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Codificada por: Cleópatra

Finalizada em: 16/09/2024

– Nova Era –

Ano 2060

Em algum lugar onde um dia foi o Japão...

O ar seco e os ventos fortes espalham a poeira que é quase constante no ambiente. Anos se passaram desde a queda de meteoros por todo o mundo, tal evento mudou a vida e o clima por todo lado. Tudo que era conhecido como “vida normal” hoje é apenas uma lembrança saudosa. Os sobreviventes, com o passar dos anos, começaram a reaprender a viver com os recursos que lhe sobraram. Não havia mais um supermercado para comprar suprimentos, não havia mais dinheiro para pagar pelos produtos, não tinha mais economia ou nações. Agora, a área onde antes era o Japão, é regida por três tribos, basicamente. A primeira, chamada de Blue, é liderada por Ren Kobayashi, é a segunda mais numerosa; a segunda, conhecida por Red, é liderada por Katsuo Matsumoto; e a última, e maior tribo, é a Seven que é liderada por .
anda com alguns de seus homens próximos a ele em busca de suprimentos. Não há mais lugares para comprar coisas, mas, os recursos naturais ainda estão presentes. Basicamente eles voltaram ao período pré-civilização onde as pessoas tinham que caçar para ter algo para comer. A diferença é que atualmente eles têm armas militares que sobraram da antiga civilização pré-queda dos meteoros. Com o passar dos anos, os sobreviventes procuraram meios para produzir mais munição e novas armas para se defenderem dos inimigos. As três tribos têm objetivos diferentes que são influenciadas por seus líderes. Devido a brigas por alimento e poder, o mundo todo se dividiu assim, involuntariamente. No antigo Japão não seria diferente.
O homem suspende um pouco o lenço em seu pescoço para cobrir mais a sua boca e nariz. O vento forte espalha toda a poeira que há ali. O clima no mundo está totalmente diferente do que era conhecido antes.

... — diz , amigo do rapaz, que caminha ao seu lado — acho que estamos sendo seguidos — finaliza seu raciocínio olhando atentamente para as laterais do grupo.
— Também achei — responde o homem, com os olhos atentos observando ao redor.
— Desde que saímos da base — informa , também amigo do rapaz, que também anda ao lado dele.
— Acha que é a Red ou a Blue? — indaga .
— Aposto que é coisa do Kobayashi... — diz e concorda com ele com um gesto de cabeça. Ambos são irmãos.
— Ele que venha, estou preparado para isso — diz , convicto e prossegue andando.

O objetivo do grupo está próximo, o rio onde vão pescar está logo à frente. Porém, eles não conseguem dar nem mais dois passos na direção do rio. O ataque veio de todos os lados. O grupo da Seven tenta não se separar, mas logo se vêem obrigados a espalhar-se pelo local. é cercado por três homens encapuzados, um deles ele tem certeza da real identidade. Ren desfere uma navalhada na direção de , mas ele se esquiva com maestria admirável, pulando para o lado e sacando sua faca em seguida. Ele ataca Ren e o atinge no braço.

— Desgraçado! — berra ele, irritado.
— Até quando vai nos atacar dessa forma covarde e imprudente? — provoca e continua desferindo golpes, enquanto Ren apenas se protege. — Você sabe que não é páreo para mim — conclui ele e desarma o outro que cambaleia para trás, ofegante.
— Você ainda terá o que merece, — diz Ren em tom irritado e ainda ofegante, o peito inflado de raiva.
— Se renda — intima com sua faca empunhada e apontada para o rosto de Ren.
— Jamais irei me render para você, seu idiotinha — xinga Ren com desdém.

De repente, um grito distrai .

— Se renda!

Ele ouve a voz de e, quando olha para o lado para ver o que aconteceu, tem a faca tomada de sua mão. Ren agora empunha a faca para o rosto de que ergue as mãos em rendimento. O homem se aproxima de seu inimigo e encosta a ponta do objeto cortante na lateral do rosto dele, apertando em seguida, um filete de sangue escorre ali. Quando acha que não tem mais chances de tomar de volta sua arma, parado atrás de Ren, a arma apontada para a nuca dele.

... — sussurra Ren e solta uma risada nasal.
— Como sabe que sou eu? — questiona com sua voz grave.
— Senti sua presença — responde Ren.
— Sentirá outra coisa, caso não deixe o ir — ameaça o rapaz.
— Senhor Kobayashi! — grita um dos homens de Ren, todos olham na direção do dono da voz. — É melhor irmos, senhor. Fomos encurralados — avisa ele, apreensivo.
— Está vendo? É melhor se render, verme — Sibila .
— Renda-se e eu pouparei sua vida — diz com um sorriso de canto.

Contrariado e sem saída, Ren concorda com um gesto de cabeça e joga a faca de no chão. Ele sente que abaixa sua arma, mas que ainda a tem apontada para suas costas, não querendo mais conflitos – por enquanto –, o Kobayashi resolve reunir seu grupo e fugir.

— Estão todos bem? — indaga para seus homens e ouve respostas positivas de volta. — Ok, vamos fazer o que viemos fazer aqui e voltar para a base — informa ele e cata sua faca do chão, voltando a guardá-la na bainha de sua calça.
! — grita , o homem vira o corpo para encarar o amigo. — Temos um prêmio dessa batalha — avisa e sorri. Ao olhar para as pernas de e vê que há uma pessoa caída no chão, a bota do pressiona seu tórax.
— O que significa isso, ? — o tom irritado e frustrado de logo faz morrer o sorriso do rosto do amigo. Ele o vê caminhar a passos firmes até ele.
— Esse aqui tentou me matar, tive que capturá-lo — defende-se .
— Você e sua mania de pegar troféus de batalha — comenta . — Cresce, .
— Fala isso porque não foi você que ele tentou matar — rebate o homem. — Se quiser eu posso finalizar o serviço, .
— Não vamos matar ninguém — diz e encara os olhos do prisioneiro que o encaram por detrás do capuz. — Tira o capuz — pede ele sem tirar os olhos do olhar do prisioneiro.

se abaixa, sem tirar o pé de cima do tórax da pessoa, e puxa com força o capuz que lhe cobre o rosto e logo abre a boca, surpreso. Deitada ali está , a irmã mais nova dele que havia fugido anos atrás.

