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Codificada por: Cleópatra

Última Atualização: 30/08/2024

George Weasley sempre foi relativamente feliz consigo mesmo. Tudo bem se não fosse o favorito de todo mundo o tempo todo. Sabia que podia ser pior. Podia ter o complexo de inferioridade do irmão mais novo, Rony, que nem sequer o deixava falar para a garota que gostava desde os onze anos de idade que gostava dela.
Sim.
Podia ser pior.
George sabia que a maioria das pessoas gostava mais do seu irmão gêmeo Fred, que o achavam mais bonito (o que era debatível para o garoto) e mais engraçado (isso ele concordava em partes). Ele não se ressentia com isso, ou ao menos tentava não se ressentir, porque Fred era, de longe, a melhor coisa de sua vida. Amava seu irmão mais do que qualquer outra coisa e sabia que a recíproca era verdadeira. Eles viviam juntos há tanto tempo que George achava difícil conseguir ser diferente algum dia.
Não, o fato de não ser o favorito das pessoas não costuma incomodá-lo. Não sempre. Quer dizer, há coisas que não temos como mudar, não é? E ter nascido com um irmão gêmeo consideravelmente mais carismático que você aparentemente era uma delas. Fred nunca agia como se fosse melhor do que ele, só que havia uma razão para serem Fred e George e não George e Fred e ele estava bem com isso. A única coisa que sempre conseguia alcançar os seus nervos eram as garotas.
Era muito comum as garotas gostarem primeiro de Fred, algo totalmente compreensível e sem tanta importância assim… Se elas não tentassem algo com George depois de serem rejeitadas pelo irmão. Não. Isso para o Weasley era demais, começando pelo fato deles não serem a mesma pessoa e como uma pessoa individual, George ter sentimentos, sentimentos estes que poderiam ser machucados por esse tipo de tratamento. Algo que nem todo mundo parecia sequer cogitar. Ele tentava ignorar isso e achava que se saía bem na maioria das vezes.
Bem, isso até o Caso Angelina acontecer.
Angelina Johnson é (ou era) uma grande amiga dos gêmeos desde que eles entraram em Hogwarts. Eles entraram no time de quadribol ao mesmo tempo e sempre foram próximos. Não era preciso dizer que George passou a gostar da artilheira, não é?
Ele não se lembrava de quando havia acontecido. Talvez naquele ano em que Angelina se tornou capitã do time e passou mais tempo ainda com ele. Ele realmente não sabia. Mas para encurtar essa missa triste, Angelina não sentia o mesmo. Pelo menos não por aquele gêmeo específico. Angelina tentou algo com Fred, que prontamente disse não, não por saber dos sentimentos do irmão, mas porque Angelina era sua amiga e Fred sabia que não namoraria com ela (Fred dizia não querer namorar ninguém e que este era o seu mantra), o que era a vontade da garota e toda a Grifinória sabia.
George não sabia disso. Ele realmente não sabia sobre os sentimentos de Angelina pelo seu irmão. Nunca havia notado e Fred não contou rápido o suficiente que havia acabado de rejeitar a amiga, então, quando, três dias depois, a capitã do time procurou George pedindo para que saíssem porque ela "queria aliviar a mente", George apenas aceitou. Tirou a garota do castelo pela sua passagem secreta favorita.
Sua passagem secreta favorita! Ele fez isso por ela!
E quando ela o beijou no meio do Três Vassouras, George correspondeu!
George deveria ter notado que tinha algo de errado, mas gostava de Angelina há tanto tempo que só conseguiu ficar feliz por estar acontecendo. Então eles voltaram para Hogwarts e quando George foi até o irmão contar o que aconteceu, Fred não conseguiu acreditar no que estava ouvindo. Enquanto dizia o quanto aquilo havia sido asqueroso, péssimo e totalmente irresponsável, George não conseguia sentir nada porque a garota de quem pensava gostar há tanto tempo gostava do seu irmão e havia o beijado... por que? Para preencher o buraco?
Saber que eles eram gêmeos e esse poderia ser o motivo da escolha de Angelina fez o estômago de George embrulhar.
– Ela vai ouvir algumas verdades, ah, se vai! – Exclamou Fred, despertando George de seus pensamentos. O garoto puxou o irmão pelo pulso antes que ele se levantasse e saísse do dormitório deles.
– Não – Disse George – Está tudo bem, Freddie. Quer dizer, ela não tinha como saber.
– George, foi errado!
– Ela não sabia dos meus sentimentos. Assim como você. Não tinha como ninguém saber. Vamos deixar isso entre nós.
– Mesmo assim foi errado. Mesmo sem saber, George, as pessoas não podem sair por aí usando você. Você não pode deixar que façam isso!
– Eu sei, eu sei – disse George desesperado para controlar a impulsividade do irmão – Sei que foi errado. Mas eu posso resolver isso sozinho. Você não precisa se meter, cara.
Fred suspirou e assentiu. Ele era muito rápido quando se tratava de defender os irmãos, principalmente quando sentia que George estava sendo injustiçado, mas o garoto não queria mesmo que aquilo aumentasse. Não queria que Angelina soubesse dos seus sentimentos, só queria esquecer que mais uma vez não havia sido o escolhido, pois daquela vez havia se machucado muito mais do que nas outras.
George era bom em esconder esse tipo de coisa, então no dia seguinte quando Angelina o procurou, ele tratou de encerrar o assunto. Não seria nenhum tipo de estepe, nem pra ela e nem pra ninguém. A garota tentou falar alguma outra coisa, pedir desculpas, mas já era tarde demais. Acabou perdendo os dois amigos. Perdeu George por ter sido extremamente inconsequente com os sentimentos de outra pessoa e perdeu Fred por ter magoado o seu irmão. O quinto ano terminou e o sexto começou e Angelina estava bem enterrada no fundo da memória de George. E assim ele se esforçava em manter.
Contudo, a situação acabou sendo um baque maior do que ele imaginava para sua autoestima. Ele começou a evitar garotas que não fossem a irmã, Hermione ou suas amigas realmente próximas quando estava sozinho, e tudo que fazia era algumas pegadinhas com o irmão quando tinha tempo, pois sua rotina passou a ser dividida entre produção para a futura loja de logros e quadribol.
Sim, essa era a melhor parte. Amava jogar quadribol e se tornava facilmente a melhor parte de sua semana. Até mesmo quando tinha que lidar com Diggory.
ou , como as pessoas costumavam chamá-la, era a batedora do time de quadribol da Lufa-Lufa.
Porque ela era da Lufa-Lufa. George sabia. Havia assistido sua seleção. Sim, George sabia. E ainda assim, sempre que trocava uma palavra com a irritante bruxa do bastão, ele tinha dúvidas. Nunca havia conhecido uma lufana como ela. Todos diziam que os lufanos eram gentis, doces, educados e carinhosos. George gostava dessas características e podia dizer com toda certeza do mundo que Diggory não possuía nenhuma delas.
era exagerada, barulhenta, exibida, um pouco maldosa às vezes e não muito educada – George já havia ouvido a garota xingar no meio do campo vezes demais para concordar com essa última parte. Mas não o entendam mal: George gostava de . Era difícil para George procurar uma memória de infância onde não estivesse. Cedric e costumavam passar muito tempo n'A Toca já que seus pais, Arthur e Amos, eram muito amigos e foram vizinhos durante toda a vida. Então os quatro sempre haviam sido próximos. Eles eram amigos, não tanto quanto Fred e , mas eram.
Fred dizia que tudo que tinha com era amizade, mas George duvidava. Sabia que mais cedo ou mais tarde confessaria gostar do irmão. Era sempre assim com ele.
Pensar que gostava de Fred ajudava George a entender porque a lufana sempre o evitou. Quer dizer, ela não o evitava de verdade, eles ainda saíam juntos e conversavam, mas tinha que admitir que de todo o grupo que estava sempre junto, era a que mais se distanciava dele. Mesmo sempre o provocando e soltando piadas. George tentava não pensar muito nisso, mas quando pensava, sempre via algo um pouco artificial.
Mas não tinha o que fazer: George estava acostumado com as pessoas escolhendo seu irmão. E se havia escolhido Fred desde que tinham uns oito anos, tudo bem. As provocações gratuitas e a rivalidade em campo eram suficientes para George.
Diggory gostava de propagar o absurdo de que era uma jogadora melhor do que George e isso o irritava, o fazia rir e o motivava a ser melhor em cada jogo. Tudo na mesma medida.
– Georgie, eu estava pensando... e se colocarmos um pouco de Aletônia na fórmula do Incha-Língua? Talvez equilibre um pouco dos efeitos colaterais, que acha?
George avaliou por um tempo e depois balançou a cabeça.
– Podemos testar, mas talvez deixe muito amargo. As pessoas não vão querer comer.
Fred suspirou enquanto se sentavam na mesa da Grifinória. Era sábado de manhã e o primeiro jogo de quadribol da Grifinória naquele ano aconteceria em poucas horas.
– E aí, Harry, como está hoje? – perguntou Fred sorrindo para o garoto que apenas deu de ombros. Harry sempre ficava mais nervoso do que eles antes dos jogos, mesmo agora, quando já estava no time há uns bons anos – Escute, acha que consegue pegar o pomo-de-ouro um pouco mais rápido hoje? Marquei de...
– FRED! – Exclamou Spinnet na ponta fazendo uma careta para o ruivo – Não peça essas coisas a ele – Ela balançou a cabeça – Harry fará tudo no tempo dele.
– Que é um tempo muito rápido. Não se envergonhe, Harry, pode dar uma de apanhador mais jovem e mais talentoso o quanto quiser. Estou morta de preguiça hoje... – Katie Bell deu uma piscadinha para Harry e Fred apontou para ela com um sorriso.
– É só a Lufa-Lufa, não devemos ter problemas… – começou Ginny e George quase engasgou. Ergueu a mão para fazer a irmã parar de falar, mas foi tarde demais.
O furacão lufano chegou.
George não fazia ideia de como isso acontecia, mas toda vez que falavam mal do time da Lufa-Lufa, Diggory surgia como um bicho-papão atrás de você. Sempre. Principalmente nos dias de jogos.
– Aí é que você se engana, Ginevra – disse a garota com um sorriso empurrando um garoto da Grifinória para o lado e se sentando ao lado de Fred sem pedir licença uma vezinha sequer – Lufa-Lufa será um problema sim, como tem sido desde o ano passado. Estamos mais do que prontos para chutar a bunda de vocês.
– Você se sentou aqui só para compartilhar suas alucinações, Diggory? – questionou George.
– Me sentei aqui para ficar perto de você – ela piscou e George revirou os olhos – Não gostou?
estava sempre flertando como piada por aí e na maioria das vezes George escolhia ignorá-la. O que, ele já havia percebido, apenas a incentivava ainda mais.
– Parece que alguém aqui acordou de mau humor – disse ela – Se você aceitasse meus convites, talvez acordasse melhor.
– Que convites? – perguntou Fred, curioso.
– De dormir comigo, é claro.
Os irmãos e amigos de George riram com a garota e ele arqueou uma sobrancelha, resolvendo respondê-la a altura. Ele fazia isso algumas vezes.
– Sabe, você nunca fez esse convite – disse ele, pensativo – Tenho certeza que se tivesse, eu teria aceitado. Que tal hoje? Posso te deixar cansada em outros lugares senão o campo hoje.
Fred soltou uma risada mais alta ainda e Lee bateu as mãos na mesa fazendo Hermione Granger olhar de cara feia. por sua vez apenas sorriu mais ainda porque ela nunca se dava por vencida em absolutamente nada.
– Espero que você não tenha dito essas coisas para a minha irmã mais nova, Weasley – disse Cedric aparecendo ao lado do garoto. George abriu um sorriso para o amigo e deu de ombros.
