Codificada por: Polaris 👩🏻🚀
Última Atualização: Fanfic Finalizada.O dia estava gelado, digno de um inverno coreano ao qual não estava totalmente acostumada ainda. Talvez ela nunca fosse, mas se esforçaria para que o frio não a incomodasse tanto.
sugeriu uma saída naquela noite com seu melhor amigo, alegando que precisava curtir um pouco e queria desestressar do trabalho. No final das contas, quem estava de babá era ela, visto que nem mesmo conseguia contar quantos shots já havia virado naquele curto período de tempo.
O rapaz já embolava as palavras enquanto tentava centrar seu olhar na amiga, que também não parecia estar nas melhores condições. estava exausta de sua chefe que pegava tanto em seu pé; já ele reclamava do mesmo motivo de sempre: sua namorada.
— Ela saiu ontem de novo. — repetiu pela terceira vez àquela noite. — Por que ela sai e parece não voltar mais?
A mulher revirou os olhos assim que o assunto reiniciara, segurando-se para não surtar ali mesmo. Ela havia pedido para irem beber e desestressar um pouco, mas ele estava apenas trazendo um clima desagradável à mesa.
Pressionou os lábios antes de começar:
— … — tentou, mas ele interrompeu-a ao colocar o indicador sobre seus lábios de forma desajeitada. apenas se calou, esperando que o amigo continuasse seu choro.
— Eu e Suzi discutimos ontem antes dela sair porque pedi para ela ficar comigo durante a noite. Você sabe, geralmente eu chego tarde pois estou sempre trabalhando, mas ontem consegui tirar uma folga e até mesmo fiz o jantar.
A mulher concordou, logo tentando bebericar sua bebida. De repente, sua boca estava amarga, e ela não sentia mais vontade de beber nada. Seu estômago estremeceu com o assunto, mas ela permaneceu quieta, aguardando que continuar.
— Sei que não sou um bom namorado pois nunca estou com ela, mas eu juro que me esforço. Eu compro presentes, tento passar todo meu tempo com ela quando estou em casa e mando mensagens sempre…
Ele se interrompeu por um instante, sentindo a mesma angústia de sempre. E se ela estivesse o traindo? Ele não sabia se iria suportar, seu coração parecia quebrar a cada vez que pensava naquela possibilidade.
respirou fundo, virando duas doses goela abaixo, puxando a coragem que ela não tinha no momento. As palavras estavam entaladas em sua garganta, e ela sabia que havia chegado a hora de falar tudo o que queria ao amigo. Ele merecia sua mais pura sinceridade, que, infelizmente, era tudo que ela poderia oferecer no momento.
— Eu acho que você precisa por um fim nisso, — disse sem rodeios, focando os olhos nele. — Já te disse isso inúmeras vezes e, em todas elas, você me ignorou. Sei que sou sua melhor amiga e que eu disse que estarei aqui sempre que precisar de alguém, mas esse assunto já me cansou. Você tem que fazer algo a respeito, reclamar e chorar sem parar não vai te levar em lugar nenhum.
Um vento frio passou entre ambos, fazendo com que se arrepiasse. Bem, isso pelo menos era a justificativa que ele daria caso perguntasse sobre o motivo de sua pele estar toda arrepiada.
Seus olhos lacrimejaram ao tempo que seu coração se despedaçava mais uma vez. Ela estava certa, como sempre estivera. mordeu o lábio inferior, tentando não deixar que nenhuma lágrima escorresse. No entanto, fora necessário apenas uma fala de para que ele desabasse novamente:
— Você precisa terminar com a Suzi.
bocejou assim que seus olhos se abriram vagarosamente por conta do feixe solar em seu rosto. Assim que constatou estar em seu quarto, fechou os olhos novamente, espreguiçando-se. De forma preguiçosa, tateou o colchão coberto por edredom até encontrar seu celular largado do lado vazio da cama.
Abriu minimamente os olhos para que pudesse enxergar o horário na tela. 12h47.
Pelo menos é sábado, recordou-se antes de largar o celular e esticar o corpo mais uma vez, tentando despertar de vez. Girou o tronco até escutar o som de sua coluna estralando, sorrindo quando conseguira. Ela desejou permanecer o dia inteiro ali, mas a dor de cabeça a fez reclamar e levantar.
