesma coisa, mas com uma garota da Grifinória e depois outra da Sonserina.
Não que fosse uma novidade para ver as pessoas se beijarem na sala 27. Fred estava naquele exato momento no canto beijando uma garota aleatória só para deixar com ciúmes – algo que ele nunca admitiria, assim como também nunca admitiria estar dançando colada com Cedric apenas para dar o troco. Lee e Katie também estavam mandando ver atrás de algumas mesas. Ela própria, mesmo contra todo seu bom julgamento, acabou beijando Thomas Orwell, seu companheiro de time, outra vez.
Então sim, já havia visto George com outras garotas. Obviamente isso só começou a incomodá-la depois daquela fatídica tarde naquela mesma sala – ou assim ela insistia. Mas naquela noite a incomodou duas vezes mais por saber que ele estava fazendo aquilo por causa de Angelina Johnson.
se desvencilhou dos braços de Miguel Corner e foi na mesa em busca de mais uma cerveja amanteigada. Depois de ver o quarto beijo de George, a festa estava começando a cansá-la de verdade. Pegou seu copo e começou a procurar algum lugar calmo para ficar.
No fundo da sala, perto de onde Fred e George haviam empurrado todas as mesas, encontrou um pequeno espaço contra a parede e quase suspirou de felicidade. Olhou para os lados e correu até lá. Assim que se sentou, levou um susto.
George estava sentado embaixo de um amontoado de mesas, escondido de qualquer pessoa que não estivesse exatamente onde estava.
– George! Que susto! O que está fazendo aqui?
Ele tombou a cabeça para o lado, olhando diretamente para com um sorriso bêbado nos lábios vermelhos. Sua testa estava suada, fazendo com que alguns fios de cabelo ficassem presos nela. Seus olhos pareciam prestes a se fechar a qualquer momento. Ele era a figura perfeita do que acontece quando você bebe demais.
Infelizmente, o achou adorável.
– De quem está se escondendo, ?
– De ninguém.
– Thomas? – Sugeriu.
franziu o cenho.
– Por que eu estaria me escondendo de Tom? – George fez uma careta ao ouvir o apelido do garoto – Ele é meu amigo.
– Ele gosta de você.
– Você está bêbado.
– É claro que estou, mas isso não muda que ele gosta de você! Me escute, Diggory. Também sou homem, caso você não tenha percebido.
Ah, eu percebi, George, respondeu ela dentro da sua cabeça.
– Não é porque as pessoas se beijam que elas se gostam – disse, dando um gole em sua cerveja – Se fosse assim, você estaria apaixonado por metade dessa festa hoje.
Ele riu.
– Estava me espionando?
– Não, apenas tenho olhos – ela suspirou, cansada e antes de pensar, se virou para George. Se arrependeu no mesmo instante, pois George parecia ter se aproximado e ainda tinha o mesmo sorriso bobo nos lábios – O que está fazendo tão perto, garoto?
– Me dê um gole – pediu – A minha acabou.
– Só se eu fosse louca. Já vamos ter trabalho o suficiente para tirar você daqui nesse estado.
– Não estou tão bêbado assim – disse ele, os lábios formando um biquinho frustrado que fez rir.
– De quem você está se escondendo? – Perguntou ela. George arqueou as sobrancelhas e deu uma risadinha. Não estava tão bêbado a ponto de esquecer que ela retrucou com a mesma pergunta que ele havia feito há pouco.
– De todo mundo – respondeu sincero – E você? Diga a verdade. Ninguém vem para cá sem estar se escondendo.
riu.
– E eu achando que você estava bêbado – bebeu mais um pouco e repousou o copo ao lado de seus pés – Acho que estou me escondendo de mim.
George soltou um assovio.
– Forte, forte demais, .
Ela riu novamente.
– O que você fez para estar incomodando você mesma?
deu de ombros e mirou a pequena luz que acertava no canto da parede e brilhava em vermelho, azul e verde.
– Só estou pensando demais em coisas que não deveria.
George não respondeu e soltou um palavrão quando olhou para o garoto e ele estava furtivamente bebendo sua cerveja.
– George, pelo amor de Morgana! – Exclamou, puxando o copo quase vazio de volta. Ele apenas riu e se aproximou mais ainda de onde estava, saindo completamente de baixo das mesas e ficando ombro-a-ombro com ela – Sério, Fred vai te matar. Vai mesmo. também. Você sabe que ela odeia quando você passa mal.
– Você pode ajudá-lo a me levar para o quarto – disse, ignorando a falação da lufana – Vai ser bom para vocês. Mais tempo sozinhos.
franziu o cenho e se virou na mesma hora para encarar George.
– Por que eu precisaria de mais tempo sozinha com Fred?
– Você não gostaria?
– Não tem o que gostar ou desgostar nisso, George – piscou, sem entender onde ele queria chegar.
– Você gosta dele, é por isso que seria bom – George explicou revirando os olhos como se ele fosse a única pessoa inteligente ali.
Levou um tempo até que processasse totalmente a fala de George e quando entendeu, sua risada provavelmente foi mais alta do que pretendia. O ruivo a encarou, seus olhos mostrando o que ele pensava naquele momento: Ela havia perdido a cabeça de vez.
respirou fundo, mas não conseguia parar de rir. Era engraçado e irônico demais o garoto achar que ela gostava de seu irmão. De seu irmão!
Talvez ela fosse melhor nisso de esconder os sentimentos do que se dava crédito.
– George, de onde você tirou isso? – Ela conseguiu dizer depois de um tempo – Por que eu gostaria de Fred?
– Você... Não gosta?
– Não! – Ela continuava rindo – Por Merlin, é claro que não. Nos conhecemos a vida toda!
– Bom... – George parecia sem palavras e estava gostando daquilo.
– Sério, de onde tirou isso, Georgie?
– Eu... – O ruivo se mexeu no chão e puxou o copo vazio para si – Não sei. Todas as garotas gostam dele.
O sorriso de diminuiu e ela levou um susto quando George ergueu os olhos e a olhou sério.
– Se não gosta dele, então por que o escolheu?
A lufana piscou.
– O escolhi? Quando eu escolhi Fred para alguma coisa?
sabia que George estava bêbado e provavelmente não sabia o que estava falando e ela não deveria provocá-lo, mas não conseguia evitar.
– Você o escolheu. Você mesma disse. Nos conhecemos a vida toda.
– Sim?
– E desde sempre você fica do lado dele. Você sempre… – George balbuciou incoerentemente enquanto balançava as mãos – Você o escolheu para ser seu amigo desde o primeiro minuto que Cedric deixou você com a gente porque era muito mais legal ficar com Charlie – Ele soluçou – Ele, não eu.
Qualquer vestígio de sorriso que Diggory poderia ter sumiu assim que as palavras de George deixaram sua boca. George encostou a cabeça na parede para olhar enquanto sentia que revia toda sua vida.
Nunca havia feito isso.
Havia?
Se lembrava de seguir Bill Weasley por toda a Toca e brincar com Charlie quando ele tinha tempo para uma garotinha mais nova que não era sua irmã, lembrava-se de Percy a ensinando alguns fatos sobre Feitiços ou História e de Fred e ela brincando por toda a propriedade da família enquanto George e Cedric jogavam quadribol. Se lembrava dos três jogando Snap Explosivo e também jogando quadribol. Lembrava-se de quando chegaram os três juntos em Hogwarts, um ano depois de Ced. Sempre juntos.
– George, eu nunca o escolhi. Eu gosto de vocês dois. Somos amigos. Eu sempre o vi como meu amigo.
George balançou a cabeça.
– Você gosta de mim, mas sempre gostou mais dele – disse George dando de ombros – Desde que apareceu n'A Toca. Mesmo antes de conhecer qualquer um de nós direito... Sempre foi ele.
sabia que George provavelmente não se lembraria dessa conversa no outro dia, mas por Merlin, ela sentia vontade de chorar enquanto negava com a cabeça cada palavra do ruivo. Queria parar a festa toda, mandar que todos fossem para seus dormitórios e continuar ao lado de George até ele ficar sóbrio, quando ela poderia dizer a ele que nunca foi assim. Nunca.
– Foi a primeira vez que vi que era normal as pessoas o escolherem – disse George dando de ombros.
A lufana queria gritar que George estava maluco se achava que aquilo era normal, que nunca havia escolhido Fred, eles apenas tinham a mesma cabeça boba, por isso havia se aproximado mais dele em Hogwarts e George de Cedric, que sempre fora inteligente como ele.
Queria dizer que mesmo que tivessem a mesma idade, sempre se sentia intimidada por ele. Sempre havia ficado nervosa perto de George Weasley mesmo antes de saber que sentia algo por ele, muito antes da tarde onde fingia ser a garota mais bonita do mundo. Por isso sempre havia sido mais fácil provocá-lo, pois tinha certeza que aquilo ou o irritaria ou o faria rir e ela gostava dessas coisas nele. Gostava de seu sorriso chamativo e como seus olhos ficavam apertados quando estava irritado.
– George – Ela chamou, sua voz soava desesperada, combinando exatamente com seu estado de espírito atual. Estava desesperada em fazer George entender – Eu adoro você. Adoro de verdade. Você é inteligente, engraçado, criativo e joga quadribol quase tão bem quanto eu. Eu sempre gostei de você. O que você falou... Não é normal. Não diga isso, por favor.
O ruivo piscou algumas vezes. teve certeza que ele não havia entendido uma palavra do que ela havia dito. Mas então George fez o impensável: Se inclinou na direção de e a beijou.
Não foi bem um beijo de verdade, porque quando sentiu os lábios vermelhos do garoto encostarem nos seus, tão leves quanto uma pluma, congelou. George levou uma das mãos até a nuca da garota e a puxou um pouco mais para perto. fechou os olhos enquanto sentia George agarrar seu lábio inferior com os dele e os chupar devagar. sentia que todo sangue do seu corpo havia sumido, porque não conseguia sentir nenhuma parte de si além daquela que conectava seu corpo ao de George. E quando ela finalmente abriu a boca, o Weasley aprofundou o beijo.
Por um total de três segundos, e então o empurrou.
A lufana levou dois dedos até a boca, seus olhos arregalados e seu peito subindo e descendo tão rápido quanto a batida da música que tocava ao fundo enquanto encarava George.
– ... – Ele chamou, mas ficou de pé, chutando sem querer o copo que estava perto de si e saindo do local.
Passou correndo no meio da pista, sem responder quando Cedric a chamou e sem se importar em olhar o Mapa do Maroto para saber se algum professor, Filch ou até mesmo Madame Nora estava por perto, abriu a porta e passou como um furacão, abandonando a festa e seus amigos em direção a sala comunal da Lufa-Lufa, onde poderia se jogar em sua cama, fechar as cortinas, puxar os cobertores até o queixo e encarar o teto até adormecer.
Ela fez tudo isso enquanto repetia baixinho para si mesma, algumas vezes até mesmo tocando os lábios que outrora encostaram na boca do garoto que gostava: O que diabos George Weasley estava pensando?!
Quando estavam na entrada do salão foram parados por Cedric e . George logo percebeu que a amiga não estava de ressaca, pois só isso explicaria como ela estava à vontade para gritar com ele sem se incomodar.
– Calma, espera aí, linda! – Exclamou Fred, quase esbarrando na sonserina – Tudo isso é ansiedade pra me ver?
– Agora não, Fred – respondeu séria – Cadê a ?
– Acabamos de sair da Torre da Grifinória, não sabemos – Fred respondeu, sem entender porque os olhos de estavam fixos em George.
– O que você fez? – Quis saber em um tom mordaz.
– Por que eu faria alguma coisa? – Perguntou George, esfregando as têmporas com os dedos, completamente alheio ao que estava acontecendo de fato.
– Vocês estiveram juntos ontem.
– Todos nós estivemos, , era uma festa – respondeu ainda com a mesma postura mal-humorada. George só queria se sentar e tomar um grande copo de água e estava no seu caminho. Ele não estava ficando muito feliz com isso.
– Não – ergueu o dedo indicador quase encostando no peito de George – Vocês estavam. Vi quando você foi se esconder embaixo das mesas depois de ficar com Lucy e pouco tempo depois, foi para o mesmo lugar. Inicialmente achei ótimo, porque alguém poderia impedir que você morresse engasgado no próprio vômito, mas então ela saiu correndo e desde então ninguém mais a viu. Então me perdoe por deduzir que você fez sim alguma merda colossal, Weasley! – disse tudo de uma vez, seu tom de voz aumentando a cada palavra que dizia, o que fez com que George percebesse a seriedade do assunto. nunca falava assim com ele. Ele se endireitou, ignorando a dor latejante em sua cabeça pela primeira vez desde que acordara. Fred, ao perceber que a história era mesmo importante (e também meio confusa) colocou sua mão sob o dedo que ainda apontava para George, puxando-o para baixo em uma tentativa discreta de acalmar os ânimos.
George piscou algumas vezes enquanto seu irmão o encarava com curiosidade. Cedric parecia se segurar para não ser ele a questionar George ao invés de . Tudo no rosto de George mostrava confusão e surpresa, e talvez tenha sido isso a fazer a postura de mudar. A sonserina suspirou, seus olhos acinzentados se suavizando enquanto dizia, desta vez mais baixo e carinhoso, como George estava acostumado:
– O que aconteceu, Georgie?
Ele estava pronto para dizer que não fazia ideia do que estava acontecendo e o que poderia ter se passado pela cabeça de para sumir dessa maneira, mas então as imagens começaram a surgir em sua cabeça como em um passe de mágica.
George dizendo que ela gostava de Fred e rindo alto.
piscando em sua direção.
jogando seu cabelo para o lado enquanto bebia cerveja, deixando seu lábio superior cheio de espuma.
séria.
George deu um passo para trás, assustando os três amigos. Sua cabeça não latejava e ele sentiu falta disso. A dor era melhor do que ter sua própria voz girando dentro de sua mente repetindo em alto e bom som o que ele havia feito na noite anterior. Ele não poderia realmente ter questionado dessa forma, poderia? George não podia, de jeito algum, ter perguntado para a lufana porque ela havia escolhido Fred e não ele… Certo?
– Meu Deus, George, você realmente fez alguma coisa com a minha irmã?! – Cedric falou pela primeira vez desde que chegou.
O Weasley deu mais um passo para trás quando se lembrou de inclinar-se sob e…
– Eu vou falar com ela – Garantiu para os três e virou-se sem esperar uma resposta. Ouviu Cedric falar mais alguma coisa e tinha certeza que o lufano havia tentado segui-lo, mas e Fred deviam ter o segurado. De qualquer forma, George correu o mais rápido que pôde em direção a entrada do castelo enquanto as memórias eram descarregadas todas de uma vez em seu cérebro. Enquanto corria pelos corredores, sentiu um calafrio percorrer todo seu corpo.
Ele a beijou.
George Weasley havia beijado Diggory. A irritante bruxa de bastão, sua amiga de infância, a irmã de um dos seus melhores amigos! Ele a beijou!
Pelo amor de todos os Deuses, ele não conseguia acreditar naquilo. Se lembrava de tudo agora, da forma como segurou seu pescoço e da sensação suave e macia que sua pele causava, de como ela abriu a boca minimamente para deixá-lo entrar e depois o afastou e o beijo terminou tão rápido quanto havia começado. George se lembrava perfeitamente do olhar de choque de assim que ela se afastou. Ela o odiava, ele tinha certeza e jamais a culparia, pois merecia, pois era um imbecil, um completo imbecil! Podiam trazer o prêmio de idiota do ano e entregá-lo para George, porque ele acabara de desbancar qualquer outro.
Sua relação com sempre foi boa. Tinham os mesmos amigos, se divertiam quando estavam juntos, jogavam bem em campo e se provocavam na mesma medida. Tinham uma boa dinâmica e ele havia estragado tudo. Quanto mais George pensava, pior se sentia:
Havia beijado .
Havia beijado , a irmã mais nova do seu amigo.
Havia beijado , a irmã mais nova do seu amigo estando bêbado e sem consentimento algum!
George sentia que poderia vomitar a qualquer momento. não merecia isso.
Sem contar tudo que havia dito antes, sobre Fred, sobre a infância deles… Teria sorte se ainda quisesse olhar na cara dele.
Era isso. Era oficial. George Weasley nunca mais beberia. Era a droga de um perigo para a humanidade com uma garrafa de hidromel por perto.
George parou. Encarou a estufa da Professora Sprout e respirou fundo, precisava de um tempo para se preparar, caso contrário sairia correndo de tanta vergonha do que havia feito. Ele entrou sem fazer barulho e caminhou em direção a pequena figura no canto cortando folhas de uma planta roxa. A capa de estava jogada na bancada e as mangas de sua camisa estavam arregaçadas até os cotovelos. Seus cabelos estavam presos em uma trança, mas uma fina mecha insistia em cair ao lado de seu rosto. Ela estava concentrada, por isso George se manteve distante.
– Oi.
deu um salto, assustada.
– Caramba, George! Eu estou com uma tesoura, não está vendo? Poderia ter cortado meu dedo! – Exclamou sem se virar para George. O garoto se aproximou.
– Você se assusta muito fácil – disse ele.
– Talvez você não devesse se esgueirar assim perto das pessoas.
– Estão todos preocupados com você. está quase iniciando uma equipe de busca por não te ver desde ontem.
– Estive aqui o tempo inteiro. Não posso fazer nada se eles não sabiam – respondeu, repousando a tesoura e se afastando um pouco da bancada de trabalho. se virou para George e ele teve que fazer força para não desviar o olhar – Como você sabia que eu estava aqui?
– Ah... – George coçou a cabeça antes de dar de ombros – Não sei. Apenas chutei. Você gosta de Herbologia.
Era mentira e George não sabia porque havia mentido. Talvez não quisesse que as coisas ficassem ainda mais estranhas entre eles.
Sabia que estava ali porque no quarto ano quando a garota derrubou Fred da vassoura com um balaço acidentalmente forte demais, havia ido para aquele mesmo local se esconder. E foi George que foi atrás dela para dizer que não havia sido sua culpa, que era normal esse tipo de coisa acontecer e que Fred estava bem e muito ansioso para vê-la na enfermaria.
Lembrava-se de vê-la chorando e de ficar ao seu lado até suas lágrimas culposas pararem de cair. George se sentiu tão mal que nem sequer conseguiu fazer uma piada, nem mesmo para aliviar o clima. Só conseguiu deixá-la chorar em seu ombro enquanto seu coração se partia por vê-la tão indefesa. Não sabia porque aquela memória vivia há tanto tempo com ele, mas quando percebeu que havia sumido por causa dele, o primeiro local que pensara fora a estufa.
– Me desculpe – pediu ele e viu quando a garota fechou os olhos como se isso fosse impedi-lo de continuar falando – Me desculpe mesmo por ontem, . Eu bebi demais, é claro, mas isso não é desculpa, fui um idiota com você. Você não merecia que eu te tratasse daquela forma, estou me sentindo horrível, mesmo, não sei o que estava passando pela minha cabeça e… E…
– Estava pensando em Angelina Johnson – completou ela pegando George desprevenido. tirou o avental que usava e o jogou na mesa com força, passando por George e saindo da estufa. Ele começou a segui-la – Fred me contou o que aconteceu ano passado.
George teria que tirar um momento para conversar com o irmão gêmeo sobre privacidade e limites, mas isso seria depois. Naquele momento uma onda de irritação o percorreu do nada.
– Não – disse com firmeza e a lufana soltou uma risada.
– Certo.
– Eu não estava pensando em Angelina quando te beijei, . Isso é absurdo – tentou novamente
– Claro que não – respondeu , seu tom carregado de sarcasmo.
As pontas da orelha de George esquentaram e ele franziu o cenho, irritado.
– Por que estaria pensando nela enquanto... enquanto beijo você?
George não saberia explicar o motivo caso fosse perguntado, mas era muito importante pra ele que Diggory entendesse que ele não estava pensando em Angelina quando a beijou. Tão importante a ponto dele até mesmo deixar sua vergonha de lado.
– Porque foi o que você fez a noite toda, Georgie. Com Claire, Penelope, com aquelas duas garotas da Sonserina e... bem, comigo – disse ela dando de ombros.
– Você não sabe o que está falando.
– Se não foi isso, por que você me beijaria, George? Eu, dentre todas as pessoas? – soltou uma risada enquanto jogava os braços para cima, cansada de tudo aquilo.
– Porque eu quis!
Os dois ficaram em silêncio, o peso daquelas palavras recaindo sobre eles enquanto se encaravam parados no meio do caminho entre o castelo e a estufa de Herbologia. Se tivesse que apontar um momento exato onde tudo mudou entre ela e George Weasley provavelmente seria aquele. Não quando ele a beijou, nem mesmo quando ela se deu conta de que nutria sentimentos por ele além de amizade, mas aquele: quando ele confessou que a beijou unicamente porque quis.
– Você quis – repetiu, calma e devagar, completamente cética enquanto testava o gosto das palavras na sua própria boca.
George avaliava cada canto do rosto da lufana, tentando entender o que poderia estar passando pela cabeça dela. Pela primeira vez a situação entre os dois era estranha de verdade e tudo que George queria era voltar para quando ela se sentia confortável o suficiente para fazer piadas sobre dormir com ele.
– Eu quis.
– Então por que me pediu desculpa?
– Como eu poderia não pedir? Eu estava bêbado e sei que não foi justo com você. Se queria ou não te beijar… Isso é irrelevante. Foi errado te pegar de surpresa daquela forma. Não queria te deixar desconfortável, . Nunca faria isso com ninguém, muito menos com você.
sentiu as batidas de seu coração falharem. Estava dividida entre uma tristeza ressentida e carinho pelo George que conhecia há tantos anos. Quando acordou e decidiu ficar longe pra respirar, já sabia o que aconteceria. Sabia que George se lembraria do que havia acontecido em algum momento e viria correndo pedir desculpas. Ele era assim. já estava preparada para ouvir tudo aquilo (“Foi um erro, me desculpe, eu errei, blábláblá). É claro que ele iria pedir desculpas por ter feito uma estupidez quando estava bêbado, ainda mais com ela. Mas parte de havia ficado feliz em saber que George sentiu vontade de beijá-la, mesmo que apenas quando em estado de embriaguez, então era difícil ouvir tudo aquilo quando ela desejava apenas que ele quisesse beijá-la quando estivesse sóbrio também.
assentiu, tentando esquecer tudo aquilo e focar no que mais havia pensado desde que o beijo parou de ser seu foco principal.
– O que você me disse era verdade?
– Qual parte?
– Sobre achar que eu gostava de Fred.
– Era.
desviou o olhar e riu antes de voltar a falar. Não conseguia deixar de rir ao pensar em si mesma apaixonada por Fred Weasley.
– E a outra parte sobre eu escolhê-lo?
George ficou inquieto, trocando o peso do corpo de pé. Tudo que queria era que ela esquecesse tudo que havia acontecido.
– Qual é, , você não pode só me desculpar?
cruzou os braços.
– Responde logo.
– Sim, foi verdade. Era tudo verdade. O que tem a ver?
assentiu e se virou, recomeçando a andar. George levou alguns segundos para começar a segui-la.
– Vou desculpar você – disse depois de um tempo fazendo com que George abrisse um sorriso – Mas com uma condição.
George estalou a língua. É claro que tinha uma condição. Era Diggory no final das contas e ela nunca facilitava para ele. Ele devia ter esperado por isso.
– É pegar ou largar, Weasley – falou como se pudesse ler os pensamentos do ruivo – E se você largar, fique sabendo que eu nunca mais apareço na sua frente. Nem mesmo para jogar quadribol.
– E isso é um castigo? – brincou, recebendo um olhar semicerrado de . Ele suspirou – Você sabe que eu vou fazer o que você quiser. Apenas diga de uma vez.
E ele realmente estava disposto a fazer. Limparia a vassoura de por um ano se ela quisesse, faria seu dever de casa até o dia em que se formasse (se bem que isso não seria bom para as notas dela) ou qualquer outra coisa que a garota pensasse, porque sabia que havia errado em beijá-la sem mais nem menos e até agora não sabia o que havia se passado em sua cabeça para fazê-lo além de uma vaga lembrança alcoolizada sobre como parecia bonita ali, embaixo das mesas com ele, escondida de toda a multidão, bebida e barulho. Mas isso definitivamente não era algo que George queria pensar muito a respeito.
Mas o mais importante é que, mesmo brincando sobre isso, George Weasley não conseguia imaginar seus dias sem a bruxa de bastão. Então, sim, ele faria o que ela pedisse se pudessem continuar vivendo como sempre viveram.
– Vamos a Hogsmeade – disse com um sorriso pequeno – Também quero me desculpar.
Mas desejava com todas as forças que fosse . Ela seria a única que entenderia, mesmo fazendo perguntas.
E, para a sorte de , foi exatamente a sonserina que encontrou perto da passagem secreta da bruxa de um olho só.
– Onde você se enfiou, garota?! Ced e eu te procuramos por muito tempo quando você não apareceu para o café da manhã. O que aconteceu? O que o idiota de George fez? Você encontrou com ele? Cedric está ficando maluco!
era a única pessoa que sempre soube dos sentimentos de , talvez até mesmo antes que a própria lufana se desse conta. Ela sempre falava sobre como as provocações e brincadeiras entre e George eram apenas uma forma de extravasar a tensão sexual. E quando passou a fugir de George, apenas pôde, finalmente, apontar para o que sempre havia visto.
Porque é claro que fugiu de George: fugiu como o diabo foge da cruz assim que percebeu que estava apaixonada. E por vários motivos, dentre eles saber que George gostava de outra pessoa. Sem contar que, naquele momento, tinha certeza de que não fazia o tipo de George e que ele apenas a via como uma amiga de infância e a irmã mais nova de Cedric. E estava tudo bem, pois realmente acreditava que aquela onda de sentimentos por George passaria tão rápido quanto chegou. Ela acreditava que poderia fazer passar.
Mas nada mudou. E quando aquele sentimento passou a durar e crescer mais do que o esperado, decidiu que precisava contar a alguém antes que passasse a transbordar pelos lados. Jamais contaria a Cedric, seu irmão protetor e um dos melhores amigos de George e muito menos para Fred, que era quase uma parte interessada naquilo e faria de missão pessoal juntar a melhor amiga e o irmão caso descobrisse.
Contudo, a ouviria, a ajudaria e, mais importante, ela entenderia. ouviu tudo que tinha para dizer e quando contou que apenas ficaria um pouco longe de George até tudo passar, não a julgou.
Não que ela não tentasse vez ou outra dizer que isso era besteira. acreditava que e George faziam todo sentido do mundo e ao contrário de Fred, George nunca havia gritado para quem quisesse ouvir que não queria namorar nunca.
Para , as inseguranças de e seus motivos para ficar longe de George poderiam ser resolvidos com uma única conversa. Para , era exatamente o que Fred precisava e vice-versa, então elas apenas concordaram em discordar.
– Nós vamos a Hogsmeade – disse e a boca de se abriu.
– Vocês têm um encontro?!
– Não! Nós só vamos a Hogsmeade. Aconteceu... uma coisa... ontem. Precisamos conversar. É só isso.
– …
– Não se preocupe, – disse, já dando alguns passos para trás – Vou te contar tudo depois do jantar, tá bom?
se virou e partiu em direção a passagem secreta deixando uma Black extremamente preocupada para trás. Algo naquilo apenas não cheirava bem.
e George não haviam conseguido decidir o que fazer, então iriam parar primeiramente na Zonko's e depois, quem sabe, poderiam conversar no Três Vassouras, mas sentia o nervosismo do ruivo ao seu lado, olhando de um lado para o outro como se devesse pensar em algo para dizer ou fazer.
