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Revisada por: Polaris 👩🏻‍🚀

Última Atualização: Fanfic Finalizada

Era um dia radiante em Seul. O sol brilhava sobre os telhados das casas e refletia nos arranha-céus da cidade. O aroma do chá verde e das flores pairava no ar enquanto eu observava os convidados se reunirem para celebrarem a união de Min-Ji e George.
Aquela tarde seria marcado pelo casamento da minha adorável irmã e meu futuro cunhado oficial. Neste momento, quero descrever o quão belo foi o casamento deles, seguindo nossas tradições.

George já morava aqui há um bom tempo, ele e minha irmã se conheceram através de um amigo dele que precisou de uma advogada. Em outros caminhos do destino — como se um pequeno passarinho apenas assoprasse para mim e assim eu conseguisse contar. Este amigo de George teria um pequeno encontro comigo em torno de um mês, mesmo não sabendo, nós já tínhamos esbarrado inúmeras vezes, entretanto esses pequenos fatos podem ficar para depois.

Min-Ji estava linda vestindo um hanbok rosa com bordados delicados, e seu cabelo estava preso em um coque elaborado, adornado com flores que refletiam a luz do sol. A cerimônia começou com o ritual do paebeak; Min-Ji e George se ajoelharam diante dos pais e eles ofereceram frutas e nozes, um símbolo de fertilidade e prosperidade. Meu pai, tão emocionado, não conseguiu terminar sua bênção para a minha irmã, deixando que minha mãe concluísse.
O banquete também seguiu com os pratos típicos, minha mãe e minhas avós ajudaram Min-Ji com todo o preparatório. Min-Ji optou por deixar o cardápio com uma mistura cultural, entre os pratos deliciosos ingleses teve um que me chamou bem a atenção: Pudim de Yorkshire, uma massa deliciosa e servida em uma pequena porção.
Mais ao iniciar da noite, eu, os noivos e os convidados nos reunimos do lado de fora do cerimonial. O Jardim lindo com suas flores perfumando o ambiente se transformou no cenário das lanternas de papel voando pelo o céu.

Agora restava a altura cerimônia, na qual deixaremos George um pouco mais à vontade, e eu entraria como o braço direito de Min-Ji nos preparativos e torcendo que meu convite de madrinha ou dama de honra chegasse o quanto antes.



Depois de duas semanas passando por tentativas e os planos mais estranhos de Soo-Yeon, eu estaria aqui sentada apenas desfrutando deste bom e saboroso suco de uva, vendo minha família dançar, Min-Ji feliz ao lado de George e meu pai ter mais assunto para conversar com ele do que comigo.

Tudo começou de uma forma estranha, de um jeito que nem eu imaginava que poderia acontecer.

💜

Duas semanas atrás.
Minha querida irmã estava deitada na minha cama revendo todos os preparativos do seu casamento, e eu estava tentando me concentrar nos estudos, tinha um seminário para apresentar para os novos residentes do hospital. Entretanto me comprometi a ajudá-la no casamento já que eu era muito velha para ser daminha de honra e muito nova para ser madrinha, aquelas que entram sozinhas.
Minha irmã iria casar com um australiano, ou era britânico, não me recordo ao certo, mas é um amor de pessoa, respeitoso e educação ele fez de tudo para compreender o costume da nossa família mesmo morando na Coreia do Sul por um bom tempinho.
Eles se conheceram quando ela estava no seu primeiro dia no escritório de advocacia, ah sim Luke eu britânico com aquele sotaque forte e rápido, as vezes eu achava que meus estudos não foram os melhores; meus pais não gostaram no começo do namorado, era até que cômico meu pai querendo transparecer a imagem de marrentão mas logo eles foram se adaptando com os costumes um do outro, e nada como umas garrafas de soju para que eles se soltassem e parecessem que já eram uma família.

Naquela tarde de verão, eu estava jogada no chão do meu quarto tentando me refrescar da melhor forma possível, o ar condicionado estava ligado e eu só aproveitando para ouvir algumas músicas; eu tenho quase certeza que ela não bateu na porta para entrar se não, eu teria ouvido — diz ela que bateu. A vi do meu lado depois de sentir ela me cutucando para chamar minha atenção.
— Fala.
— Você vai comigo ver o vestido?
— Achei que você já tinha visto naquele dia.
Ela se casaria duas vezes, a primeira que foi com os costumes da Coreia e agora com os costumes britânicos.
— Deixei para ir outro dia, mas aí eu fui adiando e adiando.
— Como sempre. — Ajeitei-me no meu chão, um chão geladinho! — O que você quer? Quer que eu vá é isso?
— Eu já tinha perguntado isso.
— Quero ouvir de novo, e o que eu ganho se eu for junto?
— Interesseira.
— Você é a irmã mais velha, tem que fazer meus agrados. — Sorri tão falsamente que até eu não me convenceria.
— Repito: i-n-t-e-r-e-s-s-e-i-r-a!
— Ai credo.
— Te levo para um lugar legal, aquele restaurante que você gosta.
— Na verdade. — Sentei e encostei na cama. — Eu quero é outra coisa.
— Lá vem.
— Posso ser a daminha de honra?
— Aí . — O desânimo apareceu completamente no semblante dela. — Eu já tinha pensando nisso e também só que…
— Só que, o que?
— Você é muito nova para ser a daminha de honra.
— Aí saco, tá bom. — revirei os olhos, não sabia que ter vinte e sete era ser muito velha. — Eu vou com você e favor me levar no restaurante.
— Levarei.
Ela saiu do quarto dando pulinhos de alegria, e eu estava cansada desse negócio de idade, era no trabalho, era nos parques e agora em um casamento.
Levei comigo uma liguinha de cabelo e uma garrafa d'água; como de costume passei o protetor solar e fiz a minha amada Min-Ji usar — até parece que a irmã mais velha sou eu.
— A mãe não vai?
— Ela foi na casa de banho com a senhora Park, disse que encontraria a gente depois.
— Tudo bem então, estou pronta.
— Estou ansiosa.
Quando ela não está, quando o assunto é o casamento dela?
Fomos até a loja com o carro de Min-Ji. Ela era uma das advogadas mais renomadas, não havia um minuto em que meu pais não arrumavam um jeitinho para falar dela, de como ela era estudiosa e tinha as melhores notas. Tudo bem, ao menos nunca vivi na sombra dela, Deus me livre se isso tivesse acontecido.
Durante o trajeto todo eu fui pesquisando como poderia estar no casamento dela, de uma forma que não teria os holofotes em mim, não sou tão… mesquinha? É, acho que essa seria a palavra adequada.
Chegamos e fomos bem atendidas pelas moças, recebemos champanhe — eu bebi sem álcool, ficamos alguns minutos conversando, Min-Ji explicou como imaginava o vestido para elas e esse meio tempo foi o suficiente para mamãe chegar.
— Filhas!
— Oi mãe. — Min-Ji foi a primeira a abraçar, pediu licença para as vendedoras e foi até ela. — Fico feliz que conseguiu chegar a tempo.
— Não perderia esse momento por nada. Minha doce . — Mamãe veio em minha direção, colocou a bolsa na cadeira e me abraçou quando eu fiquei de pé. — Que bom que você veio com sua irmã.
— Ai mãe, não exagera, se eu não tivesse vindo eu sei que ia sobrar pra mim.
— Vou ter que concordar. — Ela fingiu uma tosse.
— Dar um puxão de orelha nele você não faz né? — Eu realmente consegui convencer minha que fiquei chateada.
— Min-Ji espero que não fuja da nossa conversa em casa.
— Mas mãe?!
— Prossiga com a prova do vestido.
— Tá bom.
Min-Ji respirou fundo e se recompôs. Seguiu as mulheres e fez a prova do vestido que foi levado até elas; era o quinto vestido e ela não tinha aparecido para mostrar, eu estava ficando cansada, estava na terceira taça e ainda nada.
Mamãe até tinha se levantado para ver se ela precisava de ajuda, mas foi recusado. Então quando eu cheguei ao meu limite de esperar, andei até a cortina abrir, nada delicado.
— O que foi? Nenhum ainda?
— Nenhum.
— Aí. — Coloquei a mão na testa e ajeitei depois meu cabelo. — Vou ajudar.
— Não precisa.
— Seu casamento é daqui duas semanas, claro que precisa. — olhei para o lado, onde eu estava sentada até então. — Você ajuda mãe? Acho que alguém precisa de apoio.
— Vamos dar uma olhadinha.
Eu não acreditava que ela estava mais perdidinha do que antes, mostramos os modelos e alguns detalhes que ela poderia gostar e deixamos que as moças fizessem o trabalho excepcional delas. E não demorou muito, elas trouxeram um vestido deslumbrante para minha irmã; as cortinas se abriram e parecia que eu estava vendo ela vestida de noiva pela primeira vez. As mangas delícias, o brilho sutil, o toque perfeito da renda. Estava como uma princesa.
— É esse o vestido, irmã?
Precisei perguntar, já que mamãe estava no quinto solução de emoção.
— Sim, é esse!
— Ótimo, você está tão linda. — Andei até ela e segurei suas duas mãos. — Vamos fazer uma foto?
Ela balançou a cabeça concordando e eu entreguei meu celular para a vendedora, foi uma foto comigo e outra com nós três, e sim ela tirou uma só com a senhora — ah essa é minha mãe.
Com o vestido comprado e todas satisfeitas fomos até o restaurante, minha mãe foi com o carro dela e eu com a minha irmã.