Assustou-se assim que sentiu um corpo jogado no chão ao lado de sua cama.
— AI CARAMBA! !!
— Hã? O que foi? O que aconteceu? Onde eu ‘tô? — a voz rouca do rapaz se fez presente assim que a garota chutou-o.
Ele levantara a cabeça apenas o suficiente para que pudesse olhar em volta, com apenas um dos olhos abertos e o cabelo totalmente bagunçado. segurou a risada assim que viu o estado do amigo. Ela não estava tão acabada assim, afinal.
até tentou permanecer acordado – mentira, mas suas pálpebras pesadas logo o fizeram cair no sono mais uma vez. A amiga revirou os olhos, ainda com um sorriso no rosto, seguindo seu caminho até a cozinha.
Tentou se lembrar sobre o que acontecera na noite passada. Ela e estavam vestidos. Ele até mesmo vestia uma calça jeans.
Assim que enxergou os sapatos revirados na entrada da sala e o tapete bagunçado, alguns flashes surgiram em sua mente. tentava carregar o amigo inutilmente, visto que nenhum dos dois estava em perfeitas condições. parecia bêbado demais, e nem mesmo sua amiga conseguia entender seu choro desembestado e sua incapacidade de permanecer em pé sem qualquer apoio.
Recordava-se de terem chegado em sua casa de táxi e, bem, aquilo era tudo que ela se lembrava. Não sabia o porquê do amigo não ter voltado para a própria residência, mas optou por não se estressar sobre aquilo no momento. Ela precisava de aspirina e de um copo de água.
Seu estômago roncou, lembrando-a que ela também precisava de comida.
Buscou a aspirina no armário superior, ficando na pontinha do pé para que alcançasse. Sentiu a ponta de seus dedos tocar na caixa de remédios e a mesma se arrastar para ainda mais fundo do armário. bufou já impaciente, sua cabeça parecia gritar em desespero de tanto que pulsava. Ela só queria a porcaria do comprimido.
Sentiu um corpo quente atrás do seu. Esse alguém esticou o braço e logo deu-lhe a caixa em suas mãos. sentiu sua respiração parar por alguns segundos antes que ela percebesse o que havia acontecido. A pessoa já havia se afastado quando a mesma se virou, com o remédio entre os dedos.
— Valeu… — agradeceu desconcertada, sentindo a dor de cabeça se esvair por alguns segundos e suas bochechas ruborizarem. Droga, o que havia sido aquilo?
permanecia de cabelos em pé, com os fios totalmente desordenados. Ele bocejou enquanto se dirigia para outro armário, retirando dois copos e descansando-os sobre o balcão. Ele se virou para pegar a água na geladeira, mas já havia parado de encará-lo quando o fizera.
Xingou-se mentalmente, logo retirando três comprimidos da caixa e entregando dois para o amigo. Ambos os tomaram em silêncio.
— Você ‘tá bem? — ele perguntou de repente, incomodado com o silêncio que se seguiu.
— Sim, só com ressaca e ainda tentando me lembrar do que aconteceu ontem.
— Saímos para beber, eu chorei por conta de Suzi como sempre e você me arrastou até aqui porque eu fiz birra que não iria para minha casa. — contou assim que finalizou seu copo de água, deixando-o na pia. colocou as mãos dentro dos bolsos traseiros da calça jeans, erguendo os ombros levemente constrangido.
Ele se lembrava perfeitamente de cada coisa que dissera e ouvira na noite anterior, mas torcia para que não se lembrasse. Depois que ela disse que ele precisava terminar com Suzi, o choro se tornou presente e ainda virou algumas doses, deixando a amiga ainda mais preocupada.
— Para de beber desse jeito, . Você não precisa de um coma alcoólico para criar coragem e terminar com ela. — esbravejou, ja com raiva do rapaz ter virado outras quatro doses assim que o assunto voltara entre os dois.
— Eu sinto que estou flutuando quando estou com ela. — falou entre pequenos soluços, sem mais relutar contra as lágrimas que escorriam de seus olhos. — Daí ela me joga no chão como se eu fosse merda.
virou outra dose, fazendo uma careta assim que o líquido amargo desceu em sua garganta. percebeu que já haviam acabado com cinco garrafas de Soju, e levantara a mão, pedindo por outra.