– Quando você vem a Hogsmeade com Cedric é um encontro? – Ela continuou.
– Bem, não – respondeu George – Mas você não é o seu irmão.
A garota ficou sem fala por um momento. estava fazendo toda a força do mundo pra se manter calma e focada, mesmo que tudo que tivesse acontecido ainda a deixasse desnorteada. Toda a conversa com George, o beijo… Fugir dali foi a única coisa que conseguiu pensar. Os lábios avermelhados do grifinório nos seus, tão delicados quanto ela sempre pensou que seriam deixaram sem ar. E quando ele pediu passagem e aprofundou o beijo como se não fosse a primeira vez que se beijavam, sentiu como se uma bomba explodisse dentro dela, uma bomba tão grande que balançou as placas tectônicas de seu cérebro a fazendo acordar.
Ela não podia beijar George, não assim.
Não depois de tudo que ele havia falado, não com ele bêbado e fazendo aquilo porque não queria se deixar beijar Angelina.
Antes de dormir, passou por todos os estágios Pós-beijar George Weasley possíveis. Primeiro ela ficou em choque, depois ela o xingou de todos os nomes possíveis, depois ficou feliz, porque, bem, eles haviam se beijado! Mesmo que nunca tivessem nada, ela sempre poderia dizer que o beijou. E por último, ela aceitou. George estava sensível e bêbado e aquilo não poderia nunca, jamais, em hipótese alguma ser levado a sério. Então ela esperou. Espero que ele viesse conversar com ela, pois sabia que George não conseguiria nem sequer dormir se pensasse ter magoado propositalmente. Isso era uma das coisas que ela mais gostava nele, então... por que não usar isso?
Uma das coisas que mais rodopiou dentro da cabeça da lufana foi George perguntando por que ela escolheu Fred e não ele e como ela o fez perceber que tudo bem escolher um dos gêmeos. Ela nunca pensou que George poderia ter essa imagem dela. Nunca em um bilhão de anos, e queria consertar.
Queria consertar porque sabia como era viver à sombra de um irmão, mesmo que minimamente, queria consertar porque não conseguiria viver consigo mesma sabendo que normalizou esse tipo de pensamento absurdo na cabeça do seu amigo e, principalmente, não conseguiria viver sabendo que George Weasley, o seu George, estava por aí pensando ser menos do que realmente era.
Se dependesse de , George veria cada pequena coisa incrível dentro de si. E depois, talvez, eles conversassem sobre aquele beijo.
– Eu nunca beijei o seu irmão – completou fazendo soltar uma risada alta.
– Não vamos falar sobre isso agora – pediu.
– Pelo quê você acha que precisa se desculpar?
– Você não acredita que eu preciso?
– Se você achar que precisa se desculpar por ser uma encrenqueira que fala demais, tudo bem.
– Eu não falo demais…
– Se acha que precisa se desculpar por todas as vezes que mentiu dizendo ser uma batedora melhor do que eu, ótimo…
– Eu sou uma batedora melhor do que você…
– Nem nos seus sonhos mais criativos e loucos, – respondeu George prontamente e revirou os olhos tentando não rir e falhando, exatamente como George – Mas fora isso, não. Não acho que você tenha me feito nada, .
George abriu a porta da Zonko's para que entrasse. A lufana sentiu seu rosto esquentar antes de entrar, não lembrava-se de já ter tido alguém abrindo a porta para ela antes, mas George parecia fazer aquilo cotidianamente, pois nem sequer piscou. Parecia natural.
– Ontem à noite você disse... – George se encolheu com as palavras da lufana.
– Ok, , novo plano: Você está totalmente autorizada a esquecer qualquer coisa que eu tenha dito ontem. Na verdade, eu posso te pagar pra você esquecer!
– Não posso esquecer.
– Por que não? Por que você não pode fazer essa coisinha de nada por mim? – George gemeu, completamente insatisfeito – Você não vê que eu estou morrendo aqui, ? Eu estou a ponto de me desfazer de vergonha!
– Merlin, por que você é tão dramático?
– Você é dramática – retrucou automaticamente – Eu só estou sendo sincero.
suspirou, passando por algumas prateleiras e sendo seguida de perto por ele. Decidiu ignorar a falação de George, pois sabia que ele continuaria falando até o dia amanhecer apenas para que ela não fosse direto ao ponto.
– Você disse que eu o escolhi. Fred, eu quero dizer.
George passou as mãos pelos cabelos, totalmente frustrado, queria verdadeiramente que esquecesse tudo aquilo, pois eram pensamentos vergonhosos e ele queria desaparecer não apenas por tê-los como também por dizê-los a ela. Merlin, ele tivera dezessete anos de vida sem precisar expressar nada disso em voz alta, foi preciso apenas algumas cervejas, hidromel e Diggory para fazer com que ele jogasse todo seu orgulho pelo ar?
– Disse que graças a mim você percebeu que era normal escolhermos um de vocês.
parou, avaliando alguns Snaps Explosivos na prateleira à sua frente. Não ia comprar nada, mas sabia que George, assim como o irmão, se sentia muito à vontade naquela loja em particular.
– Você estava errado.
– , você não precisa me dizer isso. Não precisa fazer nada disso – George gesticulou com a mão – Não é sua obrigação. E quando você faz isso, parece que está com pena, e isso é a última coisa que quero que sintam de mim.
– Você é meu amigo – disse , balançando a cabeça em negação – Eu gosto de você, Georgie. Gosto de te irritar, gosto de ganhar do time de vocês e provar que jogo quadribol melhor, gosto de fazer você ficar envergonhado na frente dos nossos amigos e… – parou. De repente falar aquilo tudo se tornou complicado demais pra ela. pigarreou – Bom, é isso, você é meu amigo e eu gosto de você. Saber que você pensa assim de mim… Bem, me deixou magoada.
George não disse nada, apenas observou enquanto pegava uma das caixas de Snap Explosivo e passava de uma mão a outra nervosamente. George sentiu as palavras queimarem dentro de sua boca, palavras que ele não queria falar. Ontem você disse que me adorava.
– Você sempre me deixou meio nervosa, sabe?
– Nervosa? – George franziu o cenho, sem entender.
– Quando éramos pequenos, você sempre olhava para os outros como se esperassem que eles fizessem algo de errado. Até mesmo os adultos.
– Eles geralmente faziam.
– Sim, faziam – ela sorriu – Mas nenhuma criança de dez anos é assim. Você sempre impedia que Fred e eu fizéssemos alguma besteira, e quando tínhamos uma ideia que dava errado, era você que consertava e tudo passava a fazer sentido. Você sempre foi mais inteligente, deve ser por isso que Cedric gosta tanto de você – ela suspirou e se virou para George, fitando seus olhos castanhos e reprimindo um sorriso suave ao ver as sardas que cobriam todo seu rosto – Era mais fácil estar perto de Fred. Eu não tinha medo de errar perto dele.
– E tinha medo de errar perto de mim?
– Sim.
George deu um sorriso involuntário, assistindo enquanto puxava o cabelo e deixava sua nuca descoberta. Na mesma hora, lembrou-se como era tocá-la bem ali.
– Ser irmã do Cedric nem sempre é fácil, mas acho que você sabe disso – soltou e George desviou os olhos de sua nuca desnuda.
Ele sabia. Convivia o bastante com a família Diggory para entender a dinâmica que os pais dos amigos tinham em casa.
– Eu costumava achar até pouco tempo atrás que Cedric era melhor do que eu – ela balançou a cabeça como se não pudesse acreditar que já pensara aquilo – Eu o amo, é claro, mas as notas dele são melhores, ele é melhor com feitiços, é o capitão do time e um dos melhores apanhadores que já vi na vida, então tudo bem, não é? Tudo bem ele ser melhor do que eu, tudo bem se algumas pessoas gostarem mais dele do que de mim, até mesmo se elas forem meus pais.
George piscou, sua cabeça balançava involuntariamente. Nada disso era uma novidade, mas ele nunca havia ouvido dizer de forma tão honesta antes. O máximo que havia ouvido tinha partido de Cedric, quando ele estava tão cansado da situação com os país, constantemente magoando a irmã e o pressionando, que precisava desabafar.
– Cedric não é melhor que você, , vocês são duas pessoas diferentes.
– Você realmente acha isso? – Ela perguntou com um sorriso ladino. George conhecia aquele olhar e aquele sorriso, depois dele sempre vinha algo que ele sabia que não iria gostar tanto assim. Era como se estivesse dando corda pra que ele ficasse preso. E George sempre ficava, pois nunca sabia dizer não.
– É claro que acho – respondeu com cuidado.
– Se consegue ver isso conosco, por que não consegue ver com Fred e você?
E lá estava. George sentiu que havia levado um tapa. Não tinha o que responder depois disso, ela havia plantado o terreno e ele havia entrado de bom grado. Sabia disso. o olhava como se conseguisse enxergar além de sua alma e George se sentiu invadido de repente, então desviou o olhar para os brinquedos na prateleira.
– Aos poucos eu entendi que a melhor coisa entre mim e o meu irmão é que somos diferentes. Somos mesmo duas pessoas diferentes, como você disse. Meus pais não podem esperar algo de mim só porque Cedric o fez antes – George ainda não encarava , mas conseguiu perceber quando ela abriu um sorriso – E o mesmo serve para vocês. Eu altamente recomendo que toda pessoa que goste de um de vocês goste do outro também, já que vocês são um pacote completo e não serão separados, mas Fred não é melhor que você. Pelo menos... – hesitou por um instante e George finalmente levou seus olhos até ela. Ela parecia tímida, embora bastante decidida em continuar o que havia começado. George não se lembrava de já ter visto Diggory tímida em algum momento. Seus olhos piscavam com mais frequência e seu rosto parecia levemente vermelho. George gostou do que via – Pelo menos para mim ele nunca foi. E eu sinto muito se ajudei a afirmar essa ideia tosca na sua cabeça.
George suspirou. não estava apenas sendo legal com ele, ela estava querendo consertar algo que ela não tinha culpa nenhuma. George era um misto de gratidão, admiração e um pouco de irritação – ainda tinha a impressão de que a lufana estava com pena dele, e ele não queria a pena de ninguém. Muito menos da garota que acabou de beijar.
– Eu agradeço todas essas coisas que você está dizendo, , mas realmente não é necessário.
Especialmente quando ele sabia que não era inteiramente verdade. E como se lesse os pensamentos de George, disse, revirando os olhos:
– Você não acredita em mim! – Ela continuou o avaliando e George passou os dedos pelo cabelo, um hábito cultivado desde sempre quando se sentia nervoso e encurralado – E ainda pensa que estou com pena de você! George, você me conhece melhor do que isso! Eu não estou com pena de você. Tenho pena das suas habilidades medíocres no quadribol, é claro, mas acaba por aí!
– Não é o que parece, – George riu fraco – Algumas vezes você demonstra alguns traços lufanos, esse é um desses momentos.
– Primeiro: Você sabe o quanto me irrita quando fica insinuando que eu não deveria ser da Lufa-Lufa? – perguntou de forma séria e George sentiu um calafrio percorrer o seu corpo com o olhar dela em si – Imagine só se eu ficasse por aí dizendo que você deveria estar na Sonserina, o que, na verdade, eu poderia fazer. Nunca conheci duas pessoas tão ambiciosas quanto você e seu irmão.
George abriu a boca, indignado. Ele era Grifinória de corpo e alma e tinha orgulho disso!
– Você não ousaria!
– Ah, eu ousaria!
George sustentou o olhar firme de .
– Tudo bem, sinto muito – disse – Não vou mais fazer isso.
– Ótimo. De qualquer forma, não é nada disso.
– E o que você quer com isso tudo, ? – Perguntou George, cansado – Eu agradeço suas palavras e fico feliz por você se sentir bem com toda essa relação chata com seus pais e Ced, mas isso não muda muita coisa. Você diz que Fred nunca foi melhor do que eu para você, mas foi ele que você escolheu como melhor amigo. É ele quem está em todas as histórias, não eu – George disse tudo de uma vez sem se importar com o quanto parecia inseguro e idiota. Só queria ser honesto já que era isso que desejava dele.
– Então deixe eu te mostrar.
– Me mostrar?
– Eu te acho brilhante, Georgie – disse a lufana, sincera, olhando bem no fundo dos olhos cor-de-mel do ruivo – Você sabe qual é o meu nome do meio?
George piscou confuso, sendo pego de surpresa pela pergunta depois de ouvir que Diggory o achava brilhante.
– Ahn... – Ele parou por um momento, mais pela pergunta repentina que por falta de conhecimento – Astéria? Sim. Astéria, não é?
sentiu as bochechas esquentarem. Havia perguntado, mas não esperava que ele realmente soubesse.
– Astéria é o nome de uma deusa grega. Ela é a deusa das estrelas e do aspecto mais obscuro da noite – explicou – É a deusa da astrologia, da necromancia e da interpretação dos sonhos.
George observou como tinha sempre o início de um sorriso pronto no canto da boca, como se sempre estivesse esperando a oportunidade para sorrir, reparou também que havia uma mecha de seu cabelo que sempre ficava caída perto de seu olho esquerdo mesmo quando ela o prendia ou puxava para trás e reparou, acima de tudo, em como seus lábios estavam rosados da mesma forma como estavam na noite anterior. E ele sentiu que era chamado por eles da mesma forma que aconteceu na festa antes de beijá-la. Ele piscou rápido e afastou o olhar, tentando expulsar esses pensamentos de sua mente. Estava bêbado. Não podia estar atraído por Diggory estando sóbrio.
– É um nome imponente, muito melhor que Fabian – comentou tentando olhar para qualquer lugar que não fosse a boca de – A deusa das estrelas, que pode ser calmo e tranquilo… Mas também é regido por algo mais obscuro… – George sorriu antes de completar – É, acho que combina com você.
piscou algumas vezes. George realmente não sabia o efeito que exercia nela, não é? Ela respirou fundo antes de continuar, tentando dar tempo para que as batidas do seu coração voltassem ao normal.
– É isso que eu quero te mostrar.
– O lado obscuro da noite? – Quis saber George com um sorriso provocativo.
apenas riu, revirando os olhos.
– Não. Quero te mostrar as estrelas brilhantes que existem em você. Quero mostrar como você é único e como eu te fiz presente em cada uma das minhas histórias, mesmo que de longe.
O sorriso de George diminuiu aos poucos conforme ele deixava as palavras de repousarem em seu peito.
estendeu a mão para ele. Suas palavras haviam sido firmes e não deixavam espaço para nenhuma dúvida na cabeça de George. o olhava com tanta sinceridade e sentimento, que ele soube, mesmo que não entendesse, que deixaria ela mostrar o que quisesse. E sem desviar do olhar de , George agarrou sua mão, perguntando-se quando exatamente ela havia ficado tão persuasiva assim.
– Posso te mostrar cada estrela que você, só você, rege, George.
– Onde estamos? – Perguntou automaticamente. Não precisou de muitos segundos olhando em volta para se dar conta de onde estavam.
As paredes do quarto eram de um amarelo muito claro e aconchegante, a cama ficava no canto do cômodo e tinha, pelo menos, uns quatro bichinhos de pelúcia perto dos travesseiros que George pensou já ter visto em algum lugar. A janela estava aberta, mas as cortinas estavam fechadas, esvoaçando-se sempre que um vento mais forte batia, fazendo com que George conseguisse ver de relance alguns vasos de plantas descansando do lado de fora. Na parede perto da mesa onde havia ido se sentar, tinha um enorme pôster de uma das batedoras do Holyhead Harpies.
– Diggory, você não acha que é cedo demais para me trazer para o seu quarto?
riu, rodando na cadeira e apontando a ponta da cama para George se sentar.
– Se seu pai nos pegar aqui…
– Ele está no trabalho e, se eu estiver correta, minha mãe só deve voltar amanhã de manhã. Está viajando – esclareceu. – E eu só quero te mostrar uma coisa, Georginho. Também não quero ser expulsa de casa. Ou de Hogwarts. Não se preocupe.
– Acho que você está andando demais com Fred – comentou George, despreocupado, ainda avaliando o quarto de enquanto ela parecia procurar algo no fundo da gaveta de sua escrivaninha.
– É, e com você – completou, distraída, fazendo George sorrir. Em cima da cômoda de havia uma grade com diversas fotos. George se encaminhou até lá para vê-las de perto.
Com uma risada baixa, ele percebeu que as fotos de eram quase como uma linha cronológica da vida deles, desde crianças até fotos do ano passado onde todos estavam presentes. Haviam fotos de com Bill, Charlie, Percy e Ginny na última Copa Mundial de Quadribol, com em frente a Dedos-de-mel, com o time de quadribol da Lufa-Lufa e com Cedric logo após ele vencer o Torneio Tribruxo, ambos segurando a Taça do campeão. Cedric estava destruído, suas roupas estavam sujas de barro e havia um pequeno corte na sua bochecha, mas estava radiante com seu sorriso orgulhoso junto ao irmão. George não conseguiu deixar de sorrir junto dela, especialmente quando seus olhos pararam nas fotos de com Fred e ele.
parou ao seu lado.
– Lembra desse dia?
George sorriu seguindo seu dedo. Os três estavam lado a lado, ainda com o uniforme do time de quadribol e George havia roubado o bastão de logo antes da foto.
– Corvinal ganhou o campeonato neste ano – falou ele e assentiu.
A lufana sentou na cama, encostando-se na cabeceira e George a seguiu, voltando a se sentar onde estava antes. Era estranho estar na mesma cama que , então ele tentou manter uma distância respeitosa.
– Então, o que estamos fazendo aqui mesmo, além da sua clara tentativa de me seduzir?
revirou os olhos e ergueu dois cadernos pequenos.
– Quero te mostrar isso – disse ela e George esticou a mão, mas ela balançou a cabeça. – Calma aí, são meus diários!
George riu.
– Não estou entendendo. Me trouxe aqui para ver a cor da capa deles?
– Quero te mostrar algumas partes, espertinho.
– Tudo bem – disse George puxando o texugo de pelúcia e se deitando por cima.
– Você me disse que Fred está em todas minhas histórias, não você – começou – Quero te mostrar que não é isso – Ela respirou fundo, percebendo que estava mais nervosa do que pensou que ficaria. Parecia uma boa ideia mostrar a George como ele estava errado através das coisas que ela havia escrito há alguns anos, mas agora, vendo o garoto deitado na ponta de sua cama, a olhando com tamanha atenção, repensava sua ideia brilhante.
George percebeu as bochechas da garota ficando vermelhas e abriu um sorriso carinhoso e bem humorado.
– Você não precisa mostrar se isso te deixa envergonhada, – disse ele com suavidade.
Aquele foi o empurrão que Diggory precisava. George estava curioso e ansioso para o que quer que fosse que ela havia planejado ao trazê-lo ali, mas ainda assim colocava os sentimentos dela em primeiro lugar.
respirou fundo uma última vez e abriu o primeiro caderno.
– Você não… não precisa fazer comentários, ok? Apenas ouça primeiro.
George assentiu, trazendo o leão de pelúcia para si dessa vez.
"20 de abril de 1987 - Hoje Cedric e eu fomos até a Toca (A casa da família Weasley) e George me ensinou a jogar quadribol. Bill disse que a melhor posição é a de artilheiro, mas George diz que ser um batedor é muito mais divertido e emocionante. Eu gosto de Bill, mas acho que concordo com George nessa. Fred também. Mas Fred concorda com tudo que George diz, porque ele é mais inteligente que nós."
"1 de abril de 1988 - Hoje é o aniversário dos gêmeos! Eles vão fazer 10 anos! 10! Os dois dígitos! Não vejo a hora de completar 10 anos também. Espero que eles não parem de andar comigo por causa disso."
"15 de agosto de 1988 - Fred me ajudou a pegar um sapo com a mão hoje. Foi nojento. Eu adorei! George disse que eu não parecia com uma garota assim e isso me deixou um pouco triste, então eu joguei o sapo em cima dele. Não estamos nos falando há uma semana. É meio chato, mas não vou me desculpar, não importa o que Cedric diga. George também me chateou."
"25 de agosto de 1988 - George e eu já voltamos a nos falar, mas é muito difícil fazer ele gostar de mim. Acho que ele me acha criança demais. Temos a mesma idade, então eu não entendo! Fred diz que estou sendo boba, porque George gosta de todo mundo, mas isso também me irrita. Ele realmente gosta de todo mundo, menos de mim."
"12 de novembro de 1989 - Peguei a minha primeira detenção em Hogwarts (papai ficou uma fera). Marcus Flint estava tentando azarar Charlie Weasley por causa do jogo da Grifinória contra Sonserina no fim de semana e George o impediu. Foi uma briga feia. Marcus começou a dizer algumas coisas horríveis sobre Georgie e sua família e eu ouvi, então acabei me intrometendo. e eu chutamos o idiota nas canelas. Um mês de detenção com Filch, mas não ligo, valeu a pena. Espero que George não esteja chateado pelas coisas que ouviu."
"9 de janeiro de 1990 - Entrei para o time da Lufa-Lufa! Thomas e eu treinamos bastante e George também me deu algumas dicas. Fingi que não queria, é claro, mas ouvi cada uma delas. Espero que ele tenha ficado feliz. Eu acho que ficou. Ele deu um sorriso muito grande quando o capitão anunciou que estávamos dentro. Me deixou animada!"
"6 de março de 1991 - Eu ganhei três pelúcias! Foi a nossa primeira ida a Hogsmeade e foi INCRÍVEL! comprou tantos doces que eu ainda estou passando mal (ela é muito rica). Havia um jogo de tiro ao alvo com bastões de quadribol e George bateu o recorde deles. Foi ele quem ganhou o leão, a águia e o texugo de pelúcia (Fred conseguiu a serpente e deu a ). Pensei que George daria seus prêmios a Phoebe, a garota bonita que ele está afim, ou até mesmo repartisse entre todas nós, mas ele deu todos para mim. Acho que somos amigos, no final das contas. Vou guardá-los para sempre."
"26 de maio de 1992 - George e eu ficamos de detenção juntos. Eu estava discutindo com uma garota da Corvinal (sim, consegui fazer isso sem a !), mas então ela chamou o namorado dela e ele veio pra cima de mim?! George estava passando na hora e me ajudou. E com “me ajudou” quero dizer que ele pendurou o tal namorado numa árvore. Eu agradeci e pedi desculpas por isso, mas ele disse que não ligou e que sempre quis uma desculpa para usar essa azaração. Ainda assim foi muito legal da parte dele, principalmente depois de eu ter passado a semana toda enchendo sua paciência sobre ter perdido o jogo contra nós. George é muito gentil. Espero que todo mundo veja isso. Nós conversamos muito e ele me deu o suéter dele quando ficou muito frio na sala de Filch."
"7 de fevereiro de 1995 - Fred me contou o que Angelina fez com George. Juro que ela é a pior pessoa que já conheci na vida, ficando atrás apenas de quem chama os garotos de "um" e "dois". Não sei como alguém teria coragem de magoar George de verdade. Ele nunca fez nada com ninguém... que não merecesse, é claro. Não vou ter pena alguma na próxima vez que tiver que acertar um balaço na direção dela, sério, não estou nem aí! É melhor ela torcer para que nenhum dos garotos tenha ficado ressentido com ela. Não é nada inteligente estragar tudo com os batedores do seu time quando se é uma artilheira. Mas agora faz sentido o que aconteceu naquele dia."
respirou fundo, fechando o caderno. Ela continuou olhando as mãos por alguns segundos. George, por sua vez, havia desistido de se deitar com as pelúcias que havia pegado e agora estava sentado, encarando boquiaberto.
– Você está em toda a minha vida, George – disse, erguendo o olhar. – Sinto muito se pareceu o contrário.
– … – disse ele, meio incerto, ainda muito surpreso e emocionado por tudo que havia ouvido. – Eu não sei o que dizer…
– Está tudo bem. Só quero que você saiba que você é gentil, engraçado sem nunca ser maldoso e um amigo e irmão melhores do que você pensa. Você não é só um dos gêmeos, não é o número dois, você é George Weasley e devia ter orgulho disso. Você tem um irmão gêmeo e mesmo assim não há ninguém como você no mundo. Ninguém. Cada estrela que você tem é única e esse é o melhor presente que podemos ter como pessoas que... – hesitou por um segundo, abrindo um sorriso tímido, mas decidido logo depois. – Que amam você.
George piscou algumas vezes, sentindo-se totalmente aquecido por dentro enquanto as palavras de saíam de sua boca e entravam para fazer uma morada definitiva dentro dele. Ele se aproximou dela.
– Você é importante para mim. Preciso que você entenda isso – disse . Seus olhos ardiam e a lufana riu para si mesma, tentando se controlar.
Era muito difícil pra ela falar coisas pessoais sem sentir vontade de chorar, especialmente quando queria tanto provar que falava a verdade para George.
– Você é importante para todos nós. Sem você, Fred não estaria nem perto de realizar o sonho da loja de logros. Cedric estaria enterrado em livros, sem nunca realmente se divertir como um adolescente normal e não teria dado uma chance a Draco depois que ele entrou em Hogwarts e eu... – deu de ombros, fazendo uma pausa – Bem, eu acho que nem teria entrado no time de quadribol para começo de conversa já que foi você quem me ensinou a jogar. O que eu quero dizer, George, é que você está sempre presente. Você… – George interrompeu a fala de a abraçando. Ela arregalou os olhos enquanto sentia os braços longos e fortes de George em volta de si e sua respiração fraca na curva do seu pescoço.
– Obrigado – disse ele, sua voz abafada pelo cabelo de Diggory.
Lentamente ergueu os braços e os passou em volta das costas largas do ruivo. Ela respirou fundo, sentindo seu cheiro doce e suave. George tinha beijado e a abraçado em menos de 24 horas, como isso era possível? Ela teria rido se não estivesse tão encantada com a proximidade. deixou que sua mão subisse e descesse carinhosamente enquanto ele a abraçava cada vez mais forte. De alguma forma, aquele abraço parecia muito mais íntimo do que qualquer beijo que eles pudessem dividir. relaxou, deixando que George a apertasse ainda mais.
– Eu não sabia... eu não tinha ideia, ... – disse, se afastando apenas o suficiente para que conseguisse olhá-la nos olhos. O coração de acelerou pelo uso do apelido e pela forma como ele a olhava. – Você é mesmo uma lufana. Você é a melhor lufana que eu conheço. Maldição, é a melhor garota que eu conheço quando não está segurando um bastão.
não conseguiu segurar o riso. Como poderia explicar que George a fazia rir de maneira tão relaxada enquanto seu coração batia tão rápido que ela tinha medo que ele pudesse sentir?
– Obrigado por tudo que você disse.
– Só falei a verdade. Você merece saber cada estrela que existe dentro de você, George. E as que cria nas outras pessoas também. Pelo menos as que criou em mim, eu quero que você saiba.
Ele sorriu. Um sorriso largo, brilhante e sincero que fez retribuir na mesma hora.
– Você não é uma batedora melhor do que eu – começou ele fazendo revirar os olhos. – Mas é uma das melhores amigas que eu tenho. Por realmente ter guardado isso – George apontou para as pelúcias que estavam em cima da cama, fazendo sentir seu coração esquentar. – Por ter visto o que quase ninguém vê e por se esforçar tanto em me fazer ver também. Obrigado por me deixar ser seu amigo, .
não sabia o que esperava. Na verdade, se fosse sincera e racional, como gostava de ser, esperava exatamente por aquilo. Jamais imaginou que George fosse ouvi-la e se declarar de volta. Não, isso nunca passou pela sua cabeça. Entretanto, ouvir George chamá-la de amiga com tanta convicção e carinho… Era como um banho de água fria. Imaginou que entrar no Lago Negro em pleno inverno teria exatamente a mesma sensação que ouvir George dizer tudo isso com tanta naturalidade.
