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Revisada por: Sagitário

Última Atualização: 30/12/24
Nunca imaginei que minha vida pacata de professora primária na Pensilvânia pudesse colidir com o universo de câmeras, flashes e manchetes sensacionalistas. Sempre levei meus dias entre quadros-negros, livros infantis e as risadas das crianças. Era uma rotina que eu amava, um porto seguro onde me sentia em paz.
E então ele apareceu.
Zayn Malik.
O nome que antes só existia para mim como um eco distante de músicas que tocavam no rádio ou nos celulares dos alunos mais velhos. Ele era um desses rostos inalcançáveis, decorando revistas e outdoors, habitando um mundo tão distante do meu quanto as estrelas no céu. Até que ele se tornou o pai de uma aluna da minha turma.
Khai Malik chegou à escola no meio do semestre, tímida, mas com um brilho especial nos olhos. Logo ficou claro que ela era uma menina incrível, cheia de curiosidade e gentileza. E, como sempre acontece, os pais acabaram vindo até mim para conversar sobre o progresso dela. Mas, no caso de Khai, o pai dela era Zayn.
A primeira reunião foi breve. Ele estava quieto, quase desconfortável, como se quisesse evitar qualquer atenção extra. Eu fiz o possível para tratá-lo como tratava qualquer outro pai, mesmo que fosse impossível ignorar o peso de sua presença. Ele parecia tão humano, tão... normal. Não como o superstar que aparecia nas capas de revista, mas como um pai preocupado com a filha.
Aos poucos, a formalidade deu lugar a conversas mais descontraídas nos corredores ou na saída da escola. Ele começou a sorrir mais, a fazer piadas rápidas e a ouvir com interesse genuíno sobre como Khai estava progredindo. E, sem perceber, eu me vi olhando para ele de um jeito que ia além do profissional.
Foi em uma noite de evento escolar que as coisas mudaram de verdade. Khai participou de uma apresentação e, no final, Zayn me agradeceu pessoalmente pelo apoio que eu tinha dado a ela. Ele parecia mais relaxado, mais aberto. Conversamos por mais tempo, rimos juntos e, por um momento, esqueci completamente quem ele era fora daquelas paredes. Naquela noite, o ar parecia mais leve, como se aquela conversa tivesse deixado um resquício de algo que eu não conseguia nomear. O sorriso de Zayn era genuíno, sem as máscaras que eu imaginava que uma pessoa tão famosa usaria. Pela primeira vez, ele parecia... acessível.
Eu não estava preparada para o impacto que isso teria em mim. Por mais que tivesse decidido desde o início tratá-lo como qualquer outro pai, havia algo naquela interação que quebrava as barreiras que eu tentava erguer. Ele me agradeceu novamente antes de sair, abaixando a cabeça levemente enquanto Khai, já sonolenta, segurava sua mão pequena e delicada.
Naquela noite, fui para casa pensando no jeito que seus olhos haviam brilhado enquanto falava sobre o quanto Khai amava desenhar. Ele mencionou que ela costumava pedir para que ele ficasse ao seu lado enquanto criava, e como isso se tornou o momento favorito do dia dele. Era difícil imaginar aquele homem, que uma vez lotou estádios, sentado ao lado de uma garotinha com lápis de cor, incentivando-a a colorir fora das linhas.
Os pensamentos sobre ele me acompanharam durante o resto da noite. Eu me peguei relembrando cada detalhe da nossa conversa, desde o tom tranquilo da voz dele até a maneira como seus olhos pareciam suavizar quando falava de Khai. Algo naquilo mexia comigo, de um jeito que eu não queria admitir. No entanto, a realidade logo me puxou de volta. Eu sabia quem ele era. O mundo sabia quem ele era. E eu? Era apenas mais uma pessoa em uma pequena cidade da Pensilvânia. Essas duas vidas não deveriam se cruzar mais do que o necessário.
Os dias seguintes foram uma mistura de normalidade e expectativa silenciosa. Zayn continuava aparecendo na saída da escola, sempre discreto, mas invariavelmente com um sorriso que parecia ser apenas para mim. Às vezes, ele fazia perguntas rápidas sobre Khai, mas outras vezes, nossos assuntos iam muito além. Ele perguntava sobre meus livros favoritos, mencionava lugares que adoraria visitar na Pensilvânia, e eu, sem perceber, deixava escapar pedaços da minha vida que geralmente guardava para mim.
Na sexta-feira, algo diferente aconteceu. Quando as aulas terminaram, vi Zayn parado no canto do estacionamento, parecendo um pouco mais hesitante do que de costume. Ele estava sozinho — Khai já havia saído com uma babá mais cedo para uma atividade escolar.
Hesitei antes de caminhar até ele, ajustando a alça da bolsa no ombro.
— Tudo bem, Zayn? — perguntei, tentando soar casual.
Ele sorriu, mas havia um nervosismo ali que eu não esperava.
— Sim, claro. Só... queria te agradecer novamente por tudo o que você tem feito por Khai. Ela fala muito de você em casa.
— Ela é uma menina incrível, de verdade — respondi, sentindo o calor subir ao meu rosto. — É fácil trabalhar com ela.
Ele assentiu, parecendo ponderar algo antes de continuar.
— Eu estava pensando... se você teria algum tempo livre neste fim de semana. Talvez para um café?
Minha mente congelou por um momento. Ele parecia genuíno, sem o menor traço de pretensão ou expectativa. Era apenas um convite simples, mas, vindo dele, parecia monumental.
— Eu... — comecei tentando organizar as palavras. — Claro, por que não?
O sorriso que ele me deu era desarmante, como se uma tensão invisível tivesse se dissipado.
— Ótimo. Então eu te mando uma mensagem com o lugar?
Assenti, e antes que pudesse mudar de ideia, ele já estava indo embora, deixando-me no estacionamento com o coração batendo mais rápido do que eu achava possível.
Quando voltei para casa, sentei-me no sofá e encarei o vazio por longos minutos. Aceitar aquele convite parecia uma loucura, mas, ao mesmo tempo, era como se algo maior estivesse se desenrolando, algo que eu não podia simplesmente ignorar. Sabia que dizer sim poderia mudar tudo. Mas, pela primeira vez em muito tempo, a ideia de mudança parecia mais excitante do que assustadora.