— Você realmente acha que merece isso?
— Eu não sou bom no amor, me apaixono fácil. — deu de ombros, sem certeza do que iria contar ali. — Toda vez que eu choro, minhas lágrimas nunca secam. É como se eu não conseguisse parar de chorar por ela, como se tivesse virado rotina. Eu me acostumei com isso.
Ela estremeceu assim que constatou que havia chegado no estado bêbado em que começava a falar palavras poéticas. Por que virara a melhor amiga de um cantor, mesmo?
— Eu consigo ver nosso final se aproximando, mas não quero isso, . Eu juro que não quero. — fez um biquinho, percebendo que a atendente havia deixado a outra garrafa na mesa. Sentiu vontade de pegar e virar outro shot, mas sabia que, se continuasse daquele jeito, perderia toda e qualquer noção.
Percebeu que pegou o Soju, logo servindo uma dose para si mesma e virando com rapidez, seguida de outra. Seu nariz enrugara e outra careta se formou em seu rosto, seguido acompanhado de uma onomatopeia:
— Aish…
— Quero me prender a ela, por isso vivo chorando por amor. — confessou num suspiro, sentindo o peito doer. Seus olhos abaixaram por alguns segundos, até ver que virara mais três doses, sem parar.
Ele quis pedir para que ela parasse, mas não se sentiu no direito. Deveria esperar que ela desabafasse, certo? A mulher permaneceu de olhos fechados por um tempo, logo abrindo a boca para falar algo, mas nada saiu.
— …?
— Quero fazer uma confissão silenciosa ‘pra você. — ela comentou baixo com a voz já completamente embriagada. — Tenho uma pergunta que me atormenta dia e noite.
— Pode fazer.
Ela tremeu os lábios, logo mordendo o inferior e olhando fixamente para os olhos do melhor amigo. encheu o peito de ar, soltando-o pela boca em seguida. Parecia estar tomando coragem de confessar algo, mas não conseguia.
— Você pode me perguntar o que quiser, . Eu prometo ser sincero contigo.
preocupou-se com o que poderia ser. Ele desejou que a amiga contasse logo o que quer que fosse, mas não iria obrigá-los a nada. Estavam ali, bebendo, apenas os dois naquela barraquinha – além da tia atendente –, e desabafando.
havia suportado todo o seu choro por Suzi durante meses, inclusive naquela noite. Percebeu que nenhuma lágrima escorria mais pelo seu rosto, provavelmente por conta da angústia que ocupara seu coração.
— Ei–
— Mesmo quando eu cortei o cabelo, ou quando toquei uma música ‘pra você… — finalmente começou a falar algo, interrompendo-o. rapidamente se calou, inclinando parcialmente para frente, a fim de escutar com mais clareza. — Nem aquilo foi o suficiente ’pra você?
paralisou por um centésimo de segundo, sentindo as engrenagens de sua mente pararam de funcionar.
— Do que você ‘tá falando, ? — ele deu uma risada sem graça, tentando descontrair. — Eu te elogiei quando você mudou o corte e até cantei contigo aquela vez.
— Não é dis– . — ela mesma se interrompeu antes de dar um suspiro e continuar. — Eu não consigo acalmar meu coração quando estou com você. É tão… Difícil.
O rapaz sentiu a saliva descer por sua garganta como se queimasse, o que não fazia sentido. Seu estômago se revirou e seus olhos arregalaram levemente. De repente, sentia-se sóbrio.
estava se declarando para ele? Era isso? No meio de todo aquele caos, ela ficara tão bêbada que não conseguiu segurar as palavras em seu coração?
Estava atônito. Piscou algumas vezes antes de pigarrear e ajeitar a coluna. Precisava se concentrar. poderia não se lembrar do que dissera, portanto, ele devia ser calmo e compreensivo com o que viesse.
Ela estava alcoolizada, e não poderia se importar tanto com o que quer que ela dissesse naquele meio tempo. Ela não estava sã para dizer as coisas corretas, ele não poderia se deixar levar. Mas, merda, por que ele se sentia afetado de alguma forma?
— Vamos para casa, .