Cedric era o capitão do time da Lufa-Lufa e um apanhador fenomenal, assim como um amigo muito bom também. Ele sim era o tipo de lufano com qual George estava acostumado. George percebeu quando as meninas da mesa pararam de comer para olhar o garoto que havia acabado de chegar e revirou os olhos com um ar de riso.
Era sempre assim. George apenas podia supor que acontecia o mesmo com também, já que, bem, ela era um pouco irritante sim, mas George não era cego. Ele sabia o quanto era bonita. Ela não era tão alta quanto o irmão, na verdade sua cabeça batia no ombro de George. Seus olhos eram , muito mais que os de Cedric, mas seu cabelo não era loiro como o do irmão, era de um castanho amendoado. Quem não estivesse acostumado com ela e a visse ao ar livre sob o sol poderia pensar que era apenas um loiro mais escuro do que o normal, mas George sabia que não. Ele sabia muito bem disso, porque sempre pensara que seu cabelo era muito bonito e que funcionava bem nela. Combinava com sua pele constantemente bronzeada de tanto treinamento e suas expressões nada doces ou confiáveis quanto as do irmão mais velho.
Se bem que, George pensou, piscando em direção a garota, a pele dela não estava tão bronzeada quanto de costume, no máximo um pouco vermelha ao redor do nariz. Ela não havia treinado tanto para esta temporada quanto costumava fazer.
– Deixe de incomodar o time dos outros e vamos tomar café – disse Cedric, puxando a irmã e fazendo com que ela se levantasse da mesa da Grifinória.
– Não estava incomodando!
– Estava, sim – Intrometeu-se Fred, recebendo um tapa forte no ombro em resposta.
– Ninguém te perguntou, Fredinho – ela sorriu falsamente e depois se virou para Ginny – Te vejo depois do jogo?
Sua irmã assentiu e ela se virou para ir para a própria mesa com Cedric.
Pouco tempo mais tarde o time da Grifinória já caminhava confiante em direção ao campo com Angelina Johnson os liderando. Os sete jogadores se posicionaram em frente aos jogadores da Lufa-Lufa enquanto Madame Hooch recitava as regras de sempre no meio deles. Quando a mais velha se afastou para buscar as bolas do jogo, Fred e George sorriram um para o outro.
– Só para vocês saberem, não importa quem ganhe ou perca – começou o irmão, chamando atenção dos colegas em volta.
O castelo ainda vai pegar fogo hoje à noite – completou George com um sorriso de lado.
O sorriso tomou conta das faces ao redor deles, especialmente de Diggory, que não poderia perder a chance de uma piada.
– Vai ser ótimo comemorar a derrota de vocês.
– Vai ser ótimo ver você cair desse pedestal, – disse George e o sorriso tremeu no rosto da garota.
– Já disse para não me chamar assim, Weasley.
George apenas riu.
– No lugar de sempre? – Questionou Cedric não querendo deixar que sua irmã se empolgasse na discussão.
– No lugar de sempre. A senha vai ser o número e nome do apanhador que terminar o jogo de hoje.
– Vocês querem parar? – Interrompeu Angelina de repente, bufando em direção aos gêmeos – Se concentrem no jogo!
George se forçou a não revirar os olhos enquanto a professora voltava. Ele assistiu quando subiu na vassoura com atenção e jogou o bastão em cima do ombro. Sempre foi uma surpresa para ele como uma garota tão pequena conseguia ter tanta força.
Assim que o apito soou, todos estavam no ar e o ruivo deixou que todos seus pensamentos voltassem para o jogo. George se aproximou do irmão e gritou, tentando se fazer presente mesmo com o vento forte que os atacava.
– Por que você não fica perto do gol hoje? – Fred arqueou a sobrancelha – Dean ainda está pegando o jeito e você é mais rápido! Acho que é mais seguro! – Gritou.
Fred assentiu sem muito esforço. Quando se tratava de quadribol, sempre ouvia os conselhos de George. A estratégia dos gêmeos era quase sempre a mesma: George ficava perto do gol para defender o goleiro e Harry, quando precisava, e Fred ficava com as artilheiras do time, mas George sabia que por ser o primeiro jogo de Dean como goleiro o time rival não pegaria leve com ele. Conhecia o bastante para saber que a garota nem sequer piscaria se tivesse a chance de derrubar Dean Thomas da vassoura para que seus artilheiros marcassem alguns gols. Então Fred, que sempre fora um pouco mais rápido, seria a melhor opção para ficar perto dos aros. George foi depressa em direção ao meio de campo, ficando de olho nos movimentos rápidos das três artilheiras de seu time.
– Faz apenas dois minutos que o jogo começou e a goles já entrou como um raio dentro do gol da Grifinória! – Narrou Lee.
George deu um forte impulso na vassoura, chegando bem a tempo de ficar à frente de Angelina e rebater o balaço que vinha seguindo a garota. A capitã sorriu em sua direção, mas ele fingiu não notar, mirando o balaço na direção de Cedric enquanto Lee anunciava:
– O jogo está acontecendo rápido demais! 40 x 50 para Lufa-Lufa! Parece que hoje o Pomo não vai se fazer de difícil: O camisa 7 da Grifinória já o avistou!
Antes que o balaço de George pudesse chegar perto do apanhador da Lufa-Lufa, surgiu na frente. Ela tinha um sorriso desafiador no rosto enquanto erguia o bastão e olhava para o jogador que havia acabado de lançar o balaço em direção ao irmão dela. George se preparou para receber o objeto com o dobro da força que havia lançado, porque essa era a , mas ele não se importava. Arqueando as sobrancelhas, ele retribuiu o sorriso enquanto se preparava para rebater quando fosse a hora. Porém, congelou no lugar, e George percebeu. Parecia que ela havia levado um grande susto, como se não esperasse encontrar George ali, mas ele era o batedor do time. O que mais ela esperava?
O balaço continuava se aproximando e a garota não se mexia, fazendo com que George começasse a se perguntar o que estava acontecendo com ela. Será que estava passando mal? George estava a ponto de impulsionar a sua própria vassoura e tirar a rival do caminho do balaço quando Thomas Orwell, o outro batedor da Lufa-Lufa, apareceu e o rebateu na direção de Katie Bell. George viu quando Thomas se virou para e disse alguma coisa, mas não pôde dar mais atenção do que isso, pois agora precisava proteger Katie.
– Parece que o trio de artilheiros da Lufa-Lufa não está para brincadeiras hoje! – gritou Lee – Summerby, Mcmanus e Cadwallader acabaram de fazer a manobra Hawkshead e estão se encaminhando em direção a Dean Thomas! Que Merlin o proteja! Ou Fred e George Weasley, dá no mesmo!
Ao ouvir isso, George trocou um olhar com Angelina e correu em direção ao irmão que já rebatia o primeiro balaço em direção a Summerby. Diggory, que agora parecia ter acordado de seu transe, o devolveu a Fred com toda força que possuía. George reprimiu um sorriso, agradecendo mentalmente pelo que quer que fosse que fez a garota parar minutos antes. Odiaria ser o receptor do balaço de Diggory.
Fred impulsionou a sua vassoura, mirando dessa vez em Mcmanus e o acertando na nuca. A vassoura do garoto rodopiou, mas não o derrubou, porém foi o bastante para interromper a formação que o time utlizava para avançar em direção aos aros.
– Fred e George Weasley derrubaram a formação da Lufa-Lufa! Não sei vocês, mas me parece que hoje o castelo pegará fogo!
Ao contrário do que pensavam, Summerby e Cadwallader continuaram avançando. Cadwallader recebeu a goles e quando George mirou o balaço que recebera na direção do jogador, ele sorriu e jogou a goles para Summerby antes de desviar. Summerby enterrou a goles bem no canto do aro e George xingou, frustrado.
– E é ponto da Lufa-Lufa! Estamos empatados com 70 a 70, enquanto Potter e Diggory brigam pelo pomo-de-ouro.
se ajustou na vassoura e foi em direção onde os balaços passeavam perto de Cedric. Sem pensar muito, a garota ergueu o bastão e enviou um deles em direção a Angelina Johnson com toda força que conseguia. George voou em direção a capitã, mas não chegou a tempo: O balaço acertou na traseira da vassoura dela, fazendo com que Angelina voasse para a tenda que cobria os alunos da Corvinal, batendo suas costas e escorregando até o chão.
George deu um soco no ar. Havia sido lento demais e agora o time estava com uma pessoa a menos!
– Não se preocupe, Georgie – disse uma voz suave acima dele – Não faz diferença.
Ele respirou fundo antes de se virar para . Quando o fez, percebeu que ela não olhava para ele, mas sim em frente. Quando seguiu seu olhar, George franziu os lábios em frustração. Cedric estava muito à frente de Harry, sua mão já esticada enquanto uma pequena bola brilhava perto de seus dedos.
– Cedric Diggory acabou de pegar o pomo-de-ouro! A vitória de hoje é da Lufa-Lufa! Como eu previ, o fogo tomou conta do castelo e foi pelas mãos do apanhador Diggory, número 7!
– Vejo você mais tarde, Georginho – disse . Seu sorriso suave fazendo com que George não conseguisse não retribuir mesmo após a derrota. Era algo nela. Era impossível não gostar dela, mesmo que conseguisse ser extremamente irritante quando queria. E ela sempre queria quando se tratava de George.
virou a vassoura, indo em direção ao resto de seu time que comemorava, mas não antes de virar uma última vez e jogar um beijo no ar para George como despedida.
Essa garota ainda seria a perdição de alguém. George apenas agradecia por não ser ele.



Diggory gostava de ser Diggory, gostava mesmo, mas ela amava ser Diggory. E ela sentia que apenas era quando estava em Hogwarts longe dos pais.
Cedric era o seu irmão e melhor amigo e ela o amava, mas ele havia criado um padrão inalcançável que os pais insistiam que ela deveria seguir. E mesmo quando ela seguia, não era tão impressionante assim, afinal, Cedric já havia feito isso antes.
Em Hogwarts ela não era só a irmã mais nova de Cedric, em Hogwarts ninguém esperava que ela tirasse notas tão altas quanto as do irmão, ninguém esperava que ela fosse tão boa quanto ele em absolutamente tudo e ela gostava disso. Ninguém se importava se era uma Diggory ou não.
Quando era criança costumava fazer tudo ao contrário do irmão mais velho: Se Cedric torcia para o Chudley Cannons, ela torceria para as Holyhead Harpies, se o doce favorito de Ced eram feijõezinhos de todos os sabores, o de seria sapinhos de chocolate. Era automático. Ela queria tanto mostrar aos pais que deviam parar de esperar que fossem a mesma pessoa que não conseguia evitar. Contudo, isso mudou depois de entrar em Hogwarts. Ela pensou que seria ruim ir para a mesma casa do irmão, que todos começariam a dizer que eles eram iguais, que era algo de família e a esperar coisas grandes dela também, mas não foi isso que aconteceu.
Na Lufa-Lufa, percebeu que ninguém esperava que ela fosse igual a Cedric. Na Lufa-Lufa, se sentiu aceita exatamente como era. Seus colegas e professores começaram a apontar as diferenças entre os dois, mas não de um modo ruim como o pai costumava fazer, mas a elogiando. Não diziam que Cedric havia aprendido aquilo três anos antes, como Amos Diggory, mas sim que aperfeiçoou a sua habilidade.