Partia o seu coração saber que George conseguia chegar tão perto dela sem sentir absolutamente nada. Tudo que passava pela cabeça de enquanto lia cada um dos trechos de seu diário era como ela havia sido cega. Seus sentimentos sempre estiveram escancarados e ela sempre fez tanta força para disfarçar que conseguiu confundir até a si mesma.
Durante toda sua vida, foi encantada por George, e era difícil demais assisti-lo não sentir nada daquilo por ela de volta, pois era tão grande e tão forte que a deixava tonta e ela simplesmente não conseguia entender. compreendia que algumas vezes as pessoas simplesmente não se apaixonam ao mesmo tempo, mas não conseguia entender como aquilo era possível com ela e com o que sentia naquele momento. Seus sentimentos por George estavam a ponto de sufocá-la. Ela se sentia tão apaixonada que faria tudo para que George pudesse se sentir bem, então como? Como ela poderia amar sozinha? Como poderia se sentir tão absurdamente apaixonada por George Weasley e ele não dividir isso com ela? Que pegadinha mal feita do universo era essa?
Mas embora sentisse o desespero crescer dentro de si, se declarar de verdade ia requerer muito mais coragem do que sentia que tinha naquele momento ou em qualquer outro em toda sua vida. É preciso coragem para se declarar para alguém, mas é preciso o dobro disso para se declarar sabendo que seu amor será rejeitado. Então, ao invés de fazer o que provavelmente a aconselharia a fazer, se levantou com um sorriso, tentando expulsar todos aqueles pensamentos de uma vez de sua cabeça.
Amava George. Amava mesmo. Como amigo e mais, e ela nunca gostaria de ficar longe dele, sendo correspondida ou não, mas isso não quer dizer aceitar ser torturada pelos seus sentimentos a qualquer hora. E naquele momento, não queria. George parecia brilhar e sorrir mais do que em qualquer outro dia, parecia muito mais bonito e feliz. Era demais para a lufana.
– Essa é a única coisa pela qual você nunca precisa me agradecer, Georginho – ela estendeu a mão e George sorriu. – Pronto para voltar?
, por outro lado, não se sentia tão bem quanto George. simplesmente não conseguia acreditar que ela havia dito tudo aquilo e o George havia chamado de amiga. Não. Melhor amiga.
– Não tinha como ele saber – defendeu . – Parece óbvio para você, mas não é bem assim…
– , pelo amor de Merlin, é óbvio para qualquer um!
A garota deu de ombros.
– Então ele apenas não sente o mesmo, está tudo bem – disse ela.
– Mas ele te beijou!
– E já pediu desculpas por isso. Muitas vezes. Vezes demais.
Era verdade. Fazia um certo tempo desde que eles haviam ido até a casa da e George havia se desculpado mais do que o suficiente. Só parou quando praticamente o implorou para não tocar mais nesse assunto, pois ela já havia o desculpado. Para George, estava envergonhada, mas a realidade é que a garota não conseguia controlar o que se passava dentro dela quando lembrava como era ter os lábios de George roçando levemente contra os seus, mesmo que por alguns segundos. não sabia o que era pior: ter aberto seu coração e o ruivo não ter percebido nada ou ter um lembrete constante de que ele sentia muito por tê-la beijado.
– Acho que você deveria falar com ele – disse a sonserina. As duas caminhavam em direção ao Lago Negro. se sentia contente pelo sol começar aparecer. Ficaria muito mais fácil jogar quadribol sem as chuvas constantes.
– Quando você falar com Fred, eu falo com ele – retrucou a lufana, que já estava saco cheio.
– Falar o que comigo?
deu um grito, saltando para frente enquanto se virava apenas para desferir tapas fracos em Fred.
– Que susto, Fred! Que inferno! – Exclamou.
– O que você quer falar comigo, ? – Insistiu ele com um sorriso.
– Nada – respondeu pela amiga, colocando alguns livros no chão antes de se sentar e encostar-se na árvore próxima ao lago.
– Mas você disse o meu nome!
– Não seja intrometido – disse enquanto sentava-se ao lado da amiga, acompanhada dos dois.
George se sentia muito mais a vontade com agora. Sempre havia gostado dela, é claro, e não poderia dizer que suas palavras mudaram toda sua percepção de vida, mas haviam chegado perto, o que fazia com que ele se sentisse até meio idiota. havia dito uma dúzia de palavras e de repente George estava se sentindo trinta vezes mais leve. Sim, ele se achava idiota, mas era um idiota que estava se sentindo bem, então tudo bem, não é?
George também sentia que a parede invisível entre os dois parecia diminuir, e isso fez com que ele aceitasse qualquer desculpa para ficar perto da lufana, inclusive não matar tantas aulas com Fred como de costume. Gostava de sentar do lado de , principalmente nas aulas de História da Magia, porque era a disciplina que ela mais odiava, então ela falava durante a aula inteira sobre absolutamente tudo que viesse a sua mente e George se viu gostando muito de ouvi-la.
– Pronta para o jogo dessa semana, ? – Perguntou ele enquanto e Fred discutiam dentro da própria bolha sobre um produto novo que haviam encontrado na Zonko's dias atrás.
– Vamos ganhar da Corvinal do mesmo jeito que ganhamos de vocês – respondeu com um sorriso.
– Eu não tenho dúvidas disso – disse George, fechando os olhos e encostando a cabeça na árvore. aproveitou o momento para olhar o garoto pelo canto do olho.
Eles haviam passado mais tempo juntos nessas últimas semanas do que em qualquer outro momento da vida deles. Fred, e Cedric estavam juntos na maioria das vezes, mas mesmo assim, era diferente. gostava disso. Sempre havia gostado de George e sempre desejou a amizade sincera dele antes de sequer sonhar em se apaixonar pelo Weasley, mas agora ela tinha que admitir que os sorrisos amigáveis do garoto passaram a incomodá-la muito mais do que antes. George não parecia estar ciente de nada disso, pelo contrário. o sentia mais próximo.
Apesar da proximidade fazer o coração da garota acelerar muito mais do que antes e irritá-la um pouco, ela não conseguia mentir para si mesma ao dizer que isso era tudo que sentia. Uma parte minúscula dentro de si tinha a esperança de que, agora que George se sentia realmente a vontade com ela, ele passasse a conhecê-la muito mais do que antes e talvez, quem sabe, apenas por acidente, ele pudesse vir a gostar dela como gostava dele e eles poderiam se beijar de verdade. Porque queriam e se gostavam, não porque um dos dois estava bêbado.
Nos primeiros dias foi estranho, mas depois se acostumou. Já estava acostumada com a presença constante dos gêmeos em sua vida, mas ter a atenção de George era muito diferente de ter a atenção de Fred. Para começar, ela não queria tanto assim a atenção de Fred, muito obrigada. O idiota já a enlouquecia há mais de dez anos.
O dia preferido de havia sido no aniversário de no fim de março. Ela e George desceram até a cozinha e pegaram um bolo para levarem até a sala 27 onde Fred e Cedric estariam com a sonserina. George queria roubá-lo, porque estava acostumado demais a agir assim, mas era muito amiga dos elfos domésticos, uma palavra dela e tudo foi entregue com a melhor das vontades. George passou o caminho todo falando sobre como isso tirava toda a graça da missão.
– Não sei por quê você quis tanto vir comigo então. Você sabia que íamos pedir e não roubar.
– E você por acaso achou que eu ficaria em uma sala apenas com e Fred? Ou pior, , Fred e Cedric?
A garota soltou uma gargalhada contida, para não despertar nenhum dos fantasmas.
– Ah, a melhor solução era deixá-los sozinhos?
George piscou inocentemente.
– Não pensei assim.
– Pensou sim.
– Você sempre aponta para o pior de mim, Diggory.
– Você sempre me mostra o pior de você, Weasley.
Ele balançou a cabeça, esticando o braço para tocar na cobertura verde que circulava o bolo de . prontamente o afastou com uma careta.
– Eu estou só brincando. Gosto de ver Fred tentando chamar a atenção de e de ver Cedric meio enciumado. Mas as cozinhas são muito longe da sala, seria um desperdício de tempo sem você por perto. Sem contar que já anoiteceu, não seria bom pra você andar pelos corredores sozinha.
riu, talvez um pouco alto demais, tentando disfarçar como aquela piada idiota havia feito seu coração disparar. Sempre haviam flertado de brincadeira, mas ficava cada vez pior pra ela. A lufana piscou, tentando se recompor.
– Mas que cavalheiro, não é? Esse seu jeito bem “Duque Vitoriano” deve funcionar como uma luva com as garotas.
– Funciona com você – retrucou. revirou os olhos.
– Ah, mas é claro, Georginho. Eu quase tiro a roupa com tanta educação.
George apenas riu, feliz por estar ao lado dela. não podia dizer por ele, mas tinha andado bem mais devagar e enrolado muito naquela noite até chegarem à sala onde seus amigos estavam.
– Vocês ficaram sabendo que os monitores já começaram a organizar o baile de outono deste ano? – Comentou , provavelmente cansada de discutir com Fred, chamando a atenção de George e , que conversavam tranquilamente encostados na árvore.
– Sim, Cedric comentou – disse George. – Eles podiam só chamar de baile de formatura, já que só acontece por causa deles.
– Mas se fosse assim nós não poderíamos ir – argumentou .
– Nem acredito que Cedric já vai se formar – fez uma careta. – Estaremos perdidos sem ele como capitão.
George estalou os lábios e revirou os olhos para a amiga. franziu o cenho, sem entender.
– O que foi?
– Vocês não estarão perdidos sem Cedric como capitão – respondeu Fred pelo irmão.
– Porque é óbvio que ele vai passar a braçadeira para você – George esclareceu. – E você com certeza consegue fazer um trabalho tão bom quanto ele. Provavelmente até melhor.
sorriu, sentindo-se envergonhada.
– Bom, acho que é isso que todos esperam – disse ela. – Mas não acredito que seria capaz de fazer um trabalho melhor do que ele.
George passou o braço pelos ombros da amiga quando ouviram uma sineta tocar ao longe, avisando que o período livre dos quatro havia terminado. ignorou propositalmente o olhar divertido que a lançava e tentou não pensar muito no fato de que Fred parecia ter a mesma expressão estampada em seu rosto. Tentou apenas se concentrar no braço de George em volta de si e em como ele a puxava contra ele com gentileza, apenas para dizer suave ao seu lado:
– Então deixe que eu acredito por você.
Os gêmeos haviam fugido para a sala 27 desde o fim do jogo, não para arrumá-la para a comemoração que ocorreria mais tarde como havia sido prometido a , mas para continuarem com as experiências com o chiclete que deixava a pessoa que o comesse com febre.
– Estou cansado, não posso mais ingerir nada disso, é sério – gemeu Fred. George suspirou enquanto avaliava a cara vermelha do irmão.
– Tudo bem – cedeu, entregando uma poção de energia para o irmão. – Vamos ter que procurar outros testadores. Está ficando demais só com a gente.
– Agora você disse algo que faz sentido.
Fred começou a guardar os pertences dentro da maleta dos produtos Weasley, mas seus pensamentos estavam ocupados demais para se focar apenas no trabalho. Ele lançou um olhar para o irmão e decidiu falar o que vinha rondando sua cabeça há dias.
– Então... – começou ele chamando a atenção de George. – Você e estão muito mais amigáveis ultimamente, sabe, depois que você a beijou e foi até o quarto dela.
George franziu o cenho para o irmão, claramente desconfortável com a forma que aquilo soou.
– Quando você fala assim, parece muito mais do que foi, Fred.
Fred deu de ombros com seu ar despreocupado de sempre.
– Talvez tenha sido e você não percebeu – respondeu casualmente.
– Eu te contei tudo que aconteceu – continuou George sem entender onde o irmão queria chegar. – E sério, não foi nada do jeito que você está insinuando.
– Tudo bem, tudo bem – disse Fred, ainda nada convencido, enquanto levava a maleta para o canto da sala. – Só estou dizendo que, bem, vocês realmente andam mais próximos. Lee disse que vocês sentam juntos na aula de Estudo dos Trouxas agora e na de História da Magia também. Acho que vocês seriam bons juntos, é só isso.
George soltou uma risada curta e incrédula, olhando para Fred como se ele tivesse criado mais dois braços de cada lado.
– Para alguém que tem asco de qualquer coisa relacionada a relacionamentos e romance, você gosta muito de tentar formar casais por aí.
Fred abriu um sorriso culpado, mas deu de ombros novamente.
– Não é isso... só estou observando.
– Eu não gosto de desse jeito – afirmou George, com um ar sério. – Somos amigos, como você e ela.
Fred, no entanto, balançou a cabeça imediatamente, sem seu sorriso brincalhão se alargando ainda mais.
– Não, não é a mesma coisa.
George arqueou uma sobrancelha enquanto o irmão empurrava algumas mesas, pensando que ele diria algo como " e eu estamos juntos desde sempre" ou " e eu somos realmente amigos há anos". Mas, em vez disso, ainda sorrindo e sem olhar para o irmão, Fred continuou:
– Não é a mesma coisa porque, diferente de você, eu nunca a beijei.
George abriu a boca para responder, mas logo desistiu. Não tinha resposta pra isso. E se fosse sincero, não tinha muito arrependimento também.
Fred e Lee estavam na porta recebendo os galeões enquanto colocava a música para tocar. Todos pareciam animados naquela noite, exceto, talvez, alguns corvinos que ainda pensavam na derrota que sofreram mais cedo.
– Uma cerveja amanteigada para mim – disse uma voz familiar ao lado de George. – De preferência essa que está na sua mão, pode ser, bonitão? Acho melhor que você fique sóbrio essa noite.
George voltou-se para com um sorriso, entregando a ela uma cerveja.
– Prometo que vou me comportar essa noite, , não se preocupe – disse ele em um tom teatral, colocando a mão sobre o coração como se estivesse fazendo um juramento solene.
Ela sorriu de volta, dando um gole em sua bebida e se virando para a pista de dança, onde Dean Thomas e Seamus Finnigan dançavam juntos. George aproveitou para notar como sorria com carinho para os dois garotos que dançavam alheios ao próprio redor. Notou também que era a primeira vez que a via de cabelo preso na sala 27, e como se uma alavanca fosse puxada, George acabou percebendo outras coisas. Ele também percebeu que sempre parava ali. George sempre começava a noite no bar, controlando as bebidas e ela sempre ficava com ele, mesmo sem precisar. Ele nunca tinha parado para notar isso antes.
– Está tudo bem, Georginho? – perguntou de repente, interrompendo os pensamentos de George. Ele piscou, voltando à realidade, e assentiu rapidamente. – Parecia muito concentrado aí. Tem algo no meu rosto?
George riu e, sem dizer nada, pegou o copo da mão dela, enchendo-o novamente.
– Não, só estava pensando – disse ele, devolvendo o copo a com um sorriso tranquilo. – Estou feliz. Tenho me sentido muito bem desde aquela tarde na sua casa.
não conseguiu evitar sorrir com isso.
– Ah, é?
George inclinou-se um pouco, aproximando-se dela.
– Estou começando a perceber, , que gosto muito de ficar perto de você. Mas acho que você já notou, não é? Quando eu comecei a te seguir pelo castelo muito mais do que o normal nas últimas semanas.
riu, balançando a cabeça.
– Você não fez isso, mas adorei ouvir – respondeu. O sorriso de simplesmente não conseguia diminuir de tamanho. – Demorou, mas finalmente percebeu como sou extraordinária, não foi?
George revirou os olhos, mas o sorriso satisfeito continuava no rosto. Nos últimos dias, eles haviam passado tanto tempo juntos que quase se tornara rotina. Tinham aulas juntos, faziam refeições lado a lado e, até nos momentos em que não tinham aula – ou quando Fred e George conseguiam convencer e a matarem algumas – eles passavam o tempo sem fazer absolutamente nada, juntos.
A verdade é que George e descobriram que havia algo incrivelmente divertido em observar Fred e discutindo. Principalmente porque, agora juntos, conseguiam transformar qualquer briga em uma comédia pessoal, fazendo piadas sobre os dois e rindo disso quando ninguém estava prestando atenção. Porém, antes que George conseguisse responder, Thomas Orwell surgiu na frente dos dois com um sorriso.
– Weasley – disse, cumprimentando George brevemente antes de se voltar ao motivo que o trouxe até ali. – Quer dançar, ?
trocou um rápido olhar com George, que apenas encarava a cena, e deu de ombros, assentindo.
– Claro. Te vejo depois, George – e tão rápido quanto apareceu, ela saiu com Thomas, que logo agarrou sua cintura sem hesitar.
George ficou parado por um momento, assistindo aos dois, com uma expressão indecifrável no rosto. Algo nele parecia incomodado, embora ele não soubesse exatamente o porquê. Thomas sempre chamava para dançar em todas as festas. Ele sempre estava grudado nela. E eles não tinham namorado? Ou estavam namorando? Não, George balançou a cabeça. Se eles tivessem namorado, George saberia. Lembrou-se da foto de Thomas no quarto de , bem ao lado da foto com o time de Quadribol. Aquela cena que ele tanto estava acostumado a ver começou a pesar de um jeito diferente naquela noite.
Seu olhar seguiu Thomas puxando pela cintura, mais perto do que a música parecia pedir, o que deixou um gosto amargo na boca de George. A música nem é tão lenta assim, pensou. Ele balançou a cabeça e suspirou no exato momento em que Lee Jordan se aproximou do bar improvisado.
– Lee, fica de olho nas bebidas – pediu sem pensar. Lee pareceu perceber que o amigo estava diferente e apenas assentiu, sem dizer mais nada.
George pegou o copo que estava na mesa e engoliu todo o whisky de fogo de uma só vez, sentindo o calor invadir seu corpo. Mas o incômodo persistia. E, como sempre fazia quando algo não fazia sentido para ele, George decidiu que a melhor opção era fugir.
Mas, por mais que tentasse, seus olhos continuavam voltando, involuntariamente, para onde Thomas e dançavam.
tentou não deixar seu peito se encher de esperanças, mas não conseguiu. não estaria dizendo aquilo se não tivesse certeza.
– Estou te dizendo, , fale com ele. Dê mais alguma indireta. Ele pode te chamar para o baile!
mordeu o lábio, um pouco nervosa, quando uma dose de hidromel apareceu entre ela e . Elas se entreolharam, surpresas, só para ver Fred Weasley com um sorriso travesso no rosto. Ele empurrou o copo na direção de .
– Vai lá falar com ele – disse casualmente.
As duas amigas arregalaram os olhos. Sem nem pensar muito, começou a balbuciar alguma desculpa antes de Fred a interromper.
– Vamos lá, vocês não acham que eu sou tão burro assim, não é? – Fred continuou, virando-se diretamente para . – Eu te conheço desde quando você ainda fazia xixi nas calças! Já vi você gostar de todos os meus irmãos. Por que com George seria diferente?
sentiu as pernas tremerem por um momento, ainda segurando o copo de hidromel, ela fitava o amigo, sem saber o que dizer.
– Mas... como...?
Fred deu de ombros, tentava soar casual, mas algo nele entregava o quanto esteve ansioso para poder, finalmente, falar que já havia percebido tudo.
– Bom, para começar, tenho sido alvo dos seus balaços desde o quarto ano. E piorou muito mais ano passado. Achei que era coisa da minha cabeça, até você quase derrubar Angelina da vassoura logo depois que eu te contei o que aconteceu entre George e ela – riu, cobrindo a boca com a mão enquanto Fred lançava um olhar carinhoso para . – Você é minha melhor amiga, Diggory. Não estou ofendido por você tentar esconder isso de mim, mas... estou só um pouquinho sim.
– Eu achei que você... bem... ele é seu irmão…
– Escuta, , – Fred disse, ficando sério pela primeira vez. – Não sei se ele gosta de você dessa forma, mas, honestamente? Há quanto tempo você está se sentindo assim? Você não acha que talvez seja melhor falar logo com ele? Nem que seja para esclarecer as coisas de uma vez por todas?
olhou de Fred para , que ainda olhava para o grifinório com uma mistura de admiração e surpresa, mas agora concordava com um aceno firme.
– Acho que ele nem tem ideia dos seus sentimentos. Quem sabe, se você falar, as coisas não se resolvem? – Fred deu um gole em sua própria bebida, olhando de soslaio para . – Estamos quase no fim do sexto ano. Tentar nunca matou ninguém, né?
olhou para o líquido cor de âmbar no copo a sua frente e, sem pensar duas vezes, o virou de vez, deixando que a bebida a queimasse por dentro.
– Vou falar com ele – disse ela, um sorriso nervoso começando a se formar em seus lábios. – Vou dizer a George que gosto dele.
– Você sempre fica assim pelos cantos? – George suspirou antes de se virar em direção a voz que o tirou de seus próprios pensamentos.
– Angelina – disse ele. George não sorriu, mas ela se encostou na parede ao lado dele de qualquer forma. Os dois ficaram em silêncio por um tempo até que Angelina resolveu falar.
– Sinto muito, George.
– Eu sei, você já disse.
– Não – ela se virou, olhando diretamente para ele. – Sinto muito de verdade. Não estou brincando.
– Não está brincando mais, não é? – Ele a encarou, um toque de sarcasmo na voz.
George não sabia que, ao se virar para Angelina, toda a situação mudaria. Mas ele se virou, porque ele era assim. Os olhos da artilheira estavam brilhando com lágrimas que pareciam sinceras, e os lábios dela tremeram levemente. Ele quis dar um passo para trás, escapar daquilo, mas ficou parado.
– Eu sei que errei. Foi horrível da minha parte, George, e sinto muito – ela tocou o braço dele gentilmente. – Mas, desde aquele dia, não consigo parar de pensar em você.
George continuou em silêncio.
– Te chamei para sair por causa do Fred, é verdade – ela admitiu, respirando fundo. – Mas agora estou aqui pedindo desculpas porque... é você, George. Eu não consigo parar de pensar em você, e no seu beijo.
Ele sentiu sua respiração falhar enquanto Angelina se aproximava, cada palavra dela nublando seus pensamentos. E quando George passou a língua pelos lábios, sem conseguir organizar suas ideias, Angelina avançou, colando seus lábios nos dele.
No início, George não sentiu nada como no dia no Três Vassouras, mas conforme Angelina o empurrou contra a parede, ele desistiu de tentar entender seus sentimentos. Ele apertou a cintura dela e aprofundou o beijo.
Distante dali, mais precisamente no meio da pista de dança, Diggory observava os dois jogadores da Grifinória dividirem um beijo apaixonado. Ela sentiu seu estômago embrulhar, engoliu em seco e se virou, querendo se distanciar daquela imagem o máximo que pudesse.
Onde estava com a cabeça em pensar que poderia falar com ele? Ela realmente era uma lufana, não era? Não existia ninguém mais sonhadora do que Diggory naquele castelo, porque apenas ela foi tola o bastante para pensar que, talvez, só talvez, George pudesse vir a gostar dela, que talvez ele já gostasse e isso pudesse explicar a forma como ele havia se aproximado dela e também os olhares que havia alegado ver.
Ela pensou tudo isso, se deixou ter esperanças, enquanto ele estava beijando outra garota. E não qualquer garota: Angelina. A única pessoa que George queria de verdade e sabia, sempre soube, e ainda assim havia sido idiota o bastante para pensar o contrário.
Não queria pensar nisso, não queria ouvir falar sobre isso até que Fred e praticamente a obrigassem a falar. No momento, só queria esquecer que logo atrás dela George Weasley beijava Angelina Johnson, queria esquecer porque se não esquecesse sabia que um lado muito ruim e sem nenhum instinto de autopreservação venceria e ela voltaria só para confirmar que era mesmo real.
E quando Louis Sheffield, o capitão do time de quadribol da Sonserina colocou seus olhos azuis, claros como o céu em cima dela e sorriu de lado do outro lado da mesa de bebidas enquanto ela virava um copo de hidromel, soube exatamente a melhor forma de tentar esquecer um cara.
Com outro.
gostava de George, gostava mesmo, e para ela não havia ninguém melhor do que ele. Mas não era cega. Louis era o capitão da Sonserina, dono de lindos olhos azuis tão claros que faziam sentir que estava prestes a se afogar, e cabelos lisos e platinados que, ora caíam sobre sua testa, ora eram penteados para trás, o que o deixava ainda mais bonito e contrastava com suas sobrancelhas escuras. Ele era alto, esguio e lindo de morrer. podia contar nos dedos os garotos e garotas que conhecia que nunca haviam pensado no septanista.
Além disso, Louis era uma lufada de ar fresco, especialmente para o time da Sonserina, que antes tinha como capitão o idiota de Marcus Flint. Louis era engraçado de uma forma sarcástica, e nunca permitiu que ninguém do seu time cometesse as mesmas faltas que Flint costumava incentivar. o conhecia por meio de , que, embora passasse muito tempo com a lufana e os gêmeos, ainda tinha muitos amigos na Sonserina — Louis sendo um dos mais próximos.
Sheffield também tinha protagonizado um dos maiores escândalos de Hogwarts nos últimos tempos: ele e Oliver Wood, capitão da Grifinória, namoraram durante o último ano de Oliver na escola. Foi uma espécie de Romeu e Julieta moderno, o que irritou muita gente, mas eles não pareciam se importar. Caminhavam de mãos dadas pelos corredores, acompanhavam-se nas aulas, mesmo com Oliver no ano dos NIEMs e Louis nos NOMs. Durante as partidas, jogavam com ainda mais raiva e determinação para vencer. A Grifinória foi campeã naquele ano, e, embora muitos dissessem que Louis havia deixado o ex-namorado vencer, sabia que não. Se ela aprendeu algo com , foi que os sonserinos não cedem assim tão facilmente. se lembrava bem de Louis comemorando com Oliver naquele dia — ela estava com Fred e George, fazendo o mesmo, afinal. Eles terminaram pouco depois que Wood se formou.
— Você parece sozinha, Diggory — disse Louis ao ouvido de . — E eu me sinto pessoalmente atacado por isso.
ergueu os olhos com um sorriso.
— Então por que não muda isso, Sheffield?
Essa foi a última coisa de que se lembrava antes de Louis a puxar para a pista, e eles passarem a noite dançando. No começo, sua animação era forçada, e ela pensou que beijar Louis para preencher o vazio era exatamente o que queria, mas, aos poucos, as coisas aconteceram naturalmente. não bebeu mais. Deixou que Louis a puxasse para sua órbita, onde ninguém mais existia além dos dois. Ele a rodopiou, a ergueu, e eles dançaram juntos — com risadas altas quando a música era animada, e colados quando a melodia ficava lenta. Quando pensou que nada poderia melhorar e que seu rosto já doía de tanto sorrir para o sonserino, Louis se inclinou e a beijou devagar, quase como se dissesse "oi". Sem pensar em mais nada ou em ninguém, correspondeu.
Enquanto estava com Louis, se sentiu bem, sem pensar em muita coisa além dos dois. Mas depois, quando tudo acabou e ela ficou sozinha com seus próprios pensamentos, foi impossível não se lembrar de George e Angelina. O beijo deles a assombrou até que ela dormisse e então, a perseguiu um pouco mais durante seus sonhos.
se sentia uma completa idiota por ter pensado, ainda que por cinco minutos, que algo poderia acontecer entre ela e George. Ela quase se sentia grata a Angelina por ter falado com ele antes, pois agora tinha certeza de que não aguentaria uma rejeição. Seria humilhante demais. Como ela encararia George depois disso?