— Não me sinto bem… — reclamou colocando uma das mãos sobre o estômago e empurrando a garrafa de Soju com a outra. finalmente compreendera que estava embriagada e não deveria beber mais aquele dia.
mordera o lábio antes de virar o líquido transparente em sua boca, dando dois goles e largando a garrafa sobre a mesa. Arrependeu-se em seguida ao sentir seu estômago reclamar, mas não poderia desfazer aquilo. Ficou em pé de supetão, seguindo até o caixa e pagando as tantas rodadas de Soju que tomara com a amiga, voltando em breve para ajudá-la a se levantar.
— Vou te levar até sua casa e vou para a minha depois, tudo bem? — ele avisou enquanto chamava um táxi que andava pela rua naquele instante. Que sorte.
não respondeu, apenas fechou os olhos, amolecida. também não estava nem um pouco bem, mas sua consciência não o permitia ceder ao álcool no momento. Sua mente pilhava as informações e confissões. Não queria pensar naquilo, só que era inevitável.
Apoiou a cabeça da amiga em seu ombro assim que entraram no carro, certificando-se de que ela estava confortável. Passou-lhe o cinto de segurança, dando um jeito de mantê-la sentada sem dobrar muito a coluna e impedir que ficasse com muita dor no dia seguinte.
— Prédio InGlok, por favor.
cuspiu a água com resquícios de pasta de dente, logo molhando o rosto e fazendo seu cuidado de pele matinal. Ela deveria criar vergonha na cara e fazer um almoço, mas não estava com vontade. Havia acabado de comer alguns biscoitinhos com de café da manhã, então não sentia fome.
Abanou o rosto esperando que a loção secasse, seguindo até o próprio quarto e encontrando-o organizado. Sorriu ao constatar que estava bem, visto que até mesmo arrumara a cama.
— Estou indo ao meu apartamento — avisou tirando o celular do carregador. Ele havia pedido um cabo emprestado para que pudesse ir para casa. — Pode almoçar, qualquer coisa eu volto mais tarde ’pra ver como você está.
— Não precisa cuidar assim de mim, — arqueou as sobrancelhas, estranhando o comportamento do rapaz. Não que ele não fosse carinhoso diariamente, mas ele nunca foi tão preocupado com todos os detalhes.
— Claro que preciso, me importo com você — sorriu sem mostrar os dentes, rapidamente desviando o olhar e se encarando no espelho do quarto. Mexeu a cabeça, conferindo se seu cabelo já estava um pouco menos caótico.
Ele seguiu até a amiga, abraçando-a com força. estranhou a ação mais uma vez, mas não disse nada, apenas rodeou o pescoço do rapaz com os próprios braços, desfrutando daquele afeto que ela não sabia que tanto queria.
— Não precisa me levar até a saída. Te vejo mais tarde.
apenas acenou assim que viu o amigo abrir a porta e saindo, não sem antes olhá-la uma última vez.
O caminho até seu apartamento nunca parecera tão longo. se perguntava se Suzi estaria ali quando ele chegasse. Se ela tentaria impedi-lo de ir embora e se arrependeria de tê-lo abandonado – de novo, mas ele não contava tanto assim com sua sorte.
Assim que o taxista parou, saiu do carro com o coração batendo forte. Sua cabeça parecia num mix de pensamentos, impossibilitando-o de concluir qualquer tipo de linha de raciocínio. Se Suzi estivesse ali, ele ainda assim teria coragem de fazer o que planejara?
Essa dúvida parecia ser a mais chamativa no meio de todo o caos em sua mente. Sua imaginação o levara para um lugar branco cheio de rabiscos pretos, com diversas frases incompletas e sem nexo. A única coisa que ele conseguira identificar, foram aquelas palavras.
E se Suzi estivesse ali? chegou a sentir-se preso no elevador conforme o mesmo subia a passos de tartaruga – de acordo o próprio . Uma subida até o 21º andar nunca parecera tão longa.
Para sua felicidade, ou não, o apartamento estava vazio assim que o rapaz destrancou a porta. Com um suspiro, soltou os ombros e a respiração, que ele nem mesmo percebeu que segurava. Constatou que seus nódulos na área da escápula e nuca estavam pedindo por um relaxamento urgente.