O restaurante parecia um refúgio, escondido entre as árvores em uma estrada secundária, longe da agitação do centro da cidade. A iluminação suave, vinda das pequenas lâmpadas suspensas no teto, dava ao ambiente um tom aconchegante. Uma música calma tocava baixinho ao fundo, e o cheiro do molho de carne assada e do pão fresco se misturava com o aroma suave do café que emanava da máquina atrás do balcão.
Quando entrei, o som da sineta na porta pareceu um pouco mais alto do que o normal, como se a presença de Zayn Malik tivesse o poder de modificar o ambiente ao seu redor. Ele entrou logo atrás de mim, com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo, usando um casaco escuro e um gorro que cobria parte do cabelo. Mas, mesmo assim, havia algo nele que não poderia ser escondido: sua presença. Ele estava ali, na minha frente, sem câmeras ou multidões, mas ainda assim era difícil ignorar que ele era um nome mundialmente conhecido.
Zayn procurou meu olhar por um momento antes de sorrir suavemente, fazendo-me sentir como se ele estivesse esperando há muito tempo por aquele momento. O sorriso foi genuíno, simples, e parecia aliviar a tensão que pairava no ar, tornando a situação mais leve.
— Desculpe pelo atraso — disse ele enquanto se sentava, tirando o casaco e colocando-o sobre a cadeira ao lado. Seu movimento era suave, quase cauteloso, como se não quisesse quebrar a calma daquele ambiente. Ele parecia estar tentando manter a discrição, mas seu próprio magnetismo fazia com que fosse impossível ignorá-lo.
— Eu cheguei há pouco — respondi, um pouco nervosa, mais do que eu gostaria de admitir. A situação parecia irreal. Zayn Malik, sentado na minha frente em um restaurante tranquilo, sem câmeras à vista. Não era o que eu imaginava para o meu sábado à noite, mas ali estava.
O garçom se aproximou e nos entregou os cardápios. O menu era simples, mas a comida, disseram-me, era deliciosa e feita com ingredientes locais frescos. Eu sabia exatamente o que ia pedir: cappuccino com canela, meu pedido de sempre, algo que trazia conforto. Ele parecia estar considerando as opções mais devagar.
— A Khai fala muito sobre você, sabia? — Zayn comentou, desviando o olhar do cardápio por um momento para me observar. — Diz que você é uma das melhores professoras da escola.
Eu sorri, sem saber o que dizer a isso. Era difícil não me sentir lisonjeada, mas também desconfortável com a ideia de estar sendo elogiada por um nome tão grande.
— Ela é uma criança incrível — falei, tentando manter a conversa leve. — Ela aprende muito rápido e adora tudo o que faz. É um prazer tê-la na minha turma.
Ele sorriu, e seu rosto parecia relaxar um pouco mais. Era claro que ele estava acostumado a ser o centro das atenções, mas naquela mesa, em aquele restaurante escondido, ele parecia estar tentando se afastar da imagem pública e simplesmente ser um pai conversando sobre sua filha.
— Ela é... tudo para mim, sabe? — disse, os olhos suavemente fixos na mesa, como se estivesse ponderando sobre o que compartilhar. — Não sei o que faria sem ela.