Não encararia, essa era a resposta. Ela suspirou, sentando-se à mesa de sua casa. A maioria dos alunos da Grifinória já estava sentada à sua frente, conversando animadamente sobre seus pares para o baile, assim como seus próprios colegas da Lufa-Lufa, mas não conseguia pensar nisso. Tudo que conseguia pensar era que agora George iria ao baile com Angelina Johnson e ela seria obrigada a ver. suspirou, derrotada.
Seria impossível conviver com George desse jeito. Ela não era o tipo de pessoa que superava as coisas com facilidade. Ao longe, ela viu junto com seu primo Draco Malfoy; a amiga falava rapidamente enquanto gesticulava com as mãos, e deu uma risada baixa. Provavelmente estava dando mais um de seus sermões no primo mais novo.
— E aí, Weasley? — disse Thomas, que estava sentado à frente de . O coração da lufana gelou por dois segundos quando percebeu que Thomas encarava uma figura atrás dela. Quis se virar e confirmar quem era, mas não conseguiu, estava congelada no lugar. Teria rido da própria humilhação, se seu corpo permitisse.
Sentiu o garoto do primeiro ano sentado ao seu lado se afastando e logo o ruivo estava sentado ao seu lado.
— Nós não tínhamos, sei lá, uma regra de infância de não sumir por vinte e quatro horas inteiras? — questionou Fred, enquanto forçava um sorriso. Seu coração não parecia ter relaxado nem um pouco, mesmo ao perceber que aquele ao seu lado era Fred e não George. Ela puxou o prato à sua frente, mexendo devagar no pão com geleia.
— É uma regra muito antiga — disse ela. Thomas, parecendo pressentir a situação delicada dos dois, resolveu sair da mesa um pouco mais cedo.
— Eu vi o que aconteceu. Sinto muito, — disse Fred, e ela assentiu lentamente. — Mas não acho que ele estava pensando direito.
piscou, virando-se imediatamente para o melhor amigo.
— Juro por Deus, Fred, se você está aqui para defender o George de algo que, diga-se de passagem, ele nem precisa de defesa, eu vou te chutar tão forte que você nunca mais vai andar. Estou falando sério. Não quero saber disso.
Fred não se abalou. Sua única reação foi se esticar e pegar uma bolinha de queijo que estava ao lado da amiga.
— Sei que ele não precisa de defesa, e não estou aqui para isso — respondeu ele, ainda de boca cheia. — Só estou dizendo que ele não estava pensando direito. Desde aquele dia com você, ele anda diferente. Não acho que ele tenha mudado tanto em tão pouco tempo a ponto de perdoá-la. Ele é mais orgulhoso do que parece.
— Bom, problema dele. E dela — respondeu , olhando em volta por um momento para se certificar de que ninguém estava escutando. — Não me importo, Fred. Nós não temos nada, nunca tivemos, somos apenas amigos, e é assim que vai continuar. Vou te agradecer se parar de falar sobre isso.
— Você vai desistir sem nem ter dito a ele o que sentia? Sem sequer saber se faria diferença ou não? — perguntou Fred, comendo outra bolinha de queijo. bufou, irritada. Fred sempre parecia ouvir só o que queria, e isso a irritava profundamente.
— Sim, vou. Pode me chamar de covarde, oh, corajoso e bravo grifinório! — explodiu , puxando de volta a fatia de pão com geleia que Fred estava prestes a roubar do seu prato. — Mas faça isso quando criar um par de bolas suficientemente grandes para admitir que essa história de "não gosto de relacionamentos" não cola mais e que o que você realmente quer é estar com Atria Black! E pare de roubar meu café da manhã!
Fred piscou, surpreso, ainda com a mão no ar e a boca entreaberta. sorriu vitoriosa.
— Ok — respondeu ele, fechando a boca.
franziu o cenho, confusa.
— Ok?
— Ok — repetiu Fred, assentindo levemente. — É... ok.
— Ok o quê? — perguntou , ainda mais confusa, mas Fred agora olhava para frente, respirando fundo e balançando a cabeça, decidido.
— Vou criar o que você falou. Vou falar com ela — disse ele calmamente, começando a se levantar. Os olhos de quase saíram das órbitas, e ela o puxou de volta para o banco.
— O quê?! Você vai falar com ela? Com a ? Nossa ?
— Sim. Não foi o que você disse?
estava à beira de explodir de frustração com a calma irritante de Fred. Ele estava tão despreocupado, como se não estivesse prestes a fazer algo tão significativo, e isso só a deixava mais tensa. Ainda segurando o braço dele, ela momentaneamente esqueceu seus próprios problemas amorosos.
— Agora?! Você não pode fazer isso agora! — sussurrou, quase em pânico.
— E por que não? — perguntou Fred, casualmente. — Ela está logo ali.
passou a mão pelos cabelos, tentando manter a compostura na frente de seus colegas de classe. Não seria de bom tom que eles a vissem enfiando um garfo na mão do amigo. Já tinha uma fama ruim demais dentro de campo.
— Freddie, ouça... Você é meu melhor amigo, certo?
— Eu sou basicamente o seu único amigo, então isso nem conta — disse ele, mas cravou as unhas no braço dele, fazendo-o recuar. — Tá bom, tá bom! Estou brincando!
— Eu te amo, Fred, mas você sabe que é... bem, você é um pouco brincalhão… demais — disse ela, tentando ser delicada. — E te conhece tão bem quanto eu. Mesmo que ela goste de você, e não estou dizendo que gosta! Mas, se gostar, você não pode simplesmente chegar lá e falar qualquer coisa. Ela vai achar que você está zoando com a cara dela. E, cá entre nós, você disse para quem quisesse ouvir que nunca ia namorar enquanto estivesse aqui em Hogwarts, lembra?
Fred suspirou profundamente e se afastou um pouco, claramente pensando no que ela disse. esperou. Podia ver as engrenagens na cabeça de Fred processando as palavras que havia acabado de dizer. Depois de um silêncio que pareceu eterno, ele virou-se para a amiga com um brilho determinado nos olhos.
— Ok, você tem razão — disse ele finalmente. mal conseguia acreditar que ele estava de acordo, até que Fred levantou o dedo para ela com um sorriso travesso. — Mas vou pensar em um jeito. Na verdade… — seu sorriso aumentou. Não precisava explicar, ela sabia, apenas olhando para ele, que ele já havia pensado em alguma coisa. — Apenas não deixe ela ir ao baile com ninguém!
levantou as mãos em sinal de rendição.
— Como eu poderia impedir isso?
— Não sei, mas você dá um jeito, Diggory, você é inteligente. Só... não deixe. Vou convidá-la, só preciso... organizar as coisas — Fred se levantou, agora falando em um tom mais baixo e sério. — E, principalmente, o seu irmão idiota. Não deixe que ele convide ela!
ficou olhando para ele, sem acreditar. Fred era um completo lunático quando queria. Mas ele a olhava ansioso e ela sabia que não havia nenhuma escapatória a não ser concordar com tudo.
— Tudo bem. Vou fazer o meu melhor, mas é melhor se apressar! Não vai demorar para ela começar a ser chamada.
Fred assentiu, confiante.
— Não se preocupe, não vou perder a minha chance — disse ele, começando a se afastar, mas parou de repente, virando-se novamente. — Ah, sei que você não vai seguir o meu conselho sobre "você-sabe-o-que", mas... precisamos conversar sobre o Capitão Platinado?
riu, balançando a cabeça.
— Não, foi só uma coisa de festa — respondeu ela.
Fred assentiu, aproximando-se dela novamente apenas para depositar um beijo em sua testa e sumir em direção a mesa da Grifinória.
terminou sua refeição com um sorriso discreto, pensando que, talvez desta vez, Fred e finalmente se entendessem. As coisas podiam não estar dando certo para ela, mas se dessem para seus dois melhores amigos, ela ficaria feliz. Mais do que feliz. Após o café da manhã, foi até a sua primeira aula do dia. Não demorou muito para que logo se sentasse ao seu lado.
— E então? — sussurrou , aproximando-se da amiga. — Nós odiamos ele?
sorriu para a sonserina e balançou a cabeça.
— Ele não fez nada — respondeu calmamente.
— Isso depende da sua perspectiva. George é burro, e para mim isso já é motivo suficiente — disse com firmeza.
— Não aconteceu nada. Literalmente, nunca chegamos nem perto disso. Só... vamos deixar para lá, tudo bem? Eu vou me afastar dele por um tempo e tudo vai se resolver.
parecia refletir, virando-se para frente, mas logo desistiu, voltando-se novamente para , querendo uma confirmação.
— Tem certeza de que não o odiamos?
— , ele é seu amigo — disse , rindo.
— Posso gostar dele e odiá-lo por você. Sou muito versátil assim, — afirmou com seriedade, o que fez revirar os olhos.
Antes que a conversa continuasse, McGonagall entrou na sala com sua típica imponência, fazendo com que calasse a boca na mesma hora. No entanto, assim que saíram para a aula de Feitiços algumas horas depois, retomou o assunto.
— Mas então… Louis — disse com um sorriso travesso. — Por que não me disse que era afim dele?
— Porque não sou e você sabe — respondeu simplesmente. — Nós só estávamos na mesma festa a fim da mesma coisa, eu acho.
— "A fim da mesma coisa”... é assim que chamamos agora?— Fred apareceu do nada, com aquele sorriso que irritava profundamente.
— De onde você saiu? — Quis saber, indignada, fazendo com que Fred risse.
— Do que vocês estão falando? — perguntou George, fazendo finalmente encará-lo. Ele estava andando calmamente ao seu lado, com as mãos no bolso e seu estômago deu um nó instantaneamente. Ela sabia que ver George era inevitável, mas ainda assim, parecia ainda pior do que havia imaginado. Ele parecia tão… bem. Tranquilo. Ela queria prendê-lo em uma vassoura e jogar 25 balaços em sua direção. Como a mente dela poderia estar esse turbilhão e ele nem sequer sonhar com nada disso?
desviou o olhar e percebendo o desconforto da amiga, rapidamente se colocou entre os dois, entrelaçando o braço de George no seu e o afastando. Fred também parecia ter percebido, pois logo passou o braço no ombro de , a puxando para ele. Foi algo tão rápido e natural, que mal teve tempo de reagir, tendo seu coração tomado por um amor e gratidão tão forte pelos amigos que quase estava transbordando.
— Estávamos falando sobre Louis — disse , com um tom casual. — O meu capitão está caidinho pela desde que eles ficaram na festa.
— Seu capitão? — Fred questionou, arqueando uma sobrancelha. — , você nem joga quadribol.
riu da expressão de Fred, mas sua risada morreu quando George se inclinou apenas para olhar para ela.
— Você ficou com Sheffield?
— Sim — respondeu , firme.
— Louis Sheffield? — insistiu George. Seu cenho estava franzido e sua voz parecia mais alta do que o de costume. o encarou de volta.
— Sim, George, Louis Sheffield — repetiu. Tentou soar indiferente, mas sabia que não estava conseguindo. Praticamente conseguia sentir a acidez escorrer de sua boca. — Por que está tão surpreso? Acha que ele também deveria escolher outra pessoa?
Assim que as palavras saíram de sua boca, achou que havia passado do ponto. Quando George a olhou com seus grandes olhos castanhos confusos, ela teve certeza.
George balançou a cabeça, se desvencilhando de apenas para chegar mais perto de .
— “Também”? Alguém disse que aquele loiro de farmácia era bom demais pra você? — O ruivo balançou a cabeça, segurando o braço de . Sua expressão era dura e ele parecia verdadeiramente incomodado. — Quem foi? Pode me dizer. Juro, vou quebrar a cara dele pra você, , e se for uma garota, posso transformá-la em um rato de estufa por um dia inteiro.
O coração de estava tocando uma sinfonia inteira com a aproximação e preocupação repentina de George. Queria ter coragem para dizer que aquilo não era sobre Louis, era sobre ele, mas não conseguia. Nunca conseguiria. Era covarde demais pra ser tão direta assim. Então, apenas riu, tocando a mão de George por tempo suficiente para fazer com que ele a soltasse.
— Ninguém disse nada, George. Esquece, tá? Só… esquece.
George abriu a boca para insistir, mas apenas negou com a cabeça, apertou os livros que carregava contra o peito e saiu sem olhar para trás em direção à sua próxima aula.
e Fred que assistiam a cena sem dizer nada, suspiraram, resignados. Fred queria tanto dizer ao irmão que gostava dele e que eles tinham tudo para dar certo. Queria poder consertar as coisas para o irmão como George sempre fazia por ele. Mas não podia, é claro. Não podia fazer isso com .
— Por que ela foi embora assim? — George murmurou, olhando para os amigos com uma confusão estampada no rosto.
Fred lançou um olhar significativo para , lembrando-se do que ela havia falado momentos antes.
— Seu capitão? — perguntou, sem muito entusiasmo.
piscou inocentemente.
— Ele é o capitão da Sonserina, e eu sou da Sonserina. Então... sim? — Ela riu levemente. — Embora, agora, ele seja mais o capitão da , não é? Confesso que estou com um pouco de inveja… Embora seja legal o fato de que agora podemos fofocar sobre o beijo dele.
— , isso não é brincadeira — Fred tentava parecer relaxado e bem humorado, mas seu nervosismo estava estampado em seu rosto.
apenas sorriu.
— Quem disse que estou brincando? — Ela se virou para George, que ainda fitava o corredor onde desaparecera, completamente alheio à conversa dos dois. — Sabe, Georgie — começou ela, tocando levemente o ombro dele, chamando sua atenção. — Para alguém tão inteligente, você consegue ser muito burro às vezes.
George a olhou, confuso, sem entender o que ela queria dizer, mas não teve tempo de questionar. Com mais dois tapinhas amigáveis no ombro e um sorriso travesso para Fred, se foi.
— Quem foi? — George perguntou de repente. Ainda estava confuso com tantas informações de uma só vez, mas precisava saber.
Fred, que estava distraído com a recente revelação de que já havia beijado o maldito capitão da Sonserina, demorou a entender a pergunta.
— Quem foi o quê?
— Quem disse aquilo para a ? Quem fez ela pensar que ele é bom demais pra ela?
Fred suspirou.
— Não sei, George. Mas ela pediu para você esquecer, não pediu?
— Ela é sua melhor amiga. Isso não te incomoda? — George pressionou, claramente irritado com a calmaria do irmão.
Fred franziu os lábios, seu olhar endurecendo por um breve momento. Involuntariamente, ele levantou o braço, fingindo que iria socar o irmão, o que fez George recuar, surpreso.
— Ei! O que…
— Seu babaca — Fred parou, observando o olhar alarmado de George, decidindo, por fim, que nem mesmo uma educação violenta faria o irmão gêmeo acordar para vida. Ele soltou um suspiro frustrado antes de abaixar a mão. — Vamos, vamos embora.
Enquanto caminhavam pelos corredores, George não conseguia afastar os pensamentos que o atormentavam. Ele lembrava-se de como tinha se sentido ao ver dançando com Thomas, o que já tinha sido ridículo da sua parte, mas pensar nela beijando Louis Sheffield? Era demais para ele. Uma voz em sua mente dizia, de forma incoerente, que ele era sortudo por não ter presenciado aquela cena. Seus pensamentos giravam, confusos e, sem que pudesse controlar, todos levavam a . O que era ainda mais frustrante.
Fred o cutucou no ombro, tirando-o de sua espiral mental.
— Você está ouvindo o que eu estou falando?
George negou com a cabeça, sincero.
— Não, foi mal.
— O que há de errado com você?
O ruivo apenas deu de ombros.
— Nada, só estou pensando.
Fred o avaliou por um tempo.
— Bom, é claramente alguma coisa, mas não tenho tempo o bastante para adivinhar. Quando quiser colocar suas dúvidas para fora, é só me chamar. Agora eu vou resolver algumas coisas sobre o convite de antes que ela desenterre algum outro ex super famoso e querido. Ainda vai me ajudar, certo?
— Claro — respondeu George prontamente.
— Ótimo. Me encontra na sala 27 antes do jantar. Preciso resolver algumas coisas agora, então você vai ter que assistir às aulas sem mim, infelizmente — Fred fez uma expressão exageradamente triste e falsa enquanto se afastava do irmão. Ele fez uma pausa, lembrando-se de outro detalhe. – Ah! Ouvi que Angelina estava querendo falar com você.
— Ouviu? De quem?
Fred sorriu.
— Dela. Ela me disse hoje de manhã, quando voltei para pegar a gravata.
George arregalou os olhos, incrédulo.
— Isso foi há horas, Fred!
O sorriso de Fred ficou ainda maior, quase orgulhoso do que havia feito.
— Eu sei.
— E por que você não me disse antes?
Fred deu de ombros, impassível.
— Porque eu não gosto dela.
George passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado.
— Fred, qual é...
— Eu não gosto dela — repetiu, mais sério. — Está tudo bem, George. Acontece. Se quer ficar com ela, fique, é a sua vida e a sua escolha. É uma escolha burra, mas é sua. Só não espere que eu volte a falar com ela, porque eu não vou.
George estalou a língua, pronto para retrucar, mas então percebeu que não tinha nenhum argumento. Fred deve ter percebido também, porque seu sorriso ficou ainda mais convencido. Entendia o irmão. Ele havia visto de perto como toda a situação com Angelina o machucou, e se fosse ao contrário, George também sabia que não perdoaria a pessoa que fez seu irmão gêmeo sofrer.
— Enfim, não se atrase. Até mais tarde!
George assentiu, e enquanto assistia a terceira pessoa no dia que o deixava sozinho no corredor, resolveu que se já havia demorado para falar com Angelina, então poderia demorar mais um pouco. Também decidiu que já havia visto aulas demais naquele dia e que matar o restante do dia não faria mal, portanto, seguiu para a sala 27.
Dentro da sala, ele juntou algumas mesas perto da janela e se deitou perto da janela, pensando na ironia que era estar ali naquele momento. Há um ano atrás, Angelina Johnson havia engolido e mastigado seu orgulho e seus sentimentos, fazendo com que ele fugisse de todos e se escondesse naquele mesmo lugar. Agora ele estava ali novamente, mas dessa vez não tão magoado com Angelina quanto antes.
Sua mãe sempre falava que ter tanto orgulho fazia mal e que devíamos perdoar as pessoas, não era isso que George estava fazendo? Ele havia gostado de Angelina por tanto tempo, não seria lógico dar uma chance àquilo depois dela ter tentado se desculpar por tanto tempo? Parecia lógico.
George havia gostado de Angelina por tanto tempo, que aquilo simplesmente parecia ser justo com ele e com o George de alguns anos atrás. Ele podia tentar, não é? E se não der certo, bom, tudo bem. Ao menos tentou.
Parecia fazer muito sentido em sua mente, lógico e racional, como George gostava de ser, então por que diabos ele se sentia tão incomodado com tudo? Era lógico, sim, mas parecia extremamente errado.
George se virou, tentando evitar a luz solar que o acertava no rosto, observando a sala, agora vazia e silenciosa, bem diferente de como costumava ficar nas noites de sábado. George ainda se lembrava claramente do desconforto que sentiu ao ver Thomas Orwell puxar para dançar. Se lembrava de desejar que ela estivesse com Fred ou qualquer outro que ele soubesse que era amigo dela, como Lee, Cedric, Summerby, ou até mesmo os mais novos, como Rony e Harry. Quando pensava nisso, a única coisa que podia concluir era que ele nunca havia gostado muito de Thomas. Ele nunca pareceu um cara legal, afinal, deveria ficar perto de caras legais.
Mas que desculpa ele teria para a agonia crescente em seu peito desde que falara sobre e Louis?
E, mais importante, por que ele estava pensando nisso, afinal? George nunca tinha se incomodado com essas coisas antes. Então, por que agora, depois de tantos anos, tudo ao seu redor o fazia lembrar de Diggory? O simples fato do sol entrar pela janela e aquecer seu rosto o fazia pensar no quarto dela — quente e acolhedor. Até mesmo pequenos sorrisos amigáveis traziam a lembrança de como estava sempre pronta para sorrir, e até as piadas mais sem graça o faziam pensar nela. Não importava quem contasse a piada, sempre ria, mesmo quando todo o resto da sala permanecia em silêncio. E George sabia que ela fazia isso para que a pessoa que havia contado não se sentisse mal. E agora, até mesmo quando pensava em música ou dança, era o rosto de que surgia em sua mente.
Era como se uma porta tivesse se aberto em sua cabeça. De repente, ele se lembrava de todas as vezes que a viu dançando sozinha, e em como ela segurava a barra da saia, girando de um jeito que provocava pensamentos que ele sabia que não deveria ter. Não sobre .
E então, claro, ele se lembrou de como era beijá-la. A única parte ruim era que George sabia que estava bêbado naquela noite, e mesmo que ele se lembrasse bem do que aconteceu, sabia que não havia sido correto. Mas o beijo? Ah, ele não se arrependia do beijo. Podia se arrepender de como tudo aconteceu, mas jamais se arrependeria do beijo. Não se arrependia de ter segurado a nuca de , e a puxado para perto para sentir seus lábios carnudos e macios contra os dele. Não, George não se arrependia. Na verdade…
Ele parou de repente, sentando-se ereto. Seu coração batia forte no peito enquanto a realidade dos seus pensamentos o atingia de uma vez. Fred estava certo.
— Tem algo muito errado comigo.
Apenas alunos do quarto ano em diante podiam ir ao Baile de Outono, e quando estava no quarto ano, Cedric namorou Cho Chang, da Corvinal, e os dois foram juntos. O namoro foi intenso, mas terminou tão rápido quanto começou. Depois disso, no primeiro baile que as meninas puderam ir, Cedric acompanhou , que alegou não ter recebido convite de ninguém "à sua altura". Fez o mesmo no quinto ano delas, com a mesma justificativa. George tinha ido com uma das garotas do time, enquanto foi com Thomas no quarto ano. No quinto, resolveu ir com Fred, que se recusava a chamar qualquer garota que gostasse dele, com medo de magoar os sentimentos dela.
Fred e se divertiram a noite inteira, e achou muito melhor do que quando foi com Thomas.
— Você não quer ir ao baile, não é? Pode falar — perguntou Draco Malfoy à prima.
Os três estavam sentados à mesa da Sonserina depois do almoço. Nenhum deles tinha aula naquele momento, e o salão estava quase vazio. só costumava sentar-se à mesa de outras casas em momentos assim. Estava se divertindo ao assistir Draco fazer propaganda de Blaise Zabini, que estava louco para ir ao baile com , apesar de ela já tê-lo rejeitado.
— Não é uma questão de querer ir ao baile ou não — explicou . — Só não quero ir com qualquer pessoa. É como você, que não quer ir com Pansy, embora vocês dois… — parou de falar, apenas arqueando as sobrancelhas em direção ao primo. Draco ficou com as bochechas imediatamente vermelhas, mas resolveu ignorar.
— Há uma diferença entre Blaise e Pansy.
— E qual é? — Quis saber .
Draco se ajeitou todo antes de responder, e não conseguiu evitar uma risada. Ele realmente estava dando tudo de si pelo amigo.
— Blaise é legal, inteligente, e bonito também. Todas as garotas da Sonserina gostam dele. Pansy pode ser bonita, mas ela vai achar que eu quero namorá-la. Blaise não pensaria isso de você.
revirou os olhos e balançou a cabeça. não costumava comentar quando estava com o primo, não porque não gostasse de Draco. Já tinham superado essa fase há muito tempo. Era simplesmente divertido observá-los. Apesar de tentar parecer durona, sempre cedia às vontades de Draco ao mesmo tempo em que lhe dava sermões.
No início, os dois não se davam bem. Os pais de desprezavam Lucius Malfoy e suas ideias preconceituosas e a recíproca era verdadeira, por isso era comum vê-los brigando, especialmente porque Draco parecia fazer de tudo para chamar a atenção da prima.
As coisas mudaram há quase dois anos, quando George interveio antes que socasse Draco. nunca soube exatamente o que ele disse à amiga quando a arrastou para fora do castelo, mas duvidava que tenha sido algum elogio ao Malfoy. Tudo que disse foi que conversaram sobre família, e que, querendo ou não, Draco fazia parte da dela. Desde então, os dois começaram a se aproximar. Ficou claro que Draco gostava da aprovação e carinho da prima, e não seria uma surpresa se ele não tivesse nenhuma das duas coisas em casa. se alegrava com isso, pois sabia que ele havia se tornado o irmão mais novo que sempre quis. Nenhuma das duas famílias gostava desse laço, exceto os dois, e tinha certeza de que Lucius Malfoy detestava ainda mais, agora que seu filho estava menos insuportável. Black havia sido uma boa influência, e isso devia ser difícil para alguém tão horrível quanto ele.
— Blaise não é nada legal, Draco — se intrometeu, fazendo o garoto bufar.
— Ele é sim, . Você nem o conhece.
— Zabini quase me derrubou da vassoura no último jogo — revelou , olhando para como se a amiga ainda precisasse de mais um motivo para rejeitá-lo. Draco riu sarcasticamente.
— Ora, e isso não é o que você faz como batedora com todo mundo? — retrucou. — Todo mundo mesmo. Já te vi jogar, Diggory, ninguém está seguro com você em campo!
balançou a mão em direção a Draco de forma indiferente. Amava implicar com ele.
— Podemos fazer o mesmo arranjo do ano passado, — disse , ignorando a discussão dos dois. — Posso ir com Cedric... — abriu a boca para dizer que o irmão já tinha par, embora soubesse que não tinha, mas a sonserina continuou: — Apesar de ser o último ano dele, acho que ele deve querer ir com alguém de quem goste, não? — torceu os lábios e deu de ombros antes de continuar: — Bem, você pode ir com Fred. Vocês se divertiram bastante no ano passado. Eu posso ir com George, se ele não tiver par. Ou com Lee.
percebeu pela expressão de que ela não queria repetir o arranjo do ano passado. Embora gostasse de Lee e George, não era com nenhum dos dois que ela queria ir. A lufana sorriu, mas Draco parecia insatisfeito.
— Você trocaria Blaise por Jordan ou o "número dois"? — perguntou, incrédulo. estendeu o braço e deu um tapa na cabeça dele.
— Ai! — reclamou Draco.
— O nome dele é George, não “número dois”, Draco. Use o nome dele.
riu, enquanto Draco olhava para ela em busca de apoio, mas a Black apenas deu de ombros.
— Tudo bem, tanto faz. De qualquer forma, você não pode ir com eles, porque os dois já têm companhia.
— Quem? — perguntou , curiosa. — E como você sabe disso?
— As fofocas correm, é tudo que posso dizer — disse ele com um sorriso convencido. — Lee vai com Katie Bell, e George com Angelina Johnson.
continuou encarando Draco, sem perceber que , ao seu lado, estava praguejando em choque ao descobrir que George tinha sido bobo o suficiente para chamar Angelina para o baile.
A lufana não podia negar que já havia pensado nisso. No jantar, teve que assistir George e Angelina protagonizarem mais uma cena terrível, bem em frente a ela e à sua salada. Mais tarde, enquanto descia em direção às cozinhas, decidiu que definitivamente precisava se afastar de George, Angelina e o que quer que fosse aquilo se quisesse paz. Avisou a Fred e , e os dois, mesmo contrariados, não disseram mais nada. simplesmente não podia continuar presenciando aquilo. Era torturante. Se precisasse fugir e parecer um pouco infantil para o bem de sua saúde mental, que fosse. Não importava o que George pensasse sobre isso. Não que ela acreditasse que ele pensasse em qualquer coisa relacionada a ela quando estava com a garota dos sonhos dele.
Saber que George havia convidado Angelina para o baile despertava em o pior sentimento que já experimentara além da tristeza e frustração: a inveja.
respirou fundo, sentindo os olhos arderem, mas recusando-se a derramar sequer uma lágrima. Não podia se sentir mais ridícula do que já estava se sentindo, mas agora chorar por alguém que nem sabia dos seus sentimentos e estava apenas vivendo tranquilamente com os dele? Isso era demais. Diggory não faria isso. Sentimentos podem não ser opcionais, mas a forma como lidamos com eles definitivamente é.