Não há nada no mundo que se orgulhe mais do que ser lufana. Ser lufana permitiu que ela se enxergasse e gostasse do que via. Claro que as pessoas que conheceu durante o caminho também ajudaram nisso, especialmente sua melhor amiga sonserina, Black.
e se conheceram na aula de Poções durante o primeiro ano quando explodiu a poção morto-vivo que Severus Snape havia passado para os alunos reproduzirem. Um garoto da Corvinal ao seu lado acabou sendo atingido minimamente pelo resultado da poção e ficou extremamente furioso.
nunca foi muito boa em conflitos diretos. Ela era boa em ironias, sarcasmo e coisas do tipo, mas não se sentia bem brigando com alguém de fato. Ela só gostava de brincar, principalmente quando era mais nova. Foi nesse momento que apareceu. Black nunca teve problema com conflitos, sejam eles diretos ou não, muito menos aqueles que provocava sem querer.
Elas viraram amigas naquele momento, e desde então, propagava a palavra de que todos deveriam ter ao menos um melhor amigo sonserino.
Aos poucos, conforme crescia entre centenas de crianças diferentes, percebeu que tudo bem gostar do mesmo doce que o irmão, terem a mesma disciplina favorita ou a mesma paixão pelo quadribol, porque eles eram, sim, bastante parecidos e aprendeu a apreciar isso da melhor maneira possível. Embora seus pais ainda fossem um problema nas férias, ela agora estava muito melhor.
Foi por isso que quando Fred contou a o que Angelina Johnson havia feito com George durante o quinto ano, ela mal conseguia acreditar. Não era preciso ser muito inteligente para saber o quanto George Weasley era um cara legal. Simplesmente não entrava na cabeça de porque alguém o trataria daquela forma. E sabia que George gostava de Angelina, o garoto nunca escondeu isso muito bem. Tinha certeza que Angelina sabia disso também, porque a capitã da Grifinória nunca foi burra.
Era o que pensava, e também foi por isso que a garota usou um pouco mais de força do que o normal ao mirar o balaço em direção a Johnson no primeiro jogo Grifinória contra Lufa-Lufa no início do campeonato quando eles voltaram para o sexto ano.
As famílias Diggory e Weasley sempre foram próximas. Amos e Arthur eram muito amigos e vizinhos, se lembrava de Cedric segurando sua mão e a levando para casa da família de ruivos quase todos os dias ao final da tarde quando eram menores. Então a amizade com os gêmeos e toda a família não era algo novo. Eram todos próximos. Para , às vezes, próximos até demais, o que fez com que, durante a infância, tivesse tido uma quedinha por cada um dos irmãos de seus amigos.
Aos dez anos, ficara encantada com Bill Weasley, seu longo cabelo ruivo, sua autoridade de Monitor-Chefe e jeito suave de falar; aos onze foi Charlie que chamou sua atenção, o apanhador mais talentoso e popular da escola na época, tão descolado e gentil ao mesmo, especialmente quando estavam perto de criaturas mágicas; aos doze anos não conseguiu evitar ficar um pouco obcecada por Percy, que a cativou com os infinitos fatos aleatórios de História da Magia que compartilhava com ela, assim como os livros que a emprestava e o ar inteligente que os óculos finos o traziam.
Mas então, é claro, ela cresceu, e com a idade percebeu que embora Bill fosse muito legal, ele também era velho demais pra ela, Charlie foi para Romênia, e o ar inteligente e fofo de Percy deu lugar a um comportamento um pouco esnobe e arrogante que não agradou em nada a lufana.
Por muito tempo, achou essas fases de criança engraçadas. Quer dizer, que criança nunca havia tido uma queda pelo irmão mais velho do amigo?
Fred e George não tinham culpa de terem irmãos legais e ter sido uma criança muito influenciável. Depois de Percy, a lógica apontava que iria gostar de um dos gêmeos, seus amigos, e isso ela não podia permitir, então decidiu que depois de Percy e sua evolução nada agradável colocaria um ponto final nas paixonites que cultivava pelos Weasleys ao longo dos anos. Principalmente porque já no terceiro ano, haviam poucas garotas na Torre da Grifinória que não haviam beijado um dos gêmeos. E só de ouvir as histórias que Fred e George contavam, como amiga, já a incomodava, imagine se fosse idiota o suficiente para sentir algo por eles? Não, muito obrigada.
seguiu à risca essa regra. Seguiu mesmo… o máximo que deu.
Tudo mudou naquele dia durante o quinto ano.
Fred e George organizavam festas em Hogwarts desde que estavam no terceiro ano. No começo eram apenas alguns amigos próximos como ela, Lee, Cedric, , Angelina e alguns outros colegas, a maioria eram jogadores de quadribol do mesmo ano que eles, porém, conforme foram ficando mais velhos, as festas foram aumentando. No quinto ano eles começaram a trazer bebida. O local era sempre o mesmo: uma sala abandonada no sexto andar, mas eles nunca foram achados.
Era tudo muito organizado, tinha que admitir. Eles sempre sabiam se tinha algum professor por perto graças ao Mapa do Maroto, e o aviso era sempre o mesmo: O castelo pegará fogo... insira aqui o dia marcado pelos garotos. Tinha uma senha, é claro, que as pessoas só ficavam sabendo no dia do evento. Às vezes eles conseguiam transmitir por Lee durante as narrações dos jogos, mas era mais difícil. Geralmente Fred e entregavam bilhetes que se autodestroem depois de um minuto com a palavra secreta.
No começo as festas eram mais reuniões clandestinas na madrugada que poderia ocasionar um beijo ou três entre alguns alunos, mas quando George roubou a primeira garrafa de hidromel, eles souberam que tudo mudaria. Cedric aprendeu a fazer o Abaffiato apenas para silenciar a sala, e quando foi convidada por sua prima, Nymphadora Tonks, a passar uma semana na casa da sobrinha trouxa de Ted Tonks durante a páscoa e insistiu em levar , as coisas mudaram para sempre. Em todos os sentidos.
se lembrava de ter ido correndo até a sala do sexto andar quando voltou, louca para mostrar a engenhoca trouxa que ela e haviam comprado. Assim que viu, soube que George e Fred iriam adorar.
– Freddie! – disse, animada fechando a porta atrás de si – Você não vai acreditar no que eu com... – ela parou de falar quando o ruivo de costas se virou, sua voz caindo alguns decibeis de surpresa – Ah, oi, George.
– Sim, apenas eu – respondeu ele com um sorriso irônico e franziu o cenho – Sinto muito.
– Não foi isso que eu quis dizer – se aproximou, sentando-se na mesa atrás de George e sendo acompanhada por ele – Fred disse que estaria aqui, mas não falou de você. Só fiquei surpresa.
Ele apenas deu de ombros, mas continuou se sentindo incomodada com a expressão no rosto do Weasley.
– Estou falando sério, George – insistiu, avaliando o rosto dele – Aconteceu alguma coisa?
– Não – Ele tentou sorrir – Está tudo bem. Só estou brincando com você. Se continuar sendo tão legal, eu vou estranhar, .
– Você sabe que sempre sou legal com você, Georgie – piscou e George revirou os olhos – Agora, olhe só isso. Quando comprei, pensei imediatamente em você e Fred.
– E o que diabos é isso? – Quis saber quando tirou da mochila um objeto de plástico redondo cinza com alguns botõezinhos em cima e dois fios enrolados em volta dele.
– É um discman – respondeu confiante.
George suspirou, esperando uma explicação que nunca veio.
– E o que diabos é um discman, ?
A lufana riu da expressão do amigo.
– Vai ser o ponto alto da sua pequena festinha de hoje à noite.
A exasperação no rosto de George sumiu na mesma hora e ele se aproximou. , que já havia desenrolado os fios do fone de ouvido, pegou um deles e o encaixou no ouvido de George. Ele fez menção de tirar, mas a garota respondeu com um tapa em sua mão, o mandando ficar quieto.
– A prima trouxa de Tonks me ensinou como usar – disse – É nisso aqui que os trouxas ouvem músicas hoje em dia. Quer dizer, existem uns maiores, mas eu achei que esse seria mais fácil de esconder, sabe?
puxou o que agora conhecia como um CD de áudio de dentro da mochila, como se estivesse acostumada a fazer aquilo a vida toda. Abriu o discman e o colocou lá dentro. George observava tudo com atenção sem dizer uma palavra. gostava disso. Fred sempre fazia mil e uma perguntas, mas George sempre esperava o momento certo para falar.
– Ela gravou algumas dessas coisas com músicas trouxas para nós – disse com um enorme sorriso – Também fiquei surpresa com a facilidade deles. Quer dizer, música sem nenhuma vitrola mágica?! – ela riu, dando de ombros – Mas as músicas são boas. Muito boas. E isso aqui é fácil de esconder até mesmo nas roupas. Pensei que poderíamos escutar um pouco hoje à noite – dizendo isso, ela apertou o botão de play.
sorria enquanto assistia as reações de George irem de ceticismo a surpresa e depois pura admiração.
, isso é incrível – disse ele, incrédulo e nas nuvens enquanto ouvia o que acreditava ser Tim McGraw. Sempre começava por ele.
sentiu seu corpo se arrepiar ao ouvir George a chamar de e não conseguiu evitar que seu sorriso aumentasse. Ela o chamava de Georginho para provocá-lo então George adotou “” para equilibrar as coisas. Desde o primeiro dia que George usou esse apelido, quis sorrir. Sabia que era algo irônico, afinal ele havia a chamado assim no meio de uma partida de quadribol depois de quase derrubá-la da vassoura. Ela queria dizer que havia odiado o apelido idiota, mas na verdade sentia que tinha gostado. Só que isso era absurdo, não é? Ela, gostando mesmo de um apelidinho idiota que George Weasley inventou apenas para encher o seu saco? Claro que não!
tentou muito fingir que nada estava acontecendo, mas foi ficando mais difícil, especialmente quando George a chamava de apenas por chamar, sem nenhuma ironia ou provocação, fazendo com que ela sentisse que seu coração podia parar de bater sem nenhuma razão plausível para isso.
pigarreou, sentindo que seu rosto entregava todos seus pensamentos, pronta para mudar de assunto e fingir que tudo isso não havia passado pela sua cabeça pelo que deveria ser a vigésima vez.
– O que está ouvindo?
George demorou um pouco para responder, estava com os olhos fechados e balançando a cabeça no ritmo da música.
Could you be the most beautiful girl in the world? – Ele cantou baixinho, e antes que pudesse se assustar, ele colocou o outro lado do fone em seu ouvido com um sorriso que ia de orelha a orelha. Era Prince. O cantor favorito de Dora e sua prima, e o primeiro cantor trouxa que havia ouvido.
– Ah, essa é boa… – ela começou, mas George não estava ligando, porque havia levantado e levado consigo – O que está fazendo, George? – Quis saber com uma risada nervosa.
, essa é a provavelmente a melhor coisa que você já fez na vida! – Ele exclamou – Esses trouxas sabem fazer música, não é?
– Sabem... – Murmurou em resposta, percebendo que George ainda não havia soltado sua mão. Ela apertou o discman contra o peito como se aquilo pudesse protegê-la, sentindo suas pernas ameaçarem falhar quando George a girou com cuidado para que o fone não saísse de seu ouvido.
It's plain to see, you're the reason that God made a girl, ooh – ele cantava junto com a música, parado na frente de , estalando os dedos e balançando os braços ao lado do rosto.
Foi naquele momento, quando George abriu os olhos e cantou olhando diretamente para ela, com um sorriso brilhante no rosto e com os cabelos longos caindo perfeitamente ao lado de seu rosto o deixando ainda mais fino e lindo sob a luz do sol fraca que entrava pela janela que soube que havia se encantado por outro Weasley novamente. E não qualquer Weasley: seu amigo de infância, George Weasley, que ela irritava, brigava e até ameaçava com uma queda de vassoura vez ou outra.
E o pior de tudo: Não parecia nada como brincadeira de criança daquela vez.
George segurou os ombros de ainda se mexendo conforme a música.