Havia uma sinceridade em suas palavras que não era comum entre as celebridades com quem eu havia cruzado a caminho da escola. Ele não estava falando sobre o seu trabalho ou sobre os holofotes — estava falando de Khai, e isso parecia tocar um lugar profundo nele.
Nosso pedido chegou rapidamente: meu cappuccino, o dele um café preto simples. Nós dois tomamos o primeiro gole, e o som da xícara se encaixando no pires ecoou suavemente. A conversa fluía de maneira tranquila, mas algo ainda pairava no ar — uma tensão silenciosa que estava longe de ser desconfortável, mas que eu não sabia exatamente como lidar. Estávamos em um território desconhecido, longe da minha rotina normal, e eu estava começando a perceber que, em algum momento, essa reunião poderia ser mais do que uma simples conversa entre colegas de profissão.
— Então, você está se acostumando a viver aqui? — perguntei, tentando mudar de assunto. O ritmo da conversa parecia ficar mais natural à medida que falávamos de coisas simples, como os cafés que adorávamos, nossos filmes favoritos, ou as pequenas peculiaridades do dia a dia.
Ele assentiu, pensativo, e então olhou para mim de novo, como se decidisse confiar mais em suas palavras.
— É... é um pouco diferente, mas eu gosto. — Respirou fundo, quase como se estivesse se preparando para abrir um pouco mais. — Acho que a coisa que mais gosto sobre viver aqui é a tranquilidade. Sem os paparazzi, sem a pressão o tempo todo. Só poder ficar com a minha filha e, de vez em quando, conversar com pessoas como você.
Foi a primeira vez que ele mencionou a diferença de viver em um lugar mais calmo, sem a constante atenção da mídia, e eu fiquei surpresa com a vulnerabilidade de sua resposta. Aquela não era a mesma pessoa que via nas telas de televisão ou nas capas de revista. Aqui, ele era apenas um pai tentando criar sua filha da melhor forma possível.
— Não sei se posso imaginar o que é isso — disse, relaxando um pouco mais na cadeira. — Para mim, a vida aqui sempre foi simples. Mas é bom saber que você encontra paz aqui.
Ele sorriu mais uma vez, e por um momento, o peso da fama e das câmeras pareceu desaparecer. Ficamos em silêncio por um tempo, cada um imerso nos próprios pensamentos. Era um silêncio confortável, que não me incomodava, como se aquele momento estivesse acontecendo exatamente como deveria.
Quando a refeição terminou e o garçom trouxe a conta, Zayn insistiu em pagar, com um gesto que parecia tão natural quanto qualquer outra ação. Ele se levantou, e quando caminhamos até a porta, a brisa fresca da noite nos envolveu, trazendo um alívio inesperado.
— Eu não sei como agradecer — disse, seus olhos focados nos meus, o sorriso sincero e sem pressa. — Este foi um bom momento.
Eu apenas sorri, sentindo uma mistura de emoções, todas difíceis de descrever. Mas, por um segundo, eu sabia que estava prestes a entrar em algo que mudaria completamente a minha vida.


Continua...


Nota da autora: Quando bati o olho nesse plot pensei: ABSOLUTE CINEMA e foi bem na época que nosso amado Zayn Malik começou a sua tour (finalmente). Espero que vocês se apaixonem por eles da mesma intensidade que estou me apaixonando.

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