Não havíamos feito reserva, então imaginávamos que seria um tanto complicado conseguir uma mesa para três pessoas, aguardamos em torno de cinco minutinhos e já fomos guiadas para a nossa mesa.
— Eu estava pensando aqui — falei ao bloquear o celular. — Eu não posso ser a daminha de honra, mas e a madrinha? Olha se você falar que tô muito velha. — Segurei a faca como uma ameaça “amigável”.
— Até dá… mas preciso que você encontre alguém até lá. — Nitidamente ela pensou muito antes de falar a condição.
— Filha.
— Mãe é injusto ela não está lá, não só como convidada e minha irmã, eu também queria que fosse especial. — Tomou seu vinho e voltou seu olhar para mim. — Então vai ser assim. — O tom de sua voz soava divertido, eu gostei disso. — Você tem duas semanas para achar alguém, ser seu par e você será minha madrinha! Topa?
Comprimi meus lábios deixando eles bem fininhos, desviei meu olhar observando todo o restaurante e ao mesmo tempo pensei como isso poderia ser fácil e ao mesmo tempo complicado.
— Topo! Vou começar com meus amigos, acho que tudo vai acontecer melhor com eles.
— Perfeito, eles vão topar.
— Vocês duas não tem jeito mesmo!
Mamãe ficou bem decepcionada com a gente fazendo um joguinho, mas tudo bem ela irá ceder como sempre e neste momento sabia que não teria como fazer a gente recuar com a ideia.
Terminamos nosso almoço e depois voltamos para casa — Min-Ji foi apenas para me deixar já que agora ela estava morando com George, eu voltei para a melhor tarefa: fazer nada. Depois segui minhas rotinas de boa médica no dia seguinte.

💜

Primeiro dia.
As duas semanas seria fácil, acharia no primeiro dia sem sentir remorso da minha escolha. Aproveitei meu almoço e entrei em contato com alguns amigos que eu ainda tinha o contato, eu sabia que ia conseguir com eles.
— Eu não acredito, como isso tá acontecendo? Como todos têm um compromisso na data do casamento da Min-Ji?
— Falando sozinha? — o Seung-Woo parou ao lado da mesa, ele era o residente da ala da pediatria, a mesma que a minha. — Posso sentar? — ele perguntou apontando para a cadeira vazia.
— Pode sim. Não estou falando sozinha é que… — Olhei para ele, ele é um homem. — Você é um homem.
— Olha até onde eu sei, sou. — riu do meu ponto de vista.
— Não é isso. — Também ri. — Eu preciso saber se você vai estar livre no dia vinte e oito?
— Deixa eu ver — Seung-Woo verificou a agenda no celular, como se fosse alguém muito importante. — É o aniversário da minha prima, ela vai fazer aquelas coisas todas.
— Ai droga.
— O que foi? Fala talvez eu consiga ajudar.
— Daqui duas semanas é o casamento da minha irmã, é de novo — falei, pois ele fez expressão de “De novo?” — E ela falou que para eu ser a madrinha eu preciso ter um acompanhante, tudo bem até então, mas eu tenho que conseguir alguém em duas semanas.
— Duas semanas?
— É…
— Seus amigos não conseguem?
— Todos tem compromisso e você também.
— Aquele médico…
— Não. — Cortei ele na hora. — Nem pense.
— Tudo bem. — Ele levantou a mão como se estivesse se rendendo.
— Vai ser mais difícil do que eu pensei.
— Não desista, você vai conseguir.
— É, nos meus sonhos.
— Me mantém informado.
Claro que ia manter informando, trabalhamos juntos ele ia perguntas todos os dias. Eu terminei meu dia de trabalho focada nos pacientes e também em como resolver esse pequeno problema, e num total de mil pensamentos zero foi o resultado para a solução.