– Isso sim é magia, ! Será que a prima de Tonks manda um para mim?!
riu fracamente, porque essa parecia ser a única resposta que seu corpo seria capaz de dar enquanto George Weasley ainda estivesse parado na sua frente brilhando como o próprio sol.
Mais tarde naquele mesmo dia, ela não conseguiu enganar a si mesma quanto ao que havia sentido na sala vazia mais cedo, mesmo tentando muito.
Os gêmeos eram a alma da festa depois que e Fred aprenderam a lançar um feitiço de alto-falante no discman, fazendo com que não precisasse dos fones de ouvido. Ao ver o garoto dançar ao lado do irmão como se deslizasse no meio da sala ao som de Tootsee Roll, teria sorte se ninguém percebesse que ela acompanhava cada passo ritmado que George dava, como se tivesse ensaiado horas e horas com o irmão – coisa que ela sabia que não havia acontecido.
não podia dizer que era boa com esse tipo de coisa, não. Muito menos quando sabia que o garoto que estava começando a gostar gostava de outra pessoa. Ela preferiu manter sua relação com George do mesmo jeito que sempre fora: eles eram amigos. E ela continuaria o provocando e competindo com ele em tudo que poderia. E assim seria até ela poder ficar longe dele definitivamente, o que com certeza faria essa pequena atração passar. Talvez até antes disso.
Então o quinto ano acabou, e ela agradeceu muito por isso. fez questão de ficar bem longe d'A Toca durante as férias naquele ano, dizendo a Fred que não podia ir por estar produzindo um projeto de férias para a Professora Sprout. Cedric sabia que era mentira, mas imaginou que a irmã devia estar passando por uma fase e resolveu deixá-la em paz. Ela agradeceu por isso, pois realmente estava passando por uma fase. Provavelmente a pior de sua vida, se perguntasse a ela.
realmente pensou que esse tempo longe a ajudaria. George não era o primeiro garoto que gostava e todos eles, sem exceção, ela havia conseguido esquecer mantendo uma pequena distância.
Que idiota! Era tudo que a garota conseguia repetir para si mesma, pois tudo que fez durante o verão foi pensar em George Weasley, pois tudo fazia com que lembrasse dele. Desde pelúcias antigas em cima de sua cama ou fotos em grupo coladas na parede a jogos do Puddlemere United: tudo fazia com que pensasse nele. Estava praticamente matando-a aos poucos não ter George ao seu lado comentando a performance do batedor do time que torciam.
Acabou percebendo, com um misto de felicidade e irritação dentro de si, que o que aconteceu na sala 27 do sexto andar já estava para acontecer em algum momento, ela só não havia percebido antes. Para ser justa consigo mesma e com a verdade - e sempre era - a lufana se deu conta de que uma certa fagulha por George Weasley sempre havia existido dentro dela.
Como quando ele contou que havia dado o primeiro beijo com Katie Bell e ela se sentira subitamente enjoada, ou quando George pediu, cheio de sorrisos, que ela o apresentasse a Phoebe, sua colega de casa e em troca ele apresentaria um de seus amigos da Grifinória para ela, e quis desaparecer na mesma hora. O que foi totalmente o oposto do que havia sentido quando Fred pediu que ela falasse dele para .
Foi pior ainda quando de fato foi idiota o suficiente para apresentar os dois e eles começaram a sair, fazendo com que Phoebe insistisse em ir a encontros duplos – ou triplos, se Fred e quisessem participar. não sabia como dizer não pela sexta vez de uma maneira nova, pois não havia ninguém no mundo capaz de fazer com que ela saísse com George e Phoebe juntos. Ela nem sequer entendia na época porque odiava tanto a ideia, apenas odiava, e isso era o bastante.
A pequena chama também estava lá no segundo ano quando James Leerey, o antigo capitão da Lufa-Lufa, anunciou e Thomas como os novos batedores e se virou para arquibancada com um sorriso de orelha a orelha procurando os amigos e viu Fred e pulando e assoviando, e amou isso, mas amou ainda mais quando seu olhar pousou em George que tinha um enorme sorriso no rosto enquanto batia palmas e a olhava com admiração. George. A olhando com admiração!
Como ela não havia percebido? Estava na cara dela durante toda sua vida! Por Merlin, estava exposto em praticamente cada ação que ela tinha perto de George. Isso era terrível. Ela se sentia cada vez mais burra por nunca ter se permitido perceber.
Quando voltou para Hogwarts durante o sexto ano, teve a plena certeza que estava perdida. A primeira vez que viu Fred e George entrando no salão, quase engasgou com a própria comida. O cabelo de George agora estava muito mais curto, algumas mechas ruivas caíam teimosamente em sua testa e ele e Fred pareciam consideravelmente mais altos e fortes. não sabia se as férias haviam mudado os garotos como nunca antes ou se ela apenas havia se afastado por tempo demais para não acompanhar as mudanças em tempo real como sempre havia feito.
De qualquer forma, eles ficaram absurdamente mais bonitos. amava Fred, era o seu amigo mais próximo, seu melhor amigo, mas George... George era... bem, George. E isso já era bastante coisa.
Ela assistiu enquanto os pescoços das garotas viravam para acompanhar os gêmeos caminhando despreocupadamente em direção a mesa da Grifinória e se sentiu enjoada por saber que era uma delas agora. Era esse o seu destino? Ser uma das alunas eternamente apaixonadas por um dos gêmeos? queria abrir um buraco no chão e desaparecer. Era humilhante demais saber que estava sentindo tudo aquilo por um de seus amigos mais antigos.
Ela sempre soube que aquele dia na sala 27 do sexto andar era apenas George encantado pela engenhoca trouxa e por Prince. Ela não era a garota mais bonita do mundo. Mas, algumas vezes, geralmente quando se sentia muito pouco generosa consigo mesma, se deixava dormir imaginando como seria se George Weasley realmente a achasse a garota mais bonita do mundo como na música. Como a garota para qual Prince escrevera aquela música. Como seria ser essa garota?

*

Havia algo que não saía da cabeça de George. Ele já havia afastado todas as cadeiras e mesas para o canto da sala, quase montando um pequeno labirinto apenas para que os alunos que viessem para festa tivessem espaço para dançar mais tarde. Já havia até mesmo arrumado a mesa mais alta do local para controlar o discman e as músicas que ouviriam noite adentro, ainda assim, ele continuava se perguntando: O que diabos havia acontecido com durante o jogo? Por que ela havia congelado de repente? Por que não havia rebatido o balaço em direção a ele? Aquilo estava realmente o perturbando, pois nunca havia pensado tanto assim em .
Quer dizer, pensava o bastante, mas não com dúvidas. George não gostava de não entender as coisas.
– Eu ia perguntar a senha, sabe – disse Fred na porta que havia acabado de abrir após duas batidas precisas – Mas você eu deixaria entrar mesmo que fosse uma armadilha do Filch.
– Dá um tempo, Weasley – respondeu empurrando a porta e entrando junto de e Cedric, que riam.
– Eu não sei por que você pisa tanto em mim, – continuou Fred.
George reprimiu uma risada enquanto organizava a mesa de bebidas. Seu irmão estava sempre tentando algo com Black, mas a garota parecia ser imune demais aos charmes de Fred. Uma surpresa, pois as garotas raramente eram. Muito menos quando ele estava tentando tanto. Se bem que para ser justo com , na maior parte das vezes Fred parecia estar brincando.
– Deve ser porque eu te conheço há tempo suficiente – retrucou e ele colocou a mão no peito, fingindo-se ofendido enquanto a garota jogava os cabelos loiros para trás. Ela encontrou o olhar de George e sorriu, lançando um beijo no ar para ele. George sorriu de volta.
– Não fale assim com ele, , você sabe que Fred é sensível! – se intrometeu com um ar divertido.
George achava estranho que fosse tão tranquila sobre aquilo. Não parecia gostar tanto assim de Fred nessas horas.
revirou os olhos, resmungando algo como ser culpa de que Fred era tão mimado e ignorando os comentários dos amigos ao ir para a mesa onde ficava o discman, enquanto Cedric já havia começado a proteger a sala com feitiços. Em poucos segundos a música já estava tocando e as luzes ficaram baixas e coloridas. George sorriu, percebendo o quanto melhoraram com o passar do tempo.
Logo depois, o resto dos alunos começaram a chegar. Dessa vez, Fred e George haviam decidido começar a cobrar. Apenas Cedric, , e Lee não pagariam, pois eram seus amigos mais próximos e sempre ajudaram na arrumação. George havia dito que dividiria os lucros com os amigos, mas eles recusaram. foi a primeira a dizer que não, pois já sabia que a ideia de cobrar era para a loja de logros que ainda estava tomando forma. Quando ela disse que não, os outros apenas a seguiram.
George ficou muito grato por isso. Algumas vezes se mostrava mais gentil do que parecia. Com ele, pelo menos. Fred sempre a elogiava, mas George não tinha com o que comparar. Eram amigos, é claro, George a ajudaria no que precisasse sem pensar duas vezes, mas a relação dos dois sempre parecera ter uma barreira invisível erguida por ela que ele nunca conseguiu entender muito bem. Não que tivesse se dado ao trabalho de fazer isso, ele tinha que admitir.
Bom, mas porque precisavam de dinheiro, os alunos do quarto ano foram convidados também. Agora Harry, Rony e Hermione estavam em um canto mais afastado com Dean, Seamus e Neville. Até mesmo Draco e Pansy estavam lá. As festas dos gêmeos não eram exatamente um segredo, mas se você não fosse convidado, você não os acharia. Era simples assim.
Draco já havia pedido para participar, mas era muito novo e muito babaca. Dele e Pansy, Fred cobrou 10 galeões cada, o dobro do valor normal, apenas porque sim. , que era prima do garoto, também ameaçou fazer com que ele e sua amiga desaparecessem caso alguém ficasse sabendo. George achava muito engraçado como Draco obedecia a prima mais velha em tudo depois que se entenderam de vez há quase dois anos.
– Se vocês não conseguirem o dinheiro da loja até o fim do ano, algo definitivamente vai estar errado. Provavelmente caixa dois.
George riu enquanto entregava um copo de cerveja amanteigada a .
– Então é melhor eu ficar de olho em Fred?
– Ah, com certeza é.
O olhar de foi parar no gêmeo na pista de dança, que já estava cheia, mostrando às pessoas como se dançava Bad do Michael Jackson, um trouxa que fazia músicas muito boas e era quase sempre o sucesso de todas as festas que eles organizavam.
– Ela só coloca essa música por causa dele – disse com um sorriso – , eu quero dizer. Ela gosta de como ele fica animado.
George arqueou as sobrancelhas, surpreso. Isso era surpreendentemente carinhoso da parte de . E ela nunca era carinhosa com Fred.
– Ela devia dizer isso a ele.
soltou uma risada e deu um gole em sua bebida.
– Ela jamais faria isso – respondeu por fim – Mas a festa está ótima para comemorar a nossa vitória, sabia? Muito obrigada, Georginho.
George revirou os olhos, mas antes que pudesse responder foi interrompido.
– É – disse Angelina – O que me deixa a pergunta: por que ela está acontecendo?
George viu quando respirou fundo e deu mais um gole na própria bebida, um tão grande dessa vez que esvaziou o copo.
– O sentido da festa não é comemorar a vitória da Grifinória, Angelina – respondeu George, indiferente.
A garota pareceu gostar de receber uma resposta com mais de três palavras dessa vez e, aproveitando o gancho, perguntou:
– George, eu posso falar com você?
– Eu prefiro que não – respondeu na mesma hora dando um gole em sua cerveja amanteigada. riu baixinho, atraindo um olhar nada amigável de Angelina.