? — diz espantado ao rever a mulher.
— A caçulinha resolveu aparecer, né? — zomba e ri. — Vamos levá-la pra base, ! — pede ele.

não consegue falar, apenas encara que também o olha sem dizer nada. é a irmã mais nova de e , ela e tiveram um affair anos atrás. Atualmente, a moça namora Ren, líder dos Blue, e vive com o bando há 6 anos. Antes disso, ela teve uma briga intensa com os irmãos, um dos motivos para que ela saísse do bando Seven para fugir com o Ren, apesar dele não se importar muito com ela. não concorda com a maioria das atitudes questionáveis de Ren, principalmente quando ele resolve atacar a Seven gratuitamente. O coração de está acelerado, ele não se sentia assim desde que presenciou a queda dos meteoros quando achou que era seu fim. Rever após tantos anos o faz errar as batidas do coração, muitos sentimentos o acometem nesse momento.
Sem dizer nada, vira as costas e sai na direção do rio. Encarando isso como um “ok”, ergue a irmã e a segura forte pelo braço, carregando-a arrastada na mesma direção de .
Após pescar os peixes para levar para a base, o grupo caminha de volta para o acampamento. No caminho, acaba fugindo após dar um soco no rosto do irmão.

— Deixa ela — diz ao ver a mulher correndo na direção oposta a eles, se perdendo no resto de floresta que ainda existe ali.
— Não acredito que ela me deu um soco — diz com a mão no rosto que está dolorido.
— Não dá para confiar nela — a voz amargurada de anuncia e se vira para encará-lo, ele completa: — Ela não é mais a mesma pessoa.
— Não é assim que as coisas funcionam, . Você precisa ver o lado dela também — inicia , mas é cortado pelo irmão.
— Não a defenda, !
— Já chega! — brada . — Vamos voltar para o acampamento antes que escureça — diz ele, firme. — E eu não quero mais ouvir falar nessa história, ouviram? — ele encara os irmãos.
— Ok — ambos dizem em uníssono.
— Ótimo, vamos logo.

O grupo retorna em silêncio para o acampamento dos Seven. A mente de fervilha em lembranças nostálgicas do seu passado com .

[...]

Acampamento dos Red
adentra os territórios que compõem o acampamento da Red, o clima é totalmente o oposto de horas atrás, onde estavam todos confiantes do triunfo de mais um ataque contra a Seven. Isso tudo dá lugar ao clima de tensão que é quase palpável. Cansada da longa caminhada que fez, ela caminha com a mão apoiando o braço dolorido e uma expressão exausta na face.

— Senhor Kobayashi, a senhorita voltou — informa um dos homens dele. O olhar atento de Ren se ergue e encara a entrada de sua cabana.
— Mande-a vir aqui, agora — ordena ele.
— Sim senhor — o outro assente e se retira.

Segundos depois, a figura cansada de entra no local.

— Mandou me chamarem, Ren? — indaga e respira fundo ao receber o olhar intenso de Ren.
— Mandei — ele diz e se ajeita na cadeira, apoiando os pés em cima da mesa à sua frente. — Aonde estava?
— O me capturou, mas eu escapei — informa ela. — Preciso tomar um banho, estou cansada — ela já ia saindo, mas é interrompida pela voz dele.
— Antes de você sair, — sibila ele e volta a encarar ele. — Eu preciso te informar algo.
— Diga, Ren — ela diz entediada e solta um suspiro.
— Você me conhece, não é? — ele aguarda uma resposta que não vem. — Bom, você é inteligente, sabe como eu ajo e o que eu penso de traidores — continua ele e enrijece o corpo.
— O que quer dizer? Diga de uma vez — exige ela. Ele ri debochado.
— Hoje era para termos ganhado essa batalha, o ataque contra a Seven, principalmente contra a Seven, precisa ser vencido por nós — enfatiza ele e prossegue: — Sabe o quanto eu odeio perder para o , não sabe?
— Já disse para dizer logo o que você quer, Ren — insiste ela, irritada com a enrolação do homem. Ele põe os pés no chão e bate com força na mesa, assustando a mulher que dá alguns passos para trás.
Você arruinou tudo — revela ele, ficando furioso de repente. — Você e a sua lerdeza em combate. Se não fosse tão mole com seus irmãos, tão mole com o , certamente teríamos ganho e você sabe disso — completa Ren.
— Minha culpa? — ela ri, debochada. — Me poupe, Ren, eu não tenho culpa se você age pela emoção e não raciocina antes de executar estratégias de combate — ela cospe as palavras. — Agora, se me der licença, eu preciso descansar.

Ela se vira e se depara com três homens armados que impedem a saída dela. se vira para encarar Ren, antes dela perguntar o que está acontecendo, ele esclarece.

— Traidores não passarão ilesos pelo bando dos Red. É a regra — diz ele com desdém e sorri. — Peguem-na!

A ordem é dada e se vira para encarar seus combatentes, levando um soco no nariz de surpresa que a faz cambalear um pouco. Se recuperando do ataque, ela saca sua pistola e atira na coxa de um deles, atirando em seguida no braço do outro e socando a cara do terceiro. Mas, quando acha que está livre, recebe um puxão nos longos cabelos. Ren a puxa e coloca uma faca em sua garganta, apertando o objeto ali. Ela se esperneia enquanto é arrastada nos braços de Ren até a parte externa. Ele a leva até um local distante dali sobre os olhares de todos os demais membros que nem se atrevem a perguntar o que está acontecendo, mas sabem que não devem se meter.
Está escuro e faz frio nessa noite. sente o vento gelado cortar sua pele, juntamente com a afiada faca de Ren que ainda está apontada para sua garganta. Ela tenta enxergar onde está, mas não consegue, sabe apenas que está próximo ao acampamento dos Red ainda. Logo ela sente o corpo ser jogado com brutalidade no chão.