💜

Terceiro dia.
Estava no meio do terceiro dia. Ela não tinha se dado o trabalho para saber o que estava acontecendo, conseguia enrolar ela com os planos do casamento, maquiagem, cabelo tudo que ela tinha que se preocupar.
O FriendChat estava um deserto também, ninguém me mandava mensagem e muito menos falava se tinha uma solução. Eu estava perdida e seria um marco de fracasso que ela ia se recordar até o último dia de sua vida.
Sentada na cadeira, mexia no laptop para passar um pouco de tempo.
— Oi, . — Era Soo-Yeon, minha amiga. — Sua mãe me encontrou na rua, vim com ela.
— Oi, entra. — Sai da cadeira e a abracei. — O que faz aqui?
— Vim só vê-la e ajudar com aquele seu probleminhas.
— Problemão!
— Ninguém ainda?
Balancei a cabeça negando ter conseguido alguém.
— Cheguei a ver com meu irmão e mesmo tendo comida de graça ele não quis.
— Pelo menos você tentou.
— Você vai falar para sua irmã?
— Não, eu não vou, preciso tentar até o último dia.
— Bom, já que esta é sua decisão. — Ela pegou o celular e abriu uma listinha que tinha. — Essas são seus planos, criei para você conseguir realizar essa busca. — Aproximou de mim, mostrando melhor a listinha. — Você tentou com seus amigos e não deu certo, esse é o plano A. Plano B: Seung-Woo, você chamou e ele falou não também. Plano C: meu irmão, e o desmiolado não aceitou.
— Quero nem imaginar os outros planos.
— Plano D: ver com a vizinhança.
— Não mesmo.
— Com toda a certeza, você vai sim.
— Aí…
— Plano E: esse...
— Tem mais? — perguntei, sem energia, todos aqueles planos estavam me cansando.
— Tem, agora fica quieta e me escuta. Plano E: consiste em chamarmos um dos meninos do basquete e por último e o mais apelador, plano F: chamar uma pessoa aleatória na rua e torcer para que não seja um maníaco.
— Passo longe dessa.
— Eu também. Começaremos amanhã.
— Amanhã eu tô trabalhando.
— Não falei o horário, vai ser depois do seu trabalho, passo lá no hospital.
— Ser digital influencer deve ser bom, né?
— Concordo, trabalho a hora que quero, tenho a minha folga quando quero.
— Só tem gente maluca envolta de mim. — Ajeitei na cama deitando. — Amanhã eu saio mais cedo que hoje, às duas da tarde.
E eu mais louca ainda por aceitar essas ideias.
— Passo lá então. Beijo até amanhã.
— Até.
Depois que Soo-Yeon saiu e continuei a aproveitar o tempo de descanso, amanhã teria que ir trabalhar e esperava não ter nenhum caso de emergência.

💜

Quarto dia.

O sol nasceu mais piedoso nesta manhã. Eu já estava trabalhando a algumas horas, visitei meus pacientes e atendi outros; ser pediatra é muito bom, eu não achei que seria até o momento que realmente precisei ajudar uma criancinha no meu período de residente. Mudei todos os planos de neurocirurgiã no último momento.
Soo-Yeon tinha mandando mensagem avisando sobre o horário que estava saindo de casa e ia passar lá, eu imaginei que a vizinhança que ela falou era do bairro dela, o meu só tinha só velhinhos poucos jovens moravam lá ainda.
Eu e Yeon nos conhecemos na escola, éramos grandes amigas deste então, nunca moramos perto uma da outra, mas passávamos horas e horas na casa de cada uma e estudando juntas.

Estava atendendo a última paciente da tarde quando senti meu celular vibrar, temporalmente eu ignorei para focar no total atendimento.
— São as amídalas mesmo — afirmei ao terminar de examinar. — Vou prescrever esses remedinhos para a mocinha ficar boa logo. — Toquei no nariz dela.
— Vai demorar muito?
— Não vai mãe, ela vai tá boa logo, só dar esses remédios que tudo ficará bem. — terminava de digitar no computador. — Você passa na recepção que vão te explicar tudo e tirar algumas dúvidas.
— Eu vou tomar injeção?
— Claro que não pequena, vai ser só remédios mesmo, nada injeção.
— Oba!
— Muito obrigada mais uma vez. — A mãe e a filha se levantaram e me agradeceram.
— Imagina. Tchau.
— Tchau.
Um trabalho tão prazeroso esse que eu passaria horas e horas cuidando de crianças. Quando olhei o relógio no computador me lembrei que Soo-Yeon tinha enviado uma mensagem.

“Eu chego aí em cinco minutos, mas se você se atrasar não tem problema.”

“Não, terminei de atender minha última paciente, você já está aqui?”

Coloquei o celular no bolso da calça e desliguei o computador. Passei cumprimentando alguns pacientes da ala e segui meu caminho até o vestiário. É uma sensação tão revigorante terminar o trabalho e ir para casa, mesmo eu amando meu trabalho eu amo mais descansar e ficar só na minha cama.
Peguei o elevador para ir ao território, me despedi de alguns enfermeiros e do senhorzinho que sempre ficava no segundo turno do hospital, ele era amoroso com todos que passavam; dava bom dia, falava onde ficava a recepção e às vezes até ajudava as ambulâncias que encostava na porta do hospital. Ele era nosso querido segurança, se é que se pode chamar assim, todos do hospital amavam ele, principalmente eu, que sou suspeita para dizer que nunca deixei de gostar deste homem de bom coração.
— Boa tarde.
— Boa tarde, senhorita , terminou seu turno?
— Sim, agora vou trabalhar mais em casa. Antes que eu me esqueça. — Abri minha bolsa. — Aqui para o senhor e esse é para o seu neto. — Entreguei uns bolinhos para ele, como de costume eu fazia isso toda quarta-feira e ele me retribuía toda sexta-feira.
— Muito obrigado, sexta-feira te trago alguns também.
— Ah que isso. — Os bolinhos que a esposa dele faz são tão maravilhosos. — Agora preciso ir, até mais.
— Tchau!
Espero não ter demorado muito, olhei no celular mais uma vez para ter a certeza que Soo-Yeon não tinha mandado mais nenhuma mensagem, e graças a Deus não. Caminhei a passos largos para chegar até o carro dela, irreconhecível — digo isso bem ironicamente, seu Audi era o único na cor rosa e eu sempre achei isso engraçado, combina tanto com ela.
Dei uma batidinha no vidro do motorista a dispersando e olhando para minha direção.
— Cheguei.
— Entre, vou destravar o carro.
Dei meia volta no carro e entrei deixando minha bolsa no banco de trás.
— Fez muito atendimento hoje? — Ela colocava o cinto de segurança.
— Fiz sim, foi um dia maravilhoso.
— Bom, parabéns que sempre seja assim.
— Obrigada. Qual vai ser nossa primeira parada?
— Café gelado, quer um Moka?
— Não vou recusar. — Ela parou no semáforo. — Vamos até sua vizinhança, não é? — Olhava o movimento da rua.
— Olha está bem espertinha, sim vai ser lá, e espero que alguém aceite.
— Não quer que eu vá com alguém do time de basquete?
— Não é isso, é que todos são… desajeitados. — Ela foi bondosa ao escolher a palavra.
— Não é pra tanto, um ou outro sabe escolher, e eles são do time de basquete do nosso bairro, tá tudo bem.
— Não vem com essa.
— Tá bom.
Seguiu dirigindo o carro até chegarmos no bairro dela, eu estava animada para ver como ela ia abordar os garotos. Sinceramente imaginei que ela iria ser direta sem muita volta ao explicar o porquê estávamos ali.
— Oi, Soo-Yeon.
— Oi, eu queria falar com você.
— Pode falar. — Ele encostou na parede do portão.
— Lembra da minha amiga? .
— Ah oi.
— Olá.
— Bom ela precisa de um par para ir no casamento da irmã dela, vai ser no dia vinte e oito.
— Ah então. — Ele coçou a nuca como se tentasse tirar uma desculpa dali. — Eu vou tá ocupado, desculpa.
— Tudo bem, tchau. — Ela segurou na minha mão me puxando e indo já na direção de outro garoto.
— Hey calma aí, eu estou de salto. Você nem deu tchau pro pobre rapaz que isso.
— Urgência e ele vai entender, seria mais bonito ele falar que não queria.
— Deixa ele, eu entendo.
— Por isso que não consegue alguém para ir com você.
— Vai, próximo.
Cortei logo, não queria brigar com ela no meio da rua.
Passamos de casa em casa, conveniência, pracinha, em todos lugares que podíamos imaginar e por fim acabamos na casa dela com um bom suco e o ar condicionado e uma decepção estampada no rosto dela.
Soo-Yeon estava riscando no tablet o plano D, agora restava os mais humilhadores.
— Bom vamos ao plano E, daqui três dias tem o jogo de basquete você vem comigo, olha algum jogador e conversamos com ele ou eu converso.
— Eu falo com eles, me avisa o horário do jogo. — Levantei pegando minha bolsa. — Agora anda, você tem que me levar.
— Levar? — Ela arqueou uma sobrancelha. — E seu carro?
— Ué, você falou que ia me buscar. então hoje fui de ônibus, por qual motivo eu deixaria meu carro no estacionamento do hospital sendo que eu tenho você?
Sorri e coloquei minhas mãos em volta do rosto e logo em seguida fiz coração, estava tentando parecer o mais fofa que podia só para não apanhar.
— Te levo.
— Obrigada, você é a the best friend forever!
— E a mais trouxa também.
— Claro que não. — Chegamos na sala. — Tia estou indo, muito obrigada pelo o suco. — Agradeci a mãe da Soo-Yeon.
— Já? Fica pro jantar.
— Infelizmente não posso, tenho que acordar cedo amanhã, mas prometo que na próxima vez eu fico.
— Tudo bem então, bom trabalho e cuidado.
— Obrigada, boa noite!
— Boa noite.
A senhorita Soo-Yeon me deixou em casa, me avisou que ainda hoje até de madrugada ela passaria o horário do jogo de basquete. Particularmente eu estava amando essa ajuda dela, fazia um tempo que não passávamos tantas horas juntas. Minha agenda nunca era flexível então era mais chamada de vídeo que fazíamos e tudo no meu horário de almoço, isso quando eu não estava dormindo. E agora como eu já tinha ajustado todas as consultas e cirurgias num horário adequado para as duas cerimônias de casamento, meus momentos com a Soo estavam mais agradáveis.
Aquela noite eu caí no sono rapidinho, e dormir como se mal tivesse acordado, era uma sensação que eu não suportava. No dia seguinte que vi a mensagem dela com o horário e o local, eu até ri da observação que ela deixou.