Quando Fred, George e Lee apareceram na entrada do salão, respirou fundo mais uma vez, tentando ignorar o fato de que, quando os olhos de George pararam nela, seu sorriso pareceu se alargar ainda mais. Não. Ela não tinha tempo para pensar nisso. Era hora de focar na coisa boa que estava prestes a acontecer com seus dois melhores amigos.
George e Lee ficaram um pouco atrás de Fred enquanto ele, com um sorriso convencido no rosto, caminhava até , que já havia notado a presença dos três. A garota franziu o cenho quando o ruivo parou à sua frente.
— Boa noite, Srta. Black — disse ele, encarando os olhos acinzentados da garota. lançou um olhar rápido para os dois amigos sorridentes atrás dele antes de voltar a atenção para Fred. Ele ergueu a mão, mostrando uma única rosa branca e a oferecendo para . — Me lembrou você.
— O que você está fazendo, Fred? — sibilou baixinho, olhando para as pessoas ao redor que já começavam a observá-los.
puxou a mochila que estava aos seus pés, tirou um pequeno disco de plástico e apertou o play. Os acordes suaves de Just The Two of Us, do trouxa Grover Washington, começaram a tocar. (N/A: para uma leitura mais imersiva, recomendo colocar a música para tocar).
— Quero te fazer uma pergunta — disse Fred, se aproximando. Ele colocou delicadamente a rosa atrás da orelha de , percebendo que ela não iria pegá-la. Ao passar a mão pelos cabelos dela, ele sorriu ao ver que a garota não se afastou. — Mas me disseram que, se eu não fizesse isso com estilo, você não ouviria.
George e Lee abaixaram-se ao lado de Fred, e, com um impulso rápido, ele subiu na mesa de jantar da Sonserina. arregalou os olhos, olhando ao redor para os amigos, enquanto , com um sorriso bobo no rosto, entregava sua participação no plano.
— I see the crystal raindrops fall and the beauty of it all — Fred andou até o fim da mesa como se estivesse em uma passarela, cantando enquanto o observava boquiaberta, sentindo vontade de correr dali, mas ao mesmo tempo querendo ficar mais do que qualquer outra pessoa. — Is when the sun comes shining through to make those rainbows in my mind — ele se virou, olhando diretamente para e começando a caminhar de volta para ela. — When I think of you some time and I want to spend some time with you…
— Ai, meu Deus — murmurou Draco, assustado, recebendo uma cotovelada forte de George e um pedido de silêncio de , tudo ao mesmo tempo.
— Just the two of us. We can make it if we try, just the two of us...
podia ver a surpresa, vergonha, felicidade e admiração passarem pelo rosto de em uma mistura perfeita que apenas Fred Weasley podia provocar nela.
— Just the two of us building castles in the sky, just the two of us… — perto de , George balançou a varinha, fazendo com que tudo ao redor começasse a brilhar, como se estrelas cadentes caíssem. Sem que sentissem, a cena se transformou, ficando ainda mais mágica. Fred se sentou, ainda em cima da mesa, bem ao lado de , sem nunca tirar os olhos dela. — You and I.
balançava a cabeça, sem acreditar que aquilo estava acontecendo enquanto sorria alegremente para a cena, junto com vários outros alunos que se reuniam ao redor deles para assistir ao que quer que fosse que Fred Weasley poderia estar fazendo agora.
— We look for love, no time for tears, wasted waters's all that is and it don't make no flowers grow — Fred passou a mão suavemente atrás da orelha de , onde antes havia colocado uma rosa branca. Quando sua mão voltou à vista de todos, ele segurava um buquê. Ele passou a mão livre por cima e, em segundos, as rosas se transformaram, passando de brancas para azuis, rosas, roxas, amarelas e todas as cores possíveis, criando um arco-íris infinito que refletia nos olhos de , que dessa vez o pegou sem hesitar.— Good things might come to those who wait, not to those who wait to late. We got to go for all we know…
A vergonha havia desaparecido do rosto de ; ela estava completamente encantada, hipnotizada pela figura à sua frente. Fred abriu um sorriso de lado, finalizando a música com uma mensagem clara para a sonserina diante dele:
— Just the two of us... We can make it if we try.
Algumas garotas ao redor suspiravam com o show inesperado que Fred Weasley montara para , mas tudo que ela conseguia fazer era encará-lo, como se não acreditasse no que estava acontecendo. duvidava que algum dia ela realmente acreditasse. Quando Fred lhe contou o que faria, também não acreditou. Sabia que Fred era um exibicionista, mas nunca havia sido. Tentou persuadi-lo a desistir, mas tudo o que Fred disse foi: “a minha garota merece um espetáculo". O coração de estava leve e cheio de amor pelos amigos, porque Fred realmente havia feito um espetáculo.
— O que você está fazendo? — perguntou , quase em um sussurro, enquanto os últimos acordes da música tocavam ao fundo, alto o suficiente para que apenas os mais próximos, como , pudessem ouvir.
— “Coisas boas não vêm para quem espera demais”, , e eu acho que já esperamos o suficiente. Uma vez, eu disse para uma torre cheia de gente que relacionamentos não eram para mim. Estou aqui para que eu era um idiota — soltou uma risada nervosa, daquelas que escapavam quando ela não sabia o que dizer. Fred riu também e, sorrindo, colocou uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha. — Só tenho mais alguns minutos antes que Filch perceba que os doces que ele recebeu não são exatamente o que parecem. Quer ir ao baile comigo, Black?
Fred a encarava fixamente, enquanto , ainda fora de órbita, agarrava o buquê enfeitiçado como se sua vida dependesse disso. E, como se Filch pressentisse a tensão do momento, ele escancarou a porta com sua gata irritante ao lado, mancando em direção a eles.
— Alunos em cima da mesa! Alunos fazendo baderna! — gritou, mas Fred nem se mexeu.
— Ah, puta que pariu... — resmungou , fazendo George franzir o cenho em direção a ela, com a sombra de um sorriso que não cabia naquele momento querendo nascer. Era a primeira vez que ele ouvia Diggory xingar fora do campo de quadribol.
— Achei que tínhamos mais 10 minutos — disse Lee, confuso.
— Fred, você tem que descer — implorou George, mas Fred não deu atenção. percebeu que o mundo poderia acabar e Fred Weasley não notaria se ainda não tivesse lhe dado uma resposta.
Filch continuava a mancar em direção ao grupo, mas a situação piorou drasticamente quando George e notaram duas figuras ao final do corredor: Minerva McGonagall e Severus Snape.
— Ah, não...
— E então, , quer tentar? — sussurrou Fred. riu como alguém que ainda parecia estar sonhando, completamente alheia ao desespero dos amigos. e George trocaram um olhar desesperado, percebendo a proximidade perigosa dos diretores da Grifinória e da Sonserina. George ergueu as sobrancelhas e imitou o gesto. Naquele momento, sentiu que poderia ler a mente de George e, em um acordo silencioso, os dois decidiram o que precisaria acontecer nos próximos 10 segundos para evitar uma catástrofe.
— Sim, Weasley, eu quero, é claro que eu…
— Maravilha, ela aceitou, todos felizes! Agora você pode, pelo amor de Deus, descer daí antes que McGonagall corte nossas cabeças, por favor?! — George exclamou, puxando seu irmão pelo braço, quase o derrubando no chão, ao invés de fazê-lo sentar no banco ao seu lado, enquanto , aproveitando a confusão dos alunos em volta, se esgueirou por baixo da mesa, surgindo ao lado de . Rapidamente, arrebatou o buquê enfeitiçado das mãos da amiga. fez uma careta, sem entender, sentindo uma possessividade repentina pelo buquê que acabara de ganhar. Tentou pegá-lo de volta, mas a repreendeu com um tapa leve na mão.
— Acorda, ! — murmurou .
estava prestes a responder, mas a voz estridente de McGonagall interrompeu, congelando todos ao redor.
— Sr. Weasley! O que pensa que está fazendo?! — bradou a professora, sem saber para qual dos gêmeos olhar.
— Ele estava em cima da mesa, professora! Estava sim! — exclamou Filch, indignado por ter sido enganado novamente pelos doces dos gêmeos.
viu George encostar o ombro no de Fred duas vezes, como se estivesse passando uma mensagem silenciosa ao irmão.
— Estava fazendo um show para chamar a garotinha ali para o baile! — continuou Filch, irritado.
— Francamente! Estou absolutamente desapontada com vocês dois. Seus pais serão devidamente informados sobre esse comportamento lamentável — disse McGonagall, ajustando seus óculos e enviando aos dois um olhar severo. — O Baile de Outono foi organizado para ser um evento de cortesia e civilidade. Todos estão convidando suas parceiras de maneira apropriada, como esperado. Então, por que vocês dois precisam sempre transformar tudo em uma grande confusão? Andando em cima da mesa, colocando um funcionário do castelo para dormir… — Ela respirou fundo antes de continuar. — Agora, qual de vocês estava em cima da mesa? Vamos, não me façam perder mais tempo.
— Fred Weasley, professora! — gritou Pansy Parkinson, sentada mais à frente. — Ele subiu na mesa como se estivesse desfilando para chamar Black para o baile!
— Espero que tenha gostado do convite, Srta. Black — disse Snape com sua voz arrastada e maliciosa, inclinando-se para encarar . — Porque está terminantemente proibida de ir ao baile.
abriu a boca, chocada, assim como a maioria dos alunos que assistiam a confusão.
Minerva McGonagall parecia pesarosa, mas sabia que não havia muito o que fazer. Ela passou a mão pelo rosto, exausta, antes de se voltar aos alunos da Grifinória.
— Receio que, assim como você, Sr. Weasley — anunciou, olhando diretamente para Fred. se perguntou se havia sido pura sorte a professora identificar o gêmeo certo, mas isso não importava. Pela primeira vez, Black estava sem palavras e totalmente indefesa. E agora era a vez de proteger sua melhor amiga, assim como a protegia há anos.
ergueu o buquê, que agora, ironicamente, exibia rosas amarelas, e o balançou no ar como se segurasse uma bandeira.
— Sinto muito, professora, mas não tem nada a ver com isso. O convite era pra mim.
— Francamente, Parkinson, se você não sabe nos diferenciar, deveria calar a boca — aproveitou George, rapidamente. — Não era Fred na mesa, professora. Era eu. Eu estava convidando para o baile.
— Nã.. — tentou , antes de receber um pisão de em seu pé. A garota olhou para a amiga, indignada pela dor e pela mentira. Os dois seriam castigados e não poderiam ir ao baile no lugar deles! Como poderia permitir isso? Porém, a expressão de passava uma mensagem clara: cale a boca.
Fred parecia igualmente chocado, contudo, Fred e George nunca se desmentiam na frente de outras pessoas, era como um pacto entre eles, muito menos em situações como essa, então tudo que restava a Fred era confiar no irmão gêmeo e na melhor amiga.
— Você e a Srta. Diggory? — McGonagall parecia incrédula. Ela conhecia bem ambos, tanto das aulas quanto dos jogos entre Grifinória e Lufa-Lufa, e nunca imaginaria um par como aquele. Mas tudo que George fez foi assentir, confiante.
— É mentira! — insistiu Parkinson, furiosa.
Severus Snape lançou um olhar avaliativo à aluna da Sonserina. , por sua vez, desejava correr até Pansy e fazê-la calar a boca com um chute. Seu coração batia tão rápido que parecia prestes a sair pela boca. George parecia completamente calmo, mas ela não estava acostumada a mentir para professores, como ele.
— Era a Black! Estou dizendo, professor, todos nós vimos — Pansy olhou em volta, incentivando seus colegas de casa a concordarem com ela, mas ninguém se mexeu. percebeu que Draco encarava seus colegas de casa com uma expressão séria, dura como gelo, como se os desafiassem a falar.
— “Nós” quem, Parkinson? Eu não vi nada disso — Louis resolveu se pronunciar. Sua voz chamou a atenção de e ela abriu um pequeno sorriso ao ouvir o garoto confirmar a história deles. Snape também parecia estar cada vez mais convencido, especialmente agora que o monitor-chefe da Sonserina estava confirmando.
— Essa garota está ficando biruta — murmurou Lee Jordan, que logo recebeu um olhar severo da diretora.
Mesmo com as palavras de Sheffield, Snape resolveu insistir.
— Sr. Malfoy, você estava muito mais próximo que a Srta. Parkinson e o Sr. Sheffield. Pode esclarecer o que aconteceu aqui?
Draco assentiu imediatamente e, soando totalmente sincero, respondeu:
— Weasley estava convidando a Diggory para o baile, senhor — disse ele. — George Weasley, senhor.
Snape continuou segurando o olhar de Draco por um momento antes de se virar para McGonagall.
— Acredito que sejam mesmo Diggory e Weasley, Minerva.
McGonagall suspirou, cansada.
— Sorte a sua, Severus — disse ela, antes de se voltar para George e . — Vocês dois podem se encaminhar para a minha sala agora. Trarei Pomona para conversar com você, Srta. Diggory. Ela irá decidir a punição adequada, de acordo com as normas da Lufa-Lufa.
McGonagall e Snape se viraram e partiram junto de Filch, que tinha um sorriso vitorioso no rosto. imediatamente soltou todo o ar que nem sabia que estava prendendo quando todas as pessoas começaram a se dispersar.
— Vocês não podem fazer isso! — choramingou , agarrando a mão de . — Vocês não poderão ir ao baile!
— Antes eu do que você, — respondeu , lançando um sorriso reconfortante para a amiga. — Não se preocupe com isso.
— É, vocês não precisam agradecer nem nada — provocou George, com seu tom divertido, tentando aliviar o clima. parecia prestes a chorar, enquanto Fred apenas revirava os olhos.
— Vocês são malucos e não precisavam ter feito isso — disse Fred, mas um pequeno sorriso começava a se formar em seu rosto. — Mas obrigado… mesmo.
George deu dois tapinhas no ombro do irmão, como quem diz que estava tudo bem, e se levantou.
— Guarda meu buquê para mim? — perguntou . riu, pegando de volta as rosas. se levantou e foi em direção a George. — Vamos? Temos um sermão bem longo para ouvir.
George sorriu de forma travessa, mas extremamente galanteador, fazendo o coração de palpitar ao fingir tirar um chapéu imaginário em uma reverência exagerada para a lufana.
— Vamos. Está na hora de descobrir em que sala de detenção teremos a nossa dança especial, .
— Será que vamos perder muitos pontos? — perguntou ele em voz alta.
George percebia o quanto estava calada, e isso o perturbava há dias. Sempre que ele achava que poderia falar com ela, algo acontecia: saía, Fred o chamava, ou Angelina aparecia.
Essa última estava, lentamente, acabando com a paciência de George. E ele se sentia um idiota por causa disso.
Mas tudo estava piorando muito rápido. Parecia que tudo tinha ficado mais complicado nos últimos dias. Especialmente na noite anterior, quando George viu arrastando Louis Sheffield até . Ele estava prestes a se levantar da mesa e ir até os três, e definitivamente não era porque não estava gostando do sorriso presunçoso no rosto do capitão da Sonserina ao olhar para , é claro que não, ele apenas não havia visto as amigas durante o dia inteiro e queria muito falar com elas.
Mas então, Angelina surgiu.
Ela se agarrou ao pescoço de George, o prendendo no banco e dando um beijo estalado em seu rosto. George sorriu, envergonhado, antes de se afastar da colega de time. No começo, a atenção de Angelina parecia agradável, ele não seria completamente bobo de dizer que não. Afinal, havia gostado dela por muito tempo. Também não reclamaria dos beijos que trocaram na sala comunal depois que todo mundo já havia ido dormir. Contudo, tinha que confessar: só faziam dois ou três dias desde que realmente se reaproximaram, e George já estava preocupado.
Eles não estavam namorando, ele sabia disso, mas era assim que Angelina se comportava em público. Não que George tivesse algum problema em namorar com ela ou com qualquer outra pessoa, mas o fato era que eles não estavam namorando.
— Já sabe qual vai ser a cor do seu terno? — perguntou Angelina, ainda agarrada a George, que a olhou sem entender. — Para o baile, George, seu bobo!
— Ah… Não…
— Você precisa saber. Quero combinar com o meu vestido. Seremos o casal mais bonito, você vai ver — disse Angelina, enquanto o soltava para começar a comer, falando mais e mais. George não se lembrava exatamente sobre o que ela falava, exceto que, por um tempo considerável, ela falou sobre como verde ficava bem em ruivos. Ele não soube o que dizer a Angelina. Não havia convidado ela para o baile. Sim, sabia que estavam ficando e que isso era o esperado dele. Mas não havia convidado e ela supor isso o incomodou.
Mas se tivesse que ser sincero consigo e com os outros, George tinha que admitir que tudo o incomodava desde a festa de sábado quando beijou Angelina. Então, para fugir de tudo aquilo, ele apenas inventou uma desculpa qualquer e saiu do jantar muito mais cedo do que todos os outros e passou o resto do tempo, até dormir, remoendo tudo de confuso que tinha em sua vida.
Agora estava ali, sozinho em uma sala com Diggory, a bruxa do bastão, que, por alguma razão, tomava os pensamentos de George muito mais do que o normal ultimamente. Especialmente agora que ela parecia estar fugindo dele, logo após os dois terem se aproximado de verdade.
— Acho que não — respondeu casualmente, sem olhar para ele. — Se formos proibidos mesmo de ir ao baile de verdade... já parece castigo suficiente, não é?
— Talvez — disse George, encostando a cabeça na parede e observando . A lufana era consideravelmente mais baixa que ele, e seus cabelos claros estavam soltos. Ela olhava para os livros nas prateleiras da professora Minerva, sem tocá-los. — Mas ainda me sinto mal. Não por mim, mas por você.
Pela primeira vez desde que entraram na sala, olhou diretamente para George.
— Mas eu também queria ajudá-los.
— Eu sei — ele respondeu. — E, sério, achei incrível como pensamos tão rápido naquilo sem trocar uma palavra. Quase como se estivéssemos conectados. Nunca tive isso com ninguém além do Fred, mas…
— Mas?
— É o seu aniversário, — George parecia genuinamente chateado agora, e sentiu um impulso quase incontrolável de se aproximar dele. Porém, ao invés disso, apenas riu nervosamente.
— Meu aniversário não é no dia do baile.
— Eu sei, mas estaríamos lá e à meia-noite poderíamos comemorar.
O coração de parecia prestes a explodir. Com tudo o que havia acontecido nos últimos dias, ela sequer tinha se lembrado do próprio aniversário. Mas George lembrou. George sempre lembrava. Ela quase deu um passo em direção a ele, quase cedeu ao impulso bobo de garota apaixonada, mas se forçou a ficar no lugar, tentando mudar de assunto.
— Não se preocupe com isso. De verdade.
— Você acha que fomos idiotas por levarmos a culpa por eles, ?
mordeu o lábio inferior, sentando-se de vez na cadeira em frente à mesa da diretora. Ser o foco da atenção de George sempre fora um problema para ela, mesmo quando discutiam na infância. Mas agora, sabendo dos seus sentimentos por ele, da realidade em que se encontravam, e ainda ter que ouvir ele a chamando de ""? Suas pernas quase cederam. respirou fundo disfarçadamente, sentindo-se tão fraca que chegou a ter vergonha.
— ? — George chamou de novo, desta vez muito mais perto.
nunca tinha sentido tanta falta de ouvir aquele maldito apelido como nos últimos dias. Era um prêmio e uma derrota ao mesmo tempo. Um prêmio porque ouvir qualquer coisa de George a deixava daquele jeito, e uma derrota porque sabia que não podia viver só disso. Ela precisava de mais do que apenas um apelido carinhoso.
Ela se virou, encontrando os olhos cor de mel de George. Não parecia a melhor estratégia para quem tentava superar alguém, mas ele a olhava com tanta atenção que não se importou.
— Tudo bem?
— Sim, estou bem — respondeu ela, piscando algumas vezes. George assentiu, e ela abriu um pequeno sorriso. — Mas, respondendo à sua pergunta, não. Não acho que fomos idiotas. Acho que eles merecem uma noite juntos. Eles merecem acontecer.
George sorriu ao ouvi-la.
— Sim, eu concordo. Nunca vi o Fred tão feliz quanto nos últimos dias, planejando essa loucura. Ele está completamente apaixonado por ela há bastante tempo.
concordou com a cabeça.
— Não me importo, sabe, em tomar o lugar de Fred nessas horas — disse George depois de um tempo. Eles ouviram passos no corredor e se prepararam para o que estava por vir. — Não se for para vê-lo feliz.
abriu um sorriso de lado, observando George falar. Mesmo que odiasse George, ainda amaria o jeito como ele protegia o irmão. Mas, por sorte — ou azar —, ela estava longe de odiar o ruivo, e vê-lo falar daquele jeito só fazia seu coração esquentar. Eles ouviram a porta pesada começar a se abrir e George, já sentado na cadeira ao lado de , se inclinou em direção a ela.
— Quer saber de uma coisa? Detenção é um saco — sussurrou ele. — Mas acho que não escolheria ninguém melhor pra dividir essa punição do que você, . Não quero me gabar, mas sou meio que um veterano nisso, sabe? Prometo que vai ser inesquecível.
— Não — respondeu . — A professora Sprout tentou interceder, disse que perder o baile era demais. Mas McGonagall estava decidida, falou que não era nosso último ano, então estava tudo bem. Aposto que Snape colocou isso na cabeça dela.
— Não, foi tudo ela, pode acreditar — corrigiu George. — Aposto que estava com raiva de mais coisas além de botar aquele fedorento do Filch para dormir.
— Então eu fui punida porque você é inconsequente? — retrucou , cruzando os braços, tentando parecer séria, mas seu tom brincalhão a entregava.
George sorriu.
— Não coloque palavras na minha boca, .
finalmente abriu um sorriso largo, sentindo o ombro de George colado ao seu. Não conseguia evitar a felicidade que seu corpo sentia sempre que estava perto dele. Queria evitar, mas era muito mais forte do que ela. gemeu, tirando os dois da bolha em que pareciam estar, fazendo com que eles olhassem para ela.
— Vamos contar a verdade — disse , olhando para Fred, que não parecia se sentir tão culpado quanto ela e sim preocupado que isso deixasse chateada a ponto de estragar o baile dela.
— Não vão, não — interrompeu , franzindo o cenho para a amiga.
— Não há motivo para vocês fazerem isso por nós!
— É claro que tem, . Vamos apenas deixar isso como está. Foi um pedido legal, vai ser um bom baile. A única coisa que vocês precisam fazer é aproveitar — disse George.
— É, nós queremos fazer isso por vocês — completou .
— Mas íamos comemorar o seu aniversário! — disparou , cada vez mais triste.
revirou os olhos, mas puxou a amiga para um abraço tranquilizador.
— George disse a mesma coisa, mas está tudo bem. Eu prometo. Nem sequer tinha um par para o baile! E meu aniversário não é no dia do baile, é no dia seguinte, vocês sabem disso. Podemos nos ver do mesmo jeito. Sinceramente, vocês estão fazendo drama à toa. Por que não podem ser como o Fred, que está quieto desde que chegou?
Fred deu de ombros, com as mãos enfiadas no bolso da calça.
— Vocês dois me irritam há muitos anos. Acho que isso é como um pagamento depois de tanto trabalho, sabe? Sem contar que passar a noite toda dançando com a minha garota é a minha prioridade, vocês sabem como é — Fred disse, calmamente, e então se corrigiu, olhando de George para : — Quer dizer…
soltou e deu um tapa estalado no ombro de Fred, impedindo que ele terminasse de falar. Os outros dois apenas riram, porque sabiam que Fred estava brincando. Ele não achava que era obrigação dos dois, mas também não estava sentindo metade da culpa de .
— Para com isso! — exclamou. — E quem é a sua garota aqui?
Fred colocou a mão no coração, fazendo uma careta de dor dramática, como se tivesse recebido uma facada.
— Ah, e só pra você saber, , o Louis me procurou hoje. Queria saber se você já tinha par para o baile — anunciou , maliciosamente. — Sozinha você não ficaria, isso eu garanto.
piscou em direção a , que soltou uma risadinha afetada, que fez George revirar os olhos. Desde quando Diggory dava risadinhas afetadas? Ele bufou com o pensamento, mas continuou seguindo os amigos. e Fred discutiam, como sempre, e andava ao seu lado, apenas rindo do casal de amigos. George ainda sentia um incômodo na boca do seu estômago ao pensar em e Louis no baile, mas estava tentando ignorar, pois tinha algo muito mais importante para pensar agora.
Afinal, não iniciaria seu aniversário de 17 anos em uma detenção qualquer. Não se dependesse de George.
— Não, seu idiota, você perdeu — corrigiu George, em tom brincalhão, enquanto caminhavam em direção às poltronas perto da lareira.
— Ah, é verdade — Fred balançou a cabeça, jogando os pés sobre a mesa. — Mas, tecnicamente, foi você.
— Ah, claro, porque eu estava desesperado para impressionar uma certa Black.
— Ei, ei, ei — Fred levantou as mãos, como se se rendesse. — Sem ataques pessoais, tá? — disse, arrancando uma risada de George. — Mas então, como vai ser?
— Sala do Filch — respondeu George. — Vamos organizar os arquivos dos alunos antigos. Nem é tão ruim.
— Não mesmo — concordou Fred, já que os dois tinham feito isso mais vezes do que podiam contar. — Mas é a única coisa que pode levar a noite toda. Sabemos bem disso. Sem contar que, da última vez, você passou uma semana inteira espirrando.
George abriu um sorriso malicioso para o irmão.
— Não me importo, contanto que você só volte para o dormitório de manhã.
Fred tentou manter a expressão séria, mas não conseguiu, rindo enquanto balançava a cabeça.
— Cala a boca, cara, você sabe que a não é assim, e a noite não vai ser sobre isso.
— Tudo bem, então — George fingiu concordar. — Contanto que você a leve para a Torre de Astronomia... Ou, pelo menos, para um armário de vassouras e resolva logo isso.
— Isso o quê?
George olhou para o irmão, apertando os olhos dramaticamente.
— Fred, sua situação com a está tão insustentável que eu cogitei abrir um clube de apostas novo, só pra apostar em quando isso ia finalmente acontecer. Só vamos ter paz quando vocês acabarem com essa tensão sexual, cara.
Fred soltou uma gargalhada alta, jogando a almofada que estava em seu colo diretamente na cara de George.
— Ah, você não vai começar a falar de tensão sexual, irmãozinho. Não você.
George piscou, confuso.
— Do que você está falando?
Fred fez um gesto vago com a mão.
— Nada, nada. Mas e aí, já falou com a Angelina?
George balançou a cabeça.
— Ainda não a vi. Mas nem a convidei para o baile, então acho que ela vai entender.
Fred piscou, surpreso com a lentidão do irmão.
— Você sabe que o que está rodando pelo castelo é que você convidou a para o baile, né? — disse Fred, rindo. — Angelina pode entender que você não vai, mas definitivamente não vai entender se você chamou outra.
George suspirou, percebendo que não tinha pensado nisso. Apesar de sua relação com Angelina ser complicada, ele nunca faria nada para magoá-la de propósito.
— Vou falar com ela hoje, assim que ela voltar — disse George.
E então, abaixando o tom de voz e dando um longo suspiro, ele resolveu confessar mais uma coisa para o irmão. Algo que ele já vinha pensando há algum tempo e que, apenas se contasse para Fred, tornaria-se verdade.