— Terminem o serviço — ordena Ren e sorri ao ver o olhar de pavor de o encarar. — Adeus, !

Ren dá as costas para e caminha para longe de onde a largou. De longe ele ouve dois tiros e sorri de canto com muita satisfação.

[...]

Acampamento dos Seven
está com o olhar atento em um ponto fixo da parede de sua cabana. Em sua mente vagam memórias de uma época não tão distante, mas que ele recorda com muita saudade. Uma lembrança específica insiste em se repetir: beijar os lábios de . Para o homem é inevitável não pensar na maciez dos lábios dela tocando os dele, assim como é inevitável não pensar no corpo dela nu, só para ele.
Os pensamentos indecentes dele são interrompidos por gritos vindos do lado de fora. De longe, ele pode identificar que é uma discussão. Suspirando frustrado, se levanta e sai da cabana, logo ele vê murmúrios de espanto e um grupo grande de pessoas em volta de algo. Afastando as pessoas com educação, ele vai adentrando a multidão e finalmente chega ao centro dela. Os olhos do homem mal creem quando vê o que vê.

? — diz ele, espantado ao ver a figura de ensanguentada deitada no chão. está ao lado da irmã.
— Oi... — ela responde com a voz fraca e respira ofegante.
— Não se esforce, minha irmã — alerta e encara o amigo. — Temos que cuidar dela, , ela está ferida!

Sem pestanejar, ordena para que a levem até sua cabana, onde tem mais espaço, para cuidar dos ferimentos da moça. Já no interior da cabana, deita a irmã no sofá que há ali e começa a tirar o casaco de couro que ela veste, nele há dois furos dos dois tiros que levou no braço, ambos de raspão. O pega alguns panos limpos e uma mistura de ervas que eles usam para cuidar de ferimentos, e passa nas feridas no braço de que reclama da ardência. Calado, observa o amigo cuidar dos ferimentos de e tenta imaginar o que aconteceu para ela chegar àquele estado. Pelo que ele se lembra, mais cedo ela não estava ferida com nenhum tiro. Na verdade, na luta com , apenas teve um leve corte no rosto desferido pelo irmão, que não sabia que era ela. Terminado os curativos, senta-se ao lado dela no sofá e a encara.

— O que houve? — pergunta ele em tom preocupado.
— O Ren... — começa sentindo vergonha por estar diante das pessoas que, no passado, ela jurou nunca mais olhar na cara. — Ele mandou me matar.
— Como é que é? — solta com espanto. — Como ele teve coragem de fazer isso com você, ? Vocês não estão namorando? — questiona.
Estávamos... — corrige ela e suspende as sobrancelhas involuntariamente. — Terminei com ele há alguns dias. Sei que ele é um cretino, mas não imaginei que ele ordenasse que me matassem — revela ela, frustrada.
— Que desgraçado... — diz , com raiva.
— Eu vou ficar bem, só preciso descansar um pouco e amanhã mesmo eu retornarei para a Red... — começa ela, mas é interrompida por .
— Nem pensar! — brada ele, recebendo os olhares de todos. Ele se aproxima do sofá onde ela está. — Você fica.
— Mas, ...
Você fica!

Enfatiza ele.

— Ele nunca mais vai te machucar, maninha — diz sorrindo, ele está feliz pela fala do amigo e por ter sua irmã de volta. — Eu o mato primeiro.
— Não seja bobo, , não o enfrente, não quero vê-lo machucado, irmão — diz ela, preocupada.
— Sou mais rápido que ele, maninha — pisca para ela e beija sua mão. — Não vai dizer nada, ? — instiga para o irmão que o encara.
— Não tenho para dizer. Com licença — ele diz e sai da cabana. abaixa a cabeça.
— Calma, , ele está feliz por te ter de volta, dá um tempo para ele — diz e ela concorda com a cabeça, mesmo conhecendo o irmão mais velho ela sente a rejeição dele.

sai para buscar um prato de comida para a irmã. À sós, e ficam em silêncio por alguns segundos, até que o homem diz:

— Pode ficar na minha cabana, quero dizer, pode dormir aqui hoje. Fique à vontade e seja bem-vinda — diz ele e pigarreia.
— Obrigada por me acolher aqui, . Depois, depois de tudo que...
— Sei que faria o mesmo por mim ou por qualquer um de nós — eles sorriem um para o outro e ele deixa a cabana.

suspira e se permite cair algumas lágrimas de seu olhar. O cansaço a faz sentir o peso do próprio corpo, parece difícil até mesmo se mexer no sofá. volta com o prato de comida para a irmã e a deixa sozinha, mas antes ele diz que ela pode tomar banho e diz que trará algumas roupas dela antigas que ele guardou. Ela sorri emocionada com a revelação do irmão.
Minutos depois, já havia jantado e resolveu tomar banho para poder descansar tranquilamente. Ela retira as roupas rasgadas e sujas de sangue e barro, sentindo a dor dos ferimentos em seu braço e as dores em seus músculos. Já sem roupas, a moça entra na banheira que foi previamente enchida pelo irmão com água fria, mesmo sentindo sua pele reclamar da frieza da água, a moça não reclama. Apenas sente os músculos relaxando um pouco. Enquanto toma banho, esfregando devagar o próprio corpo, pensa em . O irmão ficou bastante magoado com a partida dela, seis anos atrás, prometendo inclusive que, caso ela realmente fosse embora com o Ren, ele nunca mais falaria com ela. O fato dele sequer ter a encarado nos olhos hoje é a prova de que ele está cumprindo sua promessa. Durante os anos que ficou longe dos irmãos, ela sentiu falta de ambos. sempre apoiou a irmã, mesmo quando ela insistiu em viver um amor, que ela jurava ser recíproco, com uma pessoa que claramente odiava seus irmãos, o rapaz ficou do lado dela. Já é mais orgulhoso e, quando prometeu não falar mais com a , ele cumprirá até o fim, mas, algo diz a , no fundo de seu coração, que já a perdoou e que também sente falta dela assim como ela sente todos os dias nos últimos seis anos.
De repente, tem os pensamentos interrompidos pelo barulho da madeira que compõe a cabana estalando. Ela olha na direção do barulho e não vê nada que possa ter feito tal barulho. A moça volta a se ensaboar e mergulha um pouco o rosto na água para refrescar-se. Ao ressurgir para fora da água, ela volta a ouvir o barulho. Com o olhar atento, ela consegue ver a silhueta de na janela do lado de fora.
sorri e balança a cabeça.