“Oi! O jogo vai ser daqui a três dias, às 10 horas da noite na quadra principal.
Por favor, venha com seu carro!
Beijinhos!”


— Aí Soo-Yeon.
Eu ri bastante naquele momento.

💜

Sétimo dia.
Meu corpo estava dolorido, parecia um caco de vidro. Infelizmente eu fiquei até às nove horas no hospital, eu senti muito pelo acidente que aconteceu; no horário daquela tarde, quando um grupo de adolescentes voltavam para a escola, uma mini van desgovernada atingiu o grupo de adolescentes, dentre eles havia três crianças e eu precisei socorrer eles de imediato. A esse horário eles já estão com seu quadro controlado, mas confesso que senti o maior frio na barriga por não conseguir ajudar todos.
Antes de sair para ir até o jogo de basquete, eu passei no refeitório. Minha fome atravessava o planeta e voltava!
Aproveitei esse tempinho e fui ver se Soo-Yeon tinha mandando mensagem, e não é que tinha.
A primeira mensagem era a padrão e eu me senti bem decepcionada em não ter feito.

“Bom dia! Podia ao menos ter falado um ok né? Mas tudo bem, não esquece de hoje.
Bye.”


A segunda mensagem era a mais fofa!

“Oi! Eu vi o que aconteceu! Você consegue, é a melhor médica pediatra que temos!”


Eu devia ter lido essa quando me senti incapaz, aquelas palavras teriam me ajudado muito, Soo-Yeon sempre deu apoio para mim quando quis ser médica, não íamos mais as festas, mas ela trazia as festas até mim. Boas memórias!

E a última mensagem.

, já estou aqui na quadra esperando você, comprei algumas coisas para comermos então não se preocupe com isso.
Até amiga!”


Ao menos eu sabia que tinha comida lá, e espero que ela tenha comprado aquele sanduíche com chantilly. Sim, meu gosto para comida é um pouco diferente.
Levei a bandeja no recipiente e segui para o caminho do vestiário, não estava com pressa já que não aguentava mais ficar em pé; me despedi das funcionárias e ao virar o corredor e ver o elevador a porta já estava se fechando. Precisei dar uma corridinha e elevei minha voz pedindo para não deixar a porta fechar.
— Muito obrigada. — Agradeci com uma pequena reverência.
— Não há de que.
Era um homem alto, muito bonito e eu nunca tinha visto ele pelos corredores da ala de pediatria, então logo deduzi que poderia ser um acompanhante de um dos pacientes.
— Qual andar? — ele perguntou, tinha a sensação que fazia mais de alguns segundos que ele me encarava, ou melhor, nós nos encaramos.
— Desculpa, estacionamento. — O vi apertando o botão.
— Dia corrido não?
— Puxado. — Estava olhando para frente, apenas via o reflexo do homem na porta do elevador.
O elevador parou dois andares abaixo do meu, ele sorriu e caminhou para fora.
— Obrigado pela conversa e boa noite.
— Obrigada, para você também. — Sorri amigavelmente.
Eu não prestei atenção no andar que ele foi, muito mesmo fiz ligação da área da pediatria para onde ele ficou. Eu devia ter feito isso não irei negar.
Estava no estacionamento e enviei uma mensagem bem curta para Soo-Yeon avisando que estava a caminho, entretanto antes de ligar o carro troquei o calçado colocando um tênis confortável.
Jogo de basquete, aí vou eu.
💜