— Na verdade, vou dizer pra ela que talvez seja melhor se formos apenas amigos. Sei que não faz muito tempo, e que talvez, com outra garota, nós nem precisássemos ter essa conversa, mas…
— Meu bom Deus! — Fred exclamou, chamando a atenção de alguns alunos mais distantes e interrompendo o irmão. — Você tá falando sério? Isso não é uma piada?
— O quê? Claro que não, Fred.
Fred soltou um suspiro audível do mais puro alívio, tão exagerado que parecia que tinha acabado de escapar de ser pisoteado por 100 Centauros. George revirou os olhos, mas antes que pudesse responder, Fred levantou uma mão pedindo silêncio.
— Peraí — disse ele, fechando os olhos e entrelaçando as mãos, erguendo-as de maneira teatral para o teto. — Obrigado, Deus. Sei que não sou seu seguidor mais fiel, não costumo orar e também não sou muito pontual... e, tudo bem, eu admito que aquela promessa de ir à igreja todos os domingos com a mamãe foi mais por desespero. Mas se realmente estiver me ouvindo agora, obrigado por nos livrar de outra sessão de reclamação!
George ficou ali, boquiaberto, enquanto Fred continuava a encenação. Sem conseguir segurar o riso, puxou as mãos do irmão para baixo e, ainda rindo, disse:
— Corta essa, seu babaca! Eu nem reclamei tanto assim!
— E quem disse que eu estava falando de você? — Fred deixou escapar, erguendo suas mãos para o teto novamente, mantendo uma expressão séria e exageradamente devota.
— Então de quem você está falando?
— Minhas conversas com Deus são confidenciais, George, apenas entre mim e Ele — Fred respondeu prontamente, orgulhoso da sua resposta rápida quando viu o irmão revirar os olhos, cansado dele. É claro que não poderia nunca dizer que e odiavam o rápido lance de George e Angelina tanto quanto ele. — E só pra você saber, essa é a melhor notícia que recebi hoje.
— Você acabou de convidar a garota dos seus sonhos para o baile. E ela aceitou. Sabe disso, não é?
A menção de , a encenação de Fred se quebrou, e ele abriu um sorriso, assentindo com entusiasmo enquanto se ajustava na poltrona novamente.
— E, ainda assim, a sua notícia foi muito melhor! Isso só prova o quão fora da realidade você tava! E se eu tô falando isso… bem, já viu o estado das coisas, né?
George não conseguiu segurar o riso. Passando a mão pelo cabelo, ele perguntou:
— Quando foi que você ficou tão sem graça?
— Provavelmente na mesma época em que você ficou tão burro — Fred respondeu imediatamente.
— Xeque-mate — George admitiu, derrotado.
Ele não tinha nada contra Angelina. Não mais, pelo menos. Mas simplesmente não estava funcionando e nem iria funcionar. George não conseguia evitar a sensação de que precisavam colocar um fim naquilo. Seja lá o que fosse.
Os dois continuaram conversando, rindo e trocando piadas sobre o baile e seus planos depois de Hogwarts, até que o quadro da Mulher Gorda se abriu, e uma Angelina Johnson furiosa entrou, marchando diretamente na direção deles.
— Ah, sim, ela com certeza vai entender — murmurou Fred, sarcástico, enquanto ambos observavam Angelina se aproximar com passos firmes.
— Eu ouvi a história mais estranha da minha vida hoje — disse ela em voz alta, um sorriso torto no rosto. — Me disseram que você havia chamado a Diggory para o baile e agora, de alguma forma, está proibido de ir. Que droga é essa, George?
Por um momento, George ficou sem saber o que responder. Antes de falar com Fred sobre Angelina, ele havia debatido isso consigo mesmo e até ensaiado uma ótima forma de explicar à artilheira da Grifinória que eles se davam muito melhor como amigos. Mas agora, com ela furiosa na sua frente, tudo se tornava bem mais complicado.
— Não foi exatamente isso... — disse ele, tentando encontrar um jeito de se defender.
— E então o que foi? — ela cruzou os braços, fitando o garoto ao pé da poltrona vermelha onde ele estava sentado. Seu olhar era mortal e ela olhava para Fred e George com o mesmo desdém estampado no rosto.
— É melhor a gente conversar em… — começou George, ficando de pé.
— Ah, sim, nós vamos conversar! — Ela explodiu novamente, medindo George de cima a baixo.
— Ah, pelo amor de Deus, Johnson, menos — Fred interveio, incapaz de segurar a língua, como era de costume. A expressão de Angelina tornou-se ainda mais ofendida, enquanto ela dirigia seu olhar mordaz a George. Os dois irmãos entendiam os sentimentos da colega de time, mas realmente não gostavam do tom que ela havia escolhido usar com George. Fred, principalmente.
— Ela finalmente conseguiu, não é? — Angelina riu sem humor. Quando George não respondeu, ela continuou: — É claro que conseguiu. Como não conseguiria com essa máscara de boa moça, quando, na verdade, não passa de uma dissimulada?
Os dois ruivos presentes arquearam as sobrancelhas em direção a Angelina ao mesmo tempo, o entendimento recaindo sobre os dois de que a garota estava falando de .
— Mas que porra... — Fred começou a dizer. Estava prestes a ficar de pé e começar uma briga de verdade. Fred sabia que o problema era do irmão, mas não conseguia se controlar quando mexiam com ele, especialmente não quando envolviam , que nem sequer estava ali para se defender. Mas George tocou em seu ombro, e Fred entendeu o recado.
— Não convidei para o baile. Tomamos o lugar de Fred e . Era o pedido deles — explicou ele, com calma.
— E agora você está proibido de ir? — Ela jogou as mãos para cima quando George assentiu. — Que burrice, George! Por que você faria isso? E eu?!
— Você pode ir com qualquer pessoa, Angelina — disse ele, ainda tentando manter uma conversa civilizada. — Qualquer cara do time adoraria ir com você.
— Achei que você gostaria de ir comigo, George. Achei que gostasse de mim — disse ela, sua voz baixa e fina, mas cada palavra sendo dita afiada como uma faca.
George suspirou, passando a mão pelo rosto antes de se voltar a Angelina novamente.
— É melhor a gente conversar em particular. Eu estava esperando você pra isso.
Ela bufou.
— O que você quiser dizer, você pode dizer aqui, na frente de todo mundo. Nunca fiz nada com você, George, para me tratar assim e…
O Weasley não aguentou mais, soltando uma risada seca e amarga que fez com que ela se calasse. Angelina Johnson estava parada na sua frente. A garota que ele havia gostado por meses, anos talvez. A garota que partiu o seu coração e que, ainda assim, ele resolveu dar uma segunda chance, e ele não sentia nada. Nada a não ser impaciência, decepção e irritação.
— Nunca disse nenhuma dessas coisas — respondeu, de repente, cansado da vitimização dela. — Nunca disse que gostava de você. Nunca disse que estávamos namorando. Eu nem sequer a convidei para o baile, Angelina.
— Eu sei que não estamos namorando, mas estamos juntos, ok? E você jogou isso fora pelo quê? Para Fred ir ao baile exibindo a boneca Morgana da Sonserina e ficar de detenção com a falsa da Diggory?
Fred soltou o ar pela boca, boquiaberto, olhando para Angelina. Seus olhos brilhavam de irritação, e George sabia que não conseguiria controlar Fred se Angelina insultasse mais uma vez.
— Você enlouqueceu de vez se acha que pode falar dela desse jeito — Fred disse, completamente descrente. Angelina se virou para ele, e de repente seu olhar mudou. Ela ainda parecia com raiva, mas seu olhar parecia carregado de ressentimento e mágoa.
— E eu menti? O que tem de tão interessante nela, afinal? Por que você é tão obcecado por ela? Ela nem é tão bonita. A coisa mais profunda naquela garota é o dinheiro da família Black!
E então, George se deu conta. Ela ainda era a mesma de sempre.
— Se eu fosse você, calava a boca. É humilhante demais — foi tudo que Fred disse.
Angelina voltou seu olhar a George.
— Se você for até a Minerva e contar a verdade, ela vai acreditar, George, e então poderemos ir ao baile juntos... você e eu... o casal mais bonito do castelo — disse ela, passando o dedo pela gravata de George, piscando em sua direção com o sorriso mais doce e inocente que conseguia. George afastou a mão lentamente, e ela se retraiu. — Vai mesmo escolhê-los ao invés de mim?
— Sim. É claro que sim. — George respondeu, a incredulidade evidente em sua voz. Ele não conseguiu segurar nem mesmo uma risada descrente. — Você realmente achou que haveria outra resposta para sua pergunta? Você está falando sobre os meus melhores amigos, sobre o meu irmão. Não precisa ser muito inteligente para saber que eles vêm antes de qualquer pessoa.
— Você está cometendo um erro — disse a artilheira, os olhos parecendo vermelhos de raiva, enquanto olhava para George como se pudesse arrancar sua cabeça com as próprias unhas.
— Não, não estou — George suspirou. — Por que você não para de fingir que se importa com isso e talvez a gente possa continuar sendo amigos? Não sei se você ainda gosta do Fred, mas você definitivamente não gosta de mim, Angelina, e… eu também não gosto de você. Acho que você só queria alguém para gostar de você, e esse alguém poderia até ser eu há um ano atrás, mas não sou eu agora, nem de longe.
Ela pareceu levar um tapa na cara, dando um passo para trás, surpresa por sua manipulação barata não ter funcionado e pelas palavras sinceras de George. Alguns alunos observavam a discussão, e George sentiu pena dela na mesma hora.
— Isso é ridículo — murmurou.
— E se eu fosse você — começou George, ainda mais sério do que antes — Não falaria assim da de novo, nem da , se souber o que é bom pra você.
Angelina parecia atordoada, completamente cega de raiva.
— Eu não acredito nisso... — murmurou novamente. George olhou em volta, dando um passo à frente.
— Vamos só parar com isso.
Angelina pareceu despertar de repente. Sua respiração estava pesada, e ela tinha uma expressão ofendida enquanto encarava George.
— Você é igualzinho a ele — apontou para Fred, que riu do outro lado.
— Que bom! Seria estranho se não fosse, já que somos gêmeos.
Ela balançou a cabeça.
— Você, George Weasley, finge que é muito legal, educado, doce e tudo mais, mas é tão babaca quanto Fred sempre foi! Até mesmo agora está tentando pagar de bom moço! — ela descruzou os braços, jogando os longos cabelos escuros para trás, abrindo um sorriso afetado. — Mas tudo bem. Acho que você tem razão. Achei que você gostasse de mim, mas se não gosta, não há sentido em nada disso. A piada é comigo, tentando substituir um imbecil por outro.
E, sem esperar nenhuma resposta, deixando seu olhar recair sobre Fred uma última vez, Angelina subiu correndo as escadas do dormitório feminino.
George permaneceu parado, observando enquanto ela desaparecia. Fred se levantou.
— Tá bom, chega. O show acabou — anunciou, olhando ao redor. — Podem voltar ao que estavam fazendo, bando de intrometidos.
Os alunos continuavam sussurrando entre si, mas lentamente desviaram o olhar. Fred puxou George de volta para a poltrona, forçando-o a sentar.
— É, com certeza ela foi muito compreensiva — Fred disse sarcasticamente, chamando a atenção de George. O irmão soltou uma risada fraca.
— Bom... Isso não foi realmente uma surpresa — disse George.
.
— Sinto muito por isso. Eu também achei que, de tanto correr atrás de você, ela devia estar sendo sincera.
— Não sei bem se achei isso — admitiu George. — Acho que… O que aconteceu ano passado realmente mexeu comigo, com o meu orgulho. E acho que eu não só queria ver como seria, mas… não sei. Queria substituir a memória do que aconteceu com essa. Achei que estar com ela era a coisa certa a fazer. Isso faz sentido? — Ele se encostou na poltrona. — Quero dizer, eu gostava dela e finalmente parecia que tinha uma chance de verdade. Que eu, George, tinha uma chance de verdade. Era como se eu devesse isso ao eu de alguns anos atrás. Era lógico, mas acho que, no fundo... — ele balançou a cabeça, interrompendo-se.
— No fundo, você já sabia que mesmo que ela gostasse de você, vocês não seriam bons juntos porque você não tinha mais os mesmos sentimentos?
George assentiu, surpreso com a precisão das palavras de Fred.
— Exatamente. Queria ver, mas agora sinto que vi demais — George riu, um misto de alívio e frustração. — Merlin, fui um completo idiota, não fui? Poderia ter evitado muita coisa. E a parte mais estranha é que nem estou triste, mesmo agora, com ela admitindo novamente que só tentou te substituir comigo. É ridículo, eu sei, mas é como se não importasse mais. Não faz diferença pra mim. Eu não preciso que ela goste de mim.
— Eu fico feliz por você realmente ter percebido o seu valor, George, de verdade, mas você poderia mesmo ter evitado muita coisa — Fred concordou, olhando para o irmão com um sorriso de compreensão que dizia saber mais do que parecia. George arqueou uma sobrancelha, curioso. Fred apenas se acomodou na cadeira. — Sabe, Georgie, você é uma das pessoas mais inteligentes que conheço. Estamos a um passo de abrir nossa loja, e isso é graças a você. Mas precisa se tocar, cara.
— O que você quer dizer com isso?
— Quero dizer que entendo por que você ficou com a Angelina. Ela é linda, era nossa amiga, e você ainda tinha sentimentos mal resolvidos. É normal ter tentado quando surgiu a oportunidade. Mas agora, de repente, você percebe que não gosta mais dela. Ela acabou de admitir que tentou te usar novamente, e você não parece tão abalado quanto ficou no quinto ano. Percebe o que eu quero dizer? — Fred o olhou intensamente, parecendo desesperado para que o irmão entendesse.
— Ahn… só agora eu sei o meu valor? — tentou George, repetindo o que o irmão tinha acabado de falar e fazendo Fred bater com a palma da mão na própria testa.
— Ah, cara, eu sempre achei que eu era o pior com essa coisa de sentimentos entre nós dois, mas você está me superando.
— Do que está falando? Você nunca foi — retrucou George. — Você sempre gostou da e sempre soube disso. Mas você também sabia que não seria um bom namorado. Você sempre se conheceu muito bem, muito melhor do que eu.
Fred abriu um sorriso tímido na menção da sonserina, mas logo parou, olhando bem no fundo dos olhos do irmão gêmeo.
— Tem algo te incomodando, não é? Não era só essa coisa com a Angelina — tentou Fred.
George não respondeu imediatamente. Encostou o cotovelo no braço da poltrona e segurou a cabeça com a mão, como se tentasse organizar os próprios pensamentos antes de encarar o irmão. Como poderia dizer a Fred que Angelina não era mesmo seu único problema? Como explicar que sua mente estava um caos por causa de Diggory — a melhor amiga dele, a irmã de Cedric, um dos seus amigos mais próximos, pelo amor de Merlin? Como confessar algo que ele próprio ainda não entendia? Desde aquela noite em que foi até o quarto dela, tudo parecia diferente. George não apenas sentia que enxergava de outra maneira; sentia que, por causa dela, via a si mesmo de uma forma nova e desconcertante, e não tinha certeza se estava acostumado com essa sua nova versão. Sem contar que a distância que vinha se instalando entre os dois nos últimos dias o estava sufocando.
Não podia. Não conseguiria falar nada disso.
— Eu… não sei. Não sei.
Fred pareceu murchar na frente do irmão, mas logo se recuperou, pronto para tentar aconselhá-lo mais uma vez.
— Você precisa fazer essa sua cabeça vazia funcionar, George. Por que você acha que não deu certo com a Angelina? E por que não parece abalado por ter terminado com ela? Você descobriu o seu valor, ótimo, mas como você acha que isso aconteceu? Está na hora de você olhar para dentro de si mesmo e ver o que acha. Para mim, parece óbvio, mas isso é porque eu te conheço tão bem. Sabe, 17 anos e um minuto juntos.
— Você anda todo cuidadoso com as palavras. Por que só não me diz o que você pensa de uma vez?
— As coisas não funcionam assim — Fred deu de ombros, levantando-se. — Você precisa decidir o que realmente quer sozinho. Precisa parar de procurar as respostas óbvias e racionais. Nem sempre você encontra o que precisa nessas suas caixinhas.
George observou enquanto o irmão se despedia e subia as escadas em direção ao dormitório. Ele fixou o olhar no fogo que ainda queimava calmamente na lareira, refletindo sobre as palavras do irmão gêmeo.
George sempre soube que sentimentos pessoais nunca foram seu forte. Ele se sentia mais confortável nas coisas lógicas, naquelas que podia manipular, identificar e escolher com clareza. Nunca foi como Fred, que se jogava intensamente em suas paixões, mergulhando de cabeça no que o atraía sem saber o que teria embaixo. George jamais conseguiria fazer isso.
Não que essa entrega fizesse Fred inconsequente em relação aos sentimentos alheios. Na verdade, ele sempre gostou de , mas ambos sempre souberam que não estavam prontos para dar aquele passo. Fred nunca namorou ninguém até que sentiu que estava preparado, evitando até mesmo sair com garotas que demonstrassem interesse em um relacionamento sério. Ele nunca magoou ninguém intencionalmente, assim como George. Era isso que fazia o momento de e Fred ainda mais precioso. Eles haviam esperado o suficiente, mas agora estava na hora, e todos sabiam disso.
George nunca acreditou em signos, mas não conseguia esquecer o que Katie Bell dissera certa vez, em uma aula de Adivinhação: que ele era “o maior ariano que conhecia, porque achava que suas emoções eram opcionais.” Em muitas ocasiões, ele concordava com isso.
Estar com Angelina parecia lógico, uma escolha que ele podia controlar se quisesse. Mas, no fundo, nunca pareceu... certo. E embora George nunca tenha pensado que ligasse pra isso, não conseguiu ignorar essa sensação.
Um suspiro escapou de seus lábios, se rendendo a todos aqueles pensamentos que o atormentavam. Era fácil para Fred falar, mas ele não estava na pele de George, tendo que organizar todos esses pensamentos.
O ruivo decidiu ir para o dormitório. Lá, encontrou Lee Jordan em seu mais profundo sono, roncando como um velho. George trocou de roupa e se jogou na cama de dossel, fechando os olhos e repousando sua cabeça no travesseiro de penas. Não sabia de onde estava vindo, mas conseguia sentir claramente um fraco cheiro de folhas de artemísia, que logo tomaram conta dele e relaxaram seu corpo.
E quando George dormiu, esperando que sua mente finalmente tivesse algum descanso, tudo que fez foi sonhar com uma lembrança distante.
Na sala 27, ao som de Prince, George se viu dançando com a garota mais bonita do mundo.
Mas então ele apareceu, e o bom humor de George foi direto para o subsolo.
— Ei, Diggory! Posso falar com você? — A voz de Louis fez parar e abrir um sorriso na mesma hora, o que arrancou risadas de e Fred. George também parou, mas preferia não ter feito isso. O time da Sonserina que estava com ele continuou andando devagar, mas Louis mudou de direção. Ao chegar perto do grupo, cumprimentou a todos, mesmo que não parecesse ligar para ninguém além de .
— , Weasleys... como estão?
Ele falava, mas seus olhos não saíam de cima de , e George sentiu o descontentamento se instalar.
— Vai treinar, Sheffield? — perguntou entredentes.
— Sim, a final está chegando — Louis respondeu casualmente, lançando um olhar rápido ao ruivo.
— Então por que não vai de uma vez? — George retrucou sem pensar, surpreendendo todos ao redor. Fred teve que fazer toda a força do mundo para conter a risada, mas e estavam apenas horrorizadas com o ataque gratuito.
Louis, porém, não se abalou. Muito pelo contrário. Olhando de George para e, por fim, de volta para o ruivo, ele respondeu com um sorriso provocador:
— Não se preocupe, George. Vamos ganhar de vocês com ou sem treino. Quer dizer, se vocês conseguirem passar pela Lufa-Lufa na próxima semana.
George franziu o cenho. Não estava nem aí para o jogo de quadribol. Só queria que Louis Sheffield seguisse seu caminho, pois eles tinham coisas muito mais importantes para fazer. Estava prestes a dizer isso quando agarrou o braço do amigo.
— Bom, mas você não parou a gente aqui pra falar de quadribol, não é, Lou? Podem conversar. , vamos te esperar ali na frente.
— O quê? — George soltou antes de conseguir se controlar. Ir para qualquer lugar era a última coisa que ele queria, muito menos quando isso significava deixar sozinha com o capitão de quadribol meia-boca da Sonserina. Mas, antes que pudesse protestar mais, Fred já o puxava para longe, e, mesmo resmungando, os três amigos se afastaram o bastante para dar aos dois um mínimo de privacidade.
estava surpresa com o comportamento de George, sabia que ele não gostava dos estudantes da Sonserina, mas Louis sempre foi muito legal com todos. Inclusive, ajudou na mentira dos dois na frente de Severus Snape. Com certeza iria questioná-lo sobre isso, mas, naquele momento, seus olhos estavam fixos em Louis parado bem à sua frente. A capa verde-escura do time de quadribol da Sonserina esvoaçava ao redor dele, revelando flashes prateados do forro interno toda vez que o vento a movia. Louis apoiava a vassoura de leve no chão, inclinado um pouco em direção de , e mesmo com a grosseria de George, seu sorriso despreocupado e provocador não havia mudado nem mesmo por um segundo.
— Ouvi que você vai ficar de castigo amanhã, Diggory.
— Ouvi dizer que isso partiu seu coração, Sheffield — respondeu, divertida.
— Isso é pouco! Como vou sobreviver sem conseguir levar a lufana mais bonita de Hogwarts no Baile de Outono? No meu último ano, ainda por cima? — revirou os olhos, mas Louis insistiu com um sorriso travesso. — O que? Não acredita?
— Você demorou muito. Quem sabe se você tivesse me chamado antes, eu não teria me sentido bondosa a ponto de entregar meu pescoço pelo casal ali.
Louis soltou uma risada e se inclinou um pouco mais para perto, os olhos brilhando de provocação.
— Teria, sim, nós dois sabemos disso. Somos parecidos, você e eu. Nossas casas. A lealdade é valorizada tanto na Lufa-Lufa quanto na Sonserina. Não que eu precisasse de mais um motivo para ficar interessado em você, mas… aqui estou. Só querendo te ver mais um pouco.
sorriu de lado.
— E você vai ter a chance de ver bastante de mim. Vamos chutar a bunda da Grifinória e estaremos prontos pra pegar vocês na final.
— Fora de campo, Diggory — disse Louis, inclinando-se ainda mais e passando a ponta dos dedos pelo rosto dela. Ele franziu a testa e tirou a mão. — Ah, isso não vai funcionar. Preciso sentir sua pele macia de verdade, Diggory.
Ele tirou a luva, e, em um segundo, seus dedos estavam no rosto dela de novo, sem nada entre eles. riu baixinho, divertida com o jeito galanteador de Louis.
Mas logo a risada foi interrompida por uma voz alta e irritada.
— Nós não temos uma aula para ir? — George disse, quase gritando, chamando a atenção de todos. , revirando os olhos, deu uma cotovelada certeira em George, enquanto Fred segurava o riso.
Louis recolheu a mão, lançando um olhar sobre o ombro de em direção ao trio que os observava de longe. fez o mesmo e revirou os olhos ao ver repreendendo George, enquanto ele, de braços cruzados, olhava Louis de cima a baixo como se não o conhecesse há anos. Fred, por sua vez, parecia se divertir com a rara cena em que George era o alvo da fúria de Black, e não ele.
— Acho que estão te esperando — comentou Louis. reprimiu um suspiro, irritada. Não entendia por que George estava agindo como uma criança completa, mas sua atitude começava a incomodá-la. No entanto, quando Louis entrelaçou os dedos nos dela, toda a irritação se dissipou. — E eu falei sério quando disse que quero te ver de novo, . Vamos a Hogsmeade comigo.
piscou e um sorriso imenso se formou em seu rosto. Sabia muito bem das intenções de Louis e entendia claramente seus próprios sentimentos, mas isso jamais a impediria de aceitar um convite como aquele. Mesmo que quisesse, sabia que não conseguiria dizer não ao olhar para os olhos cor de céu de Louis.
— Quando?
— Sei que você não é muito de matar aula, mas, se quiser... hoje. Conheço uma passagem secreta excelente.
sentia o olhar de George praticamente queimando a sua nuca, mas sequer se preocupou em virar para encará-lo.
— Eu mato aula quando o motivo é bom, Sheffield — respondeu, vendo o sorriso do capitão aumentar ainda mais.
— Te mando um bilhete depois do treino, — disse Louis, inclinando-se para frente e segurando o rosto de com as duas mãos. Ele deu um beijo em seu rosto, mas tão próximo ao canto de sua boca, e com tamanha suavidade e demora, que fez o coração dela acelerar.
— Ok, já chega, né? — A voz de George trouxe de volta à realidade, fazendo Louis se afastar também. Louis parecia tão surpreso quanto com a presença de George que nenhum dos dois notou se aproximando. — Achei que você gostasse de Herbologia, . Temos uma aula para ir. Quer perder mais pontos para a Lufa-Lufa?
— Vejo você mais tarde então, — Louis disse, ignorando o ruivo e oferecendo um último sorriso à Diggory antes de se afastar e retomar ao seu time, que o aguardava pacientemente. sentia a presença de George ao seu lado, mas não queria olhar pra ele, então deixou que seu olhar continuasse em Louis. Não queria que George estragasse aquilo pra ela. Não aquilo.
— Você tem três segundos para devolver a vassoura da nossa nova artilheira, Nott! Um… — gritou Louis, apontando para um dos batedores do time. O garoto imediatamente parou de rir e devolveu a vassoura a uma garota baixinha de cabelo curto e acima dos ombros. — Ótimo. Vamos andando, não temos o dia todo!
— Era você quem estava namorando, Louis! — retrucou Draco, arrancando uma risada de Louis, que deu um leve empurrão na cabeça de Malfoy antes de subir na vassoura e alçar voo, pairando acima dos companheiros de time. — Ei! Você não disse que íamos andando?
— Eu disse que vocês iam andando! Vamos lá, seus molengas! Aquecendo! A Taça não vai se ganhar sozinha! — ele abriu um sorriso brilhante enquanto seus cabelos platinados voavam com o vento forte, deixando-o surpreendentemente mais bonito. — Vejo vocês em dois minutos, no máximo!
E saiu disparado, enquanto os outros colocavam suas vassouras debaixo do braço e corriam a pé em direção ao local de treinamento.
Então, sabendo que estava realmente atrasada para a aula e não conseguindo mais evitar o ruivo intrometido ao seu lado, se virou. Percebeu que e Fred já estavam quase na entrada da estufa, mas George continuava parado ao seu lado.
— Seu comportamento foi extremamente mal-educado, Weasley. Espero que saiba disso.
— Ele é muito exibido.
— Assim como você e Fred?
— Não somos assim — George retrucou, apontando para o campo de quadribol e fazendo uma careta, completamente ofendido.
— Tem razão. Vocês são piores — respondeu com um sorriso irônico, já caminhando em direção à aula.
— O que ele quis dizer com “vejo você mais tarde”? — indagou George, seguindo a lufana de perto. Sabia que não era da sua conta, mas simplesmente não conseguia se conter.
apertou os livros que carregava contra o peito e olhou para ele com um sorriso provocativo. Sabia que George não tinha interesse nela e que isso tudo provavelmente se devia ao fato de Louis ser da Sonserina. Sem contar que a relação dos dois sempre fora majoritariamente de implicância, então não precisava entender as coisas de forma errada. Bastava saber que aquilo incomodava George, e isso era o bastante para ela.