Observou os quadros todos emoldurados de madeira clara, que era a preferida de Suzi. Paredes creme e móveis coloridos, parecendo uma l salada de frutas que, por mais incrível que fosse, era agradável aos olhos de . Aquilo lhe mandava ares de amado lar.
Decidiu não encarar tanto os móveis da sala, logo seguindo para o quarto que outrora dividia com a namorada. soltou ar pelo nariz, inconformado que permitiu-se chegar naquele ponto de estresse e tristeza. Ele a amava tanto.
Passou a ponta dos dedos pelas paredes do quarto, encarando a cama no centro do cômodo. Uma mesinha de canto além dos armários suspensos, já que Suzi odiava coisas no chão que dificultavam a limpeza. Um quadro de fotos de ambos estava virado para baixo, e não se deu ao trabalho de ajeitá-lo na posição correta.
Foi até o closet, abrindo-o rapidamente e observando as roupas estendidas nos cabides. Algumas estavam dobradas e guardadas nas gavetas, além de alguns sapatos que ficavam na parte de baixo. As calças estavam penduradas num cabideiro específico para elas. Os cintos permaneciam suspensos, ao lado dos cabides das camisas sociais.
Levantou a cabeça até o topo do closet, encontrando uma mala cinza. Esticou os braços e projetou seu corpo para cima, tentando alcançá-la e obtendo sucesso.
Descansou a mala no chão, abrindo-a. Suas mãos foram automaticamente para sua cintura enquanto ele ainda encarava as roupas. Passou os olhos de maneira rápida pelos pertences de Suzi, sentindo a boca de seu estômago tremer quando percebeu que a maioria das coisas, ele quem havia comprado.
começou a colocar as calças de forma organizada dentro da mala. Ele tentou encaixar o máximo de peças que conseguiu ali dentro, mas tinha certeza de que teria de deixar algumas para trás.
Seus olhos lacrimejaram no momento em que encontrara a camiseta preta, de colarinho vermelho e o escrito “I love her” no centro, também avermelhado. Mordeu o lábio inferior, tentando segurar as lágrimas mais uma vez. Ele sabia que acabaria chorando alguma hora, mas não queria que fosse tão rápido.
Desistiu de tentar manter tudo em ordem, logo colocando as camisas de qualquer jeito. O closet que outrora estivera arrumado, agora parecia um lugar caótico. Fechou a mala com força, logo se esticando para pegar uma mochila e colocar mais alguns pertences. Ele não precisava de tudo, poderia comprar o que faltasse, mas pretendia levar o máximo que pudesse.
Pegou seu perfume e colocou dentro de uma necessairy, necessaire. Teve preguiça de pegar seus itens de higiene pessoal de dentro do banheiro, optando por comprá-los novamente depois. Fechou tudo e largou a bagagem no quarto, caminhando pelo resto da casa.
Sala, cozinha, sacada, banheiro geral, quarto de hóspedes, escritório, sala do piano…
Não suportou segurar o choro por mais tempo, logo permitindo com que as lágrimas escorressem por suas bochechas. Agachou-se no chão, não aguentando a sensação de seu coração se despedaçando em milhões de pedacinhos, como se ainda pudesse se quebrar ainda mais.
Uma parte dele parecia morrer naquele instante.
Enquanto seu corpo inteiro sofria com a dor em seu peito, um barulho inesperado lhe chamou a atenção. Chaves. — ? Você ‘tá aí?
Seu coração que há poucos instantes batia lentamente, quase morrendo, pareceu despertar e pulsar de forma acelerada apenas por ouvir aquela voz.
Suzi não demorou para encontrá-lo jogado no chão da sala do piano, assustando-a.
— Por que você está chorando dessa vez?
não a olhou, apenas suspirou e sentiu um sorriso raivoso surgir em seu rosto. Secou o rosto sem nenhum cuidado, respirando fundo para não surtar de vez. Levantou-se devagar, processando cada palavra que pretendia dizer.
Ela estava ali. Suzi estava de frente a ele, era o momento. Era hora. Ele tinha de fazer aquilo se quisesse ser feliz novamente. Ele precisava seguir em frente, precisava deixá-la partir e ser feliz da maneira que ela quisesse.
— É sério, , o que aconteceu?
— Estou indo embora, Suzi.
— Perdão? — ela sorriu, acreditando ter escutado errado. Ele estava terminando com ela ou fora apenas impressão?