Na entrada da arquibancada procurei por Soo-Yeon, que estava com a camisa do irmão dela, torcendo por ele. Desde quando eles passaram a levar as partidas casuais tão a sério? Mas estava fofinha, ela era ótima irmã e amiga!
Devagar e pedindo licença, cheguei até ela com um sorriso no rosto.
— Oi amiga.
— Oi! – Me abraçou. — Como foi lá? Deu tudo certo? Você está bem?
— Foi bem, a minha equipe é maravilhosa, e eu estou bem sim, obrigada por perguntar.
— Sei que marcamos para hoje mas se estiver cansada pode ir pra casa, só não avisei pois fiquei sem bateria.
— Não precisa, eu quero ficar espairecer a mente.
— Ok. comprei lanche e um suco para você. — Ela me entregou. Era o lanche que imaginei, com chantilly e quando percebi minha boca encheu de água no mesmo instante.
— Muitíssimo obrigada, o que seria de mim sem você?
— Não falarei, vou voltar a gravar você quer aparecer?
— Melhor não, sou médica e aparecer na mídia assim, entende?
— Não tudo bem, eu compreendo, se você aparecer em uma parte importante eu deixo seu rosto borrado
Sorri depois de agradecer a ela. Deixei ela fazendo o vídeo e fiquei sentada na arquibancada para fazer a refeição; os meninos haviam evoluído muito, estavam muito bons no basquete, dava gosto de assistir e torcer por eles.
O som do apito ecoou pela quadra e o jogo havia terminado, uma vitória brilhante do time do irmão da Soo. Sem abraçar a gente ele agradeceu por torcer por eles, voltamos todos juntos para a casa dela, a comemoração da vitória seria lá e com isso aproveitei para conversar com eles sobre o casamento da minha irmã.
— Pessoal rapidinho. — Me levantei, o silêncio pareceu no mesmo instante. — Eu queria perguntar uma coisa para vocês e de tal modo se vocês podem me ajudar.
— Tudo bem pode falar. — um dos garotos falou.
— Dia vinte oito agora, eu tenho o casamento da minha irmã, e eu preciso de um par para ir comigo. — Confesso que nesse momento eu fiquei com a maior vergonha. — Alguns de vocês teriam a disponibilidade de ir comigo?
E o silêncio permaneceu, eu queria rir para não chorar. Esperei mais um pouco, e mais um pouco e no final eu tirei meu minucioso sorriso e tornei a falar.
— Posso considerar esse silêncio como um não?
— Eu vou tá ocupado.
— Eu também.
— Infelizmente já tenho compromisso para essa data.
E assim todos deram as maiores desculpas esfarrapadas. Soo-Yeon praticamente quebrou a mesa ao bater nela, dei um pulinho com o barulho e olhei na sua direção.
— Mas vocês são muito frouxos! Se não quer ir com ela para com essas desculpas e fala que não quer ir!
— Soo-Yeon.
— Não, agora não.
— Até meu irmão falou que não quer ir e ficou por isso, mas vocês. — Ela apontou para todos. — Vocês são uma decepção.
— Não se preocupe com isso.
— Mas eu tô tranquila, eles que depois ficam chorando no quarto porque nenhuma garota quer ficar com eles, se uma mulher como você. — Eu estava muito me segurando para não rir. — Pergunta se quer ser seu par, eles ficam tudo como cachorrinho com o rabo entre as pernas e depois choram por nunca ter beijado.
— Amiga tá bom, está ótimo agora deixa assim. — Me agachei e falei no ouvido dela. — Deixa isso de lado, você conseguiu deixá-los constrangidos.
— E essa é a ideia.
— Vou indo, amanhã preciso ir trabalhar.
— E lá se vai a pediatra mais renomeada — Soo-Yeon falou em alto e bom som. — Até mais, me avise quando chegar.
— Aviso sim, tchau.
— Tchau, dirija com cuidado.
Eu sabia que o plano dela não ia dar certo, mas só para vê-la feliz eu fiz. Estava chegando perto do portão quando escutei ela gritar meu nome.
, espera!
— O que? O que foi?
— Eu inclui um plano a mais.
— Como assim?
— Olha. — Ela mostrou o celular. — Esse vai ficar entre o dos meninos do basquete e o de um aleatório na rua. Esse seria o F, tenta ir nessas produtoras dos Idols vê se eles não ajudam.
— Meu Deus. — Eu comecei a rir descontroladamente. — Eles não vão aceitar, mas. — A vi arregalar os olhos quando falei o não. — Eu passo para ver tá bom?
— Você é a melhor! Me avisa quando concluir.
— Pode deixar, tchau.
Então agora tínhamos o plano F e o plano G, daqui a pouco estava no J e eu no último dia para conseguir um par.
Não preciso falar como foi minha volta pra casa, preciso? Bom, a verdade é que eu estava ficando sem tempo e sem um parceiro.

💜

Décimo dia.
Eu passei os dias todos trabalhando, procurando antigos amigos e fugindo dos planos de Soo-Yeon. O trabalho me consumia, os antigos amigos falavam que não queria e Soo-Yeon insistia para ir nas agências e tentar algo, como ela tentou para mim — daqui a pouco eu estarei com meu nome na lista proibida.
Hoje, uma bela quinta-feira será meu dia de folga, acordei tarde, almocei tarde e sai. Procurei um vestido para o casamento e depois comi alguma coisa eu me recusei a fazer alguns dos planos e também não falei nada para Soo-Yeon que era minha folga, ela ia querer fazer os planos e esse era o último desejo que eu desejava.
O dia terminou e com ele eu fui aceitando que não conseguiria mais um par nada romântico para ser o padrinho do casamento.

💜

Décimo quarto dia.
Era o meu fim, eu já tinha aceitado a derrota e todas as outras coisas da minha vida, minha única irmã teria dois casamentos e na segunda cerimônia eu não poderia ser a madrinha dela. Eu tinha visto tantos filmes e pesquisado tanto, me encantei de uma maneira única e era muito decepcionante não conseguir.
— Doutora? — a enfermeira havia entrado na sala, por eu não responder. — Desculpa, eu não sabia que você estava aqui.
— Tudo bem, precisa de alguma coisa?
— Poderia ver esse exame por favor, o médico da paciente precisou atender uma emergência, porém o resultado está sendo controverso com o parecer dele.
A enfermeira me mostrou as duas folhas. Coloquei elas na mesa e me ajeitei na cadeira para analisar melhor, li e reli. Estava óbvio mas achei muito suspeito e corrido, porém não levantei falsos alardes sem ter muitas provas coletadas.
— A paciente claramente não tem anemia, e ela não estava com falta de ferro, esse remédio. — Apontei para o receituário. — Pode ser dispensado o uso, porém eu vou pedir para você passar no chefe da ala, eu não sei se houve um outro exame antes desse ou até mesmo um procedimento posterior.
Queria deixar a enfermeira na dúvida e ela de fato levar para o chefe da ala de pediatria investir por si só.
— Ok, muito obrigada doutora.
— Não há de que.
— Mais um dia chegou ao seu fim. — comentei em voz alta, a enfermeira já tinha se retirado. — Talvez um pequeno passeio no shopping cairia bem.

💜

O shopping estava tranquilo, passei nas lojas e acabei vendo um vestido no tom das madrinhas e me segurei para não prová-lo. Saí da loja rapidamente antes que eu caísse na tentação de comprar o vestido.
Andei mais um pouco por lá, comprei uma latinha de cerveja e tomei dentro do carro — não, eu não nunca fui de beber enquanto dirijo.
Perto do shopping, tinha um restaurante que eu sempre gostei de ir, valor acessível, comida saborosa e o atendimento é excepcional. Fiz meu pedido e aguardei a garçonete trazer os pratos.
Algumas garrafas de soju apenas para acompanhar, eu sempre soube me controlar e não ter nenhum episódio de bebida em minha vida. Por ser um horário agradável eu colocaria em ação o plano F de Soo-Yoo, mas eu pedi outra garrafa de soju e mais outra, e aquela escuridão da noite não me ajudou muito também para colocar as ideias em prática, mas eu saberia que ao chegar produtora aquela porcentagem de álcool não seria um dos melhores convites.