— Temos um encontro hoje. Em Hogsmeade — respondeu simplesmente, jogando seu cabelo para trás e acelerando o passo, deixando um George desnorteado para trás.
George não sabia por que seus pés haviam congelado no lugar, mas estavam paralisados. se afastava cada vez mais, e tudo o que ele via eram seus cabelos claros balançando com o vento, junto com sua capa. Ele não conseguia se mover, como se o chão tivesse sumido sob seus pés. Sentia um nó no estômago, e sentia que poderia vomitar a qualquer momento. Não, sentia que tinha sido jogado em outra realidade onde nem sabia seu próprio nome enquanto estava prestes a vomitar. Por um segundo, George até mesmo cogitou ir até o campo de quadribol apenas para perguntar a Louis Sheffield diretamente qual era a dele. Nem tudo que acontecia na sala 27 saía dela, então o que ele estava querendo? Mas este pensamento durou um segundo. Ele não podia fazer isso, é claro. Que direito ele tinha?
George sentiu sua respiração falhar. Nunca havia sentido tanta coisa ao mesmo tempo. Isso era normal? Não parecia ser. Se não fosse, talvez ele não tivesse ouvido direito, não é? não podia mesmo ter dito isso. É claro que não. Um encontro?
Com Louis Sheffield? Diggory, a bruxa do bastão em um encontro?
E como se sentisse que George precisava de ajuda, parou, virando-se para ele. Seus cabelos pareciam ainda mais dourados sob o sol e continuavam balançando com o vento, emoldurando seu rosto. Ela tinha um sorriso satisfeito e leve congelados em sua expressão. O tipo de sorriso que George sabia nunca ter visto nela, e saber que o responsável por aquilo era Louis Sheffield quase o enlouqueceu.
— Anda logo, Weasley! — gritou ela, acima da ventania.
George sentiu um aperto no peito. Não conseguia entender como uma expressão tão leve no rosto dela podia fazê-lo se sentir tão pesado. Quando isso aconteceu?
Sua tinha um encontro?
— Vocês estão atrasados — avisou a Professora Sprout, olhando para e George. — Menos 5 pontos para Lufa-Lufa e para a Grifinória.
— Desculpe, professora. Não vai acontecer novamente — pediu . A professora pressionou os lábios e não disse mais nada. Provavelmente estava cansada de castigar sua aluna favorita.
— Você vai mesmo sair com ele hoje? — Quis saber George, sentando-se entre e Fred. A lufana não respondeu imediatamente, continuando a colocar seus livros na bancada e organizar sua estação de trabalho.
— Eu não já disse isso?
— Eu só não consigo acreditar que vai fugir pra sair com aquela serpente.
soltou uma risadinha baixa. Ela puxou um par de luvas do suporte ao seu lado e, de forma nada delicada, o colocou no peito de George, que logo segurou a peça para que não caísse.
— E qual o problema?
George piscou, sentindo seu interior ferver em busca de respostas. Sentia que tinha muitos argumentos, mas não conseguia colocá-los em voz alta para que entendesse.
— Bom, pra começo de conversa, se você for pega, vai se encrencar ainda mais.
George pôde ouvir Fred rindo ao seu lado e, disfarçadamente, deu uma cotovelada no irmão.
— Você, dentre todas as pessoas, me dizendo isso? — riu, agora colocando as próprias luvas. — Se bem me lembro, também fugi naquele dia que te levei para minha casa.
— Foi diferente — George respondeu na mesma hora e arqueou uma sobrancelha.
— Foi?
— É claro que foi — a voz de George não estava mais tão baixa quanto antes e ele parecia apressado em provar seu ponto. — Você estava comigo.
franziu o cenho, avaliando a expressão que George dava a ela. Não entendia o que ele queria dizer e não sabia se queria perguntar. Ela deu uma risada forçada, puxando um vaso de planta para perto de si.
— E agora vou estar com o Louis — foi tudo que ela disse.
George suspirou.
— Não sei o que ando fazendo para receber tanto desprezo da sua parte, . Não era você que costumava me chamar pra dormir com você?
não conseguiu evitar um sorriso. Lembrar disso era constrangedor e engraçado ao mesmo tempo. Sabia da extensão dos seus sentimentos por George agora, e, especialmente, da extensão dos sentimentos dele. Mas nunca quis que sua relação com ele mudasse tanto.
— Está carente, Georginho? — perguntou em um tom sarcástico — Ou será que está apenas com ciúmes?
Ela estava brincando, George sabia. Conseguia ver o brilho traiçoeiro e divertido em seus olhos. Era o mesmo brilho que ele estava acostumado a ver quando estavam em campo, quando a Grifinória perdia algum jogo ou simplesmente quando resolvia fazer piada dele. Ele sabia que ela estava brincando, e, ainda assim, não conseguiu segurar.
— E se estiver?
agradeceu mentalmente por ainda estar arrumando as sementes como via a professora Sprout ensinando e não cortando algo, porque seria capaz de ter perdido o próprio dedo ao ouvi-lo. Ela se virou para o grifinório, tentando manter a mesma pose sarcástica de antes.
— Se estiver com o quê? Carente ou com ciúmes?
George deu de ombros, tentando não soar tão desesperado, embora se sentisse, sim, completamente desesperado. Se precisasse dissertar sobre seus próprios sentimentos e pensamentos não conseguiria, mas conseguia dizer com toda certeza: não queria sozinha com Louis.
Não queria sozinha com nenhum outro homem interessado nela, ponto.
— Os dois.
O sorriso de se desfez aos poucos enquanto George continuava a encará-la, sem sequer pensar em quebrar o contato visual entre os dois.
— E se eu estiver com os dois, , o que você me diria?
ficou em silêncio por um minuto quase inteiro antes de finalmente conseguir obrigar seu corpo a dar uma resposta ao ruivo. Ela abriu um sorriso pequeno e contido.
— Te diria para procurar a sua namorada.
George piscou. Não sabia que resposta estava esperando, mas definitivamente não era essa. Mas sabia que não podia culpá-la, então abriu a boca para dizer que não tinha namorada alguma, mas foi impedido pela voz estridente da Professora Sprout.
— , pode vir aqui, por favor?
sentiu como se a puxassem de volta ao chão, furando a bolha que George havia criado entre os dois no minuto em que resolveu que era uma boa ideia respondê-la daquele jeito. Ela praticamente correu em direção à diretora de sua casa. Amava Pomona Sprout, mas nunca havia amado mais do que naquele momento.
George continuou olhando enquanto apontava para algo no pergaminho que Sprout segurava. Foi só quando Fred empurrou um vaso de planta em sua direção que George percebeu que o irmão falava com ele.
— Então…
— Então o quê? — George perguntou, olhando para o irmão gêmeo. Sua pergunta foi mais retórica do que qualquer outra coisa. Sabia exatamente o que Fred estava querendo saber, pois havia sentido o olhar do irmão nele durante toda sua breve conversa com .
— Parece que a sua cabeça oca começou a funcionar. Estou certo?
George deu um suspiro, deixando que seu olhar voltasse até , que agora estava entre duas alunas da Grifinória, explicando alguma coisa sobre as enormes folhas roxas na planta que crescia no balcão à frente delas. Seus cabelos claros caíam sob seu rosto quando ela se inclinava entre as duas, não importando o quanto ela tentasse colocá-los para trás. Até que ela desistiu, fazendo uma careta insatisfeita e puxando um elástico do bolso de sua capa. fez a trança mais rápida que George já havia visto na vida. Depois de alguns segundos, uma mecha escapou do nó, caindo na lateral de seu rosto.
Tudo que George conseguia pensar era em ir até lá e colocar essa pequena mecha teimosa atrás da orelha de para ela.
A garota da esquerda disse algo que fez as duas rirem. negou com a cabeça, mas ainda tinha um sorriso no rosto que apenas se alargava enquanto falava. George suspirou novamente. O sorriso dela era lindo. Como ele nunca havia percebido isso?
Sentiu seu coração acelerar quando, de repente, os olhos de abandonaram a tarefa e se fixaram nele por alguns segundos. Não foram muitos segundos, talvez nem mesmo mais do que dez, mas não importava. Foi o suficiente para que George sentisse seu coração bater como uma banda profissional. A adrenalina que parecia percorrer o seu corpo naquele momento não era normal. Não tinha como ser. Ele nunca sentiu nada parecido. Seu coração nunca acelerou daquela forma nem mesmo quando ele estava no ar, rebatendo balaços atrás de balaços.
— George? — Fred chamou, colocando a mão em seu ombro, mas ele não respondeu.
Não conseguia. Não quando sua mente parecia trabalhar tanto para fazê-lo, finalmente, entender o que estava bem a sua frente.
Mas ali estava.
Sempre esteve ali, bem na sua frente, durante todo esse tempo. Tudo que George não conseguiu ver quando imaginou um relacionamento com Angelina Johnson. Agora, ele conseguia. Estava embaixo do seu nariz durante todo esse tempo.
Diggory não era lógica. Aquele sentimento que o inundava cada vez que ela sorria, ria ou estava com outros garotos não era racional e ele não podia fazer com que fosse. Embora quisesse, às vezes mal conseguia sequer identificá-los. Não tinha como ser racional, e pela primeira vez em sua vida, George percebeu que não queria e nem precisava que fossem, pois, isso seria mudar o que estava acontecendo e ele não queria que aquilo mudasse, não agora que ele finalmente se deu conta.
As sensações que se mexiam dentro do quinto Weasley naquele momento não eram nada como ele já havia experimentado antes, e ele não conseguiu evitar ficar com um ligeiro medo. Achou que estava vendo a ponta do iceberg de seus sentimentos por , mas não estava. Quando olhou pelo cantinho da porta, ela foi escancarada, e tudo que estava reprimindo tomou conta de si.
Não foi como em um filme. não estava descendo as escadas em um vestido maravilhoso, brilhante como todas as estrelas do céu. Não. Ela estava sorrindo, como apenas ela conseguia fazer durante as aulas de Herbologia, enquanto ensinava a maneira correta de retirar suco do caule de uma planta que George nem sequer sabia como se chamava, mas naquele momento, George entendeu. Era certo. Seus sentimentos eram certos. Diggory era certa como nada nunca havia sido e provavelmente nunca seria novamente.
— Sim, acho que começou, sim — murmurou ele em resposta.
Logo depois de trocar de roupa, desceu as escadas do dormitório e encontrou Cedric, sentado perto da lareira, estudando sozinho, como estava acostumada a ver nos últimos tempos, devido ao seu foco no NIEMs.
— Aonde vai? — ele perguntou, mal levantando os olhos do livro em seu colo.
— Sair.
Ele finalmente a olhou, parada no meio da sala.
— Não tem aula? — abriu um sorriso e Cedric revirou os olhos. — Vai sair com o George? Por isso que ele estava te procurando?
— George estava me procurando?
— Sim. Mais cedo, ele queria saber onde você estava. Disse que precisava falar com você.
revirou os olhos e soltou um suspiro depois da fala do irmão.
— Posso falar com você, maninha? — ele pediu, apontando a poltrona na frente dele para que se sentasse. Ela olhou para o relógio na parede. Ainda faltavam alguns minutos para o horário marcado, então fez como o irmão pediu.
— Não, não vou sair com o George. Vou sair com o Louis.
— O capitão da Sonserina? — assentiu. — Entendi.
Cedric fechou o livro que estava lendo e olhou atentamente para a irmã.
— Aconteceu alguma coisa com você? Sei que ando meio distante, mas você também.
mordeu o lábio inferior, desviando o olhar.
— É por causa do George? Ele ter ficado com a Angelina deve ter te magoado, não é?
Ela piscou, confusa. Nunca tinha falado sobre isso com Cedric, e sua expressão deve ter entregado tudo que estava pensando, porque o mais velho riu.
— Não sou a pessoa mais observadora do mundo, , mas você é minha irmãzinha. Não tem ninguém no mundo que eu conheça melhor do que você.
sentiu seus olhos marejarem e Cedric percebeu também, porque logo se aproximou da poltrona da irmã, se sentando no braço de apoio, abraçando-a pelos ombros.
— Ei, eu só queria conversar, você não precisa chorar. Você tem um encontro!
assentiu, secando os olhos rapidamente.
— Desde quando você sabe?
Cedric suspirou, olhando para o teto por uns segundos, enquanto pensava.
— Hmm… Não sei bem. Eu sempre notei que tinha algo diferente entre vocês dois. Você gosta muito de provocá-lo. Mas não percebi até me contar que você o levou lá em casa. Quando soube, tudo fez mais sentido.
— Mas ele não gosta de mim. Estou em processo de superação — disse, decidida, fazendo o irmão rir. Cedric passou a mão carinhosamente pelos cabelos da irmã.
— Ele não gosta de você, mas não consegue te deixar em paz? Até detenção vocês vão fazer juntos.
revirou os olhos.
— Sim, sou azarada assim — ela riu, ficando de pé. — Mas estou bem agora. Decidi que ia acabar com isso, e você sabe que sempre faço algo quando decido.
Cedric assentiu.
— É por isso que vai sair com o Louis? Faz parte do seu plano de superação? — deu de ombros e Cedric resolveu não insistir. — Tudo bem, mas se precisar conversar, estou aqui.
não conseguiu evitar uma risada curta.
— Você é o melhor amigo dele e é meu irmão. Não vou falar disso com você — Cedric revirou os olhos. — Além do mais, achei que você ia odiar isso. Sabe, George e eu. Não que exista um “George e eu”, mas… — ela parou de se explicar vendo o sorriso no rosto do irmão. — Você entendeu.
— Não. Se fosse o Fred, talvez eu ficasse incomodado, mas George é uma boa pessoa. É claro que nunca vai existir ninguém no mundo bom o bastante pra minha irmã mais nova, mas acho que ele chegaria perto.
sentiu seu coração apertar. Era difícil deixar seus sentimentos por George de lado, é claro, mas neste momento só conseguia se sentir grata pelo irmão mais velho que tinha. Cedric era mesmo um presente.
— Obrigada — ela o abraçou. — Preciso ir agora.
— Não volte tarde, ou eu mesmo vou te buscar — Cedric avisou, fazendo com que ela fizesse uma careta. — E cuidado com o terceiro andar. A Madame Nora costuma ficar lá.
Quando chegou à tapeçaria dos bruxos dançantes, Louis já estava lá, encostado na parede com as mãos nos bolsos de sua calça. Seus cabelos loiros platinados brilhavam à luz das tochas do corredor, e o sorriso que ele abriu ao vê-la foi o suficiente para derreter uma boa parte da hesitação e dúvidas que foram crescendo nela desde que recebeu o bilhete, e ainda mais depois que falou sobre com Cedric.
— Você fica linda de verde. Combina com os seus olhos — disse ele, inclinando a cabeça ligeiramente. — Pronta pra quebrar algumas regras?
sorriu, já se sentindo mais à vontade. — Desde que não acabe com a gente fugindo do Filch, Sheffield.
Louis deu uma risada baixa, estendendo a mão para ela.
— Prometo que, se formos pegos, assumo a culpa. Mas confie em mim, ninguém nunca me pegou usando essa passagem.
— Ah, então você já trouxe muitas pessoas aqui… Eu ainda posso dar meia volta, sabia?
Louis riu, agarrando a mão de e a apertando.
— Nem pense nisso.
Os dois riram, seguindo pelo túnel estreito que cheirava a terra úmida e parecia se estender para sempre. Louis mantinha uma conversa leve, comentando sobre como havia achado aquele lugar e o usara para contrabandear doces de Hogsmeade durante o segundo ano.
— Eu não acredito que você passou despercebido — balançou a cabeça, incrédula.
— Bom, ser um gênio é mais difícil do que parece, Diggory, mas alguém precisa fazer o trabalho — respondeu ele, piscando para ela, que revirou os olhos.
Quando emergiram em uma viela discreta em Hogsmeade, o vento gelado logo os atingiu. Embora ainda fosse cedo, o céu nublado não deixava que o sol iluminasse o vilarejo como sempre, e as luzes dos postes, já acesas, criavam um brilho acolhedor. Louis olhou para ela, os olhos azuis iluminados pela lamparina mais próxima. — Quer ir ao Três Vassouras? Ou prefere algo mais tranquilo?
— Três Vassouras parece ótimo.
No local, eles encontraram uma mesa perto da janela, e Louis puxou a cadeira para antes de se sentar. Ele acenou para Madame Rosmerta, pedindo duas cervejas amanteigadas, enquanto observava o ambiente movimentado.
— É estranho estar aqui assim, sem a bagunça habitual dos finais de semana onde os alunos podem vir — comentou .
— Prefere a bagunça? — perguntou Louis, com um sorriso provocativo enquanto apoiava o queixo na mão — Porque, se quiser, posso fazer um escândalo aqui mesmo.
riu, balançando a cabeça. — Acho que pode guardar suas habilidades de atuação, Sheffield.
— Ah, essa é a sua especialidade, não é?
piscou, sem entender, enquanto as cervejas chegavam. Madame Rosmerta deu um sorriso cúmplice a eles. Quando ela saiu, perguntou:
— O que quer dizer?
— De você, tomando o lugar de .
— Ah! — exclamou, rindo. — Não acho que fui convincente o bastante. Se não fosse você e Draco Malfoy, provavelmente teria sido pega.
Louis riu, tomando um gole da cerveja.
— Não teria sido tão ruim. Quer dizer, pelo menos eu poderia te levar ao baile.
— Eu gostaria disso — disse, sincera, enquanto segurava o olhar de Louis no seu. Ele foi o primeiro a desviar, dando um longo gole na cerveja que segurava.
— Você não pode olhar pra mim com essa cara, . Sou capaz de reprovar só pra conseguir te levar pra dançar no próximo ano.
não conseguiu evitar a risada naturalmente alta que saiu de dentro de si. Louis imediatamente sorriu, observando a garota à sua frente. balançou a cabeça, tomando mais um pouco de sua cerveja para tentar acalmar as risadas que continuavam a sair. Quando sua caneca bateu na mesa novamente, Louis soltou uma risadinha.
— O que foi? Por que está me olhando assim?
Louis se inclinou para frente, limpando o lábio superior de , que estava cheio de espuma, com seu dedo. A lufana sentiu suas bochechas esquentarem com a proximidade e o toque do sonserino em si.
— Você é a garota mais bonita que já vi, — disse Louis, afastando-se apenas o suficiente para encará-la diretamente.
Havia algo inegavelmente sincero no tom de voz dele, algo que fez hesitar por um momento.
Era o tipo de olhar que sempre achou que desejava. E ali estava Louis, oferecendo tudo o que ela sempre acreditou querer: palavras doces, um sorriso genuíno, um olhar que a fazia se sentir especial. Ele fazia parecer fácil. Simples. Era realmente tudo que sempre quis ter com alguém. Então por que ela não se sentia bem? Por que algo parecia tão errado?
Por mais perfeito que aquele momento pudesse parecer, não se sentia nem perto do que achava que deveria sentir. Não havia o calor que ela esperava, o nervosismo e o coração acelerado que deveria vir acompanhado de uma declaração como aquela.
Ela ainda queria ser a garota mais bonita do mundo, como Prince havia dito. Mas não para Louis. Queria ser tudo isso — e mais — para George.
Maldito George Weasley.
Louis pareceu notar a hesitação dela, e, suave como sempre, mudou de assunto.
— Você sabia que a Madame Rosmerta tem uma lista de todos os alunos que já tentaram roubar cerveja dela?
, reconhecendo a tentativa dele, sorriu.
— E você, é claro, deve estar nessa lista.
Louis riu, negando com a cabeça.
— Não. Mas uma vez ajudei ela a pegar um que estava fugindo com um barril. Isso me rendeu muitas canecas de graça.
— Então você é um herói?
Louis deu de ombros, comicamente, tentando fingir desinteresse.
— Bom, eu não diria herói… mas acho que salvei vidas naquela tarde, sim.
riu, e o resto da noite transcorreu assim: em uma mistura de risadas, conversas animadas e olhares que duravam um pouco mais do que o necessário. Louis flertava com ela eventualmente, mas não tanto quanto antes da pausa constrangedora, e ela tentava corresponder, mas sabia que não estava fazendo um bom trabalho. Ainda assim, eles conversaram amigavelmente sobre tudo: família, futuro, quadribol e Hogwarts.
Quando saíram do Três Vassouras, o sol já havia se posto e as ruas já estavam quase vazias. Eles caminharam em um silêncio calmo e confortável até sentir o casaco de Louis sobre si.
— Não precisa! Você vai ficar com frio, Louis!
— Não se preocupe comigo, Diggory, eu sou um homem ou um gafanhoto pra você?
— Certamente não é um gafanhoto, mas acho que está levando seu papel de herói muito a sério. Que graça vai ter se você congelar no meio de Hogsmeade?
— Tudo bem, se eu congelar, você pode me descongelar com um beijo — riu na mesma hora. — O que? Isso é verdade. Funciona mesmo.
Eles pararam em frente a entrada da passagem secreta, e apertou o casaco de Louis em volta de si. Eles se olharam por alguns segundos antes de Louis abrir um sorriso tímido.
— Agora geralmente é a hora de ser corajoso — disse ele — Mas você não me deu sinais o suficiente, , então acho que meu charme não funciona mais em você.
O tom era tranquilo e despretensioso, mas havia algo na sinceridade de Louis que deixou desconfortavelmente consciente de seus próprios sentimentos. Ela mirou o chão por alguns segundos, o rosto aquecido pela vergonha, antes de levantar os olhos para encará-lo.
— Louis, você é incrível, de verdade, eu sinto muito…
Ele fez uma careta na mesma hora.
— Não, não. Nada de “sinto muito”, Diggory. Nós saímos, nos divertimos e tá tudo bem. Você não é obrigada a me beijar ou a gostar de mim.
— Você não está chateado?
Louis revirou os olhos, puxando para perto dele e repousando o braço em seu ombro.
— Qual é, . Eu sou da Sonserina. Meu ego é um pouquinho mais forte que isso, tá legal? — riu, sentindo-se mais relaxada. — Posso ser seu amigo se é isso que você quer, . Tá tudo bem. Prometo.
soltou um suspiro aliviado, inclinando a cabeça de leve contra o braço dele enquanto olhava para seu rosto iluminado pela luz fraca do luar. Por um momento, estudou o perfil dele.
— Você é bom demais pra ser verdade.
Louis soltou uma gargalhada, entrelaçando seus dedos nos dela.
— Agora você está começando a me dar alguns sinais confusos, Diggory…
Ela riu, sentindo ele a puxar em direção a passagem secreta. O som das risadas e dos comentários sarcásticos de Louis ecoaram pelo túnel escuro até que eles finalmente estivessem novamente no andar da tapeçaria dos bruxos dançantes.
Eles pararam frente a frente, e estendeu o casaco de Louis que ainda estava com ela. Ela tinha um sorriso aliviado no rosto. Estava feliz por não ter o magoado, pois isso era, definitivamente, a última coisa que ela queria fazer. Sabia dos próprios sentimentos, mas também sabia que queria, sim, sair com Louis. Só não esperava sentir tanto que estava no lugar errado. só queria que fosse mais fácil se desfazer dos sentimentos que tinha por George, exatamente como havia feito das outras vezes.
— Somos amigos, não é? — Ela quis confirmar de novo. Louis revirou os olhos, mas riu.
— Será que você pode acreditar em mim de uma vez? É claro que somos. Eu não sou um babaca, .
A lufana riu, assentindo. Louis era mesmo o pacote completo: doce, compreensível, charmoso, educado, inteligente, engraçado e lindo. Ela queria poder gostar dele. Ela inclinou a cabeça alguns centímetros, olhando para Sheffield.
— Você sabe que o problema não é você, não é? — disse, fazendo com que ele a olhasse com um sorrisinho de lado.
— É claro que sei. Nenhuma garota está completamente imune ao meu charme.
riu enquanto Louis passava os dedos entre os fios platinados de forma presunçosa. Ele olhou em volta rapidamente, antes de voltar sua atenção para ela.
— Que tal um beijinho de despedida? — ele virou o rosto, apontando para a própria bochecha. riu, mas deu um passo à frente, surpreendendo-o ao segurar seu rosto com as duas mãos. Por um instante, ele congelou, claramente pego de surpresa. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, inclinou o rosto do jeito que queria e o beijou na boca. Foi um beijo calmo e delicado, muito diferente dos outros que eles haviam trocado na sala 27. Quando se afastou, os olhos de Louis estavam ligeiramente arregalados, e ele piscou algumas vezes, tentando processar o que acabara de acontecer.
— Não esperava por isso — admitiu, rindo fraco.
— Queria me despedir direito.
Louis segurou a mão dela novamente, entrelaçando os dedos de forma quase instintiva, e balançando a cabeça negativamente, o sorriso ainda no rosto.
— Tá certo, Diggory, vamos então. Vou te levar até a sua sala comunal antes que você decida me surpreender de novo.
George não queria fazer isso. Ele realmente não queria. Passou horas se segurando, tentando ignorar o incômodo que o perseguia desde o momento em que viu saindo com Louis. Mas, quando o sol se pôs e o jantar começou, ele não conseguiu mais se conter. Disfarçadamente, saiu da mesa e foi até a Torre da Grifinória. Abriu o Mapa do Maroto, olhando uma, duas, três vezes. Nada. Ele estava prestes a desistir quando os pequenos pezinhos de Diggory finalmente apareceram no túnel de uma das passagens secretas.
George não estava espionando. Claro que não. Ele só queria garantir que estava segura e de volta ao castelo. Era só isso. Mas, quando se levantou às pressas e correu em direção ao sexto andar, ele sabia que não era só isso. Ele queria ter certeza de que Louis não havia feito nada errado, de que tudo estava bem com ela.
Quando chegou ao corredor, viu os dois saindo juntos do buraco da passagem. George parou no lugar, mantendo uma distância segura. Não podia arriscar que o visse ali e pensasse que ele havia enlouquecido e estava a seguindo por aí.
Embora, sendo justo, talvez fosse exatamente isso que ele estava fazendo.
George sentiu o estômago revirar ao ver entregando o casaco para Louis, que soltou uma risada de algo que ela disse. Eles estavam tão à vontade, tão felizes ao lado um do outro, que George mal conseguia suportar olhar. Ele odiava tudo aquilo. Estava prestes a ir embora, porque, sinceramente, não merecia se torturar dessa forma, quando algo ainda pior aconteceu: os olhos de Louis pousaram nele. George congelou, certo de que o sonserino ia interromper o encontro naquele instante e exigir saber por que ele estava os espiando como um completo lunático – especialmente depois da maneira como havia tratado Louis mais cedo. Era o que George faria, no lugar dele.
Mas, para sua surpresa, os olhos de Louis não ficaram ali. Foram embora tão rápido quanto chegaram, sem dar nenhum sinal de que ele havia percebido alguma coisa. George franziu o cenho, desconfiado, enquanto assistia Louis apontar para o próprio rosto, pedindo um beijo de . Ele o estava provocando? Ou será que realmente não tinha notado sua presença ali?
George não teve tempo para reagir. No lugar de beijar o rosto de Louis, como ele estava claramente insinuando, deu um passo à frente, segurou o rosto do sonserino com as mãos e o beijou nos lábios. As mãos de George se fecharam em punhos com tanta força que ele sentiu as unhas se cravando na palma. Seu peito subia e descia, oscilando entre incredulidade e algo muito mais amargo. Mesmo quando Louis segurou a mão de e os dois desapareceram pelo corredor, George permaneceu imóvel, encarando o vazio onde, segundos antes, tinha visto sua beijar outro cara.