— Pode entrar, . Afinal, a cabana é sua — diz ela e ouve um barulho de algo caindo.

Ela ri, pois julga que ele caiu ao perceber que ela notou a presença dele ali, espiando-a. Segundos após sua fala, ouve a porta da cabana se abrir e fechar-se em seguida, passos também são ouvidos por ela e logo a figura imponente de surge na porta do banheiro.

— Pega a toalha para mim — pede ela estendendo o braço para pegar a toalha. a olha e sorri.
— Não precisa interromper o seu banho por minha causa — diz ele cruzando os braços e encostando no portal. — Pode ficar à vontade, — ele sorri de canto e solta uma risada, balançando a cabeça em negativa.
— Você não tem jeito, — comenta ela e volta a esfregar as pernas, apoiando uma delas na lateral da banheira.

O olhar atento de recai de imediato sobre a perna dela, vendo a mulher esfregar com cuidado o local, o tom claro de sua pele brilhando com a luz das velas que iluminam o local. Ele sente um arrepio na pele.

— Quer ajuda? — indaga ele e o encara com um sorriso surpreso nos lábios, as sobrancelhas erguidas.
— Ajuda para tomar banho? — ela devolve a pergunta.
— É, sei que está machucada, não deveria se esforçar tanto — ele tenta controlar suas emoções e mostra apenas um sorriso singelo.
— Ai, ... — suspira e desencosta um pouco da banheira, sentando mais para frente dela e aponta para as próprias costas. Sorrindo vitorioso, pega um banco de madeira e põe na lateral da banheira, sentando-se nele.
— Ren pagará pelo que fez a você — diz ele e pega a esponja para esfregar as costas dela com cuidado.
, por favor, não crie uma guerra contra o Ren por causa disso — pede ela, sentindo que o homem fala sério em sua ameaça. — Eu não quero que ninguém se machuque — conclui a mulher.
— Está preocupada com os outros ou comigo? — instiga ele.
— Com todos, obviamente — retruca ela.
— Sei — ele ri e completa: — Não sente falta de nós dois?
— Hm? — ela vira um pouco o corpo para encará-lo. O sorriso indecente que ele tem nos lábios a faz engolir em seco e controlar os próprios instintos.
— Você — ele passa a mão que segura a esponja por debaixo do braço esquerdo de e chega até o seio dela. Ela o encarou surpresa — não sente falta... — continua ele e passa a mão livre pelo braço direito dela, chegando até o outro seio, massageando o local — de nós dois juntos... — os olhos de começam a descontrolar-se e a revirar levemente, assim como os de transando, hm? — completa o homem e afasta um pouco os cabelos molhados dela, com a língua, de sua nuca beijando o local em seguida.
... — ela sussurrou, sentindo o descontrole chegar cada vez mais forte. — O que você está... ah, ... — ela não consegue concluir a frase.
— Eu sinto sua falta, — revela o homem e se vira bruscamente para encará-lo, se livrando das mãos e dos lábios dele que estavam prontos para beijá-la.

Ela mergulha na banheira com os olhos fechados e fica ali por alguns segundos, pensando. se ajeita no banco e joga os cabelos para o lado, suspirando para se recuperar do que acabou de fazer. Ele retira suas botas e desabotoa os primeiros botões de sua camisa, o calor lhe acometeu. ressurge para a superfície e ele a encara, ainda sem olhar para o homem a mulher puxa a toalha que está próxima a ela e levanta, cobrindo o corpo enrolando-se na toalha.

— Eu me precipitei, me desculpe — diz e vê sair da banheira em silêncio. — É que quando você disse que terminou com o Ren eu... eu fiquei louco para te abraçar e dizer que eu sinto sua falta e... — ele suspira, incomodado com o silêncio dela. A mulher o encarou de repente. — Fala alguma coisa, por favor — ele pede.
— Não enfrente o Ren, é só isso que lhe peço — ela volta a pedir. — Eu não quero que você se machuque — enfatiza ela, dessa vez.
— Não quer é? — ele se levanta, aproximando-se dela e ficando frente a frente com a mulher que habita seus pensamentos há anos.
— Não... — responde com a voz fraca.
— Isso prova que você se importa comigo — provoca ele e passa uma das mãos pelas costas dela, puxando-a levemente para si.
— É claro que eu me importo — ele sorri com a resposta.
— Eu senti tanto sua falta — fecha os olhos por alguns instantes e encosta a testa na cabeça dela.
— Você já disse que sente minha falta, não é isso que eu quero ouvir — instiga fazendo o homem abrir os olhos, a encarando.
Eu te amo, .
— Agora sim...

o puxa pelo lenço que ele usa no pescoço e beija os lábios de com doçura, a saudades está presente nesse beijo. A outra mão de envolve as costas da mulher e sobe até sua nuca, apertando o local para intensificar o beijo. O homem tenta controlar as próprias emoções, mas é muito difícil quando se tem a mulher da vida em seus braços. caminha para frente obrigando o homem a caminhar de costas até a saída do banheiro. O beijo é cada vez mais quente até que eles chegam até ao colchão onde dorme, ele ainda mantém a tradição do antigo Japão em dormir em futon’s, que são edredons muito mais grossos que servem como colchão. A mulher empurra-o para que se deite no futon e em seguida retira, com certo suspense e sensualidade, a toalha que a cobre. acha tal gesto extremamente sexy e fixa seu olhar no corpo da mulher, tentando não avançar para cima dela antes da hora, como é de sua vontade.
Antes de deitar-se com , começa a despir o homem, retirando cada peça de roupa dele tentando manter o olhar fixo no olhar do homem, o sustenta o tempo todo. Após concluir, deixando-o apenas de cueca, deita-se por cima dele com cuidado, pois sente as feridas doerem, principalmente a do braço.