Só não esperava fazer uma das piores besteiras nessa noite; olhei para o lado e tinha um homem sozinho, assistindo alguma coisa que não me interessou em seu celular, apenas ele chama a atenção — ou eu estava muito alterada para achar isso.
Aproximei lentamente e sentei na cadeira vazia na frente dele.
— Oi. — Eu tinha certeza que minhas bochechas estavam coradas. — Sou .
Ele só ficou me olhando, se ele não entendia o que eu estava fazendo, imagina eu.
— Posso te fazer uma pergunta? Dia vinte e oito agora tenho um casamento para ir da minha irmã, e preciso muito de um par para ir. Você pode ir comigo? Por favor!

💜

Décimo quinto dia.
O dia do casamento.
O último dia da semana estava sendo o pior. Estava com uma dor de cabeça insuportável, a ressaca estava mais forte que qualquer outra que eu já tive.
Pela primeira vez depois do casamento da Min-Ji eu vi a porta do quarto dela fechada e estranhei mas a dor de cabeça só me deixava perdida na minha casa, passei pelo banheiro e o quarto dos meus pais e cheguei na sala quase fechando os olhos por conta da claridade.
— O mãe — chamei ela choramingando, como às vezes eu sempre fazia quando a Min-Ji brigava comigo.
— O que foi? — disse soltando a acelga na mesa. — A Min-Ji acordou você? — Ela segurou meu rosto.
— Não, não sabia que ela estava aqui.
— Ah, então o que foi?
— Temos remédio para dor de cabeça?
— Você diz ressaca.
— Também. — Sentei na cadeira. — Como foi que eu vim parar aqui? O pai foi me buscar?
— Não, uma policial acabou ligando falando que você tinha sentado do lado do carro e dormindo, sua irmã pediu pro marido dela buscar você e ele te trouxe.
— Nossa.
O maior vexame que meu cunhado já presenciou vindo de mim.
— Toma essa sopa e aqui está o remédio. Depois volta pro seu quarto e descansa, você tem um longo dia pela frente.
Longo dia?
— Como assim?
— O meu casamento. — Min-Ji apareceu na cozinha. — Como você está?
— Passou um trator por cima de mim, depois uma manada e por último um gatinho ficou me esmagando como se eu fosse um pãozinho.
— Meu Deus, quanto drama.
— Eu sei. — Tomei o remédio. — Obrigada mãe — agradeci mais uma vez. — Com licença.
Me retirei da mesa e lavei a tigela, eu tinha que criar vergonha na cara e não beber tanto assim.
Poucas coisas eu me lembrava: o trabalho, o carro, o shopping, o restaurante e depois mais nada. Queria saber como consegui dirigir até o restaurante, ele ficava a três quadras do shopping e ainda no shopping me lembro de ter tomado uma cerveja com alguns peixes fritos.
Tudo bem eu lembraria depois de uma hora de bom sono.

Eu literalmente apaguei, não lembrava de nada, só sentia o sabor da sopa que minha mãe preparou e o remédio tinha feito o seu efeito. Acordei com meu celular tocando e vibrando desesperadamente, olhei para o visor e o número não estava salvo então ignorei como de costume; deixei ele na mesinha de cabeceira e fui ajudar minha irmã.
Nós tínhamos programado um SPA hoje, além de irmos na casa de banho também. Mas tudo com meu carro, porque aceitei essa proposta?
— Então não vai ser a madrinha mesmo né?
— Infelizmente não. — Estava sentada na antiga cama dela. — Eu não consegui ninguém.
Min-Ji comprimiu os lábios e eu sabia que ela queria falar alguma coisa e rir.
— Anda, fala.
— Pela primeira vez na vida, você não conseguiu ganhar o meu desafio, mas agora não faz mais sentido pois eu saí de casa.
Meu sorriso foi sincero ao ouvir aquelas palavras, só que ao mesmo tempo triste. Quando mais nova, nós ficamos sempre fazendo esses desafios mamãe praticamente ficava de cabelo em pé, e tudo que era apostado era sempre sem dúvidas o meu quarto, ele era grande e quando nos mudamos ela escolheu o pequeno — até hoje não entendi o porquê desta escolha. E agora, parando para ver todas tentativas de desafio eu ganhava para não perder o quarto e também porque era legal ver ela decepcionada, mas no momento esse desafio foi feito por puro hábito nosso e não tinha mais nenhum motivo.
— Se fosse anos atrás, a gente estaria trocando os móveis de lugar.
— Mamãe estaria gritando com a gente. — Ela riu tão muxoxo que até fiquei com dó.
— Vamos mudar?
— O que?
— O quarto de lugar, você se arruma lá pro casamento, ele será seu quarto. — meus olhos estavam tão marejados que parecia os momentos que colocava colírio nos olhos. — Vou só tirar algumas coisas de lá e deixar aqui temporariamente, o que você acha?
Min-Ji me abraçou, chorando e foi aí que eu chorei também, estava controlando tão bem meu lado chorona.
— Você não precisa fazer isso.
— Preciso sim. — Enxuguei as lagrimas dela. — Vamos mudar as coisas, coloca uma roupa de cama sua lá, eu vou só ver se deixei o carro limpo e eu já volto.
— Ok.
Eu sentiria a falta dela independente do momento que ela saísse de casa.

Meu carro ficava do lado de fora, deixava a garagem só para o carro do pai, sempre foi assim tanto eu quanto minha irmã decidimos deixar desta forma. Nunca cheguei a falar, mas nossa casa ficava entre as ruas de Hapjeong-dong, e com muito esforço meu pai conseguiu fazer uma garagem para apenas um carro.
Desci a pequena escada ao lado direito e destranquei o portão o deixando entreaberto já que meu carro estava logo na esquina. Respirei aliviada ao ver que estava limpo — em outras palavras, eu não tinha vomitado. Porém eu estranhei aquela caixa no banco de trás, sentei no banco traseiro do carro para abrir a caixa, eu não acredito onde eu estava com a cabeça?
O vestido que seria a minha escolha para usar como madrinha estava ali dentro, lindo da mesma forma que eu vi na vitrine; em qual momento eu acabei comprando ele? Meu primeiro pensamento foi ver o aplicativo do banco, verificar o valor da compra e o horário.
— Eu só podia estar mais do que bêbada. — O valor era altíssimo. — E avista ainda?!
Bom tudo indica que eu voltei até o shopping, comprei o vestido e deixei no carro. Um detalhe sobre mim, quando eu bebo o meu andar é mais firme de quando estou sóbria, difícil desconfiar de mim, só percebe quando estou conversando.
— Comprei para não usar. — Fechei a caixa e sai do carro com ela. — Vai ficar no porta malas, quero nem saber. O que mais eu fiz ontem à noite? — Passei a mão na testa. — Pensa , pensa. — Dei leves batidinhas no local.
— Está tudo bem aí?
Min-Ji apareceu na esquina.
— Sim sim, tudo sob controle.
— Vamos? O carro está limpo né?
— Ele está, mas eu preciso me trocar.
— Aí então vai logo, o quarto já é meu viu!
Só virei pra trás e fiz duas joinhas com um sorrisinho acompanhando. Me troquei rapidamente e voltei pro carro, por sorte deixei ele travado assim Min-Ji não via a loucura que eu fiz.
— Coloca o sinto, não esqueça.
— Eu sou a mais velha, eu que preciso lembrar.
— Então vai dirigindo.
— Eu passo.
— Sabia.