– De repente aqui ficou muito cheio e Billie Jean começou a tocar, e você sabe que eu adoro essa. Vejo você depois, Georgie – disse com um sorriso e uma piscadela em direção ao amigo, surpreendendo tanto George quanto Angelina. Depois que a garota saiu, a capitã do time se virou para o ruivo.
– O que há de errado com essa garota? Eu nunca fiz nada com ela!
George não respondeu, apenas assistiu enquanto deslizava para o meio da pista jogando seu cabelo castanho-claro para trás enquanto passava as mãos suavemente pela sua saia azul-escuro, fazendo com que o tecido subisse e descesse milimetricamente.
Um segundo depois Thomas Orwell, seu parceiro de time, se projetou ao lado da garota, como se estivesse esperando a noite toda o momento em que ela pisaria na pista. Ele se curvou até estar a centímetros de seu ouvido e disse algo, apenas sorriu e assentiu com a cabeça. Os dois começaram a dançar juntos na mesma hora.
George terminou a própria cerveja em um só gole e desviou o olhar.
– É difícil saber, Angelina, já que você é alguém tão agradável, não é? – Respondeu displicentemente.
– George, eu realmente sinto muito. Eu não devia... não... foi errado, eu sei disso agora.
– Já disse que está tudo bem.
– Você diz isso, mas não fala mais comigo!
– Não posso te desculpar e querer ficar longe de você ao mesmo tempo?
– Pode, mas... – Ela deu um passo à frente, sua mão indo parar na gola da camisa do Weasley – Eu realmente gostei daquele dia, Georgie. Será que nós não...
– Não – respondeu categoricamente. George tirou a mão de Angelina de sua camisa, encheu seu copo de Whisky de Fogo e se virou, saindo o mais rápido que podia de perto de Angelina Johnson. O garoto não queria e não ouviria nada que a capitã do time tivesse para dizer.
O coração de George deu um salto com a proximidade dela, os olhos fixos nos seus fizeram o ruivo se sentir mal e perdido. Seria possível ainda gostar dela? Pelo amor de Merlin, isso era o que ele menos queria. Machucava o seu orgulho como nada nunca havia machucado ainda ter sentimentos pela garota que apenas o procurou porque seu irmão gêmeo a rejeitou.
Em menos de uma hora, George já havia bebido muito mais do que deveria. Ele soube disso quando, no meio de um beijo, se esqueceu de quem estava beijando.

*

não tinha ideia do que Angelina havia dito a George, mas queria jogá-la na parede e socá-la de qualquer maneira. Algo que a garota Diggory nunca sentiu vontade de fazer, então provavelmente queria dizer alguma coisa. dançou com Thomas, Fred, Lee e um garoto da Corvinal que ela havia esquecido o nome e quando Smooth Criminal começou a tocar, ela foi até Rony, Harry e Hermione e os trouxe para a pista de dança, fazendo com que os três também se divertissem como os outros. Era sempre assim quando alguém chegava lá pela primeira vez, pior ainda quando eram os mais novos.
Mas mesmo enquanto fazia todas essas coisas, ela não conseguiu deixar de reparar em George bebendo caneca atrás de caneca e dançando até ficar vermelho entre Katie e Alicia. Também não conseguiu deixar de reparar quando Claire, uma garota da Lufa-Lufa, se aproximou e em menos de dois minutos os dois se beijaram, e nem quando aconteceu a mesma coisa, mas com uma garota da Grifinória e depois outra da Sonserina.
Não que fosse uma novidade para ver as pessoas se beijarem na sala 27. Fred estava naquele exato momento no canto beijando uma garota aleatória só para deixar com ciúmes – algo que ele nunca admitiria, assim como também nunca admitiria estar dançando colada com Cedric apenas para dar o troco. Lee e Katie também estavam mandando ver atrás de algumas mesas. Ela própria, mesmo contra todo seu bom julgamento, acabou beijando Thomas Orwell, seu companheiro de time, outra vez.
Então sim, já havia visto George com outras garotas. Obviamente isso só começou a incomodá-la depois daquela fatídica tarde naquela mesma sala – ou assim ela insistia. Mas naquela noite a incomodou duas vezes mais por saber que ele estava fazendo aquilo por causa de Angelina Johnson.
se desvencilhou dos braços de Miguel Corner e foi na mesa em busca de mais uma cerveja amanteigada. Depois de ver o quarto beijo de George, a festa estava começando a cansá-la de verdade. Pegou seu copo e começou a procurar algum lugar calmo para ficar.
No fundo da sala, perto de onde Fred e George haviam empurrado todas as mesas, encontrou um pequeno espaço contra a parede e quase suspirou de felicidade. Olhou para os lados e correu até lá. Assim que se sentou, levou um susto.
George estava sentado embaixo de um amontoado de mesas, escondido de qualquer pessoa que não estivesse exatamente onde estava.
– George! Que susto! O que está fazendo aqui?
Ele tombou a cabeça para o lado, olhando diretamente para com um sorriso bêbado nos lábios vermelhos. Sua testa estava suada, fazendo com que alguns fios de cabelo ficassem presos nela. Seus olhos pareciam prestes a se fechar a qualquer momento. Ele era a figura perfeita do que acontece quando você bebe demais.
Infelizmente, o achou adorável.
– De quem está se escondendo, ?
– De ninguém.
– Thomas? – Sugeriu.
franziu o cenho.
– Por que eu estaria me escondendo de Tom? – George fez uma careta ao ouvir o apelido do garoto – Ele é meu amigo.
– Ele gosta de você.
– Você está bêbado.
– É claro que estou, mas isso não muda que ele gosta de você! Me escute, Diggory. Também sou homem, caso você não tenha percebido.
Ah, eu percebi, George, respondeu ela dentro da sua cabeça.
– Não é porque as pessoas se beijam que elas se gostam – disse, dando um gole em sua cerveja – Se fosse assim, você estaria apaixonado por metade dessa festa hoje.
Ele riu.
– Estava me espionando?
– Não, apenas tenho olhos – ela suspirou, cansada e antes de pensar, se virou para George. Se arrependeu no mesmo instante, pois George parecia ter se aproximado e ainda tinha o mesmo sorriso bobo nos lábios – O que está fazendo tão perto, garoto?
– Me dê um gole – pediu – A minha acabou.
– Só se eu fosse louca. Já vamos ter trabalho o suficiente para tirar você daqui nesse estado.
– Não estou tão bêbado assim – disse ele, os lábios formando um biquinho frustrado que fez rir.
– De quem você está se escondendo? – Perguntou ela. George arqueou as sobrancelhas e deu uma risadinha. Não estava tão bêbado a ponto de esquecer que ela retrucou com a mesma pergunta que ele havia feito há pouco.
– De todo mundo – respondeu sincero – E você? Diga a verdade. Ninguém vem para cá sem estar se escondendo.
riu.
– E eu achando que você estava bêbado – bebeu mais um pouco e repousou o copo ao lado de seus pés – Acho que estou me escondendo de mim.
George soltou um assovio.
– Forte, forte demais, .
Ela riu novamente.
– O que você fez para estar incomodando você mesma?
deu de ombros e mirou a pequena luz que acertava no canto da parede e brilhava em vermelho, azul e verde.
– Só estou pensando demais em coisas que não deveria.
George não respondeu e soltou um palavrão quando olhou para o garoto e ele estava furtivamente bebendo sua cerveja.
– George, pelo amor de Morgana! – Exclamou, puxando o copo quase vazio de volta. Ele apenas riu e se aproximou mais ainda de onde estava, saindo completamente de baixo das mesas e ficando ombro-a-ombro com ela – Sério, Fred vai te matar. Vai mesmo. também. Você sabe que ela odeia quando você passa mal.
– Você pode ajudá-lo a me levar para o quarto – disse, ignorando a falação da lufana – Vai ser bom para vocês. Mais tempo sozinhos.
franziu o cenho e se virou na mesma hora para encarar George.
– Por que eu precisaria de mais tempo sozinha com Fred?
– Você não gostaria?
– Não tem o que gostar ou desgostar nisso, George – piscou, sem entender onde ele queria chegar.
– Você gosta dele, é por isso que seria bom – George explicou revirando os olhos como se ele fosse a única pessoa inteligente ali.
Levou um tempo até que processasse totalmente a fala de George e quando entendeu, sua risada provavelmente foi mais alta do que pretendia. O ruivo a encarou, seus olhos mostrando o que ele pensava naquele momento: Ela havia perdido a cabeça de vez.
respirou fundo, mas não conseguia parar de rir. Era engraçado e irônico demais o garoto achar que ela gostava de seu irmão. De seu irmão!
Talvez ela fosse melhor nisso de esconder os sentimentos do que se dava crédito.
– George, de onde você tirou isso? – Ela conseguiu dizer depois de um tempo – Por que eu gostaria de Fred?
– Você... Não gosta?
– Não! – Ela continuava rindo – Por Merlin, é claro que não. Nos conhecemos a vida toda!
– Bom... – George parecia sem palavras e estava gostando daquilo.
– Sério, de onde tirou isso, Georgie?
– Eu... – O ruivo se mexeu no chão e puxou o copo vazio para si – Não sei. Todas as garotas gostam dele.
O sorriso de diminuiu e ela levou um susto quando George ergueu os olhos e a olhou sério.
– Se não gosta dele, então por que o escolheu?
A lufana piscou.
– O escolhi? Quando eu escolhi Fred para alguma coisa?
sabia que George estava bêbado e provavelmente não sabia o que estava falando e ela não deveria provocá-lo, mas não conseguia evitar.
– Você o escolheu. Você mesma disse. Nos conhecemos a vida toda.
– Sim?
– E desde sempre você fica do lado dele. Você sempre… – George balbuciou incoerentemente enquanto balançava as mãos – Você o escolheu para ser seu amigo desde o primeiro minuto que Cedric deixou você com a gente porque era muito mais legal ficar com Charlie – Ele soluçou – Ele, não eu.
Qualquer vestígio de sorriso que Diggory poderia ter sumiu assim que as palavras de George deixaram sua boca. George encostou a cabeça na parede para olhar enquanto sentia que revia toda sua vida.
Nunca havia feito isso.
Havia?
Se lembrava de seguir Bill Weasley por toda a Toca e brincar com Charlie quando ele tinha tempo para uma garotinha mais nova que não era sua irmã, lembrava-se de Percy a ensinando alguns fatos sobre Feitiços ou História e de Fred e ela brincando por toda a propriedade da família enquanto George e Cedric jogavam quadribol. Se lembrava dos três jogando Snap Explosivo e também jogando quadribol. Lembrava-se de quando chegaram os três juntos em Hogwarts, um ano depois de Ced. Sempre juntos.
– George, eu nunca o escolhi. Eu gosto de vocês dois. Somos amigos. Eu sempre o vi como meu amigo.
George balançou a cabeça.
– Você gosta de mim, mas sempre gostou mais dele – disse George dando de ombros – Desde que apareceu n'A Toca. Mesmo antes de conhecer qualquer um de nós direito... Sempre foi ele.
sabia que George provavelmente não se lembraria dessa conversa no outro dia, mas por Merlin, ela sentia vontade de chorar enquanto negava com a cabeça cada palavra do ruivo. Queria parar a festa toda, mandar que todos fossem para seus dormitórios e continuar ao lado de George até ele ficar sóbrio, quando ela poderia dizer a ele que nunca foi assim. Nunca.
– Foi a primeira vez que vi que era normal as pessoas o escolherem – disse George dando de ombros.
A lufana queria gritar que George estava maluco se achava que aquilo era normal, que nunca havia escolhido Fred, eles apenas tinham a mesma cabeça boba, por isso havia se aproximado mais dele em Hogwarts e George de Cedric, que sempre fora inteligente como ele.