Suzi jurou estar louca.
— Essa história chata acabou, Suzi. Eu não sabia que era o único segurando esse relacionamento fadado ao fracasso. — começou a dizer, fechando o punho com força. — Eu continuei olhando para nós dois nessa história, e o que mais me machuca é perceber que você age como se nada estivesse acontecendo. Estou a ponto de enlouquecer.
A mulher negou com a cabeça, fechando os olhos e colocando as mãos para frente. O que ele estava dizendo? Por que do nada ele começará a achar que seu relacionamento estava fadado à desgraça? Não que ela não concordasse, mas não estava acreditando que ele havia percebido aquilo também.
— Sobre o que você…
— Não há mais o que lutar, você pode viver da forma que preferir, agora. — continuou, impedindo-a de perguntar qualquer coisa. Ele sabia que perderia a coragem de ela falasse algo.
Suzi ficou em silêncio.
— Estou farto de você sempre interferindo na minha vida e depois sumindo como se eu sempre fosse o errado da história. — desabafou, sentindo os ombros caírem. — Eu nem mesmo me sinto bem quando saio com a , de tanta ladainha que você colocou na minha cabeça.
— Você saiu com aquela vadia? — Suzi sentiu o corpo inteiro eriçar-se.
— Não fala assim dela! — ele quase gritou, sentindo o ódio novamente. odiava quando Suzi falava de . Ele achava ridículo a forma como sua namorada odiava sua melhor amiga, mas nunca soube o que fazer. Na verdade, sua amizade com sempre fora um dos principais motivos das brigas do casal.
— Você ‘tá assim por conta dela, né? Ela encheu sua cabeça de merda como sempre e agora você acha que o que? Que eu ‘tô te traindo? Você nem mesmo consegue passar a noite comigo porque está sempre trabalhando!
— A não tem nada a ver com isso, Suzi! — na verdade, ela tinha sim, mas não era a principal razão dele estar terminando aquele relacionamento no momento. — Eu ‘tô fazendo isso por nós. Não vou mais me prender a você.
— Você consegue ouvir o absurdo que tu ‘tá falando?
— Consigo perfeitamente, e finalmente estou fazendo a coisa certa. — ele sorriu minimamente, mas logo focou seu olhar no rosto irritado de Suzi. — Eu pretendia virar minhas costas tão friamente quanto você sempre fez comigo, mas eu não acho certo. Não posso sair desse apartamento sem dizer nada, embora eu não tenho mais nada a dizer.
— Para de falar isso, . Sempre demos tão certo, por que quer acabar com isso agora? — a mulher disse com a voz embargada.
Suzi não amava , mas amava o relacionamento de ambos. Era fácil para ela viver com o dinheiro e namorando um dos caras mais cobiçados da Coreia do Sul. Se sentia uma vadia por usar-se de seus sentimentos, mas não se importava tanto assim.
Ele precisava de uma mulher para mostrar à mídia e foder na cama, e ela queria status e estabilidade financeira. O relacionamento perfeito para um famoso.
— Este lugar está cheio de você, não tem nada meu. Estou indo embora agora. — se aproximou da garota que agora chorava. — Estamos terminando dessa vez.
Ele continuou seu caminho passando ao lado dela. Andou até o seu antigo quarto, pegou as malas e partiu sem olhar para trás. Conseguiu escutar um grito de ódio e algo se espatifando dentro da casa assim que ele fechou a porta, mas não voltou para conferir nada.
Suzi era forte. Ela ficaria bem.
secou a última lágrima que escorrera de seu olho direito assim que a porta do elevador se fechou. Ele estava livre, estava indo viver uma nova etapa da sua vida.
Ele costumava estar tão apaixonado que acabou se perdendo se si mesmo, mas ele iria se reencontrar. Ele seria feliz, viveria bem novamente e faria o que desejasse, sem peso na consciência.
Sorriu quando a porta do elevador se abriu, permitindo com que ele passasse pelo saguão do prédio pela última vez. Uma porta para a liberdade. Uma porta com novas oportunidades.
E ele não se prenderia a mais nenhum relacionamento.
Nunca mais.
Mas eu me apaixonei muito profundamente por você
Foi realmente amor, querida?