Nosso primeiro local de parada era na casa de banho, não sei porque ainda estávamos vindo aqui, mas eu gostava. Depois seguimos para o SPA; recebi uma das melhores massagens, principalmente na cabeça, como era relaxante. Min-Ji recebeu o tratamento de noiva. Fez até as unhas e uma profunda hidratação nos fios, isso tudo no salão ao lado que também pertencia ao mesmo dono do SPA.
— Você não quer fazer as unhas ou algo a mais aqui?
— Não tá tudo bem, eu faço isso em casa.
, por favor escolhe alguma coisa, cabelo, unha, maquiagem. Como você não vai ser minha madrinha então resolvi pagar uma coisinha a mais para você.
— Não precisava, você já tem suas coisas.
— Acredite eu quero, queria que você tivesse conseguido achar um par, mas tudo bem o quarto é meu agora.
— Péssima ideia que eu tive, vai ficar se gabando.
Sentei ao lado dela e deixei as manicures fazerem minhas unhas.
A cerimônia estrangeira aconteceria na parte da tarde, então ocorreria tudo dentro de sete horas; sabendo que ali não demoraria não me incomodei em escolher um nail um pouquinho mais trabalhado.
💜

Em casa, deixei Min-Ji se arrumando com minha mãe e fui me trocar, seria eu que faria a maquiagem de nós três, como de costume. Meu vestido de convidada estava bem mais bonito do que eu imaginava, azul celeste do mesmo tom que ela amava.
No mais novo quarto — temporário — Min-Ji passava um hidratante nos braços, o vestido de noiva estava deslumbrante nela, agora com o véu e o penteado tudo se harmonizava.
— Cheguei!
— Aí como vocês está linda, . A cor ficou tão linda em ti.
— Confesso que queria o salmão, mas eu amo meu azul celeste. — Me olhava no espelho. — Pronta para fazer a maquiagem?
— Sim!
Ela se ajeitou na cadeira e inclinou a cabeça para começar a fazer a maquiagem.
— Maus hábitos nunca somem.
Delicada e sutil. Eu fiz algo que não deixasse tão marcante o rosto dela, apenas dei mais brilho aos olhos e deixei ela com um rostinho bonitinho. Minha mãe foi a próxima, seguindo quase o mesmo padrão apenas deixando seu rosto mais fino a pedidos dela, e o delineador marrom para deixá-la feliz; todas as vezes que eu fazia para sair com Min-Ji ou até mesmo com a Soo-Yeon, mamãe falava o quão amava o delineado, então de uns dias pra cá passei a treinar nela só para ir ao casamento da Ji
Eu fiquei por último e a única coisa que fiz foi ter um destaque — já que eu sou irmã da noiva, um batom com mais pigmento. Não estou me gabando, mas a nossa família tem um dos melhores genes da beleza.
— Tudo pronto, Min-Ji? — nosso pai perguntou ao aparecer na porta do quarto. — Como você está linda filha!
— O senhor também.
— As três estão maravilhosas.
— Ah pai não é pra tanto. — Fiquei acanhada.
— Vamos tirar uma foto em família? Cadê a câmera?
— Você deixou em cima da mesa do quarto — minha mãe falou um pouco inconformada. — Ele estava mexendo nela agora pouco.
— Dá um desconto, mãe. — Min-Ji falou calmamente. — Ele está todo ansioso.
— Voltei, vamos tirar nossa foto. — Ele colocou o tripé na frente do meu guarda roupa e a gente se juntou ao lado da cadeira onde Min-Ji estava sentado.
O senhor e a senhora ficaram no lado direito de Min-Ji e eu do lado esquerdo, com o controlezinho ele apertou o botão para tirar a foto da gente.
— Vou colocar essa junto da primeira cerimônia lá na sala.
— A próxima foto assim tem que ser a .
— Com toda certeza. — Não falei em tom desafiador, até porque eu também sonhava em realizar meu casamento.
— Faço questão de dar o vestido para ela também.
— Papai.
— E você vem arrumar ela também? — minha mãe perguntou.
— Eu amo vocês, mas podemos focar só na Ji hoje?
Pedi com jeitinho e sem grosseria. Eu sabia que eles não fizeram por mal, mas queria deixar só o foco para minha irmã.
— Você está certa. Filha, você está pronta? Posso te levar para o local da cerimônia?
— Sim, já podemos ir, logo a cerimônia começará.
— Você vai com os pais e eu levo a maquiagem caso precise retocar.
— Tudo bem, vamos indo.
Minha mãe ajudou minha irmã sair de casa com o vestido, e também entrar no carro do meu pai. Em seguida entreguei o celular para Ji, e me despedi temporariamente depois que ajudei minha mãe arrumar o vestido dela; Já dentro do meu carro, verifiquei o horário e coloquei o caminho para o local da cerimônia.
Pelo trajeto aquele mesmo número me ligou e eu permaneci a ignorar.
💜

Deixei o carro com o manobrista e cheguei até o salão reservado para o casamento. Estava lindo, a decoração e os pequenos ramos de flores destacavam-se nas mesas; além do casamento que seria feito ali, a festa daria continuidade com todos os convidados. Então ficaria distribuído onde a cerimônia principal com um juiz de paz seria em uma área reservada e depois todos se deslocariam para a festa. Pensado por Ji e trazendo todo conforto para as duas famílias.
Eu já estava prestes a entrar quando recebi uma mensagem dela pedindo para retocar o batom dela, a passos rápidos fui até a entrada do caminho do altar.
— Min-Ji, aqui. — Mostrei o batom. — Cheguei, deixa eu arrumar para você.
— Obrigada, eu bebi um pouco de água, tô tão nervosa que não aguentei.
— Tudo bem. — Retoquei o batom deixando linda novamente. — Perfeita, vou entrar agora.
— Vai lá. — Ele fez coraçãozinho para mim.
Escutei a música dos padrinhos começar a tocar, e eu corri o mais rápido possível, mas minha pressa era tão urgente que sem querer esbarrei em um dos convidados, eu deveria ter tomado um pouco mais de cuidado.