Queria dizer que mesmo que tivessem a mesma idade, sempre se sentia intimidada por ele. Sempre havia ficado nervosa perto de George Weasley mesmo antes de saber que sentia algo por ele, muito antes da tarde onde fingia ser a garota mais bonita do mundo. Por isso sempre havia sido mais fácil provocá-lo, pois tinha certeza que aquilo ou o irritaria ou o faria rir e ela gostava dessas coisas nele. Gostava de seu sorriso chamativo e como seus olhos ficavam apertados quando estava irritado.
– George – Ela chamou, sua voz soava desesperada, combinando exatamente com seu estado de espírito atual. Estava desesperada em fazer George entender – Eu adoro você. Adoro de verdade. Você é inteligente, engraçado, criativo e joga quadribol quase tão bem quanto eu. Eu sempre gostei de você. O que você falou... Não é normal. Não diga isso, por favor.
O ruivo piscou algumas vezes. teve certeza que ele não havia entendido uma palavra do que ela havia dito. Mas então George fez o impensável: Se inclinou na direção de e a beijou.
Não foi bem um beijo de verdade, porque quando sentiu os lábios vermelhos do garoto encostarem nos seus, tão leves quanto uma pluma, congelou. George levou uma das mãos até a nuca da garota e a puxou um pouco mais para perto. fechou os olhos enquanto sentia George agarrar seu lábio inferior com os dele e os chupar devagar. sentia que todo sangue do seu corpo havia sumido, porque não conseguia sentir nenhuma parte de si além daquela que conectava seu corpo ao de George. E quando ela finalmente abriu a boca, o Weasley aprofundou o beijo.
Por um total de três segundos, e então o empurrou.
A lufana levou dois dedos até a boca, seus olhos arregalados e seu peito subindo e descendo tão rápido quanto a batida da música que tocava ao fundo enquanto encarava George.
... – Ele chamou, mas ficou de pé, chutando sem querer o copo que estava perto de si e saindo do local.
Passou correndo no meio da pista, sem responder quando Cedric a chamou e sem se importar em olhar o Mapa do Maroto para saber se algum professor, Filch ou até mesmo Madame Nora estava por perto, abriu a porta e passou como um furacão, abandonando a festa e seus amigos em direção a sala comunal da Lufa-Lufa, onde poderia se jogar em sua cama, fechar as cortinas, puxar os cobertores até o queixo e encarar o teto até adormecer.
Ela fez tudo isso enquanto repetia baixinho para si mesma, algumas vezes até mesmo tocando os lábios que outrora encostaram na boca do garoto que gostava: O que diabos George Weasley estava pensando?!



George havia acordado no dia seguinte com a maior dor de cabeça que já havia sentido na vida. Seu hálito estava pior do que o de qualquer dragão que Charlie pudesse encontrar e ele ainda estava com as mesmas roupas da noite anterior. Não se lembrava de tudo que havia acontecido na festa que organizaram, mas sabia que havia exagerado. Especialmente quando levou mais de uma hora para se sentir limpo novamente e acabar com o cheiro de hidromel em si mesmo. Depois de pronto, chamou Fred, e juntos desceram em busca do café da manhã.
Quando estavam na entrada do salão foram parados por Cedric e . George logo percebeu que a amiga não estava de ressaca, pois só isso explicaria como ela estava à vontade para gritar com ele sem se incomodar.
– Calma, espera aí, linda! – Exclamou Fred, quase esbarrando na sonserina – Tudo isso é ansiedade pra me ver?
– Agora não, Fred – respondeu séria – Cadê a ?
– Acabamos de sair da Torre da Grifinória, não sabemos – Fred respondeu, sem entender porque os olhos de estavam fixos em George.
– O que você fez? – Quis saber em um tom mordaz.
– Por que eu faria alguma coisa? – Perguntou George, esfregando as têmporas com os dedos, completamente alheio ao que estava acontecendo de fato.
– Vocês estiveram juntos ontem.
– Todos nós estivemos, , era uma festa – respondeu ainda com a mesma postura mal-humorada. George só queria se sentar e tomar um grande copo de água e estava no seu caminho. Ele não estava ficando muito feliz com isso.
– Não – ergueu o dedo indicador quase encostando no peito de George – Vocês estavam. Vi quando você foi se esconder embaixo das mesas depois de ficar com Lucy e pouco tempo depois, foi para o mesmo lugar. Inicialmente achei ótimo, porque alguém poderia impedir que você morresse engasgado no próprio vômito, mas então ela saiu correndo e desde então ninguém mais a viu. Então me perdoe por deduzir que você fez sim alguma merda colossal, Weasley! – disse tudo de uma vez, seu tom de voz aumentando a cada palavra que dizia, o que fez com que George percebesse a seriedade do assunto. nunca falava assim com ele. Ele se endireitou, ignorando a dor latejante em sua cabeça pela primeira vez desde que acordara. Fred, ao perceber que a história era mesmo importante (e também meio confusa) colocou sua mão sob o dedo que ainda apontava para George, puxando-o para baixo em uma tentativa discreta de acalmar os ânimos.
George piscou algumas vezes enquanto seu irmão o encarava com curiosidade. Cedric parecia se segurar para não ser ele a questionar George ao invés de . Tudo no rosto de George mostrava confusão e surpresa, e talvez tenha sido isso a fazer a postura de mudar. A sonserina suspirou, seus olhos acinzentados se suavizando enquanto dizia, desta vez mais baixo e carinhoso, como George estava acostumado:
– O que aconteceu, Georgie?
Ele estava pronto para dizer que não fazia ideia do que estava acontecendo e o que poderia ter se passado pela cabeça de para sumir dessa maneira, mas então as imagens começaram a surgir em sua cabeça como em um passe de mágica.
George dizendo que ela gostava de Fred e rindo alto.
piscando em sua direção.
jogando seu cabelo para o lado enquanto bebia cerveja, deixando seu lábio superior cheio de espuma.
séria.
George deu um passo para trás, assustando os três amigos. Sua cabeça não latejava e ele sentiu falta disso. A dor era melhor do que ter sua própria voz girando dentro de sua mente repetindo em alto e bom som o que ele havia feito na noite anterior. Ele não poderia realmente ter questionado dessa forma, poderia? George não podia, de jeito algum, ter perguntado para a lufana porque ela havia escolhido Fred e não ele… Certo?
– Meu Deus, George, você realmente fez alguma coisa com a minha irmã?! – Cedric falou pela primeira vez desde que chegou.
O Weasley deu mais um passo para trás quando se lembrou de inclinar-se sob e…
– Eu vou falar com ela – Garantiu para os três e virou-se sem esperar uma resposta. Ouviu Cedric falar mais alguma coisa e tinha certeza que o lufano havia tentado segui-lo, mas e Fred deviam ter o segurado. De qualquer forma, George correu o mais rápido que pôde em direção a entrada do castelo enquanto as memórias eram descarregadas todas de uma vez em seu cérebro. Enquanto corria pelos corredores, sentiu um calafrio percorrer todo seu corpo.
Ele a beijou.
George Weasley havia beijado Diggory. A irritante bruxa de bastão, sua amiga de infância, a irmã de um dos seus melhores amigos! Ele a beijou!
Pelo amor de todos os Deuses, ele não conseguia acreditar naquilo. Se lembrava de tudo agora, da forma como segurou seu pescoço e da sensação suave e macia que sua pele causava, de como ela abriu a boca minimamente para deixá-lo entrar e depois o afastou e o beijo terminou tão rápido quanto havia começado. George se lembrava perfeitamente do olhar de choque de assim que ela se afastou. Ela o odiava, ele tinha certeza e jamais a culparia, pois merecia, pois era um imbecil, um completo imbecil! Podiam trazer o prêmio de idiota do ano e entregá-lo para George, porque ele acabara de desbancar qualquer outro.
Sua relação com sempre foi boa. Tinham os mesmos amigos, se divertiam quando estavam juntos, jogavam bem em campo e se provocavam na mesma medida. Tinham uma boa dinâmica e ele havia estragado tudo. Quanto mais George pensava, pior se sentia:
Havia beijado .
Havia beijado , a irmã mais nova do seu amigo.
Havia beijado , a irmã mais nova do seu amigo estando bêbado e sem consentimento algum!
George sentia que poderia vomitar a qualquer momento. não merecia isso.
Sem contar tudo que havia dito antes, sobre Fred, sobre a infância deles… Teria sorte se ainda quisesse olhar na cara dele.
Era isso. Era oficial. George Weasley nunca mais beberia. Era a droga de um perigo para a humanidade com uma garrafa de hidromel por perto.
George parou. Encarou a estufa da Professora Sprout e respirou fundo, precisava de um tempo para se preparar, caso contrário sairia correndo de tanta vergonha do que havia feito. Ele entrou sem fazer barulho e caminhou em direção a pequena figura no canto cortando folhas de uma planta roxa. A capa de estava jogada na bancada e as mangas de sua camisa estavam arregaçadas até os cotovelos. Seus cabelos estavam presos em uma trança, mas uma fina mecha insistia em cair ao lado de seu rosto. Ela estava concentrada, por isso George se manteve distante.
– Oi.
deu um salto, assustada.
– Caramba, George! Eu estou com uma tesoura, não está vendo? Poderia ter cortado meu dedo! – Exclamou sem se virar para George. O garoto se aproximou.
– Você se assusta muito fácil – disse ele.
– Talvez você não devesse se esgueirar assim perto das pessoas.
– Estão todos preocupados com você. está quase iniciando uma equipe de busca por não te ver desde ontem.
– Estive aqui o tempo inteiro. Não posso fazer nada se eles não sabiam – respondeu, repousando a tesoura e se afastando um pouco da bancada de trabalho. se virou para George e ele teve que fazer força para não desviar o olhar – Como você sabia que eu estava aqui?
– Ah... – George coçou a cabeça antes de dar de ombros – Não sei. Apenas chutei. Você gosta de Herbologia.
Era mentira e George não sabia porque havia mentido. Talvez não quisesse que as coisas ficassem ainda mais estranhas entre eles.
Sabia que estava ali porque no quarto ano quando a garota derrubou Fred da vassoura com um balaço acidentalmente forte demais, havia ido para aquele mesmo local se esconder. E foi George que foi atrás dela para dizer que não havia sido sua culpa, que era normal esse tipo de coisa acontecer e que Fred estava bem e muito ansioso para vê-la na enfermaria.
Lembrava-se de vê-la chorando e de ficar ao seu lado até suas lágrimas culposas pararem de cair. George se sentiu tão mal que nem sequer conseguiu fazer uma piada, nem mesmo para aliviar o clima. Só conseguiu deixá-la chorar em seu ombro enquanto seu coração se partia por vê-la tão indefesa. Não sabia porque aquela memória vivia há tanto tempo com ele, mas quando percebeu que havia sumido por causa dele, o primeiro local que pensara fora a estufa.
– Me desculpe – pediu ele e viu quando a garota fechou os olhos como se isso fosse impedi-lo de continuar falando – Me desculpe mesmo por ontem, . Eu bebi demais, é claro, mas isso não é desculpa, fui um idiota com você. Você não merecia que eu te tratasse daquela forma, estou me sentindo horrível, mesmo, não sei o que estava passando pela minha cabeça e… E…
– Estava pensando em Angelina Johnson – completou ela pegando George desprevenido. tirou o avental que usava e o jogou na mesa com força, passando por George e saindo da estufa. Ele começou a segui-la – Fred me contou o que aconteceu ano passado.
George teria que tirar um momento para conversar com o irmão gêmeo sobre privacidade e limites, mas isso seria depois. Naquele momento uma onda de irritação o percorreu do nada.
– Não – disse com firmeza e a lufana soltou uma risada.
– Certo.
– Eu não estava pensando em Angelina quando te beijei, . Isso é absurdo – tentou novamente
– Claro que não – respondeu , seu tom carregado de sarcasmo.