— Deixa que eu assumo daqui — diz e dá um beijo rápido nos lábios de .
— Eu consigo, — informa a mulher, mas ele já havia trocado de lugar com ela.
— Você já fez muito tirando a minha roupa, deixa eu trabalhar um pouco e te dar prazer, deixa? — ele a encarou, sorrindo de canto de boca. ri.
— Está bem, me surpreenda, — íntima ela.

Assumindo o posto de comandante do prazer de ambos, naquele momento, distribui beijos pela extensão do tronco dela, sentindo o próprio corpo arrepiar-se a cada beijo e vendo a pele de ter a mesma reação. Finalmente ele chega até o local onde quis beijar desde que a viu sem a toalha cobrindo seu corpo. O toque da língua do homem em sua intimidade faz suspirar longamente, as investidas constantes no local fazem a mulher se contorcer na cama esquecendo-se de suas dores no braço e cabeça. Ela aperta com força o futon em sua volta e remexe as pernas, gemendo a cada investida da língua de . O homem interrompe abruptamente os movimentos, para total descontentamento dela, e engatinha até o rosto de , mas algo chama a atenção dele.

— Está sangrando... — diz ele olhando para o braço de que também observa seu curativo com uma mancha de sangue bastante visível.
— Está doendo — informa ela sentindo o ferimento latejar.
— Por que não disse? — questiona retoricamente e se levanta indo até sua mesa no outro cômodo onde deixara algumas ervas curativas e panos limpos. — Senta que eu vou cuidar disso.
— Obrigada, ... — diz ela e o homem a encara, sorrindo.
— Fazia tempo que não me chamava assim — comenta ele, sentando-se ao lado dela e desfazendo o nó do curativo sujo. — Estava com saudades — completa ele, tímido.
— Sempre serei carinhosa com você, ... — diz e completa: — A não ser que você faça alguma besteira — ambos riem. — Ah, isso dói.
— Desculpe, mas é preciso, senão o ferimento não irá sarar — ele diz. — Fica parada, — ele ri com a reação adversa dela.
— Está ardendo, — a manha na voz dela faz ele sorrir nostálgico.
— Te compensarei mais tarde — ele dá um beijo rápido nos lábios dela e volta a enrolar o pano limpo no braço de .
— Mais tarde? Vai demorar, eu quero agora, — exige.
— Vamos dar uma pausa, não pretendo expulsá-la do acampamento. Teremos tempo — diz ele sem tirar os olhos do que está fazendo. — Pronto, novinho em folha — anuncia ao concluir o curativo e recolhe as coisas, colocando-as no chão um pouco distantes do futon.

Antes de sugerir novamente que façam uma pausa, é surpreendido por que o agarrou pelas pernas.

, o que está fazendo? — indaga ele, rindo. apenas encosta seus lábios no joelho do homem que solta um suspiro. — Faz cócegas, para... para! — ele se retorce levemente enquanto controla os próprios gemidos. — Para, — volta a pedir.
— Eu sei que você gosta — ela comenta rapidamente e volta a lamber o joelho de que soltou outro suspiro de tesão.
— Seus... seus irmãos vão ouvir... a... a cabana... meu Deus... a cabana deles... !!! — o descontrole do tão sempre controlado faz a moça rir, interrompendo um pouco seu ato.
— Basta você gemer com educação, , assim eles não irão ouvir — diz ela sobre a cabana dos irmãos ser ao lado da de .
— Você é terrível, — comenta ele, ofegante.
— Aprendi com você... — ela ri e beija os lábios de , dessa vez. — Eu te amo, — ela declara-se com um sorriso apaixonado nos lábios.
— Eu te amo, .

Após declararem-se um para o outro, o casal volta a se beijar com intensidade e desejo. ignora a dor em seus ferimentos e segue com a noite prazerosa ao lado de , que é verdadeiramente o amor para sua vida.

[...]

Algumas semanas depois...
se adapta bem ao acampamento dos Seven, principalmente à rotina de trabalho que foi estabelecida e acordada por todos para que tudo funcione perfeitamente e em harmonia. Durante esse tempo, a mulher está dormindo na cabana de , já que agora eles voltaram a namorar oficialmente. Notícia essa que fez a felicidade de , que não via a hora do clima estranho entre eles acabar. Mesmo após essas semanas juntos, convivendo harmonicamente, ainda não consegue olhar nos olhos da irmã, ele malmente fala com ela, fato que a magoa totalmente, porém, ela consegue compreendê-lo e respeitar seu espaço.
A distração da mulher é dispersada ao sentir as mãos habilidosas e rápidas de envolverem sua cintura e logo espalharem-se pelo seu corpo de maneira sorrateira. A mão direita dele vai diretamente na área do busto de , apertando com desejo os seios dela. Já a mão esquerda do homem faz movimentos sincronizados na área da intimidade dela. A mulher solta suspiros baixinhos, tentando não expor o tesão que sente em forma de um grito de prazer.

... — sussurra ela. — , alguém pode entrar...
— Ninguém se atreveria — ele sussurra de volta sem pausar os movimentos de suas mãos. — Disse que estaria em reunião e não gostaria de ser incomodado — ele beija o pescoço dela dando pequenos chupões no local.
— Todos sabem... sabem que só... que só tem nós dois aqui — informa ela com certa dificuldade em raciocinar.

ri.