Já havia visto beijando pessoas. Nunca havia sido uma novidade para ela, embora, nos últimos tempos isso o incomodasse mais do que antes, e agora ele conseguisse entender o motivo, mas nunca, jamais, havia sentido o que estava sentindo agora. Não era só sobre quem beijava. Isso, afinal, nem deveria ser tão importante. O problema estava nele. Porque ele tinha errado. Perdeu tempo demais, foi cego demais, burro demais para perceber o que sempre esteve bem ali, na frente dele. E agora, tudo que George conseguia pensar é que havia perdido sua chance.
— É isso, eu realmente estraguei tudo — murmurou para si mesmo, a voz ecoando pelo corredor vazio. As palavras soaram ainda mais pesadas e reais ao serem ditas de volta, quebrando ainda mais o coração de George, que alimentava uma frustração crescente e o peso de uma derrota que ele mesmo havia causado.
Fred e Cedric, cada um com uma mão firme em seu ombro, o encaravam, visivelmente exaustos.
— O que diabos vocês estão fazendo? — George franziu o cenho, tentando entender.
— O que diabos você está fazendo? — Fred rebateu no mesmo tom.
— Andando por aí calado, parecendo um cachorrinho sem dono… — Cedric acrescentou.
— Abanando esse rabo de perdedor, como se a fosse sentir pena de você — Fred finalizou, sem paciência.
George arregalou os olhos, chocado com a audácia do irmão, antes de se virar para Cedric. O que Fred estava pensando? Jogar aquelas palavras na cara dele, assim, na frente do irmão mais velho de ? Um dos seus melhores amigos? Cedric percebeu o desespero estampado no rosto de George e apenas revirou os olhos.
— Você é um idiota se acha que eu nunca percebi que você gosta da minha irmã — disse Cedric, cruzando os braços.
George piscou, tentando encontrar uma resposta.
— Não é assim — tentou argumentar e soar firme. — Isso só começou recentemente e…
Cedric riu, interrompendo-o.
— Você é ainda mais idiota se acredita mesmo que isso começou recentemente.
George sentiu a confusão se misturar com um resquício de felicidade amarga. Parte dele gostava de saber que Cedric não se importava com aquilo, que não o via como uma ameaça a sua irmã mais nova. A ideia de irritar o amigo com seus sentimentos já havia passado por sua cabeça, e ele até cogitou encontrar uma forma de tocar no assunto. Mas agora... Não fazia mais diferença. claramente estava interessada em outro.
— Não importa mais — murmurou.
— George, ela gosta de você — Fred soltou de uma vez, quebrando sua própria regra de não se meter nos sentimentos confusos dos dois. Eles já eram complicados o suficiente sem a interferência de terceiros. — Pra ser sincero, nem faço ideia do porquê, mas faz tempo. Ela gosta mesmo de você, Georgie.
George balançou a cabeça em negação.
— Ela estava com o Louis ontem.
— E daí? — Cedric ergueu uma sobrancelha. — Você estava com a Angelina até ontem. Isso significa alguma coisa?
— Se ela gostasse de mim…
— Se ela gostasse de você, não sairia com outra pessoa? — Fred revirou os olhos e deu um tapa na cabeça do irmão, que se encolheu. — Se estivesse aqui, mandaria você parar de ser tão machista.
— Não foi isso que eu quis dizer! — George reclamou, esfregando a cabeça onde fora atingido. — Se ela gostasse de mim, eu saberia.
Por três segundos inteiros, o silêncio se instalou entre os três.
Então, sem aviso, Cedric e Fred soltaram uma gargalhada alta ao mesmo tempo, assustando alguns alunos que passavam animados para o baile.
George os olhou, perplexo.
— O que foi?!
Fred respirou fundo entre risos e deu um tapinha no ombro do irmão.
— Não, você não saberia, cara. Você não soube.
— Ela te deu todos os sinais do mundo, George, e você não viu nenhum deles — Fred afirmou, exasperado.
George piscou, alternando o olhar entre Fred e Cedric, enquanto um aperto desconfortável subia por sua garganta. Era como se a realidade estivesse se dobrando ao seu redor, tornando tudo mais pesado. Seus olhos desviaram dos amigos, pousando em uma tapeçaria qualquer na parede, mas a voz do irmão continuava ecoando em sua mente como um disco quebrado: "Ela gosta mesmo de você."
De repente, como se uma represa tivesse se rompido, George foi inundado de lembranças de todo tipo: Quando jogou um sapo nele e ele parou de falar com ela por uns dias quando eram crianças, e o olhar dela sempre o seguia onde quer que estivessem. Quando o ajudou em todas as disciplinas que precisava ir bem se quisesse avançar para o sexto ano, mesmo que isso significasse ficar até 1h da manhã na sala comunal da Grifinória. Se lembrou de todas as vezes que ficou do seu lado quando Fred estava discutindo com ele, mesmo nas vezes em que ele não estava completamente certo. Se lembrou de todas as vezes que discutiu com alguém que o chamou de “número 2”, assim como se lembrou como, de uns tempos para cá, todos os balanços que rebatia iam em direção a Fred, mas não a ele. Nunca a ele.
Com um aperto no peito, George se lembrou de todas as pelúcias que ele a deu durante o terceiro ano e que até hoje ainda estavam em cima da cama dela. Se lembrou da tarde que tiveram em seu quarto onde ela mudou, para sempre, a forma que George via o mundo, a si mesmo e a relação deles - mesmo que ele não tivesse percebido naquele instante.
E então, como se precisasse da última peça para montar o quebra-cabeça, sua mente o levou de volta para a sala 27. segurava o discman com um brilho nos olhos, mostrando a ele aquela pequena revolução musical. George sentiu como se estivesse fora do próprio corpo, assistindo à cena de um canto da sala, como um espectador do passado. O sol entrava pela janela, iluminando os cabelos e os olhos claros de Diggory. Naquele dia, ele não notou como ela arfou quando suas mãos tocaram sua cintura antes de girá-la no ritmo da música. Ele não percebeu o sorriso que lhe deu enquanto o observava dançar. Um sorriso que, agora ele sabia, nunca havia sido dado a mais ninguém.
Como ele não percebeu antes? Como nunca se deu conta de que a garota mais bonita do mundo estava apaixonada por ele?
George soltou um suspiro, levando os dedos frios ao peito, tentando conter os batimentos acelerados. Fred e Cedric deram um passo para trás, como se testemunhassem um milagre.
— gosta de mim… — ele murmurou, sem direcionar a frase a ninguém em particular. O peso da revelação caiu sobre ele como um raio. — E eu nunca soube. Eu realmente…
George não sabia como explicar. Ele realmente não fazia ideia.
Mesmo depois de entender seus próprios sentimentos, nunca passou por sua cabeça que pudesse sentir o mesmo. Ele achava que poderia simplesmente falar com ela, chamá-la para sair, deixar que as coisas se desenrolassem naturalmente. Em nenhum momento—nem em um milhão de anos—ele imaginou que estava chegando por último nessa corrida.
A constatação o fez se sentir um completo idiota.
Idiota por não ter percebido antes, quando aparentemente todo mundo já sabia.
Babaca por ter se envolvido com Angelina e deixado assistir a tudo.
E, acima de tudo, apavorado com a possibilidade de que já fosse tarde demais.
— Uau, ele realmente se deu conta — Fred comentou, inclinando a cabeça enquanto analisava o irmão com uma expressão curiosa. George, catatônico, parecia ter sido atingido por um feitiço de paralisia. — Nunca achei que esse dia chegaria.
— Você literalmente acabou de dizer que ela gosta dele — Cedric rebateu, cruzando os braços.
— É, mas olha pra ele — Fred apontou, gesticulando na direção de George, que continuava imóvel. — Ele realmente entendeu. Não achei que o cérebro dele fosse suportar essa notícia.
Cedric arqueou a sobrancelha.
— Talvez não suporte. Talvez ele morra.
Fred negou rapidamente, agarrando o irmão pelos ombros e sacudindo-o de leve.
— Não, não no dia do meu baile com Black. Qualquer outro dia, tudo bem, mas não hoje!
Antes que George tivesse qualquer reação, Fred segurou seu rosto entre as mãos, forçando-o a encará-lo.
— Hora de voltar para a Terra, maninho. A garota que você gosta também te ama. E aí? O que você vai fazer?
George abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu.
— Ele não precisa fazer nada além do que já fez — Cedric se intrometeu. — Pelo amor de Merlin, George, você organizou uma festa de aniversário inteira pra ela. Só se declara logo e acaba com isso.
Fred assentiu imediatamente.
— Boa. Ela vai gostar da surpresa. E você vai ter tempo. Só vamos pra festa depois da meia-noite.
George concordou. Devagar, ele começava a recuperar o controle do seu corpo e mente. Fred e Cedric o observavam ansiosos e preocupados. George tirou as mãos do irmão do seu rosto com delicadeza.
— Não se preocupem. Eu vou dar um jeito nisso — ele disse, querendo encerrar o assunto. — Agora é melhor a gente ir.
Fred olhou o relógio no pulso e soltou um suspiro resignado.
— Certo. Melhor irmos.
Estavam quase atrasados para encontrar suas acompanhantes, mas se isso significava que George finalmente ia falar com , então toda a espera valeria a pena.
Em silêncio, os três desceram as escadas, onde , e Rose — uma lufana que Cedric havia convidado — já os aguardavam.
De longe, o vestido de parecia cinza, mas conforme se aproximavam, George percebeu, com a ajuda das velas bruxuleantes, que o tecido cintilava num tom de verde-escuro, combinando perfeitamente com ela.
Ela estava linda. Ele sabia disso.
Black era, sem dúvida, uma das garotas mais bonitas que já tinha visto.
Mas seus olhos não estavam nela.
sorria abertamente ao lado da amiga. Seus cabelos claros estavam soltos, emoldurando seu rosto enquanto ela usava uma saia preta e um suéter de mangas longas cor de rosa. Estava linda, tão linda que George quase não conseguiu se segurar.
Assim que os garotos pararam em frente a elas, Fred não perdeu tempo.
— Você é a garota mais bonita que já vi na vida.
bufou, mas as bochechas ficaram imediatamente vermelhas, talvez até mais vermelhas do que o brasão da Grifinória pendurado na parede perto deles.
— Cale a boca — murmurou, desviando o olhar.
Fred sorriu de lado, pegando a mão dela e a colocando sobre seu braço com naturalidade.
— Estou falando sério, Black — garantiu, inclinando-se ligeiramente para perto dela. — Vou fazer você se sentir tão especial quanto o sol até o fim da noite. É uma promessa.
revirou os olhos, mas George percebeu o sorriso discreto no canto da boca dela.
, ainda sorrindo, parou ao lado de George.
— Ok, crianças, tomem cuidado — alertou, lançando um olhar cúmplice para os amigos e para Rose. Os quatro desapareceram rapidamente no meio da multidão do baile, mas George e continuaram ali, parados na entrada do salão por alguns segundos.
respirou fundo, observando as luzes cintilantes e os casais dançando.
— Acho que foi a coisa mais certa que já fizemos — disse, com um tom de satisfação genuína.
George riu, meio engessado. Estava fazendo um grande esforço para fingir que seu coração não estava a ponto de sair pela boca apenas por estar do lado da garota que gostava — e que ele havia descoberto, recentemente, que gostava dele também.
— Estamos agindo como se fossem nossos filhos — brincou.
riu.
— Só estou feliz. Quero muito que eles deem certo.
Ela ainda olhava para o baile que acontecia a alguns metros de distância deles, mas George se virou para encará-la.
— Eles vão dar — falou, com toda a certeza que tinha dentro de si. Quando colocou seus olhos no dele, George não sabia mais se estava falando de Fred e ou do que ele esperava que fosse real para ele e . De qualquer forma, ele continuou: — Pode ter demorado, mas… eles vão fazer dar certo.
Eles estavam na sala de Filch agora. O velho zelador já havia despejado pilhas de pastas empoeiradas sobre a mesa, resmungado algumas pragas e saído, batendo a porta com força, claramente satisfeito por ter estudantes miseráveis fazendo o trabalho dele. havia passado todo o trajeto em silêncio, e George se sentiu estranhamente tímido demais para tentar puxar assunto.
Quando ela finalmente quebrou o silêncio, ele piscou algumas vezes antes de responder.
— Ahm… Cedric queria saber se eu conhecia algum lugar mais reservado — disse a primeira coisa que passou pela sua cabeça.
ergueu uma sobrancelha.
— Ah, é?
George pigarreou, desviando o olhar.
— Sabe… por causa do Mapa do Maroto.
Ela estreitou os olhos por um instante, como se estivesse tentando decidir se acreditava ou não, mas então apenas riu. E Merlin, como George queria ouvir essa risada para sempre.
— Não sabia que ele estava tão afim assim de Rose — comentou , por fim, jogando mais uma pasta empoeirada na pilha de 1962. — Vivemos em um mundo mágico, mas são os trouxas que têm computadores. Que piada.
— O que um computador faz, afinal? — perguntou George, tentando manter o clima leve, longe de qualquer assunto mais sentimental. — Meu pai trouxe um uma vez, mas não conseguimos fazer muita coisa com ele.
— Bom, eu também não sei direito — riu — mas sei que dá para fazer tudo isso — ela apontou para as centenas de pastas ao redor — caber dentro dele. Não seria mais fácil? Quer dizer... Ai, meu Deus! — exclamou ela, chamando a atenção de George. — Olha só isso, George! Molly Prewett e Arthur Weasley! Seus pais!
O ruivo correu até ela, e posicionou o arquivo entre os dois, lendo em voz alta:
— 5 de novembro de 1966, Srta. Molly Prewett e Sr. Arthur Weasley, ambos alunos da Grifinória, enfeitiçaram uma das nobres e antigas armaduras de prata no saguão principal para correr atrás do professor Cuthbert Binns, recebendo assim dois meses de detenção na Floresta Proibida e menos 25 pontos para a Grifinória cada um. Professor Binns! Ele ainda estava vivo! — riu junto com George.
— E ela ainda ousa implicar comigo e Fred? Pelo menos nós nunca fizemos nada assim.
— Bem... Teve aquela vez que vocês enfeitiçaram bolas de neve para acertarem o turbante do professor Quirrell no terceiro ano… — lembrou ela, arqueando uma sobrancelha.
— Você tem uma memória boa demais para o seu próprio bem, — disse George, fingindo irritação.
Ela riu enquanto jogava a pasta na pilha de 1966, mas George não se moveu. Aproveitou a desculpa para continuar ao lado dela.
não se importou. Estava cansada de fingir que queria manter distância. Porque não queria. Sentia falta de conversar com George, de provocá-lo sobre suas habilidades no quadribol ou fazer piadas sobre Fred e . Sabia dos seus sentimentos, mas sentia falta dele também como amigo. E, com o tempo, percebeu que a distância que tentou impor entre eles doía mais do que tê-lo por perto.
Era estranho perceber que talvez conseguisse viver com o fato de que George nunca se apaixonaria por ela, mas definitivamente não conseguia suportar a ideia de não tê-lo mais em sua vida.
Então, antes mesmo da detenção, ela havia decidido que pararia de fugir. Estava prestes a completar 17 anos e já sabia controlar os próprios sentimentos, afinal. Já passava da hora de superar George Weasley. Assim como superara todos os Weasleys antes dele.
— Srta. Violet Malfoy e Sr. Aldous Black — disse George, distraído, com um sorrisinho. — Menos 30 pontos para Grifinória e Sonserina por serem pegos aos beijos no banheiro dos monitores. A mãe da era da Grifinória?
assentiu sem surpresa, aproximando-se para ver melhor o arquivo. Inclinou-se tanto que seu braço roçou no de George, que imediatamente congelou no lugar, sentindo o coração disparar.
Pelo amor de Deus, como ele não tinha percebido todos os sinais antes?
A lufana não pareceu notar, e isso só fez com que George se sentisse ainda pior.
— Ai, meu Deus! — riu. — Queria que pudesse ver isso…
George tentou rir junto.
— Ainda bem que chegaram a tempo, senão teriam encontrado os dois fazendo mais do que só se beijar, não é?
— George! — repreendeu, mas ria também. Ela se afastou, e a respiração do ruivo finalmente voltou ao normal.
Ele pigarreou, tentando manter o mesmo tom casual.
— Ah, bem… É verdade — deu de ombros. — Aquele banheiro privativo dos monitores nunca me enganou. Aposto que já deve ter sido palco de cenas bem interessantes.
— Posso confirmar isso no próximo período, caso me torne capitã da Lufa-Lufa — disse , puxando uma nova caixa para perto de si. — Quem sabe não me convidam para alguma orgia também?
George engasgou, soltando a pasta que segurava, e olhou para com o cenho franzido. Ele estava se esforçando ao máximo para não parecer ciumento ou, pior ainda, completamente apaixonado por ela, mas era difícil quando soltava comentários desse tipo sem o menor pudor perto dele.
— Uma pena que Louis se forme este ano… — continuou ela, rindo baixinho.
— Isso não tem graça, Diggory — disse George, o tom sério em sua voz fazendo finalmente encará-lo.
Ela ergueu uma sobrancelha, um sorrisinho tranquilo brincando nos lábios.
— Você anda muito sensível sobre o Louis ultimamente, Weasley.
George não respondeu e deu de ombros, despreocupada.
— Não se preocupe, ele não vai ganhar a Taça de Quadribol este ano. A final será entre nós e vocês, e eu vou chutar a sua bunda. Como sempre.
George revirou os olhos. Sim, claro. Porque esse era definitivamente o problema.
— Vocês estão mesmo… juntos? Você e o Sheffield?
agarrou as folhas em suas mãos com mais força, desviando o olhar para o nome quase apagado no arquivo que segurava, tentando pensar no que responder.
1976. James Potter. Fuga. Madrugada. Cozinhas.
Ela jogou o arquivo na pilha dos anos 70 e suspirou antes de responder.
— Não. Só tivemos um encontro.
George sentiu uma onda de alívio antes mesmo de se dar conta disso. Ele tinha quase certeza que havia esbarrado com a ficha de seus tios, mas não conseguia pensar em mais nada além de . Ele tentou soar mais indiferente do que realmente estava.
— E não foi bom?
— É claro que foi — respondeu prontamente, como se fosse óbvio.
George lançou a pasta que segurava sobre a pilha com mais força do que o necessário.
— Ah.
ignorou sua atitude.
— Nós apenas não… combinamos. É só isso. Decidimos ser amigos.
George piscou. A despedida que vira definitivamente não parecia a de dois amigos. Mas pela forma como falava, ele sabia que ela não estava mentindo.
— E quem é que combina com você?
Assim como George não conseguiu controlar suas próprias palavras, também não conseguiu controlar a reação imediata do seu corpo. Como se fosse puxada para ele, apenas encarou George. Seus olhos piscavam pra ele com calma enquanto o ar entre os dois ficava cada vez mais pesado.
E então George percebeu.
Percebeu da mesma forma que sempre sabia quando Fred estava prestes a explodir. Da mesma forma que sentia quando um produto das Gemialidades Weasley estava perfeito. Da mesma forma que soube, assim que o nome de Cedric Diggory saiu do Cálice de Fogo, que ele venceria o Torneio Tribruxo. Da mesma forma que sempre reconhecia quando Diggory estava prestes a soltar a piada mais infame do mundo ou quando se preparava para disparar o balaço mais traiçoeiro contra alguma artilheira adversária.
Ele simplesmente percebeu.
Os sentimentos dela ainda estavam ali. Mesmo que tentasse escondê-los. Mesmo que se esforçasse para enterrá-los. Estavam ali, estampados em cada mínimo gesto, em cada olhar. Talvez sempre estivessem. Talvez George fosse mesmo o único idiota que não havia percebido antes.
desviou o olhar primeiro. Respirou fundo, como se cada palavra que estava prestes a dizer pesasse toneladas.
— Não sei — murmurou, hesitante. — Começo a achar que talvez… ninguém.
George piscou.
— Isso não é verdade.
riu, reorganizando alguns arquivos entre eles.
— Você não entende. Você tem a sua artilheira fracassada.
— Como?
bufou, jogando a pasta que segurava em uma pilha qualquer. Por que George tinha que ser tão lerdo às vezes? Ela sabia que não era de propósito, que ele sempre fora assim desde criança— o que a surpreendia, porque nunca achou possível alguém ser tão inteligente e, ao mesmo tempo, tão obtuso —, mas em momentos como aquele, parecia o pior tipo de castigo.
Ela não gostava de Angelina Johnson. Não queria vê-la, não queria falar dela, não queria nem respirar o mesmo ar que ela, se pudesse evitar. E não era porque Angelina estava com George, mas porque era incapaz de ser sincera, sempre priorizando os próprios sentimentos sem se importar com os dos outros.
E, no entanto, ali estava ela, falando da maldita garota para o namorado dela, porque George Weasley não era capaz de entender nada se não fosse jogado diretamente na cara dele.
— Angelina Johnson, George.
— Ah, sim, é claro que a artilheira fracassada é ela — ele riu, jogando o arquivo que segurava para qualquer lado. Boa sorte para Filch se achava mesmo que George ia se dar ao trabalho de organizar tudo para ele e para sua gata fedida. George ainda tinha um sorriso no rosto quando acrescentou: — Mas ela não é a minha artilheira fracassada, .
olhou para George sem entender.
o encarou, confusa.
— Mas você gosta dela. Vocês estavam namorando. Vocês iam ao baile juntos…
Ele balançou a cabeça, pegando uma pasta de 1950 e jogando no que tinha certeza ser a pilha de 1988.
— Não estamos, e eu também não gosto dela. Você não devia sair por aí espalhando esse tipo de coisa, Diggory. Quem sabe o mal-entendido que poderia causar?
— Gosta sim — ela insistiu. — Eu vi vocês essa semana. Você gosta dela desde o quinto ano, quando ela fez aquela cagada e…
sabia que estava tagarelando rápido demais, sem nem dar tempo para respirar entre as frases, mas não conseguia evitar.
— Está achando que sabe mais da minha vida do que eu, ?
Ela respirou fundo e pegou a primeira pasta que viu pela frente, tentando se acalmar.
— Não, claro que não. Só pensei que… bem… a última vez que a vi, vocês…
— Acho que precisávamos… — George parou, balançando a cabeça — Acho que eu precisava encerrar isso. O que aconteceu no quinto ano acabou me afetando mais do que eu quis admitir, então quis tentar quando ela pareceu sincera, achando que iria consertar algo em mim que, honestamente, não precisava dela para ser consertado — disse, sincero. — Finalmente percebi isso e me dei conta de que nada daquilo fazia sentido. Acho que nunca fez.
Ele deu de ombros, como se estivesse aliviado por dizer aquilo em voz alta.
— De qualquer forma, acabou.
assentiu devagar, encarando-o sem nem piscar, como se quisesse gravar cada palavra que ele dizia.
E lá estava: o mesmo olhar de antes. Seus olhos eram como uma janela aberta para seus sentimentos, e, por mais que tentasse escondê-los, tudo acabava escapando. Agora que George havia percebido, ele não conseguia mais deixar de notar cada migalha de esperança que dava a ele.
— Que bom, George. Fico feliz por você, de verdade — murmurou.
George se aproximou sem nem perceber. Suas pernas e sua boca pareciam agir por conta própria. Os olhos de eram dois portais gigantes o puxando para dentro, e ele não queria mais fingir que ali não era exatamente o lugar onde queria estar. Gostava dela. Não, amava . E queria que ela soubesse disso. Queria que soubesse que seus sentimentos eram, finalmente, recíprocos. Que ela podia abaixar a guarda. Que eles podiam ficar juntos.
— , na verdade, eu…
Estava prestes a dizer tudo quando o ponteiro do relógio empoeirado de Filch fez um estalo alto. Onze e meia da noite.
Estava quase na hora. Eles precisavam ir.
George engoliu as palavras que estavam prestes a sair. Poderia dizer que era unicamente porque a meia noite estava próxima e precisava levar para o local combinado para que ela pudesse ter um aniversário especial.
Mas não seria inteiramente verdade.
A verdade era que George, agora, via tudo com clareza. Não apenas os próprios sentimentos, mas, principalmente, os de . E, sabendo disso, não parecia justo se declarar para ela no meio daquela sala imunda de Filch. Não quando sabia que ela guardou o que sentia por ele por tanto tempo e com tanto cuidado. Agora, olhando para a garota que tanto gostava, George finalmente entendeu por que Fred precisou fazer uma grande declaração para .
Todas as mulheres mereciam ser conquistadas e mereciam não ter dúvida alguma de que a pessoa que gosta de você realmente está apaixonada. E, acima de tudo, a sua merecia o mesmo. E ele daria.
Então, ao invés de falar, George apenas sorriu. Um sorriso grande, sincero, que fez o coração de bater mais forte.
— Na verdade, está na hora de irmos embora, Srta. Diggory.
espelhou o sorriso dele, mas franziu o cenho, sem entender.
George ergueu a varinha e, com um leve movimento, retirou toda a poeira dos documentos velhos que Filch havia jogado sobre a mesa. Assim que os arquivos pareciam novos em folha, começou a colocá-los de volta nas caixas.
Em poucos segundos, tudo estava organizado e limpo. Exatamente como Filch havia mandado.
— Fragili — murmurou, apontando para as caixas, que deslizaram alguns centímetros até a ponta da mesa.
Ele cruzou os braços, satisfeito.
— Perfeito, não é? Assim que Filch encostar nelas, vão cair. Mas, até onde nós sabemos, organizamos tudo direitinho… e foi o zelador atrapalhado que arruinou nosso trabalho duro.
apenas riu, impressionada.
— Georgie… — começou, tentando argumentar que aquilo não parecia certo.
Mas George mal ouviu. Fazia tempo demais que Diggory não o chamava assim, e ele queria aproveitar aquela sensação mais um pouco.
— Não vou deixar você passar seu aniversário presa nesse lugar, — disse George.
Sem pensar muito, agarrou a mão dela e começou a puxá-la em direção à porta de madeira pesada e envelhecida da sala de Filch. não se soltou. Ao contrário, apenas deixou que ele a guiasse pelo corredor assim que a porta se abriu com um feitiço para destrancá-la.
— E para onde estamos indo? — perguntou ela.
— Você já vai descobrir.
George entrelaçou os dedos nos dela, mesmo que agora isso não parecesse tão necessário. Mas não se afastou. Ela não se importava com o toque dele.
Sentia-se ligeiramente tola por reagir assim só porque sabia que ele não estava mais com Angelina Johnson, mas não conseguia evitar. Talvez, só por essa noite, pudesse se permitir relaxar. Pudesse aceitar ter aquelas borboletas no estômago que sempre sentia quando George chegava perto e que por muito tempo, ela tanto gostava. Quando ela podia ter esperanças. Dessa vez, quem sabe, pudesse apenas se deixar levar. Apenas aproveitar a companhia de George como antes.
Então, não pensou em nada além do momento presente enquanto ele a puxava com delicadeza, apesar da pressa em sair das masmorras. Eles estavam espremidos nas escadas escuras e íngremes quando suas mãos, por fim, se separaram. George precisou empurrar a porta que dava passagem para o mundo acima. não conseguiu evitar um lampejo de decepção.
Foi nesse instante que finalmente falou:
— Não podemos ir ao baile. Seríamos escorraçados.
George se virou ao abrir a porta, a tocha acesa próxima a eles fazendo seu cabelo ruivo brilhar e deixando sorriso dele mais travesso do que o de costume
— Um tempo atrás, você me levou ao seu quarto e disse que queria me mostrar cada estrela que havia em mim.
George abriu um pequeno sorriso, sincero e cheio de significados e estendeu a mão para ela. o encarou por alguns segundos antes que a voz dele pudesse ser ouvida de novo.
— Hoje é a minha vez, . Agora sou eu quem vai te mostrar isso.
Sem pensar em mais nada, entrelaçou seus dedos nos de George novamente.