As pontas da orelha de George esquentaram e ele franziu o cenho, irritado.
– Por que estaria pensando nela enquanto... enquanto beijo você?
George não saberia explicar o motivo caso fosse perguntado, mas era muito importante pra ele que Diggory entendesse que ele não estava pensando em Angelina quando a beijou. Tão importante a ponto dele até mesmo deixar sua vergonha de lado.
– Porque foi o que você fez a noite toda, Georgie. Com Claire, Penelope, com aquelas duas garotas da Sonserina e... bem, comigo – disse ela dando de ombros.
– Você não sabe o que está falando.
– Se não foi isso, por que você me beijaria, George? Eu, dentre todas as pessoas? – soltou uma risada enquanto jogava os braços para cima, cansada de tudo aquilo.
– Porque eu quis!
Os dois ficaram em silêncio, o peso daquelas palavras recaindo sobre eles enquanto se encaravam parados no meio do caminho entre o castelo e a estufa de Herbologia. Se tivesse que apontar um momento exato onde tudo mudou entre ela e George Weasley provavelmente seria aquele. Não quando ele a beijou, nem mesmo quando ela se deu conta de que nutria sentimentos por ele além de amizade, mas aquele: quando ele confessou que a beijou unicamente porque quis.
– Você quis – repetiu, calma e devagar, completamente cética enquanto testava o gosto das palavras na sua própria boca.
George avaliava cada canto do rosto da lufana, tentando entender o que poderia estar passando pela cabeça dela. Pela primeira vez a situação entre os dois era estranha de verdade e tudo que George queria era voltar para quando ela se sentia confortável o suficiente para fazer piadas sobre dormir com ele.
– Eu quis.
– Então por que me pediu desculpa?
– Como eu poderia não pedir? Eu estava bêbado e sei que não foi justo com você. Se queria ou não te beijar… Isso é irrelevante. Foi errado te pegar de surpresa daquela forma. Não queria te deixar desconfortável, . Nunca faria isso com ninguém, muito menos com você.
sentiu as batidas de seu coração falharem. Estava dividida entre uma tristeza ressentida e carinho pelo George que conhecia há tantos anos. Quando acordou e decidiu ficar longe pra respirar, já sabia o que aconteceria. Sabia que George se lembraria do que havia acontecido em algum momento e viria correndo pedir desculpas. Ele era assim. já estava preparada para ouvir tudo aquilo (“Foi um erro, me desculpe, eu errei, blábláblá). É claro que ele iria pedir desculpas por ter feito uma estupidez quando estava bêbado, ainda mais com ela. Mas parte de havia ficado feliz em saber que George sentiu vontade de beijá-la, mesmo que apenas quando em estado de embriaguez, então era difícil ouvir tudo aquilo quando ela desejava apenas que ele quisesse beijá-la quando estivesse sóbrio também.
assentiu, tentando esquecer tudo aquilo e focar no que mais havia pensado desde que o beijo parou de ser seu foco principal.
– O que você me disse era verdade?
– Qual parte?
– Sobre achar que eu gostava de Fred.
– Era.
desviou o olhar e riu antes de voltar a falar. Não conseguia deixar de rir ao pensar em si mesma apaixonada por Fred Weasley.
– E a outra parte sobre eu escolhê-lo?
George ficou inquieto, trocando o peso do corpo de pé. Tudo que queria era que ela esquecesse tudo que havia acontecido.
– Qual é, , você não pode só me desculpar?
cruzou os braços.
– Responde logo.
– Sim, foi verdade. Era tudo verdade. O que tem a ver?
assentiu e se virou, recomeçando a andar. George levou alguns segundos para começar a segui-la.
– Vou desculpar você – disse depois de um tempo fazendo com que George abrisse um sorriso – Mas com uma condição.
George estalou a língua. É claro que tinha uma condição. Era Diggory no final das contas e ela nunca facilitava para ele. Ele devia ter esperado por isso.
– É pegar ou largar, Weasley – falou como se pudesse ler os pensamentos do ruivo – E se você largar, fique sabendo que eu nunca mais apareço na sua frente. Nem mesmo para jogar quadribol.
– E isso é um castigo? – brincou, recebendo um olhar semicerrado de . Ele suspirou – Você sabe que eu vou fazer o que você quiser. Apenas diga de uma vez.
E ele realmente estava disposto a fazer. Limparia a vassoura de por um ano se ela quisesse, faria seu dever de casa até o dia em que se formasse (se bem que isso não seria bom para as notas dela) ou qualquer outra coisa que a garota pensasse, porque sabia que havia errado em beijá-la sem mais nem menos e até agora não sabia o que havia se passado em sua cabeça para fazê-lo além de uma vaga lembrança alcoolizada sobre como parecia bonita ali, embaixo das mesas com ele, escondida de toda a multidão, bebida e barulho. Mas isso definitivamente não era algo que George queria pensar muito a respeito.
Mas o mais importante é que, mesmo brincando sobre isso, George Weasley não conseguia imaginar seus dias sem a bruxa de bastão. Então, sim, ele faria o que ela pedisse se pudessem continuar vivendo como sempre viveram.
– Vamos a Hogsmeade – disse com um sorriso pequeno – Também quero me desculpar.
*
se recusou terminantemente a explicar sua última frase a George e o mandou esperá-la na frente da Dedos-de-mel enquanto ela ia até , Cedric ou Fred. Qualquer um que encontrasse primeiro.
Mas desejava com todas as forças que fosse . Ela seria a única que entenderia, mesmo fazendo perguntas.
E, para a sorte de , foi exatamente a sonserina que encontrou perto da passagem secreta da bruxa de um olho só.
– Onde você se enfiou, garota?! Ced e eu te procuramos por muito tempo quando você não apareceu para o café da manhã. O que aconteceu? O que o idiota de George fez? Você encontrou com ele? Cedric está ficando maluco!
era a única pessoa que sempre soube dos sentimentos de , talvez até mesmo antes que a própria lufana se desse conta. Ela sempre falava sobre como as provocações e brincadeiras entre e George eram apenas uma forma de extravasar a tensão sexual. E quando passou a fugir de George, apenas pôde, finalmente, apontar para o que sempre havia visto.
Porque é claro que fugiu de George: fugiu como o diabo foge da cruz assim que percebeu que estava apaixonada. E por vários motivos, dentre eles saber que George gostava de outra pessoa. Sem contar que, naquele momento, tinha certeza de que não fazia o tipo de George e que ele apenas a via como uma amiga de infância e a irmã mais nova de Cedric. E estava tudo bem, pois realmente acreditava que aquela onda de sentimentos por George passaria tão rápido quanto chegou. Ela acreditava que poderia fazer passar.
Mas nada mudou. E quando aquele sentimento passou a durar e crescer mais do que o esperado, decidiu que precisava contar a alguém antes que passasse a transbordar pelos lados. Jamais contaria a Cedric, seu irmão protetor e um dos melhores amigos de George e muito menos para Fred, que era quase uma parte interessada naquilo e faria de missão pessoal juntar a melhor amiga e o irmão caso descobrisse.
Contudo, a ouviria, a ajudaria e, mais importante, ela entenderia. ouviu tudo que tinha para dizer e quando contou que apenas ficaria um pouco longe de George até tudo passar, não a julgou.
Não que ela não tentasse vez ou outra dizer que isso era besteira. acreditava que e George faziam todo sentido do mundo e ao contrário de Fred, George nunca havia gritado para quem quisesse ouvir que não queria namorar nunca.
Para , as inseguranças de e seus motivos para ficar longe de George poderiam ser resolvidos com uma única conversa. Para , era exatamente o que Fred precisava e vice-versa, então elas apenas concordaram em discordar.
– Nós vamos a Hogsmeade – disse e a boca de se abriu.
– Vocês têm um encontro?!
– Não! Nós só vamos a Hogsmeade. Aconteceu... uma coisa... ontem. Precisamos conversar. É só isso.

– Não se preocupe, – disse, já dando alguns passos para trás – Vou te contar tudo depois do jantar, tá bom?
se virou e partiu em direção a passagem secreta deixando uma Black extremamente preocupada para trás. Algo naquilo apenas não cheirava bem.
*
– Você não precisa agir como se isso fosse um encontro, Weasley.
e George não haviam conseguido decidir o que fazer, então iriam parar primeiramente na Zonko's e depois, quem sabe, poderiam conversar no Três Vassouras, mas sentia o nervosismo do ruivo ao seu lado, olhando de um lado para o outro como se devesse pensar em algo para dizer ou fazer.
– Quando você vem a Hogsmeade com Cedric é um encontro? – Ela continuou.
– Bem, não – respondeu George – Mas você não é o seu irmão.
A garota ficou sem fala por um momento. estava fazendo toda a força do mundo pra se manter calma e focada, mesmo que tudo que tivesse acontecido ainda a deixasse desnorteada. Toda a conversa com George, o beijo… Fugir dali foi a única coisa que conseguiu pensar. Os lábios avermelhados do grifinório nos seus, tão delicados quanto ela sempre pensou que seriam deixaram sem ar. E quando ele pediu passagem e aprofundou o beijo como se não fosse a primeira vez que se beijavam, sentiu como se uma bomba explodisse dentro dela, uma bomba tão grande que balançou as placas tectônicas de seu cérebro a fazendo acordar.
Ela não podia beijar George, não assim.
Não depois de tudo que ele havia falado, não com ele bêbado e fazendo aquilo porque não queria se deixar beijar Angelina.
Antes de dormir, passou por todos os estágios Pós-beijar George Weasley possíveis. Primeiro ela ficou em choque, depois ela o xingou de todos os nomes possíveis, depois ficou feliz, porque, bem, eles haviam se beijado! Mesmo que nunca tivessem nada, ela sempre poderia dizer que o beijou. E por último, ela aceitou. George estava sensível e bêbado e aquilo não poderia nunca, jamais, em hipótese alguma ser levado a sério. Então ela esperou. Espero que ele viesse conversar com ela, pois sabia que George não conseguiria nem sequer dormir se pensasse ter magoado propositalmente. Isso era uma das coisas que ela mais gostava nele, então... por que não usar isso?
Uma das coisas que mais rodopiou dentro da cabeça da lufana foi George perguntando por que ela escolheu Fred e não ele e como ela o fez perceber que tudo bem escolher um dos gêmeos. Ela nunca pensou que George poderia ter essa imagem dela. Nunca em um bilhão de anos, e queria consertar.
Queria consertar porque sabia como era viver à sombra de um irmão, mesmo que minimamente, queria consertar porque não conseguiria viver consigo mesma sabendo que normalizou esse tipo de pensamento absurdo na cabeça do seu amigo e, principalmente, não conseguiria viver sabendo que George Weasley, o seu George, estava por aí pensando ser menos do que realmente era.
Se dependesse de , George veria cada pequena coisa incrível dentro de si. E depois, talvez, eles conversassem sobre aquele beijo.
– Eu nunca beijei o seu irmão – completou fazendo soltar uma risada alta.
– Não vamos falar sobre isso agora – pediu.
– Pelo quê você acha que precisa se desculpar?
– Você não acredita que eu preciso?
– Se você achar que precisa se desculpar por ser uma encrenqueira que fala demais, tudo bem.
– Eu não falo demais…
– Se acha que precisa se desculpar por todas as vezes que mentiu dizendo ser uma batedora melhor do que eu, ótimo…
– Eu sou uma batedora melhor do que você…
– Nem nos seus sonhos mais criativos e loucos, – respondeu George prontamente e revirou os olhos tentando não rir e falhando, exatamente como George – Mas fora isso, não. Não acho que você tenha me feito nada, .