— Melhor ainda. Bom que sabem que realmente eu não gostaria de ser incomodado — diz ele e vira o corpo de para que fique de frente para ele. — Estou com saudades de sentir você, ...
— Nós fizemos ontem...
— Não importa...

Sem dar brechas para mais argumentos da namorada, a empurra em cima de sua mesa espalhando as coisas que haviam ali no chão. Com certa pressa, ele retira a roupa de que faz o mesmo com ele. Deixando-a apenas de roupas íntimas, o homem leva sua mão esquerda até dentro da calcinha dela, indo diretamente em sua intimidade, introduzindo dois dedos em seu interior. O vai e vem de seus dedos, entrando e saindo, e a expressão prazerosa que faz agora fazem se excitar ainda mais. Ela começa a sentir as pernas tremerem tamanho é o prazer que sente, soltando gemidos sem se preocupar se alguém poderia ou não ouvir. Percebendo que não consegue controlar os próprios gemidos, o homem leva sua mão direita até a boca de , tapando-a. Os movimentos ora rápidos ora devagar que ele faz deixam numa montanha-russa de emoções e sensações cada vez mais descontrolada.
De repente, batem à porta.
O rosto de vira bruscamente para a porta, a feição irritada, mas ainda sem parar os movimentos de seus dedos.

— Quem é? — grita ele demonstrando sua raiva no tom de voz.
Senhor , temos um problema — informa a voz do lado de fora.
— Agora não! — ele diz, incisivamente. — Estou ocupado. Chamem o ou o , eles podem resolver — dá a ordem e volta seu olhar para que o encara com um mix de “por favor, não pare” com “você é o líder, precisa ver o que está havendo”.
Senhor... o senhor ... ele...
— Fale de uma vez! — grita , totalmente sem paciência e parando com os movimentos de seus dedos, soltando a boca de que solta o ar ofegante.
Ele sumiu, senhor — diz a voz, finalmente.
— O que?! — espanta-se e empurra de cima dela, ele retira rapidamente seus dedos de onde estavam, ela levanta da mesa e caminha até a porta. vai atrás dela.
— Você está de calcinha e sutiã — sussurra ele, lembrando à mulher os trajes que ela usa, isso a faz parar de andar.
— O que houve com os meus irmãos? Qual deles sumiu? — questiona ela, aflita.
O senhor , senhorita .

O corpo da mulher gela quase que instantaneamente. Mil situações terríveis se passam na mente dela agora, possibilidades que possam ter ocorrido com seu irmão. Todas elas levam à uma só pessoa: Ren.

— Reúna todos, já estamos indo! — avisa e ouve passos se afastarem da porta da cabana. Virando o corpo para a namorada, ele a segura pelos ombros. — Vamos achá-lo, não se preocupe, amor.
— Tenho certeza de que foi o Ren. Se o foi sequestrado, certamente foi o Ren! — ela diz, aflita. — Eu vou matar aquele desgraçado caso ele machuque o !
— Calma, amor! — ele a abraça com força e a ouve chorar com o rosto enfiado em seu ombro.

também tem a certeza de que por trás do sumiço de há dedo, talvez a mão inteira, do Ren. Conhecendo bem o homem, ele sabe também que se trata de uma armadilha para atraí-lo ou para atrair a para um embate. A rivalidade entre e Ren surgiu antes mesmo da queda dos meteoros, anos atrás, eles ainda eram adolescentes na época do colégio. Ren era o dito valentão do colégio, enquanto era popular e namorava a garota popular, vulgo . Ren nunca se deu por conformado em ter sido dispensado pela jovem. Após a queda dos meteoros e a devastação de boa parte do mundo e seus habitantes, com a morte de entes queridos e o afastamento territorial por sobrevivência, essa rivalidade e ódio – quase – mútuo só fez crescer.
anda apressada até onde está seu irmão que, segundo informações, conseguiu escapar da emboscada sofrida por ele e .

! — ela chama por ele assim que se aproxima. — Como você está?
— Estou bem, — responde ele que tem alguns ferimentos superficiais pelo corpo, a maioria apenas escoriações.
— O que houve, ? — questiona que também está próximo.
— Estávamos voltando, e eu, da pescaria diária, quando fomos cercados por um grupo consideravelmente grande de homens armados — explica. — Lutamos, ainda feriu um deles, mas eram muitos, , não conseguimos dar conta. Quando eu percebi, eles tinham me prendido em uma árvore, mas eu consegui escapar e correr para longe. estava bem atrás de mim, então eu segui correndo — ele diz com certo pesar. — Eu deveria ter virado para trás antes, deveria ter olhado para ver se ele realmente ainda me seguia. É minha culpa...
— Não, , não é sua culpa. Não se culpe, meu irmão! — segura o braço do irmão e dá-lhe um beijo terno no rosto.
— É, , a culpa não é sua, amigo — conforma e completa: — Você chegou a ver quem eram?
— Homens do Ren... — ele diz encarando o amigo.
— Sabia! — brada , irritada.
— E do Katsuo — completa e atrai o olhar surpreso de todos.
— Katsuo? — indaga .
— Sim...
— É uma armadilha, senhor — alerta um dos homens que está na cabana que serve como uma enfermaria.
— Certamente — conclui , sério.
— O que faremos, ? — questiona e se levanta para ficar na mesma altura que ele. cai seu olhar sobre ela.
— Você, nada. Eu e os outros iremos atrás do — ele diz e se vira para falar com um de seus companheiros.
— De jeito nenhum eu ficarei aqui enquanto o meu irmão está nas mãos do Ren e do Katsuo — brada ela. se vira para ela novamente.
— Essa armadilha pode recair sobre você e eu não quero que isso aconteça — explica ele, calmamente.
— E acha que eu quero que você seja capturado? Imbecil — rebate .
— É perigoso, ...
— O mundo é perigoso, ! — ela dá um soco no braço dele. — Eu não preciso de proteção. Se você não quer me ajudar, foda-se. Eu irei sozinha atrás do .

