Codificada por: Saturno 🪐
Última Atualização: 12/06/2025Eu tremia vez ou outra quando recobrava a consciência de aquilo finalmente estava acontecendo, respirei fundo tentando manter a calma e acabei deixando um riso nervoso escapar. Era cômico um homem da minha idade nessa situação.
Estava tão nervoso que só percebi que já havia entrado quando um dos meus padrinhos me cutucou. Um sorriso de orgulho se formou em meus lábios quando vi ela espalhando flores pelo corredor, parecia tão feliz quanto eu. era a mãe que tanto precisava, e o fato dela amar minha filha tanto quanto eu, a tornava ainda mais linda. Tive a certeza que meu coração era realmente seu quando vi ela sorrindo com nos braços enquanto brincavam com tinta na frente de um quadro em branco.
A Marcha Nupcial começou a ecoar pelo salão assim que se sentou. Podia sentir as batidas do meu coração aumentarem em um nível absurdo, já não conseguia mais controlar a minha respiração e nem o riso nervoso, mas foi questão de segundos até que tudo isso desse lugar as lágrimas e o sorriso de alegria que surgiram no meu rosto assim que vi começar a caminhar em direção ao altar sendo acompanhada por meu pai.
Ela estava tão linda, seu sorriso parecia ainda mais iluminado naquela noite, desisti de tentar segurar as lágrimas quando vi que ela estava tão emocionada quanto eu. Ri baixinho quando meu pai parou de caminhar e tirou um lencinho do terno para secar os olhos dela. Mesmo um pouco longe, pude perceber ela agradecendo de forma delicada e gentil, como tinha o costume de fazer, antes que ele tomasse seu braço novamente para retomar a caminhada.
estava a menos de cinco passos de mim, não havia nenhum homem no mundo feliz do que naquele momento, eu tinha certeza. Estiquei a mão para ela assim que eles chegaram ao altar.
O nosso felizes para sempre estava apenas começando.
Embora no início eu tivesse relutado contra a sugestão do meu pai, eu começava a gostar do lugar, a cidade histórica era muito bonita e a calmaria do lugar me fazia sentir relaxado, talvez no fundo eu só precisasse de um lugar como aquele para desacelerar e parar de pensar em coisas ruins. estava amando Georgetown, era uma criança tranquila, enquanto eu me preocupava com a ideia de separá-la de seus amigos e a mudança de escola, ela estava animada por ficar perto dos avós e conhecer outras crianças. Enquanto minha filha era sociável e adorava conhecer pessoas, eu era o oposto. Um dia ela me disse que eu deveria ter mais amigos, era impressionante como uma criança de 6 anos às vezes tinha a capacidade de te deixar mudo.
Já faziam três meses que havíamos nos mudado, e até a empresa de engenharia que abri estava dando certo - o que me surpreendeu por ser uma cidade pequena. Meu último projeto arquitetado havia sido um centro cultural voltado para crianças, e apesar de oferecer o serviço gratuito já que era um projeto social, o prefeito recusou por ser uma empresa nova e pequena e temia que aquilo me causasse problemas financeiros. Talvez o que dizem sobre pessoas se ajudarem muito em cidades pequenas fosse verdade.
Eu ainda não havia visto o lugar em funcionamento apesar de já fazer um mês - fugi da cerimônia de inauguração inventando qualquer desculpa para o prefeito para não ter que socializar com outras pessoas. Tudo que eu sabia é que ele funcionava de forma totalmente voluntária, ensinando coisas como artes e esportes para crianças. Ainda me lamentava por não ter feito o projeto de forma gratuita. , provando que era o meu total oposto, frequentava o lugar quatro vezes por semana, meus pais fizeram questão de levar ela assim que o lugar abriu, não foi surpresa nenhuma quando ela voltou dois dias depois pedindo um cavalete e latas de tinta. Eles faziam questão de passar todos os dias pela neta e na hora de voltar para casa havia sempre uma parada para um lanche na casa deles onde eu os encontrava, mas naquele dia em particular, eles me pediram para buscá-la já que minha mãe tinha uma checkup agendado e meu pai sempre a acompanhava. Sem esperar, acabaria vendo o lugar.
Admirei a fachada do lugar, havia realmente ficado muito bonito e o jardim a sua volta ressaltava a beleza do lugar, de repente fiquei curioso para ver como havia ficado o local por dentro com tudo já instalado. Na entrada, uma mulher me informou que minha filha estava na sala de pintura e que eu deveria procurar pela Ms. Hart para poder levar a criança para casa, uma vez que sua classe já havia terminado. Eu não sabia onde era a sala de pintura, mas agradeci a mulher e optei por procurar por conta própria, uma vez que assim poderia evitar diálogos e também ver com calma, como estava o lugar. Tudo havia ficado bonito, o lugar tinha vida e parecia funcionar bem, era cheio de crianças e pareciam haver voluntários por toda parte.
Acabei encontrando a sala de pintura por acidente, eu me lembrava de ter feito a projeção dela, era uma das maiores do lugar, no entanto estava bem diferente do que eu me lembrava (uma vez que eu havia deixado puras paredes brancas). A sala era a mais bonita do local, as paredes foram coloridas como se a pessoa estivesse pintando uma tela, arte em sua forma mais bonita. O fato de tudo estar fora do lugar ali, deixou o ambiente ainda mais bonito.
Encostei na porta procurando pela voluntária que a mulher havia me indicado, mas não parecia haver nenhum adulto no local, apenas algumas crianças (o que me fez sentir um certo alívio por não ser o único pai atrasado), estava sentada em uma mesa parecendo desenhar, mas ainda não tinha me visto, foi quando ela se levantou e foi até o outro canto da sala chamando por Ms. Hart que eu encontrei a voluntária, se não fosse por aquilo eu provavelmente não a teria visto tão cedo, já que havia uma cadeira na frente e ela estava abaixada.
Todos os voluntários pareciam muito atenciosos pelo que eu observei enquanto passava pelos corredores, mas aquela no entanto, parecia um pouco mais dedicada às crianças. Observei a moça limpar o rosto de uma criança enquanto também dava atenção a , olhando seu desenho e sorrindo animadamente para os dois enquanto falava algo. Logo depois de tirar a sujeira do rosto do garotinho, vi ela passando a flanela na bochecha da minha filha, me tirando um sorriso. Achei graça na cena, ela parecia preocupada em manter as crianças limpas, mas havia mais tinta em seu macacão e em seus cabelos do que nas paredes. Quando vi que ela já havia terminado de conversar com as crianças, bati na porta que eu estava encostado, chamando a atenção não só de , mas dela também.
Não lembrava mais o que eu ia dizer, na verdade eu lembrava, mas até um simples "olá" encontrava dificuldade para sair da minha boca naquele momento. Fui pego de surpresa pelo sorriso da voluntária, tão espontâneo e bonito, ressaltando ainda mais o quanto ela era linda.