Salão do Casamento.
Para contar este momento preciso falar do ponto de vista de minha mãe.
Como uma boa mãe, ela sentiu minha falta no banco, ao lado dela; discretamente ela procurou por mim por todos os bancos, sem me encontrar ela foi até o lado de fora onde que subitamente viu eu correndo para o carro, aquele sexto sentido que toda mãe tem foi crucial para aquele momento. Me recordo muito bem delas me contando desta maneira:
— Parem o casamento! — Senhora chegou elevando sua voz. — Por favor pare o casamento.
— Por que, mãe? O que aconteceu?
— Eu só preciso que pare o casamento, sua irmã foi para o carro.
— Como assim? A estava até agora aqui, disse que iria lá pra dentro. — Meu pai relatou o que tinha acontecido a minutos atrás.
— Eu sei que ela pode ter feito isso, mas eu vi com esses olhos ela indo para o carro.
— Liga pra ela então — papai pediu. — Vê o que ela diz.
— Muito bem. — Usava o celular. — Vamos fazer essa ligação, então.
Mamãe ligou e eu não atendi estava muito ocupada no carro correndo contra o tempo. Verifiquei o cabelo no retrovisor e prendi os grampos novamente, eu não acredito que no último minuto eu precisei sair às pressas e ir para o carro.
Saindo do carro e me deparei com meus pais e minha irmã parados na minha frente, a expressão de que não estavam compreendo nada só aumentava.
— Oi! — Foi a única coisa tão tímida que eu falei naquele instante.
— Onde você pensa que vai? — Minha mãe estava nitidamente irritada.
— É uma longa história, agora podemos casar a Min-Ji? Irmã. — Dei alguns passos até ela. — Você acha que ainda dá tempo?
Ela me olhou de cima a baixo e me deixou ainda mais tensa.
— Como? Sozinha?
— Eu vou com ela.
E ele apareceu andando em minha direção, os raios solares iluminavam ele o deixando mais lindo quanto eu imaginava que era; ele mantinha um meio sorriso amigável nos lábios ao se encontrar com a minha família.
— Senhor, Senhora, me chamo , muito prazer em conhecer vocês. — Ele fez a reverência e se aproximou do meu lado. — Senhora Min-Ji, parabéns pelo casamento e obrigado por me deixar participar.
— Na-não precisa agradecer.
— Então. — Pigarreei para chamar a pequena atenção para mim. — Ainda dá tempo?
— Dá sim, você vai ser a última a entrar mas dá todo tempo do mundo. — Ela começou a rir e senti o maior nervosismo. — Preciso nos arrumar na entrada, vamos logo.
Eu acompanhei eles junto do , esperando que o George não tenha estranhando tanta a demora da Min-Ji entrar na cerimônia.
Deixando todos os padrinhos e madrinhas entrarem, eu e entramos por último, ficando do lado da noiva no altar; talvez eu estivesse nervosa demais e ao mesmo tempo transbordando de felicidades que não conseguia lembrar da onde nós dois nós começamos, todavia eu estava feliz de ser a madrinha do casamento dos meu pombinhos.
O juiz de paz declarou eles como marido e mulher e eles selaram aquele momento com um beijo fofo.

Andava pela festa toda, vendo se tudo estava certo e retocando a maquiagem de Min-Ji. Não tinha conseguido sequer sentar ao lado do e conversar com ele. Quando eu finalmente consegui, fui para a mesa onde ele estaria me esperando mas a mesma se encontrava vazia; sentei e suspirei pesado, achei que era real porém estava bem enganada.
Meu pé doía de tanto tempo ficar com o salto, o calor estava insuportável, e os cochichos das pessoas sobre mim e estavam me dando a maior enxaqueca.
Foi então que peguei minha bolsa e saí sem me despedir até mesmo da minha irmã, e eu sabia que ela entenderia, abri a porta e dei de cara com o . O sorriso de lado apareceu novamente me deixando aérea e pensativa, onde foi que a gente se encontrou?
— Já está indo embora? — ele perguntou, parecia um pouco desanimado ao me ver sair.
— Eu estava de saída sim, não te vi mais e bom outros motivos. — Estava revezando com mais frequência o peso no meu pé.
— Procurei algo bom para refrescar a gente com os garçons mas não tinha, então fui comprar sorvete para a gente. — Levantou a sacolinha. — Mas se quiser ir embora, tudo bem.
— Ah. — falei deixando todo o ar sair pelo meus lábios, eu tinha pensado o pior.
— Você vai querer antes de ir? Peguei de chocolate para você.
— Quero.
Depois de aceitar nós dois caminhamos lado a lado até o carro sem falar nada. Sentei no banco do passageiro e ele pegou um banquinho que deixava sempre no porta luvas.
Estava tão curiosa para saber como convidei ele que medi as palavras para perguntar para ele sem ao menos parecer uma doida perguntando as coisas.
, onde foi que eu te convidei?
Ele riu, como se estivesse revivendo o momento ali.
— Você chegou em mim, bebada, pedindo para ir com você no casamento da sua irmã, me contou tudo e que precisa de um par.
Todas as minhas fichas caíram naquele instante. Meu rosto esquentou de tanta vergonha que eu senti e logo cobri ele com as mãos. era o homem do restaurante que eu sentei na frente dele só para falar sobre meu caso desesperado.
— Que vergonha, me desculpa.
— Tudo bem, eu só achei que você tinha me reconhecido.
— Reconhecido? Não, eu fiz isso porque eu estava um pouquinho alterada.
— Nós nos encontramos no hospital, na ala de pediatria.
— Como assim? — Pausei todos meus pensamentos só para lembrar do dia que ele se referia. — Foi no dia que teve aquele acidente, era você no elevador!
— Eu mesmo. — Sorriu.
— Você tinha algum parente no acidente? — Agora fiquei realmente preocupada.
— Não. — Ele mudou de expressão rapidamente. — Fui junto com um amigo, ele foi encontrar a irmãzinha dele. Ela está bem, disse que uma boa médica cuidou dela.
— Que alívio.
— Você é médica, não é?
— Sim, pediatra.
Um pequeno silêncio ficou entre nós. Eu não era de acreditar tanto no destino mas agora eu estava começando a mudar de ideia.
— Você quer. — Ele umedeceu a garganta. — Ver a irmãzinha dele? Depois podemos tomar um sorvete se quiser.
Eu estava sendo chamada para sair com ele? Até onde eu sei isso acontece depois de dezesseis dias!
— Eu aceito. — Balancei a cabeça enquanto sorria. — Você tem meu número?
— Deixa eu ver.
Do celular dele, ele me ligou e o número que apareceu no visor do meu era o mesmo número que eu ignorei três vezes.
As coisas fluíram de forma surpreendente. Entre risadas e histórias, perdemos a noção do tempo. Quando finalmente decidimos voltar para dentro, não pude deixar de apresentar aos meus pais — concordamos em deixar uma pequena mentira sobre nós conhecemos antes no hospital, que ele foi um dos homens com quem esbarrei no estacionamento de lá e fiquei feliz pois eles acreditam, menos Min-Ji.

Desde o casamento de Min-Ji não deixamos de falar nenhum momento, era uma conexão gostosa entre nós dois e até saímos algumas vezes depois do meu expediente.
Ah e claro, desde o dia que convidei ele no restaurante toda bêbada eu não tomei mais nenhuma gota de álcool, não queria fazer outro vexame só que agora ter o para poder me ajudar.

Talvez em um futuro um pouquinho breve, o ano novo seria o nosso próximo evento juntos.



FIM


Nota da autora: Oi oi! Eu surtei e saiu mais essa, queria ter feito maiorzinha, mas não deu e desculpa ter colocado o Nam/PP bem pouquinho.
Sorry!
Eu tentei deixar o mais neutro possivel o Nam, só para vocês conseguirem ler com qualquer idol. (E espero ter conseguido fazer isso!)



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