Muito irritada, deixa a cabana e vai até a outra onde ficam guardadas as armas e munições do acampamento. vai atrás dela.

— Aonde vai tão munida assim? — questiona o homem ao entrar no local.
— Não irei responder, você não é tão idiota assim — rebate ela, azeda.
... — ele segura o braço dela que logo se livra dele.
— Me deixa, — grita .
... — ele chama novamente, a voz controlada e calma.
— Me deixa em paz, ! — a voz de saiu embargada e ela sente o corpo fraquejar, sentindo-se tonta, de repente.
— ele volta a segurá-la pelo braço e a puxa para si. — Eu mudei de ideia, eu vou com você. Jamais deixaria você ir sozinha... — informa ele, abraçado a ela.
— Você é um grande imbecil, — diz com a voz fraca e encosta a cabeça no peito dele. — Se o estiver...
— Não pense nisso agora. Vamos, temos que resgatá-lo com vida — enfatiza ele e concorda.

Em poucos minutos todos se reúnem no centro do acampamento e repassam o plano simples que criaram. Eles vão se dividir em três grupos: o primeiro irá na frente, composto por , , e mais dois homens; o segundo no meio e o terceiro na retaguarda, protegendo a todos.
Horas se passaram e, até agora, nenhum sinal de homens da Red ou da Blue pelo caminho. Todos estão muito atentos a qualquer movimentação ao redor e, em nenhum momento, abaixam suas armas. O clima volta a ficar bastante estranho novamente, ventos fortes os obrigam a protegerem os narizes e bocas, deixando apenas os olhos à mostra para enxergarem o caminho por onde andam. lidera o grupo, que agora passa pela antiga área do porto de Tóquio, hoje praticamente abandonada, não fosse pela movimentação estranha notada pelos homens da Seven que reportaram à dias atrás.

— Nós vamos na frente, vocês — ele aponta para o grupo central — vão para o galpão do fundo e vocês — aponta para o grupo da retaguarda — protejam o perímetro e estejam atentos ao sinal de evacuação, ok?

Todos assentem e então e seu grupo seguem para o interior do galpão localizado logo à frente deles. Tudo parece abandonado há anos, cheio de poeira espalhada pelo chão, antigos contêineres com aspecto enferrujado, ganchos que pendiam do teto tão enferrujados quanto, um verdadeiro caos e abandono. Nada mais esperado do que um local que não é visitado há anos.
Antes de chegarem ao fundo do local, eles notam a presença de mais pessoas além deles ali. Uma delas chama a atenção de .

! — chama ela ao ver o irmão.

está amarrado com cordas, pendurado pelos braços em um dos ganchos que pendem do teto, seus pés quase não tocam o chão e ele está quase imóvel. A camisa rasgada e manchada de sangue mostra parte de seu tórax, expondo os cortes que ele tem ali. Seu rosto também está bastante machucado. A cena enfurece que ia correr para ajudar o irmão, mas é segura pelo braço por .

— Não, — alerta ele enquanto olha atentamente aos homens que cercam , são cinco no total, todos armados e com a feição de que, caso haja qualquer avanço para salvar o , eles irão atacar sem pestanejar.
— Finalmente nossos convidados de honra chegaram — diz Ren com o tom debochado.
— Kobayashi, seu verme repugnante! — brada e o fuzila com o olhar, ainda segura por que sabe que, se ele a soltar, ela vai diretamente para cima de Ren. — Eu vou te matar...
, sua traidora, que bom que veio também — continua o deboche.
— O que pretende com isso tudo, Ren? — indaga .
— Adivinhe?
— Mas é claro que nós queremos a sua cabeça numa bandeja, — dessa vez é a voz de Katsuo que se manifesta e a figura alta do homem aparece detrás de um dos contêineres.
— Matsumoto... — Sibila com raiva.
— Também é bom revê-lo — debocha ele e ri.
— Deixem o ir — pede .

Katsuo e Ren riem abertamente.

— Não seja tolo, , é claro que o aqui — Ren se aproxima de e puxa o homem pelos cabelos com força, fazendo sua cabeça ir para trás — não vai a lugar algum.
— Solte-o! — grita , desesperada vendo o estado do irmão.
— Venha buscá-lo, pequena traidora — provoca Ren e puxa novamente os cabelos de que apenas o encara de canto de olho com muita raiva.
— Pare com isso, Ren! — pede a mulher, sentindo o corpo vacilar novamente, ver o irmão nessa situação de perigo a deixa totalmente desconcertada.

a abraça por trás ao ver que ela pendia para avançar em ajudar ao irmão.

— Calma, amor, calma — pede ele, sussurrando.
— Preciso salvá-lo — ela diz baixinho.
— Está fora de cogitação, são muitos homens, estamos em desvantagem, amor.
— Não me importo, não posso deixar o nas mãos deles...

Ren interrompe a conversa.

— Estou interrompendo alguma discussão importante do casal? — indaga ele no mesmo tom sarcástico de sempre.
— Já chega... — diz , que até então não havia se manifestado e avança com sua arma apontada para Ren.

Com apenas um olhar, Ren dá a ordem para atirarem. O disparo atinge . O homem sorri ao ver o ser atingido na perna.

! — grita Li, assustada.
— Estou bem, , estou bem... Au... — ele geme de dor e põe a mão na perna. Antes de ser atingido, o homem acerta um tiro próximo a Ren que atinge um de seus capangas.
— Me fez perder um homem, — comenta o Kobayashi olhando para o corpo do homem caído no chão com um tiro no peito. — Vou devolver na mesma moeda.

O acontecimento a seguir se dá de maneira muito ágil e sagaz. Ren, com seu sorriso mais vitorioso possível, saca uma faca da cintura e desfere um golpe certeiro na barriga de que nem tem forças para gritar de dor.