George abriu a porta da Zonko's para que entrasse. A lufana sentiu seu rosto esquentar antes de entrar, não lembrava-se de já ter tido alguém abrindo a porta para ela antes, mas George parecia fazer aquilo cotidianamente, pois nem sequer piscou. Parecia natural.
– Ontem à noite você disse... – George se encolheu com as palavras da lufana.
– Ok, , novo plano: Você está totalmente autorizada a esquecer qualquer coisa que eu tenha dito ontem. Na verdade, eu posso te pagar pra você esquecer!
– Não posso esquecer.
– Por que não? Por que você não pode fazer essa coisinha de nada por mim? – George gemeu, completamente insatisfeito – Você não vê que eu estou morrendo aqui, ? Eu estou a ponto de me desfazer de vergonha!
– Merlin, por que você é tão dramático?
– Você é dramática – retrucou automaticamente – Eu só estou sendo sincero.
suspirou, passando por algumas prateleiras e sendo seguida de perto por ele. Decidiu ignorar a falação de George, pois sabia que ele continuaria falando até o dia amanhecer apenas para que ela não fosse direto ao ponto.
– Você disse que eu o escolhi. Fred, eu quero dizer.
George passou as mãos pelos cabelos, totalmente frustrado, queria verdadeiramente que esquecesse tudo aquilo, pois eram pensamentos vergonhosos e ele queria desaparecer não apenas por tê-los como também por dizê-los a ela. Merlin, ele tivera dezessete anos de vida sem precisar expressar nada disso em voz alta, foi preciso apenas algumas cervejas, hidromel e Diggory para fazer com que ele jogasse todo seu orgulho pelo ar?
– Disse que graças a mim você percebeu que era normal escolhermos um de vocês.
parou, avaliando alguns Snaps Explosivos na prateleira à sua frente. Não ia comprar nada, mas sabia que George, assim como o irmão, se sentia muito à vontade naquela loja em particular.
– Você estava errado.
, você não precisa me dizer isso. Não precisa fazer nada disso – George gesticulou com a mão – Não é sua obrigação. E quando você faz isso, parece que está com pena, e isso é a última coisa que quero que sintam de mim.
– Você é meu amigo – disse , balançando a cabeça em negação – Eu gosto de você, Georgie. Gosto de te irritar, gosto de ganhar do time de vocês e provar que jogo quadribol melhor, gosto de fazer você ficar envergonhado na frente dos nossos amigos e… – parou. De repente falar aquilo tudo se tornou complicado demais pra ela. pigarreou – Bom, é isso, você é meu amigo e eu gosto de você. Saber que você pensa assim de mim… Bem, me deixou magoada.
George não disse nada, apenas observou enquanto pegava uma das caixas de Snap Explosivo e passava de uma mão a outra nervosamente. George sentiu as palavras queimarem dentro de sua boca, palavras que ele não queria falar. Ontem você disse que me adorava.
– Você sempre me deixou meio nervosa, sabe?
– Nervosa? – George franziu o cenho, sem entender.
– Quando éramos pequenos, você sempre olhava para os outros como se esperassem que eles fizessem algo de errado. Até mesmo os adultos.
– Eles geralmente faziam.
– Sim, faziam – ela sorriu – Mas nenhuma criança de dez anos é assim. Você sempre impedia que Fred e eu fizéssemos alguma besteira, e quando tínhamos uma ideia que dava errado, era você que consertava e tudo passava a fazer sentido. Você sempre foi mais inteligente, deve ser por isso que Cedric gosta tanto de você – ela suspirou e se virou para George, fitando seus olhos castanhos e reprimindo um sorriso suave ao ver as sardas que cobriam todo seu rosto – Era mais fácil estar perto de Fred. Eu não tinha medo de errar perto dele.
– E tinha medo de errar perto de mim?
– Sim.
George deu um sorriso involuntário, assistindo enquanto puxava o cabelo e deixava sua nuca descoberta. Na mesma hora, lembrou-se como era tocá-la bem ali.
– Ser irmã do Cedric nem sempre é fácil, mas acho que você sabe disso – soltou e George desviou os olhos de sua nuca desnuda.
Ele sabia. Convivia o bastante com a família Diggory para entender a dinâmica que os pais dos amigos tinham em casa.
– Eu costumava achar até pouco tempo atrás que Cedric era melhor do que eu – ela balançou a cabeça como se não pudesse acreditar que já pensara aquilo – Eu o amo, é claro, mas as notas dele são melhores, ele é melhor com feitiços, é o capitão do time e um dos melhores apanhadores que já vi na vida, então tudo bem, não é? Tudo bem ele ser melhor do que eu, tudo bem se algumas pessoas gostarem mais dele do que de mim, até mesmo se elas forem meus pais.
George piscou, sua cabeça balançava involuntariamente. Nada disso era uma novidade, mas ele nunca havia ouvido dizer de forma tão honesta antes. O máximo que havia ouvido tinha partido de Cedric, quando ele estava tão cansado da situação com os país, constantemente magoando a irmã e o pressionando, que precisava desabafar.
– Cedric não é melhor que você, , vocês são duas pessoas diferentes.
– Você realmente acha isso? – Ela perguntou com um sorriso ladino. George conhecia aquele olhar e aquele sorriso, depois dele sempre vinha algo que ele sabia que não iria gostar tanto assim. Era como se estivesse dando corda pra que ele ficasse preso. E George sempre ficava, pois nunca sabia dizer não.
– É claro que acho – respondeu com cuidado.
– Se consegue ver isso conosco, por que não consegue ver com Fred e você?
E lá estava. George sentiu que havia levado um tapa. Não tinha o que responder depois disso, ela havia plantado o terreno e ele havia entrado de bom grado. Sabia disso. o olhava como se conseguisse enxergar além de sua alma e George se sentiu invadido de repente, então desviou o olhar para os brinquedos na prateleira.
– Aos poucos eu entendi que a melhor coisa entre mim e o meu irmão é que somos diferentes. Somos mesmo duas pessoas diferentes, como você disse. Meus pais não podem esperar algo de mim só porque Cedric o fez antes – George ainda não encarava , mas conseguiu perceber quando ela abriu um sorriso – E o mesmo serve para vocês. Eu altamente recomendo que toda pessoa que goste de um de vocês goste do outro também, já que vocês são um pacote completo e não serão separados, mas Fred não é melhor que você. Pelo menos... – hesitou por um instante e George finalmente levou seus olhos até ela. Ela parecia tímida, embora bastante decidida em continuar o que havia começado. George não se lembrava de já ter visto Diggory tímida em algum momento. Seus olhos piscavam com mais frequência e seu rosto parecia levemente vermelho. George gostou do que via – Pelo menos para mim ele nunca foi. E eu sinto muito se ajudei a afirmar essa ideia tosca na sua cabeça.
George suspirou. não estava apenas sendo legal com ele, ela estava querendo consertar algo que ela não tinha culpa nenhuma. George era um misto de gratidão, admiração e um pouco de irritação – ainda tinha a impressão de que a lufana estava com pena dele, e ele não queria a pena de ninguém. Muito menos da garota que acabou de beijar.
– Eu agradeço todas essas coisas que você está dizendo, , mas realmente não é necessário.
Especialmente quando ele sabia que não era inteiramente verdade. E como se lesse os pensamentos de George, disse, revirando os olhos:
– Você não acredita em mim! – Ela continuou o avaliando e George passou os dedos pelo cabelo, um hábito cultivado desde sempre quando se sentia nervoso e encurralado – E ainda pensa que estou com pena de você! George, você me conhece melhor do que isso! Eu não estou com pena de você. Tenho pena das suas habilidades medíocres no quadribol, é claro, mas acaba por aí!
– Não é o que parece, – George riu fraco – Algumas vezes você demonstra alguns traços lufanos, esse é um desses momentos.
– Primeiro: Você sabe o quanto me irrita quando fica insinuando que eu não deveria ser da Lufa-Lufa? – perguntou de forma séria e George sentiu um calafrio percorrer o seu corpo com o olhar dela em si – Imagine só se eu ficasse por aí dizendo que você deveria estar na Sonserina, o que, na verdade, eu poderia fazer. Nunca conheci duas pessoas tão ambiciosas quanto você e seu irmão.
George abriu a boca, indignado. Ele era Grifinória de corpo e alma e tinha orgulho disso!
– Você não ousaria!
– Ah, eu ousaria!
George sustentou o olhar firme de .
– Tudo bem, sinto muito – disse – Não vou mais fazer isso.
– Ótimo. De qualquer forma, não é nada disso.
– E o que você quer com isso tudo, ? – Perguntou George, cansado – Eu agradeço suas palavras e fico feliz por você se sentir bem com toda essa relação chata com seus pais e Ced, mas isso não muda muita coisa. Você diz que Fred nunca foi melhor do que eu para você, mas foi ele que você escolheu como melhor amigo. É ele quem está em todas as histórias, não eu – George disse tudo de uma vez sem se importar com o quanto parecia inseguro e idiota. Só queria ser honesto já que era isso que desejava dele.
– Então deixe eu te mostrar.
– Me mostrar?
– Eu te acho brilhante, Georgie – disse a lufana, sincera, olhando bem no fundo dos olhos cor-de-mel do ruivo – Você sabe qual é o meu nome do meio?
George piscou confuso, sendo pego de surpresa pela pergunta depois de ouvir que Diggory o achava brilhante.
– Ahn... – Ele parou por um momento, mais pela pergunta repentina que por falta de conhecimento – Astéria? Sim. Astéria, não é?
sentiu as bochechas esquentarem. Havia perguntado, mas não esperava que ele realmente soubesse.
– Astéria é o nome de uma deusa grega. Ela é a deusa das estrelas e do aspecto mais obscuro da noite – explicou – É a deusa da astrologia, da necromancia e da interpretação dos sonhos.
George observou como tinha sempre o início de um sorriso pronto no canto da boca, como se sempre estivesse esperando a oportunidade para sorrir, reparou também que havia uma mecha de seu cabelo que sempre ficava caída perto de seu olho esquerdo mesmo quando ela o prendia ou puxava para trás e reparou, acima de tudo, em como seus lábios estavam rosados da mesma forma como estavam na noite anterior. E ele sentiu que era chamado por eles da mesma forma que aconteceu na festa antes de beijá-la. Ele piscou rápido e afastou o olhar, tentando expulsar esses pensamentos de sua mente. Estava bêbado. Não podia estar atraído por Diggory estando sóbrio.
– É um nome imponente, muito melhor que Fabian – comentou tentando olhar para qualquer lugar que não fosse a boca de – A deusa das estrelas, que pode ser calmo e tranquilo… Mas também é regido por algo mais obscuro… – George sorriu antes de completar – É, acho que combina com você.
piscou algumas vezes. George realmente não sabia o efeito que exercia nela, não é? Ela respirou fundo antes de continuar, tentando dar tempo para que as batidas do seu coração voltassem ao normal.
– É isso que eu quero te mostrar.
– O lado obscuro da noite? – Quis saber George com um sorriso provocativo.
apenas riu, revirando os olhos.
– Não. Quero te mostrar as estrelas brilhantes que existem em você. Quero mostrar como você é único e como eu te fiz presente em cada uma das minhas histórias, mesmo que de longe.
O sorriso de George diminuiu aos poucos conforme ele deixava as palavras de repousarem em seu peito.
estendeu a mão para ele. Suas palavras haviam sido firmes e não deixavam espaço para nenhuma dúvida na cabeça de George. o olhava com tanta sinceridade e sentimento, que ele soube, mesmo que não entendesse, que deixaria ela mostrar o que quisesse. E sem desviar do olhar de , George agarrou sua mão, perguntando-se quando exatamente ela havia ficado tão persuasiva assim.
– Posso te mostrar cada estrela que você, só você, rege, George.




Continua...


Nota da autora: Sem nota

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