— KOHSHI! — o berro estridente e ensurdecedor de , que se estende na primeira sílaba, ecoa por todo o local, chamando a atenção de todos.

Ainda sorrindo, Ren dá a ordem para que todos evacuem. nem percebe que os homens da Seven entram em combate com os inimigos. A única coisa que ela consegue enxergar é seu irmão ainda mais ferido. Ela corre em desespero até o homem que agora tem a cabeça pendida para o lado, o sangue escorrendo de sua boca. Ao chegar perto, ela faz um enorme esforço para erguer o corpo do irmão e tirá-lo dali, demora um pouco, mas ela consegue após cortar a corda com sua faca. Logo o corpo de cai no chão, ainda imóvel. se agacha ao lado dele e o põe em seu colo, o sangue que sai de sua barriga é cada vez mais constante, igualmente com o sangue que sai de sua boca.

... não, — ela chora com o rosto enterrado no pescoço do irmão, até o momento em que ele dá um espasmo com o braço e ela se afasta um pouco para encará-lo.
... — diz ele com a voz sussurrante, os olhos apertados encaram a irmã.
... ai, meu Deus, meu irmão. Eu vou te tirar daqui, está bem? Vamos cuidar de você — ela diz e passa a mão no rosto dele.
— Está tudo bem, minha irmã. Está tudo bem... — diz o homem, sentindo-se cada segundo mais fraco.
— Não se esforce tanto, hm? Fique quieto, por favor — pede .
— Eu preciso te dizer...
, não fale nada, precisa descansar para se recuperar logo — volta a pedir, angustiada.
— Hey — ele faz um esforço enorme para erguer seu braço esquerdo e repousar sua mão no rosto de que fecha os olhos com força ao sentir o toque do irmão —, eu te amo, irmãzinha.
...
— Amo... Amo você, tá? — ele sorri e tosse um pouco, cansado. — Não fique assim...
— Não se entregue, meu irmão, não se entregue — percebe que ele está se despedindo e não resistindo à morte que é cada vez mais presente nele.
— Está tudo bem, irmãzinha, tudo bem, né?
— Me perdoa, , me perdoa por... — inicia ela, mas é cortada pela voz fraca do irmão.
— Não há o que perdoar, meu bebê — diz ele, sorrindo. — Eu estou feliz por ter tido... — ele tosse novamente e faz mais um pouco de esforço para falar — por ter tido a oportunidade de te ver de novo.
— Eu também estou feliz por te ver de novo, — diz ela, entregando-se ainda mais às lágrimas que mancham seu rosto sujo de poeira e suor.
— Não chore, meu bebê — ele sorri fraco e sorri também.
— Eu não sou mais um bebê, meu irmão — reclama ela.
— Sempre será a minha bebê, sua boba.

Passando o polegar sobre o rosto dela, enxugando suas lágrimas, sorrindo um pouco mais e fecha os olhos devagar. Não havia mais tempo para dizer mais nada. Tudo que ele queria dizer, ele disse, seu coração está em paz agora.
O braço dele pesa e cai de uma vez no chão.
Seu interior está em paz agora.

"O que foi ganho?
No final da luta
O que foi que você ouviu?
Um grito triste
Tudo está Chorando"

está morto nos braços da irmã.
Ao ouvir outro berro, tão estridente quanto o primeiro, dado por , corre de volta para dentro do galpão e vai ao encontro dela. Ele e os outros não conseguiram derrotar totalmente o grupo de Katsuo e Ren, mas dispersaram todos. também volta a adentrar o galpão e ambos não crêem quando veem segurando o corpo de nos braços, ela chora desesperada por não poder fazer mais nada para salvá-lo. Não há mais salvação.
se agacha ao lado deles e também chora ao ver seu melhor amigo morto. Essa maldita disputa por poder havia levado mais um companheiro dele, dessa vez, o companheiro mais importante para ele, juntamente com . era seu braço direito, enquanto , o esquerdo. Desde adolescentes eles se conhecem e ver o agora homem caído sem vida no chão de um velho galpão do porto de Tóquio é desesperador para . Ele não consegue crer. Ninguém consegue.
Eles tinham tantos planos para o crescimento da tribo dos Seven, tantos pequenos sonhos que eles ainda estavam para realizar que agora não fazem tanto sentido na cabeça de . Não fazer mais, nada faz sentido sem para apoiá-lo e conduzi-lo ao triunfo.
, que está em pé próximo a eles, também chora a morte do irmão mais velho. A pessoa com quem ele mais discutia na vida, mas a que mais amava e ainda ama, pois esse amor ele tem plena certeza de que não se findará mesmo com a morte do mais velho.
De repente, uma ventania invade o local, levantando ainda mais a poeira dali. Os olhos fechados e o corpo sem vida de ainda estão sob os cuidados de sua irmãzinha, de sua bebê, a pessoa que ele mais protegeu na vida e que agora terá que se despedir de seu protetor, seu refúgio – apesar das brigas. Assim como , sente que seu amor pelo irmão nunca se findará.
O que resta para eles agora é unir-se para enfrentar esse novo desafio que será viver sem o mais velho. Será difícil, disso eles sabem, mas também sabem que podem contar uns com os outros, sempre.


"Os seus sonhos despedaçados ecoam até os limites do amanhã
A luz que nasceu no fim do mundo
Agora nos une, agora no vento"
- World End, FLOW





Continua...


Nota da autora: Ai, World End nem ia ser escrita agora, porém eu precisei colocar esse projeto adiante. O clipe que eu me inspirei para criar esse plot tem apenas uma cena marcante: a ventania de areia e um clima apocalíptico. Pensei: “Por que não, né?” Daí nasceu esse plot protagonizado pelo menino Kei-chan, obrigada pelas madrugadas de inspiração, nenê. <3
Beijos da tia Li 😉

Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.



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